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COOPERAÇÃO Miguel VazquezMiguel.Vazquez.Martinez@gmail.com JOGOS REPETIDOS Maverick Incumbente 0,5 1,4 não entrarentrar não lutarlutar -2,3E se jogamos 40 vezes? A ideia é a mesma, só adicionar etapas... ...E resolver com backward induction Na etapa 40 o incumbente decidirá não lutar, e o Maverick entrará porque o incumbente não lutará... porque não existe o futuro Na etapa 39, o incumbente não ganha estabelecendo uma reputação de fiereza, porque todos sabem que cooperará ... JOGOS REPETIDOS E se jogamos 40 vezes? A ideia é a mesma, só adicionar etapas... ...E resolver com backward induction Na etapa 40 o incumbente decidirá não lutar, e o Maverick entrará porque o incumbente não lutará... porque não existe o futuro Na etapa 39, o incumbente não ganha estabelecendo uma reputação de fiereza, porque todos sabem que cooperará ... Maverick Incumbente 0,5 1,4 não entrarentrar não lutarlutar -2,3 JOGOS INFINITAMENTE REPETIDOS Se eliminamos a ideia de etapa final, o raciocínio anterior já não é válido Sempre existe um número relevante de etapas futuras O resultado é o “teorema da tradição” (folk theorem) Num jogo infinitamente repetido, com um número finito de estratégias em cada repetição... ...qualquer combinação de ações observada num período limitado de tempo pode ser resultado de um equilíbrio em subjogos JOGOS INFINITAMENTE REPETIDOS Se o jogo dura infinitamente, as perdas em cada etapa são despreciáveis se comparado com o total Qualquer estratégia limitada no tempo pode ser considerada como uma punição razoável para chegar na solução final Se a taxa de desconto é grande, o jogo se parece a um jogo de duração finita Se a probabilidade de acabar é grande, o jogo se parece a um jogo de duração finita REPRESENTAÇÃO DAS ESCOLHAS Para isso, deveremos levar em conta processo longo no tempo escolha intertemporal, com determinado fator de desconto DESCONTO INTERTEMPORAL Podemos definir um fator de desconto (𝛿): 𝛿 = 1 1+𝑟 Este fator deve ser aplicado às recompensas futuras para trazer os valores para valor presente Se a recompensa é 𝑚, temos m𝛿 = 𝑚 1+𝑟 PROBABILIDADE DE FIM DO JOGO “Jogo infinito” pode ser interpretado como aquele cujos jogadores não sabem quando terminará... Porém, eles podem ter expectativa quanto às chances de que termine a cada etapa: Jogadores podem associar uma probabilidade (ρ) às chances de que o jogo termine numa dada etapa Ex: prob. de 5% de que jogo termine num período qualquer outra forma de descontar o futuro δ = 1 - ρ = 1 - 0,05 = 0,95 DOIS TIPOS DE DESCONTO Podemos combinar as duas dimensões de desconto: 𝛿 = 1−𝜌 1+𝑟 9 DOIS TIPOS DE DESCONTO Podemos combinar as duas dimensões de desconto: 𝛿 = 1−𝜌 1+𝑟 Se, por meio de uma dada estratégia, existe uma sucessão infinita de R$1,00 10 DOIS TIPOS DE DESCONTO Podemos combinar as duas dimensões de desconto: 𝛿 = 1−𝜌 1+𝑟 Se, por meio de uma dada estratégia, existe uma sucessão infinita de R$1,00 Período 1: 1 Período 2: 1.δ Período 3: 1.δ² ... 11 VALOR PRESENTE Obteremos a série S = 1 + 1.δ + 1.δ² + 1.δ3 … Trata-se de uma progressão geométrica decrescente... Da fórmula de soma dos termos de uma progressão geométrica decrescente, temos que 𝑆 = 1 1+𝛿 Que é o valor presente (ou valor descontado) da série infinita de recompensas do jogador EXEMPLOS DE ESTRATÉGIAS Estratégia “tit-for-tat” (olho-por-olho...) Jogador X coopera na 1ª etapa e, a partir daí, faz exatamente o que o Jogador Y tenha feito na etapa anterior Se Jogador Y coopera em t = k, Jogador X coopera em t = k + 1 Se Y não coopera em t = k, Jogador X não coopera em t = k + 1 Estratégia “gatilho” Quando uma condição deixa de ser satisfeita, o jogador muda estratégia dali até o fim do jogo e.g. Jogador X coopera desde que Jogador Y coopere A partir do momento em que Jogador Y deixa de cooperar, Jogador X nunca mais coopera Dilema dos prisioneiros Jogador 1 Cooper a Não coopera Jogad or 2 Cooper a 1, 1 -1, 2 Não coopera 2, -1 0, 0 Vamos analisar o dilema dos prisioneiros com estratégia severa Suponha que Jogador 1 adota estratégia severa Jogador 2 tem que decidir qual é sua melhor resposta JOGOS INFINITAMENTE REPETIDOS Dilema dos prisioneiros Jogador 1 Cooper a Não coopera Jogad or 2 Cooper a 1, 1 -1, 2 Não coopera 2, -1 0, 0 Jogador 1 coopera na primeira etapa Jogador 2 pode não cooperar de início Jogador 1 então aplicará todo o seu rigor e não cooperará daí para frente Recompensa do Jogador 2 será: 2 + 0.δ + 0.δ² + ... = 2 JOGOS INFINITAMENTE REPETIDOS Dilema dos prisioneiros Jogador 1 Cooper a Não coopera Jogad or 2 Cooper a 1, 1 -1, 2 Não coopera 2, -1 0, 0 Ou então Jogador 2 pode adotar a mesma estratégia severa do Jogador 1 Cooperarão para sempre Recompensa indiv. será: 1 + 1.δ + 1.δ² + 1.δ3 … = 1/(1-δ) Portanto, cooperar será vantajoso sempre que: 1/(1-δ) > 2 δ > ½ JOGOS INFINITAMENTE REPETIDOS JOGOS INFINITAMENTE REPETIDOS Sempre que o fator de desconto for maior do que 0,5, valerá a pena cooperar. Lembrando que: 𝛿 = 1−𝜌 1+𝑟 O que pode explicar baixo fator de desconto? Alta probabilidade de que o jogo acabe (ρ alto) Alta taxa de desconto temporal (alto r): jogadores valorizam muito pouco o futuro em relação ao presente De modo mais geral, são mais impacientes (a taxa de juros/desconto mede o “grau de paciência” do indivíduo) O QUE SÃO CARTÉIS? Cartel: Associação de firmas concorrentes que explicitamente entram em acordo de coordenação de atividades. (Acordo Horizontal) Cartel é racionalizado uma forma de oligopólio, do tipo cooperativo. Coordenação das atividades (preço, quantidade, qualidade...): intuito de maximizar os lucros conjuntos, mimetizando as escolhas de monopólio. COLUSÃO E FORMAÇÃO DE CARTÉIS Algum tipo de coordenação das decisões tomadas pelos agentes é bastante comum nestas indústrias, mesmo quando não resulta em um acordo explícito e intencional, como no caso do cartel Na literatura, este processo de coordenação é recorrentemente associado às noções de “colusão tácita” ou de paralelismo consciente (“consious parallelism”) das condutas. Quando um conjunto de firmas atuante em determinado mercado decide coordenar, de forma explícita e intencional, suas decisões de forma a elevar os preços cobrado e/ou a delimitar os níveis de produção de cada uma delas, há indícios da formação de um cartel. Desse modo, o cartel pode ser concebido como um instrumento capaz de disciplinar as relações de mercado e de reduzir a concorrência entre um determinado grupo de produtores COLUSÃO E FORMAÇÃO DE CARTÉIS Os instrumentos principais utilizados para este fim referem-se ao controle sobre o processo de precificação, à manutenção do market-share dos produtores e ao controle da atuação territorial dos membros do acordo Neste caso, a coordenação ocorre de forma deliberada, requerendo algum tipo de articulação “ex-ante” entre os agentes, que ocorre de forma intencional e precede a tomada de decisões pelos mesmos O caráter sistemático e deliberado da coordenação que caracteriza um cartel distingue este tipo de estrutura de outras situações nas quais esta coordenação ocorre de forma casual ou fortuita. COLUSÃO E FORMAÇÃO DE CARTEIS Em termos do desempenho dos agentes, a consolidação de um cartel implica algum tipo de ganho (ou retorno econômico)adicional para os agentes que dele fazem parte, em comparação com a situação que prevaleceria na ausência deste tipo de estrutura, refletido na cobrança de algum sobre-preço (“plus”) adicional, em comparação com aquele que seria obtido na ausência do acordo. Em termos práticos, isto implica alguma elevação da margem de lucro para as empresas constituintes do cartel, que deve ocorre de forma sustentável durante o período de vigência do acordo. FORMAÇÃO DE CARTÉIS Objetivo: Busca de lucros maiores Competição: cada firma decide pensando apenas em si mesma, desconsiderando o impacto de suas escolhas sob as demais (externalidades) Conluio/Cartel: as decisões são tomadas levando em conta os interesses do grupo de firmas (internalização das externalidades) CARTÉIS - CARACTERÍSTICAS Probabilidade de ocorrência de cartéis: quando há poucas firmas no mercado, caracterizando o oligopólio cooperativo Mas simultaneamente aos incentivos de coordenação, há também incentivos para cada firma não seguir (trair) o cartel, geralmente produzindo mais do que seria melhor para o cartel Quando o cartel é parcialmente rompido e algumas firmas do mercado agem independentemente, o cartel pode agir como uma firma dominante diante de uma borda competitiva formada pelas empresas independentes CARTÉIS - CARACTERÍSTICAS Se há relativa facilidade de entrada e se a firma dominante/cartel não possui custos muito mais baixos que os competidores, então o poder de mercado pode ser destruído Somente cartéis que não são quebrados e que atuam em setores com elevadas barreiras à entrada podem manter poder de mercado por muito tempo CARTÉIS - CARACTERÍSTICAS Empresas que interagem repetidamente vão responder não somente a condições de mercado, mas também a comportamento de outras empresas Uma empresa pode ter incentivo a determinar preço acima do desejado por medo de retaliação futura de outras empresas, que podem reduzir seus preços Note que empresas podem coordenar implicita ou explicitamente: Implicitamente: colusão tácita, resultado de condições de mercado. Explicitamente: colusão explicita, via acordos oficiosos onde empresas concordam explicitamente em (Preços, Quantidades, Mercados regionais, etc.) Cartéis ocorrem quando empresas competem repetidamente no mesmo mercado. Logo, considerações dinâmicas são cruciais na analise da possibilidade de exercício conjunto de poder de mercado CARTEL - FORMAÇÃO Acordos formais ou informais entre empresas que dominam parte substancial do mercado relevante, os quais procuram limitar a ação das forças concorrenciais, buscando determinar a política de preços comum - para todas as empresas que a ele pertencem, quotas de produção - obtendo reflexos sobre a participação no mercado, e divisão territorial como forma de alcançar a maximização de lucros. CARTÉIS – POSSIBILIDADES DE DESVIO O incentivo de uma empresa em reduzir preço (desviar) vai depender de 4 fatores: 1.Quanto cada empresa tem a ganhar por reduzir seu preço, ao invés de manter preço colusivo 2.Quanto a empresa pode perder no futuro se suas rivais retaliassem 3.Qual a probabilidade do desvio de preço gerar retaliação 4.Quão importante é lucro hoje (do desvio) em relação a lucro depois (da retaliação) CRIANDO E CONTROLANDO O CARTEL Se uma firma sabe que há um cartel formado pelas demais empresas do setor, ela poderá não entrar no cartel e se aproveitar da combinação produção menor-preço maior propiciada pelo cartel (com isto, ela não estaria transgredindo a lei, mas estaria se beneficiando da transgressão) Se todas as firmas decidem assim, o cartel não se forma e o preço não se eleva CRIANDO E CONTROLANDO O CARTEL Mas se a proposta de um representante do setor for “nós podemos elevar/fixar o preço se você e todos os demais aderirem”, a firma poderá calcular que os ganhos poderão compensar os riscos de punição Uma vez formado o cartel, todavia, a transgressão poderá voltar a ocorrer, na forma de trapaça: a empresa poderá elevar a produção, vendendo ao preço maior propiciado pela coordenação que envolve as demais empresas do setor O sucesso do cartel, portanto, dependerá da capacidade de promover o cumprimento do acordo (enforcement) CARTÉIS – POSSIBILIDADES DE DESVIO Colusão tacita é possivel quando: lucro com desvio lucro com cartel p probabilidade de retaliação R taxa de desconto do lucro futuro D C C D C R p Ie, nenhuma empresa acha lucrativo desviar Beneficio da colusão Beneficio do desvio CARTÉIS – POSSIBILIDADES DE DESVIO Logo, colusão tácita é facilitada qdo: 1. baixo; 2. alto; 3. Probabilidade p é alta; 4. R é baixo (peso dado a renda futura é alto). D C C FATORES ESTRUTURAIS QUE FAVORECEM COORDENAÇÃO Principais fatores: Alta concentração; Baixa barreiras a entrada; Existência Contatos entre rivais em outros mercados; Maior regularidade ou freqüência de compras: reduz incentivo a desvio; Poder do comprador: incentivo à concorrência entre rivais; Crescimento da demanda: Simetria entre rivais; C C D C D C D C p D C Fernando de Oliveira Marques 33 CARTEL: FACILITAÇÃO Tecnologia madura (estável); Baixa elasticidade-preço da demanda (consumidor depende/segue); Facilidade de discriminação de consumidores e contratos; Capacidade de monitorar e fiscalizar preços e quantidades produzidas -> capacidade de monitorar decisões; Membros devem ser capazes de atingir um consenso sobre o volume de produção que caberá a cada agente; Homogeneidade do produto; Similaridade das condições de produção; O cartel deve ser capaz de punir a violação do acordo; FACILITADORES DE MANUTENÇÃO DE UM CARTEL Detecção dos “traidores” Poucas Firmas no Mercado Preços não flutuam independentemete Preços abertamente conhecidos Produtos idênticos e no mesmo elo da cadeia produtiva Cartéis com baixa probabilidade de “traição” Custos incrementais inelásticos Custos fixos baixos em relação aos custos totais Vendas pequenas e frequentes Vendas centralizadas 35 CARTEL: OBSTÁCULOS Diferenciação de produtos Diferentes níveis de eficiência das empresas Entrada potencial de novos concorrentes Dificuldade de monitoramento Generalização da violação do acordo Existência de uma franja competitiva Programa de leniência efetivo Sanção crível e tempestiva CONDIÇÕES P/ FORMAÇÃO DE CARTÉIS Custos de detecção de defecções é baixo. Os fatores que auxiliam nisso são: a) poucas firmas; b) baixa flutuação das condições de demanda e preços; c) existência de mecanismos para se conhecer os preços praticados (ex: licitação pública com leilões abertos, possibilidade de inspeção recíproca dos livros contábeis); d) setores com cadeias produtivas ou de comercialização maiores podem ter dificultada sua coordenação, dado que pode ser difícil identificar em que ponto da cadeia ocorreu o desvio da regra do cartel. MÉTODOS PARA COIBIR A “TRAIÇÃO” DE MEMBROS DO CARTEL Fixar mais do que o preço: Dividir o mercado Fixar market shares Usar cláusulas de “igualdade de condições” Estabelecer Gatilhos de Preços CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE CARTÉIS São comuns situações nas quais o resultado final obtido se assemelha ao que seria obtido no caso de um cartel, com indústria se comportando “como se fosse” (as if) este tipo de estrutura, apesar dos princípios que nortearam as interações entre os agentes serem, na origem, de natureza distinta da colusão conscientee deliberada que caracteriza um cartel Situação de “paralelismo consciente” das condutas (também associado pela literatura ao conceito de “colusão tácita”) apesar de proporcionar um resultado econômico relativamente análogo ao de um cartel, pode estar baseado em instrumentos de coordenação distintos Utilização de “paralelismo consciente” para caracterizar evidência de prática colusiva e anti-competiva, e portanto ilegal, é questão controversa na literatura CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE CARTÉIS Supondo que o cartel opera como estrutura complexa e sofisticada, torna- se bastante provável que seus membros sejam capazes de articular ações que consigam “encobrir” os instrumentos mobilizados e o resultado obtido a partir da adoção de práticas colusivas Dificuldade é associada à impossibilidade prática de distinguir situações nas quais o acordo efetivamente existe e opera de forma eficaz, o que se reflete na formulação de um “indistinguishability theorem Possibilidade de avaliação dos efeitos da formação do cartel sobre o ritmo de expansão da capacidade e a rentabilidade das firmas participantes: é importante não apenas observar a existência e a sustentabilidade de um excedente adicional (plus) decorrente do estabelecimento de práticas colusivas, mas também verificar como se comportam os diferenciais de rentabilidade entre os agentes ao longo do tempo COMBATE A CARTÉIS NA PRATICA Dados de mercado vs provas documentais: « Não se condena um cartel com economia. » Raciocínio econômico é útil na identificação do cartel, mas as provas documentais (ainda) são essenciais para condenação. Não se pode condenar porque preço esta muito alto ou porque ha paralelismo de preços… Políticas de defesa da concorrência ex-ante contra cartéis: Recomendações sobre desenho de editais para prevenir colusão em leilões (de licitação, por exemplo); Controle de fusões: No entanto, se a fusão gera empresas mais assimétricas, probabilidade de colusão reduz. Políticas de defesa da concorrência ex-ante contra cartéis: Programas de leniência.
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