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DIREITO CIVIL II TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 1. GENERALIDADES A relação obrigacional admite alterações na composição de seus elementos; Pode ser uma transmissão ativa (cessão de crédito), passiva (cessão de débito ou assunção de dívida) ou da posição contratual (cessão de contrato); O STJ já entendeu que a "cessão de direitos e obrigações oriundos de contrato [ ... ] implica a transferência de um complexo de direitos, de deveres, débitos e créditos, motivo pelo qual se confere legitimidade ao cessionário de contrato (cessão de posição contratual) para discutir a validade de cláusulas contratuais com reflexo, inclusive, em prestações pretéritas já extintas“ (REsp. 356.383). Facilitar a circulação das obrigações e seu cumprimento; Nas palavras Karl Larenz, todos os direitos suscetíveis de avaliação pecuniária constituem patrimônio da pessoa. A obrigação se insere neste contexto. Em sendo patrimônio, há propriedade e, ainda, admite-se o trânsito jurídico; Desmaterialização do crédito; 2. CESSÃO DE CRÉDITO Negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independente do consenso do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional (CC, art. 286). 2.1 INSTITUTOS AFINS NOVAÇÃO SUBJETIVA ATIVA subsiste o crédito primitivo; SUB-ROGAÇÃO LEGAL não tem caráter especulativo; o sub-rogado não pode exercer direitos além dos limites do desembolso; não pode ser gratuita; SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL o tratamento dado pela lei é o mesmo da cessão de crédito. Qualquer crédito pode ser cedido, conste ou não de um título, esteja vencido ou por vencer, se a isso não se opuser: A natureza da obrigação: relações jurídicas de caráter personalíssimo e as de direito de família. Vencimentos de funcionários ou crédito por salários; créditos assistenciais; A lei: direito de preferência (CC, art. 520), benefício da justiça gratuita (Lei n. 1.060/50, art. 10), indenização de acidente de trabalho, direito a herança de pessoa viva (CC, art. 426), créditos já penhorados (CC, art. 298); A convenção com o devedor: intransmissibilidade (pacto de non cedendo); Se não houver estipulação em contrário, além da prestação principal transmitir-se-ão também todos os acessórios do crédito (CC, art. 287). Não se exige forma específica, podendo ser não solene ou consensual, bastando a simples declaração de vontade do cedente e cessionário; Art. 288, CC indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do cedente e cessionário, data e objetivo da cessão com a designação e a extensão dos direitos cedidos e ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos; Crédito hipotecário direito de fazer averbar a cessão à margem do registro do imóvel (CC, art. 289). A notificação do devedor é expressamente exigida, mas não constitui requisito de validade, e sim uma condição de sua eficácia em relação ao devedor (CC, art. 290); Se o cedente, maliciosamente, fizer cessão do mesmo crédito a vários cessionários, prevalecerá a que tiver sido completada com a entrega do título. Os demais podem pleitear somente perdas e danos (CC, art. 291); A cessão deve ser feita antes do pagamento, sob pena de exonerar o devedor ao pagar o credor primitivo. Se notificado a tempo, deve pagar ao cessionário. (CC, art. 292). O cessionário pode exercer todos os atos legalmente admitidos para conservar o direito cedido, independente da notificação do devedor (notificação, averbação do crédito hipotecário, providências processuais) (CC, art. 293); Devedor pode opor as exceções tanto contra o cedente quanto o cessionário (CC, art. 294); A cessão produz efeito entre as partes, devendo o cedente assumir a responsabilidade perante o cessionário pela existência do crédito PRO SOLUTO (CC, art. 295); O cedente pode correr o risco da insolvência do devedor cedido, responsabilizando-se perante o cessionário PRO SOLVENDO (CC, art. 296). Em caso de cessão pro solvendo, a responsabilidade do cedente não poderá ir além do montante que o cessionário recebeu, visto que ao adquirir um crédito, buscando vantagem econômica, assume o risco negocial interesse contratual negativo (CC, art. 297); A penhora vincula o crédito ao pagamento do débito do exequente, logo o crédito que é objeto de penhora não poderá ser cedido, sob pena de fraude à execução (CC, art. 298). 3. ASSUNÇÃO DE DÍVIDA Também conhecida como cessão de débito, é um negócio jurídico bilateral, pelo qual o devedor (cedente), com a anuência expressa do credor, transfere a um terceiro (assuntor ou cessionário) os encargos obrigacionais, de modo que este assume sua posição na relação obrigacional, substituindo-o, responsabilizando-se pela dívida(CC, art. 299); A cessão de débito requer anuência expressa do credor. Em caso de má fé, o devedor originário continuará obrigado, dando origem à assunção cumulativa ou de reforço; Pode-se estipular, judicial ou extrajudicialmente, prazo ao credor para que anua na cessão, interpretando-se o seu silêncio como recusa. 3.1 INSTITUTOS AFINS Promessa de liberação do devedor credor não tem direito de exigir o cumprimento; Novação subjetiva por substituição do devedor criação de uma nova obrigação; Fiança obrigação subsidiária; Estipulação em favor de terceiro criação de um crédito em prol do terceiro 3.2 ESPÉCIES EXPROMISSÃO mediante contrato entre o terceiro e o credor, em anuência do devedor; DELEGAÇÃO mediante acordo entre terceiro e devedor, com a concordância do credor. As garantias especiais serão extintas com a assunção, salvo manifestação contrária. Já as garantias reais, continuarão válidas e sobreviverão à cessão (CC, art. 300); Se anulada for a substituição do devedor, a dívida será restaurada, com todas as suas garantias, exceto as prestadas por terceiros, que haviam sido extintas pela cessão, a não ser que tivesse conhecimento do vício que maculava a obrigação (CC, art. 301). O novo devedor não poderá opor ao credor as defesas pessoais (incapacidade, vício de consentimento, etc) que eram cabíveis ao devedor primitivo (CC, art. 302); Quem vier a adquirir imóvel hipotecado pode assumir o pagamento do crédito garantido (CC, art. 303). 4. CESSÃO DE CONTRATO Não regulamentado pelo CC/02; O contrato é um bem jurídico, de valor material, que integra o patrimônio dos contratantes, podendo ser objeto de negócio; “Transferência da inteira posição ativa e passiva do conjunto de direitos e obrigações de que é titular uma pessoa” (Silvio Rodrigues); “ A cessão da posição contratual consiste no negócio pelo qual um dos outorgantes em qualquer contrato bilateral ou sinalagmático transmite a terceiro, com o necessário assentimento do outro contraente, o conjunto de direitos e obrigações que lhe advêm desse contrato” (Antunes Varela); É indispensável a concordância do cedido, para a eficácia do negócio em relação à ele; O consentimento pode ser prévio, antes da cessão, ou posteriormente, com a ratificação; Não se confunde com a sub-rogação legal e nem com a novação, pois aquela nasce da lei, sem necessidade do consentimento do cedido, e nesta, ou há transmissão de direitos ou de obrigações; 4.1 EFEITOS ENTRE CEDENTE E CONTRAENTE CEDIDO Com ou sem liberação do cedente; A liberação é consequência normal; Pode haver consentimento sem liberação do cedente cedente continua vinculado ao negócio; Entende-se, na falta de previsão legal, o estabelecimento de um vínculo de solidariedade pela vontade das partes. 4.2 EFEITOS ENTRE O CEDENTE E O CESSIONÁRIO A cessão acarreta para o cedente a perda dos créditos e das expectativas integrados na posição contratual cedida, e também, a exoneração dos deveres e obrigações em geral compreendidos na mesma posição contratual; O cedente responde, na cessão a título oneroso, pela existência da relação contratual, e na título gratuito, se houver má fé, mas não pela solvência do contraente cedido. 4.3 EFEITOS ENTRE O CESSIONÁRIO E O CONTRAENTE CEDIDO Não pode o cedido invocar contra o cessionário meios de defesa que não fundem a relação contratual cedida; O cessionário não pode alegar contra o cedido meios de defesa estranhos à relação contratual; Contratos de cessão de locação residencial e não residencial, em que o locatário transfere a sua integral posição no contrato-base a terceiro, com anuência do cedido; Contratos de compromisso de compra e venda; Contrato de mandato, com substabelecimento sem reserva de poderes; Contrato de transferência de estabelecimento comercial. CC, art. 425 é lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas nesse Código.
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