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RESENHA Propriedade e liberdade no Brasil civil

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RESENHA
Nas novas regras, elegante e falsamente chamadas de civilizatórias, os índios não tinham direito a terra, que tecnicamente eram deles quando os portugueses aqui chegaram, e a Coroa Portuguesa tratou de criar e aplicar instrumentos capazes de legitimar o domínio privado original, concedendo terras apenas à aqueles que apresentassem como título de origem atos de concessão da própria Coroa. Desta forma afastava os índios e qualquer indesejado a se tornar proprietário por aquisição originária. Esse sistema adotado no Brasil foi o das sesmarias, que em Portugual tinha o intuito de transferir terras que já haviam sido lavradas mas que estavam abandonadas para quem quisesse lavrar, no Brasil o mesmo instituto das sesmarias foi aplicada por três séculos, embora não houvesse terras abandonadas, pois essas mesmas terras eram ocupadas pelos índios que tinham outras formas de aproveitamento e uso.
Era claro que o sentindo das sesmarias no Brasil foi o de conquista e também garantia aos capitais mercantilistas, de que sua mão de obra, escrava ou livre, não viria ser proprietária de terras vagas. Os índios aos olhos da Coroa Portuguesa se tornava invisível, e aos trabalhadores lhes era negado o direito de usufruir de uma terra vazia, a não ser que tivesse condições de compra-la do patrão ou ganha-la por favores prestados a Coroa.
Para o mercantilismo era ótimo desta forma, pois não queriam abrir a possibilidade de o trabalhador livre se tornar proprietário e começar a plantar para sua própria subsistência e não para o mercado, ficaria difícil manter trabalhadores livres a baixos salários. Na realidade a utilização das sesmarias foi a proteção do capital mercantil europeu contra o trabalhador livre, pois desta forma, os chamados aventureiros ocupariam as terras dando outro destino a elas, produzindo alimentos, barateando a vida e encarecendo a mão de obra que haveria de preferir lavrar a própria terra do que receber salário de miséria. Não é por acaso que o sistema somente pode prosperar economicamente com a força do trabalho escravo. No primeiro momento a intenção de escravizar os indígenas e depois com a desumana história de braços escravos da África.
Proudhon afirma categoricamente que : “a propriedade é um roubo”. Ele compara a propriedade a um roubo assim como a escravidão a um assassinato. 
Concordam?
O uso das sesmarias foi, portanto, a forma que Portugual encontrou para promover a conquista do território brasileiro, seria insustentável para Portugual manter exércitos armados, e na falta de ouro ou prata utilizou a terra os capitais mercantilistas produzindo para exportação bens desnecessários aqui, como o açúcar. As terras eram concedidas para que o beneficiário viesse ao Brasil ocupa-las, em nome da Coroa, produzindo em larga escala bens de exportação, ainda que fosse preciso perseguir, escravizar ou matar populações indígenas, e gerar escravidão africana e fome.
No livro “ O renascer dos povos indígenas para o direito” o autor indaga: “ Os índios com seus costumes, organização social e integração com a natureza local tinham duas excelentes razões para não trabalhar para os portugueses. A primeira era o despropósito do trabalho, porque razão iriam trabalhar em plantações ou serviços totalmente desconhecidos, para receber uma minguada ração de comida, se em liberdade, caçando, pescando, coletando frutos ou mantendo pequenas roças tinham muito mais e melhor alimento, além de prazer, alegria e liberdade? A segunda razão era decorrente da primeira: os índios tinham para onde fugir, conheciam a mata e tinham parentes e, sobretudo, sabiam sobreviver na natureza tão hostil aos portugueses”.

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