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Algumas formas primitivas de classificação DURKHEIM, Émile e Marcel MAUSS

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Texto 1: DURKHEIM, Émile e Marcel MAUSS. 1990. [1903]. “Algumas formas primitivas de classificação”. Em Ensaios de Sociologia. São Paulo, Perspectiva. Págs. 399 – 455
Contribuição para o estudo das representações coletivas.
Psicologia contemporânea: complexidade das operações mentais > multiplicidade de elementos na construção e projeção exterior do mundo sensível.
Não alcançou a lógica, isto é, “as faculdades de definir, de deduzir, de induzir são geralmente consideradas como imediatamente dadas na constituição do entendimento individual” (p. 399)
Se julgou que o processo de surgimento das faculdades lógicas dependia unicamente da psicologia individual, enquanto não se teve a ideia de ver nos métodos do pensamento científico verdadeiras instituições sociais cuja gênese só a sociologia pode descrever e explicar. (p. 399)
Os lógicos consideram a hierarquia dos conceitos como dada nas coisas e imediatamente exprimível pela cadeira infinita dos silogismos. (relações de inclusão e exclusão )
Para nós, com efeito, classificar coisas é ordená-las em grupos distintos entre si, separados por linhas de demarcação nitidamente determinadas [...] Existe, o fundo da nossa concepção da classe, a ideia de uma circunscrição de contornos fixos e definidos.
Nossa atual noção de classificação tem uma história. (p. 400)
Toda uma parte de nossa literatura popular, de nossos mitos, de nossas religiões, está baseada numa confusão fundamental de todas as imagens, de todas as ideias. 
Sociedades menos evoluídas confusão mental ainda mais absoluta. (indistinção)
Se a educação não viesse inculcar-lhe maneiras de pensar que jamais poderia ter instaurado por suas próprias forças e que são o fruto de todo o desenvolvimento histórico. (p. 402)
Bem longe, pois, de o homem classificar espontaneamente e por uma espécie de necessidade natural, no início faltam à humanidade as condições mais indispensáveis da função classificadora. [...] O simples fato destas semelhanças [das coisas] não bastas para explicar como somos levados a reunir os seres que assim de assemelham, e reuni-los numa espécie de meio ideal, encerrado nos limites determinados, e que chamamos de um gênero, uma espécie, etc. (p. 402)
Classificar não é apenas constituir grupos: é dispor estes grupos segundo relações muito especiais. [...] Toda classificação implica uma ordem hierárquica da qual nem o mundo sensível nem nossa consciência nos oferecem o modelo. (p. 403)
Noções lógicas são de origem extralógica. 
Longe de podermos admitir como coisa fundada que os homens classifiquem naturalmente, por uma espécie de necessidade interna de seu entendimento individual, cumpre, ao contrário, interrogar-se sobre o que os levou a dispor suas ideias sob esta forma e onde puderam encontrar o plano desta notável disposição. (p. 403).
O TEXTO TODO MOSTRA DIVERSOS TIPOS CLASSIFICATÓRIOS PRIMITIVOS E A CONCLUSÃO (ÚLTIMA SECCÃO) É: 
As classificações primitivas não constituem, portanto, singularidades excepcionais, sem analogia com aquelas que estão em uso entre povos mais cultivados; ao contrário, parecem ligar-se, sem solução de continuidade, às primeiras classificações científicas. (p. 450)
Como as classificações dos cientistas, são sistemas de noções hierarquizadas.
Estes sistemas tem uma finalidade totalmente especulativa. Tem como objeto, não facilitar a ação, mas fazer compreender, tornar inteligíveis as relações entre os seres. (cardeal/ se situar)
Destinadas, antes de tudo, a unir ideias entre si, a unificar o conhecimento.
Estas classificações foram modeladas segundo a organização social mais próxima e fundamental. [...] As primeiras categorias lógicas foram categorias sociais (clãs); as primeiras classes de coisas foram classes de homens nas quais tais classes forem integradas. Foi porque os homens estavam agrupados e viam-se em pensamento em forma de grupos que agruparam idealmente os outros seres, e as duas maneiras de agrupamento começaram a confundir-se a ponto de se tornar indistintas. (p. 451) 
Estas condições são de natureza social. 
Os homens classificaram as coisas porque estavam divididos em clãs
Pensava-se que as coisas faziam parte integrante da sociedade e foi seu lugar na sociedade que determinou seu lugar na natureza.
A hierarquia lógica não é mais do que outro aspecto da hierarquia social e a unidade do conhecimento não outra coisa senão a própria unidade da coletividade, estendida ao universo.
O fato de que o quadro exterior da classificação é fornecido pela sociedade, não leva a concluir necessariamente que a maneira pela qual foi empregado esse quadro depende de razões da mesma origem. É bem possível a priori que móveis de ordem completamente diversas tenham determinado a maneira pela qual os seres foram aproximados, confundidos, ou então, ao contrário, distinguidos e opostos. (p. 453)
Os mesmos sentimentos que estão na base da organização domestica, social, etc. , presidiram também tal repartição lógica das coisas.
As coisas são ante de tudo sagradas ou profanas, puras ou impuras, amigas ou inimigas, favoráveis ou desfavoráveis; isto significa que seus caracteres mais fundamentais limitam-se a exprimir a maneira pela qual afetam a sensibilidade social. As diferenças e semelhanças que determinam a maneira pela qual se agrupam são mais afetivas do que intelectuais. Eis como as coisas mudam, de certa forma, de natureza de acordo com sociedades; é que elas afetam de maneira diferente os sentimentos dos grupos [...] É este valor emocional das noções que desempenha o papel preponderante na maneira pela qual as ideias se aproximam ou se separam. É ela que serve de caráter dominador na classificação. (p. 454)
O centro dos primeiros sistemas da natureza não é o individuo, é a sociedade. 
Uma classificação lógica é uma classificação de conceitos. Ora, o conceito é a noção de um grupo de seres claramente determinado; seus limites podem ser marcados com precisão. Ao contrário, a emoção é uma coisa essencialmente vaporosa e inconsciente. [...] A emoção é naturalmente refratária à analise ou, ao menos, dificilmente se presta a isso, porque é demasiado complexa. Sobretudo quando é de origem coletiva, desafia o exame crítico e lógico.
http://www.sociologia.s5.com/durk2.htm

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