Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmacologia 2011.2 Profª. Mabel Esteves FARMACODINÂMICA Estuda os efeitos biológicos e terapêuticos das drogas. A porção livre das drogas é a que realmente atuará nos receptores. As drogas podem agir por estimulação, depressão, reposição ou antiinfecção. • Estimulação. A droga AUMENTA a atividade da célula alvo. Ex: Acetilcolina → Estimula o SNP. • Depressão. A droga DIMINUI a atividade da célula alvo. Ex: Loperamida → Diminui o peristaltismo intestinal. • Reposição. A droga atua como repositora de nutrientes em doenças carenciais ou repositora hormonal nas hipofunções glandulares. Ex: Terapia de Reposição Hormonal, Pós-Menopausa. • Antiinfecção. A droga age destruindo ou neutralizando organismos patogênicos. Ex: Mebendazol → Tratamento da Ascaridíase. FATORES QUE INTEFEREM NA AÇÃO DA DROGA Raça, sexo, superfície corpórea, farmacocinética, estado patológico, adesão do paciente ao tratamento, idade, peso, gravidez, nutrição, cronofarmacologia. EFEITO PLACEBO Substância ou preparação inativa, administrada para satisfazer a necessidade psicológica do paciente por medicamentos. Seu efeito depende da confiança depositada pelo paciente na preparação que está recebendo e/ou no profissional que o indicou. Até 35 % dos efeitos de um fármaco pode ser atribuído ao efeito placebo, é usado em ensaios clínicos controlados para avaliar a eficácia de um novo medicamento. RECEPTORES FARMACOLÓGICOS São macromoléculas, geralmente protéicas, presentes na Membrana Plasmática ou interior das células que, ao se interagirem com os fármacos, desencadeiam alterações biomoleculares, modificando a função celular. FUNÇÕES CELULARES ALTERADAS PELA INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR Ativação da transcrição gênica, Ativação da transcrição gênica, Divisão e diferenciação celulares, Modulação de Canais Iônicos. FORMAÇÃO DO COMPLEXO FÁRMACO-RECEPTOR Quando a droga e o receptor se interagem, surge um complexo droga- receptor. A formação deste complexo geralmente leva a alteração do funcionamento celular. A maioria dos fármacos se liga através de ligações fracas com os receptores de modo que a velocidade de dissociação do complexo é grande. Quando a ligação é forte, covalente, os complexos são mais estáveis e o efeito pode ser mais duradouro ou até irreversível. A ligação fármaco-receptor se faz por ligação iônica, forças de Van der Waals ou interações hidrofóbicas. RECEPTORES INESPECÍFICOS A água quando incorporada ao laxante carboximetilcelulose pode ser considerada como um receptor inespecífico, porque poderia ser substituída por outros solventes polares. Substâncias como o manitol (diurético osmótico) vão agir sobre a água. RECEPTORES SEMI-ESPECÍFICOS Substâncias quelantes, quando se complexam aos íons metálicos, geralmente bivalentes são considerados receptores semi-específicos, pois não têm especificidade por um íon apenas, mas por vários íons. RECEPTORES ESPECÍFICOS Têm especificidade (mesmo que não totalmente) por um fármaco ou classe química. São complexos protéicos que apresentam um sítio específico de interação droga-receptor. ESTEREOSELETIVIDADE Em receptores inespecíficos, não há estereoseletividade, ou seja, não há alteração na potência quando se usam formas levógira ou dextrógira. Já em receptores específicos, há estereoseletividade, isto é, observa-se alteração na potência na ordem de até 1000 vezes. Ex: O isômero levógiro da noradrenalina é cem vezes mais potente que seu isômero dextrógiro. CONCENTRAÇÃO DO FÁRMACO Os receptores específicos são ativados em concentrações micromolares ou nanomolares da droga. Os receptores inespecíficos são ativados em concentrações molares ou milimolares da droga. INTERAÇÕES ENTRE DROGAS A administração simultânea de duas drogas pode fazer com que o efeito de uma delas seja quantitativamente alterado. A presença em uma mesma preparação de mais de uma substância geralmente tem a finalidade de aumentar ou reduzir os efeitos de uma delas, facilitar a dissolução, a conservação ou melhorar as propriedades organolépticas. SINERGISMO Diz que há sinergismo, entre dois fármacos A e B quando, devido à presença da droga B, houve menor necessidade de A, para se obter o efeito desejado. Existem dois tipos de sinergismo, o de adição e o de potenciação. No sinergismo de adição o efeito da droga A soma-se ao efeito da droga B, por exemplo, se tivermos um anestésico A, que em uma dose X, produza efeito por uma hora e um anestésico B, que na dose Y, produza efeito por 30 minutos, ao associarmos os dois anestésicos obteremos efeito por 1 hora e 30 minutos. Já no sinergismo de potenciação ocorre quando o efeito obtido na associação é maior que o efeito de cada uma das drogas isoladamente, mas é diferente da soma dos efeitos isolados. Como exemplo temos as drogas que atuam de forma qualitativamente diferente, uma interferindo nas características farmacocinéticas da outra. ANTAGONISMO Há antagonismo entre duas drogas quando intensidade do efeito de uma é reduzido pela presença da outra. O antagonista pode ser competitivo ou não- competitivo. Quando é competitivo, este compete com o agonista pelos sítios receptores, mas como ele se liga reversivelmente ao sítio, a administração de doses maiores do agonista pode superar os efeitos do antagonista. Quando fala não-competitivo, quer dizer que ele se liga aos receptores e bloqueia os efeitos do agonista, e uma administração de doses maiores do agonista não consegue reverter à situação. AGONISTA Eles ativam e estimulam os receptores, provocando uma resposta que aumenta ou diminui a função celular. Podem ser agonistas totais (produzem efeito máximo) ou parciais (não produzem efeito máximo). Os agonistas parciais também são denominados antagonistas parciais, porque impedem que um agonista total se ligue ao receptor desencadeando seu efeito máximo. ALVOS PROTÉICOS PARA A AÇÃO DAS DROGAS Receptores. Funcionam como elementos de percepção do sistema de comunicação química que coordenam a função de todas as diferentes células do corpo. Canais iônicos. Atuam seletivamente na permeabilidade de certos íons, controlando a condutância iônica através da membrana, são de suma importância para as atividades celulares, principalmente nas células excitáveis como neurônios e células musculares onde o potencial da membrana é o carro chefe da atividade fisiológica. Enzimas. Além dos receptores próprios das células, as enzimas são também outros alvos importantes para a ação dos fármacos. Estes ajudam a transportar substâncias químicas vitais, regulam a velocidade das reações químicas ou efetuam outras funções estruturais, reguladoras ou de transporte. Enquanto os fármacos dirigidos aos receptores se classificam em agonistas ou antagonistas, os fármacos dirigidos as enzimas classificam-se em inibidores ou ativadores (indutores). Por exemplo, a lovastatina é usada no tratamento dos indivíduos com valores elevados de colesterol no sangue. Este fármaco inibe a enzima HMG-CoA redutase, fundamental para produzir colesterol no organismo. A maioria das interações são reversíveis, quer sejam entre fármacos e receptores, quer entre fármacos e enzimas. Isto quer dizer que o fármaco se desprende ao cabo de certo tempo e o receptor ou o enzima recuperam o seu funcionamento normal. Moléculas transportadoras. Atuam no transporte de íons e pequenas moléculas orgânicas através de membranas celulares, já que com freqüência, moléculas polares são insuficientemente lipossolúveis para penetrar por si só nas membranas lipídicas. FAMÍLIA DE RECEPTORES Quanto ao tempo de ação, existem diversos tipos de receptores celulares, associados a efeitos diferenciados, sendo que a velocidadede ação dependerá do tipo de estrutura molecular e da natureza do mecanismo de transdução. Tipo 1 � Receptores para neurotransmissores rápidos, acoplados ao canal iônico. Como exemplo temos o receptor nicotínico para acetilcolina, o receptor do GABA e o receptor do glutamato. São constituídos por quatro tipos diferentes de subunidades chamadas alfa, beta, gama e delta com dois sítios que se ligam a acetilcolina. Para que o receptor seja ativado, as subunidades alfa onde estão presentes os sítios de ligação têm que se ligar a acetilcolina. Tipo 2 � Receptores para hormônios, receptores lentos acoplados ao sistema de proteína G. Como exemplo temos os receptores muscarínicos para acetilcolina e receptores adrenérgicos, receptores da dopamina, receptores da serotonina, de opióides e etc. A família dos receptores acoplados a proteína G representa a maioria dos receptores conhecidos na atualidade e é uma proteína intermediária e interage com nucleotídeos guanilícos (GTP e GDP). Tipo 3 � Receptores ligados à atividade de tirosina quinase como, por exemplo, os da insulina e receptores para vários fatores de crescimento. Tipo 4 � Receptores para hormônios esteróides, hormônio tireoidiano e outros agente como o ácido retinóico e a vitamina D. POTÊNCIA E EFICÁCIA A potência refere-se à quantidade de fármaco (geralmente expressa em miligramas) de que se necessita para produzir um efeito, como aliviar a dor ou diminuir a pressão arterial. Por exemplo, se 5 miligramas do fármaco B aliviam a dor com a mesma eficácia que 10 miligramas do fármaco A, então o fármaco B é duas vezes mais potente que o fármaco A. De fato, um fármaco com maior potência não é necessariamente melhor que outro. Quando os médicos julgam as qualidades relativas dos fármacos, consideram muitos fatores, como o perfil dos efeitos secundários, a toxicidade potencial, a duração do efeito e, por conseguinte, o número de doses diárias requeridas, e também o seu custo. A eficácia refere-se à resposta terapêutica potencial máxima que um fármaco pode induzir. Por exemplo, o diurético furosemida elimina muito mais sal e água através da urina que o diurético clorotiazida. Por isso a furosemida tem maior eficácia, ou efeito terapêutico, que a clorotiazida. Tal como a potência, a eficácia é um dos fatores que os médicos consideram ao selecionar o fármaco mais apropriado para um doente concreto. TOLERÂNCIA A tolerância é uma diminuição da resposta farmacológica que se deve à administração repetida ou prolongada de alguns fármacos. A tolerância ocorre quando o organismo se adapta à presença contínua do fármaco. Geralmente, são dois os mecanismos responsáveis pela tolerância: 1) o metabolismo do fármaco acelera-se (habitualmente porque aumenta a atividade das enzimas hepáticos que metabolizam o fármaco); 2) diminui a quantidade de receptores ou a sua afinidade para o fármaco. O termo resistência é usado para descrever a situação em que uma pessoa deixa de responder a um antibiótico, a um fármaco antiviral ou à quimioterapia no tratamento do cancro. Segundo o grau de tolerância ou de resistência desenvolvido, o médico pode aumentar a dose ou selecionar um fármaco alternativo.
Compartilhar