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1 UP-FCNM - Departamento de Física Fenómenos Térmicos Autor: Daniel António Cossa Maputo, 2016 2 UP-FCNM - Departamento de Física Índice 1. Introdução ................................................................................................................................. 4 2. Objectivos ................................................................................................................................. 5 2.1. Objectivo geral ......................................................................................................................... 5 2.2. Objectivos específicos ............................................................................................................. 5 3. Conteúdos ................................................................................................................................... 6 3.1. Conceito de temperatura .......................................................................................................... 6 3.2. Termómetro.............................................................................................................................. 6 3.2.1. Constituição e funcionamento............................................................................................... 6 3.2.2. Graduação do termómetro ..................................................................................................... 7 3.2.2.1. Ponto do gelo ..................................................................................................................... 7 3.2.2.2. Ponto do vapor ................................................................................................................... 8 3.2.3. Experiências simples – Sensação de quente ou frio .............................................................. 9 3.3. Escalas termométricas ............................................................................................................ 10 3.3.1. Escala celsius ...................................................................................................................... 11 3.3.2. Escala Fahrenheit ................................................................................................................ 11 3.3.3. Escala Kelvin ...................................................................................................................... 12 3.3.4. Relação entre as escalas termométricas .............................................................................. 12 3.4. Experiências Simples - Termómetro caseiro ......................................................................... 13 3.5. Dilatação térmica ................................................................................................................... 15 3.5.1. Dilatação linear dos sólidos ................................................................................................ 16 3.5.2. Dilatação superficial dos sólidos ........................................................................................ 17 3.5.3. Dilatação volumétrica dos sólidos ...................................................................................... 18 3.5.4. Dilatação dos líquidos e dos gases ...................................................................................... 19 3.5.5. Experiências Simples – Dilatação dos sólidos .................................................................... 20 3 UP-FCNM - Departamento de Física 3.6. Exercícios resolvidos ............................................................................................................. 21 3.7. Exercícios de aplicação .......................................................................................................... 23 3.8. Conceito de calor ................................................................................................................... 24 3.9. Transferência de calor ............................................................................................................ 25 3.9.1. Condução ............................................................................................................................ 26 3.9.2. Convecção ........................................................................................................................... 27 3.9.3. Radiação .............................................................................................................................. 28 4. Efeito de calor na natureza ........................................................................................................ 29 4.1. Gases de efeito de estufa ........................................................................................................ 31 5. Equilíbrio térmico ..................................................................................................................... 32 6. Exercícios de aplicação ............................................................................................................. 33 7. Conclusão .................................................................................................................................. 37 8. Bibliografia ............................................................................................................................... 37 4 UP-FCNM - Departamento de Física 1. Introdução A presente brochura tem como finalidade facilitar a aprendizagem significativa dos conceitos mais importantes de Física Térmica para alunos do ensino secundário geral, em particular aos alunos da 9ª classe. Em uma sociedade na qual o conhecimento científico associado à Física, manifesto em sua crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento socioeconómico e cultural, não é possível pensar na formação de um cidadão crítico à margem desses saberes. Nesse contexto, o estudo da Física é primordial para os futuros professores de física Ensino Secundário, pois nessa etapa os alunos terão pela primeira vez o contacto com situações de ensino de concepções e conceitos científicos que serão fundamentais nos processos de aprendizagem das n Ciências subsequentes. Deste modo elaborou-se esta brochura com o objectivo de auxiliar aos professores em exercício no estudo mais amplo dos fenómenos térmicos, incluindo o conceito de temperatura, calor, entre outros aspectos, procurando vincular os conceitos físicos com questões relacionadas à vida quotidiana, tais como o funcionamento do refrigerador, ar-condicionado, aquecedor solar e garrafa térmica, entre outros. 5 UP-FCNM - Departamento de Física 2. Objectivos 2.1. Objectivo geral Compreender os fenómenos térmicos 2.2. Objectivos específicos Distinguir os fenómenos térmicos na natureza; Explicar a grandeza física temperatura; Relacionar as diferentes escalas termométricas, fazendo conversão de unidades; Explicar as diferentes formas de transmissão de calor; Identificar fenómenos naturais que se devem à energia calorífica; Explicar a troca de calor entre corpos com base no equilíbrio térmico. 6 UP-FCNM - Departamento de Física 3. Conteúdos 3.1. Conceito de temperatura A ideia macroscópica sobre temperatura tem origem na sensação que nos diz se um corpo está frio ou quente. A temperatura relaciona-se com a agitação das partículas que constituem a matéria. Assim, quanto mais rápidos forem os movimentos das partículas, maior será a temperatura do corpo e vice-versa.Como este facto se verifica com qualquer substância, podemos afirmar que a temperatura mede o grau de agitação das partículas que constituem a matéria. Quando tocamos um corpo, nossa sensibilidade térmica nos permite fazer uma estimativa qualitativa de sua temperatura. Tal estimativa é proporcionada através do nosso tato, que pode nos levar a situações enganosas de temperatura. Mas sendo esta uma grandeza física, é necessário ser determinada quantitativamente através de medições e o seu valor expresso através de uma unidade. O instrumento de medição da temperatura é o termómetro. 3.2. Termómetro Um termómetro é um instrumento que mede quantitativamente a temperatura de um sistema. A maneira mais fácil de se fazer isso é achar uma substância que possua uma propriedade que se modifica de modo regular com a temperatura. Substância termométrica: é aquela que tem pelo menos uma de suas propriedades físicas (comprimento, volume, pressão, resistência eléctrica, etc.) variando de forma mensurável com a temperatura. Grandeza termométrica: é a propriedade física da substância que varia de forma mensurável com a temperatura, sendo usada para medi-la. 3.2.1. Constituição e funcionamento O termómetro mais comum consiste em um capilar de vidro, adaptado a um pequeno bulbo, também de vidro, contendo o metal mercúrio no estado líquido. Funciona como grandeza termométrica o comprimento da coluna capilar de mercúrio. 7 UP-FCNM - Departamento de Física Fig. 1. Termómetro de mercúrio 3.2.2. Graduação do termómetro Na graduação de um termómetro, costuma-se atribuir pontos de referência para as temperaturas, que correspondem a estados térmicos bem determinados e de fácil obtenção na prática: são os chamados pontos fixos. Os dois pontos fixos mais utilizados na construção de escalas de temperatura são: o ponto do gelo e o ponto do vapor. 3.2.2.1. Ponto do gelo Corresponde à fusão do gelo sob pressão de 1atm. O termómetro é colocado em gelo moído em equilíbrio térmico com água (gelo fundente). Observe que o mercúrio desce. Pouco depois ele estaciona. Enquanto durar a fusão de gelo, o mercúrio manterá a sua posição conforme ilustra a figura 2. 8 UP-FCNM - Departamento de Física Fig. 2. Ponto de fusão 3.2.2.2. Ponto do vapor Corresponde à ebulição da água, sob pressão de 1atm. Expondo agora o termómetro aos vapores de água em ebulição, tomando o cuidado de não tocar a superfície. Observa-se que o mercúrio sobe conforme a figura 3. Fig. 3. Ponto de ebulição 9 UP-FCNM - Departamento de Física 3.2.3. Experiências simples – Sensação de quente ou frio A noção de temperatura vem da sensação de quente ou frio. Analisando os problemas que esta definição pode trazer, é importante realizar as experiências sugeridas a seguir. a) Material - 3 Copos de plástico - 3 Termómetros de laboratório - 1 Pedaço de alumínio furado - 1 Pedaço de madeira furada - 1 Pedaço de PVC furado - Água de torneira e água aquecida - Gelo b) Procedimento 1º - Sensação de frio Pegue um pedaço de alumínio, um de madeira e um de PVC. Tente descobrir, através do tato, qual dos objectos é: - Mais frio - Médio - Mais quente As temperaturas dos objectos são diferentes entre si? Por quê? 2º - Coloque um termómetro nos furos destes objectos, espere alguns minutos e leia a temperatura. As temperaturas são iguais ou diferentes? 3º - Agora monte a experiência da Figura 4. 10 UP-FCNM - Departamento de Física Fig. 4. Sensação de quente ou frio Mergulhe um dedo da mão esquerda no copo (1) e um dedo da mão direita no copo (3). Agite os dois dedos que deverão estar mergulhados até o fundo dos copos. Conte até 30 e, em seguida, coloque os dois dedos simultaneamente no copo do meio (2) sem que cheguem totalmente ao fundo. O que sentiu nos dedos? Anote as temperaturas da água nos copos. Comente se podemos considerar o tato como um bom medidor de temperatura. 3.3. Escalas termométricas Chama-se escala termométrica a sequência ordenada das temperaturas que definem, em graus, todos os estados térmicos, ordenados dos mais frios aos mais quentes. As escalas estabelecidas atribuindo valores arbitrários aos pontos fixos são denominadas escalas termométricas relativas. Ao longo dos anos, os cientistas de vários países foram atribuindo convecções diferentes, surgindo assim varias escalas termométricas. As três mais conhecidas e utilizadas, actualmente adoptadas em quase todos os países do mundo, são as seguintes: - Escala celsius - Escala Fahrenheit - Escala Kelvin 11 UP-FCNM - Departamento de Física 3.3.1. Escala celsius Foi proposta por Anders Celsius, um astrónomo sueco em 1742. Ele escolheu como pontos fixos (os quais a sua escala seria baseada) os pontos de fusão do gelo e de ebulição da água. Ele colocou um termómetro dentro de uma mistura de água e gelo a pressão de 1atm, em equilíbrio térmico, e na posição onde o líquido de mercúrio estabilizou marcou o ponto zero. Por isso é que se diz que a temperatura a que o gelo funde (ou a água congela) é zero graus celsius, 0ºC. Depois colocou o termómetro na água em ebulição e onde o mercúrio estabilizou marcou o ponto 100. Diz-se então que a temperatura a que a água ferve (a pressão de 1atm) é cem graus celsius, 100ºC. O intervalo entre 0ºC e 100ºC, divide-se em 100 partes iguais, daí esta escala chamar-se também de escala centígrada. A escala celsius é a mais comum de todas escalas termométricas. 3.3.2. Escala Fahrenheit Esta escala foi criada pelo inventor do termómetro de mercúrio, Daniel Gabriel Fahrenheit, por volta de 1714. Inicialmente, ele colocou seu termómetro, ainda sem nenhuma escala, dentro de água, gelo e sal de amónio. O mercúrio ficou estacionado em determinada posição, a qual marcou e chamou de zero. Depois colocou este mesmo termómetro para determinar um segundo ponto, a temperatura do corpo humano. Quando o mercúrio novamente estacionou em determinada posição ele marcou e chamou de 100. Depois foi só dividir o espaço entre zero e o 100 em cem partes iguais. Estava criada a escala Fahrenheit. Depois disso, quando Fahrenheit colocou seu termómetro graduado numa mistura de água e gelo, obteve o valor de 32ºF, e quando colocou-o em água fervendo obteve o valor de 212ºF. Portanto na escala Fahrenheit a água passa para o estado sólido a 32ºF e ferve a 212ºF. Esta escala é mais usada nos países de língua inglesa. 12 UP-FCNM - Departamento de Física 3.3.3. Escala Kelvin Foi criada em 1847 por William Thomson, que depois ficou conhecido como Lorde Kelvin. É usada em trabalhos científicos e é conhecido por zero absoluto, porque é a temperatura mínima de agitação das moléculas, que corresponde a aproximadamente a -273ºC. O ponto de fusão do gelo nessa escala, corresponde a 273K, ou seja, nessa temperatura, o gelo começa a descongelar. O ponto de ebulição da água é de 373K, ou seja, nessa temperatura a água começa a se transformar em gás. Essa escala é do sistema internacional de unidades (SI). 3.3.4. Relação entre as escalas termométricas Colocando-se, em um mesmo ambiente, três termómetros: um Celsius, um Fahrenheit e outro Kelvin. E supondo que, no equilíbrio térmico, o Celsius fornece a leitura , o Fahrenheit a leitura e o Kelvin a leitura . Estas diferentes leituras representam, em escalas diferentes, uma mesma temperatura: a temperatura do ambiente. Analogamente 0ºC, 32ºF e 273K representam uma mesma temperatura: o ponto de gelo.Da mesma forma: 100ºC, 212ºF e 373K representam uma mesma temperatura: o ponto de vapor. As três escalas citadas estão, esquematicamente, representadas abaixo: Fig. 5. Correspondência entre as três escalas termométricas: Celsius, Fahrenheit e Kelvin 13 UP-FCNM - Departamento de Física ( C – 0) ºC = ( F – 32) ºF = ( K – 273) K. Analogamente, para o intervalo de temperatura v - g, teremos: (100 – 0)ºC = (212 – 32)ºF = (373 – 273) K. Dividindo ordenadamente: Simplificando: Escolhendo as igualdades convenientes pode-se facilmente converter leituras de uma escala para outra. 3.4. Experiências Simples - Termómetro caseiro O termómetro caseiro que construiremos apresentará inconvenientes, no entanto, permitirá entender toda a técnica de construção de escalas termométricas, analisar as escolhas dos pontos fixos, fazer medidas aproximadas de temperatura e poderá ser usado durante um dia inteiro. a) Material: - 1 Vidro de remédio ou um tubo de ensaio; - 1 Tubo de vidro ou tubo transparente rígido (caneta esferográfica); - 1 Régua; - 1 Rolha com furo central de diâmetro igual ao externo do tubo de vidro; - 1 Recipiente para colocar água; - Gelo picado; - 1 Termómetro (-10 a 110ºC); - 1 Lamparina a álcool; - Álcool; - Corante (tinta). 14 UP-FCNM - Departamento de Física b) Procedimento 1. Introduza o tubo de vidro fino através do furo, tomando o cuidado que fique bem vedado (Figura 6-a); 2. Coloque no tubo de ensaio (vidro de remédio) álcool com corante (Figura 6-b); 3. Feche o tubo de ensaio com a rolha furada, tomando cuidado que não fique ar entre o álcool e a rolha (Figura 6-c); 4. Recorte a cartolina (do mesmo tamanho que a régua) e cole na régua; 5. Fixe a régua revestida no tubo; 6. Coloque o tubo imerso na mistura de água com gelo picado (Figura 6-d). Espere aproximadamente dois minutos e marque na cartolina o ponto correspondente à altura da coluna de líquido; 7. Coloque o tubo imerso na água a 50ºC (Figura 6-e). Espere aproximadamente dois minutos e marque na cartolina o ponto correspondente à altura da coluna de líquido; 8. Agora você tem dados suficientes para construir uma escala para o seu termómetro, pois conhece dois de seus pares: ho ==> 0ºC e h1 ==> 50ºC. Meça a distância correspondente ao intervalo de 0ºC a 50ºC (h1 — ho) e calcule por regra de três simples a distância correspondente a 1ºC. Com isso, você pode fazer marcas no tubo de 1 em 1ºC, desde 0ºC até 50ºC. 9. Coloque o termómetro em contacto com seu corpo. Ele deverá marcar aproximadamente 37ºC. Fig. 6. Passos iniciais para a montagem de um termómetro caseiro 15 UP-FCNM - Departamento de Física 3.5. Dilatação térmica A variação da temperatura modifica as propriedades físicas dos materiais. O aumento da agitação térmica das moléculas provoca um distanciamento maior entre elas (figura 7), provocando então uma variação nas dimensões desse corpo, a chamada dilatação térmica. Se, ao contrário, temos uma diminuição de temperatura, observamos o efeito contrário, a contracção térmica. Fig. 7. Efeito da dilatação térmica De forma mais simples, define-se dilatação térmica como sendo o fenómeno pelo qual um corpo sofre uma variação nas suas dimensões, quando sujeito a uma variação de temperatura. Esse efeito depende do estado de agitação térmica da substância. Os corpos sólidos, por terem forças intermoleculares mais fortes, dilatam-se e contraem-se bem menos que líquidos e gases, onde as forças actuantes são bem menores. A dilatação térmica é algo muito comum no nosso dia - a - dia, pois os objectos são constantemente submetidos a variações de temperatura. Na engenharia, esse fenómeno deve ser considerado na construção de algumas edificações, como por exemplo, na construção de pontes e viadutos. Pode-se perceber ainda, que é devido aos efeitos da dilatação, que se deixam espaços entre os trilhos de comboio em uma linha férrea. Estes espaços são para que não ocorra deformação da mesma devido a variação de temperatura. Nos sólidos, o aumento ou diminuição da temperatura provoca alteração nas dimensões lineares, como também nas dimensões superficiais e volumétricas. 16 UP-FCNM - Departamento de Física 3.5.1. Dilatação linear dos sólidos É a variação do comprimento de um material sólido, isto é, de uma dimensão, pelo aquecimento. Para melhor compreender a dilatação linear observe a figura 8 que demonstra a expansão de uma barra metálica de comprimento após a mesma ser aquecida. Nota-se que seu comprimento passa a um comprimento final igual a L quando sua temperatura passa de um valor para um valor . Fig. 8. Dilatação linear do sólido Pode-se dizer matematicamente que a dilatação é: Se essa barra metálica for homogénea (massa distribuída de forma uniforme na barra) é fácil compreender que cada unidade de comprimento da barra, após ser aquecida, sofre a mesma dilatação por unidade de variação de temperatura, ou seja, todos os pontos da barra devem sofrer a mesma dilatação se for aquecida igualmente. Por exemplo, Imagine duas barras do mesmo material, mas de comprimentos diferentes. Quando aquecemos estas barras notaremos que a maior dilatará mais que menor. Nota-se ainda que quando a barra é aquecida verifica-se que a variação do comprimento da mesma é proporcional à variação da temperatura sofrida por ela. Quando aquecemos igualmente duas barras de mesmo comprimento, mas de materiais diferentes, notaremos que a dilatação será diferente nas barras. Podemos concluir que a dilatação depende do material (substância) da barra. 17 UP-FCNM - Departamento de Física Assim, podemos escrever a seguinte equação para determinar a variação de comprimento da barra: Onde: ΔL é a variação do comprimento; é a variação da temperatura; é uma constante de proporcionalidade denominada de coeficiente de dilatação linear, e a sua unidade é o . A partir das duas equações anteriores pode-se determinar uma equação que permita calcular o comprimento final da barra: ( ) 3.5.2. Dilatação superficial dos sólidos É aquela em que predomina a variação em duas dimensões, ou seja, a variação da área. Considere a placa metálica descrita na figura 9: Fig. 9. Dilatação superficial do sólido Inicialmente a temperatura inicial é , a placa tem área inicial . Após ser aquecida por uma fonte de calor a sua área ganha novas dimensões, ou seja, ela se expande em razão do aumento no grau de agitação das moléculas que a compõem. Com temperatura final a placa metálica passa a ter área final . A variação de área sofrida pela placa pode ser determinada da seguinte forma: – Experimentalmente pode-se mostrar que a variação da área sofrida pela placa é proporcional à variação da temperatura sofrida pela mesma, matematicamente temos a seguinte relação que determina a dilatação superficial: 18 UP-FCNM - Departamento de Física Onde: β é o coeficiente de dilatação térmica superficial do material que constitui a placa, ele é igual a duas vezes o valor do coeficiente de dilatação térmica linear (material isotrópico), ou seja, 3.5.3. Dilatação volumétrica dos sólidos É aquela em que as três dimensões do corpo sofrem variação em três dimensões, ou seja, ocorre a variação do volume do corpo.Para estudarmos este tipo de dilatação podemos imaginar um cubo metálico de volume inicial e temperatura inicial . Se o aquecermos até a temperatura final, seu volume passará a ter um valor final igual a . Fig. 10. Dilatação volumétrica do sólido A dilatação volumétrica ocorreu de forma análoga ao da dilatação linear; portanto podemos obter as equações da variação de volume sofrida pelo cubo: – Experimentalmente pode-se mostrar que a variação de volume sofrido pelo cubo é proporcional à variação da temperatura, e matematicamente tem-se a seguinte relação que determina a dilatação volumétrica: Onde é chamado de coeficiente de dilatação volumétrico do material que constitui o cubo, e ele é igual a três vezes o valor do coeficiente de dilatação térmica linear ( ). 19 UP-FCNM - Departamento de Física 3.5.4. Dilatação dos líquidos e dos gases Os líquidos e gases assim como os sólidos sofrem dilatação ao serem aquecidos e contracção ao serem resfriados, porém, não tem sentido falar em coeficiente de dilatação linear ou superficial de líquidos e gases, pois estes não têm forma própria, sendo assim só se determina o coeficiente de dilatação volumétrica. Outro fato importante quando se fala em dilatação de líquidos e gases, é perceber que devido ao fato de neste estado as moléculas estarem menos fortemente ligadas entre si, eles sofrem maior dilatação e maior contracção que os sólidos. Suponhamos que se queira medir o coeficiente de dilatação real (real) de um determinado líquido. Para isso enche-se completamente um recipiente com o líquido, à temperatura inicial . O volume inicial do recipiente e do líquido é . Ao se aquecer o conjunto até a temperatura final T, o recipiente e o líquido se dilatam, porém como o líquido sofre uma maior dilatação, certa quantidade de líquido vai ser transbordada pois o coeficiente de dilatação do líquido é maior que o do recipiente. O volume de líquido transbordado neste caso chama-se dilatação aparente do líquido ( ). Fig. 11. Dilatação do líquido A dilatação real (total) do líquido ( ) é a soma do volume de líquido transbordado (dilatação aparente ) com a dilatação do recipiente ( ): 20 UP-FCNM - Departamento de Física 3.5.5. Experiências Simples – Dilatação dos sólidos 1º) Dilatação de um aro A experiência tem como objectivo mostrar que quando um aro é aquecido o seu diâmetro aumenta. a) Material - 20 Cm de fio de alumínio rígido de 6,0 mm de diâmetro; - Parte externa de uma caneta; - Uma esfera de aço; - Uma lamparina. b) Procedimento Passe uma das extremidades do fio em volta da esfera, fixando-a, conforme a Figura 12-a. Tenha o cuidado de que a esfera não passe pelo aro. Prenda a outra extremidade no plástico da caneta, conforme a Figura 12-b. Retire a esfera e aqueça o aro por aproximadamente 2 min, conforme a Figura 12-c. Fig. 12 – a, b, e c Verifique o que ocorre quando a esfera é colocada no aro aquecido. Como você explica o ocorrido? 21 UP-FCNM - Departamento de Física 2º) Lâmina Bimetálica A experiência tem como identificar qual dos materiais possui maior coeficiente de dilatação. a) Material - Um pedaço de papel alumínio; - Um pedaço de cartolina; - Cola para papel; - Tesoura; - Uma lamparina. b) Procedimento Recorte uma tira rectangular de cartolina com dimensões aproximadas de 2 cm por 10 cm e forre, totalmente, uma das faces com papel alumínio. Segure a tira por uma das extremidades, na posição horizontal. Aproxime a tira da chama, evitando grande aproximação, de modo que a face aluminizada fique voltada para a chama. Repita o procedimento, colocando agora a face não forrada voltada para chama. Com base nas observações, responda: 1º- Quando o lado aluminizado está voltado para a chama, para onde a tira se curva? 2º- Quando o lado aluminizado está voltado para cima, para onde a tira se curva? 3º- Explique os encurvamentos observados. 3.6. Exercícios resolvidos 1. Converte para Kelvin a) b) 2. Converte para graus celsius a) b) 3. Converte para graus fahrenheit 22 UP-FCNM - Departamento de Física a) b) Resolução dos exercícios 1. a) Dados Formula Resolução Resolução b) Dados Formula ( ) Resolução R ( ) 2. a) Dados Formula Resolução Resolução b) Dados Formula ( ) Resolução Resolução ( ) 3. a) Dados Formula Resolução b) Dados Formula ( ) Resolução ( ) 23 UP-FCNM - Departamento de Física 3.7. Exercícios de aplicação 1. O que entendes por temperatura? Qual é o instrumento usado para medir esta grandeza? 2. Cite os pontos fixos mais utilizados na construção de escalas de temperatura. 3. Quais são os pontos fixos das escalas Celsius e Fahrenheit? 4. A temperatura de um gás é de 127°C. Qual é o valor dessa temperatura medida por um cientista? 5. Um viajante, ao desembarcar de um avião no aeroporto de Londres, verificou que a temperatura indicada em um termómetro era 14°F. Qual era a indicação dessa temperatura em um termómetro graduado na escala Celsius? 6. Um viajante, ao desembarcar no aeroporto de Londres, observou que o valor da temperatura do ambiente na escala Fahrenheit é o quíntuplo do valor da temperatura na escala Celsius. Essa temperatura é de: a) 5°C b) 10 °C c) 15 °C d) 20 °C e) 25 °C 7. Um tanque cheio de gasolina de um automóvel, quando exposto ao sol por algum tempo, derrama uma certa quantidade desse combustível. Desse facto, conclui-se que: a. Só a gasolina se dilatou. b. A quantidade de gasolina derramada representa sua dilatação real. c. A quantidade de gasolina derramada representa sua dilatação aparente. d. O tanque dilatou mais que a gasolina. e. A dilatação aparente da gasolina é igual à dilatação do tanque. 7. Um motorista retira o carro da garagem, que está a 15°C, passa pelo posto de gasolina e enche o tanque. Em seguida, deixa o carro estacionado ao sol. Após um certo tempo, ao voltar ao carro, verifica que a temperatura do carro é 40°C e que derramou-se uma certa quantidade de gasolina do tanque. Assim, some os valores que correspondem às sentenças corretas. 24 UP-FCNM - Departamento de Física 01. O volume do tanque de combustível do carro diminuiu. 02. A gasolina sofreu dilatação. 04. A gasolina e o tanque sofreram dilatação. 08. O volume de gasolina que vazou é igual à variação de volume da gasolina. 16. A dilatação real da gasolina foi menor do que a dilatação do tanque. 3.8. Conceito de calor Para melhor compreender o conceito de calor, vamos considerar duas situações que podem ocorrer: Deixar uma chávena de chá quente em cima de uma mesa. Depois de algum tempo, o chá arrefece. Deixar um cubo de gelo num prato durante o mesmo tempo. O cubo de gelo derrete porque aqueceu. Analisando essas duas situações, podemos dizer que, em relação ao ar ambiente, o chá é mais quente e o cubo de gelo é mais frio.Por isso, o chá transferiu energia para o ar e o cubo de gelo recebeu energia de ar, ou seja, houve uma transferência de energia térmica. Desse modo, define-se calor é a energia que é transferida de um corpo para outro, exclusivamente devido à diferença de temperatura existente entre os corpos. Fig. 13. O calor é transferido do corpo quente para o corpo frio 25 UP-FCNM - Departamento de Física Do ponto de vista microscópico, calor é a energia cinética total dos átomos e moléculas que compõem uma substância. Como o calor só existe quando há transferência de emergia, podemos concluir que o calor não é propriedade do sistema. Em contrapartida, a temperatura é uma propriedade é uma propriedade característica da matéria, pois depende do grau de agitação das partículas. Quando ocorre uma transferência de energia sob a forma de calor entre dois corpos, a temperatura dos corpos vária. Assim: À medida que o corpo quente for cedendo energia em forma de calor, sua temperatura irá diminuir. À medida que o corpo frio for recebendo calor, sua temperatura irá aumentar. Evidentemente, haverá um instante em que essas temperaturas se igualarão e cessará a troca de calor entre os dois corpos. 3.9. Transferência de calor Em diversos momentos na nossa vida podemos presenciar, e até mesmo sentir, a transferência de calor entre dois ou mais corpos. Na cozinha por exemplo, diariamente para preparar os alimentos precisamos aquecê-los; ao terminar de prepará-los, eles começam a esfriar até ficar na mesma temperatura do ambiente. Nesse exemplo a troca de calor ocorreu entre a panela onde estavam os alimentos e o ar que a rodeava. Não é por acaso que sentimos a sensação de a cozinha estar quente, na verdade ela recebe o calor dos corpos aquecidos em seu interior. Sendo assim, define-se transferência de calor como sendo a transferência de energia de uma região para outra como resultado de uma diferença de temperatura entre elas. É necessário o entendimento dos processos físicos que permitem a transferência de calor de modo a poder quantificar a energia transferida na unidade de tempo (taxa). A transferência de energia sob forma de calor pode ocorrer por três processos físicos diferentes, nomeadamente: Condução, Convecção e radiação. 26 UP-FCNM - Departamento de Física 3.9.1. Condução A condução é o processo pelo qual o calor se transmite ao longo de um meio material, como efeito da transmissão de vibração entre as moléculas. As moléculas mais energéticas (maior temperatura) transmitem energia para as menos energéticas (menor temperatura). Na condução, a transmissão do calor de uma região para a outra ocorre da seguinte maneira: na região mais quente, as partículas têm mais energia térmica, vibrando com mais intensidade; com essa vibração, cada partícula transmite energia para a partícula vizinha, que, ao receber energia, passa a vibrar com maior intensidade; esta transmite energia para a seguinte e, assim, sucessivamente. Fig. 14. Transmissão de calor por condução Como a transmissão do calor ocorre, por condução, mediante a transferência de energia de partícula para partícula, concluímos que: A condução de calor é um processo que necessita da presença do meio material e, portanto, não ocorre no vácuo. Há materiais que conduzem o calor rapidamente, como por exemplo, os metais. Tais materiais são chamados de bons condutores. Podemos perceber isso analisando o experimento ilustrado na figura: Fig. 15. Experimento sobre condução 27 UP-FCNM - Departamento de Física Segurando uma barra de metal que tem uma extremidade sobre uma chama, rapidamente o calor é transmitido para a mão. Por outro lado, há materiais nos quais o calor se propaga muito lentamente. Tais materiais são chamados isolantes. Como exemplo, podemos citar a borracha, a lã, e o isopor. 3.9.2. Convecção A convecção térmica é o processo de transmissão do calor de um local para o outro pelo deslocamento de matéria. Se o material aquecido for forçado a se mover por intermédio de uma bomba, o processo é chamado convecção forçada; se o faz por causa de diferenças de densidade, é chamado de convecção natural. A convecção ocorre no interior de fluidos (líquidos e gases) como consequência da diferença de densidades entre diferentes partes do fluido. Por exemplo, consideremos o caso ilustrado na figura 16, em que um recipiente contendo água é colocado sobre uma chama. Fig. 16. Transmissão de calor por convecção Pelo aquecimento, a parte inferior da água dilata-se e fica com densidade menor que a parte superior. Com isso, ocorre uma corrente ascendente e outra descendente. Essas correntes são chamadas de correntes de convecção. 28 UP-FCNM - Departamento de Física As correntes de convecção desempenham um papel de grande importância em situações de nossa vida diária. A formação dos ventos, devido à variação de densidade do ar, é o resultado das correntes de convecção da atmosfera. Fig. 17. Correntes de convecção da atmosfera 3.9.3. Radiação Todos os corpos emitem ondas electromagnéticas, cuja intensidade aumenta com a temperatura. Essas ondas propagam-se no vácuo e é dessa maneira que a luz e o calor são transmitidos do Sol até a Terra. Entre as ondas electromagnéticas, as principais responsáveis pela transmissão do calor são as ondas infravermelhas. Quando chegamos perto de uma fogueira, uma lâmpada incandescente ou um aquecedor eléctrico, sentimos o calor emitido por essas fontes. Uma parcela desse calor pode vir por condução através do ar. Porém, essa parcela é pequena, pois o ar é mau condutor de calor. Na realidade, a maior parte do calor que recebemos dessas fontes vem por radiação de ondas electromagnéticas. De modo semelhante ao que acontece com a luz, as ondas de calor podem ser reflectidas por superfícies metálicas. É por esse motivo que a parte interior de uma garrafa térmica tem paredes espelhadas, para impedir a passagem de calor por radiação. 29 UP-FCNM - Departamento de Física Sendo assim, podemos definir irradiação: Radiação térmica é um processo de transmissão do calor por meio de ondas electromagnéticas, predominando entre elas, as radiações infravermelhas (ondas de calor). Todos os corpos que possuem temperatura, inclusive o corpo humano, emitem radiação. O aquecimento dos corpos por radiação depende das características das suas superfícies. Assim, superfícies polidas e de cores aquecem menos, porque reflectem a maior parte da radiação que sobre elas incide. Como aquecem menos esses corpos são maus emissores de calor. Ao contrário, superfícies rugosas e escuras absorvem mais radiação e por isso aquecem mais, tornando-se corpos melhores emissores de calor. 4. Efeito de calor na natureza Como já te apercebeste, o calor esta relacionado com muitos fenómenos naturais e acontecimentos do dia – a – dia. Desde a preparação dos nossos cozinhados até a formação de ventos, tudo está relacionado com a transferência de energia sob forma de calor. Mas um dos principais efeitos do calor na natureza é o efeito estufa, o mecanismo que regula e mantem a temperatura da terra. O efeito de estufa “é um processo que ocorre quando uma parte da radiação solar reflectida pela superfície terrestre é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. Como consequência disso, o calor fica retido, não sendo libertado para o espaço.” Este processo é muito importante, pois a temperatura media a superfície terrestre, juntamente com a existência de água e de uma atmosfera rica em oxigénio, são característicasúnicas que permitem a existência da vida no nosso planeta. Se o planeta terra estivesse desprovido da sua atmosfera (como um pedaço de rocha estéril a flutuar no espaço), a temperatura da sua superfície subiria durante o dia, mas desceria drasticamente à noite. A média da temperatura seria aproximadamente -18ºC, porem, com a presença da atmosfera, a temperatura média na terra é de aproximadamente 14,4ºC. A atmosfera aquece por absorver radiação infravermelha proveniente da superfície terrestre aquecida pelo sol. Por esse motivo quanto mais gases de efeito de estufa houver, tanto menos radiação poderá escapar da terra em direcção ao espaço e mais aumentara a temperatura do planeta. 30 UP-FCNM - Departamento de Física O diagrama abaixo (figura 18) apresentado mostra o que acontece quando a luz solar chega a superfície da terra: Fig. 18. Entrada e saída da radiação Cerca de 30% da luz solar é reflectida de volta para o espaço pelas nuvens, poeiras e pela superfície terrestre (sobretudo nas zonas em que esta é mais reflexiva, como as cobertas de gelo). Aproximadamente 19% da luz solar é absorvida pela atmosfera, principalmente por acção das nuvens e do vapor de água. Quase 51% da luz solar é absorvida pela superfície terrestre (campos, florestas, cidades, oceanos, etc.). A radiação solar que chega a terra encontra-se na sua maior parte, no segmento visível do espectro. Entretanto, a terra (que tem uma temperatura muito baixa do que o sol) emite menos energia, a maior parte da qual em comprimentos de onda infravermelhos, que são invisíveis ao olho nu. Uma parte da radiação que sai da superfície da terra passa através da atmosfera directamente para o espaço. A maior parte dela é absorvida por nuvens e gases de efeito de estufa (incluindo vapor de água), que, por sua vez, emitem as radiações de volta para a superfície terrestre e para o espaço. 31 UP-FCNM - Departamento de Física Assim o balanço energético da terra é mantido em um harmonioso equilíbrio entre a radiação recebida proveniente do sol, e uma energia que é emitida pela superfície quente e a atmosfera mais fresca. Os dois principais componentes da atmosfera, o nitrogénio (78%) e oxigénio (20%), não são capazes de absorver a radiação terrestre, em parte devido a sua estrutura linear diatómica. Outros gases porém são compostos por três ou mais átomos, e as suas ramificações captam a energia de modo eficaz que não importa serem pouco abundantes na atmosfera. São estes os gases de efeito de estufa que mantem habitável o planeta. A maior parte dos gases do efeito de estufa encontram-se bem distribuídas por toda a troposfera, elevando-se até aos 8 a 16km de altitude, com excepção do vapor de água pois encontra-se mais concentrado junto a superfície terrestre. A troposfera torna-se mais fria a medida que se soube e por conseguinte, os gases do efeito de estufa são mais frios do que a superfície terrestre. Por isso irradia menos energia para o espaço do que a própria superfície terrestre. É esse o fenómeno que permite que se preserve uma quantidade maior de calor na atmosfera mantendo o planeta terra habitável. Quanto mais gases de efeito de estufa se acrescentar à atmosfera, tanto mais o planeta terra aquecera. A medida que o dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa acumulam-se dificultam a sua própria capacidade irradiar a radiação para o espaço, provocando um sobreaquecimento da atmosfera. Quando o efeito de excesso de gases se faz sentir, produz-se uma série de reajustamentos atmosféricos. Trata-se retroacções positivas que intensificam o aquecimento. A evaporação de mais água dos oceanos e lagos pode quase duplicar o impacto do aumento do dióxido de carbono. A fusão do gelo marítimo reduz a quantidade de luz solar reflectida para o espaço. 4.1. Gases de efeito de estufa As principais substâncias indutoras do efeito estufa são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), ozono (O3), vapor de água, clorofluorcarbonetos (CFCs) e óxido nítrico (N2O). 32 UP-FCNM - Departamento de Física 5. Equilíbrio térmico Quando dois corpos a temperaturas diferentes são colocados em contacto, inicia-se um processo de transferência de energia do corpo mais quente (o que tem maior temperatura) para o corpo mais frio (o que tem menor temperatura). Esse processo ocorre naturalmente e a energia transferida é, como já citamos, denominada calor. Como resultado da transferência de energia, a temperatura do corpo mais quente diminui e a do corpo mais frio aumenta. O processo de transferência de energia acaba quando os dois corpos atingem a mesma temperatura, ou seja, quando os dois corpos atingem um estado denominado equilíbrio térmico. Na situação inicial da Figura 19, o corpo A está a uma temperatura superior à do corpo B. Postos em contacto e isolados do meio externo, os dois corpos acabam por atingir a mesma temperatura final. Fig. 19. A figura representa dois corpos, inicialmente com temperaturas diferentes. Quando o equilíbrio térmico é atingido, as temperaturas passam a ser iguais. Quando colocamos uma lata de refrigerante no interior de uma geleira (Figura 20), normalmente a lata está mais quente do que o interior da geleira. Então o refrigerante vai esfriando até atingir a temperatura do interior da geleira. A partir daí não existe mais condições para a transferência de energia na forma de calor. 33 UP-FCNM - Departamento de Física Fig. 20. O equilíbrio térmico entre a lata e a geleira Para medir a temperatura de um corpo colocamos um termómetro em contacto com ele. Se as temperaturas do corpo e do termómetro forem diferentes, a temperatura indicada pelo termómetro vária até se fixar em um determinado valor. Nesse instante o termómetro está em equilíbrio térmico com o corpo e a temperatura indicada é a temperatura comum do corpo e do termómetro. 6. Exercícios de aplicação 1. Calor é: A) Energia que aumenta em um corpo quando ele se aquece. B) Energia que sempre pode ser convertida integralmente em trabalho. C) O agente físico responsável pelo aquecimento dos corpos. D) Uma modalidade de energia em trânsito. 2. Calor é a energia que se transfere de um corpo para outro em determinada condição. Para essa transferência de energia é necessário que entre os corpos exista: A) Vácuo. B) Contacto mecânico rígido. C) Ar ou um gás qualquer. D) Uma diferença de temperatura. 34 UP-FCNM - Departamento de Física 3. Escolha a opção que completa correctamente as lacunas do texto: "Por muito tempo, na história da Física, considerou-se que o calor era uma propriedade dos corpos, que a possuíam em uma quantidade finita. Este conceito erróneo desapareceu no final do século XVIII. E hoje sabe-se que calor é uma forma de (1) _____ e, portanto, não tem sentido falar em (2) _____ ―. A) Energia em trânsito / calor contido nos corpos. B) Temperatura / aquecimento dos corpos. C) Pressão / energia interna dos corpos. D) Força / trabalho realizado por um corpo. E) Momento / energia cinética de um corpo. 4-Assinale a frase mais correta conceitualmente. A) "Estou com calor". B) "Vou medir a febre dele". C) "O dia está quente; estou recebendo muito calor". D) "O dia está frio; estou recebendo muito frio". E) As alternativas (C) e (D) estão corretas. 5. Três corpos encostados entre si estão em equilíbrio térmico. Nessa situação: A) Os três corpos apresentam-se no mesmo estado físico. B) A temperatura dos três corpos é a mesma. C) O calor contido em cada um deles é o mesmo. D) O corpo de maior massatem mais calor que os outros dois. 6. Dois corpos materiais, quando postos em contacto, trocam calor entre si, até atingir o equilíbrio térmico. Quando isso acontece, eles passam a ter iguais: A) Capacidades térmicas; B) Massas; C) Temperaturas; 35 UP-FCNM - Departamento de Física D) Calores específicos; E) Quantidade de calor. 7. Quando dois corpos de tamanhos diferentes estão em contato e em equilíbrio térmico, ambos isolados do meio ambiente, é correto afirmar que: A) O corpo maior é o mais quente. B) O corpo menor é o mais quente. C) O corpo maior cede calor para o corpo menor. D) Ambos possuem a mesma temperatura. E) O corpo menor cede calor para o corpo maior. 8. Um copo de água está à temperatura ambiente de 30 °C. Joana coloca cubos de gelo dentro da água. A análise dessa situação permite afirmar que a temperatura da água irá diminuir porque: A) O gelo irá transferir frio para a água B) A água irá transferir calor para o gelo C) O gelo irá transferir frio para o meio ambiente D) A água irá transferir calor para o meio ambiente 9. Uma panela com água está sendo aquecida num fogão. O calor das chamas se transmite através da parede do fundo da panela para água que está em contacto com essa parede e dai para o restante da água. Na ordem desta descrição, o calor se transmitiu predominantemente por: A) Radiação e convecção B) Radiação e condução C) Convecção e radiação D) Condução e convecção 10. A transmissão de calor por convecção só é possível: A) No vácuo B) Nos líquidos C) Nos gases D) Nos sólidos E) Nos fluidos em geral 36 UP-FCNM - Departamento de Física 11. Observe as afirmações seguintes: O sol aquece a Terra por meio do processo de__________térmica; As panelas são feitas de metal porque esses materiais têm maior capacidade de transmissão de calor por__________; Os aparelhos de ar condicionado devem ficar na parte superior de uma sala para facilitar o processo de ___________. As palavras que completam as frases acima correctamente de acordo com os princípios físicos dos processos de transmissão de calor são, respectivamente: A) Condução, convecção, radiação; B) Convecção, radiação, condução; C) Radiação, convecção, condução; D) Radiação, condução, convecção. 37 UP-FCNM - Departamento de Física 7. Conclusão O presente trabalho é uma brochura, realizado com o objectivo, de auxiliar o professor em exercício e o futuro professor de física em matérias relacionadas com os fenómenos térmicos, unidade I da 9ª classe. A brochura é resultado de uma série de tarefas realizadas na cadeira de Didáctica de Física II, que visam preparar o professor em formação para a vida profissional, munindo-o de conhecimentos científicos e sólidos, que vão guia-lo para uma vida profissional de sucesso. 38 UP-FCNM - Departamento de Física 8. Bibliografia 1. ALEXIEVA, Valia. Física 9ª Classe: Livro do Aluno. Plural Editores; 2. BÔAS, Newton Villas; DOCA, Ricardo Helou & BISCUOLA, Gualter José. Tópicos de Física 2: Termologia, Ondulatória, Óptica. Manual do Professor. Editora saraiva. São Paulo. 1697; 3. MARQUES, L. R. Nelson & ARAÚJO, S. Ives. Física térmica: Textos de apoio ao Professor de Física. Porto Alegre: UFRGS, Instituto de Física, 2009; 4. Plano curricular do Ensino Secundário Geral, Ministério e Cultura, Maputo 2007. 39 UP-FCNM - Departamento de Física Sobre o autor: Nome: Daniel António Cossa, nascido no dia 29 de Abril de 1995 em Maputo-Moçambique. Estudante de: Física na Universidade Pedagógica de Moçambique - 3º Ano Engenharia Eléctrica na Faculdade de Engenharia - UEM - 1º Ano
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