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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA UMIDADE, CONDENSAÇÃO E NUVENS POR MARIA GERTRUDES ALVAREZ JUSTI DA SILVA1 RIO DE JANEIRO, RJ NOVEMBRO, 1998 1 Tradução com finalidade didática de: AHRENS, A. D. Essentials of Meteorology: an invitation to the atmosphere. West Publishing Company, New York, 1993. Cap. 4, p 73-103. Umidade, Condensação e Nuvens A Circulação da Água na Atmosfera Evaporação, Condensação e Saturação Umidade Pressão de Vapor Umidade Relativa Umidade Relativa e o Desconforto Humano Ponto de Orvalho Medindo a Umidade Orvalho e Geada Nevoeiro Nuvens Classificação das Nuvens Identificação das Nuvens Nuvens Altas Nuvens Médias Nuvens Baixas Nuvens de Desenvolvimento Vertical Algumas Nuvens Raras Sumário Palavras Chaves Questões de Revisão Vimos anteriormente que na nossa atmosfera a concentração do gás invisível vapor d’água é normalmente menor do que uns poucos porcentos de todas as moléculas da atmosfera. Ainda assim o vapor d’água é extremamente importante por sua transformação em partículas de nuvens – partículas que crescem e caem para a superfície na forma de precipitação. O termo umidade é usado para descrever a quantidade de vapor d’água no ar. Para a maioria de nós um dia úmido significa alta umidade. Entretanto, existe em geral mais vapor d’água em um dia quente e “seco” do Deserto de Saara do que em um dia polar frio e “úmido” da Nova Inglaterra, o que faz surgir uma pergunta: O ar do deserto tem uma umidade mais alta? Como veremos mais adiante, a resposta a esta questão é sim e não, dependendo do tipo de umidade (ou do tipo de medida de umidade) que estamos falando. Assim, para que se entende melhor o conceito de umidade, começaremos este capítulo examinando a circulação da água na atmosfera. Depois vamos olhar as diversas maneiras de se expressar a umidade. Finalmente, investigaremos as várias formas de condensação, incluindo orvalho, nevoeiro e nuvens. A Circulação da Água na Atmosfera Dentro da atmosfera existe uma circulação sem fim de água. Já que os oceanos ocupam cerca de 70% da superfície da terra, podemos pensar na circulação como começando nos oceanos. Ali, a energia do sol transforma enormes quantidades de água líquida em vapor d’água em um processo chamado de evaporação. Os ventos transportam então o ar úmido para outras regiões, onde o vapor se transforma em líquido formando nuvens, em um processo chamado de condensação. Sob certas condições, as partículas líquidas (ou sólidas) da nuvem podem crescer em tamanho e cair na superfície como precipitação – chuva, neve ou granizo. Se a precipitação cai sobre os oceanos, a água está pronta para recomeçar seu ciclo novamente. Se, por outro lado, a precipitação cai sobre o continente, uma grande parte da água retorna ao oceano em uma jornada complexa. Este ciclo de movimento e transformação das moléculas da água de líquido para vapor e de novo para líquido é chamado de ciclo hidrológico. Na forma mais simplificada deste ciclo, as moléculas da água viajam do oceano para a atmosfera depois para a terra e finalmente para o oceano. A figura 4.1 ilustra a complexidade do ciclo hidrológico. Por exemplo, antes da chuva atingir o solo, uma porção dela se evapora retornando ao ar. Parte da precipitação pode ser interceptada pela vegetação, onde ela evapora ou pinga para o chão depois que a chuva cessa. Uma vez na superfície, uma porção da água infiltra-se no solo através de pequenas aberturas no solo e nas rochas, formando os lençóis subterrâneos. Aquela parte que não se infiltra permanece em poças ou escoa para os rios, achando assim seu caminho de volta para o oceano. Mesmo a água subterrânea se move vagarosamente as vezes emergindo na superfície, só para evaporar ou ser carregada pelos rios na direção dos oceanos. Sobre os continentes, uma considerável quantidade de vapor é adicionada à atmosfera através da evaporação no solo, lagos e rios. Mesmo as plantas fornecem umidade através de um processo chamado de transpiração. A água absorvida pelo sistema de raízes das plantas se move para cima através do tronco e emerge da planta através de numerosas aberturas do lado de 2 baixo das folhas. Ao todo, a evaporação e a transpiração das áreas continentais chegam a quase 15% dos quase 1,5 bilhões de galões de vapor d’água que evaporam anualmente para a atmosfera; os restantes 85% evaporam dos oceanos. A massa total de vapor d'água estocada na atmosfera em um dado momento soma pouco mais do que o suprimento de uma semana de precipitação sobre o todo o planeta. Já que esta quantidade varia pouco de dia para dia, o ciclo hidrológico é super eficiente fazendo a circulação da água na atmosfera. Evaporação, Condensação e Saturação Para se obter um quadro um pouco diferente da água na atmosfera, suponha que examinemos a água em um "becher" similar ao mostrado na figura 4.2(a). Se fossemos capazes de ampliar a superfície da água por cerca de um bilhão de vezes, veríamos as moléculas da água bastante próximas umas das outras, gingando e movendo-se ao redor. Poderíamos ver também que as moléculas não estariam movendo-se todas com a mesma velocidade – algumas estariam se movendo mais rapidamente que outras. Lembre-se o que foi dito na Unidade 3, de que a temperatura da água é a medida da velocidade média de suas moléculas. Na superfície, as moléculas com velocidade suficiente (e movendo-se na direção correta) irão eventualmente se desprender da superfície líquida e penetrar no ar acima da água. Estas moléculas, mudando do estado líquido para o estado de vapor, estão evaporando. Enquanto algumas moléculas estão deixando o líquido outras estão retornando. Essas que retornam estão condensando na medida que estão mudando do estado de vapor para o estado líquido. Quando se coloca uma cobertura no "becher" (figura 4.2b), depois de um certo tempo o número total de moléculas escapando do líquido (evaporando) será balanceado (equilibrado) pelo número de moléculas que retornam (condensando). Quando existe esta condição, dizemos que o ar está saturado de vapor d’água. Para cada molécula que evapora, uma deve condensar, e nenhuma perda líquida de molécula de vapor ou de líquido ocorre. Se movermos a cobertura do "becher" e soprarmos no topo da água, algumas moléculas contidas no ar serão levadas para longe, criando uma diferença entre o número real de moléculas de vapor e o número total necessário para a saturação. Isto vai evitar a saturação e permitirá que haja uma intensificação na evaporação. O vento, portanto, intensifica a evaporação. A temperatura da água também influencia a evaporação. Se mantivermos todas as demais condições, a água quente irá evaporar mais rapidamente do que a água fria. A razão para este fenômeno é que, quando aquecida, as moléculas da água aumentarão suas velocidades. À grandes temperaturas, uma fração maior de moléculas têm velocidade suficiente para vencer a tensão superficial da água e escapar para o ar acima da superfície. Consequentemente, quanto mais quente a água, maior a taxa de evaporação. Se pudéssemos examinar o ar sobre a água na figura 4.2(a) veríamos as moléculas de água movendo-se livremente e chocando-se umas com as outras assim como com suas vizinhas, as moléculas de oxigênio e nitrogênio. Veríamos também que misturadas com as moléculas de ar estariampequenas partículas de poeira, fumaça e sal (origem oceânica). Perto da superfície, em um dia comum, um volume de ar do tamanho de nosso dedo indicador contém milhares destas partículas. Como muitas delas servem como superfície sobre as quais o vapor pode se condensar, elas são chamadas de núcleos de condensação. No ar quente sobre a água, moléculas de vapor movendo muito rapidamente atingem aqueles núcleos com tal impacto que simplesmente arremessa-os para longe. Entretanto se o ar estiver frio, as moléculas se moverão mais lentamente e estarão mais aptas a aderirem e se condensar sobre o núcleo. Quando muitos bilhões dessas moléculas condensarem-se sobre o núcleo, uma tênue gota de nuvem se formará. Podemos ver que a condensação ocorrerá mais facilmente se o ar estiver frio e as moléculas de vapor estiverem se movendo mais vagarosamente. Na medida em que a temperatura do ar aumentar, a condensação é menos provável porque as moléculas terão velocidade suficiente (energia suficiente) para permanecer como vapor. Como veremos neste e no próximo capítulo, a condensação ocorre basicamente quando o ar está frio. Umidade Umidade se refere a alguma das maneiras de especificar a quantidade de vapor no ar. Já que existem vários modos de expressar o conteúdo de vapor d’água, existem vários significados para o conceito de umidade. Suponha, por exemplo, que consigamos confinar um certo volume de ar num invólucro imaginário fino e elástico – uma parcela – como ilustrado na figura 4.3. Se extraíssemos o vapor d’água desta parcela, poderíamos especificar a umidade das seguintes maneiras: 1. Poderíamos comparar o peso (massa) do vapor d’água com o volume de ar na parcela e obter a densidade do vapor d’água, ou a umidade absoluta. 2. Poderíamos comparar o peso (massa) do vapor na parcela com o peso total (massa) de todo o ar na parcela (incluindo o vapor) e obter a umidade específica. 3. Ou, poderíamos comparar o peso (massa) do vapor d’água na parcela com o peso (massa) do restante do ar seco e obter a razão de mistura. . A umidade absoluta é normalmente expressa em gramas de vapor por metros cúbicos de ar 3 (g/m3), enquanto que tanto a umidade específica como a razão de mistura são expressas em gramas de vapor d’água por quilograma de ar (g/kg). Umidade Relativa – Embora a umidade relativa seja o modo mais comumente usado para descrever a umidade atmosférica, ela é também, infelizmente, a mais mal entendida. O conceito de umidade relativa pode parecer inicialmente confuso porque ela não indica a quantidade real de vapor d’água no ar. Em vez disso, ela nos diz quão perto o ar está de se tornar saturado. A umidade relativa é a razão da quantidade de vapor d’água realmente no ar comparada com a quantidade máxima de vapor d’água necessária para saturar o ar naquela temperatura particular (e pressão). É a razão do conteúdo de vapor d’água com sua capacidade: Olhe a figura 4.3 e observe que poderíamos expressar a umidade também em termos de pressão de vapor d’água – a força que as moléculas do vapor d’água estão exercendo contra as paredes internas da parcela. Pressão de vapor – Suponha que a parcela de ar esteja perto do nível do mar e que a pressão do ar dentro da parcela seja de 1000 milibares (mb). A pressão total dentro da parcela é devida a colisão de todas as moléculas contra as paredes da parcela. Em outras palavras, a pressão total da parcela é igual a soma das pressões dos gases individuais. Já que a pressão total dentro da parcela é de 1000 milibares, e os gases dentro da parcela são o nitrogênio (78%), o oxigênio (21%) e o vapor d’água (1%), então a pressão parcial exercida pelo nitrogênio será de 780 milibares e a exercida pelo oxigênio de 210 milibares. A pressão parcial do vapor d’água, chamada de pressão real do vapor, será de somente 10 milibares. É evidente que, por causa do número de moléculas do vapor d’água em qualquer volume de ar ser pequeno quando comparado com o número total de moléculas de ar no volume, a pressão real de vapor é normalmente uma pequena fração da pressão total do ar. Conteúdo de vapor d’água Umidade relativa =_________________________ Capacidade de vapor d’água Podemos pensar na pressão real de vapor como uma medida do conteúdo real de vapor do ar e na pressão de saturação de vapor como uma medida da capacidade total do ar em reter vapor d’água. Portanto, a umidade relativa pode ser expressa como: pressão real de vapor UR = ___________________________ pressão de saturação de vapor A umidade relativa é dada como uma porcentagem. Ar com 50% de umidade relativa realmente contém metade da quantidade de umidade necessária para a saturação. Ar com 100% de umidade relativa é dito estar saturado porque ele atingiu sua capacidade de conter vapor d’água. Se mantivermos todas as outras condições, quando mais moléculas de ar na parcela, maior será a pressão do ar. Quando sopramos dentro de uma bola, nós aumentamos a pressão colocando mais ar dentro dela. Similarmente, um aumento no número de moléculas de vapor d’água irá aumentar a pressão total do vapor. Portanto, a pressão real de vapor é uma maneira bastante razoável de medir a quantidade de vapor d’água no ar. Altos valores de pressão real de vapor indicam um grande número de moléculas de vapor d’água, enquanto que baixos valores de pressão real de vapor indicam comparativamente um pequeno número de moléculas de vapor. Vamos olhar novamente para os dois "becher"s na figura 4.2. Já que o ar está saturado no "becher" B, a umidade relativa é obviamente de 100%. Mas e a umidade sobre o ar não saturado no "becher" A? Já que a temperatura no "becher" A é de 10o C nós sabemos (pela figura 4.4) que a pressão de saturação de vapor é de 12 milibares. Se a pressão de vapor real das moléculas de vapor no "becher" for de 6 milibares, então a umidade relativa do ar seria de (6/12 x 100)%, ou seja 50%. Podemos ver que se mais moléculas de vapor d’água forem adicionadas ao ar, a pressão real de vapor irá crescer e gradualmente se aproximar da pressão de saturação de vapor. Portanto, a umidade relativa crescerá. Do mesmo modo, se removermos moléculas de vapor do ar, a pressão real de vapor decrescerá e do mesmo modo a umidade relativa. Consequentemente, na medida em que vapor d’água é acrescentado ao ar (sem que haja mudança na temperatura do ar), a umidade relativa aumentará e, se vapor d’água for removido do ar, a umidade relativa decrescerá. A pressão real de vapor indica o conteúdo total de vapor d’água, enquanto que a pressão de saturação de vapor descreve quanto de vapor d’água é necessário para saturar o ar a uma dada temperatura. Colocando de uma maneira diferente, a pressão de saturação de vapor é a pressão que as moléculas do vapor d’água exercem se o ar estiver saturado de vapor a uma dada temperatura. Em altas temperaturas do ar, é necessário que se tenha mais vapor d’água para haver saturação do ar. A pressão de saturação do ar depende em primeiro lugar da temperatura do ar (ver figura 4.4). Olhe novamente o ar no "becher" saturado na figura 4.2, e note que a temperatura do ar saturado é de 100C. Olhando para a curva de saturação de vapor da figura 4.4 podemos ver que a pressão de saturação de vapor do ar é cerca de 12 milibares. É possível também mudar a umidade relativa sem mudar o conteúdo de vapor d’água do ar através de uma mudança na temperatura do ar. Isso acontece porque uma mudança na temperatura do ar altera a pressão de saturação de vapor do ar. Podemos ver como isso acontece examinandoa 4 figura 4.4. Já havíamos visto que quando a temperatura do ar é de 10O C, a pressão de saturação de vapor é 12 milibares. Se a pressão real de vapor do ar for 6 milibares, então a umidade relativa seria de 50%. Entretanto, se a temperatura do ar aumentar para 30o C, a pressão de saturação de vapor aumentará para 42 milibares e, se não houver mudança no conteúdo de vapor d’água, a pressão real de vapor permanecerá de 6 milibares. Portanto, a umidade relativa decrescerá para 6/42 ou 14 %. Portanto, na medida que a temperatura do ar aumentar (sem que haja mudança no conteúdo de vapor d’água), a umidade relativa decrescerá. Na medida que a temperatura do ar caia, a umidade relativa aumentará porque o ar estará se aproximando da saturação. Umidade Relativa e o Desconforto Humano – Em um dia quente e úmido, quando a umidade relativa é alta, é comum ouvir as pessoas exclamarem a respeito da sensação desagradável: “Não é só o calor, é a umidade!!”. Realmente esta afirmação é válida. Em um tempo quente a principal fonte de resfriamento do corpo é através da evaporação da transpiração. Quando a temperatura do ar é alta e a umidade relativa baixa, a transpiração da pele evapora rapidamente, geralmente fazendo-nos sentir que a temperatura do ar é mais baixa do que realmente é. Entretanto, quando ambas a temperatura do ar e a umidade relativa são altas e o ar está próximo à saturação, a umidade do corpo na realidade não evapora; e a superfície do corpo fica encharcada de suor. Menos evaporação significa menos resfriamento, e assim nós pensaremos que está mais quente do está a uma temperatura similar mas com umidade relativa mais baixa. Em muitos lugares, o conteúdo total de vapor do ar varia bem pouco durante um dia inteiro e, assim, é a mudança na temperatura do ar que basicamente regula as variações diárias na umidade relativa (figura 4.5). Na medida que o ar se resfriar durante a noite, a umidade relativa aumentará. Normalmente, os maiores valores de umidade relativa ocorrem no início da manhã, durante a parte mais fria do dia. Na medida em que o ar se aquece durante o dia, a umidade relativa decresce, com os menores valores geralmente ocorrendo durante a parte mais quente da tarde. Uma boa medida de quão fria a pele pode se tornar é a temperatura do bulbo-úmido – a temperatura mais baixa que pode ser alcançada pela evaporação da água para o ar. Em um dia quente quando a temperatura do bulbo-úmido é baixa, ocorre uma rápida evaporação na superfície do corpo (e, portando, resfriamento). Na medida que a temperatura do bulbo-úmido se aproxima da temperatura do ar, menos resfriamento ocorre, e a temperatura da pele pode começar a aumentar. Quando a temperatura do bulbo-úmido excede a temperatura da pele, nenhuma evaporação ocorre, e a temperatura do corpo pode aumentar rapidamente. Felizmente, na maior parte do tempo, a temperatura do bulbo-úmido está consideravelmente abaixo da temperatura do corpo (ou da pele?). Estas mudanças na umidade relativa são importantes na determinação da quantidade de evaporação da vegetação e das superfícies úmidas. Se você molhar seu canteiro em uma tarde quente, quando a umidade relativa é baixa, a maior parte da água irá evaporar rapidamente, em vez de infiltrar no solo. Molhando o mesmo canteiro à noite, quando a umidade relativa é alta, irá evitar a evaporação e aumentará a efetividade do processo. Umidade relativa muito baixa dentro de casa pode ter um efeito adverso nos organismos vivos. Por exemplo, plantas domésticas terão muito pouco tempo de sobrevivência porque a umidade de suas folhas e do solo evaporará muito rapidamente. As pessoas sofrem também quando a umidade relativa é muito baixa. A rápida evaporação da umidade provocará ressecamento e rachaduras na pele. A baixa umidade também irrita as mucosas do nariz e da garganta, produzindo uma “comichão“ na garganta. Do mesmo modo, o ressecamento do canal nasal permite a inalação e incubação de bactérias, causando infeções persistentes. Quando o tempo está quente e úmido, um bom número de problemas de saúde relacionados com o calor podem ocorrer. Po exemplo, em um tempo quente a temperatura do corpo humano aumenta, a glândula hipotálamo (uma glândula no cérebro que regula temperatura do corpo) ativa os mecanismos reguladores de temperatura do corpo, e cerca de 10 milhões de glândulas de suor molham o corpo com cerca de dois litros de água por hora. Na medida que esta transpiração evapora, uma rápida perda de água e sal pode resultar num quebra de balanço químico que pode levar a “heat cramps”. Uma excessiva perda de água através da transpiração juntamente com um aumento na temperatura do corpo resulta na “exaustão térmica” – fadiga, dor de cabeça, náusea e até mesmo desmaio. Se a temperatura do corpo de alguém crescer acima de 41o C, pode ocorrer “heat stroke”, resultando numa completa falha na função circulatória. Naturalmente se a temperatura do corpo continuar a aumentar, pode ocorrer a morte. A umidade relativa em uma casa pode ser aumentada simplesmente pelo aquecimento da água permitindo assim sua evaporação para o ar. Isto aumentará a umidade relativa a níveis mais confortáveis. Em casas modernas, um umidificador instalado perto do teto, adiciona umidade no ar a taxas de cerca de um galão por dia em cada cômodo. O ar, com esta umidade adicional, é levado a circular através da casa por um sistema de ventilação forçada. Deste modo, todos os cômodos serão beneficiados pelo acréscimo de umidade e não só o cômodo onde estiver instalado o umidificador. Em um esforço para levar em conta este sério problema de saúde relacionado com as condições de tempo , está sendo usado pelo National Weather Service um índice chamado de Índice de Calor (“heat index” – HI). Este índice 5 combina a temperatura do ar com a umidade relativa para determinar a temperatura aparente – que é como uma pessoa comum “percebe” a temperatura do ar, levando em consideração várias combinações de temperatura e umidade. Por exemplo, na figura 4.6, uma temperatura do ar de 100o F e uma umidade relativa de 60% produz uma temperatura aparente de 130o F. O colapso térmico (“heatstroke”) é iminente quando este índice atinge este nível (ver tabela 4.1). Em dias quentes e úmidos as pessoas enfatizam quão “pesado” ou quão denso está o ar. O ar quente e úmido é realmente mais denso do que o ar quente e seco? Se você estiver interessado na resposta, leia a seção Focus da página 80 do livro texto. Ponto de Orvalho – Considere um volume de ar cuja temperatura é de 20o C e a umidade relativa é de 100%. Suponha que o ar se aqueça até 30o C, sem que haja mudança no conteúdo de vapor d’água no ar e na pressão atmosférica. A umidade relativa cai e o ar não estará mais saturado. Até que temperatura deverá este ar de 30o C ser resfriado para se tornar saturado novamente? Naturalmente a resposta é 20o C. Para esta quantidade de umidade, 20o C é chamada a temperatura do ponto de orvalho ou, simplesmente, ponto de orvalho. Ela representa a temperatura na qual o ar deve ser resfriado (sem que haja mudança na pressão e no conteúdo de umidade do ar) para que ocorra a saturação. Já que a pressão atmosférica varia muito lentamente na superfície da terra, o ponto de orvalho é um bom indicador do conteúdo real de vapor d’água no ar. Valores altos do ponto de orvalho indicam altos conteúdos de vapor d’água; baixos valores de ponto de orvalho indicam baixos conteúdos de umidade. Adicionar vapor d’água ao ar aumenta o ponto de orvalho; remover vapor d’água diminui o ponto de orvalho. A diferença entre a temperatura do ar e do pontode orvalho pode indicar se a umidade relativa é baixa ou alta. Quando a temperatura do ar e o ponto de orvalho estão muito afastadas, a umidade relativa é baixa; quando elas estão com valores próximos, a umidade relativa é alta. Quando as temperaturas do ar e do ponto de orvalho são iguais, o ar está saturado e a umidade do ar é de 100%. Mesmo quando a umidade relativa é de 100%, o ar, sob certas condições pode ser considerado como “seco”. Mais informação sobre isto é dada na seção Focus na pagina 81 denominada “Ar seco com alta umidade”. Medindo a Umidade – O instrumento mais comum usado para se obter o ponto de orvalho e a umidade relativa é o psicrômetro, que consiste de dois termômetros de líquido-em-vidro montados lado a lado em um suporte metálico (figura 4.7). Os termômetros são absolutamente iguais exceto pelo fato de que um deles tem um pedaço de tecido (musselina) cobrindo seu bulbo. O termômetro coberto com a musselina – chamado de bulbo úmido – é umedecido com água limpa, enquanto que o outro termômetro é mantido seco. Ambos os termômetros são bem ventilados por alguns minutos, tanto através do giro do instrumento (psicrômetro de funda) ou através de um ventilador (psicrômetros aspirados). A água evapora da musselina e o termômetro esfria. Quanto mais seco o ar, maior a quantidade de evaporação e de resfriamento. Depois de alguns minutos, o termômetro de bulbo úmido terá estabilizado sua temperatura e atingido seu valor mais baixo. Lembre da seção anterior que esta é a temperatura do bulbo-úmido – a menor temperatura que se pode atingir pela evaporação da água para o ar. O termômetro seco (geralmente chamado de termômetro seco) dá a temperatura do ar, ou temperatura do bulbo-seco. A diferença de temperatura entre o bulbo-seco e o bulbo-úmido é conhecida como depressão do bulbo-úmido. Uma grande depressão indica que uma grande quantidade de água pode evaporar para o ar e que a umidade relativa é baixa. Uma pequena depressão indica que pouca evaporação de água é possível, deste modo o ar está próximo à saturação e a umidade relativa é alta. Se não houver depressão, o bulbo-úmido e o bulbo-seco têm o mesmo valor; o ar está saturado e a umidade relativa é de 100%. Os instrumentos que medem a umidade são normalmente chamados de higrômetros. Um tipo – chamado de higrômetro de cabelo – usa cabelo humano (ou de cavalo) para medir a umidade relativa. Ele é construído sob o princípio de que, na medida em que cresce a umidade relativa, o comprimento do cabelo aumenta e, na medida em que a umidade relativa decresce, do mesmo modo varia o comprimento do cabelo. Um conjunto de fios de cabelo (sem vestígio de óleo) é fixado a um sistema de alavancas. Uma pequena variação no comprimento do cabelo é amplificado por um sistema adequado e transmitido a um indicador calibrado para mostrar a umidade relativa, que pode então ser lida diretamente ou registrada em um gráfico. (Geralmente um gráfico é fixado em um sistema de relojoaria que gira de tal modo que se pode fazer um registro contínuo da umidade relativa). Como o higrômetro de cabelo não é tão preciso quanto o psicrômetro (especialmente em umidades relativas muito altas ou muito baixas) ele requer calibrações freqüentes, principalmente em áreas submetidas a grandes variações diárias de umidade relativa. O higrômetro elétrico é outro instrumento usado para medir a umidade. Consiste de uma placa coberta com uma película de carbono. Uma corrente elétrica é passada através da placa. Na medida em que varia a quantidade de umidade do ar, a resistência elétrica da cobertura de carbono varia. Esta mudança é convertida em umidade relativa. Este instrumento é normalmente usado nas radiossondas, que mede as condições atmosféricas em vários níveis acima do solo. Um outro instrumento – o higrômetro infravermelho – mede a umidade atmosférica pela medida da quantidade de 6 A geada branca visível se forma em manhãs frias, calmas e claras quando a temperatura do ponto de orvalho é igual ou abaixo do ponto de congelamento. Quando a temperatura do ar cai até o ponto de orvalho (aqui chamado de ponto de geada) e a temperatura cai ainda mais, o vapor d’água pode mudar diretamente para gelo sem passar pelo estado líquido primeiro - um processo chamado de deposição2. Os delicados cristais de gelo que se formam desta maneira são chamados de geada branca, (ou “hoarfrost”), ou simplesmente de geada. A geada tem uma aparência de ramos ou galhos como em uma árvore que é facilmente distinguível do caso de orvalho congelado (ver figura 4.9). energia infravermelha absorvida pelo vapor d’água em uma amostra de ar. Finalmente, a célula de orvalho (“dew cell”) mede a quantidade de vapor no ar medindo a pressão real de vapor do ar. Nas últimas seções nós vimos que, na medida em que o ar resfria, a temperatura do ar se aproxima da temperatura do ponto de orvalho e a umidade relativa aumenta. Quando a temperatura do ar atinge o ponto de orvalho, o ar se torna saturado de vapor d’água e a umidade relativa está em 100%. Continuando o resfriamento parte do vapor se condensará e se tornará água líquida. O resfriamento pode ocorrer um uma porção relativamente pouco espessa da atmosfera, ou pode ocorrer perto da superfície. Nas próximas seções, iremos examinar a condensação que se forma perto do solo. Em tempo muito seco, o ar pode ficar bastante frio e cair abaixo do ponto de congelamento sem que atinja o ponto de geada e, deste modo, nenhuma geada se formará. Geada negra é o nome que se dá a esta situação – uma situação que pode causar sérios danos às plantas. Orvalho e Geada Em noites claras e calmas, os objetos perto da superfície da terra resfriam-se rapidamente pela emissão de radiação infravermelha. O solo e os objetos sobre ele tornam-se mais frios do que o ar circundante. O ar que fica em contato com estas superfícies frias resfria-se por condução. Eventualmente, o ar se resfria até o ponto de orvalho. Na medida em que as superfícies (tais como twigs, folhas e blades of grass) resfriam abaixo desta temperatura, o vapor d’água começa a se condensar sobre elas, formando uma fina cobertura de água chamada de orvalho. Se a temperatura do ar cair até atingir o ponto de congelamento ou abaixo dela, o orvalho irá se congelar, tornando-se uma fina camada de gelo chamada de orvalho congelado. Como o ar mais frio é geralmente encontrado ao nível do solo, o orvalho é mais fácil de se formar nas folhas das gramíneas do que em objetos a uma distância razoável do solo. Esta fina camada de orvalho não só molha os pés das pessoas mas é uma valiosa fonte de umidade para muitas plantas durante períodos de baixa precipitação. Na medida que uma camada de ar se resfria durante a noite, sua umidade relativa aumenta. Quando a umidade relativa do ar atinge 75%, parte do vapor d’água começa a se condensar sobre pequenas partículas de sal marinho ou outras substâncias – núcleos de condensação – que sejam higroscópicas (que “capturam água”) de tal modo que elas permitem que o vapor se condense sobre elas quando a umidade relativa está consideravelmente abaixo de 100%. Na medida em que a água é coletadas sobre estes núcleos, seu tamanho aumenta e as partículas, embora ainda pequenas, são agora grandes o suficiente para espalhar a luz visível em todas as direções, tornando-se névoa úmida ("haze") – uma camada de partículas dispersas em uma porção de atmosfera (ver figura 4.10). Na medida em que a umidade relativa gradualmente se aproxima de 100%, as partículas de névoa úmida ficam maiores, e a condensação começa sobre os núcleos menos ativos. Agora uma grande fração dos núcleos disponíveistêm água o suficiente sobre eles, fazendo com que as gotas cresçam ainda mais, até se tornarem visíveis para o olho humano. O aumento ainda maior do tamanho e da concentração das gotas restringe a visibilidade. Quando a visibilidade cai abaixo de 1 quilômetro e o ar está úmido com milhões de pequenas gotas de água flutuando nele, a névoa úmida torna-se uma nuvem pairando sobre o solo, isto é o que chamamos de nevoeiro. É mais provável haver formação de orvalho em noites que sejam claras e calmas do que em noites com vento ou nubladas. As noites claras permitem que os objetos perto do solo se resfriem rapidamente, e ventos calmos significam que o ar frio ficará situado sobre aquele nível do solo por muito tempo. Estas condições atmosféricas são geralmente associadas com o bom tempo em sistemas de altas pressões. Por outro lado, um tempo nublado e com vento que inibe o rápido resfriamento perto do solo e a formação de orvalho significa a aproximação de sistemas de tempo de tempestades com chuvas. Esta observação inspirou o seguinte versinho: Nevoeiro O nevoeiro (fog) como qualquer nuvem, geralmente se forma de uma das seguintes maneiras: (1) por resfriamento - o ar é resfriado até abaixo de seu ponto de saturação (ponto de When the dew is on the grass, rain will never come to pass. When grass is dry at morning light, look for rain before the night! 2 Quando o gelo muda de volta para o vapor sem passar pelo estado líquido o processo tem o nome de sublimação. 7 orvalho) e (2) por evaporação e mistura - vapor d'água é adicionado ao ar por evaporação e o ar úmido se mistura com o ar relativamente seco. Uma vez que o nevoeiro se forme ele é mantido por novas gotas de nevoeiro, que se formam constantemente sobre os núcleos disponíveis. Em outras palavras, o ar deve manter seu grau de saturação ou por resfriamento contínuo ou por evaporação e mistura do vapor dentro do ar. O nevoeiro produzido por resfriamento radiativo da terra é chamado de nevoeiro de radiação, ou nevoeiro terrestre. Ele se forma com mais facilidade em noites claras quando uma camada pouco espessa de ar úmido perto do solo é sobreposta por ar mais seco. Sob estas condições o solo se resfria rapidamente já que a camada pouco espessa e úmida não absorve muito da radiação infravermelha que é emitida pela terra. Na medida que o solo se resfria, o ar diretamente acima dele também se resfria e se forma um inversão térmica perto da superfície. A camada úmida mais baixa rapidamente se torna saturada e se forma o nevoeiro. Quando mais longa a noite maior o tempo de resfriamento e maior será a extensão do nevoeiro. Portanto, nevoeiro de radiação são mais comuns sobre a terra no final do outono e no inverno. Outro fator que promove a formação de nevoeiro de radiação é uma brisa suave com velocidade menos do que 5 nós. Embora o nevoeiro de radiação possa se forma em ar calmo, um leve movimento do ar trás mais ar úmido para o contato direto com o solo frio e a transferência de calor ocorre mais rapidamente. Uma brisa forte irá evitar a formação do nevoeiro de radiação pois promoverá a mistura do ar úmido com o ar seco mais acima. Os ingredientes citados, noites claras e ventos fracos estão associados com grandes áreas de altas pressões (anticiclones). Consequentemente, durante o inverno, quando um sistema de alta pressão fica estacionado sobre uma área, o nevoeiro de radiação se forma por dias consecutivos. Como o ar frio e pesado escoa para os lugares mais baixos como os vales, nós normalmente vemos a formação deste tipo de nevoeiro nestes lugares. Por isto, os nevoeiro de radiação são muitas vezes chamados de nevoeiros de vale. O ar frio e com grande conteúdo de umidade encontrado nos vales dos rios torna estas regiões muito suscetíveis aos nevoeiros de radiação. Já que os nevoeiros de radiação normalmente se formam em terras baixas, as encostas e picos podem ficar claros o dia todo enquanto que as áreas de vales adjacentes estão cobertas de nevoeiro (Fig. 4.11). Os nevoeiros de radiação são geralmente mais profundos (mais espessos) em torno do nascer do sol. Geralmente, uma camada rasa de nevoeiro irá se dissipar antes da tarde. A luz solar penetra no nevoeiro e aquece o solo, causando o aumento na temperatura do ar que está em contato com o solo. O ar quente sobe e mistura-se com o ar com nevoeiro mais acima, o que provoca o aumento da temperatura do ar na camada de nevoeiro. Neste ar levemente mais quente, ocorre a evaporação de algumas gotas de nevoeiro, permitindo que mais radiação solar alcance o solo, o que provocará mais aquecimento e assim sucessivamente até que o nevoeiro se dissipe completamente. Se a camada de nevoeiro for muito espessa pode ser que a dissipação são ocorra completamente e uma camada de nuvens baixas (chamadas de estratos) cobrirá a região. Quando o ar úmido e quente se move por sobre uma região suficientemente fria, o ar úmido pode se resfriar até seu ponto de saturação formando um nevoeiro de advecção. Um bom exemplo de nevoeiro de advecção pode ser observado ao longo da costa do Pacífico nos EUA durante o verão. A principal razão para a formação de nevoeiro nesta região é que a superfície da água perto da costa é mais fria do que a superfície da água mais afastada da costa. O ar quente e úmido do Oceano Pacífico é carregado (advectado) pelos ventos de oeste sobre a águas frias costeiras. Resfriado por baixo, a temperatura do ar cai até a temperatura do ponto de orvalho e se produz o nevoeiro. Nevoeiro de advecção, diferentemente do nevoeiro de radiação, sempre envolve o movimento do ar, deste modo quando ocorre a brisa de verão em São Francisco, é comum observarmos o nevoeiro de advecção envolvendo a Ponte Golden Gate (Fig. 4.12). Na medida que os ventos de verão carregam o nevoeiro para dentro do continente sobre terras mais quentes, o nevoeiro perto do solo se dissipa, permanecendo uma lâmina de nuvens baixas cinzas que bloqueiam o sol. Mais para dentro do continente, o ar é suficientemente quente, de tal modo que estas nuvens baixas evaporam e se dissipam. O nevoeiro de advecção fornece umidade para uma vegetação típica do litoral (redwood trees) tornando-se assim importante para a definição da bonita paisagem da Costa do Pacífico nesta região. A maior parte da umidade do nevoeiro é coletada pelas folhas e galhos das árvores em forma de gotas que pingam no solo, de tal modo que pode ser usada pelo sistema de raízes das árvores. Sem este nevoeiro de verão, estas árvores teriam problemas de sobrevivência nos secos verões da Califórnia. Por isso, nós encontramos este tipo de vegetação exatamente na região de penetração deste cinturão de nevoeiro ao longo da costa. Ocorre nevoeiro de advecção também quando duas correntes oceânicas com diferentes temperaturas fluem próximas uma da outra. Isso ocorre por exemplo no Oceano Atlântico fora da costa de Newfoundland, onde a corrente fria fluindo para o sul, a Corrente do Labrador, fica quase paralela a corrente mais quente que flui para norte, a Corrente do Golfo. O ar mais quente vindo de sul movendo-se sobre a água fria produz nevoeiro naquela região - isto é tão freqüente que o nevoeiro ali ocorre cerca de dois dias em três durante o verão. 8 O nevoeiro de advecção também se forma sobre a terra. No inverno, o ar quente e úmido do Golfo do México se move para norte sobre terras progressivamente mais frias e levemente mais altas. Assim que o ar se resfria até seu ponto de saturação, o nevoeiro se forma na parte sul ou central dos EUA. Como o solo frio geralmente é resultadode um resfriamento radiativo, o nevoeiro que se forma desta maneira é algumas vezes chamado de nevoeiro de radiação-advecção. Durante esta mesma época do ano, o ar movendo- se sobre a quente Corrente do Golfo encontra as terras mais frias das Ilhas Britânicas e produz os espessos nevoeiro sobre a Inglaterra. Similarmente, nevoeiros se formam quando o ar marinho se move sobre uma superfície de gelo ou neve. No ar ártico extremamente frio, são formados cristais de gelo em vez de gotas de água, produzindo um nevoeiro de gelo. O nevoeiro que se forma na medida que o ar úmido sobe ao longo de uma elevação do terreno, como em encostas e montanhas são chamados de nevoeiros de inclinação ("uspslope fog'). Tipicamente este tipo de nevoeiro se forma durante o verão e na primavera do lado leste das Rochosas, onde as encostas voltadas para leste são quase um quilômetro mais altas do que as terras mais a leste. Ocasionalmente, o ar frio se move a partir dos planos de leste para a direção oeste. O ar gradualmente sobe, expandindo-se, tornando-se mais frio e - se suficientemente úmido - forma-se o nevoeiro. Estes nevoeiros de inclinação formam-se sobre uma extensa área e podem durar por muitos dias. Até aqui nós vimos como o resfriamento do ar pode produzir nevoeiro. Mas devemos lembrar que o nevoeiro pode se formar também por mistura de duas massas de ar não saturadas. O nevoeiro que se forma desta maneira é geralmente chamado de nevoeiro de evaporação porque a evaporação inicialmente enriquece o ar com vapor d'água. Provavelmente, um nome mais apropriado para este tipo de nevoeiro fosse nevoeiro de (mistura de) evaporação. Em um dia frio você mesmo sem saber produz nevoeiro de (mistura de) evaporação. Quando o ar úmido sai de sua boca ou nariz ele encontra ar frio e se mistura com ele, o ar torna-se saturado e uma nuvem fina se forma cada vez que você exala sua respiração. Uma forma comum de nevoeiro de mistura- evaporação é o nevoeiro de corrente ("steam"), que se forma quando o ar frio se move sobre a água quente. Este tipo de nevoeiro se forma sobre as piscinas aquecidas no inverno. Na medida que a água é mais aquecida do que o ar não saturado acima dela, a água irá evaporar da piscina para o ar. O aumento do vapor d'água aumenta o ponto de orvalho e, se a mistura for suficiente, o ar acima se tornará saturado. O ar mais frio diretamente acima da água será aquecido de baixo para cima e se tornará mais quente do que o ar diretamente acima dele. Este ar mais quente sobe e, a uma certa distância, aparece uma condensação de vapor como se fosse uma "corrente". É comum se ver este tipo de nevoeiro se formando sobre lagos em manhãs de outono, quando o ar frio se coloca sobre água ainda quente resultante do longo verão. Nesta ocasião, sobre os Grandes Lagos, colunas de vapor condensado sobem a partir da camada de nevoeiro, formando "whirling steam devils" (redemoinhos), que se assemelham aos redemoinhos de areia ("dust devils"). Se você viajar para o Parque Yellowstone, você verá este nevoeiro se formando sobre todos as superfícies de água ao longo de todo o ano (Fig. 4.13). Sobre o oceano nas regiões polares, este nevoeiro é conhecido como fumaça do mar ártico. O nevoeiro de corrente pode se formar sobre uma superfície úmida em um dia de sol. Isto é comumente observado depois de uma pancada de chuva quando o sol incide sobre uma estrada úmida, aquecendo o asfalto e evaporando rapidamente a água. Isto adiciona mistura de vapor no ar acima, produzindo nevoeiro de corrente. O nevoeiro que se forma desta maneira tem vida curta e desaparece assim que a estrada se seca. Uma chuva quente caindo através de uma camada de ar frio e úmido pode produzir nevoeiro. Na medida que uma gota quente de chuva cai em uma camada de ar frio parte da água evapora da gota para o ar. Na mistura do ar úmido com o ar frio forma-se nevoeiro. O nevoeiro deste tipo está associado geralmente com a subida do ar quente por sobre uma massa de ar frio. O nevoeiro geralmente se forma na camada rase de ar frio exatamente a frente da aproximação de uma frente quente ou atrás de uma frente fria, por isso este tipo de nevoeiro de evaporação é conhecido como nevoeiro frontal. Até este ponto investigamos as diferentes formas de condensação que ocorrem perto da superfície da terra. Em particular, percebemos que o nevoeiro é simplesmente muitos milhões de pequenas gotas líquidas (ou de cristais de gelo) que se formam perto do solo. Na seção seguinte veremos como estas mesmas partículas, formando bem acima da superfície do solo, são classificadas e identificadas como nuvens. Resumo Neste capítulo, examinamos alguns dos modos de descrever a umidade e achamos que a umidade relativa não nos diz quanto vapor d'água encontramos no ar, mas sim quão próximo o ar está da saturação. Uma boa indicação do conteúdo real de vapor d'água é a temperatura do ponto de orvalho. Quando a temperatura do ar e o ponto de orvalho têm valores próximos a umidade relativa é alta e, quando os valores estão muito afastados, a umidade relativa é baixa. Quando a temperatura do ar cai abaixo do ponto de orvalho em uma estreita camada de ar perto da superfície, forma-se o orvalho. Se o orvalho congelar formar-se-á o orvalho congelado. Geada branca visível se forma quando o ar se resfria a 9 temperaturas abaixo do ponto de orvalho. Na medida que o ar se resfria em uma camada mais espessa da atmosfera perto do solo, a umidade relativa aumenta e o vapor d'água começa a se condensar sobre núcleos de condensação higroscópicos formando a névoa úmida. Na medida em que a umidade relativa se aproxima de 100% o ar torna-se cheio de minúsculas gotículas de água (ou de cristais de gelo) chamadas de nevoeiro. No exame dos processos de formação do nevoeiro, percebemos que ele se forma de duas maneiras: resfriando o ar e através da evaporação e mistura do vapor d'água no ar. A condensação acima da superfície da terra produz as nuvens. Quando as nuvens são classificadas segundo sua altura e aparência física, elas são divididas em quatro grupos principais: altas, médias, baixas e nuvens de desenvolvimento vertical. Já que cada nuvem tem características físicas que distingue umas das outras, observação cuidadosa normalmente leva a uma correta identificação. Palavras Chaves Os termos a seguir estão listados na ordem em que apareceram o texto. Defina cada um deles. Fazendo isto você estará fazendo uma revisão do material abordado neste capítulo. Evaporação temperatura do ponto de orvalho nuvem cirrocúmulo Condensação (ponto de orvalho) nuvem cirrostrato Precipitação psicrômetro nuvem altocúmulo Ciclo hidrológico higrômetro nuvem altostrato Saturação orvalho nuvem nimbostrato Núcleo de condensação geada nuvem estratocúmulo Umidade névoa úmida nuvem estrato Pressão real de vapor nevoeiro nuvem cúmulo Pressão de saturação de vapor nevoeiro de radiação nuvem cumulonimbo Umidade relativa nevoeiro de advecção nuvem lenticular Temperatura do bulbo úmido nevoeiro de inclinação nuvem mammatus Índice de calor (HI) nevoeiro de evaporação (mistura) Temperatura aparente nuvem cirro Questões de Revisão 1. Dê uma breve explicação do movimento da água no ciclo hidrológico. 2. O que é núcleo de condensação e por que eles são importantes na nossa atmosfera? 3. Em um dado volume de ar, como a pressão real de vapor difere da pressão de saturação de vapor? Quando elas são iguais? 4. (a) O que representa a umidade relativa? (b) Quando se dá a umidade relativa, por que é importante saber também a temperatura do ar? 5. Por que dias de verão quentese úmidos geralmente parecem mais quentes do que dias de verão quentes porém secos? 6. Por que a temperatura do bulbo úmido é uma boa medida de quão fria pode ficar a pele humana? 7. (a) O que é temperatura do ponto de orvalho? (b) Como estão relacionadas a umidade relativa e a diferença entre temperatura do ar e a do ponto de orvalho? 8. Explique como se formam o orvalho, o orvalho congelado e a geada visível. 9. Descreva as condições necessárias para a formação de: (a) nevoeiro de radiação e (b) nevoeiro de advecção. 10. As nuvens geralmente são classificadas pela altura. Liste as principais categorias de altura e os tipos de nuvens associadas a cada uma delas. 11. Como podemos distinguir nuvens altostratos de nuvens cirrostratos? E nuvens cirrocúmulos de nuvens altocúmulos? 12. Que tipo de nuvem está associada a cada uma das seguinte características? (a) relâmpago (b) halo (c) bigorna (d) granizo (e) chuva fina e contínua 10 Figura 4.1 – O ciclo hidrológico. Figura 4.2 – No vaso a as moléculas de água na superfície estão evaporando (passando de líquido para vapor) e condensando (passando de vapor para líquido). Quando evaporação e condensação entram em balanço (vaso b), o ar acima do liquido está saturado. (As figuras representam apenas as moléculas de água por simplicidade). Figura 4.3 – A umidade do ar dentro de uma parcela pode ser obtida determinando-se a densidade do vapor d’água, a sua massa ou a pressão que as moléculas do vapor d’água exercem dentro da parcela. 11 Figura 4.4 – A pressão de vapor de saturação aumenta com a temperatura. Na temperatura de 10o C a pressão de vapor de saturação é aproximadamente 12 milibares enquanto que a 30o C é aproximadamente 42 milibares. Figura 4.5 – Quando o ar está frio (pela manhã), a umidade relativa é alta. Quando o ar se aquece (à tarde) a umidade relativa é baixa. Foco especial: O ar polar tem umidade relativa mais alta, embora o ar do deserto, com ponto de orvalho mais alto, contenha mais vapor d’água. 12 Figura 4.6 – Índice de calor. Para calcular a temperatura aparente, procure a interseção da temperatura do ar com a umidade relativa Figura 4.7 – Psicrômetro de funda. Figura 4.8 – O higrógrafo de cabelo mede a umidade relativa do ar pela ampliação e medida das mudanças do comprimento do cabelo humano (ou de cavalo). Principais grupos de nuvens, seus tipos e alturas da base 13 Trópicos Latitudes Médias Região Polar 1. Nuvens altas: 6 a 18 km 5 a 13 km 3 a 8 km Cirrus (Ci) Cirrustratus (Cs) Cirrocumulus (Cc) 2. Nuvens médias: 2 a 8 km 2 a 7 km 2 a 4 km Altostatus (As) Altocumulus (Ac) 3. Nuvens baixas: 0 a 2 km 0 a 2 km 0 a 2 km Stratus (St) Stratocumulus (Sc) Nimbostratus (Ns) 4. Nuvens com desenvolvimento vertical: Cumulus (Cu) Cumulonimbus (Cb) Figura 4.14 – Nuvens cirrus (acima) e nuvens cirrocumulus (abaixo). 14 Figura 4.16 – Nuvens cirrostratus com formação de halo. Figura 4.17 – Nuvens altocumulus. 15 Figura 4.18 – Nuvens autostratus. A aparência de um sol fraco através da camada cinza de nuvens normalmente é uma boa indicação de que a nuvem é autostratus. Figura 4.19 – O nimbostratus é a nuvem tipo placa e que produz chuva leve. As outras nuvens que aparecem abaixo do nimbostratus são stratus fractus. 16 Figura 4.20 – Nuvens stratocumulos. Observe que os blocos de nuvem são maiores do que no caso dos altocumulos. Figura 4.22 – Nuvens cúmulos. Pequenas nuvens cúmulos como estas são às vezes denominadas cúmulos de bom tempo. 17 Figura 4.23 – Cúmulos congestus formados ao longo de uma linha de instabilidade. Figura 4.24 – Um cumulonimbus. Os fortes ventos que sopram na alta troposfera produzem uma expansão na parte alta da nuvem, na forma de uma bigorna. A luz do sol sofre espalhamento nos cristais de gelo que estão precipitando abaixo da bigorna, produzindo uma área branca brilhante. Observe que está ocorrendo precipitação abaixo da base da nuvem. 18 Figura 4.25 – Uma ilustração generalizada dos tipos básicos de nuvens indicando as alturas típicas acima da superfície e o desenvolvimento vertical. Figura 4.29 – Uma trilha de cristais de gelo formada atrás da passagem de um avião a jato. 19
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