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Jean Piaget em suas obras mostrou, fundamentalmente, os processos de aprendizagem e desenvolvimento humano, sendo algo não estático mas em constante processo de construção e evolução. Por meio dos Seis Estudos em Psicologia, ele abordou a temática do desenvolvimento mental da criança como algo que se desenvolve gradadivamente, assim como nosso corpo físico. Ele fala do equilíbio como base desse desenvolvimento no sentido de demonstrar que vamos de um equilíbrio menor para um equilíbrio superior, mas sempre móvel. Assim, Piaget fala que estar em equilíbrio é estar em movimento, estar em processo, em construção. O desenvolvimento mental de cada criança difere pois, além de características comuns e constantes a cada idade, existem ainda variáveis que influenciarão no grau de desenvolvimento intelectual do indivíduo, ou seja, cada criança apresentará maneiras diferentes de se relacionar no âmbito social, afetivo, intelectual, assim, Piaget demonstra que as variáveis são de grande importância no entendimento de cada indivíduo dentro de seu contexto individual ou social. Por Piaget, somos movidos por necessidades, a cada estágio nos deparamos com diferentes desafios a enfrentar e é através do nosso desenvolvimento já adquirido e estruturas já existentes que o ampliamos e passamos de um nível inferior para um superior na construção de sucessivos estágios de desenvolvimento mental. A questão das necessidades é fortemente citada no texto de Piaget, como sendo uma manifestação de desequilíbrio, ou seja, quando necessitamos de algo buscaremos o mesmo afim de satisfazer tal necessidade, é por meio dessa busca que desenvolveremos diversos mecanismos intelectuais como reajustamento de conduta, manipulação de objetos e situações, utilização da linguagem no sentido de manisfestar um desejo, enfim, mecanismos estes que proporcionarão uma nova organização mental mais desenvolvida, e quando a necessidade for suprida, o equilíbrio restabelecido. Ao se falar de esquema, Piaget o exemplifica em três estruturas, assimilação, acomodação e adaptação. Nossas necessidades obedecem a este esquema onde a assimilação caracteriza-se pela incorporação de pessoas, coisas, ações ao que já pertence à criança, assimilar o que é externo ao que é interno no indivíduo; a acomodação constitui em ajustar esses novos sentimentos, coisas, pessoas ao que já pertence ao indivíduo, ou seja, uma reestruturação do que foi aprendido ao seu próprio universo; por fim, a adaptação, que é o equilíbrio entre as duas estruturas anteriores, onde assimila-se o universo exterior, reestrutura- se o novo ao seu próprio mundo e adapta-se a isso proporcionando assim, um desenvolvimento mental que será distribuído em etapas. A primeira etapa da vida de um ser é a do sensório-motor, sendo o recém nascido e o lactente. A criança chega ao mundo e adquire rapidamente um gigantesco desenvolvimento mental conforme o tempo, onde ela irá assimiliar todo um mundo novo. A princípio ela é puro reflexo instintivo, e uma de suas primeiras buscas é a de alimentação através da sucção, essa sucção vai se desenvolvendo cada vez mais conforme ela é amamentada, passando a usar os próprios dedos para esse “sugar” e outros objetos que encontrar. É de grande relevância esse ato de sucção pois é um dos principais reflexos de sobrevivência da criança. A capacidade de preensão é outro importante mecanismo usado pela criança que, quando o desenvolve ele passa a pegar objetos e manipulá-los e assim, desenvolve novas habilidades como a inteligência prática, onde a criança usára determinado objeto como meio para se obter o que de fato ela deseja. Por meio do desenvolvimento dessa inteligência prática, a criança tenderá a utilizar ação ou generalização repetida para aplicar em situações novas na resolução de novos problemas, ou seja, ao querer saber para que serve algo, ele usará de seus mecanismos de ação pré aprendidos para ver qual deles servirá também para aquela determinada situação. A princípio, a criança não compreende que um objeto continua a existir independente se está no seu campo de visão ou não, ou seja, o objeto não é algo independente, mas ligado àquela situação naquele momento, conforme a criança se desenvolve, ela adquire a consciência a compreensão do mundo material exterior e sai do egocentrismo integral primitivo. Com o desenvolvimento da linguagem, a criança passa a um novo nível de compreensão do mundo, passando a constituir e resconstituir ações por meio de narrativas, elas passam a representar objetos como reais e a usar o simbolismo. É por meio da comunicação dos indivíduos que a linguagem se mostrará presente, e ela é um processo que surge desde o momento em que as crianças imitam ações simples no sensorio-motor, a imitação de sons, por exemplo, associando-se à ações, essa sucessiva associação desenvolve- se em aquisição da linguagem, indo de palavras até frases propriamente ditas. Nesse momento de aquisição da linguagem mostra-se de suma importância o exemplo dado pelos pais pois as crianças procurarão copiar o que vem de seus modelos. A linguagem entre as crianças, a princípio mostra-se egocêntrica dentro do processo de socialização, onde elas estão mais centradas em si mesmas do que no relacionamento com o outro. O pensamento adentra nesse campo da linguagem e da socialização, onde a criança irá construir ações por meio da fala, sejam elas no presente, passado ou futuro, entendendo o mundo exterior como independente e construindo a partir disso seu pensamento de fato. Por meio do pensamento simbólico, a criança cria realidades dentro de sua realidade, por meio de um pensamento imaginativo, processo pelo qual é saudável para as crianças pois faz parte do processo de desenvolvimento do pensamento. Assim, Piaget mostra que a criança passa por processos de pensamento, do egocentrismo até o intuitivo onde já saberá diferenciar ações e suas posteriores consequências. A vida afetiva interfere significativamente no processo de construção de personalidade da criança, a partir do pensamento intuitivo em geral, as relações adulto-criança e a regularização de valores se dará para toda vida. A partir desse momento, a criança estreita lações de simpatia e antipatia, onde aqueles quem tem os mesmos “interesses” serão pessoas que as agradam, que se simpatizam, e aquelas que não possuem os mesmos causam no indivíduo certa antipatia. No caso dos pais, os laços são mais profundos, afinal, a imagem do superior é aquela a ser admirada e imitada, o respeito entra nesse sentido, onde a criança entende que deverá haver uma obediência às ordens dos pais, no sentido do próprio respeito, onde este é caracterizado por um dos primeiros sentimentos morais. A criança em idade escolar propriamente dita, a partir do 7 anos, sofre um desenvolvimento mental gigantesco, partindo do mesmo pressuposto de que a criança assimulará novas construções àquelas que já possui e a partir disso construirá também novas estruturas. Na escola, por exemplo, notar-se-á o processo de socialização na prática, onde as crianças trabalham tanto individualmente como em grupo, no entanto, é difícil de se dizer se o trabalho em grupo é de fato, mútuo. Porém, é a partir do início desse estágio que ela deixará quase que completamente a linguagem egocêntrica e, passará para uma etapa de compreensão do outro, mantendo assim um diálogo que se fará de trocas. A partir dos 7 anos, o indivíduo já não age impulsivamente, ele terá um senso de pensar antes de fazer, dando início à reflexão, sendo esta, uma discussão interior da criança. Nessa fase, a inteligência e a afetividade mudam bastante, onde a construção lógica começa a se desenvolver efetivamente proporcionandopontos de vista significativos, e através da afetividade terá uma autonomia em suas suas relações. Portanto, vê-se que as relações passam por etapas, onde os primeiros sentimentos morais vem de cima para baixo, ou seja, algo heteronomio, a partir daí passa-se para um estágio mais autônomo, onde a criança atribui valor também ao que o outro diz e não somente aos pais, começam assim a valorizar conjunto de ações que são componentes básicos nas relações. Começam a entender regras como parte de um todo, como um acordo entre todos e não somente imposto. Por meio disso, adquire-se o senso de justiça, sendo este um dos componentes significativos na formação de valores pessoais.
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