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Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
1 
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA 
PRÓ-REITORIA DE ENSINO 
 
 
 
DISCIPLINA 
 
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS 
AULA 5 
O TEXTO ESCRITO: PARAGRAFAÇÃO E 
PARÁGRAFO PADRÃO 
O TEXTO LITERÁRIO E O NÃO LITERÁRIO 
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS 
 
CÓDIGO 
GINS1007 
CRÉDITOS 
04 
TOTAL DE AULAS NO 
SEMESTRE 
80h/a 
 
OBJETIVOS 
 
 Estudar a estrutura do parágrafo e suas formas de composição, bem como o parágrafo 
considerado padrão. 
 Conhecer as características do texto literário e saber distingui-lo do não literário. 
 Trabalhar a coesão e a coerêcia textuais, visando a clareza do texto. 
 
 
CONTEÚDO 
 
 O parágrafo como unidade de expressão e sua estrutura; 
 Parágrafo padrão; Tópico frasal; modos de elaboração do tópico frasal. 
 Texto literário e não literário: definição e características. 
 Coesão textual: definição e recursos; 
 Coerência textual: definição e correção de textos incorentes. 
 
 
ESTRATÉGIA 
 
 Explicitação dos conteúdos pelo professor e proposição de vários exercícios aos 
alunos. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ABREU, Antônio Suárez.Curso de redação. São Paulo: Ática, 2005. 
RIBEIRO, Manoel. Gramática aplicada da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. 
CEREJA, William Roberto ; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática reflexiva: texto, 
semântica e interação. São Paulo: Atual, 2005. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
2 
 
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO 
 
O parágrafo é um conjunto de enunciados (frases, orações, períodos) que se unem em torno de 
um mesmo sentido. De modo geral, cada parágrafo apresenta: 
 
a) uma ideia central; 
 
b) ideias secundárias, que desenvolvem e/ou complementam o tema abordado na ideia central; 
todas, porém, devem estar inter-relacionadas pelo sentido. 
 
Veja o exemplo que se segue: 
 
“Por fim, o trem de ferro. O trem não parava em Rio Acima naquela época. Mas ainda assim sua 
existência era um deslumbramento para a molecada. Todos sabiam exatamente a hora que ele passava, e 
iam postar-se na estrada, no alto dos barrancos, junto à cerca de arame farpado, a esperá-lo, grandioso 
espetáculo diariamente repetido. Apostavam para saber quem é que iria vê-lo primeiro, colavam o ouvido no 
trilho para ouvir o ruído das rodas. Assim que alguém dava o alarme, todos se colocavam em posição e 
dentro em pouco uma fumacinha apontava longe, rolava no ar um ruído em crescendo e finalmente a 
locomotiva surgia lá em baixo, na curva da estrada.” 
(Fernando Sabino, in: O Menino no Espelho) 
 
Ideia central: ver o trem passar 
 
Ideias secundárias: 
 o trem não parava na cidade; 
 as crianças ficavam maravilhadas só em vê-lo; 
 elas iam vê-lo passar todo dia; 
 faziam apostas e procuravam bons lugares para avistá-lo. 
 
Esta estrutura básica do parágrafo pode se sustentar ainda sobre três partes principais: 
1. Introdução: frase(s) inicial(is) que propõe(m) a ideia central. É também chamada de tópico 
frasal. No exemplo acima, é a frase “Por fim, o trem de ferro”. 
 
2. Desenvolvimento: frases que explanam a ideia central do parágrafo; no exemplo, o 
desenvolvimento corresponde ao trecho que vai de “O trem não parava...” até “...no ar um ruído em 
crescendo”. 
 
3. Conclusão: frase(s) que dá(ão) fecho à ideia proposta, retomando o tópico frasal; no exemplo, 
é o trecho “...finalmente a locomotiva surgia lá em baixo, na curva da estrada”. 
 
Ao se elaborar um texto composto por vários parágrafos, não se deve esgotar o tema no primeiro 
parágrafo. Este deve apenas apontar a questão que vai ser desenvolvida. 
O parágrafo seguinte é sempre uma retomada de algo que ficou inexplorado no parágrafo anterior 
ou anteriores. Pode ser uma palavra ou uma ideia que mereça ser desenvolvida. 
Um texto é constituído por parágrafos interdependentes, sempre em torno de uma mesma ideia. 
Reconheça mentalmente o que você sabe sobre o tema. É possível fazer um plano, mas talvez 
seja mais prático você listar as palavras-chave com que vai trabalhar. Preocupe-se com a sequenciação do 
texto, utilizando os recursos de coesão de frase para frase e de parágrafo para parágrafo, sem perder de 
vista a coerência. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
3 
O parágrafo final deve retomar todo o texto para concluí-lo. Por isso, antes de escrevê-lo, releia 
tudo o que escreveu. A fim de fechar bem o texto, o parágrafo conclusivo deve retomar o que foi exposto no 
primeiro. 
 
Todo texto representa o ponto de vista de quem o escreve. E quem escreve tem sempre uma 
proposta a ser discutida para poder chegar a uma conclusão sobre o assunto. 
O texto deve demonstrar coerência, que resulta de um bom domínio de sua arquitetura e do 
conhecimento da realidade. Deve-se levar em conta a unidade de ideias, aliada a um bom domínio das 
regras de coesão. 
Desde que o tema seja de seu domínio e você tenha conhecimento dos princípios de coesão e da 
estruturação dos parágrafos, as dificuldades de escrever serão bem menores. 
Leia tudo o que for possível sobre o tema a ser desenvolvido para que sua posição seja firme e 
bem fundamentada. 
 
O PARÁGRAFO COMO UNIDADE DE EXPRESSÃO: 
 
O parágrafo é uma unidade de composição constituída por um ou mais de um período, em que se 
desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente 
relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela. 
 
IMPORTÂNCIA DO PARÁGRAFO 
 
 Indicado materialmente na página impressa ou manuscrita por ligeiro afastamento da margem 
esquerda da folha, o parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar convenientemente as 
ideias principais da sua composição, permitindo ao leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus 
diferentes estágios. 
 
EXTENSÃO DO PARÁGRAFO: 
 
Tanto quanto sua estrutura varia também sua extensão: há parágrafos de uma ou duas linhas como 
os há de página inteira. E não é apenas o senso de proporção que deve servir de critério para bitolá-lo, 
mas também, principalmente, o seu núcleo, a sua ideia central. Ora, se a composição é um conjunto de 
ideias associadas, cada parágrafo - em princípio, pelo menos - deve corresponder a cada uma dessas 
ideias, tanto quanto elas correspondem às diferentes partes em que o autor julgou conveniente dividir o 
seu assunto. 
Vejamos uma questão que trabalha com ordenação de parágrafos para percebermos a importância deles: 
 
(ESAF – 2006) Os trechos a seguir constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os nos parênteses e 
assinale a resposta correta: 
 
( ) Essa meta, alcançada 53 anos depois, começou a ganhar contornos de realidade nos anos 80, quando a 
empresa atingiu a produção de 500 mil barris/dia. 
 
( ) Criada pelo decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, em 3 de outubro de 1953, a Petrobrás já 
nasceu com a missão de alcançar a auto-suficiência na produção brasileira de petróleo. 
 
( ) Entretanto, foi no início da década de 70 que começou a ser delineada a estratégia que resultaria nas 
primeiras conquistas da empresa. Na época, o país crescia a taxa de 10% ao ano, o que contribuiu para que, naquela 
década, o consumo de derivados duplicasse. 
 
( ) Porém, foi depois do alinhamento de preços dos combustíveis às cotações internacionais que a empres a 
conseguiu maior acesso ao mercado de capitais internacional. Com isso, obteve os recursos para financiar os 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
4 
investimentos necessáriosque resultaram na auto-suficiência. 
 
( ) Assim, ao longo da últimas cinco décadas, diante do nacionalismo que cerca o petróleo do Brasil, os 
interesses da Petrobrás confundiram-se com os do país. 
(Jornal do Brasil, 23/04/2006) 
A – ( ) 3° , 1°, 4°, 2°, 5° 
B – ( ) 1°, 2°, 3°, 4°, 5° 
C – ( ) 2°, 1°, 3°, 4°, 5° 
D – ( ) 4°, 5°, 1°, 3°, 2° 
E – ( ) 5°, 3°, 2°, 1°, 4° 
 
Como descobrirmos qual o parágrafo inicial? 
 
 O primeiro segmento começa com “essa meta”. Pergunta-se: que meta? Percebemos que ele não poderia iniciar 
um texto, já que começa com uma palavra (essa) que aponta para algo que foi falado anteriormente. 
 O terceiro segmento começa com um conectivo de oposição: entretanto. Não poderia este conectivo iniciar um 
texto, já que, ao fazer uma oposição de ideias, ele forçosamente precisará se referir a uma frase anterior. O mesmo 
argumento deve ser pensado para o quarto segmento, já que ali é usado um conectivo de oposição de ideias: porém. 
 O último segmento inicia-se com um conectivo conclusivo: assim. Obviamente, o aluno deverá notar que não se 
inicia texto com elemento de conclusão. 
 Pergunta-se, o que nos restou? Restou-nos o segundo segmento, pois ali não se encontra algum elemento que 
se refira a algo citado anteriormente. Antes, declara o objetivo (meta) da criação da Petrobrás: “alcançar a auto -suficiência 
na produção brasileira de petróleo”. Essa meta é reafirmada no primeiro segmento, sendo a continuação do texto. Até 
aqui, o autor ressalta importância dos anos 80, quando a meta começou a ser alcançada. O terceiro segmento inicia -se 
com ENTRETANTO. Este conectivo, mais do que um elemento de oposição, tem um valor de “elemento de 
argumentação”, já que esclarece quando começou a estratégia que culminou com o alcance da meta, em 2006: no início 
da década de 70. Agora vem a parte conclusiva do texto: 
 
( ) Assim, ao longo da últimas cinco décadas, diante do nacionalismo que cerca o petróleo do Brasil, os 
interesses da Petrobrás confundiram-se com os do país. 
 
Daí se perceber que a sequência correta dos parágrafos é a que consta da letra C. 
 
 
TÓPICO FRASAL 
 
Constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, o tópico frasal encerra de modo 
geral e conciso a ideia-núcleo do parágrafo. É certo que nem todo parágrafo apresenta essa característica: 
algumas vezes a ideia-núcleo está como que diluída nele ou já expressa num dos precedentes, sendo 
apenas evocada por palavras de referência (certos pronomes) e partículas de transição. Mas a maioria 
deles é assim construída. 
Se a maioria dos parágrafos apresenta essa estrutura, é natural que a tomemos como padrão. 
Assim fazendo, haveremos de verificar que o tópico frasal constitui um meio muito eficaz de expor ou 
explanar ideias. Enunciando logo de saída a ideia-núcleo, o tópico frasal garante de antemão a 
objetividade, a coerência e a unidade do parágrafo, definindo-lhe o propósito e evitando digressões 
impertinentes. É isso que se vê no seguinte exemplo de Luis Carlos Cabrera: 
 
“Sustentabilidade é a palavra que mais se ouve e se lê por aí — na administração, na economia, na 
engenharia ou no Direito. Mas, afinal, o que significa sustentabilidade? Como bom mentor, vou tentar 
explicar de forma simples o conceito que já faz parte da vida moderna. Em primeiro lugar, trata-se de um 
conceito sistêmico, ou seja, ele correlaciona e integra de forma organizada os aspectos econômicos, 
sociais, culturais e ambientais da sociedade. A palavra-chave é continuidade — como essas vertentes 
podem se manter em equilíbrio ao longo do tempo.” (Revista Você S.A. – Ed. Abril – Maio de 2009) 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
5 
 
Os primeiros períodos – em destaque, com a intenção de mostrar que se trata de ideia central do 
parágrafo - constituem o tópico frasal, que traduz uma indagação sobre o significado do termo 
“sustentabilidade” e sua aplicabilidade no mundo moderno. O rumo das ideias a serem desenvolvidas já 
está aí traçado: seria desconcertante se o Autor não explanasse, especificando, justificando, fundamentando, 
nas linhas seguintes, o que anunciou nas primeiras. O propósito já está definido. Se o Autor julgasse 
oportuno fazer digressões, o próprio tópico frasal o controlaria, impedindo-o de ultrapassar certos 
limites além dos quais elas se tomariam descabidas, e forçando-o a voltar antes do fim ao mesmo 
rumo de ideias que tomara no princípio. Além disso, a presença do tópico facilita o resumo ou sumário, 
bastando para isso destacá-lo de cada parágrafo. 
Por isso tudo, principalmente por ser um excelente meio de disciplinar o raciocínio, 
recomenda-se aos principiantes que se empenhem em seguir esse método de paragrafação, até que 
maior desenvoltura e experiência na arte de escrever lhes deixem maior liberdade de ação. 
 
 
DIFERENTES FEIÇÕES DO TÓPICO FRASAL 
 
Admitindo-se como recomendável essa técnica de iniciar o parágrafo com o tópico frasal, resta-
nos mostrar algumas das suas feições mais comuns. Há vários artifícios, que a leitura dos bons 
autores nos pode ensinar. Conhecê-los talvez contribua abreviar aqueles momentos de indecisão que 
precedem o ato de redigir as primeiras linhas de um parágrafo, pois, com frequência, o estudante não 
sabe como começar. Ora, o tópico frasal lhe facilita a tarefa, porque terá a síntese do seu pensamento, 
restando-lhe fundamentá-lo. Meios mais comuns de iniciá-lo: 
 
 A) Declaração inicial - Esta é, parece-nos, a feição mais comum: o autor afirma ou nega alguma 
coisa logo de saída para, em seguida, justificar ou fundamentar a asserção, apresentando 
argumentos sob a forma exemplos, confrontos, analogias, razões, restrições - fatos ou evidência. 
Exemplo: 
 
 “Os responsáveis pelas áreas de seleção das principais empresas do Brasil são unânimes em 
apontar uma falha grave na formação dos profissionais brasileiros: a falta de cultura. A crítica vale tanto 
para jovens trainees quanto para executivos que já ocupam cargos de liderança. Falta conhecimento de 
história, geografia, pintura, música e literatura. Esse defeito pode definir sua próxima contratação ou 
promoção: as empresas precisam de gente culta. Por quê? Porque é o nível cultural que melhora a 
capacidade de diagnóstico, de entender rapidamente contextos complexos e de fazer julgamentos. Não é à 
toa que as escolas de administração europeias (que nos últimos anos lideram os rankings internacionais) 
oferecem cada vez mais cursos que discutem pintura, prosa e poesia, neurologia, filosofia, antropologia e 
história.“ (Luis Carlos Cabrera, Revista Você S. A.) 
 
O Autor abre o parágrafo com uma declaração sucinta, que, no caso, é uma generalização ("Os 
responsáveis pelas áreas de seleção das principais empresas do Brasil são unânimes em apontar uma 
falha grave na formação dos profissionais brasileiros: a falta de cultura."), fundamentando-a a seguir por 
meio de exemplos e pormenores. 
 
Às vezes, a declaração inicial aparece sob a forma negativa, seguindo-se a contestação ou a 
confirmação, como faz Rui Barbosa no trecho abaixo: 
 
“Não há sofrimento mais confrangente que o da privação da justiça. As crianças o trazem no 
coração com os primeiros instintos da humanidade e, se lhes magoam essa fibra melindrosa, muitas vezes 
nunca mais o esquecem, ainda que a mão, cuja aspereza as lastimou, seja a do pai extremoso ou da mãe 
idolatrada.(...)” (Rui Barbosa, apud Luís Vianna, Antologia, p. 95) 
 
O primeiro período poderia servir de título ao parágrafo: é uma síntese do seu conteúdo. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
6 
 
 B) Definição - Frequentementeo tópico frasal assume a forma de uma definição. É método 
preferentemente didático. No exemplo que damos a seguir, a definição é denotativa, i.e., didática ou 
científica. 
 
“Ética é uma ciência que estuda a moral, procurando avaliá-la criticamente para chegar a valores 
sustentáveis e universais. Essa ciência é um ramo da filosofia, que tem como objetivos maiores o bom e o 
bem. As organizações em geral precisam de códigos de condutas que possam ir além dos valores e 
costumes individuais de seus colaboradores, a fim de conseguirem firmar, de maneira uníssona, a imagem 
de empresas sérias e elegíveis no nicho de mercado em que atuam.” (Célia Leão, Revista Você S. A.) 
 
 C) Divisão - Processo também quase que exclusivamente didático, dadas as suas características de 
objetividade e clareza, é o que consiste em apresentar o tópico frasal sob a forma de divisão ou 
discriminação das ideias a serem desenvolvidas: 
 
O silogismo divide-se em silogismo simples e silogismo composto (isto é, feito de vários silogismos 
explícita ou implicitamente formulados). Distinguem-se quatro espécies de silogismos compostos: (...) 
(Jacques Maritain, Lógica menor, p. 246) 
 
Via de regra, a divisão vem precedida por uma definição, ambas no mesmo parágrafo ou em 
parágrafos distintos. 
 
OUTROS MODOS DE INICIAR O PARÁGRAFO 
 
Além dos vistos acima, há outros tipos de tópico frasal com que se pode iniciar o parágrafo, pois 
tudo depende das ideias que inicialmente se imponham ao espírito do escritor, das associações implícitas 
ou explícitas, da ordem natural do pensamento e de outros fatores imprevisíveis. Eis alguns deles: 
 
 ALUSÃO HISTÓRICA: Recurso que desperta sempre a curiosidade do leitor é o da alusão a fatos 
históricos, lendas, tradições, crendices, anedotas ou a acontecimentos de que o Autor tenha sido 
participante ou testemunha. É artifício empregado do por oradores - principalmente na abertura de 
seu discurso - e por cronistas, que, com frequência, aproveitam incidentes do cotidiano como 
assunto não apenas de um parágrafo, mas até de toda a crônica. 
 
No exemplo seguinte, Rui Barbosa tira grande partido da alusão a uma tradição americana - a do 
Sino da Liberdade - para tecer considerações sobre a importância da justiça e do poder judiciário na vida 
política de um povo: 
 
“Conta uma tradição cara ao povo americano que o Sino da Liberdade, cujos sons 
anunciaram, em Filadélfia, o nascimento dos Estados Unidos, inopinadamente se fendeu, estalando, pelo 
passamento de Marshall. Era uma dessas casualidades eloquentes, em que a alma ignota das coisas 
parece lembrar misteriosamente aos homens as grandes verdades esquecidas (...)”. 
 
 OMISSÃO DE DADOS IDENTIFICADORES: consiste na técnica de iniciar um parágrafo de tal modo que a 
atenção do leitor se mantenha suspensa durante largo tempo, técnica que consiste em omitir certos 
dados necessários a identificar a personagem e apreender a verdadeira intenção do autor. É um 
artifício, um truque, em geral eficaz nas mãos de um cronista ou contista hábil. Veja-se o exemplo: 
 
“Vai chegar dentro de poucos dias. Grande e boticelesca figura, mas passará despercebida. Não terá 
fotógrafos à espera, no Galeão. (...) Estará um pouco por toda parte, e não estará em lugar nenhum. Tem 
uma varinha mágica, mas as coisas por aqui não se deixam comover facilmente, ou, na sua rebeldia, se 
comovem por conta própria, em horas indevidas, de sorte que não devemos esperar pelas consequências 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
7 
diretas do seu sortilégio.“ 
(Carlos Drummond de Andrade, Fala, amendoeira, p. 121) 
 
 
O Autor anuncia um fato, de chofre, mas não nos fornece nenhuma indicação clara sobre a 
personagem de que se trata, mantendo o leitor na expectativa, não apenas até o fim do parágrafo, mas até 
o fim da própria crônica. É processo muito eficaz para prender a atenção, mas exige certa habilidade, sem a 
qual o autor acaba tentando, a seu modo, tapar o sol com a peneira ou esconder-se deixando o rabo de 
fora. No caso desta crônica, ao final fica-se sabendo que a personagem anunciada por Drummond era a 
primavera. 
 
 INTERROGAÇÃO: Às vezes, o parágrafo começa com uma interrogação, seguindo-se o 
desenvolvimento sob a forma de resposta ou de esclarecimento: 
 
“Já reparou como a palavra ética voltou a fazer parte das conversas corporativas? Escreveu não leu, 
vem à tona a palavra ética. Seja ético, use de ética em suas relações com fornecedores, são alguns dos 
mantras que ouvimos nas organizações. Afinal, será que sabemos o que é ética e como ela se traduz nas 
ações do nosso cotidiano?” (Célia Leão, Revista Você S. A.) 
 
Como artifício de estilo, a interrogação inicial frequentemente camufla um tópico frasal por 
declaração ou por definição. Seu principal propósito é despertar a atenção e a curiosidade do leitor. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1- Leia os parágrafos abaixo e numere-os de acordo com as diferentes formas que o tópico frasal pode 
assumir: 
 
( 1 ) declaração inicial 
( 2 ) definição 
( 3 ) interrogação 
( 4 ) divisão 
( 5 ) alusão histórica 
( 6 ) omissão de dados identificadores 
 
( ) “O que mais me surpreende no Brasil de hoje é como subestimamos os enormes avanços realizados 
em tão pouco tempo. Pois basta voltarmos para meados da década passada – apenas alguns minutos na 
história do país – para nos darmos conta de quanto progredimos.” 
(Roberto Civita in O Brasil agora tem rumo) 
 
 
( ) “A violência urbana é uma enfermidade contagiosa. Embora possa acometer indivíduos vulneráveis em 
todas as classes sociais, é nos bairros pobres que ela adquire características epidêmicas.” 
(Drauzio Varella in Violencia epidémica) 
 
( ) O Brasil está melhorando? Às vezes parece que sim, outras que não. Certas estatísticas afirmam que 
sim: menos mortalidade infantil, mais criança na escola. Certas realidades do dia-a-dia indicam o inverso: o 
pátio dos milagres que se contempla e cada esquina de maior movimento, favelas horrendas, violência. Se 
se necessita de um antídoto às aflições desse vai-e-vem, contemple-se o trabalho de pessoas como Milu 
Vilela e Luís Norberto Paschoal. Eles estão à frente de uma história de sucesso que foi o transcurso, no 
Brasil, do Ano Internacional do Voluntário. É um caso que dá a impressão de que a resposta é: - Sim, o 
Brasil está melhorando.” 
(Roberto P. de Toledo in Uma história de sucesso) 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
8 
( ) “Dois livros, recém-editados, discutem a ideia de caráter moral. O primeiro, ‘A Corrosão do Caráter’ 
(Editora Record), de Richard Sennett, de forma explícita; o segundo, ‘O Que é a Filosofia Antiga’ (Editora 
Loyola), de Pierre Hadot, de modo tangencial, mas com igual sensibilidade crítica. A relevância dos livros 
para o debate ético entre nós é enorme.” 
( Jurandir da Costa Freire in Descaminhos do Caráter) 
 
( ) “Depressão é uma doença crônica, recorrente, muitas vezes com alta concentração de casos na 
mesma família, que ocorre não só em adultos, mas também em crianças e adolescentes.” 
( Drauzio Varella in Depressão na Adolescência) 
 
( ) “De uns tempos para cá tem surgido um elemento novo no cenário político naciona l. Extremamente 
movediço, ele sempre aparece onde não se espera. Se o espreitamos, ele se esconde, em hibernação 
cautelosa.” 
(Antonio Suárez Abreu in Curso de Redação) 
 
 
TEXTO LITERÁRIO E NÃO LITERÁRIO 
 
Um mesmo tema pode receber um tratamento utilitário ou um tratamento estético. No primeiro caso, 
produz-se um texto não literário; no segundo, um texto literário. Cada um dos textosproduz efeitos de 
sentidos distintos. 
Há algumas características que permitem distinguir um texto literário de um não literário, vejamos as 
principais: 
 
TEXTO NÃO LITERÁRIO 
 
- TEM FUNÇÃO UTILITÁRIA 
 
- SUA RELEVÂNCIA SE DÁ NO 
PLANO DA MENSAGEM 
 
 
- PODE SER RESUMIDO, SEM 
PREJUÍZO DE SEU CONTEÚDO OU 
PLANO DE EXPRESSÃO 
 
 
- É DENOTATIVO, OU SEJA, 
REFERENCIAL, ASPIRANDO A SER 
O MAIS INFORMATIVO POSSÍVEL 
 
 
- SUA LINGUAGEM BUSCA 
TRANSMITIR UM ÚNICO 
SIGNIFICADO PARA OS TERMOS 
QUE EMPREGA 
 
TEXTO LITERÁRIO 
 
- TEM FUNÇÃO ESTÉTICA 
 
- SUA RELEVÂNCIA SE DÁ NO PLANO 
DA EXPRESSÃO; NÃO IMPORTA 
APENAS O QUE SE DIZ, MAS COMO 
SE DIZ 
 
- É INTANGÍVEL, ISTO É, NÃO PODE 
TER SEUS TERMOS SUBSTITUÍDOS 
OU SUA ORDEM ALTERADA; ELE É 
INTOCÁVEL, NÃO PERMITINDO 
SEQUER SER RESUMIDO 
 
- É CONOTATIVO, OU SEJA, CRIA 
SIGNIFICADOS NOVOS 
 
- SUA LINGUAGEM É 
PLURISSIGNIFICATIVA, ISTO É, 
BUSCA REMETER A VÁRIOS 
SIGNIFICADOS PARA OS TERMOS 
QUE USA 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
9 
 
A seguir você vai ler dois textos: o primeiro é parte de uma reportagem de jornal; o segundo é uma 
crônica de Moacyr Scliar, criada a partir dessa reportagem. 
 
Texto 1: Dormir fora de casa pode ser tormento 
(Mirna Feitoza) 
 
A euforia de dormir na casa do amigo é tão comum entre algumas crianças quanto o pavor de 
outras de passar uma noite longe dos pais. E, ao contrário do que as famílias costumam imaginar, 
ter medo de dormir fora de casa não tem nada a ver com a idade. Assim como há crianças de três 
anos que tiram essas situações de letra, há pré-adolescentes que chegam a passar mal só de 
pensar na ideia de dormir fora, embora tenham vontade. 
Os especialistas dizem que esse medo é comum. A diferença é que algumas crianças têm 
mais dificuldade para lidar com ele. “Para o adulto, dormir fora de casa pode parecer algo muito 
simples, mas, para a criança, não é, porque ela tem muitos rituais, sua vida é toda organizada, ela 
precisa sentir que tem controle da situação”, explica o psicanalista infantil Bernardo Tanis, do 
Instituto Sedes Sapientiae. Dormir em outra casa significa deparar com outra realidade, outros 
costumes. “É um desafio para a criança, e novas situações geram ansiedade e angústia”, afirma. 
[...] 
(Folha de S. Paulo, 30/08/2001) 
 
 
Texto 2: Tormento não tem idade 
(Moacyr Scliar) 
 
- Meu filho, aquele seu amigo, o Jorge, telefonou. 
- O que é que ele queria? 
- Convidou você para dormir na casa dele, amanhã. 
- E o que é que você disse? 
- Disse que não sabia, mas que achava que você iria aceitar o convite. 
- Fez mal, mamãe. Você sabe que eu odeio dormir fora de casa. 
- Mas, meu filho, o Jorge gosta tanto de você... 
- Eu sei que ele gosta de mim. Mas eu não sou obrigado a dormir na casa dele por causa 
disso, sou? 
- Claro que não, mas... 
- Mas o que, mamãe? 
- Bem, quem decide é você. Mas, que seria bom você dormir lá, seria. 
- Ah, é? E por quê? 
- Bem, em primeiro lugar, o Jorge tem um quarto novo de hóspedes e queria estrear com 
você. Ele disse que é um quarto muito lindo. Tem até tevê a cabo. 
- Eu não gosto de tevê. 
- O Jorge também disse que queria lhe mostrar uns desenhos que ele fez... 
- Não estou interessado nos desenhos do Jorge. 
- Bom. Mas tem uma coisa... 
- O que é, mamãe? 
- O Jorge tem uma irmã, você sabe. E a irmã do Jorge gosta muito de você. Ela mandou dizer 
que espera você lá. 
- Não quero nada com a irmã do Jorge. É uma chata. 
- Você vai fazer uma desfeita para a coitada... 
- Não me importa. Assim ela aprende a não ser metida. De mais a mais você sabe que eu 
gosto da minha cama, do meu quarto. E, depois, teria de fazer uma maleta com pijama, essas 
coisas... 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
10 
- Eu faço a maleta pra você, meu filho. Eu arrumo suas coisas direitinho, você vai ver. 
- Não, mamãe. Não insista, por favor. Você está me atormentando com isso. Bem, deixe eu 
lhe lembrar uma coisa, para terminar com essa discussão: amanhã eu não vou a lugar nenhum. Sabe 
por que, mamãe? Amanhã é meu aniversário, você esqueceu? 
- Esqueci mesmo. Desculpe, filho. 
- Pois é. Amanhã eu estou fazendo 50 anos. E acho que quem faz 50 anos tem o direito de 
passar a noite em casa com sua mãe, não é verdade? 
 
(In: O imaginário cotidiano. São Paulo; Global. 2001. p. 173-4) 
(Observação: este autor mantinha, na Folha de São Paulo, uma coluna em que criava um texto ficcional a 
partir de uma notícia real.) 
 
1. O texto 1 foi publicado num jornal e trata do medo de algumas pessoas de dormir fora de casa. De 
acordo com o texto: 
 
a. Esse medo se restringe às crianças? 
 
b. Por que dormir fora de casa causa tanto desconforto às crianças? 
 
2. O texto II foi criado pelo escritor Moacyr Scliar a partir da reportagem lida sobre o medo. 
 
a. Qual dos dois textos trata de um problema concreto da realidade? 
 
b. E qual deles cria uma história ficcional a partir de dados da realidade? 
 
3. O texto II, sendo uma crônica, apresenta vários componentes comuns a outros gêneros narrativos, 
como fatos, personagens, tempo, espaço e narrador. Além disso, apresenta também preocupação quanto 
ao modo como os fatos são narrados. O narrador, por exemplo, omite propositalmente uma informação a 
respeito do filho, que só é revelada no final da história. 
 
a. No início da história, o leitor é levado a crer que o filho é criança ou adulto? Por quê? 
 
b. A informação omitida sobre o filho só é revelada no final do texto. O que essa revelação provoca? 
 
 
4. O diálogo entre mãe e filho deixa “pistas” que permitem imaginar como são os personagens, como é 
o tipo de vida que levam, seus hábitos, manias, etc. 
 
a. Você supõe que o filho seja casado ou solteiro? Por quê? 
 
b. Como você caracterizaria o filho? 
 
c. Que tipo de relacionamento o filho parece ter com a mãe? 
 
d. As características do filho têm relação com o estado civil dele? 
 
 
5. Você observou que os dois textos abordam o medo de dormir fora de casa. Apesar disso, são 
bastante diferentes. Essas diferenças se devem à finalidade e ao gênero de cada um dos textos, bem como 
ao público a que cada um deles se destina. 
 
a. Qual é a finalidade principal do texto I, considerando-o que se trata de uma reportagem 
jornalística? 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
11 
b. E qual é a finalidade principal do texto II, considerando-se que se trata de uma crônica literária? 
 
6. A fim de sintetizar as diferenças entre os dois textos, compare-os e responda: 
 
a. Qual deles apresenta uma linguagem objetiva, utilitária, voltada para explicar um assunto ligado à 
realidade? 
 
b. Em qual deles a linguagem é propositalmente organizada a fim de criar duplo sentido? 
 
c. Qual deles tem a finalidade de informar o leitor sobre uma situação real? 
 
d. Qual deles tem com finalidade entreter, divertir e sensibilizar o leitor a partir de um tema relacionado 
a uma situação real? 
 
e. Considerando as reflexões que você fez sobre a linguagem dos textos em estudo, responda: Qual 
deles é um texto literário? Por quê? 
 
 
 Cada tipo de arte faz uso de certos materiais. A pintura, por exemplo, trabalha com tinta, cores e 
formas; a música utiliza os sons; a dança, os movimentos; a arquitetura e a escultura fazem uso de formas 
e volumes. E a literatura, que material usa? De uma forma simplificada, pode-se dizer que literatura é a 
arte da palavra. 
 Carlos Drummond de Andradediz, em um de seus poemas: 
 
(…) 
Penetra surdamente no reino das palavras. 
Lá estão os poemas que esperam ser escritos. 
Estão paralisados, mas não há desespero, 
há calma e frescura na superfície intata. 
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. 
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. 
Tem paciência se obscuros. Calma, se te provocam. 
Espera que cada um se realize e consume 
com seu poder de palavra 
e seu poder de silêncio. 
Não forces o poema a desprender-se do limbo. 
Não colhas no chão o poema que se perdeu. 
Não adules o poema. Aceita-o 
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada 
no espaço. 
 
Chega mais perto e contempla as palavras. 
Cada uma 
tem mil faces secretas sob a face neutra 
e te pergunta, sem interesse pela resposta, 
pobre ou terrível, que lhe deres: 
Trouxeste a chave? 
(…) 
(trecho do poema “Procura da Poesia”, de Carlos Drummond de Andrade) 
 
 Como qualquer arte, a literatura exige, da parte do escritor, técnicas, conhecimentos, sensibilidade e 
paciência. Esse trabalho às vezes se assemelha a uma luta, às vezes, a um vício: 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
12 
 
 
Os poemas 
Mário Quintana 
 
Os poemas são pássaros que chegam 
não se sabe de onde e pousam 
no livro que lês. 
Quando fechas o livro, eles alçam voo 
como de um alçapão. 
Eles não têm pouso 
nem porto 
alimentam-se um instante em cada par de mãos 
e partem. 
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, 
no maravilhoso espanto de saberes 
que o alimento deles já estava em ti... 
 
Fonte: QUINTANA, Mário. Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980. 
 
___________________________________________________ 
 
A COESÃO TEXTUAL 
 
Entende-se por coesão textual a ligação que deve existir nas frases, entre as frases e entre os 
vários parágrafos de um texto. Tal ligação influi diretamente na clareza do que se deseja expor, pois 
estabelece relações de significado dentro do texto. 
Seria muito difícil tentar expor todos os problemas de coesão passíveis de aparecerem em um 
texto. Vejamos os mais comuns, que aparecem com mais frequência em textos elaborados por alunos. 
Obs.: os exemplos abaixo foram extraídos de textos produzidos por alunos do ensino médio. 
 
1. Uso inadequado do conectivo (preposição, pronome relativo e conjunção): 
 
a. Preposição 
Observe a frase abaixo: 
“O desprezo do computador nos dias de hoje é nada mais, nada menos que pura ignorância.” 
Obviamente, o autor quis dizer “O desprezo pelo computador...” O emprego da preposição 
inadequada acarretou mudança de significado. O computador não é agente da ação (isto é, não é ele quem 
despreza), e sim paciente (ele é o desprezado). 
 
b. Pronome relativo 
“Os problemas o qual penso são difíceis de resolver.” 
A forma correta seria: “Os problemas nos quais (ou em que) penso são difíceis de resolver.” 
 
c. Conjunção 
“Se uma pessoa de carne e osso porém sem ação e reflexão.” 
Aqui, além de excesso de conjunções, temos ausência do verbo e de pontuação. 
 
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13 
Provavelmente, o autor queria dizer a seguinte frase: “É uma pessoa de carne e osso, porém sem 
ação e reflexão.” 
O uso da conjunção se (condicional) no início desta frase é totalmente descabido. 
 
 
2. Falta de sequência lógica: 
Isto ocorre quando se inicia um período utilizando uma estrutura que exige determinada 
sequência, no entanto, ao invés de dar a devida continuidade, o autor desvia-se e trunca a ideia inicial. 
Ex.: “O grau de salinidade da água é tal que não se pode mais utilizá-la nas plantações nem mesmo pelas 
pessoas.” 
A expressão destacada não completa corretamente a sequência original, até por questão de 
estrutura da frase. A continuidade correta seria: “...não se pode mais utilizá-la nas plantações, nem para 
outra finalidade qualquer.” 
 
3. Redundância: 
Entende-se por redundância a repetição desnecessária de palavras, expressões ou ideias, 
tornando o texto prolixo e cansativo. 
 
Ex.: “Essa matéria é desnecessária no vestibular. Por que insistem em dar essa matéria?” 
 
Há inúmeros recursos de que se pode lançar mão para evitar que tais repetições ocorram. O uso de 
pronomes, por exemplo. A segunda frase do período acima poderia ser redigida de várias formas diferentes, 
contornando o problema que apresenta. 
 
Ex.: “Por que insistem em dá-la?” 
 “Por que insistem em ensiná-la?” 
 “Por que insistem em ensinar assuntos não relevantes para nosso objetivo?”, etc. 
 
 Vejamos outros recursos para se evitar a redundância aplicados a um texto maior. Analisemos o 
seguinte parágrafo, que comenta um incêndio ocorrido em um shopping: 
 
 “Tanto os empregados como os proprietários das lojas atingidas pelo fogo acharam, a princípio, 
que, devido ao incêndio, nada se salvaria, tudo seria consumido pelo fogo, tamanho era o volume das 
chamas e a densidade da fumaça que saía das lojas. Mas, com a rápida ação de três guarnições do Corpo 
de Bombeiros que chegaram ao local em seus caminhões-tanque, rapidamente a situação ficou sob 
controle e foi possível controlar as chamas.” 
 
Observe: 
- devido ao incêndio: já sabemos que as lojas pegaram fogo; portanto, a destruição só poderia ser 
atribuída mesmo ao incêndio. Logo, esta informação é repetitiva e desnecessária. 
- tudo seria consumido pelo fogo: novamente, informação repetitiva e desnecessária. 
- que saía das lojas: se foram as lojas que pegaram fogo, de onde mais poderia estar saindo a fumaça? 
- que chegaram ao local em seus caminhões-tanque: já se tinha dito que os bombeiros controlaram o 
fogo. Logo, já se sabia que eles tinham chegado ao local. Quanto aos “caminhões-tanque”, isto também 
é desnecessário, já que ninguém supões que bombeiros cheguem para combater incêndios de táxi ou a 
pé. 
- e foi possível controlar o incêndio: nova informação redundante. Já havia sido dito antes que a situação 
ficara sob controle. 
 
Eliminando-se as redundâncias, o parágrafo poderia ser escrito de modo mais claro e conciso, como 
se segue: 
 
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“Tanto os empregados como os proprietários das lojas atingidas pelo fogo acharam, a princípio, que 
nada se salvaria, tamanho era o volume das chamas e a densidade da fumaça. Mas, com a rápida ação de 
três guarnições do Corpo de Bombeiros, rapidamente a situação ficou sob controle.” 
 
4. Ambiguidade: 
 
A ambiguidade ocorre quando o período produzido se presta a mais de uma interpretação, tendo 
sua clareza comprometida. 
Ex.: “Imagine que o vestibulando deve redigir um texto em trinta linhas, entregar a um professor 
que não conhece seus objetivos.” 
O pronome em destaque se refere ao vestibulando ou ao professor? Afinal, é o professor que não 
conhece os objetivos do vestibulando, ou vice-versa? 
Este tipo de problema é muito comum e tende a ocorrer quando o autor perde de vista o preceito 
de que seu texto deve ser o mais claro e lógico possível, para qualquer leitor que vá ter acesso a ele. 
Vejamos mais alguns exemplos: 
 
a. “Comprando legumes na feira, encontrei o meu vizinho 
 
Neste caso, quem comprava legumes, você ou seu vizinho? 
 
b. “Os alunos que estudam raramente tiram notas ruins.” 
 
Aqui, há duas interpretações possíveis para esta frase: 
1. Os alunos que raramente estudam tiram notas ruins. (ou seja, “raramente” se refere a 
“estudam”) 
2. Os alunos que estudam tiram notas ruins raramente. (“raramente” se refere a “tirar notas ruins”) 
 
c. “Maria viu Sílvia comseu marido numa boate.” 
 
Aqui, o problema é sério. Se o marido for de Sílvia, tudo bem. Mas, se for o de Maria, provavelmente 
é caso de divórcio... 
 
d. “Pedro disse a Fernando que ele não havia tirado boas notas.” 
 
Aqui, ficamos sem saber que é que tirou notas ruins. Escrevendo deste jeito, provavelmente foram 
os dois. 
 
 
COMO EVITAR PROBLEMAS DE COESÃO NA PRODUÇÃO DE SEU TEXTO 
 
O melhor recurso de que se pode lançar mão para se evitar os problemas acima relacionados é a 
releitura do texto, observando-se se a relação entre cada palavra está correta. Nunca deixe de reler o 
texto produzido, antes de entregá-lo para leitura ou correção. Nessa releitura, procure manter uma postura o 
mais isenta possível, isto é, procure ver o texto como se não fosse seu. Pergunte-se: se eu não conhecesse 
esse texto ou a proposta de onde ele partiu, será que eu conseguiria entendê-lo na íntegra? Imagine-se não 
como autor, mas apenas como leitor de seu texto. De início, não é uma postura fácil de se seguir. Mas, com 
o tempo e a prática, isto vai ajudá-lo muito a produzir textos cada vez mais claros, principalmente os de 
caráter profissional (no trabalho ou nos estudos), que normalmente exigem maior clareza e objetividade. 
 
 
______________________________________________ 
 
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15 
EXERCÍCIO 
 
1. Cada grupo de frases abaixo mantém entre si relação de sentido. Reescreva cada grupo de frases, de 
modo a formar um período único. Para isso, basta usar o(s) conectivo(s) adequado(s), fazendo as 
adaptações necessárias. A primeira está feita, como exemplo. As demais ficam por sua conta. Mãos à obra! 
 
Ex.: Nossa casa estava situada na várzea. A trezentos metros dela ficava uma pequena lagoa. Era aí que 
costumávamos pescar. 
Resp.: Nossa casa estava situada na várzea, a trezentos metros de uma pequena lagoa, onde 
costumávamos pescar. 
 
a) O choque entre os dois veículos foi muito violento. Um dos passageiros foi atirado a distância. Ele 
fraturou o crânio. 
 
 
b) A chuva amolece a terra. O pranto da mulher abranda o coração dos homens. 
 
 
c) A casa foi construída há muito tempo. O forro e o assoalho estão em ruínas. Isso me obrigará a fazer 
uma reforma de grandes proporções. 
 
 
d) Dispúnhamos de pouco tempo. Não nos foi possível concluir a tarefa a contento. Isso provocou 
reclamações dos interessados. 
 
 
e) Foi tremenda a violência do furacão. Até automóveis foram arrastados pela sua fúria. 
 
 
f) Os jesuítas tinham-se estabelecido no Maranhão no século XVII. Então começaram as disputas entre 
eles e os colonos. O motivo dessas disputas era o cativeiro dos índios. 
 
 
2. Nas frases que se seguem, o excesso de conectivos (no caso, o “que”) torna as orações repetitivas e 
enfadonhas. Reescreva-as, alterando sua estrutura, para eliminar essa repetição. A primeira também está 
feita, como exemplo: 
 
Ex.: Depois que ele saiu, concluímos o trabalho que havíamos interrompido assim que ele chegou. 
Resp.: Depois que ele saiu, concluímos o trabalho, interrompido devido a sua chegada. 
 
a) Convém que recapitulemos toda a matéria que foi dada no primeiro semestre e que o professor disse 
que incluirá na prova que se realizará no mês que vem. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
16 
 
b) Pedi-lhe que entregasse imediatamente a encomenda que chegara na véspera, mas ele fingiu que 
estava passando mal só para não me atender. 
 
 
c) Espero que me respondas prontamente a fim de que se tomem as devidas providências que serão 
necessárias para que seja bem sucedido o teu julgamento. 
 
 
d) Pediram-me que providenciasse que comprassem máquinas novas para que o trabalho que foi pedido 
seja entregue dentro do prazo que foi estipulado. 
 
 
#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O# 
 
COERÊNCIA TEXTUAL 
 
Vamos partir de exemplos de incoerências, mais simples de perceber, para mostrar o que é 
coerência. 
 
1) Coerência Narrativa 
 
É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem freios, 
que pára imediatamente, depois de ser brecado, quando uma criança lhe corta a frente. (...) 
 A titulo de exemplo, vamos citar um desses equívocos cometidos em redação, relatado pela Profª 
Diana Luz Pessoa de Barros num livro sobre redação no vestibular: 
 
 Lá dentro havia uma fumaça formada pela maconha e essa fumaça não deixava que nós víssemos 
qualquer pessoa, pois ela era muito intensa. 
 Meu colega foi à cozinha me deixando sozinho, fiquei encostado na parede da sala e fiquei 
observando as pessoas que lá estavam. Na festa havia pessoas de todos os tipos: ruivas, brancas, pretas, 
amarelas, altas, baixas, etc. 
 
 Nesse caso, o sujeito não podia ver e viu. O texto tornar-se-ia coerente se o narrador dissesse que 
ficara encostado à parede imaginando as pessoas que estavam por detrás da cortina de fumaça. 
 Um outro tipo de incoerência narrativa pode ocorrer em relação à caracterização dos personagens e 
às ações atribuídas a eles. 
 No percurso da narrativa, os personagens são descritos como possuidores de certas qualidades 
(alto, baixo, frágil, forte), atribuem-se a eles certos estados de alma (colérico, corajoso, tímido, introvertido, 
apático, combativo). Essas qualidades e estados de alma podem combinar-se ou repelir-se, alguns 
comportamentos dos personagens são compatíveis ou incompatíveis com determinados traços de sua 
personalidade. 
 A preocupação com a coerência e a unidade do texto pressupõe que se conjuguem 
apropriadamente esses elementos. 
 Se na narrativa aparecem indicadores de que um personagem é tímido, frágil e introvertido, seria 
incoerente atribuir a esse mesmo personagem o papel de líder e agitador dos foliões por ocasião de uma 
festa pública. Obviamente, a incoerência deixaria de existir se algum dado novo justificasse a transformação 
do referido personagem. Uma bebedeira, por exemplo, poderia desencadear essa mudança. 
 Muitos outros casos de incoerência desse tipo podem ser apontados. 
 Dizer, por exemplo, que um personagem foi a uma partida de futebol, sem nenhum entusiasmo, pois 
já esperava ver um mau jogo e, posteriormente, afirmar que esse mesmo personagem saiu do estádio 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
17 
decepcionado com o mau futebol apresentado é incoerente. Quem não espera nada não pode decepcionar-
se. 
 É incoerente ainda dizer que alguém é totalmente indiferente em relação a uma pessoa e caiu em 
prantos quando soube que ela casou-se e foi para o exterior. 
 As incoerências podem ser utilizadas para mostrar a dupla face de um mesmo personagem, mas 
esse expediente precisa ficar esclarecido de um modo no decorrer do texto. 
 
2) Coerência argumentativa 
 
Quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e a amizade, não se 
pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso é melhor viver isolado. 
Num esquema de argumentação, joga-se com certos pressupostos ou certos dados e deles se 
fazem inferências ou se tiram conclusões que estejam verdadeiramente implicados nos elementos lançados 
como base do raciocínio que se quer montar. Se os pressupostos ou os dados de base não permitem tirar 
as conclusões que foram tiradas, comete-se a incoerência de nível argumentativo. 
Se o texto parte da premissa de que todos são iguais perante a lei, cai na incoerência se defender 
posteriormente o privilégio de algumas categorias profissionais não estarem obrigadas a pagar imposto de 
renda. 
O argumentador pode até defender essas regalias, mas não pode partir dapremissa de que todos 
são iguais perante a lei. 
Assim também é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser 
favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma ação violenta. 
 
_________________________________________________________ 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
1. Leia a tira a seguir: 
 
 
 
- O terceiro quadrinho é coerente com o primeiro? Justifique sua resposta: 
 
 
2. Exercício de coerência com notícias de jornal: 
 
GAFES DO JORNALISMO 
Frases efetivamente publicadas em alguns dos principais jornais brasileiros 
 
 (Vamos comentar os “problemas” relacionados à construção de tais enunciados e, na medida do 
possível, tentar torná-los compreensíveis.) 
 
1. "A nova terapia traz esperanças a todos os que morrem de câncer a cada ano." (JORNAL DO BRASIL) 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 5 
18 
 
2. "Apesar da meteorologia estar em greve, o tempo esfriou ontem intensamente." (O GLOBO) 
 
3. "Os sete artistas compõem um trio de talento." (EXTRA) 
 
4. "A vítima foi estrangulada a golpes de facão." (O DIA) 
 
5. "Os nossos leitores nos desculparão por esse erro indesculpável." (O GLOBO) 
 
6. "No corredor do hospital psiquiátrico os doentes corriam como loucos." (O DIA) 
 
7. "Ela contraiu a doença na época que ainda estava viva." (JORNAL DO BRASIL) 
 
8. "Parece que ela foi morta pelo seu assassino." (EXTRA) 
 
9. "Ferido no joelho, ele perdeu a cabeça." (O DIA) 
 
10. "O acidente foi no triste e célebre Retângulo das Bermudas." (EXTRA) 
 
11. "O tribunal, após breve deliberação, foi condenado a um mês de prisão." (O DIA) 
 
12. "O velho reformado, antes de apertar o pescoço da mulher até a morte, se suicidou." (O DIA) 
 
13. "A polícia e a justiça são as duas mãos de um mesmo braço." (EXTRA) 
 
14. "Depois de algum tempo, a água corrente foi instalada no cemitério, para a satisfação dos habitantes." 
(JORNAL DO BRASIL) 
 
15. "Há muitos redatores que, para quem veio do nada, são muito fiéis às suas origens." (O GLOBO) 
 
16. "O aumento do desemprego foi de 0% em novembro." (EXTRA) 
 
17. "Quatro hectares de trigo foram queimados. A princípio, trata-se de um incêndio." (O DIA) 
 
18. "Na chegada da polícia, o cadáver se encontrava rigorosamente imóvel." (O DIA) 
 
19. "O cadáver foi encontrado morto dentro do carro." (O ESTADO DE SÃO PAULO) 
 
20. "Prefeito de cidade do interior vai dormir bem, e acorda morto." (O DIA) 
 
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