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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO 
AULA 08 
 
1. Relação Jurídica. Conceito – O conceito original de relação jurídica é enunciado 
por SAVIGNY como sendo o “vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas 
pode pretender algo a que a outra está obrigada”. O conceito exposto é o preferido pela 
doutrina majoritária, tendo em vista envolver os dois elementos considerados principais: 
a) Elemento material, ou social – Trata-se da relação social, do fato social (da vida) 
que faz gerar aquela relação. Ex: no dever jurídico de prestar alimentos existente entre 
pais e filhos, o fato social (família) é componente da relação jurídica à qual a lei (art. 
1.694, CC) emprestou conteúdo formal. 
b) Elemento formal, ou jurídico – O elemento formal constitui-se na determinação de 
juridicidade do fato social, ocorrida com a positivação através da norma jurídica. 
1.1. Outros conceitos acerca da relação jurídica 
a) Conceito de Clóvis BEVILÁQUA – Para Beviláqua, a relação jurídica não seria 
desenvolvida entre sujeitos, mas entre um sujeito e um objeto, conectados pela norma 
jurídica. Assim, “relação de direito é o laço que, sob a garantia da ordem jurídica, 
submete o objeto ao sujeito”. Tal tese foi sustentada para buscar uma explicação acerca 
dos direitos reais, que seriam, na visão do autor do Código Civil de 1916, relações entre 
o sujeito e a coisa (propriedade). Atualmente, encontra-se em desuso tal concepção, vez 
que modernamente entendem-se os direitos reais como sendo exercidos pelo indivíduo 
em face de toda a sociedade. 
b) Conceito de KELSEN – A relação jurídica não seria um vínculo entre pessoas, mas 
entre dois fatos enlaçados por normas jurídicas. EX: numa relação entre um credor e um 
devedor, a relação jurídica significaria que uma dada conduta do devedor estaria ligada 
a uma conduta do credor por uma norma de direito. A falha desta teoria está em que, 
tomando-se em conta que ela considera os fatos humanos, a relação jurídica 
necessariamente operaria entre dois sujeitos, o que acabaria por torná-la similar à de 
Savigny. Além disso, Kelsen, por entender o Direito como fenômeno puramente 
normativo (apenas existe enquanto norma jurídica positiva), tenta desconsiderar a 
relevância do fato social enquanto fato jurígeno, concepção que se encontra superada. 
c) Conceito de Pietro PERLINGIERI – O jurista italiano admite a existência de 
relações jurídicas sem sujeito. Não sendo a inter-subjetividade elemento essencial ao 
conceito de relação jurídica, tal teoria permitiria defender a existência de direitos de 
animais, ou coisas. 
2. Elementos da relação jurídica – Tomando-se em consideração o conceito de relação 
jurídica adotado por SAVIGNY, a relação jurídica será composta pelos seguintes 
elementos: 
 2.1. Sujeitos – Traço essencial à relação jurídica é sua inter-subjetividade (também 
denominada alteridade), constituindo-se, portanto, numa relação entre duas ou mais 
pessoas, cada uma das quais ocupando uma posição jurídica própria. Uma relação 
jurídica poderá ter mais de duas pessoas, mas terá sempre dois pólos. Temos assim que 
as relações jurídicas classificam-se: 
2.1.1. Quanto aos pólos 
a) Sujeito (pólo) ativo – Trata-se do indivíduo que ocupa uma situação jurídica ativa, 
podendo exigir do sujeito passivo o cumprimento de um dever jurídico ou de uma 
sujeição. Ex: credor numa relação obrigacional; dono do prédio dominante, na servidão 
de passagem; o cônjuge que deseja a dissolução do vínculo matrimonial no divórcio, 
etc. Note-se que tal teoria não está necessariamente ligada a direitos creditícios, ou 
obrigacionais, aplicando-se igualmente aos direitos reais, e a direitos de caráter não 
patrimonial (direitos da personalidade, direitos advindos de filiação, etc). 
b) Sujeito (pólo) Passivo – Correspondente necessário do sujeito ativo, será aquele que 
possui uma obrigação de conduta, prestação, ou sujeição. EX: o devedor de alimentos 
(alimentante), na relação alimentícia; o devedor, na relação creditícia, a coletividade, 
nos direitos reais e da personalidade, etc. 
2.1.2. Quanto ao número de pessoas 
a) Simples – Quando a relação jurídica for bilateral, ou seja, envolvendo apenas duas 
pessoas. 
b) Plurilateral – Quando mais de uma pessoa apresenta-se na posição jurídica ativa ou 
passiva. Ex: solidariedade, litisconsórcio. 
2.1.3. Quanto à determinabilidade das pessoas envolvidas 
a) Relativa (inter partes) – Quando restringe seus efeitos a uma pessoa, ou grupo de 
pessoas, ligadas diretamente àquela relação. EX: num contrato de compra e venda, a 
princípio, a relação jurídica produz efeitos diretos e vinculativos entre o comprador 
(adquirente) e o vendedor (alienante – OBS: a teoria da eficácia externa dos contratos e 
de sua função social mitiga esta afirmativa); 
b) Absoluta (erga omnes) - Quando uma coletividade se apresenta como sujeito ativo 
ou passivo. Muito embora tal classificação tenha sido originalmente visualizada para 
abranger os direitos reais e os direitos da personalidade, que geram para a coletividade 
um dever geral de abstenção (o que permitira concluir que a coletividade poderia ocupar 
apenas o pólo passivo), atualmente, em virtude das situações fático/jurídicas 
representadas pela sociedade de massas (para alguns, sociedade de riscos), a 
coletividade freqüentemente ocupará uma posição ativa na relação jurídica, quando se 
tratar de direitos metaindividuais (difusos, coletivos stricto sensu e individuais 
homogêneos). 
2.2. Quanto ao objeto - As relações jurídicas são sempre estabelecidas visando um fim 
específico. Sobre este objeto recaem a exigência do sujeito ativo e o dever/sujeição do 
sujeito passivo. O objeto da relação jurídica divide-se em: 
a) Objeto imediato – É a coisa, ou pessoa sobre a qual recai o poder/direito do sujeito 
ativo. Discute-se em doutrina se a pessoa pode ser objeto de direito. Muito embora, 
significativo setor doutrinário repudie esta ideia, sob o argumento de evitar a exploração 
do homem pelo homem, é logicamente compatível com o ordenamento afirmar que o 
objeto da relação jurídica possa recair sobre a própria pessoa (e.g., direitos da 
personalidade) ou pessoa alheia (e.g., direitos dos pais ao exercerem o pátrio poder, 
direitos dos cônjuges ao afeto e solidariedade mútuos). Além disso, nem toda relação 
jurídica necessitará de cunho patrimonial direito. Se é certo que algumas relações 
jurídicas serão sempre patrimoniais (como na relação jurídica obrigacional, ou na 
tributária), também é certo que em outras este elemento terá caráter meramente 
secundário. 
b) Objeto mediato – Trata-se do fim almejado pelo direito. O conteúdo do mesmo, 
propriamente dito. Ex: na hipoteca, o objeto imediato é o imóvel dado em garantia, o 
objeto mediato é a garantia da dívida em si. 
2.3. Quanto ao vínculo – O vínculo é o elemento que liga os sujeitos ao objeto, dando 
coesão à relação jurídica. É o elemento de integração entre ambos. Também 
denominado vínculo de atributividade, pode decorrer da vontade humana (ex: 
contrato, testamento), ou da lei. 
3. Alguns exemplos de relações jurídicas 
3.1. Relação jurídica obrigacional - O direito das obrigações envolve sempre 
prestação de cunho pecuniário. Trata-se de uma relação jurídica existente entre um 
credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo), com relação a uma prestação 
(objeto), ligados por um vínculo (que pode ser a lei, o negócio jurídico, o ato ilícito do 
qual surja dever de reparar o dano, etc). 
ESQUEMA DIDÁTICO NÚMERO 01 
 
 
 
 
 
CREDOR 
(sujeito ativo da relação 
obrigacional) 
DEVEDOR 
(sujeito passivo da 
relação obrigacional) 
Elemento 
anímico 
PRESTAÇÃO(elemento objetivo) 
3.2. Relação jurídica tributária – Na relação jurídica de Direito Tributário, ocorrendo 
um fato gerador, forma-se a obrigação tributária, a qual possui como sujeito ativo 
(credor) o Estado (aqui denominado Fisco), e como sujeito passivo o contribuinte. O 
objeto da obrigação tributária é o tributo devido, surgido a partir de um fato gerador pré-
definido em lei (a propriedade urbana, no IPTU, os vencimentos tributáveis no IR, etc), 
calculado através de uma alíquota incidente sobre uma base de cálculo. O vínculo aqui 
será sempre a lei. 
ESQUEMA DIDÁTICO 02 
RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA 
 
FISCO 
(sujeito ativo da 
obrigação tributária) 
CONTRIBUINTE 
(sujeito passivo da 
obrigação tributária) 
PRESTAÇÃO 
(elemento objetivo) 
VÍNCULO 
JURÍDICO – A LEI

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