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DIREITO INTERNACIONAL DO TRABALHO Marco Antônio Cèsar Villatore

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Direito Internacional do TrabalhoDireito Internacional do Trabalho
Marco Antônio César Villatore
www.iesde.com.br
Direito Internacional do Trabalho
2.ª edição
2010
Marco Antônio César Villatore
Doutor em Direito pela Universidade de Roma I, “La Sapienza”, revalidado 
pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Direito pela Pon-
tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor da Graduação e da 
Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Professor 
da Faculdade Internacional de Curitiba (Facinter) e do Centro Universitário Curi-
tiba (UNICURITIBA). Coordenador da Especialização em Direito do Trabalho da 
PUCPR. Consultor do Mercado Comum do Sul (Mercosul) 2005/06. Advogado.
Marco Antônio César Villatore
Sumário
Direito do Trabalho no Mercosul ...........................................9
Introdução ......................................................................................................................................9
Direito Comparado ......................................................................................................................9
Evolução do Direito do Trabalho no Mercosul ................................................................ 13
O Direito do Trabalho nas Constituições 
dos Estados integrantes do Mercosul ................................................................................ 19
Harmonização das normas trabalhistas ............................................................................ 26
Conclusões ................................................................................................................................... 27
Direito do Trabalho na União Europeia ............................ 31
Evolução ....................................................................................................................................... 31
Carta dos Direitos Fundamentais ........................................................................................ 34
Convenção Europeia 
sobre o futuro da Europa ........................................................................................................ 37
Constituição Europeia ............................................................................................................. 43
Tratado de Lisboa ...................................................................................................................... 48
Estados-membros ..................................................................................................................... 54
Organismos da União Europeia ........................................................................................... 54
Fontes de direito da União Europeia .................................................................................. 55
Fontes vinculantes 
da União Europeia e o direito nacional ............................................................................. 56
Sanções pela demora na regulamentação 
da diretiva pelo Estado-membro ......................................................................................... 57
Considerações finais ................................................................................................................. 58
Organização Internacional do Trabalho ........................... 61
Evolução ....................................................................................................................................... 61
Objetivos ...................................................................................................................................... 62
Membros ...................................................................................................................................... 63
Pseudotripartição ...................................................................................................................... 64
Estrutura ....................................................................................................................................... 65
Documentos ................................................................................................................................ 67
Hierarquia das convenções da OIT ...................................................................................... 68
Considerações finais ................................................................................................................. 70
Convenções fundamentais 
da Organização Internacional do Trabalho ..................... 73
Introdução ................................................................................................................................... 73
Convenção 29 da OIT – 
abolição do trabalho forçado................................................................................................ 74
Convenção 87 da OIT – liberdade sindical 
e proteção ao direito de sindicalização ............................................................................. 76
Convenção 98 da OIT – 
direito de sindicalização e negociação coletiva ............................................................. 78
Convenção 100 da OIT – salário igual 
para trabalho de igual valor entre homens e mulheres .............................................. 78
Convenção 105 da OIT – 
abolição do trabalho forçado................................................................................................ 79
Convenção 111 da OIT – discriminação 
em matéria de emprego e ocupação (profissão) ........................................................... 80
Convenção 138 da OIT – 
idade mínima para admissão em emprego ..................................................................... 81
Convenção 182 da OIT – piores formas 
de trabalho infantil e ação imediata para a sua eliminação ...................................... 83
Considerações finais ................................................................................................................. 84
Resumo ......................................................................................................................................... 84
Referências .................................................................................. 87
Introdução1
O interesse no estudo do Direito do Trabalho no Mercosul, como órgão 
de integração regional, deve-se ao fato da evolução de tal tema, pois o seu 
tratado instituidor, de Assunção, firmado em 26 de março de 1991, era quase 
totalmente omisso quanto a esse aspecto. 
Analisaremos, em princípio, a importância do Direito Comparado, com 
uma síntese de seu histórico, a sua correta denominação e as vantagens e 
desvantagens em sua utilização.
Verificaremos, portanto, essa evolução legislativa e doutrinária, com a cria-
ção de subgrupos de trabalho, o Foro Consultivo Econômico-social, a Decla-
ração Sociolaboral, além da ideia de uma Carta Social.
Após essa análise, ocorrerá uma incursão nas Constituições dos quatro 
países integrantes do Mercado Comum do Sul (Mercosul), abordando os seus 
aspectos trabalhistas, fazendo-se breves comparações entre elas.
Antes da conclusão deste estudo, procederemos à análise da importância 
da harmonização das regras trabalhistas, com especial atenção àquelas refe-
rentes às principais Convenções Internacionais da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT).
Direito Comparado2
O estudo do Direito Comparado figura entre os mais modernos, sendo que 
alguns dos autores atuais o viram crescer. Mesmo assim, podemos retroceder 
nos séculos e ver que os povos se interessam pela legislação de outros países 
que tiveram adquirido certa fama.
Direito do Trabalho 
no Mercosul
1 A base dopresente trabalho encontra-se em alguns de nossos estudos, como em “Direito do Trabalho no Mercosul e nas 
Constituições dos Estados-partes” (VILLATORE, 2004a).
2 A base do presente item se encontra em Utilidade e Métodos do Direito Comparado (ANCEL, 1980).
10
Direito do Trabalho no Mercosul
Evolução
Os decênviros, encarregados de redigir a Lei das XII Tábuas, primeira legis- �
lação escrita de Roma, buscaram informações em leis estrangeiras, princi-
palmente as leis da Grécia.
Platão utilizou métodos comparativos para o seu livro � As Leis.
Aristóteles discutiu as legislações existentes, principalmente a de Cartago. �
Montesquieu, em � O Espírito das Leis (1748), utilizou-se de outras legisla-
ções.
Criação, na Faculdade de Direito de Paris, em 1838, de um curso de legis- �
lação penal comparada.
Criação da Sociedade de Legislação Comparada, na França, em 1869. �
Na Inglaterra, também em 1869, foi criada a primeira cadeira de Direito �
Comparado, na Universidade de Oxford.
Na mesma época, no Japão, houve a era da ocidentalização (Meiji), ocor- �
rendo a tradução dos códigos franceses para servir de base a uma codifi-
cação moderna e o recebimento, pelas universidades japonesas, dos pri-
meiros juristas ocidentais.
Exposição Universal em Paris, no ano de 1900, em que a Sociedade de �
Legislação Comparada convoca um Congresso Internacional de Direito 
Comparado cujos anais, em dois volumes, são a base do Direito Comparado 
moderno.
A legislação comparada sucede um Direito Comparado que não mais se �
limita à comparação de textos de leis, mas leva em consideração a doutrina, 
a jurisprudência, a formação histórica e a evolução de determinado regime 
jurídico.
Direito Comparado entre as duas guerras mundiais
Primeira Guerra Mundial
O desenvolvimento comparativista após a Primeira Guerra Mundial é facili-
tado, pois a Carta Política da Europa foi profundamente modificada, desapare-
cendo antigos Estados, surgindo novos, outros se reconstituindo ou absorvendo 
novos territórios, todos eles com uma tarefa legislativa a ser levada a efeito.
Direito do Trabalho no Mercosul
11
As dificuldades políticas, financeiras e sociais dos Estados europeus, a super-
veniência da grave crise econômica e sobretudo o surgimento de regimes autori-
tários passaram a comprometer o clima de cooperação internacional.
A Rússia já se separava praticamente da Europa Ocidental após 1917.
Os regimes totalitários da Alemanha (nacional-socialismo) e da Itália (fascismo) 
surgem como exemplos mais marcantes que conduzem à rejeição das importa-
ções estrangeiras, a desconfiança em relação às permutas que vinham ocorrendo 
na Europa.
O período que precedeu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi o mais 
desfavorável às Confrontações Comparatistas.
Segunda Guerra Mundial
As Nações Unidas tentaram aproximar os sistemas e defender os direitos fun-
damentais. O antigo clima de confiança e otimismo havia desaparecido. Nessa 
época, o próprio Direito Comparado atravessou uma crise. O desaparecimento 
do nazismo e do fascismo não restabeleceram a atmosfera liberal de 1900. Após 
a Segunda Guerra Mundial, a Teoria do Direito Comparado assumiu nova facha-
da, por meio da Escola Crítica. Na atualidade, com a abertura da Comunidade 
Europeia e do Mercosul, estamos com a atividade comparativa a pleno vapor.
Noção
Direito Comparado é uma ciência que estuda o Direito utilizando o chamado 
método comparativo.
Não é um ramo da ordem jurídica, por isso deveria ser usada a expressão com-
paração de Direitos e não Direito Comparado, mas, por ser extremamente comum, 
a expressão está consagrada internacionalmente.
Vantagens e benefícios do Direito Comparado
Inexiste, sob a sua diversidade de legislações, uma unidade do Direito �
enquanto instrumento de concórdia social e enquanto criação do espírito 
humano? Formular essa questão implica justificar o estudo comparativo do 
Direito. É uma questão primordial que só poderemos responder no final de 
nossas explicações.
12
Direito do Trabalho no Mercosul
O terreno prático e concreto, ao inverso, evidencia que o conhecimento do �
Direito Estrangeiro – ao menos o contato – é frequentemente indispensável 
ao advogado, ao magistrado, ao procurador, ao diplomata e ao legislador. 
Todos os sistemas de conflitos de leis admitem, em certos casos, a aplicação 
de lei estrangeira. Poderíamos ignorá-la? Não.
Papel formador do Direito Comparado: possibilita ao estudante novas �
aberturas, fazendo com que conheça outras regras e sistemas diferentes 
dos seus, e, ao jurista, permite um melhor conhecimento e uma melhor 
compreensão de seu direito, cujas características particulares ficam mais 
evidentes por meio de uma comparação com o estrangeiro. Enriquece a 
bagagem do jurista, até do mais graduado, pois o Direito Comparado lhe 
fornece as perspectivas, as ideias, os argumentos, que o simples conheci-
mento de seu próprio Direito não lhe permitiria.
O método comparativo é necessário para o estudo aprofundado da histó- �
ria do Direito ou da filosofia jurídica. Ele salienta, ainda, a Teoria Geral do 
Direito. Somente o Direito Comparado pode oferecer uma visão completa 
do fenômeno jurídico.
Desde a Antiguidade, sempre se pensou que o conhecimento dos direitos �
estrangeiros era de importância primeira para o legislador. Nenhuma legis-
lação, atualmente, pode ignorar as legislações estrangeiras. Assim o é, par-
ticularmente, no momento das uniões regionais, como a União Europeia e 
o Mercosul, e em uma época em que há um esforço geral pela organização 
de uma ordem jurídica pacífica e coordenada. As dificuldades existentes 
nessa matéria não podem ser esquecidas, mas elas advêm da supremacia 
do Direito, apesar de ainda não ser plenamente reconhecida. A prática do 
Direito Comparado pode apresentar, nesse sentido, grande utilidade.
O Direito Comparado, no caso do Direito do Trabalho brasileiro, é consi- �
derado uma fonte de Direito, como estabelecido no artigo 8.º da Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT).
Desvantagens
Complexidade do Direito nacional � : o Direito nacional já é extremamente 
complexo.
Direito do Trabalho no Mercosul
13
Fonte constante de confusão � : entende-se que é ilusão pretender conhe-
cer e assimilar o Direito estrangeiro. Problemas surgem com importações 
apressadas e afirmações descontroladas.
Direito faz parte do patrimônio do país � : o Direito é bem comum dos cida-
dãos, fruto da tradição, um espelho da sociedade em que é aplicado. Em 
vez de aproximá-lo dos outros sistemas, é preciso, ao contrário, dar inde-
pendência e protegê-lo contra toda a alteração vinda de fora.
Evolução do Direito do Trabalho no Mercosul
Como brevemente lembrado na introdução deste estudo, o Tratado de Assun-
ção, firmado em 26 de março de 1991, ao contrário do ocorrido com o Tratado 
de Roma, de 1957, instituidor da Comunidade Econômica Europeia, nada previa 
de específico sobre o tema de Direito do Trabalho, mas, tão somente, em seu pre-
fácio, a indicação de objetivo de desenvolvimento econômico com justiça social, 
além de melhoria das condições de vida da população.
Na parte final do artigo 13 do Tratado de Assunção, há a indicação de que o 
Grupo Mercado Comum poderia constituir alguns subgrupos de trabalho que 
fossem necessários para cumprir os seus objetivos, contando, inicialmente, com 
dez subgrupos.
Subgrupos de Trabalho
Pouco mais de um mês após a assinatura do Tratado instituidor do Mercosul, 
em Montevidéu, no dia 9 de maio, por pressões de organismos sindicais e com a 
intervenção de alguns países, ou aceitação destes, foi elaborada uma Declaração 
dos Ministros do Trabalho do Mercosul, com a criação de um Subgrupo de Tra-
balho, de número 11, sobre assuntos trabalhistas, modificado para assuntos de 
trabalho, de emprego e de seguridade social.
Por meioda Resolução Mercosul/GMC/RES 11/91, portanto, foi criado o Sub-
grupo de Trabalho 11, referente a Assuntos Trabalhistas, modificado pela Resolu-
ção Mercosul/GMC/RES 11/92, com nova denominação para Subgrupo de Traba-
lho 11, sobre Relações Trabalhistas, Emprego e Seguridade Social. 
Importante ressaltar que o Subgrupo 11, similarmente, como ocorre no sis-
tema encontrado na OIT, funcionava de modo tripartido, com votos de repre-
14
Direito do Trabalho no Mercosul
sentação dos governos e de representação de organizações sindicais de tra-
balhadores (normalmente por meio de centrais sindicais) e de empregadores, 
inclusive em cada uma das reuniões das comissões supracitadas.
Esse subgrupo originário possuía oito comissões, a saber:
relações individuais de trabalho; �
relações coletivas de trabalho; �
emprego; �
formação profissional; �
saúde e seguridade no trabalho; �
seguridade social; �
setores específicos; �
princípios. �
A Comissão 8, do ex-Subgrupo 11, sobre princípios, recomendou aos Estados-
-partes a adoção de um elenco mínimo comum de Convenções Internacionais 
da OIT, totalizando 34, sendo que, como lembrava Oscar Ermida Uriarte (1996, 
p. 17), a 
[...] finalidad es la de crear un piso mínimo de protección de los derechos de los trabajadores 
de la región, válido en toda la dimensión geográfica de ésta. Es obvio que no se apunta a 
crear un Derecho supranacional, sino a establecer, a través de la coincidencia de los convenios 
internacionales ratificados por cada país, un Derecho internacional del trabajo común o uniforme 
por coincidencia. (grifo do autor)
O mesmo autor, em outra obra (ERMIDA URIARTE, 2004, p. 29), alerta-nos que, 
das supracitadas 34 Convenções Internacionais, somente 12 foram ratificadas 
pelos quatro países do Mercosul, quais sejam: a de número 11, sobre sindicaliza-
ção na agricultura; a de número 14, sobre descanso semanal; a de número 26, so- 
bre salário mínimo; a de número 29, sobre trabalho forçado; a de número 81, sobre 
inspeção do trabalho; a de número 95, sobre proteção do salário; a de número 
98, sobre liberdade sindical e negociação coletiva; a de número 100, sobre igual-
dade de remuneração; a de número 105, sobre abolição do trabalho forçado; a de 
número 111, sobre igualdade e não discriminação; a de número 115, sobre prote-
ção contra radiações e a de número 159, sobre readaptação profissional.
A Resolução do Grupo Mercado Comum 20/95, que criou o Subgrupo de Tra-
balho 10, teve a primeira sessão em outubro de 1995 e simplesmente resgatou o 
Subgrupo anterior, de número 11. 
Direito do Trabalho no Mercosul
15
Carta Social do Mercosul
A própria Declaração dos Ministros do Trabalho ocorrida em Montevidéu, no 
dia 9 de maio de 1991, a que já nos referimos, previa a conveniência de analisar 
a viabilidade na adoção de uma Carta Social ou Carta de Direitos Fundamentais 
para o Mercado Comum do Sul.
A mesma Comissão 8 do ex-Subgrupo 11 foi encarregada de realizar essa aná-
lise, com a ideia de que tal carta poderia fazer parte de um Protocolo adicional ao 
Tratado instituidor do Mercosul, sendo constituída uma subcomissão tripartida 
com esse propósito.
Algumas centrais sindicais dos Estados-partes elaboraram um anteprojeto 
denominado Carta dos Direitos Fundamentais do Mercosul – Proposta dos Tra-
balhadores, sendo que a ideia principal era a de instituir mecanismos de controle 
nos Estados, com aplicação de sanções pelo não cumprimento das regras alí cons-
tantes, além da criação de um tipo de Tribunal Supranacional para executar tais 
penalidades.
Apesar de a proposta de uma Carta Social do Mercosul não ser abandonada 
quando da mudança do Subgrupo 11 para o 10, essa ideia perdeu boa parte da 
vontade política que existia até então, como frisado por Oscar Ermida Uriarte 
(1996, p. 18-19).
O mesmo autor (1996, p. 19) entende que 
[...] una alternativa a la Carta Social, que se há venido discutiendo en alguno de los países miembros 
del Mercosur, sería la de adoptar una técnica análoga a la del Acuerdo Laboral Complementario 
del TLC: un mecanismo de control de la efectiva aplicación de las normas laborales nacionales, 
sin creación de un cuerpo de normas o principios supra o internacionales. De todos modos, una 
alternativa de este tipo requeriría que una fuente internacional estableciera ese compromiso de 
cumplimiento, así como alguna forma supra o internacional de control.
Hermelino de Oliveira Santos (1998, p. 330) nos lembra que, além de um 
consenso em torno de uma Carta Social tripartite (Estados-partes, empregados, 
empregadores), haveria a necessidade de criação de um parlamento como na 
União Europeia, para se almejarem a harmonização e a adoção de sistema como 
Resoluções e Diretivas. 
Foro consultivo econômico-social
A base do referido instituto encontra-se na parte final do artigo 14 do Tra-
tado de Assunção (BATISTA, 1998, p. 19), que assim dispõe: “Ao elaborar e propor 
16
Direito do Trabalho no Mercosul
medidas concretas no desenvolvimento de seus trabalhos, até 31 de dezembro 
de 1994, o Grupo Mercado Comum poderá convocar, quando julgar conveniente, 
representantes de outros órgãos da Administração Pública e do setor privado.”
Com a publicação do Protocolo de Ouro Preto, de 17 de dezembro de 1994, por 
meio dos seus artigos 28 a 30, houve a criação de um Foro Consultivo Econômico-
-social, sendo o primeiro e único órgão permanente de documentos constitutivos 
do Mercosul de competência laboral.
As sessões do Foro Consultivo Econômico-social têm como participantes as 
organizações mais representativas de trabalhadores e de empregadores, além de 
representantes dos governos dos Estados-partes do Mercosul, em aplicação do 
artigo 28, acima citado.
O artigo 29 do Protocolo, por seu lado, estabelece que a função do Foro será 
meramente consultiva, manifestando-se ao Grupo de Mercado Comum, órgão 
executivo do Mercosul, através de Recomendações.
O último artigo acima citado demonstra a necessidade de apenas uma homo-
logação do Regimento Interno pelo Grupo de Mercado Comum, ou seja, criando 
uma maior autonomia do referido Foro.
Interessante frisar que o supracitado Protocolo de Ouro Preto, após o período 
de transição, trouxe-nos a estrutura institucional do Mercosul, estabelecendo os 
seus órgãos e as suas atribuições.
Observatório do Mercado de Trabalho
O Observatório do Mercado de Trabalho (OMT) foi criado em 1997, funcio-
nando no país que detém a presidência provisória do Mercosul, cuja rotatividade 
é anual.
Em razão da inexistência de um OMT nacional permanente em cada um dos 
quatro Estados-partes, o funcionamento do OMT é bastante limitado.
O objetivo principal desse mecanismo é o de se obterem informações con-
tínuas em vários institutos, inclusive naquele que se refere ao Mercado de Tra-
balho. 
Direito do Trabalho no Mercosul
17
Declaração Sociolaboral do Mercosul
Em 10 de dezembro de 1998, durante a 15.ª Reunião Ordinária, foi firmada, 
no Rio de Janeiro, a Declaração Sociolaboral do Mercosul, sendo subdividida nas 
seguintes partes: Direitos Individuais, Direitos Coletivos, Outros Direitos e, por 
último, Aplicação e Seguimento.
Esse importante documento surgiu por meio de sugestões das centrais sindi-
cais e do próprio Subgrupo de Trabalho 10, tendo por base as oito Convenções 
Internacionais da Organização Internacional do Trabalho denominadas funda-
mentais e que deveriam ser ratificadas por todos os países.
As referidas Convenções e as ratificações (2005) ocorridas em cada um dos 
Estados-partes são as seguintes: 
Ratificações das Convenções 
Fundamentais da Organização Internacional do Trabalho 
pelos Estados-partes do Mercosul
Trabalho Forçado Liberdade Sindical Discriminação Trabalho Infantil
Conv. 29 Conv. 105 Conv. 87 Conv. 98 Conv. 100 Conv. 111 Conv. 138 Conv. 182
Argentina14/03/1950 18/01/1960 18/01/1960 24/09/1956 24/09/1956 18/06/1968 11/11/1996 05/02/2001
Brasil 25/04/1957 18/06/1965 – 18/11/1952 25/04/1957 26/11/1965 28/06/2001 02/02/2000
Paraguai 28/08/1967 16/05/1968 28/06/1962 21/03/1966 24/06/1964 10/07/1967 03/03/2004 07/03/2001
Uruguai 06/09/1995 21/11/1968 18/03/1954 18/03/1954 16/11/1989 16/11/1989 02/06/1977 03/08/2001
Notamos, portanto, que o Brasil é o único país integrante do Mercosul que não 
ratificou todas as oito Convenções Fundamentais da OIT, restando a Convenção 
87, sobre Liberdade Sindical, justamente em razão da nossa unicidade sindical 
e da cobrança obrigatória de contribuição (art. 8.º, II e IV, da CF/88, respectiva-
mente).
Wolnei de Macedo Cordeiro (2000, p. 141) nos explica que 
[...] a postura apresentada pelas lideranças do Mercosul não representou um avanço significativo 
no processo de inserção das questões sociais no âmbito do processo de integração, tampouco 
significou um aprimoramento da regulação das relações de trabalho no Cone Sul. Questões rele-
vantes do ponto de vista da regulação do trabalho foram sistematicamente excluídas da Decla-
ração, optando as lideranças do Mercosul pela inserção de aspectos totalmente pacificados.
18
Direito do Trabalho no Mercosul
Importante transcrever os ensinamentos e as atualizações do professor Héctor 
Babace (2004, p. 307-308), no seguinte sentido: 
[...] es prematuro establecer opinión sobre los resultados de la actuación de este organismo 
pero seguramente será importante dependiendo de que las memorias se hagan con sinceridad 
y seriedad, y de acuerdo a la respuesta de los Gobiernos a las eventuales recomendaciones y 
planes que le haga y le proponga la Comisión al GMC.
En la primera ronda solo Uruguay cumplió los plazos, y Paraguay fue el único que no remitió 
el informe de la CSL nacional. Además las Memorias se elaboraron sólo por los Gobiernos sin 
participación de los actores sociales.
Convenção de financiamento Mercosul-União Europeia 
para o Projeto de Dimensão Sociolaboral do Mercosul 
(ALA/2003/005-767)3
O surgimento desse mecanismo se deu no ano de 1999, a partir de um pedido 
encaminhado pelo Mercosul à comissão estabelecida pela União Europeia. Já em 
março de 2000, a referida comissão estabeleceu como missão a identificação com 
finalidade de concretizar as medidas de cooperação e definir o marco do projeto, 
concretizado em junho de 2002.
O projeto determina que será responsável político o Grupo de Mercado 
Comum, sendo beneficiários diretos de ação o Subgrupo de Trabalho 10, a Decla-
ração Sociolaboral e o Foro Consultivo Econômico-social.
O objetivo geral do projeto é o desenvolvimento da dimensão sociolaboral do 
Mercosul, e o seu objetivo específico é o fortalecimento das instâncias do Merco-
sul relativas ao diálogo socioeconômico, mediante um reforço do diálogo estru-
turado entre os distintos atores políticos e socioeconômicos.
Como resultados esperados, encontramos os seguintes: 
fortalecimento do diálogo e da negociação entre os representantes gover- �
namentais e socioeconômicos (Subgrupo de Trabalho 10 e Declaração 
Sociolaboral), inclusive com a organização de um Congresso sobre Diálogo 
Social; 
3 O texto desta Convenção nos foi gentilmente encaminhado pelo amigo Professor Doutor Leonardo Araújo e se encontra trans-
crito em <www.rvadvogados. com.br>.
Direito do Trabalho no Mercosul
19
consolidação do OMT (com elaboração de uma estratégia nesse sentido, �
além de uma proposta para a harmonização de formação e de certificação 
profissional no Mercosul); 
criação do Observatório de Mercado Único (com elaboração do projeto de �
sua criação e apresentação do projeto pelos órgãos de decisão correspon-
dentes); 
fortalecimento institucional do Foro Consultivo Econômico-social (devendo �
efetuar um diagnóstico do seu funcionamento e elaborar um plano de ação 
para o seu fortalecimento, além de definir uma política de informação, de 
publicação e de desenvolvimento do site na internet).
A sede do Projeto encontra-se em Brasília, em locais cedidos pelo Ministé-
rio do Trabalho e Emprego do Brasil, e terá como investimento o valor total de 
€1.250.000, sendo €980.000 mil advindos da União Europeia, por meio de fundos 
não reembolsáveis, e os restantes €270.000 mil por parte do Mercosul.
O Direito do Trabalho nas Constituições 
dos Estados integrantes do Mercosul4
Uruguai
A Constituição da República Oriental do Uruguai, em vigor, foi promulgada 
no final de 1984, poucos meses antes das eleições presidenciais que culminaram 
com a posse de Julio Maria Sanguinetti, sendo característico da época o fato de 
várias leis adotadas pelo governo de fato serem expressamente “anuladas” com o 
restabelecimento da democracia, principalmente as que se referiam às relações 
coletivas, conforme citado por Gabriela Campos Ribeiro (1998, p. 154).
Uma das características do sistema uruguaio é a grande quantidade de ratifi-
cações de Convenções da OIT, sendo que, somente na época da promulgação da 
Constituição, foram em número de 13.
4 Os artigos das Constituições dos Estado-partes do Mercosul tiveram como fonte Câmara dos Deputados, 2001.
20
Direito do Trabalho no Mercosul
Ao contrário do que ocorre nos demais países integrantes do Mercosul, a Cons-
tituição uruguaia estabelece uma menor importância do poder estatal no que se 
refere ao Direito Coletivo do Trabalho. Já no que diz respeito ao Direito Individual, 
a importância da legislação é enorme, sendo que a grande maioria dos institutos 
existentes encontra-se fixada em legislação específica.
A base da Constituição do Uruguai, referente ao Direito do Trabalho, é prin-
cipiológica, como ocorre com a Argentina, e diversamente das Constituições do 
Brasil e do Paraguai, que enumeram alguns direitos relacionados ao trabalho.
O princípio base da supracitada Carta Magna é o da proteção, sendo impres-
cindível, assim como ocorre com os demais países integrantes, como bem lem-
brado por Américo Plá Rodriguez (1993, p. 28).
O mesmo renomado autor (1995, p. 34) nos ensina que “la protección del tra-
bajo – que tiene su símbolo en la vigencia efectiva de los principios propios del 
derecho laboral – debe asegurarse en cualquier situación y ante cualquier contin-
gencia”.
Apesar da existência de muita flexibilidade nas relações de trabalho uruguaias, 
é natural que surjam restrições para que não exista o risco de se extrapolar o limite 
necessário.
O artigo 39 da Constituição uruguaia estabelece que “todas las personas tienen 
el derecho de asociarse, cualquiera sea el objeto que persigan, siempre que no 
constituyan una asociación ilícita declarada por la ley”.
Específico sobre o Direito do Trabalho, podemos citar os artigos 53 até 57 da 
Constituição, assim discriminada:
Art. 53. O trabalho está sob proteção especial da lei, sendo que todos os cidadãos têm o dever 
de aplicar energias intelectuais ou corporais para benefício da coletividade e esta tem o dever de 
prover um sustento mediante desenvolvimento de atividade econômica.
Art. 54. Estabelece regras gerais com proteção legal, como justa remuneração, limitação de jor-
nada, descanso semanal e higiene física, além da moral. Indica, ainda, que o trabalho da mulher 
e do menor receberá regras especiais da lei.
Art. 55. A lei regulamentará a distribuição imparcial e equitativa do trabalho.
Art. 56. Obrigatoriedade de fornecimento de alimentação e de alojamento adequados, deter-
minados em lei, para as empresas que exijam a permanência do empregado no local de 
emprego.
Art. 57. A lei promoverá a organização de sindicatos, ditando normas para o seu reconhecimento 
como pessoas jurídicas.
Criará, também, tribunais de conciliação e de arbitragem.
Prevê, ainda, o direito de greve.
Direito do Trabalho no Mercosul
21
A República Oriental do Uruguai, portanto,é principiológica no que se refere 
ao Direito do Trabalho previsto na sua Constituição democrática. O artigo 57 
supracitado demonstra a situação existente naquele país no sentido de uma 
liberdade nas relações coletivas de trabalho, inexistindo regulamentação estatal 
nas negociações coletivas, diferindo dos demais países integrantes do Mercosul, 
como analisaremos a seguir.
Argentina
Em 24 de agosto de 1994, foi sancionada a nova Constituição da República 
Argentina, ocorrendo uma profunda reforma sem que houvesse golpe de Estado 
ou conflitos, como era frequente em outros tempos.
Apesar dessa importante reforma, principalmente em seu aspecto político, 
com a possibilidade de reeleição de Presidente e Vice-Presidente da Repú-
blica, houve uma parcial continuidade no que se refere ao aspecto do Direito 
do Trabalho, consubstanciado nos artigos 14, 14 bis e 15 da Constituição, que 
assim determinam:
Art. 14. Todos os habitantes da Nação gozam dos seguintes direitos conforme as leis que regu-
lamentam o seu exercício: de trabalhar e de exercer toda indústria lícita; [...] de usar e dispor de 
sua propriedade; de se associar com fins úteis [...]
Art. 14 bis. O trabalho em suas diversas formas gozará da proteção das leis que asseguram a 
todo trabalhador: condições dignas e equitativas de trabalho; jornada limitada; descanso e 
férias remunerados; retribuição justa; salário mínimo vital móvel; isonomia salarial; participação 
nos lucros e nos resultados da empresa, com controle da produção e colaboração na sua dire-
ção; proteção contra a despedida arbitrária; estabilidade do funcionário público; organização 
sindical livre e democrática, reconhecida pela simples inscrição em um registro especial.
Fica garantido aos sindicatos: elaborar convenções coletivas de trabalho; recorrer à conciliação 
e à arbitragem; o direito de greve. Os representantes sindicais gozarão de garantias necessá-
rias para o cumprimento de sua gestão sindical e as relacionadas com a estabilidade em seu 
emprego. 
[...]
Art. 15. Na Nação Argentina não há escravidão; os poucos que possam ainda existir estão livres 
por esta Constituição; e uma lei especial regulará as indenizações a que dê lugar esta declaração. 
Todo contrato de compra e venda de pessoas é um crime de que serão responsáveis os que o 
celebrarem, e o escrivão ou funcionário que o autorize. E os escravos que de qualquer modo 
sejam trazidos tornam-se livres pelo simples fato de pisar no território da República.
Importante lembrar que o artigo 75, parte 22, da mesma Constituição, prevê a 
recepção de Tratados Internacionais com hierarquia superior à da legislação exis-
tente, inclusive sendo possível a aplicação de regras da Santa Sé (Vaticano).
22
Direito do Trabalho no Mercosul
A parte 23 do mesmo artigo supracitado estabelece que o Congresso argen-
tino deverá legislar e promover medidas de ações positivas que garantam a igual-
dade real de oportunidades e de tratamento, além do pleno gozo e exercício dos 
direitos reconhecidos pela Constituição e pelos Tratados Internacionais vigentes 
sobre os direitos humanos, em particular respeito às mulheres, aos menores, aos 
idosos e às pessoas portadoras de deficiência.
Por último, a parte 24 do mesmo artigo 75 estabelece que caberá ao Con-
gresso aprovar tratados de integração que deleguem competências e jurisdição 
a organizações supraestatais em condições de reciprocidade e de igualdade, e 
que respeitem a ordem democrática e os direitos humanos, sendo que as normas 
ditadas em sua consequência terão hierarquia superior às leis.
De forma similar ao que ocorre no Uruguai, a Constituição da Argentina nos 
traz regras principiológicas, sendo necessário alertar que alguns dos institutos 
de Direito do Trabalho, encontrados nos artigos acima transcritos, sequer foram 
objeto de legislação infraconstitucional.
Paraguai
Como bem lembra Wolney de Macedo Cordeiro (2000, p. 145), 
[...] de todos os países integrantes do Mercosul, o Paraguai é o que certamente tem a democra-
cia mais fragilizada. Anos e anos de ditaduras e de coibição de princípios políticos e democráti-
cos fragilizaram o ordenamento constitucional paraguaio.
A nova Constituição da República do Paraguai foi editada em 20 de junho de 
1992 e, ao menos no aspecto formal, possuía uma sistematização dos Direitos 
Fundamentais e do Direito do Trabalho.
Assim como ocorre no Brasil, mesmo porque foi a sua inspiração, a Constitui-
ção paraguaia tem por característica a existência de vários direitos trabalhistas 
em seu corpo, restringindo ou impedindo, por sua hierarquia, a modificação de 
suas regras.
O Direito do Trabalho, na Constituição paraguaia, em âmbito privado, encon-
tra-se insculpido nos artigos 86 até 99, sendo destacado da seguinte forma:
Art. 86. Direito ao Trabalho
Todos os habitantes da República têm direito a um trabalho lícito, livremente escolhido e a rea-
lizar-se em condições dignas e justas. A Lei protegerá o trabalho em todas as suas formas e os 
direitos que ela outorga ao trabalhador são irrenunciáveis.
Direito do Trabalho no Mercosul
23
Art. 87. Pleno Emprego
O Estado promoverá políticas que tendam ao pleno emprego e à formação profissional de recur-
sos humanos, dando preferência ao trabalhador nacional.
Art. 88. Não Discriminação
Não se admitirá discriminação alguma entre os trabalhadores por motivos étnicos, de sexo, 
idade, religião, condição social e preferências políticas ou sindicais. O trabalho das pessoas com 
limitações ou incapacidades físicas ou mentais será especialmente amparado.
Art. 89. Trabalho das Mulheres
Os trabalhadores de um ou de outro sexo têm os mesmos direitos e obrigações laborais, porém 
a maternidade será objeto de especial proteção, que compreenderá os serviços assistenciais e 
os descansos correspondentes, os quais não serão inferiores a doze semanas. A mulher não será 
dispensada durante a gravidez, e muito menos enquanto durarem os descansos pela materni-
dade. A Lei estabelecerá o regime de licença-paternidade.
Art. 90. Trabalho dos Menores
Dar-se-á prioridade aos direitos do menor trabalhador para garantir seu normal desenvolvi-
mento físico, intelectual e moral.
Art. 91. Jornadas de Trabalho e de Descanso
A duração máxima de jornada ordinária de trabalho não excederá de oito horas diárias e qua-
renta e oito horas semanais, diurnas, salvo as legalmente estabelecidas por motivos especiais. A 
Lei fixará jornadas mais favoráveis para as tarefas insalubres, periculosas, penosas, noturnas ou 
as que se desenvolvam em turnos ininterruptos de revezamento. Os descansos e as férias anuais 
serão remunerados conforme a Lei.
Art. 92. Retribuição pelo Trabalho
O trabalhador tem direitos a desfrutar de uma remuneração que lhe assegure, a ele e a sua 
família, uma existência livre e digna. A Lei consagrará o salário vital mínimo e móvel, o décimo 
terceiro salário, o salário-família, o reconhecimento de um salário superior ao básico por horas 
de trabalho insalubre ou periculoso, e as horas extraordinárias, noturnas e em dias de feriados. 
Corresponde, basicamente, igual salário por igual trabalho.
Art. 93. Benefícios Adicionais ao Trabalhador
O Estado estabelecerá um regime de estímulo a todas as empresas que incentivem com bene-
fícios adicionais a seus trabalhadores. Tais emolumentos serão independentes dos respectivos 
salários e de outros benefícios legais.
Art. 94. Estabilidade e Indenização
O direito à estabilidade do trabalhador restará garantido dentro dos limites que a Lei estabeleça, 
assim como seu direito à indenização no caso de dispensa injustificada.
Art. 95. Seguridade Social
O sistema obrigatório e integral de seguridade social para o trabalhador independente e 
de sua família será estabelecido pela Lei. Promover-se-á sua extensão a todos os setores 
da população.
24
Direito do Trabalho noMercosul
Os serviços do sistema de seguridade social poderão ser públicos, privados ou mistos, e em 
todos os casos estarão supervisionados pelo Estado.
Os recursos financeiros da seguridade social não serão desviados de seus fins específicos e esta-
rão disponíveis para este objetivo, sem prejuízo das inversões lucrativas que possam acrescentar 
seu patrimônio.
Art. 96. Liberdade Sindical
Todos os trabalhadores públicos ou privados têm direito a se organizar em sindicatos sem 
necessidade de autorização prévia. Exceções deste direito são os membros das Forças Armadas 
e das Polícias. Os empregadores gozam de igual liberdade de organização. Ninguém pode ser 
obrigado a pertencer a um sindicato.
Para o reconhecimento de um sindicato, bastará a inscrição do mesmo em um órgão adminis-
trativo competente.
Na eleição das autoridades e no funcionamento dos sindicatos se observarão as práticas demo-
cráticas estabelecidas na Lei, a qual garantirá também a estabilidade do dirigente sindical.
Art. 97. Convenções Coletivas
Os sindicatos têm o direito a promover ações coletivas e a elaborar convenções sobre as condi-
ções de trabalho.
O Estado favorecerá as soluções conciliatórias dos conflitos de trabalho e a concertação social. 
A arbitragem será optativa.
Art. 98. Direito de Greve e de Paralisação
Todos os trabalhadores dos setores públicos e privados têm o direito a recorrer à greve em 
caso de conflito de interesses. Os empregadores gozam do direito de paralisação nas mesmas 
condições.
Os direitos de greve e de lock-out não alcançam aos membros das Forças Armadas da Nação, 
nem a dos policiais.
A Lei regulará o exercício destes direitos, de tal maneira que não afetem serviços públicos 
imprescindíveis para a comunidade.
Art. 99. Cumprimento das Normas Laborais
O cumprimento das normas laborais e das de seguro e higiene no trabalho estará sujeito 
à fiscalização das autoridades criadas pela Lei, a qual estabelecerá as sanções no caso de 
sua violação.
A Constituição do Paraguai, portanto, elenca uma série de artigos e determina-
ções de cunho trabalhista, restando por consolidar as regras ali inseridas.
Importante lembrar que o Paraguai é o país integrante do Mercosul que prevê, 
diretamente, a supranacionalidade das regras internacionais. 
Direito do Trabalho no Mercosul
25
Brasil
A atual Constituição Federal da República Federativa do Brasil foi promulgada 
no dia 5 de outubro de 1988 e significou uma fase de transição da sociedade 
brasileira, passando de um regime autoritário para um regime democrático.
A Assembleia Nacional Constituinte foi instalada no governo do Presidente 
José Sarney e teve a participação das partes sociais (entidades sindicais mais 
representativas de empregados e de empregadores) em sua elaboração, o que se 
pode verificar facilmente na análise do teor do artigo 8.º e incisos da Constituição 
Federal (CF), que previa uma real liberdade sindical, mas que acabou ratificando 
as já existentes: unicidade e contribuição obrigatória sindicais.
Assim como ocorreria quatro anos mais tarde com a Constituição do Paraguai, 
a CF brasileira trouxe uma série de regras trabalhistas, individuais e coletivas, 
encontradas nos artigos 6.º a 11.
Importante lembrar que o artigo 7.º e incisos da Constituição do Brasil modifi-
caram muito a relação empregatícia rurícola, pois igualou trabalhadores urbanos 
e rurais em suas regras. A Lei 5.889/73, porém, prevê uma série de situações que 
diferenciam, na legislação infraconstitucional, os dois tipos de trabalhador, como 
as regras sobre trabalho noturno, por exemplo.
Outro tipo de empregado que teve sua relação modificada foi a doméstica, 
sendo interessante ressaltar que a ideia primeira do legislador constituinte era de 
prever os mesmos direitos do artigo 7.º e incisos da Carta Magna aos trabalhado-
res urbanos, rurais e domésticos. Ocorre que o legislador, percebendo o problema 
de igualar um trabalhador cuja relação é muito mais que de emprego, beirando 
uma quase adoção dentro da residência, tratou de excepcionar alguns direitos, 
caracterizando os incisos aplicáveis dentro do parágrafo único do mesmo artigo 
7.º da CF.
Encontramos, todavia, na nossa Constituição, alguns incisos flexíveis, como são 
os casos dos incisos VI (irredutibilidade salarial), XIII (duração do trabalho) e XIV 
(turnos ininterruptos de revezamento) do artigo 7.º, todos alteráveis mediante 
negociação coletiva (Convenção ou Acordo Coletivo de Trabalho).
A inserção de regras tão delimitadas de ordem trabalhista, dificultando qual-
quer modificação, fora os incisos comentados no parágrafo anterior, causa o pro-
blema do engessamento total (caso consideremos tais incisos como cláusulas 
pétreas), ou parcialmente, quando se obriga a aprovar uma Emenda Constitucio-
nal para se efetuar tal mudança.
26
Direito do Trabalho no Mercosul
Com a promulgação da Carta Magna, portanto, o Brasil elevou os direitos 
sociais a um patamar constitucional, do que adveio uma verdadeira constitucio-
nalização do Direito do Trabalho. 
Hermelino de Oliveira Santos (1998, p. 324), nesse sentido, afirmou o seguinte: 
[...] cabe observar que a Constituição de 1988, apelidada de constituição-cidadã, em conse-
quência (dentre outras) da “constitucionalização” dos direitos trabalhistas, inclusive dando 
causa a relações de trabalho sem registro e ao aparecimento de formas esdrúxulas, como são 
as falsas cooperativas de trabalhadores rurais, decorrentes de alterações legislativas inconse-
quentes e não resultantes de um fato social, como foi a modificação do artigo 442, da Conso-
lidação das Leis do Trabalho, totalmente em desconformidade com o fato social/trabalhista 
que pretendeu disciplinar, mas que vem recebendo reprovação sistemática por parte da juris-
prudência trabalhista.
Amauri Mascaro Nascimento (1997, p. 443-444) nos explica o seguinte: 
[...] sistemas jurídicos assimétricos podem comprometer esses esforços na medida em que se 
distancia o custo do trabalho nos mesmos, o que pode se refletir sobre o preço dos produtos. 
Mas não é apenas essa a razão que leva à tentativa da referida harmonização. A integração eco-
nômica não é fim, é meio. Em última instância, instrumentaliza-se como forma de alcançar o 
objetivo maior da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos para cujo fim é indispensável 
assegurar aos trabalhadores condições de trabalho que permitam a consecução dessa meta.
Importante citar que o Brasil transforma as regras internacionais em grau hie-
rárquico similar ao de legislação ordinária, gerando um problema em relação aos 
demais Estados-partes, pois qualquer lei ordinária posterior poderia revogar, dire-
tamente, as regras internacionais.
Harmonização das normas trabalhistas
Não poderíamos deixar de tecer algumas considerações sobre uma harmo-
nização das normas trabalhistas dos países integrantes do Mercosul, principal-
mente quando analisamos fatores de integração entre membros de um mesmo 
bloco regional.
Lembramos que essa harmonização ou aproximação de legislações entre 
os Estados-partes não significa uma verdadeira unificação, que obrigaria a 
todos os membros assumir regras únicas, ocasionando uma perda de autono-
mia e de soberania.
Importante consideração nos traz Carlos Alberto Chiarelli (2004, p. 18), afir-
mando que 
Direito do Trabalho no Mercosul
27
[...] o aproximar-se ocorre em diferentes circunstâncias e nos mais diversos contextos coleti-
vos. A formação do grupo-embrião de uma pequena comunidade no pretérito distingue-se do 
ímpeto de adesão do operário moderno que se associa ao sindicato, clara resposta da sociedade 
industrial ao sentimento corporativo, gênero de espécie das motivações profissionais. Há enor-
mes diferenças, mas é forçoso reconhecer que, num e noutro caso, em termos cronológica e cul-
turalmente diferenciados, há, no ato de coletivização,uma busca de projeção, um sentimento 
de ter consigo o “nós”, que não despersonaliza, mas que o fará mais forte do que o “eu” isolado.
Ressaltamos que a OIT, que se reúne, no mínimo, uma vez ao ano, é impor-
tantíssima para a harmonização das regras de Direito do Trabalho dentro de um 
bloco econômico, pois, ao orientar os países integrantes a ratificarem uma série 
de Convenções Internacionais fundamentais, torna muito mais fácil a aproxima-
ção de suas legislações e, também, com o que vem sendo uma preocupação em 
tantos outros países que fazem parte de tal organismo internacional.
Conclusões
A instituição do Mercosul não se preocupou com a inserção de regras traba-
lhistas, mas tão somente de normas econômicas.
Os organismos sindicais mais representativos dos quatro países integrantes 
do Mercosul, verificando tal problema, iniciaram uma série de manifestações que 
culminaram por modificar tal situação, iniciando por criar um novo Subgrupo de 
trabalho, como comentado no corpo de nosso estudo.
O Foro Consultivo Econômico-social foi outro instrumento importante, princi-
palmente por ser o primeiro e o único instituto permanente, criado por meio do 
Protocolo de Ouro Preto.
Por novas pressões das entidades sindicais, o Mercosul criou a Declaração 
Sociolaboral, com base nas oito Convenções Fundamentais da Organização Inter-
nacional do Trabalho, ligadas à liberdade sindical, ao trabalho do menor, à não 
discriminação no trabalho e ao combate do trabalho escravo.
Algo que ainda depende de regulamentação, apesar da existência de um pro-
jeto elaborado pelas entidades sindicais, é a Carta Social, como comentado em 
nosso trabalho.
Releva destacar o investimento da União Europeia nas instituições do Mer-
cosul ligadas ao Direito do Trabalho, como verificamos nos comentários sobre a 
28
Direito do Trabalho no Mercosul
convenção de financiamento Mercosul-União Europeia para o Projeto de Dimen-
são Sociolaboral do Mercosul. Esperamos que tal investimento venha a auxiliar o 
desenvolvimento dos institutos já comentados anteriormente em nosso estudo.
A importância da análise das Constituições dos países integrantes do Mercosul 
está intimamente ligada à necessidade de uma harmonização das regras traba-
lhistas, pois somente dessa forma estar-se-á chegando a uma verdadeira integra-
ção entre povos, em nosso bloco regional, o que facilitaria grandemente os avan-
ços que todos desejamos para o sucesso da própria instituição.
Ampliando seus conhecimentos
Utilidade e Métodos do Direito Comparado, de Marc Ancel, Fabris editora.
Constitucionalização do Direito do Trabalho no Mercosul, de Hermelino de 
Oliveira Santos, editora LTr, capítulo “Propostas de harmonizações das legis-
lações”.
Evolução1
Renato Scognamiglio (1997, p. 25) nos informa que se manifestaram 
fortes tendências de unificação, no continente europeu, principalmente nos 
setores social e econômico, originando a instituição do Conselho da Europa 
mediante o Tratado de 5 de maio de 1949, marcando assim o primeiro fruto 
do novo fervor político da unificação no Velho Continente.
Um ano após, em 9 de maio de 1950, elaborou-se a Declaração denomi-
nada Schuman, sobrenome do ministro de Negócios Exteriores da França, 
com base nos problemas de renascimento da Alemanha pós-guerra, con-
forme apontado por Antonio Lo Faro (1996, p. 47).
O Tratado de Roma, em vigor a partir de 1.º de janeiro de 1958, tinha por 
finalidade instaurar um mercado comum, além de um gradual agrupamento 
das políticas econômicas entre os Estados-membros.
A previsão do tratado era a de se chegar ao mercado comum até 31 de 
dezembro de 1969, mas sequer se realizou nos anos 1970 e primeira metade 
dos anos 80, em virtude da grande crise econômica mundial.
No ano de 1985, a Comissão chegou a expor ao Parlamento europeu um 
programa para se chegar ao objetivo desejado até o final de 1992, sendo que 
no mesmo ano se apresentou o denominado Livro Branco, visando dar atua-
ção ao programa denominado Mercado Interno 1992.
O chamado Ato Único europeu, em vigor a partir de 1.º de julho de 1987, 
estabeleceu o empenho dos Estados-membros em realizar a livre circulação 
de mercadorias, de serviços, de capitais e de pessoas, a começar de 1.º de 
janeiro de 1993.
Direito do Trabalho 
na União Europeia
1 A base do presente trabalho encontra-se em alguns de nossos estudos: VILLATORE, 2000; VILLATORE, 2005.
32
Direito do Trabalho na União Europeia
Edoardo Ghera (1997, p. 27) afirma que 
[...] o momento de máxima expressão de uma política unitária em matéria de trabalho é, sem 
dúvidas, representado pela aprovação, em 9 de dezembro de 1989, da Carta comunitária dos 
direitos sociais fundamentais (denominada Carta Social). A Carta, aprovada em Estrasburgo 
pelos chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros da Comunidade, não possui valor 
juridicamente vinculante, mas individualiza alguns pontos que são objetivos prioritários da 
Comunidade: aquele, dito tradicional, da livre circulação dos trabalhadores à tutela de ocupação 
e da justa retribuição, do melhoramento das condições sociais à segurança social, da liberdade 
sindical e de contratação coletiva à participação dos trabalhadores, da igualdade de tratamento 
entre os sexos à tutela do ambiente de trabalho.
O memorável Massimo D’Antona (1996, p. 14) nos explica que a Carta 
comunitária não assumiu o valor de ato do ordenamento comunitário, mas 
somente de declaração solene entre os Estados-membros, em razão do veto 
da Grã-Bretanha.
O Tratado sobre a União Europeia (TUE), firmado em Maastricht, em 17 de 
fevereiro de 1992, e que entrou em vigor em 1.º de novembro de 1993, cria 
uma nova etapa no processo de criação de uma união mais estreita entre os 
Estados europeus.
Seus principais objetivos são a criação de um espaço sem fronteiras internas, 
com o reforço da coalisão econômica e social e a instauração de uma união eco-
nômica e monetária. Visa, ainda, ao desenvolvimento de estreita cooperação 
nos setores de justiça e dos negócios internos, além de uma atuação de política 
externa e de segurança comum, incluindo uma possível defesa comum dos Esta-
dos-membros.
O mesmo professor Edoardo Ghera (1997, p. 27) lembra que a própria política 
social foi o principal obstáculo para se chegar ao caminho da unificação, trazendo, 
como exemplo de consequência, a assinatura de protocolo sobre política social, 
anexado ao Tratado de Maastricht por decisão não da unanimidade, porém da 
maioria dos Estados-membros, com a negativa do Reino Unido. Com esse fato, já 
mencionado anteriormente, na atualidade não se exige a unanimidade dos Esta-
dos-membros para a aprovação de documentos, somente vinculando as regras ali 
estabelecidas àqueles que o assinarem, à exceção dos setores de segurança social, 
em matéria de licenciamento e de tutela e representação de interesses coletivos, 
de condições de emprego de trabalhadores extracomunitários e de contribuições 
financeiras para a promoção de ocupação.
Direito do Trabalho na União Europeia
33
Segundo Massimo D’Antona (1996, p. 4), 
[...] o Tratado de Maastricht não modifica a natureza jurídica da Comunidade europeia, mas, sim, 
a reforça em algumas características: a extensão das tarefas e a inserção das mesmas no quadro 
mais amplo da União, caso não venha a possuir elementos suficientes para dar vida a um Estado 
federal europeu, pelo menos autorizando a se falar de uma forma “pré-federativa” de união entre 
os Estados-membros.
O próprio Tratado de Maastricht previu a convocação de uma conferência 
intergovernativa para a revisão e modificação de determinadas disposições conti-
das nos dois tratados anteriores (da Comunidade e da União Europeias) gerando, 
então, a assinatura, pelos Estados-membros, do Tratado de Amsterdã, em 2 de 
outubro de 1997, entrando em vigor em 1.º de maio de 1999.O Tratado de Nice, firmado em 26 de fevereiro de 2001, que entrou em vigor 
em 1.º de fevereiro de 2003, atualizou os tratados anteriores, surgindo uma nova 
versão consolidada.
O Conselho Europeu, reunido em Laeken (Bélgica), em 14 e 15 de dezembro de 
2001, convocou a Convenção Europeia sobre o Futuro da Europa que, em 20 
de junho de 2003, copiou na segunda parte de seu texto, literalmente, a Carta dos 
Direitos Fundamentais da União.
A Constituição Europeia, aprovada pelos 25 Estados-membros em 18 e 19 de 
junho de 2004 e firmada em Roma no dia 29 de outubro de 2004, deveria ser 
ratificada por todos os Estados-membros para entrar em vigor, tendo, também, 
copiado a Declaração dos Direitos Fundamentais, em seu texto, mas houve res-
posta negativa em plebiscitos na França e, logo em seguida, na Holanda, em 2005. 
Com tal resultado negativo, os líderes europeus elaboraram um novo documento 
até o final de 2007, resultando no Tratado de Lisboa, adotado em 19 de outu-
bro, sendo assinado pelos 27 Estados-membros da União Europeia no dia 13 de 
dezembro de 2007, com obrigatoriedade de ratificação pelos países supracitados, 
como será analisado mais detalhadamente no corpo deste trabalho.
Eduardo Biacchi Gomes (2008, p. 77) bem explica que “a Carta Europeia 
de Direitos Fundamentais, 2001, adotada no contexto da União Europeia, não 
possui natureza obrigatória. Estima-se que, com a entrada em vigor do Tra-
tado Reformador de Lisboa, 2007, a mesma venha a ser incorporada dentro 
do acervo comunitário”.
34
Direito do Trabalho na União Europeia
Carta dos Direitos Fundamentais
A Declaração dos Direitos Fundamentais da União Europeia, proclamada 
em Nice, em 7 de dezembro de 2000, ou seja, antes do Tratado de Nice, como 
explicado no item anterior, tinha por objetivo principal uma união cada vez mais 
estreita entre os Estados europeus, reforçando, também, a proteção dos direitos 
fundamentais dos cidadãos.
Dentre os princípios citados, no seu texto, encontramos o princípio da digni-
dade, que é inviolável, tendo previsão, em seu artigo 5.º, de proibição da escravi-
dão e do trabalho forçado,2 com as seguintes orientações:
1. Ninguém pode ser sujeito à escravidão nem à servidão.
2. Ninguém pode ser constrangido a realizar trabalho forçado ou obrigatório.
3. É proibido o tráfico de seres humanos.
O segundo princípio citado na Carta, em seu Capítulo II, é o da liberdade, 
em que “todas as pessoas têm direito à liberdade e à segurança”, chegando-se 
ao artigo 15, prevendo “a liberdade profissional e o direito de trabalhar”3 com a 
seguinte caracterização:
1. Todas as pessoas têm o direito de trabalhar e de exercer uma profissão livremente escolhida 
ou aceite.
2. Todos os cidadãos da União têm a liberdade de procurar emprego, de trabalhar, de se estabe-
lecer ou de prestar serviços em qualquer Estado-membro.
3. Os naturais de países terceiros que sejam autorizados a trabalhar no território dos Estados-
-membros têm direito a condições de trabalho equivalentes àquelas de que se beneficiam os 
cidadãos da União.
O terceiro princípio encontrado no texto é o da igualdade, em que todas as 
pessoas são iguais perante a lei, integrando, aqui, também, o princípio da não 
discriminação, conforme artigo 21 e subitens abaixo transcritos:
1. É proibida a discriminação em razão, designadamente, do sexo, raça, cor ou origem étnica ou 
social, características genéticas, língua, religião ou convicções, opiniões políticas ou outras, per-
tença a uma minoria nacional, riqueza, nascimento, deficiência, idade ou orientação sexual.
2. No âmbito de aplicação do Tratado que institui a Comunidade Europeia e do Tratado da União 
Europeia, e sem prejuízo das disposições especiais destes Tratados, é proibida toda a discrimina-
ção em razão da nacionalidade.
2 Publicamos material sobre o assunto no Direito Brasileiro: VILLATORE, 2004.
3 Publicamos material sobre o assunto no Direito Comparado: VILLATORE; SAMPAIO, 2004.
Direito do Trabalho na União Europeia
35
Além disso, no artigo 23 da Carta dos Direitos Fundamentais da União 
Europeia, está estabelecida a “igualdade entre homens e mulheres”, com as 
seguintes características:
1. Deve ser garantida a igualdade entre homens e mulheres em todos os domínios, incluindo em 
matéria de emprego, trabalho e remuneração.
2. O princípio da igualdade não obsta a que se mantenham ou adotem medidas que prevejam 
regalias específicas a favor do sexo sub-representado.
Por último, relativamente ao princípio da igualdade, prevê, em seu artigo 26, 
a “integração das pessoas com deficiência”,4 explicando que “a União reconhece e 
respeita o direito das pessoas com deficiência a se beneficiarem de medidas des-
tinadas a assegurar a sua autonomia, a sua integração social e profissional e a sua 
participação na vida da comunidade”.
O Capítulo IV prevê o princípio da solidariedade, com os seguintes artigos:
Art. 27
DIREITO À INFORMAÇÃO E À CONSULTA DOS TRABALHADORES NA EMPRESA
Deve ser garantida aos níveis apropriados, aos trabalhadores ou aos seus representantes, a infor-
mação e consulta, em tempo útil, nos casos e nas condições previstos pelo direito comunitário 
e pelas legislações e práticas nacionais.
Art. 28
DIREITO DE NEGOCIAÇÃO E DE AÇÃO COLETIVA
Os trabalhadores e as entidades patronais, ou as respectivas organizações, têm, de acordo com 
o direito comunitário e as legislações e práticas nacionais, o direito de negociar e de celebrar 
convenções coletivas, aos níveis apropriados, bem como de recorrer, em caso de conflito de 
interesses, a ações coletivas para a defesa dos seus interesses, incluindo a greve.
Art. 29
DIREITO DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE EMPREGO
Todas as pessoas têm direito de acesso gratuito a um serviço de emprego.
Art. 30
PROTEÇÃO EM CASO DE DISPENSA SEM JUSTA CAUSA
Todos os trabalhadores têm direito a proteção contra as dispensas sem justa causa, de acordo 
com o direito comunitário e as legislações e práticas nacionais.
4 Publicamos material sobre o assunto no Direito Comparado: VILLATORE, 2000.
36
Direito do Trabalho na União Europeia
Art. 31
CONDIÇÕES DE TRABALHO JUSTAS E EQUITATIVAS
1. Todos os trabalhadores têm direito a condições de trabalho saudáveis, seguras e dignas.
2. Todos os trabalhadores têm direito a uma limitação da duração máxima do trabalho e a perío-
dos de descanso diário e semanal, bem como a um período anual de férias pagas.
Art. 32
PROIBIÇÃO DO TRABALHO INFANTIL E PROTEÇÃO DOS JOVENS NO TRABALHO
É proibido o trabalho infantil. A idade mínima de admissão ao trabalho não pode ser inferior à 
idade em que cessa a escolaridade obrigatória, sem prejuízo de disposições mais favoráveis aos 
jovens e salvo derrogações bem delimitadas.
Os jovens admitidos ao trabalho devem se beneficiar de condições de trabalho adaptadas à sua 
idade e de uma proteção contra a exploração econômica e contra todas as atividades suscetí-
veis de prejudicar a sua segurança, saúde ou desenvolvimento físico, mental, moral ou social ou 
ainda de pôr em causa a sua educação.
Art. 33
VIDA FAMILIAR E VIDA PROFISSIONAL
1. É assegurada a proteção da família nos planos jurídico, econômico e social.
2. A fim de poderem conciliar a vida familiar e a vida profissional, todas as pessoas têm direito 
a proteção contra a dispensa por motivos ligados à maternidade, bem como a uma licença por 
maternidade paga e a uma licença parental pelo nascimento ou adoção de um filho.
Art. 34
SEGURANÇA SOCIAL E ASSISTÊNCIA SOCIAL
1. A União reconhece e respeita o direito de acesso às prestações de segurança social e aos 
serviços sociais que concedem proteção em casos como a maternidade, doença, acidentes de 
trabalho, dependência ou velhice, bem como em caso de perda de emprego, de acordo com o 
direito comunitário e as legislações e práticas nacionais.
2. Todas as pessoasque residam e que se desloquem legalmente no interior da União têm direito 
às prestações de segurança social e às regalias sociais nos termos do direito comunitário e das 
legislações e práticas nacionais.
3. A fim de lutar contra a exclusão social e a pobreza, a União reconhece e respeita o direito a 
uma assistência social e a uma ajuda à habitação destinadas a assegurar uma existência con-
digna a todos aqueles que não disponham de recursos suficientes, de acordo com o direito 
comunitário e as legislações e práticas nacionais.
Art. 35
PROTEÇÃO DA SAÚDE
Todas as pessoas têm o direito de aceder à prevenção em matéria de saúde e de se beneficiar 
de cuidados médicos, de acordo com as legislações e práticas nacionais. Na definição e exe-
cução de todas as políticas e ações da União, será assegurado um elevado nível de proteção 
da saúde humana.
Direito do Trabalho na União Europeia
37
Nas disposições gerais, encontra-se o artigo 53 da Carta dos Direitos Funda-
mentais sobre nível de proteção atentando sobre o fato de que:
Nenhuma disposição da presente Carta deve ser interpretada no sentido de restringir ou lesar 
os direitos do Homem e as liberdades fundamentais reconhecidos, nos respectivos âmbitos de 
aplicação, pelo direito da União, o direito internacional e as convenções internacionais em que 
são partes a União, a Comunidade ou todos os Estados-membros, nomeadamente a Convenção 
europeia para a proteção dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais, bem como 
pelas Constituições dos Estados-membros.
Finaliza a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia com o artigo 54, 
que estabelece o seguinte: 
Nenhuma disposição da presente Carta deve ser interpretada no sentido de implicar qualquer 
direito de exercer atividades ou praticar atos que visem à destruição dos direitos ou liberdades 
por ela reconhecidos, ou restrições maiores desses direitos e liberdades que as previstas na pre-
sente Carta.
O supracitado texto foi aproveitado para a elaboração da Convenção Europeia, 
como será analisado no próximo item.
Convenção Europeia sobre o futuro da Europa
O prefácio da supracitada Convenção explicava que “tendo constatado que 
a União Europeia se encontrava numa encruzilhada decisiva da sua existência, 
o Conselho Europeu, reunido em Laeken (Bélgica), em 14 e 15 de dezembro de 
2001, convocou a Convenção Europeia sobre o Futuro da Europa”.
O texto da Convenção Europeia foi apresentado em 20 de junho de 2003 ao 
Conselho Europeu reunido em Salônica, possuindo na sua Parte I, Título I, a defini-
ção e os objetivos da União, tendo seu fundamento em 
[...] valores do respeito pela dignidade humana, da liberdade, da democracia, da igualdade, do 
Estado de direito, e do respeito pelos direitos humanos. Estes valores são comuns aos Estados- 
-membros, numa sociedade caracterizada pelo pluralismo, a tolerância, a justiça, a solidariedade 
e a não discriminação.
A Convenção Europeia copiou, literalmente, a Carta dos Direitos Fundamentais 
da União, em sua Parte II.
O Capítulo III nos traz as “políticas em outros domínios específicos”, inician-
do-se pelo emprego, no seguinte teor:
38
Direito do Trabalho na União Europeia
EMPREGO
Artigo III-97
A União e os Estados-membros empenhar-se-ão, nos termos da presente seção, em desenvolver 
uma estratégia coordenada em matéria de emprego e, em especial, em promover uma mão 
de obra qualificada, formada e suscetível de adaptação, bem como mercados de trabalho que 
reajam rapidamente às mudanças econômicas, tendo em vista alcançar os objetivos enunciados 
no artigo I-3.
Artigo III-98
1. Através das suas políticas de emprego, os Estados membros contribuirão para a realização 
dos objetivos previstos no artigo III-97, de forma coerente com as orientações gerais das polí-
ticas econômicas dos Estados-membros e da Comunidade adotadas em aplicação do n.º 2 do 
artigo III-71.
2. Tendo em conta as práticas nacionais relativas às responsabilidades dos parceiros sociais, os 
Estados-membros considerarão a promoção do emprego uma questão de interesse comum 
e coordenarão a sua ação neste domínio no âmbito do Conselho, nos termos do disposto no 
artigo III-100.
Artigo III-99
1. A União contribuirá para a realização de um elevado nível de emprego, incentivando a co- 
operação entre os Estados-membros, apoiando e, se necessário, completando a sua ação. Ao 
fazê-lo, respeitará as competências dos Estados-membros.
2. O objetivo de alcançar um elevado nível de emprego será tomado em consideração na defini-
ção e execução das políticas e ações da União.
Artigo III-100
1. O Conselho Europeu procederá anualmente à avaliação da situação do emprego na União 
e adotará conclusões nessa matéria, com base num relatório anual conjunto do Conselho de 
Ministros e da Comissão.
2. Com base nas conclusões do Conselho Europeu, o Conselho, sob proposta da Comissão ado-
tará anualmente as diretrizes que os Estados-membros devem ter em conta nas respectivas 
políticas de emprego. O Conselho de Ministros delibera após consulta ao Parlamento Europeu, 
ao Comitê das Regiões, ao Comitê Econômico e Social e ao Comitê de Emprego.
Essas diretrizes deverão ser coerentes com as orientações gerais adotadas em aplicação do n. 2 
do artigo III-71.
3. Cada Estado-membro transmitirá ao Conselho de Ministros e à Comissão um relatório anual 
sobre as principais medidas tomadas para executar a sua política de emprego, à luz das orienta-
ções em matéria de emprego previstas no n. 2.
4. Com base nos relatórios previstos no n. 3 e uma vez obtido o parecer do Comitê do Emprego, 
o Conselho de Ministros analisará anualmente a execução das políticas de emprego dos Esta-
dos-membros, à luz das diretrizes em matéria de emprego. O Conselho de Ministros, por reco-
mendação da Comissão, pode adotar recomendações dirigidas aos Estados-membros.
Direito do Trabalho na União Europeia
39
5. Com base nos resultados daquela análise, o Conselho de Ministros e a Comissão apresentarão 
anualmente ao Conselho Europeu um relatório conjunto sobre a situação do emprego na União 
e a aplicação das diretrizes em matéria de emprego.
Artigo III-101
A lei ou lei-quadro europeia pode definir ações de incentivo destinadas a fomentar a cooperação 
entre os Estados-membros e a apoiar a sua ação no domínio do emprego, por meio de iniciativas 
que tenham por objetivo desenvolver o intercâmbio de informações e de boas práticas, facultar 
análises comparativas e consultadoria, promover abordagens inovadoras e avaliar a experiência 
adquirida, em especial mediante o recurso a projetos piloto. A lei ou lei-quadro europeia é ado-
tada após consulta ao Comitê das Regiões e ao Comitê Econômico e Social.
A lei ou lei-quadro europeia não implicará a harmonização das disposições legislativas e regula-
mentares dos Estados-membros.
Artigo III-102
O Conselho de Ministros adotará, por maioria simples, uma decisão europeia que crie um Comitê 
do emprego, com caráter consultivo, para promover a coordenação das políticas em matéria de 
emprego e de mercado de trabalho entre os Estados-membros. O Conselho de Ministros deli-
bera após consulta ao Parlamento Europeu.
O Comitê terá por funções:
a) acompanhar a evolução da situação do emprego e das políticas de emprego nos Estados- 
-membros e na União;
b) sem prejuízo do artigo III-247, formular pareceres, quer a pedido do Conselho de Ministros 
ou da Comissão, quer por iniciativa própria, e contribuir para a preparação das deliberações do 
Conselho de Ministros a que se refere o artigo III-100.
No cumprimento do seu mandato, o Comitê consultará os parceiros sociais.
Os Estados-membros e a Comissão nomearão, cada um, dois membros do Comitê.
SEÇÃO 2
POLÍTICA SOCIAL
Artigo III-103
A União e os Estados-membros, tendo presentes os direitos sociais fundamentais, tal como os 
enunciama Carta Social Europeia, assinada em Turim, em 18 de outubro de 1961, e a Carta 
Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores, de 1989, têm por objetivos 
a promoção do emprego, a melhoria das condições de vida e de trabalho, de modo a permitir 
a sua harmonização, assegurando simultaneamente essa melhoria, uma proteção social ade-
quada, o diálogo entre parceiros sociais, o desenvolvimento dos recursos humanos, tendo em 
vista um nível de emprego elevado e duradouro e a luta contra as exclusões.
Para o efeito, a União e os Estados-membros atuam tendo em conta a diversidade das práticas 
nacionais, em especial no domínio das relações contratuais, e a necessidade de manter a capa-
cidade concorrencial da economia da União.
40
Direito do Trabalho na União Europeia
A União e os Estados-membros consideram que esse desenvolvimento decorrerá não apenas do 
funcionamento do mercado interno, que favorecerá a harmonização dos sistemas sociais, mas 
igualmente dos processos previstos na Constituição e da aproximação das disposições legislati-
vas, regulamentares e administrativas.
Artigo III-104
A fim de realizar os objetivos enunciados no artigo III-103, a União apoia e completa a ação dos 
Estados-membros nos seguintes domínios:
a) Melhoria, principalmente, do ambiente de trabalho, a fim de proteger a saúde e a segurança 
dos trabalhadores;
b) Condições de trabalho;
c) Segurança social e proteção social dos trabalhadores;
d) Proteção dos trabalhadores em caso de rescisão do contrato de trabalho;
e) Informação e consulta aos trabalhadores;
f ) Representação e defesa coletiva dos interesses dos trabalhadores e das entidades patronais, 
incluindo a cogestão, sem prejuízo do n. 6;
g) Condições de emprego dos naturais de países terceiros que residam legalmente no Território 
da União;
h) Integração das pessoas excluídas do mercado de trabalho, sem prejuízo do artigo III-183;
i) Igualdade entre homens e mulheres quanto às oportunidades no mercado de trabalho e ao 
tratamento no trabalho;
j) Luta contra a exclusão social;
k) Modernização dos sistemas de proteção social, sem prejuízo da alínea “c”.
Para o efeito:
a) A lei ou lei-quadro europeia pode estabelecer medidas destinadas a fomentar a cooperação 
entre os Estados-membros, através de iniciativas que tenham por objetivo melhorar os conhe-
cimentos, desenvolver o intercâmbio de informações e de boas práticas, promover abordagens 
inovadoras e avaliar a experiência adquirida, com exclusão de qualquer harmonização das dis-
posições legislativas e regulamentares dos Estados-membros;
b) Nos domínios referidos nas alíneas “a” a “i” do n. 1, a lei-quadro europeia pode estabelecer 
prescrições mínimas progressivamente aplicáveis, tendo em conta as condições e as regula-
mentações técnicas existentes em cada um dos Estados-membros. Essas leis-quadro europeias 
devem evitar impor disciplinas administrativas, financeiras e jurídicas contrárias à criação e ao 
desenvolvimento de pequenas e médias empresas.
Artigo III-105
À Comissão cabe promover a consulta aos parceiros sociais ao nível da União e adotar todas as 
medidas necessárias para facilitar o seu diálogo, assegurando um apoio equilibrado às partes.
Para o efeito, antes de apresentar propostas no domínio da política social, a Comissão consultará 
os parceiros sociais sobre a possível orientação da ação da União.
Se, após essa consulta, a Comissão considerar desejável uma ação da União, consultará os par-
ceiros sociais sobre o conteúdo da proposta prevista. Estes enviarão à Comissão um parecer ou, 
quando adequado, uma recomendação.
Direito do Trabalho na União Europeia
41
Ao efetuarem essa consulta, os parceiros sociais podem informar a Comissão do seu desejo de 
dar início ao processo previsto no artigo III-106. A duração deste não pode exceder nove meses, 
salvo prorrogação decidida em comum por esses parceiros sociais e pela Comissão.
Artigo III-106
O diálogo entre os parceiros sociais ao nível da União pode conduzir, se estes o entenderem 
desejável, a relações contratuais, incluindo acordos.
Os acordos celebrados ao nível da União serão aplicados, quer segundo os processos e práticas 
próprios dos parceiros sociais e dos Estados-membros, quer nas matérias abrangidas pelo artigo 
III-104, a pedido conjunto das partes signatárias, com base em regulamentos europeus ou deci-
sões europeias adotados pelo Conselho de Ministros, sob proposta da Comissão. O Parlamento 
Europeu será informado dessa adoção. Se o acordo em questão contiver uma ou mais disposi-
ções relativas a um dos domínios para os quais é exigida a unanimidade nos termos do n. 3 do 
artigo III-104, o Conselho de Ministros delibera por unanimidade.
Artigo III-107
Tendo em vista a realização dos objetivos enunciados no artigo III-103 e sem prejuízo das demais 
disposições da Constituição, a Comissão incentiva a cooperação entre os Estados-membros e 
facilita a coordenação das suas ações nos domínios da política social abrangidos pela presente 
secção, designadamente em questões relativas: 
a) Ao emprego;
b) Ao direito do trabalho e às condições de trabalho;
c) À formação e ao aperfeiçoamento profissionais;
d) À segurança social;
e) À proteção contra acidentes e doenças profissionais;
f ) À higiene no trabalho;
g) Ao direito sindical e às negociações coletivas entre entidades patronais e trabalhadores.
Para o efeito, a Comissão atua em estreito contato com os Estados-membros, elaborando estu-
dos e pareceres e organizando consultas, tanto sobre os problemas que se colocam a nível 
nacional, como sobre os que interessam às organizações internacionais, nomeadamente através 
de iniciativas para definir orientações e indicadores, organizar o intercâmbio das melhores prá-
ticas e preparar os elementos necessários à fiscalização e à avaliação periódicas. O Parlamento 
Europeu é informado na íntegra.
Antes de formular os pareceres previstos no presente artigo, a Comissão consulta o Comitê 
Econômico e Social.
Artigo III-108
1. Os Estados-membros asseguram a aplicação do princípio da igualdade de remuneração entre 
trabalhadores masculinos e femininos, por trabalho igual ou de valor igual.
2. Para efeitos do presente artigo, entende-se por “remuneração” o salário ou vencimento 
ordinário, de base ou mínimo, e quaisquer outras regalias pagas, direta ou indiretamente, em 
dinheiro ou em espécie, pela entidade patronal ao trabalhador em razão do emprego deste 
último. A igualdade de remuneração sem discriminação em razão do sexo implica que:
42
Direito do Trabalho na União Europeia
a) a remuneração do mesmo trabalho pago à tarefa seja estabelecida na base de uma mesma 
unidade de medida;
b) a remuneração do trabalho pago por unidade de tempo seja a mesma para um mesmo posto 
de trabalho.
3. A lei ou lei-quadro europeia estabelece as medidas destinadas a garantir a aplicação do prin-
cípio da igualdade de oportunidades e da igualdade de tratamento entre homens e mulheres 
em matéria de emprego e de trabalho, incluindo o princípio da igualdade de remuneração por 
trabalho igual ou de valor igual. A lei ou lei-quadro europeia é adotada após consulta ao Comitê 
Econômico e Social.
4. A fim de assegurar, na prática, a plena igualdade entre homens e mulheres na vida profissio-
nal, o princípio da igualdade de tratamento não obsta a que os Estados-membros mantenham 
ou adotem medidas que prevejam regalias específicas destinadas a facilitar o exercício de uma 
atividade profissional pelas pessoas do sexo sub-representado, ou a prevenir ou compensar des-
vantagens na sua carreira profissional.
Artigo III-109
Os Estados-membros esforçam-se por manter a equivalência existente dos regimes de 
férias pagas.
Artigo III-110
A Comissão elabora anualmente um relatório sobre a evolução na realização dos objetivos a que 
se refere o artigo III-98, incluindo a situação

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