Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Clínica Médica de Animais de Companhia – Diarreia em Cães e Gatos Paulo Henrique da Silva Barbosa Medicina Veterinária – UFRRJ A principal causa de diarreia e vômito em pequenos animais é indiscrição alimentar, ou seja, quando o animal comeu algo que não está acostumado ou trocou bruscamente de ração. Animal que não consegue defecar na caixa de areia: sinal clínico. A diarreia pode ser: Aguda – Distúrbios gastro intestinais que duram até 15 dias. Crônica – Pode durar por semanas, meses (após 15 dias). É uma das principais síndromes na medicina veterinária de animais de companhia e pode ser classificada de acordo com o tipo, localização, evolução, etiologia. Tipos de Diarreia Osmótica: Causada por algo estranho “não de costume” no intestino que acaba puxando água para a luz intestinal, provocando diarreia. Os animais normalmente não ficam desidratados apesar de inapetentes e apáticos. Há certa consistência no material fecal. Comum nos filhotes quando sua capacidade de digestão e absorção é suplantada, por sobrecarga quantitativa (fornecimento) excessivo ou acesso acidental a alimentação palatável) ou qualitativa (mudança brusca na composição da dieta). Cessa com o jejum. Tratamento: Jejum de 12 – 24 horas , oferecendo, ao final do jejum, uma dieta de alta digestibilidade (arroz com peito de frango desfiado, por exemplo). Como não há lesão na mucosa intestinal, não faz-se necessário o uso de antibióticos. Secretória: As fezes apresentam forma liquefeita. Não há lesão na mucosa. Não cessa com o jejum, no início sai conteúdo alimentar (o que comeu), depois plasma, as fezes são claras e aquosas, perda de grande quantidade de fluidos e íons, grave desidratação e possibilidade de acidose metabólica. Exsudativa: Há lesão/inflamação da mucosa intestinal. As fezes são líquidas e podem conter proteínas, sangue, muco e outros líquidos, o que aumenta o volume e o conteúdo líquido das fezes. Por Hipermotilidade: Aumento da motilidade faz com que o conteúdo intestinal transite rapidamente, as vezes junto a gases, pelas alças intestinais gera o quadro diarréico associado a borborigmos. Localização da Diarreia Intestino Delgado Volume +++ Perda de Peso +++ Vômito + Melena (Sangue Digerido) Intestino Grosso Muco +++ Frequência +++ Tenesmo +++ Vômito + Sangue Vivo Não deve-se entrar com antibioticoterapia em quadros de diarreia que não sejam exsudativos pois não há, nestes quadros, lesão de mucosa. Questão de Prova – Talvez Cão com megaesôfago que não para de vomitar. Qual a procedência? Metoclopramida de 8/8h – Não para de vomitar. Aumenta a frequência 6/6h – Não para de vomitar. Introduz Vonau – Não para de vomitar. Óbvio que não funciona, não foi pesquisada a causa do vômito do animal. Nem procurou-se saber se tratava-se de vômito ou regurgitação. Um animal com megaesôfago apresentará regurgitação sempre caso não se faça o manejo alimentar adequado. Animal com insuficiência pancreática exócrina: Magro, com apetite voraz e diarreia. Grande volume de fezes. CAUSAS Distúrbios Intra Luminais (má digestão): IPE, Hipercrescimento bacteriano. Distúrbios da Mucosa (má absorção): Hipersensibilidade alimentar, DII, Neoplasias (Linfoma) Distúrbios da Pós Mucosa: Linfangiectasia DII – Doença Inflamatória Intestinal: O cão pode ter mas é muito mais comum em gatos (está presente na tríade felina, juntamente com colangiohepatite e pancreatite). A USG auxilia no diagnóstico mas somente microscopia/biópsia fecha o diagnóstico. ETIOLOGIA Manejo alimentar; Bactérias e vírus; Helmintos e protozoários; Inflamatórias; O que se fazer ao atender um paciente com diarreia? Anamnese; Exame físico; Se estiver desidratado – Fluidoterapia; Coleta de material – Sangue, fezes; Como chegar ao Diagnóstico? Cães com diarreia aguda: Exame de fezes, hemograma, bioquímica hepática e renal (para descartar doenças concomitantes), citologia fecal (dependendo do caso). Gatos: FIV e FELV (principalmente em casos de diarreia crônica). CASOS CLÍNICOS É regurgitação, fez radiografia contrastada e diagnosticou-se megaesôfago: Tratamento com manejo alimentar. É vômito, tem característica amarelada e muco que parece espuma (bile?). Vômito tem cheiro e aspecto de fezes. O problema está, possivelmente, no intestino delgado. Na palpação observa-se uma massa, aumento de sensibilidade. Faz-se USG: Diagnóstico de intussuscepção. Metoclopramida é utilizado nos casos mais iniciais e, se não houve resposta do animal, existe uma causa mais grave. Pode ser uma hepatopatia, etc. Se o animal está vomitando, mas está esperto, chega ao consultório abanando o rabinho, faz metoclopramida e observa-se a resposta. Pode ter sido uma troca de ração, uma quantidade exagerada de ração, etc. Se o animal está vomitando, letárgico, faz-se metoclopramida e já encaminha para outros exames. Fez metoclopramida e o animal não parou de vomitar -> Procura-se a causa -> Diagnóstico diferencial. Doenças infecto contagiosas podem ser uma das principais causas de vômito e diarreia nos animais. Imosec (Loperamida): Contra-indicado. Faz um efeito “rolha” onde possíveis toxinas presentes no intestino que estejam causando a diarreia, não serão eliminadas, podendo causar um dano ainda maior ao paciente.
Compartilhar