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Musicoterapia para Gestantes Federico

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www.gabrielfederico.com© • 1/13
XIII SImpóSIo Br aSIleIro de muSIcoter apIa,curIt IBa, Br aSIl 2009
MUSICOTERAPIA PRÉ-NATAL.
Por Lic. Gabriel Federico
A musicoterapia é a disciplina que estu-
da os aspectos sonoros das pessoas a nível 
receptivo, produtivo e relacional. Utiliza ao 
material sonoro-musical como recurso em 
toda sua dimensão para favorecer os pro-
cessos saudáveis no ser humano.
A presença dos desejos e dos vínculos 
é muito significativa no espaço musico-
terapêutico e ainda mais na gravidez. Nas 
seções de musicoterapia focal, a mulher 
grávida expressa e recebe, canalizando por 
meio da música e sons, um caudal emocio-
nal sobre o qual é estabelecido o espaço 
onde irá transcorrer o seu tratamento. 
A música utilizada como ferramenta prin-
cipal se transforma em uma ponte que per-
mite aos futuros país, vincularem-se com seu 
bebê antes do nascimento, o que permite a 
futura mamãe aproveitar mais de sua gravi-
dez, ao mesmo tempo em que brinda a pos-
sibilidade de elaborar os diferentes aspectos 
que, de maneira consciente e inconsciente 
exercem certa influência no mesmo.
A musicoterapia focal é muito mais que 
simplesmente pôr uma música agradável 
numa seção, é um espaço terapêutico onde 
se coloca em jogo todas as dimensões em 
funcionamento do ser humano melhoran-
do a sua qualidade de vida. 
Musicoterapia focal obstétrica
Para começar poderíamos dizer que o 
primeiro conceito para ser levado em conta 
é o nome da metodologia. Foi denominada 
de Musicoterapia Focal Obstétrica (MTFO) 
por dois pontos principais: o primeiro é 
pela duração tão breve dos tratamentos 
com mulheres grávidas, e o segundo pelo 
conceito de foco, tomado pelo doutor 
Hector Fioríni, o qual desenvolveu dentro 
da abordagem terapêutica das psicotera-
pias breves, este tipo de modalidade.
O conceito de musicoterapia focal na 
gravidez é algo que surge a partir de minha 
experiência clínica. A brevidade do trata-
mento, somente alguns meses, é dada devi-
do à atenção nesta proposta que é brindada 
somente durante o período de gestação.
As pacientes chegam aproximadamente 
entre a 15ª e 21ª semanas de gravidez, por 
isso contamos somente com uma média de 
16 semanas, até a data provável do parto, 
para trabalhar com profundidade. Foi assim 
que o requerimento de um modelo de aten-
ção com estas características deu lugar ao 
tratamento focal. 
Na MTFO é considerado o período de 
busca do bebê, a gravidez, e uma vez que 
este nasce - segundo as necessidades do 
bebê ou da mãe - avaliaremos a continu-
ação de algum tipo de tratamento ade-
quado a ser requerido, em função do qual, 
abordaremos desde algum postulado que 
possa ser focal ou não. 
FUNDAMENTOS
XIII SImpóSIo Br aSIleIro de muSIcoter apIa,curIt IBa, Br aSIl 2009
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Áreas de aplicação da MTFO durante a 
gravidez 
Na MTFO aplicada ao período gestacio-
nal coexistem três áreas principais sobre as 
quais se trabalha. São elas: 
Primeiro: 
“O vínculo com a criança que vai nascer”.
Segundo: 
“O bem-estar da futura mamãe”.
Terceiro: 
“O próprio bebê em gestação”.
Cada uma destas áreas principais tem, a 
sua vez, uma série de pontos que são leva-
dos em conta nos nossos tratamentos. Por 
exemplo, quando falamos do vínculo, não 
estamos pensando somente na mamãe e 
no seu bebê, senão que também fazemos 
referência ao pai, considerando o casal na 
sua totalidade. Acredito que o fato de in-
cluir aos principais envolvidos no processo 
é algo que vai melhorar com as relações 
intra-familiares.
Quanto à futura mamãe, temos em conta 
suas sensações, emoções, fantasias, ansie-
dades, medos, ilusões, características obs-
tétricas de sua gravidez, o que a permitirá 
viver esta etapa com menos angústias e 
ansiedades. 
E por último, em relação ao bebê que está 
por nascer, temos que considerar como é o 
seu desenvolvimento auditivo, como chegam 
até ele os sons, como podemos estimulá-lo 
para que reconheça uma melodia inclusive 
antes de nascer, de que maneira se pode re-
duzir o impacto sonoro ambiental e o stress 
que o seu próprio nascimento o gera. 
Os condicionantes externos são de três 
tipos: os obstétricos (próprios da gestação) 
que podem ser tanto maternos como fetais, 
os emocionais (maternos) e os ambientais 
(que tem a ver com o âmbito social).
Conceito das quatro esferas da gravidez 
No livro “Música pré-natal” desenvolvi 
um conceito que sugere que a gravidez é 
vivida simultaneamente em quatro esferas: 
a física, a mental, a emocional e a espiri-
tual, e que, ante a presença de alguma de-
fasagem entre elas, devemos como tera-
peutas trabalhar para nivelá-las, para que 
a vivencia da gestação seja totalmente 
equilibrada. 
Sabemos que é o médico obstetra quem 
se ocupa da gravidez física, mas também sa-
bemos que, pelo geral, não se costuma con-
siderar como importantes ao que podería-
mos denominar de gravidezes paralelas, 
invisíveis, que sucedem de maneira simul-
tânea à gravidez física.
Tais gravidezes não são consideradas 
porque passam por lugares não tangíveis, 
porque não são vistas, porque muitas vezes 
desde a medicina convencional (estrutur-
ada) não se sabe como tratá-las. As gravi-
dezes destas esferas são o que atendemos 
na musicoterapia focal obstétrica.
Por outro lado, considero ao vínculo mãe-
filho a vítima principal desta defasagem. A 
mãe não é vítima, nem o bebê, senão que 
a relação que eles têm ou vão gerar. O não 
transitar por estas quatro esferas, ou bem, 
reprimir alguma delas não tem nada a ver 
com o ser ou não ser uma boa mãe, nem 
com o amor que se pode transmitir a seu 
filho. Mas sim, em como impacta na relação 
tudo aquilo que devia ser elaborado de al-
guma forma. 
Quando se está gestando um bebê são 
muitas as coisas que se projetam nele, 
mas muitas delas têm a ver com a própria 
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história da futura mãe ou do futuro pai, 
e por isso é de suma importância poder 
contar com um lugar onde se possam es-
tabelecer e elaborar as diferenças que ex-
istem entre esse filho fantasiado e esse 
filho real que está cobrando vida dentro 
do ventre. Há vezes que quando isso não 
é considerado, encontramo-nos com bebês 
que, metaforicamente falando, pezão cem 
quilos ou invés de dois e meio ou três, peso 
que têm ao nascer. Também há vezes que 
dentro o ventre da mãe o envolve em uma 
espécie de armadura, que não é outra coisa 
além do medo do que está por vir, que não 
permite o contato, pelo que há de liberar 
o caminho para que se produza o desejado 
encontro. 
Muitas vezes acontece que as mulheres 
que já completaram os nove meses e já 
deram a luz, ainda estão grávidas men-
talmente, e isso impacta no vínculo que é 
gerado com seu bebê, manifestando-se em 
situações onde, por exemplo, a tolerância 
da mãe é baixa diante da demanda de seu 
bebê; que acaba por resultar em uma lactân-
cia artificial no lugar de uma natural. 
Talvez o nível de stress que um recém 
nascido gera num lar seja tão alto que fa-
vorece a um estado depressivo importante. 
Inclusive antes do nascimento existem casos 
onde a mulher grávida não pode imaginar 
a seu bebê, porque está simbolicamente 
coberto por algo escuro e isso não é nada 
mais que aquilo que está na sua mente, 
produto de sua própria história. Por esta e 
muitas outras situações que estão exercen-
do pressões negativamente, é que sugiro a 
possibilidade de trabalhar as diferentes es-
feras da gravidez. Isto sem dúvida ajudará 
que os braços que o amparam ao nascer, 
sejam mais firmes e seguros e não me refiro 
à força física. Um bebê que foi esperado e 
que com ele foi falado durante a sua gesta-
ção, desde algum lado sabe que foi espe-
rado, seguramente terá mais vontade de 
nascer do que outro, que o aguardam umasmãos inseguras e temerosas. Este trabalho 
aliviará o impacto no vínculo e favorecerá 
um espaço para que o mesmo se desenvol-
va da melhor maneira possível. 
Sobre o conceito de humanizar a gravidez 
e humanizar o nascimento estão as bases da 
MTFO. Se, uma futura mãe é brindada com 
um espaço adequado para que se elabore a 
gestação desde todas as esferas, isto estará 
sendo considerado e assim alcançaremos 
nosso principal objetivo, que é melhorar a 
qualidade de vida da nova família e da re-
cepção do recém nascido. 
Conceito de gravidez para a abordagem 
em obstetrícia
O tratamento musicoterapêutico na 
MTFO que aborda o trabalho em obstetrí-
cia tem como objeto de estudo a gravidez em si.
Seguindo o conceito do doutor Hector 
Fiorini sobre psicoterapias breves, a MTFO 
é uma delas, justamente pelo pouco tempo 
real que existe para a atenção da paciente. 
Ele sugere que a estrutura de uma doença 
conforma-se por “uma constelação de múl-
tiplos fatores correspondentes em difer-
entes níveis, potenciado mutuamente pelo 
encaixe recíproco, configura a estrutura: 
Enfermidade”. 
Fazendo uma analogia entre este postu-
lado, com a situação de crise que gera na 
mulher uma gravidez e tomando como con-
ceito de crise a um aspecto que tem a ver 
com o crescimento e não com o ponto de 
vista negativo, é que exponho o seguinte: 
uma mulher alcança sua gravidez em difer-
entes condições e situações. Aqui entra em 
jogo variáveis que têm a ver com a idade, a 
condição social, a relação do casal, aspectos 
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físicos (necessidade de assistência para con-
ceber), o momento da vida em que chega 
este bebê, etc. Por outro lado, temos uma 
história que de alguma ou outra maneira 
condiciona aos resultados (os vínculos in-
terpessoais e a forma em que nós mesmos 
fomos concebidos e nascemos) ou o camin-
ho que vai ser percorrido. 
Também as vivências pessoais em rela-
ção a gravidezes e partos próprios ou al-
heios, a estrutura da personalidade que 
tem uma enorme influência nos aspectos 
mais relevantes das fortalezas próprias da 
pesoa. Tudo isso de alguma ou outra ma-
neira condiciona a gravidez, a relevantes 
das esferas invisíveis, e nos enfrenta a uma 
ESTRUTURA BASE DE GRAVIDEZ que vai ser 
despregada pondo em jogo o tratamento.
APLICAÇÃO DA MODALIDADE DE
MUSICOTERAPIA FOCAL OBSTÉTRICA.
Objetivos gerais e específicos da MTFO.
Considerando as principais áreas de tra-
balho em obstetrícia (o vínculo, a mãe e 
o futuro bebê), no ano de 2002/2003 com 
a equipe de musicoterapeutas de Mami 
Sounds enfocamo-nos em definir os ob-
jetivos gerais e específicos para a MTFO. 
Junto às colegas Aldana Rodríguez Rolon, 
Coral Merayo, Valeria Poidebard, Vanina 
Colombo, María Laura Lardani e com a su-
pervisão do Lic.Marcos Vidret, publicamos 
no livro, de minha autoria, “Melodias para 
o bebê antes de nascer”.
 
Os objetivos gerais são:
1.- Estimular e fortalecer o vínculo pre-
coce Mãe-Pai-Bebê, vertical-horizontal e 
triangular (entendendo como vínculo pre-
coce o início da gestação).
2.- Melhorar a qualidade da gravidez, o 
parto e pós-parto.
3.- Favorecer a qualidade de vida do 
bebê nas etapas pré-peri e pós-natal.
Os objetivos específicos:
•	 Desfrutar	 de	 uma	 conexão	 profunda	
com o bebê que está por nascer.
•	 Que	 a	 futura	mãe	possa	 perceber	 os	
movimentos do bebê por mais sutis que 
estes sejam, uma vez que isso a permite au-
mentar o nível de conscientização e a per-
cepção mais cedo da gravidez.
•	 Compartilhar	com	o	casal	as	sensações	
prazerosas relacionadas à gravidez e a sua 
significação. 
•	 Desenvolver	precocemente	um	vínculo	
saudável desde a etapa pré-natal. 
•	 Modificar	 a	 atitude	 dos	 pais	 ante	 o	
nascimento, conscientizando-os da chega-
da do novo ser, por meio da ecologia pré-
natal.
•	 Prevenir	 e	 detectar	 conflitos	 ou	 pa-
tologias vinculares durante o processo 
terapêutico. 
•	 Desfrutar	 da	 gravidez	 e	 promover	
um clima emocional adequado para a 
gestação. 
•	 Desenvolver	um	autocontrole	sobre	a	
senso-percepção da dor.
•	 Reduzir	 o	 nível	 de	 ansiedade	
materna. 
•	 Elaborar	durante	o	processo	terapêu-
tico fantasias, controlar medos e ansiedades 
para reduzir o stress materno fetal. 
•	 Aprender	modalidade	de	relaxamento	
e descanso par ao corpo e a mente durante 
a gestação, trabalho de parto e parto. 
•	 Preparar	as	grávidas	para	o	momento	
do trabalho de parto e parto com difer-
entes procedimentos musicoterapêuticos. 
•	 Tomar	consciência	sobre	as	sensações	
físicas próprias da gravidez. 
•	 Desenvolver	 uma	 atitude	 para	 parir	
sem temor e com vontade de dar a luz.
•	 Contribuir	 para	 a	 redução	 do	 stress	
Peri-natal, brindando ao recém nascido a 
possibilidade de conectar-se com um am-
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biente sonoro já conhecido, através da 
audição. 
•	 Estimular	ao	bebê	que	está	por	nascer	
mediante a execução de instrumentos mu-
sicais, música gravada e a própria vos ma-
terna e/o paterna através do canto. 
•	 Detecção	precoce	de	problemas	audi-
tivos fetais. 
•	 Transmitir	 ao	 bebê	 uma	 sensação	 de	
estado prazeroso. 
•	 Verificação	de	respostas	fetais	através	
de provas de vitalidade e audição fetal.
Os diferentes tipos de abordagens na MTFO
Na modalidade MTFO são realizadas 
seções individuais ou grupais de grávidas e 
oficinas de estímulos pré-natais para casais. 
As oficinas de musicoterapias se incluem 
na área preventiva na área preventiva e as 
seções de musicoterapia clínica estão inseri-
das na área de tratamento. 
Dentro da área preventiva, distingui-
mos as oficinas grupais de casais ou de 
grávidas, da área de tratamento, onde se 
realizam seções individuais ou de casais. 
Seguramente os grupos que participam 
dessas oficinas preventivas são potenciais 
portadores de conflitos.
Nas oficinas estamos falando dos aspec-
tos que têm a ver com a prevenção e a pro-
moção da saúde. Por ele estamos em alerta 
para detectar quando devemos trabalhar 
terapeuticamente algum aspecto emer-
gente, seja na própria oficina, ou quando 
se deriva a seção individual e se incursiona 
num terreno terapêutico. 
Na área de tratamento, temos as seções 
individuais, seções de grupos de grávidas e 
poderíamos considerar também a atenção 
a casais que ainda não conseguiram a gravi-
dez. Durante as seções do processo musi-
coterapêutico, busca-se o reconhecimento, 
a abordagem e a resolução do conflito; no 
caso das seções, estamos falando de um 
tratamento que requer uma continuidade 
e onde são abordados temas que afetam às 
pacientes orientando-as até a resolução de 
tais temas. 
Da mesma maneira que o terapeuta em 
uma terapia breve, o musicoterapeuta que 
trabalha com a MTFO, tem um papel no 
tratamento que é essencialmente ativo, 
uma vez que se exige deste uma grande 
quantidade de amplitude de intervenções. 
Neste tipo de modalidade não nos limitamos 
somente ao material que traz o paciente. 
Exploramos, interrogamos e contemplamos 
atitudes da conduta extra-terapêutica, ou 
seja, àquela que é encontrada fora do en-
quadro clínico.
As oficinas não são seções porque o en-
quadre é diferente, além disso, a modali-
dade de oficina não implica em um pro-
cesso terapêutico, este é dado do longo 
do tempo. Os objetivos são diferentes. O 
conteúdo terapêutico é dado por um musi-
coterapeuta que está encarregado desde a 
leitura, as intervenções e as interpretações. 
A diferença entre o lúdico e o terapêu-
tico, entre a clínica e a modalidade de ofici-
nas, acredito que está no nível de profundi-
dade em que submerge durante o processo. 
K. Bruschia fala de diferentes níveis de pro-
fundidade contra-transferênciaisterapêu-
tica e situa à modalidade oficina em um 
nível superficial e ao processo terapêutico 
em um nível muito mais profundo. 
Pautas agrupadas segundo a população 
com a qual se trabalha 
Para armar os grupos avaliaremos as sin-
gularidades de cada gravidez, os interesses 
pessoais e as razões da derivação médica. E, 
em função disso se abordará em grupo de 
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mulheres ou de casais, ou bem se trabalhará 
de maneira individual, com a futura mãe ou 
com ela e com seu companheiro. 
Algumas das características particulares 
a serem levadas em conta podem ser: gravi-
dezes conseguidas por fertilização assistida 
ou por inseminação artificial, gravidezes 
múltiplas, de alto risco – que apresentem 
patologias obstétricas ou fetais, placenta 
previa, que necessite cuidados especiais 
(porque houve ameaça de aborto ou per-
das vaginais), que requerem repouso abso-
luto ou medicação para continuar. 
Também se visa a mulheres com proble-
mas de hipoacusia, diabete, obesidade ou 
hipertensão arterial, mulheres com mais de 
40 anos ou adolescentes com menos de 17 
anos, que estão na primeira gravidez, que 
tenham tido cesarianas prévias, que ten-
ham dado a luz a um filho não vivo, ou que 
já tiveram gravidezes anteriores emociona-
lmente conturbadas. 
Além disso, casais que enfrentem situa-
ções de dores por perdas de filhos ou de 
gravidezes anteriores; casais com anteced-
entes de filhos ou familiares deficientes. 
Casais de homossexuais, mulheres que 
foram que foram engravidadas por méto-
dos de fertilidade assistidos ou insemina-
ção artificial e mulheres que são filhas de 
desaparecidos na última ditadura militar. 
Sobre estas três últimas categorias não 
se encontra material de pesquisa até este 
momento, mas desde a experiência empíri-
ca as incluímos, uma vez que participam de 
seções de musicoterapia focal dos últimos 
anos. 
Todas estas características nos conduzem 
a termos diferentes tipos de medos ou 
ansiedades. 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA NA MTFO
A modalidade das entrevistas de admis-
são na MTFO 
Como musicoterapeutas focais sempre 
devemos considerar o motivo da consulta, 
já que nessa consulta, o interesse que moti-
vou a futura mãe a vir até o consultório, es-
tará implícito ao aspecto do que devemos 
abordar.
Observaremos principalmente como as 
pacientes se informaram sobre o nosso tra-
balho e como entraram em contato conos-
co, já que podem requerer um tratamento 
por uma derivação do médico obstetra, um 
psicólogo ou simplesmente porque consid-
eram que este espaço as pode enriquecer 
internamente, uma vez que as permitirá 
uma maior aproximação com seu bebê.
Na minha modalidade de trabalho reali-
zo uma primeira entrevista onde se explica 
à paciente a metodologia que será utiliza-
da, e onde se analisará as características 
particulares de cada caso. Uma vez realiza-
da a entrevista e combinado o tratamen-
to, passamos ao preenchimento de uma 
ficha musicoterapêutica, que além de ter 
os dados mais importantes da história so-
nora da pessoa, inclui as características da 
gravidez e em especial o registro que cada 
paciente tiver de como foi o seu próprio 
nascimento.
Este último ponto é importantíssimo, pois 
geralmente costuma condicionar muito os 
resultados da própria gravidez, do nasci-
mento e do vínculo precoce com o bebê. 
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Descrição de avaliação diagnóstica no 
MTFO
A avaliação está formada por:
A. A escuta semi-dirigida.
B. O RAM.
C. A verbalização do vivenciado por parte 
dos pacientes.
Apresentação da atividade às pacientes
Coloca-se a peça musical selecionada 
como uma primeira aproximação à ativi-
dade. Antes de começar com a escuta, 
convida-se aos pacientes que tomem uma 
posição confortável e explica-se a eles que 
estarão certo tempo escutando a música, e 
para que primem o sentido da audição é 
melhor estarem com os olhos fechados.
É perguntado a eles se conhecem a 
peça musical. Caso a conheçam a música é 
trocada. 
A. A escuta semi-dirigida.
Está divida em quatro passos:
-Primeiro: Apresenta-se a peça musical 
completa. 
-Segundo: Ajuda-se a discriminar os in-
strumentos que estão soando sem enfatizar 
nenhum.
-Terceiro: Inicia-se a escuta dirigida a so-
mente um dos instrumentos, 
-Quarto: Repete-se muitas vezes como a 
quantidade de instrumentos tiver a obra. A 
paciente é quem escolhe a ordem em que 
irá escutá-los. 
Ao finalizar a escuta, pede-se a paciente 
que continue com os olhos fechado, e for-
mula-se a ela uma série de perguntas que 
indagam sobre:
-Qual é a ordem dos instrumentos 
escolhidos.
-Que imagens foram visualizadas com 
cada um dos instrumentos.
-Que sensações, emoções e/ou sentimen-
tos tal imagem produziu.
-Como descreveria a melodia de cada um 
dos instrumentos (por exemplo: como con-
tariam a alguém o que era essa melodia, 
que características tinha, etc.).
B. RAM
Realiza-se uma atividade de relaxa-
mento através do movimento (RAM) para 
que se passe a atividade mental a um nível 
corporal. 
C. A verbalização do vivenciado por parte 
dos pacientes.
Logo se pede à paciente que faça uma as-
sociação de um personagem de seu grupo 
familiar com cada um dos instrumentos 
(projeção).
As associações as fazem as mesmas pa-
cientes, o musicoterapeuta somente lê as 
anotações do que o paciente disse.
PROCEDIMENTOS DA MUSICOTERAPIA 
FOCAL OBSTÉTRICA.
Os sete procedimentos da MTFO
A abordagem musicoterapeuta focal em 
obstetrícia é realizada através de diferentes 
procedimentos que foram levados a cabo a 
partir da prática clínica e tomando alguns 
aspectos de outras correntes musicoterapêu-
ticas, mas pensados especificamente para o 
trabalho no período da gestação, tanto para 
o bebê, como para sua mãe e seu pai.
Até agora os procedimentos são sete e 
podem ser utilizados independentemente um 
do outro, como também de forma combinada. 
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Dos sete procedimentos, cinco deles são 
de caráter receptivo e dois ativos. A diferen-
ça entre estas categorias se radica no nível 
de participação da paciente nas atividades. 
•	 RAM	(Relaxamento através do movimento).
•	 VCM	(Visualização criativa com música).
•	 CB	(Canção de bem vinda).
•	 BS	(Banho sonoro).
•	 MV	(Massagem vibracional).
•	 IIM	(Improvisação com instrumentos musicais).
•	 EPM	(Estimulação pré-natal musical).
RAM
(Relaxamento através do movimento)
O procedimento RAM nasceu baseado em 
conceito do “Eritema curativa” de Rudolf 
Stainer criador da Antroposofia, a “Escuta 
consciente” que desenvolveu George Balan 
dentro da Sonosofía.
É uma técnica que permite conseguir o 
relaxamento, tanto mental como corporal, 
através do movimento, da escuta e da en-
tonação mental de obras musicais. Busca-se 
o relaxamento profundo, uma vez que este 
estado favorece a visualização de imagens 
e a criatividade. O fato de permitir que as 
mães vão se treinando com estas músicas, 
não tem nada a ver com o que seria a questão 
de estímulo resposta, ou seja, não estamos 
buscando a resposta do bebê através de um 
estímulo, mas sim estamos buscando um 
estado prazeroso desde a mãe. O primeiro 
que queremos é que a mãe aproveite, que 
tome consciência da gravidez e que isto lhe 
ajude na hora do parto.
Esta técnica vai se desenvolvendo ao 
longo de toda a gravidez com modificações. 
Primeiro começa com uma questão de mo-
vimento, de seguir a música com determi-
nado padrão, cuidando de contar as melo-
dias e de fazer movimento com os braços 
em função da melodia que aparece. Se os 
sons são mais agudos, ficar com os braços 
pra cima, se os sons são mais graves,ficar 
com os braços para baixo.
Por outro lado, esta técnica de relaxa-
mento através da escuta da música vai se 
incrementando, desenvolvendo e incorpo-
rando paulatinamente. Depois chega um 
momento no qual a mãe do bebê tem um 
treinamento tal, que somente com o escu-
tar a música, relaxa-se.
O tipo de música que se escolhe para 
trabalhar está relacionado com muitos 
fatores, por um lado os que envolvem as 
qualidades da música e por outro, o que a 
mesma música selecionada possa evocar à 
grávida ou quem realize esta técnica.
As qualidades da música a ter em conta 
são: o ritmo, o timbre, a densidade, a inten-
sidade, a harmonia, a melodiam, os instru-
mentos e a orquestração.
Outro fator a ser considerado é a famil-
iarização da futura mãe com esta música, 
as preferências, os gostos, se tem letra ou 
não, e ao mesmo tempo se tal música invo-
ca algum tipo de lembrança inconsciente.
A escuta é diferente, é uma escuta que 
permite, a partir de uma postura ativa e de 
movimento, uma conexão com o ser interior. 
Pode-se falar de uma sensação similar à qual 
se adquire com uma meditação, mas nesta 
oportunidade se produz junto à música.
É uma técnica muito simples, fácil de con-
duzi-la e se é adquirido o hábito de fazê-la, 
pode-se lograr um estado de alerta muito 
maior que o se tem geralmente. 
A partir deste tipo de relaxamento, dis-
tintas áreas do cérebro entram em funcio-
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namento, e são as mesmas que se põem em 
jogo quando estamos escutando a música. 
Quando se realiza o RAM seu cérebro está, 
por um lado, concentrado na coordenação 
do movimento que está realizando com o 
que é transmitido pela música, e por outro 
lado, dedicado a contar as frases musicais e 
a repetir os esquemas de movimentos que 
indicam a melodia.
Deve-se preparar um esquema mental de 
movimentos, como se fizesse um gráfico do 
que se está escutando, mas desenhando-o 
no ar:
Tudo isso facilita a concentração e a aten-
ção, devido ao fato que participam muitas 
áreas do cérebro que não intervêm na situa-
ção de escuta convencional. É como se deixás-
semos de lado todos os aspectos que estão 
perturbando a nossa pessoa. Por exemplo, 
o fato de pensar em uma melodia, em uma 
frase musical, nos tempos, nos timbres, nos 
instrumentos, em contar com os dedos, em 
pôr em funcionamento as mãos para contar 
as frases musicais, faz com que essas sensações 
que surgem de tensões, de stress, de angus-
tias, de temores ou medos, fiquem relegadas 
durante um importante período de tempo.
Esta técnica permite à grávida encon-
trar o relaxamento numa postura ativa, o 
que a ajudará a ter um maior controle do 
corpo no mento do trabalho de parto e do 
próprio parto em si, especialmente no mo-
mento de empurrar.
Isto sucede por que existe um treina-
mento prévio de senso-percepção que brin-
da a possibilidade de ter um maior controle 
sobre a tensão e as sensações do corpo e 
assim poderá discriminar e dominar as sen-
sações de dor que se apresentem.
A liberação de endorfinas através do mo-
vimento fará com que a mãe se sinta muito 
melhor e o mais importante, é que, se o 
cérebro se acostuma com estes exercícios, 
não vão necessitar – depois de um tempo 
de treinamento – do movimento dos braços 
para conseguir a liberação desta substan-
cia. A música vai atuar como neuro-estimu-
lante diretamente sobre as diferentes áreas 
do cérebro e como estas. A sua vez, têm 
memória, atuarão de maneira similar. 
Visualizações criativas com a música
A visualização criativa com a música é 
um procedimento para aceder ao material 
inconsciente da paciente. É como uma fan-
tasia dirigida, mas acompanhada por uma 
seleção adequada para estimular a criação 
de imagens com maior facilidade.
Da mesma maneira que acontece nos 
sonhos, as visualizações criativas com músi-
ca são criadas na mente do paciente, por 
ele mesmo. As imagens que aparecem são 
compostas pelas fantasias inconscientes, 
mas não como o que Freud chama descar-
gas de restos diurnos, mas sim como ne-
cessidades encobertas ou ainda assim não 
descobertas.
É como se estivéssemos buscando bor-
bulhas na água e somente agregamos um 
pouco de fogo, a música e os textos prepar-
ados especialmente para as visualizações 
avivam o fogo e as borbulhas aparecem 
como arte da magia. O resultado não deve 
ser visto como algo que está bem ou esta 
mal, mas sim, interpretados pelo profis-
sional de tal maneira que a paciente possa 
fazer um insight do referenciado.
 
As visualizações contêm um simbolismo 
oculto que deverá ser descoberto ao final-
izar a atividade, para que, ao analisar a cor-
rente de imagens que a paciente manifesta, 
este possa compreender os aspectos que de-
verá continuar trabalhando em suas seções.
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Os exercícios de visualização criativa 
foram preparados e adaptados cuidadosa-
mente para acompanhar o processo de 
gravidez, segundo os diferentes momentos 
da gestação.
Recomendo fazer os exercícios seguin-
do atentamente a ordem proposta, já que 
alguns desses exercícios não obterão os 
melhores resultados se são realizados em 
um estado diferente ao recomendado. 
Exemplifico este conceito: se uma futura 
mãe está cursando o último mês da primei-
ra fase (quarto mês de gravidez) e faz um 
exercício onde a visualização trabalhe o 
parto ou a lactância, será muito difícil que 
possa fazê-lo corretamente. O motivo é 
que ao quarto mês da gestação uma futura 
mamãe não quer que seu bebê nasça, pois 
este se encontra melhor dentro dela do que 
estaria fora. 
Em geral estes exercícios invocam ima-
gens inconscientes muito importantes, 
já que nos encontramos com fantasias e 
medos, que estão sempre presentes dentro 
de nós mesmos e que são próprias de uma 
maneira tanto positiva como negativa de 
pensar. O que sugiro a mim mesmo é que 
quando realizem estes exercícios o façam 
em algum lugar condicionado onde nen-
hum som perturbe o trabalho.
A visualização criativa com música ofer-
ece a identificação com a função maternal, 
ou seja, as funções que se projetam em 
situações onde se põe em jogo o ideal ma-
ternal e o real do relaxamento, fazendo-o 
consciente. O que se faz consciente é o que 
tomaremos como fator emergente para 
trabalhar nos nossos tratamentos. Será o 
tema que o focalizaremos no tempo que 
nos resta, mas bem, estes temas podem ir 
se modificando e variando na medida em 
que são elaborados e segundo o tempo 
de gestação que estiver. As fantasias vão 
modificando-se conforme se transforma o 
tamanho do abdômen na gravidez. Existem 
medos que aparecem e que logo dão espa-
ço a outros, desaparecendo, como se fos-
sem diferentes atores que entram em cena 
e não saem do cenário até que não acaba 
a função. O que faremos é ir trabalhando 
com estes diferentes atores e sobre todas 
as coisas com aquele que tais mães estão 
gerando e transmitindo.
A canção de boas vindas
A canção de boas vindas não é somente 
uma canção, é um conceito. É um dos el-
ementos com o qual se trabalha dentro da 
atenção musicoterapêutica ou obstetrícia, 
é uma ferramenta muito importante para 
ajudar a favorecer o processo vincular que 
se constrói entre mãe e bebê desde a etapa 
pré-natal. A canção de boas vindas pode ser 
fisicamente uma canção preparada pelos 
pais ou bem a seleção de uma canção ou 
um grupo de músicas gravadas, que serão 
utilizadas em diferentes momentos com o 
recém nascido.
Reduz o nível de ansiedade, permitindo 
a participação ativa dos pais nas esferas 
mentais e espirituais. 
Ainda que o título o apresente como uma 
canção, é muito mais que isso. Entre suas 
técnicas pode se encontrar o fato de sim-
plesmente escolher uma cançãoque trans-
mita ternura, aprender a melodia, criar uma 
letra, aprender a cantá-la ou a interpretá-la 
com um instrumento, compilar as canções 
que vão surgindo como mais significativas 
nesta etapa e que brindem a mulher grávida 
momentos de plena felicidade. Ou criar uma 
seleção de músicas e/ou canções escolhidas 
especialmente para dar as boas vindas ao 
bebê, ou bem compor uma canção ou escol-
her a canção do berço que se transmita na 
própria história familiar.
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A canção de boas vindas pode ser can-
tada pelos próprios pais, pode ser gravada 
ao vivo com instrumentos musicais e é es-
pecial tanto para o bebê como para a mãe, 
ou o pai. 
No livro “A gravidez musical” falo sobre 
a canção de boas vindas como uma can-
ção que é criada para fortalecer o vínculo 
e para ir preparando o ambiente acústico 
para a recepção do recém nascido. Hoje, 
depois de haver acompanhado muitíssimas 
grávidas e seus companheiros nesses mo-
mentos, encontrei que a canção de boas 
vindas é muito mais que ter uma trilha so-
nora comum como o bebê desde antes de 
seu nascimento. É um laço invisível que se 
nutre de vínculo e que, como uma sorte de 
cordão umbilical etéreo, une o bebê recém 
nascido a sua mãe, quando ela está fisi-
camente presente uma vez que ele nasce. 
Lembremos que antes do nascimento há 
uma fusão física e que tal fusão, uma vez 
que o parto for concluído, é seguida por 
um período que os especialistas chamam 
vínculo simbiótico, onde para o bebê não 
há limite entre ele mesmo e sua mãe, mas a 
realidade é que o bebê e sua mãe são, em 
efeito, duas pessoas diferentes, e a canção 
de boas vindas favorece ao desenvolvimen-
to do pequeno. Durante a gestação, o bebê 
recebe os diferentes estados de tensão e re-
laxamento de sua mãe, os quais ficam gra-
vados, porque desde o útero se vivenciam 
as primeiras experiências do mundo através 
das emoções maternas. E são estas, para a 
psicologia pré-natal, as que estão registra-
das condicionando atitudes e aspectos da 
futura personalidade.
A diferença das canções de berço, que 
serão as que regularão as emoções do bebê 
uma vez nascido, acalmando-o através do 
contato físico, a canção de boas vindas, irá 
o remeter a um estado prazeroso, similar 
ao vivido no útero materno. Mas devemos 
lembrar que as canções com letra ativam 
áreas do cérebro que estão relacionadas ao 
mental ou intelectual, em compensação as 
melodias sem letra estão relacionadas com 
as emoções que se sentem no momento, e 
estas emoções, o bebê as recebeu previa-
mente através do sistema neuro-hormonal 
materno, pelo cordão umbilical.
Isto acontece porque essa canção ou essa 
seleção de músicas estão investidas com 
afeto, porque estão nutridas de carinho, 
porque foram selecionadas e preparadas 
durante um processo que permitiu a uma 
mãe vivenciar a gravidez comprometendo-
se desde as quatro esferas desta. E, tudo 
isso se transforma em informação hormon-
al que se transmite via o sangue do bebê.
A canção de boas vindas não é uma com-
pilação daquelas músicas que a mãe es-
cutava durante a gravidez para se relaxar e 
aproveitar do bebê, senão àquelas canções 
que de algum modo foram selecionadas 
para que uma mãe possa comunicar-se com 
seu bebê intra-uterino. 
Quando se seleciona uma canção ou 
várias músicas, estas devem ter como ob-
jetivo principal a transmissão de ternura à 
mãe, por outro lado, também devem cont-
er muito agrado para elas e também um 
pouco de sedução, pois aquilo que seduz 
logo é atrativo. O bebê não só reconhecerá 
a canção de boas vindas percebendo sua 
presença e ausência, como também pouco 
a pouco, com o sentido da audição poderá 
ir incorporando os conceitos de permanên-
cia do objeto, tão falados na psicologia do 
desenvolvimento.
O desejo dos pais está sempre presente 
na canção de boas vindas, desde sua seleção 
até o que gera e que de algum modo vai 
gerar no futuro bebê.
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Na medida em que a gravidez aumenta 
e os pais se envolvem mais, começa a tro-
car a percepção do mesmo e as condutas se 
modificam gerando ações que favorecem a 
interação com o futuro bebê. Selecionar e 
escutar música, compartilhando em famí-
lia a vai fazer que com o bebê perceba e 
responda em conseqüência ao que sucede 
com seus pais. Responde de várias manei-
ras, mas o único que se poder ver desde 
fora são os movimentos dos suaves chutin-
hos. Em compensação, por meio de ecogra-
fias, podem se apreciar muito claramente 
transformações neuro-vegetais como o 
aumento da freqüência cardíaca, pressão 
sangüínea intracraniana, reflexo de sucção, 
movimentos oculares, etc.
Este procedimento se articula favorecen-
do a conexão e a comunicação com o com-
promisso que vai aumentando, relação à 
chegada do novo ser. Assim, desta maneira 
se envolvem desde outro lado na gestação, 
que introduz plenamente no processo aos 
integrantes principais da obra em questão, 
mamãe-papai-bebê.
O procedimento da canção de boas vin-
das facilita os processos vinculares da famí-
lia, já que o bebê responde ativamente e 
reconhece que seu sistema neuro-vegeta-
tivo é excitado, e por tanto, responde em 
conseqüência.
Para que nosso sistema neuro-vegeta-
tivo manifeste estas transformações, deve 
ter sido incorporada certa informação. O 
aparelho psíquico do bebê começa seu de-
senvolvimento antes do nascimento e neste 
período incorpora informação, armazena-a 
e responde a ela quando seu amadure-
cimento físico o permite. Neste período 
pré-natal somente estas respostas neuro-
vegetativas à sensação prazerosa podem 
ser evidenciadas com ecografias de última 
geração.
O BANHO SONORO E A 
MASSAGEM VIBRACIONAL
Estes dois procedimentos se relacionam 
diretamente com a experiência auditiva 
pré-natal, convidando a quem realiza a 
atividade a se colocar no lugar do bebê e 
a sentir as vibrações dos sons, assim como 
a escutar sem poder antecipar com outro 
sentido o lugar de onde vem a emissão 
sonora. 
Ambos os procedimentos são muito re-
gressivos e podem evocar sensações de 
vivências intra-uterinas, as que podem ser 
traumáticas ou não, por isso devem ser re-
alizados com sumo cuidado.
O banho sonoro se realiza com instru-
mentos musicais e um fundo sonoro rítmico 
e contínuo, como o som das ondas do mar 
ou o batimento cardíaco. Este fundo pode 
ser recriado ao vivo com instrumentos mu-
sicais ou podem ser utilizadas gravações. 
Coreografias são armadas com o mesmo 
instrumento multiplicado em diferentes lu-
gares do ambiente, enquanto as sensações 
de vibração que geram os instrumentos re-
percutem em todo o corpo da paciente. 
A massagem vibracional é realizada com 
música de fundo, preferentemente com in-
strumentos graves como piano ou violon-
celo, cujas freqüências farão vibrar as bolas 
de plástico (como as das praias) que utiliza-
remos para a massagem. As bolas se pas-
sam pelo corpo gerando uma leve pressão 
sobre o participante para que se sinta como 
se estivesse no útero materno. 
Ambos os procedimentos têm a ver com 
o sensorial e convidam a imaginar como o 
bebê se encontra dentro do útero mater-
no, diminuindo a distância vincular e fa-
zendo com que a nova relação tenha maior 
intensidade.
 
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Improvisação com instrumentos musicais
A improvisação com instrumentos musicais 
na MTFO é um dos procedimentos mais ricos 
e no qual mais coisas passam nas seções.
As improvisações que se realizam nesta 
modalidade são fechadas. É dado o tema 
sobre o qual será feita a improvisação e a 
partir daí começamos a intervir. Por exem-
plo, é pedido aos pacientes que sonorizemsua relação como bebê, o parto, a primeira 
noite com seus filhos, etc.
Isto pode ser trabalhado tanto em grupo 
como em seções individuais. 
Para fazer uma improvisação grupal 
tem que haver previamente dois fatores 
muito importantes. Um é que o grupo se 
conheça e tenha confiança entre si. Outro, 
que tenha havido uma aproximação para 
com os instrumentos musicais e que estes 
o sejam familiares, o que vai permitir que 
os participantes não venham a se inibir e 
se animem a serem criativos, espontâneos 
e aspirem mais. 
Outro tipo de exploração é para a seleção 
dos instrumentos, para ver como soam e em 
função dele fazer sua eleição.
Durante a improvisação com os instru-
mentos musicais podem ser vista claramente 
as projeções inconscientes que são feitas 
sobre as diferentes situações ou persona-
gens que aparecem ou não nas improvisa-
ções. A partir daí surgem muitas questões 
que são trabalhadas para alcançar o obje-
tivo de favorecer as relações vinculares e 
alcançar os objetivos planejados.
Estimulação pré-natal musical
Quando se fala de Estimulação pré-natal 
musical em seguida associa-se Baby Mozart, 
ou com todo o material comercial que baixa 
como o alinhamento exclusivo dos países do 
primeiro mundo. Na realidade não está mal 
para eles pela modalidade de relação que 
tem com sua cultura e seus bebês, mas no 
que diz respeito à América Latina, a música 
popular é diferente. Na população de gravi-
dez em adolescentes se escuta mais, por ex-
emplo, cumbia villera que a Mozart, então 
temos que moldurar-nos à situação real e 
social de cada país e cada contexto.
A estimulação pré-natal que proponho 
para a MTFO está dirigida mais à interven-
ção dos bebês em casos de necessidades 
especiais que em bebês em condições nor-
mais. Por exemplo, em casos onde é de-
tectado Síndrome de Down antes do nas-
cimento, em que saibamos que esse bebê 
vai nascer prematuro ou pré-termino e que 
terá que passar algum tempo na incubado-
ra. Ou que, talvez, terá que ser operado por 
ter algum problema cardíaco, alguma má 
formação, ou qualquer outro tipo de inter-
venção cirúrgica. Todos esses precedentes 
nos levam a saber que esse bebê vivenciará 
situações de altíssimos stress e que passará 
muito tempo sem a sua mãe. O avance da 
tecnologia nos permite conhecer com ante-
cipação este tipo de situação que antes não 
se sabia.
Por tanto este procedimento não tem um 
diagrama pré-armado, porque é utilizado 
exclusivamente em casos de diagnósticos 
desfavoráveis por parte do bebê; por isso 
é que se busca gerar um condicionamento 
com a música, que permitirá a este bebê ter 
uma referência de algo conhecido e assim 
poder diminuir o stress que gera a situação 
traumática, ou bem o stress pós-traumático 
que terá depois de haver sido intervindo 
cirurgicamente.

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