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1 Conceitos preliminares da fisiologia do sistema endócrino e neuro-hipófise A glândula endócrina é o local de produção de hormônio endócrino. TGI produz hormônio endócrino mas não é uma glândula exócrina. O coração produz hormônio endócrino mas não é também uma glândula. Todas as células do corpo, praticamente, produzem hormônio endócrino, TGI, rim (renina), etc. Então, quando a gente fala glândula endócrina, são tecidos que a função fisiológica é produzir hormônio. Mas quando a gente fala em coração, a gente quase não lembra da função hormonal dele, porque é uma função secundaria. Glândula endócrina, então, são os tecidos que, prioritariamente, vão produzir hormônios, não tem outra função. Hormônio endócrino: vários hormônios podem ser produzidos pelo nosso organismo, mas a grande característica do hormônio endócrino é o fato de o local de produção do hormônio estar muito distante do local de ação. Então, como o local de ação está longe do local de produção, a única forma que o hormônio endócrino tem pra chegar no seu local de ação, é através de uma distribuição pela corrente sanguínea. O que é diferente de um hormônio local, que é liberado pelo histaminocito e age naquele mesmo local, sem ir pra corrente sanguínea. Então, a característica do hormônio endócrino é utilizar a circulação sistêmica (corrente sanguínea) pra ele dispersar-se pelo organismo. Isso, clinicamente, tem uma importância muito grande, porque me permite fazer a dosagem hormonal daquele paciente. Os hormônios endócrinos podem ser dosados no sangue, pois eles, obrigatoriamente, tem que ir ao sangue pra poder começar a se distribuir pelo organismo. Quando o hormônio endócrino cai na corrente sanguínea, ele ganha o domínio sistêmico, da circulação sistêmica. Ou seja, ele se distribui pelo organismo inteiro. Mas, isso não quer dizer que ele, obrigatoriamente, atue no organismo inteiro. O que vai definir o que é um local de ação para aquele hormônio é a presença do receptor. Então, o hormônio endócrino pode circular pelo organismo inteiro, mas ele vai atuar só num local especifico, o local que tem a molécula receptora que vai traduzir o sinal hormonal. Por exemplo, alguns hormônios atuam em quase todas as células do organismo, mas alguns hormônios não. A prolactina atua, praticamente, só na glândula mamaria. Ela é um hormônio endócrino, cai na corrente sanguínea, mas ela só vai ter efeito onde ela encontrar um receptor pra ela. O local de ação de um hormônio endócrino é a célula que tem receptores específicos para aquele hormônio. O efeito do hormônio depende da interação entre hormônio e seu receptor. A química hormonal: a maioria dos hormônios são derivados de proteínas, mas nós temos algumas exceções. Hormônios derivados de aminoácidos e hormônios derivados de colesterol. Os hormônios derivados de aminoácidos e colesterol nós chamamos de esteroidais. Hormônios derivados de aminoácido: na verdade, o aminoácido que dá origem aos hormônios endócrinos é a tirosina. Dois tipos de hormônios secretados por locais diferentes são hormônios derivados da tirosina. Então, nós temos as catecolaminas, que são os hormônios da medula adrenal (noradrenalina e adrenalina). Há também os hormônios tireoidianos, que são dois aminoácidos de tirosina, diferente da adrenalina e noradrenalina que são apenas 1. É uma união de dois aminoácidos de tirosina, por uma ligação tipo éter, e tem a presença de iodo. Hormônios esteroidais: derivam do colesterol. Tem um lipídeo como matéria prima, ele tem um núcleo esteroidal (que possui o colesterol). Todos os hormônios sexuais, tanto no homem quanto na mulher são hormônios derivados do colesterol. Então, pra 2 gente produzir, no homem, a testosterona, na mulher, o estrogênio e a progesterona, todos esses hormônios são esteroidais, derivados do colesterol. Os hormônios da córtex da adrenal (parte externa da adrenal), são os corticoesteroides. São eles: cortisol, aldosterona e os androgênios. Há também uma outra classificação: lipossolúveis e hidrossolúveis. Todos os hormônios esteroidais são lipossolúveis, sendo assim, eles possuem um perfil, atravessam facilmente a membrana, ganham acesso livre ao SNC. Então, uma vez você liberando um hormônio esteroidal, ele vai agir no organismo inteiro, vai se distribuir por todo o organismo, devido o seu livre acesso. Os hormônios tireoidianos, quando ele tem uma natureza de aminoácido, ele seria hidrossolúvel, porem ele é uma exceção. Os hormônios tireoidianos são, apesar de não serem derivados de gordura (esteroidais), lipossolúveis, devido as modificações sofridas na sua molécula. Se a sua tireoide libera T3 e T4, elas podem ter efeito no SNC sem o menor problema porque apesar de primariamente não serem gordura, eles atravessam facilmente a barreira hematoencefalica e as barreiras biológicas. Os demais hormônios são ou proteínas ou derivados de aminoácido, que seriam as catecolaminas, são hidrossolúvel. Não atravessa facilmente a membrana, tendo problemas pra chegar ao SNC, pra atravessar as membranas biológicas, etc. Os hormônios hidrossolúveis: sofrem armazenamento, há um estoque. A gente pensa na insulina, que é uma proteína (hormônio hidrossolúvel). Todo hormônio hidrossolúvel, a sua glândula produtora possui grânulos, esses grânulos parecem muito com as vesículas sinápticas, são grânulos de armazenamento do hormônio. Então, eu tenho armazenamento de ocitocina, insulina... Todos os hormônios que são proteínas tem armazenamento, são hidrossolúveis. Eles sofrem armazenamento e vão ser liberados. Para serem liberados dos grânulos, vai acontecer uma coisa muito parecido com o que acontece na sinapse, que entra cálcio, a célula vai ser ativada, etc. O processo de liberação, como ele envolve todo o acoplamento das vesículas com a membrana, a exocitose é o mecanismo da liberação desse hormônio. Então, ele é um processo cálcio-dependente. Eu preciso que haja entrada de cálcio para que aqueles grânulos começarem a sofrer o processo da exocitose. A exocitose é o mecanismo da liberação do hormônio. Agora, os hormônios hidrossolúveis vão cair na corrente sanguínea. Ele foi exocitado e capturado pelos vasos sanguíneos. Qual o veículo do sangue? A agua. O hormônio hidrossolúvel está muito à vontade no plasma, quando ele cai na corrente sanguínea ele está no veículo que ele gosta. Ele fica livre, não precisa se ligar a ninguém, ele se dissolve no plasma com mais facilidade, pois ele está no meio hídrico, que é o meio que ele é solúvel. Então, a insulina, a adrenalina, a ocitocina, são transportadas livremente no plasma. Se a molécula está livre, você já lembra de difusão, do meio mais concentrado pro meio menos concentrado, ele vai rapidamente ao local de ação. Então, o efeito dos hormônios hidrossolúveis é um efeito rápido. Passa livremente ao seu local de ação. Mas também é um efeito que não só é rápido no início do efeito, mas é rápido também no termino. Porque ele chega rapidamente nos locais de metabolismo, é rapidamente metabolizado. A cinética dos hormônios hidrossolúveis é uma cinética rápida. Na hora de conduzirmos um efeito na célula efetora, os hormônios hidrossolúveis não conseguem entrar na célula, não atravessa a membrana da célula. Portanto, o receptor tem que estar fora da célula. Ele tem um sitio de ligação com o hormônio que está localizado na membrana plasmática, voltado pra fora da célula. O hormônio vai 3 chamar a proteína G ou qualquer outra proteína sinalizadora, e vai fazer a deflagração da tradução do sinal. Os lipossolúveis tem que ser separados em esteroidais e tireoidianos. Os tireoidianos são uma exceção, ele é aminoácido mas élipossolúvel, ele é lipossolúvel mas ele é armazenado. Os lipossolúveis esteroidais (hormônios da córtex da adrenal e os hormônios gonadais femininos e masculinos) derivam do colesterol, e todas as células que produzem o hormônio esteroidal, seja uma célula da córtex da adrenal ou uma glândula masculina, ou um ovário, tem que ser capazes de pegar o colesterol que vem do sangue. Esse colesterol, na biossíntese, é convertido em um composto intermediário que é a 5-pregnenolona e a partir daí vai a um hormônio esteroidal. Hormônio esteroidal não é armazenado, não tem grânulos de armazenamento. Então, o homem não tem estoque de testosterona, a mulher não tem estoque de estrogênio. Então, o hormônio esteroidal é sintetizado na hora que ele vai ser liberado. Isso demanda um tempo, são ações ou no desenvolvimento do folículo ovariano, que vai demorar 14 dias pra acontecer, ou é o caso de um corticoide que vai modular uma resposta inflamatória... Não espere que ele vá atuar na hora em que ele for liberado pelo organismo porque ainda vai envolver a etapa da síntese. Por outro lado, no que ele for sintetizado, ele atravessa a membrana, sai da célula na mesma hora, por ser lipossolúvel ele tem alta permeabilidade na membrana celular. Quando ele chega na corrente sanguínea, ele não mistura, não tem como se transportar. Então, o recurso que os hormônios lipossolúveis vão ter pra poder serem transportados é a ligação a uma proteína plasmática. Todos os hormônios lipossolúveis são transportados na corrente sanguínea na forma ligada a proteína plasmática. Nós temos, por exemplo, proteínas que transportam hormônios tireoidianos, proteínas que transportam os hormônios da córtex da adrenal, a testosterona, o estrogênio... o hormônio é ligado a proteína. A ligação com a proteína funciona tipo um reservatório, o hormônio não está livre pra chegar no local de ação, nem tampouco no metabolismo, porque ele está preso na proteína, e ela vai liberando gradativamente. Então, todo hormônio que está ligado a proteína plasmática, o efeito dele demora, não é de imediato. A proteína dissocia lentamente o hormônio, então ela possui um início de ação lento, mas 4 também eu chego mais lentamente ao local de metabolismo, quer dizer que a duração do efeito é maior. O efeito lento na latência (tempo que demora pra ele começar) e mais duradouro. Por outro lado, se o hormônio lipossolúvel é produzido fora da célula, ele aparece dentro dela, porque ele atravessa a membrana, ninguém o transportou pra dentro. O receptor para o hormônio esteroidal não precisa estar na membrana, ele pode estar dentro da célula. Estão localizados no citoplasma da célula efetora. A ligação do hormônio com o receptor se faz no citoplasma da célula efetora, mas esse complexo, geralmente, migra pro núcleo da célula, e a gente vai ter uma resposta mediada por uma alteração da síntese proteica. O efeito também é mais lento, pois não está atuando em uma proteína pré-formada. Na maioria das vezes eu vou ter que sintetizar uma proteína para aquele efeito aparecer. Então pode demorar até um dia pro efeito do hormônio aparecer. Hormônio tireoidiano: é armazenado, é lipossolúvel mas não é esteroidal pois sofre armazenamento. Na hora de ser transportado no sangue ele é ligado a proteína plasmática, agora na hora dele atuar, ele entra na célula T3 e T4 e o receptor dele está dentro do núcleo da célula. Ele não tem problema pra atravessar a membrana, pois ele é lipossolúvel, atravessa ela livremente. Hipófise: ela é a glândula que controla a atividade da maior parte das glândulas endócrinas. A hipófise são duas glândulas numa só, a neuro-hipofise (ligado a tecido 5 neural) e a adeno-hipofise. Posterior é a neuro-hipofise, e anterior é a adeno-hipofise. Essa glândula se encontra, tanto a neuro quanto a adeno, numa depressão do osso esfenoide, que nós chamamos de sela túrcica. Ela está dentro do crânio, na base, junto com o tecido neural. Todo o desenvolvimento embrionário da neuro-hipofise vem com tecido neural, do neuroectoderma. Mas a adeno-hipofise ela nasceu do tecido epitelial da orofaringe. A adeno-hipofise se originou na cavidade oral primitiva, ela “desceu”, quando o osso esfenoide fechou, ficando um pedaço pra fora, formando a bolsa de Rathke. Ela vai ser a precursora da adeno-hipofise. Ela tem uma ligação vascular com o hipotálamo, que vai formar o eixo hipotálamo-hipofisario. A localização da hipófise: ela está localizada muito próximo a estruturas neurais muito importantes, o quiasma optico vai passar bem ai. Uma patologia hipofisaria muitas vezes pode dar manifestações neurológicas, ou oftalmológicas (cegueira, visão dupla). Há uma diversidade muito grande de sintomas, e muitos estão relacionados efetivamente a neurologia, aumento da pressão intracraniana, compressão talâmica, etc. O tumor hipofisario, por ser grande, acaba comprimindo essas estruturas. A via que utilizamos para operar é a via transesfenoidal, pra minimizar os riscos. Neuro-hipofise: ligação direta com a área hipotalâmica. É uma glândula que está anatomicamente ligada ao hipotálamo, não dá pra separar os dois. O terminal contendo as vesículas com os hormônios estão na hipófise posterior. Eles tem o mesmo neurônio, que começou lá no hipotálamo e termina na hipófise posterior. Então, a hipófise posterior não tem célula, ela tem rabinhos das células, finais do neurônio, mas o corpo do neurônio com núcleo, centro de decisão está no hipotálamo. A hipófise posterior vai secretar dois hormônios: a ocitocina e o ADH. Eles são proteicos. Eles vão ser sintetizados no hipotálamo, porque pra ter síntese proteica eu tenho que ter um estimulo do núcleo. Na verdade, a neuro-hipofise não é uma glândula verdadeira. Ela vai armazenar esses hormônios. Hormônios da neuro-hipofise: síntese ocorre nos neurônios hipotalâmicos, o hipotálamo tem milhares de neurônios, não são todos que produzem ocitocina e ADH (vasopressina), apenas os neurônios dos núcleos supra-otico e paraventricular. Esses hormônios são proteínas constituídas de 9 aminoácidos (nonapeptideos), são pequenos e tem meia vida curta. São armazenados na neuro-hipofise. Os neurônios que saem do hipotálamo e vem pra neuro-hipofise são divididos em 2 tipos de neurônios, os que produzem ocitocina e os que produzem ADH. Tanto o núcleo supra- otico quanto o paraventricular tem neurônios que produzem os dois hormônios. Na hora de liberar um desses hormônios, o estimulo vai ser aplicado lá no hipotálamo porque é lá que contém os dendritos, eles são as “antenas” do neurônio, onde capta a informação. E o hipotálamo tem a informação necessária pra saber se vai liberar mais ADH ou menos ADH. Todo centro de decisão é o hipotálamo. Vamos supor que haja um estimulo pra liberar algum desses hormônios, potencial de ação vai despolarizar o neurônio e vai liberar o hormônio na corrente sanguínea. É semelhante a um neurotransmissor, a diferença é que ele é liberado na corrente sanguínea. Ocitocina: é um hormônio muito peculiar, até hoje não se sabe o que ela faz no homem. Ela é um hormônio do parto e da lactação. Não tem um efeito relevante no homem e na mulher fora do período de gestacional. Se houver uma lesão hipotalâmica comprometendo os núcleos supra-oticos e paraventriculares, tanto no homem quanto na mulher, você vai ter que repor o ADH, não vai ter que repor a ocitocina. Mesmo que tenha um efeito ou outro, não é um efeito importante. Ela atua basicamente no miométrio, que é a musculatura lisa uterina, e nas glândulas mamarias. Ela é 6 importante nas fases do trabalho de parto e no aleitamento. Entao, se eu vou usar a ocitocina farmacológica,eu vou usar pra isso. Nas fases do trabalho de parto e no aleitamento, que é onde elas, fisiologicamente tem relevância. O útero tem um revestimento interno que é o endométrio (que descama na mulher durante a menstruacao). Mas todo o corpo do útero é o miométrio, o musculo liso uterino. Exceto na parte distal, que é tecido conjuntivo, a ocitocina atua prioritariamente onde tem receptores pra ela. Lembrando que o hormônio não atua se não tiver receptor. Os receptores vão estar no miométrio. Ela vai aumentar a contratilidade do miométrio. Ela é importante no final da gestação, porque no início eu não quero que ela atue pra não produzir o abortamento. Ela tem que atuar mais no final da gestação. Gráfico: a curva rosa é a curva da progesterona. Uma mulher que está no início de sua gestação, o nível de progesterona dela é alto, porque o corpo lúteo secreta muita progesterona, e durante o início da gestação a placenta não está pronta ainda, então é o corpo lúteo que está predominando. O início da gestação é demarcado pelo aumento da progesterona. Por outro lado, eu ainda tenho muito pouco estrogênio. Olhando a curva preta, a quantidade de receptores de ocitocina é muito pequena. Então, se uma mulher tiver uma liberação de ocitocina no início da gestação ela não vai atuar. Isso é bom pois a progesterona tem uma função protetora da gestação. Ela reduz a atividade uterina, mesmo que tenha uma contração ou outra no início da gestação, ela é uma contração tranquila, indolor, pequena, contrações normais que a gestante sente. Ela produz uma diminuição da sensibilidade da célula endometrial ao estimulo contrátil. Ela vai hiperpolarizar essa célula, deixando ela mais negativa, mais longe do limiar de excitabilidade. Então, qualquer estimulo que tenha pra uma contração, ele vai ser mais difícil de estar acontecendo. Ou seja, é muito difícil uma mulher abortar. Porque no início da gestação eu tenho bloqueio da condução elétrica entre as células, hiperpolarizacao, eu to mantendo meu útero quietinho. Alguns obstetras chamam essa fase de bloqueio progesteronico. É a progesterona bloqueando a atividade uterina. Ela impede a contração uterina durante a gestação, se opõe ao encadeamento do trabalho de parto e de abortamento. No decorrer das semanas da gravidez, a progesterona está caindo e o estrogênio está aumentando, pois o estrogênio vai favorecer o trabalho de parto. O estrogênio aumenta os receptores da ocitocina, preparando para o parto, sensibilizando o útero pra ação da ocitocina. Ele aumenta também as junções comunicantes entre as células miometricas porque quando a mulher está na 12 semana de gravidez, por exemplo, ela pode ter contração uterina, mas essa contração é localizada e não esvazia o útero. A medida que o útero vai ficando mais estrogênico, o estrogênio vai tornar as 7 contrações uterinas mais coordenadas porque ele vai aumentar as junções entre as células. As células agora vão contrair juntas. Então, no final da gestação eu tenho pouca progesterona, ou seja, eu perdi aquele efeito de proteção que a progesterona nos confere, eu tenho alta concentração de receptores para ocitocina, e alto nível de estrogênio. Então o útero está pronto pra contrair coordenadamente, pronto pro trabalho de parto. A ocitocina, uma vez que ela pode se ligar aos receptores, ela vai aumentar a entrada de cálcio, ela não entra na célula (é hidrossolúvel), mas ela aumenta a contratilidade do miométrio. Esse efeito de aumentar a contratilidade do miométrio, ele é direto e indireto. A própria ocitocina pode atuar diretamente no miométrio, aumentando a entrada de cálcio e aumentando a contração do musculo liso, é o efeito direto dela, ela vai lá e contrai o útero. Já o efeito indireto, a ocitocina vai aumentar a produção local de prostaglandina. A prostaglandina tem dois efeitos importantíssimos pro trabalho de parto. Ela tem um efeito ocitoxico, aumenta a contratilidade uterina e amolece o colo uterino, pra ter a dilatação e o neném sair. A ocitocina é um hormônio do trabalho de parto, então, no momento do trabalho de parto que vai ter o acionamento da ocitocina. Nesse momento começa a haver uma distensão de todo o colo do útero. O colo do útero está fechado mas está longo. A medida que eu to no trabalho de parto, a cabeça fetal está esticando o polo inferior do útero, porque não está cabendo mais o bebe ali, essa parte do útero é rica em receptores de estiramento. Quando você tiver um estiramento da parede uterina, ele vai levar a um aumento do volume uterino, a distensão da cérvice (colo) uterina. Os receptores vão do útero (vias nervosas) até o hipotálamo, onde tem os neurônios que vão liberar ocitocina. O hipotálamo é ativado pela distensão do colo uterino, ele se despolariza e manda informação para a neuro-hipofise. A ocitocina vai aumentar na corrente sanguínea. Quanto mais ocitocina, mais aumenta a contração uterina. A contração uterina vem “de cima pra baixo”. Eu to empurrando o neném pro colo. Quanto mais ocitocina contrai o útero, mais eu distendo o colo uterino. Quanto mais eu distendo o colo uterino, mais o hipotálamo ativa a neuro-hipofise e mais ocitocina eu libero. É um feedback positivo fisiológico porque o neném vai nascer. A ocitocina está fazendo a primeira fase do trabalho de parto, que é o preparo do colo. Deixar ele maduro, que está pronto pra se abrir e deixar o neném nascer. É a fase que mais demora. 8 O trabalho de parto é dividido em 4 partes. A primeira fase é o preparo do colo. A segunda fase é o período expulsivo (mais rápida, quando o neném nasce). A terceira é a dequitação (saída da placenta) e a quarta fase é a hemostasia. A ocitocina trabalha nessas 4 fases. A primeira fase é a fase de preparo do colo. Eu quero que ele tenha a dilatação e o apagamento. Dilatação é a abertura. O apagamento é a junção dos orifícios interno e externo, o colo vai ficando fino. Existe um índice que chama índice de BISHOP (não precisa saber os elementos), é a “pontuação” que o colo do útero ganha pra sua distensão. Os parâmetros que são mais avaliados são os parâmetros da característica do colo. Quando a pontuação é mais de 6 eu já posso usar a ocitocina se eu tiver que usar, o parto está mais perto de acontecer. O trabalho de parto, inicialmente com a ação da ocitocina, as contrações são coordenadas, compulsivas e dolorosas. Essa é a grande diferença que a mulher percebe das diferenças que ela tinha durante a gravidez, porque eram localizadas e completamente isentas de dor. Agora, com a contração uniforme das células, você puxa o anexo e causa dor intensa. Outra coisa é a frequência da contração, ela era esporádica, e agora tem mais de 2 contrações a cada 10 minutos (parâmetro das contrações). A duração de cada contração chega a 60 segundos. Outra coisa que acontece é a perda do tampão mucoso com a dilatação do colo uterino. Também há o toque da bolsa d`agua no colo, a bolsa sai (bolsa insinuada), está prestes a romper. Quando a bolsa rompe, o bebe cai em cima do colo, liberando mais citocina ainda, o que faz as contrações ficarem muito grandes. Depois que o colo está dilatado e apagado, se você continua com as contrações, o neném sai. Depois que o neném nascer, o problema não está resolvido, porque a placenta tem que sair. A placenta está encravada no endométrio. Antes, o útero estava esticado, quando ele nasce ele tem uma retração elástica. Essa retração elástica solta a placenta, e ela sai. A placenta que não sai é chamada de placenta acreta ou acretismo placentário. A placenta estava ligada aos ramos da artéria uterina, possuindo fluxo arterial. Quando ela sai, os vasos ficam abertospra dentro do útero, ocorrendo sangramento. Então, há o sangramento pós-parto. A ocitocina vai fazer a miotamponagem. O miométrio vai contrair, espremendo o vaso e impedindo a hemorragia. Se a miotamponagem não adiantar, existem fármacos que podem aumentar a contração uterina e podem fazer a contração pra evitar o sangramento. 9 Depois que tem a miotamponagem o sangue para de fluir, coagulando. Logo, esses vasos vai desaparecendo aos poucos. A trombotamponagem é a segunda linha de defesa, que é a formação do trombo, mas ela veio da miotamponagem, se o sangue tiver passando livremente ele não vai coagular. Atonia uterina é o útero que não se contrai, nem com estimulo fisiológico nem com o farmacológico. A solução é abrir o abdome e ligar a artéria uterina. A mulher quando sai do trabalho de parto continua precisando da ocitocina. Ela tem uma ação na glândula mamaria. As células não tem receptores pra ocitocina, elas são o local de produção do leite. Ela não tem nenhum papel em produzir o leite. As células mioepiteliais são semelhantes a musculatura lisa, e fazem a contração, ejetando o leite nos ductos lactíferos até onde o neném pode pegar o leite. Se a glândula mamaria tiver vazia, não tiver leite, a ocitocina não vai atuar. Ela vai contrair uma glândula vazia. Aumenta a saída do leite. O estimulo que tem pra ejetar o leite é a sucção do mamilo. Durante o parto era a distensão do colo uterino. Quanto mais o neném suga o mamilo, mais ocitocina libera na corrente sanguínea. Ela vai atuar na glândula mamaria, aumentando a contração das células mioepiteliais favorecendo a ejeção do leite. Mas, ela é um hormônio endócrino, tendo também sua ação no útero, mesmo com a mulher em casa. Então, ela aumenta a contração uterina. Tanto que muitas mulheres sentem cólica quando amamentam. Quando você aumenta a contração uterina você melhora o sangramento pós-parto e favorece a involução uterina, o útero volta a seu tamanho normal. A ocitocina no trabalho de parto, se for usada como medicamento, é usada pela via intravenosa ou pela via intramuscular, dependendo da finalidade. ADH OU VASOPRESSINA Adh é o hormônio antidiurético, é a vasopressina. É armazenado na hipófise posterior. Exerce seus efeitos em 3 receptores. O mais importante é o V2, que é o que está mais relacionado com os principais efeitos que o ADH pode produzir pra gente. O receptor V1a é o que está presente nos vasos sanguíneos, tem um efeito importante, secundariamente, fazendo vasoconstrição. O ADH é liberado quando você está com a pressão baixa, ele faz o aumento da pressão arterial através da vasoconstrição. O V1a também está presente no fígado, fazendo a glicogenolise, a quebra do glicogênio em glicose pra fornecer mais substrato energético pro organismo. Receptor V1b está presente no eixo hipotálamo-hipofisario e está relacionado a liberação do hormônio liberador de corticotropina, o ACTH em cortisol. Está envolvido nas respostas ao estresse. Vai ter um efeito de diminuir a intensidade do paciente. O receptor V2 está presente no nefron, e é onde a gente tem a maior importância da ação do ADH. O nefron tem vários segmentos, quando você vai chegando mais no final do nefron (tubo coletor, tubo distal final) a permeabilidade a agua vai depender do ADH. Na presença do ADH você vai ter uma maior reabsorção de agua. Ele joga agua no sangue, tira agua da urina e joga no sangue. Como ele joga agua no sangue, a volemia aumenta, mas os eletrólitos no sangue vão ser diluídos. Logo, a osmolaridade vai diminuir. Se ele aumenta a volemia, ele aumenta a pressão arterial. Esses são os dois efeitos mais importantes do ADH: aumenta a volemia e ajuda a regularizar a pressão arterial, e reduz a osmolaridade, que é a proporção entre solutos e solventes que a gente tem no sangue. Se o ADH aumenta a reabsorção de agua, ele aumenta a entrada de agua no sangue, aumenta a volemia, e reduz a osmolaridade. A urina vai ficar com menos agua, urinando menos. Ao aumentar a reabsorção de agua eu to diminuindo o debito urinário, vou urinar menos. Como ele aumenta a osmolaridade da urina, ele aumenta a 10 sua concentração. Se eu não tiver ADH eu vou urinar muito, a urina vai ser menor concentrada e em maior quantidade. Grande parte da reabsorção de agua no nefron não depende do ADH, o que depende dele é 10% da agua filtrada. Se elimino 180L, o ADH é responsável por 18L. Sem ele, eu posso eliminar até 18L de urina por dia. O local de ação é o nefron. A célula tubular renal tem duas membranas, tem uma borda luminal voltado pro lúmen e uma basolateral voltada pro sangue. Quando o ADH se liga ao receptor V2, ele vai traduzir o sinal. Ele é um hormônio proteico, hidrossolúvel, então, ele não vai entrar na célula. Ele aumenta os níveis intracelulares do AMPc. Na ausência do ADH, a membrana luminal do tubo coletor e do distal final é impermeável a agua. O ADH ao aumentar o AMPc vai translocar as aquaporinas do tipo II para a membrana luminal. Ou seja, na ausência do ADH não tem aquaporina. É a aquaporina que vai permitir que a agua ligue do lúmen para o sangue. Ele insere as aquaporinas tipo II na membrana luminal e aumenta a reabsorção de agua. A urina tem sódio, se você tirou agua mas não tirou sódio, ele fica lá, ficando mais concentrado, aumentando a osmolaridade da urina. Mas a agua entra pela outra membrana. Sem o AMPc a aquaporina fica dentro da célula, não vai se expor lá na membrana. Quanto mais ADH, mais aquaporina, mais reabsorve agua, mais a urina é concentrada, menos você urina, e mais o seu sangue tem volemia e osmolaridade baixa, porque você está jogando agua lá. Se a agua está saindo da urina e indo pro sangue, o sangue está ganhando agua, ficando mais diluído. Mas a agua está saindo do lúmen, deixando-o mais concentrado. Então, o ADH concentra a urina e dilui o plasma. Efeitos do ADH: ele faz vasoconstrição, aumenta a reabsorção de agua no ducto coletor e distal final (insere as aquaporinas na membrana luminal), ele aumenta a volemia (jogando agua no sangue), ele aumenta a pressão arterial, e reduz a osmolaridade do sangue. Quais são as situações que podem estar liberando ADH na gente? Numa temperatura de 40 graus, a gente libera mais ADH, pra reter agua, porque eu to perdendo agua pela sudorese, que é um importante mecanismo homeostático de perda de calor. Se estiver no inverno e bebendo agua, você vai liberar menos ADH pra poder compensar a volemia, porque você está bebendo agua e não está eliminando. 11 Os fatores que aumentam a liberação do ADH são a redução da pressão arterial e a redução da volemia. Um dos maiores estímulos para a liberação do ADH é um aumento da osmolaridade do plasma. Qualquer circunstância que aumente a osmolaridade já faz liberar ADH pra reduzir a osmolaridade do plasma. É fisiológico. Os osmorreceptores: receptor capaz de detectar a osmolaridade do plasma, são neurônios sensíveis a osmolaridade. Se você tem um aumento da osmolaridade, eles automaticamente estimulam a área hipotalâmica lateral (vai gerar sede, área da ingesta hídrica), mas por outro lado, estimula os neurônios a liberar ADH. Mecanismo de ação do osmorreceptor: se você tiver um aumento da osmolaridade do sangue, você vai ter um aumento do NaCl, fazendo o osmorreceptor perder agua para o plasma. Quando ele desidrata ele ativa intensamente as fibras que vão ao hipotálamo pra liberar o ADH, aumentando a absorção de agua e corrigindo a alteração de osmolaridade.
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