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Criptosporidiose: Morfologia, Biologia e Transmissão

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Daniele Longo 
 CRIPTOSPORÍASE 
 
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→ Morfologia: O Cryptosporidium parvum se desenvolve, preferencialmente, nas microvilosidades de 
células epiteliais do trato gastrintestinal, mas pode se localizar em outras partes, como parênquima 
pulmonar, vesícula biliar, dutos pancreáticos, esôfago e faringe. Ele parasita a parte externa do citoplasma 
da célula e dá a impressão de se localizar fora dela. O parasito apresenta diferentes formas estruturais que 
podem ser encontradas nos tecidos (formas endógenas), nas fezes e no meio ambiente (oocistos). Os 
oocistos do Cryptosporidium são pequenos, esféricos ou ovoides e contêm quatro esporozoítos livres no 
seu interior quando eliminados nas fezes. 
→ Biologia: O ciclo biológico é monoxênico, típico dos coccídeos, e inclui um processo de multiplicação 
assexuada (merogonia) com ocorrência de duas gerações de merontes e outro de multiplicação sexuada 
(gametogonia) com formação de macrogametas e microgametas que, após a fecundação, resultam na 
formação de oocistos. Dois tipos de oocistos são formados: um de parede espessa, que é excretado para 
o meio externo com as fezes, e um de parede delgada, que se rompe no intestino delgado e - acredita-se - 
é responsável pelos casos de autoinfecção. Os oocistos esporulam no interior do hospedeiro e já são 
infectantes quando eliminados para o meio ambiente. A duração do ciclo biológico é curta e, segundo 
estudos realizados em várias espécies de animais, varia, em média, de dois a sete dias. 
→ Transmissão: A infecção humana ocorre por meio da ingestão ou inalação de oocistos ou pela 
autoinfecção. A transmissão da criptosporidiose é feita pelas seguintes vias: pessoa a pessoa: observada 
em ambientes com alta densidade populacional, como em creches e hospitais, e através do contato direto 
e indireto, possivelmente incluindo atividades sexuais; animal a pessoa: ocorre como consequência do 
contato direto de pessoas com animais que se encontram eliminando oocistos; pela água de bebida ou de 
recreação contaminada com oocistos; por alimentos contaminados com oocistos. A contaminação do meio 
ambiente com fezes humanas ou de animais infectados pode atingir alimentos e fontes de água usadas 
para consumo (poços artesianos, cisternas, reservatórios e redes de distribuição), para recreação 
(piscinas, represas) ou para irrigação e processa- mento de alimentos (frutas e verduras) que resulta em 
surtos de criptosporidiose, assinalados em diferentes países. 
→ Patogenia: A patogenia e o quadro clínico da criptosporidiose são influenciados por vários fatores 
que incluem, entre eles, a idade, a competência imunológica do indivíduo infectado e a associação com 
outros patógenos. As alterações provocadas pelo parasitismo do Cryptosporidium nas células epiteliais da 
mucosa gastrintestinal interferem nos processos digestivos e resultam na síndrome da má absorção. Em 
indivíduos imunocompetentes, a doença se caracteriza por diarreia aquosa com duração de um a 30 dias, 
anorexia, dor abdominal, náusea, flatulência, febre e dor de cabeça. O quadro clínico é, geralmente, 
benigno e autolimitante, com duração média de dez dias. Em crianças, os sintomas são mais graves e 
podem ser acompanhados de vômitos e desidratação. Em indivíduos imunodeficientes, os sintomas são 
crônicos, caracterizando-se por vários meses de diarreia aquosa refratária a qualquer medicação 
antimicrobiana e acentuada perda de peso. Ocorrem desequilíbrio eletrolítico, má absorção, 
emagrecimento acentuado e mortalidade elevada, principalmente em indivíduos com síndrome da 
imunodeficiência adquirida. Outras manifestações clínicas e alterações, como colite, apendicite aguda, 
dilatação do duto hepático e pneumopatias, têm sido atribuídas ou associadas a criptosporidiose. O 
Cryptosporidium é considerado como um dos responsáveis pela diarreia de verão e pela diarreia dos 
viajantes em várias partes do mundo. 
→ Diagnostico: O diagnóstico da criptosporidiose é feito pela demonstração de oocistos nas fezes, em 
material de biópsia intestinal ou em material obtido de raspado de mucosa. O exame de fezes é feito após 
utilização de métodos de concentração (flutuação centrífuga em solução saturada de sacarose ou solução 
de Sheather ou sedimentação pelo formol-éter) ou emprego de métodos especiais de coloração, como, por 
exemplo, Ziehl-Neelsen modificado, Kinyoun modificado, safranina-azul-de-metileno, carbol-fucsina com 
dimetilsulfóxido, Giemsa ou auramina e suas associações. O diagnóstico pode, ainda, ser feito pela 
pesquisa de anticorpos circulantes, utilizando técnicas sorológicas como testes de anticorpos policlonais 
Daniele Longo 
 CRIPTOSPORÍASE 
 
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fluorescentes, reação de imunofluorescência indireta, ELISA, imunofluorescência com anticorpos 
monoclonais, hemaglutinação passiva reversa e imunocromatografia qualitativa em fase sólida. 
→ Profilaxia: A profilaxia e o controle da doença são feitos pela adoção de medidas que previnam ou 
evitem a contaminação do meio ambiente, água e alimentos com oocistos do parasito e o contato de 
pessoas suscetíveis com fontes de infecção. Devem ser utilizadas fossas ou privadas, com proteção dos 
reservatórios de água para evitar a contaminação com fezes. Cuidados especiais de higiene pessoal e 
com o vestuário, utensílios e instrumentos devem ser adotados pelos indivíduos dos grupos de risco cujas 
atividades os colocam em contato com material contaminado, pessoas doentes ou animais infectados. As 
medidas de higiene devem ser rigorosas em ambientes especiais, como creches e hospitais, onde ocorre 
uma alta densidade de indivíduos suscetíveis. As pessoas dos grupos de alto risco, representadas por 
portadores de diferentes tipos de imunodeficiências, devem evitar contato com animais e adotar rigorosa 
higiene pessoal.

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