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Aula 8 – Escoamento em Tubulações Eng. Civil Marcelo Botini Tavares 8.1 – INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES 8.2 – MOVIMENTO LAMINAR E MOVIMENTO TURBULENTO 8.3 – PERDA DE CARGA 8.3.1 Classificação das Perdas de Carga 8.3.2 Perda de carga ao longo das canalizações 8.3.3 Perda de carga localizada 8.3.3.1 Método dos comprimentos virtuais 8.1 INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES A maioria das aplicações da Hidráulica na Engenharia diz respeito à utilização de tubos. Tubo é um conduto usado para transporte de fluidos, geralmente de seção transversal circular. Quando funcionando com a seção cheia, em geral estão sob pressão maior que a atmosférica e, quando não, funcionam como canais com superfície livre. Considera-se forçado o conduto no qual o líquido escoa sob pressão diferente da atmosférica. A canalização funciona, sempre, totalmente cheia e o conduto é sempre fechado. São exemplos as tubulações de recalque e tubulações de sucção. Os condutos livres apresentam, em qualquer ponto da superfície livre, pressão igual à atmosférica. Funcionam sempre por gravidade. São executados com declividades preestabelecidas, exigindo nivelamento cuidadoso. Compreendem as canaletas, calhas, drenos, interceptores de esgoto, coletores de esgoto, galerias e cursos de águas naturais. 8.2 MOVIMENTO LAMINAR E MOVIMENTO TURBULENTO O número de Reynolds é um parâmetro que leva em consideração a velocidade entre o fluido que escoa e o material que o envolve, uma dimensão linear típica e a viscosidade cinemática do fluido. No caso de escoamento em tubos de seção circular, considera-se o diâmetro como dimensão típica, sendo então 𝑅𝑒 = 𝑉𝐷 𝜈 onde V = velocidade do fluido (m/s) D = diâmetro da canalização (m) ν = viscosidade cinemática (m²/s) Se o escoamento verificar Re < 2.000, o regime é laminar. Se Re > 4.000, o regime é turbulento. Entre 2.000 e 4.0000 encontra-se uma zona crítica, na qual não se pode determinar com segurança a perda de carga nas canalizações. Recordando: No movimento laminar as partículas fluidas apresentam trajetórias bem definidas, que não se cruzam. Elevando-se a velocidade do líquido, as partículas adquirem movimento desordenado. A velocidade apresenta em qualquer instante uma componente transversal. Tal regime é denominado turbulento. Nas condições práticas, o movimento da água em canalizações é sempre turbulento. Exercício 8.1 – Uma tubulação nova de aço com 10 cm de diâmetro conduz 757 m³/dia de óleo combustível pesado à temperatura de 33 °C (ν = 0,000077 m²/s). Pergunta-se: o regime de escoamento é laminar ou turbulento? 8.3 PERDAS DE CARGA Quando um fluido flui de (1) para (2) na canalização indicada na figura, parte da energia inicial se dissipa sob a forma de calor; a soma das três cargas em (2) (teorema de Bernoulli) não se iguala a carga total em (1). A diferença hf é denominada perda de carga. A resistência ao escoamento no caso do regime laminar é devida inteiramente à viscosidade. No caso do escoamento turbulento, a resistência é o efeito combinado das forças devidas à velocidade e à inércia. Nesse caso, a distribuição de velocidades na canalização depende da turbulência, maior ou menor, e esta é influenciada pelas condições das paredes. Um tubo com paredes rugosas causaria maior turbulência. 8.3.1 Classificação das Perdas de Carga Na prática, as canalizações são constituídas de tubos de diversos diâmetros, conexões, válvulas, registros e peças especiais, que elevam a turbulência, provocando atrito e o choque das partículas, dando origem a perdas de carga. As perdas devem ser consideradas: a) perda de carga distribuída: perda por resistência ao longo dos condutos. Ocasionada pelo movimento da água na própria tubulação. b) perda de carga localizada: provocadas pelas peças especiais, conexões, válvulas, etc. e demais singularidades de uma instalação. 8.3.2 Perda de carga ao longo das canalizações Por meio de experimentos, observou-se que a resistência ao escoamento da água em tubos de seção circular é a) diretamente proporcional ao comprimento da canalização; b) inversamente proporcional a uma potência do diâmetro; c) função de uma potência da velocidade média; d) variável com a natureza das paredes dos tubos; e) independente da posição do tubo; f) independente da pressão interna sob a qual o líquido escoa; e g) função da relação entre a viscosidade e a densidade do fluido. A fórmula de cálculo de tubulações conhecida como Fórmula de Darcy ou Fórmula Universal é dada por ℎ𝑓 = 𝑓 𝐿𝑉2 𝐷2𝑔 sendo, hf a perda de carga unitária (por metro de canalização). O coeficiente de atrito f não tem seu valor estabelecido através de uma fórmula. Ele é uma função - da rugosidade do tubo; - da viscosidade e da densidade do líquido; - da velocidade; e - do diâmetro da tubulação. Assim, seu valor será sempre obtido de tabelas e gráficos, onde são anotados pontos observados na prática e por experiências. 8.3.3 Perda de carga localizada As instalações de transporte de água sob pressão, são constituídas por tubulações montadas em sequência, unidas por acessórios tais como, válvulas, curvas, derivações, registros ou conexões. A presença de cada um destes acessórios se reflete em um acréscimo de turbulência que produz perdas de cargas que devem ser agregadas às perdas distribuídas. Essas perdas são denominadas localizadas pelo fato de decorrerem especificamente destes pontos ou partes bem determinadas da tubulação, alterando a uniformidade do escoamento sobre a linha de energia nos trechos a montante e a jusante de sua localização. De um modo geral, todas as perdas localizadas podem ser expressas sob a forma: ℎ𝑓 = 𝐾 𝑣2 2𝑔 equação geral para a qual o coeficiente K pode ser obtido experimentalmente para cada caso. O Quadro 8.1 apresenta os valores aproximados de K para as peças e perdas mais comuns na prática. A bibliografia ainda cita valores de K para: - perda de carga na entrada de uma canalização (saída de reservatório); - perda de carga na saída das canalizações (entrada de reservatório); - perda de carga em curvas; - perda de carga em válvulas de gaveta; - perda de carga em válvula borboleta; - perda de carga devido ao estreitamento de seção; - perda de carga devido ao alargamento gradual de seção; e - perda de carga em tês e junções. Quadro 8.1 – Valores aproximados de K (perdas localizadas) Exercício 8.2 – Uma canalização de ferro dúctil com 1800 m de comprimento e 300 mm de diâmetro está descarregando em um reservatório, 60l/s. Calcular a diferença de nível entre a represa e o reservatório, considerando todas as perdas de carga. Verificar quanto as perdas locais representam da perda por atrito ao longo do encanamento (em %). Há na linha apenas 2 curvas de 90°, 2 de 45° e 2 registros de gaveta (abertos). Considerar J = 0,0041m/m. 8.3.3.1 Método dos comprimentos virtuais Uma canalização que compreende diversas peças especiais e outras singularidades, sob o ponto de vista de perdas de carga equivale a um encanamento retilíneo de comprimento maior. O método consiste em se adicionarem à extensão da canalização, para simples efeito de cálculo, comprimentos tais que correspondam à mesma perda de carga que causariam as peças especiais existentes na canalização. A cada peça especial corresponde um certo comprimento fictício e adicional. Levando-se em consideração todas as peças especiais e demais causas de perda,chega-se a um comprimento virtual de canalização. Os dados apresentados na Tabela 8.1, inclui valores para os comprimentos fictícios correspondentes às peças e perdas mais frequentes nas canalizações. Tabela 8.1 – Comprimentos equivalentes a perdas localizadas Exercício 8.3 – Analisar as perdas locais no ramal de ¾” que abastece o chuveiro de uma instalação predial. Verificar qual a porcentagem dessas perdas em relação à perda por atrito ao longo do ramal. Os pontos mencionados se referem à: (1) tê, saída do lado, (2) cotovelo (raio curto), 90°, (3) registro de gaveta aberto, (4) cotovelo (raio curto), 90°, (5) tê, passagem direta, (6) cotovelo (raio curto), 90°, (7) registro de gaveta aberto, (8) cotovelo (raio curto), 90°, (9) cotovelo, 90°.
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