Buscar

Aula 05

Prévia do material em texto

*
*
*
 DA CONDIÇÃO - DO TERMO - DO ENCARGO
	Trata-se de elementos acidentais dos negócios jurídicos, ou seja, de elementos que não precisam existir; no entanto, se as partes os esti-pularem, tornam-se inseparáveis das manifestações de vontade. São au-tolimitações da vontade para modificar a eficácia dos negócios jurídicos, alterando os seus efeitos. 
	O principal desses elementos acidentais é a CONDIÇÃO, que pode ser definida como o acontecimento futuro e incerto de que depende a eficácia do negócio jurídico. O Código Civil a define no art. 121:
	Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamen- te da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. 
	São portanto elementos da condição: a) Que a cláusula seja vo-luntária; b) Que o acontecimento a que se subordina a eficácia ou a reso-lução do negócio seja futuro; c) Que esse evento seja incerto.
	A voluntariedade é essencial, pois se a eficácia do negócio for su-bordinada a uma determinação da lei, e não pela vontade das partes não haverá condição. Assim será a morte em relação ao testamento. 
*
*
*
	O acontecimento tem de ser futuro, não podendo ser passado nem presente, ainda que ignorado pelas partes
	Por fim, o evento deve ser incerto, pois se for certo, será termo e não condição.	Essa incerteza deve ser objetiva, real. Não deve existir a-penas na mente das pessoas.
	Há alguns negócios jurídicos que não admitem condição. Os de natureza patrimonial em geral a admitem, como exceção da aceitação e renúncia de herança. Os referentes a direitos de família, ao contrário, não a comportam ( casamento, adoção, emancipação, etc. )
	 CLASSIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES:
	1) Lícitas - Ilícitas. Como diz o art. 122, primeira parte, são ilícitas as contrárias à lei, a moral e aos bons costumes. Algumas são ilícitas por violarem regras da Constituição ( ex. – se você mudar de religião ). As que limitam a liberdade das pessoas só são ilícitas se forem absolutas ( ex. – não se casar; permanecer viúvo, etc. ). 
	O mesmo artigo ainda proibe as condições que privarem o negó-cio de todo efeito ( As perplexas, mencionadas no art. 123, III, são as que não fazem sentido, sendo ilógicas, como a venda de um prédio sob a con-dição de não ser ocupado pelo comprador. ) e as que o sujeitarem ao ar-bítrio de uma das partes ( puramente potestativas ) 
	
*
*
*
	2) Possíveis - Impossíveis. Mencionadas nos arts. 123 e 124 do Código Civil, podem ser subdivididas em física ou juridicamente impossi-veis. Essas últimas são as que esbarram numa proibição expressa da lei ou ferem a moral ou os bons costumes ( ex.: arts. 426, 1.619 do CC.; cometer crime ou prostituir-se ). Como se vê, abrangem as imorais e as ilícitas. Suas consequências são diversas:
	Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
 	I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas	II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
	III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 	Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
	3) Casuais – Potestativas -- Mistas. 
	Casuais são as que dependem do acaso ou da vontade exclusiva de terceira pessoa. Potestativas, as que dependem da vontade do agente, podem ser puramente ou simplesmente potestativas. Só as primeiras são proibidas, pois dependem do arbítrio do agente ( ex. – se eu quiser; se eu levantar o braço, etc.). Simplesmente potestativas são as que dependem da vontade mas também de outros fatores ( ex.- se fores a Bahia ). Mistas
*
*
*
são as que dependem da vontade do agente e também de uma terceira pessoa ( ex.- se se casar com Maria ). 
	As puramente potestativas podem perder esse caráter se forem dificultadas por alguma situação ( ex. – Dizer para uma pessoa aleijada: se você subir aquele morro ou as escadas da Igreja da Penha ). São então chamadas de condições promíscuas.
	4) Suspensivas – Resolutivas. Trata-se da classificação mais im-portante e da que mais frequentemente é mencionada na lei. 
	A suspensiva é a que impede que o negócio jurídica tenha efica-cia e produza efeitos ( Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. )
	A resolutiva, quando verificada, extingue ( mata ) os direitos a ela subordinados ( Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; ). Enquanto ela não se verificar o negócio jurídico produz todos os seus efeitos; verificada, o negócio ter – mina ( Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigo-rará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. ) 	
*
*
*
 DA RETROATIVIDADE DAS CONDIÇÕES:
	Não há na nossa lei uma regra geral a respeito da retroatividade. 
	O art. 126 do CC. trata do assunto ( Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis.) 
	O art. 128, por exemplo, ressalva os negócios de execução continuada, cujos efeitos não desaparecem quando se verifica a condição resolutiva. Já o art. 1.359 do CC., em princípio, aplica a retroatividade e faz ficarem resolvidos os direitos reais realizados na pendência da con-dição. 
	Portanto, a questão é resolvida em cada situação, ora aplicando –se a retroatividade, ora a irretroatividade.
	PENDÊNCIA, IMPLEMENTO E FRUSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO:
	Trata-se do estado em que cada condição se encontra e dos efei-tos que daí ocorrem. Pendência é o estado da condição enquanto se aguarda que o evento futuro e incerto ocorra ou não. ( ex. Condição: se gear no mês de Julho; ainda estamos em Maio, na dúvida se irá gear ou não. ) Implemento é a verificação do acontecimento futuro e incerto ( ex. Chegou o mês de Julho e geou ). Frustração é a falha da condição ( ex. Passou o mês de Julho e não geou ).
*
*
*
	Assim, na fase de pendência da condição suspensiva ou resoluti-va, permite-se que o titular do direito realize atos conservatórios ( Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é
permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. )
	Por outro lado, dispõe nosso Código: (Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. )
				T E R M O
 	Termo é a cláusula contratual que subordina a eficácia do negócio jurídico a um acontecimento futuro e certo. Como diz nosso Código, no art. 131, “ o termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito ”.
	O termo pode ser classificado como a) termo certo, quando se trata de uma data certa ( o dia 25 de julho de 2.009 ) e b) termo incerto, quando se cuida de um fato futuro e certo, mas sem data pre-fixa, como a morte de alguém.
	Também se classifica o termo em a) inicial ( ou suspensivo ) e b) final ( ou resolutivo ). O termo inicial refere-se ao início e o final ao término do negócio ( ex.- A locação começa no dia 10/5/2.009 e termina no dia 09/5/2.010 ). Daí o disposto no art. 135 do CC. 
     
*
*
*
	 PRAZO – Termo não se confunde com prazo, que é o espaço de tempo entre dois termos. Os arts. 132 a 134 do CC. dispõe sobre prazos, observando-se no entanto que esse assunto tem mais importância em direito processsual.
				ENCARGO
	É uma cláusula acessória voluntária que frequentemente surge nos negócios jurídicos gratuitos, ou liberalidades, tais como a doação e o testamento, e pela qual se impõeuma obrigação ao beneficiário. Não po –de ser aposta em negócio a título oneroso, pois valeria como uma contra-prestação. Em regra é identificada pelas expressões “para que”, “a fim de que”, “com a obrigação de”. Não se confunde com as condições pois co-mo diz o art. 136 do CC, “o encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo dispo-nente, como condição suspensiva.” Leiam-se os arts. 553, 562 e 1.938 do CC.
	Por fim, dispõe o art. 137 do CC. que “ considera-se não escrito o encar-go ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico. ”

Continue navegando