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Lingua portuguesa conteudo online Aula 1 10

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AULA 1: LINGUAGEM COLOQUIAL E NORMA CULTA
Língua Portuguesa: um bem cultural
Você sabia que é por meio da Língua Portuguesa que nos apropriamos do mundo ao nosso redor e de tudo aquilo que nos faz mover a vida? Por exemplo, por meio dela, você adquiriu sua bagagem intelectual no decorrer de sua vida acadêmica e, neste momento, consegue compreender esta aula.
Agora que você chegou à Universidade, queremos ajudá-lo no que diz respeito a algumas questões relativas ao uso desse nosso maior patrimônio cultural: a Língua Portuguesa.
 Esta disciplina será muito importante para que, daqui emdiante, você utilize a língua em situações comunicativasque exigem um pouco mais de cuidado, demonitoramento e de formalidade. 
Emprego da língua
Uma das funções da universidade é prepará-lo para o mercado de trabalho.
Você, inclusive, já deve ter imaginado como seria atuar fora do ambiente acadêmico – quem sabe em uma grande empresa? 
Mas e se você tiver de escrever um texto simples, tal como um breve relatório? Será que você colocará todas as vírgulas em seus devidos lugares? 
E quanto à crase? Você saberá empregá-la corretamente? 
Não se sinta menosprezado se não souber fazê-lo. Afinal, a disciplina de Língua Portuguesa está aqui exatamente para auxiliá-lo a compreender um pouco melhor os usos formais da língua. 
Para iniciar esse estudo, vamos aprender alguns conceitos importantes.
 A importância da Língua Portuguesa para a carreira 
Ana Cláudia Madaleno 
Dominar a norma culta da língua portuguesa está se tornando cada vez mais importante para o sucesso de profissionais de todas as áreas. No passado, quando diretores, superintendentes e gerentes podiam contar com uma secretária, a falta de domínio da língua portuguesa não era tão notada, afinal, quem precisava escrever corretamente era ela. Hoje isso mudou. Com as empresas cada vez mais "enxutas", muitas vezes os executivos ou não possuem ou precisam dividir a mesma assistente. Assim, obrigatoriamente tiveram que começar a escrever relatórios, preparar documentos e enviar e-mails. 
Qual o motivo de tanta dificuldade para elaborar um bom texto? Resumidamente, o português é um idioma muito complexo e uma das principais dificuldades é que a norma culta é bastante diferente da língua normalmente falada. E a falta de domínio do idioma pode comprometer profundamente a imagem do profissional, colocando em dúvida a qualidade de seu trabalho. A imagem negativa projetada pela má comunicação dos funcionários é muito mal recebida tanto pelo público interno como o externo (clientes e concorrentes). Nesse contexto, falar corretamente é fundamental para o sucesso de uma organização, e os empregadores valorizam cada vez mais os funcionários que sabem se expressar com fluência e corretamente. Aqueles que cometem erros de português ao falar e não são capazes de escrever dez linhas gramaticalmente corretas e com clareza, passam aos outros uma péssima imagem de pessoa mal informada, de nível cultural baixo, que não lê. Ou seja, podem ser grandes especialistas em suas áreas de atuação, mas que provavelmente não poderão transmitir seus valores. 
O avanço da comunicação digital tem aumentado a necessidade de o profissional escrever. O número de mensagens que circulam nas empresas aumenta exponencialmente ano a ano. Nunca se escreveu tanto, embora não esteja aí qualquer indício de qualidade dos textos produzidos. Há inclusive o componente da velocidade que transporta pela rede uma implícita indulgência pelos maus-tratos à língua, antes mesmo de a mensagem ser enviada. 
A mensagem eletrônica, apesar de incorporar alguns elementos da fala, não deixa de ser um texto escrito, o que, por si só, aumenta a exigência de precisão. Ouve-se com frequência que escrever é mais difícil do que falar. Há uma razão para isso. Na linguagem oral, existem mais mecanismos para se checar se a mensagem foi entendida corretamente. Há uma série de intervenções 'não entendi', 'é isso mesmo?', retomadas de trechos da conversa que ajudam a compreensão, além de contar com outros elementos como entonação, variação de voz, ironias. Na linguagem escrita não existem esses elementos, por isso precisa ser dotada de muita clareza. Uma simples vírgula pode comprometer totalmente um texto, podendo provocar realmente desastres na empresa, na família, na escola. 
O problema do português ruim, evidentemente, começa muito antes de alguém se tornar um executivo. E não dá para discordar da enorme parcela de culpa das escolas e do sistema de ensino brasileiro. Para começar, a maior parte das escolas se limita a cumprir o número mínimo de aulas de português estabelecido por lei. Poucas dedicam mais horas à disciplina. 
Para completar, o português foi abolido da grade curricular de maior parte das universidades. Os alunos se habituaram a considerá-lo uma disciplina de menor importância, algo sem relação direta com a vida prática. Resultado: o jovem termina o segundo grau com deficiências graves e as carrega para a vida profissional. A linguagem escrita faz parte da vida prática e dentre as várias habilidades exigidas do profissional, a de se expressar nas linguagens oral e escrita tornou-se uma das mais prementes no mundo do trabalho. Sabemos também que ao dominar a gramática, será mais fácil demonstrar conhecimentos técnicos adquiridos, mostrando antes habilidade com a língua portuguesa. Dessa forma, é essencial a conscientização de que o sucesso profissional depende tanto de saber escrever português com clareza, quanto dos outros conhecimentos técnicos.
Tipos de linguagem
Antes de estudarmos os usos de verbos, os sinais de pontuação etc.,
precisamos entender alguns conceitos importantes. Para começar:
Só podemos afirmar que vivemos em sociedade porque nos comunicamos, certo?
Todo e qualquer ato comunicativo se dá por meio do uso de alguma linguagem.
Existem dois tipos de linguagens: a verbal e a não verbal.
Diálogo no WhatsApp VERBAL
Semáforo NÃO VERBAL
Orquestra NÃO VERBAL
Bate papo VERBAL
A linguagem verbal é aquela que se vale de palavras – sejam estas faladas, sejam estas escritas. Nesse caso, o código utilizado para manter a comunicação é a própria língua (portuguesa, inglesa, francesa etc.). Logo, o diálogo no WhatsApp e o bate papo são exemplos de linguagem verbal.
Já a linguagem não verbal é aquela que utiliza outros códigos diferentes da língua. Essa linguagem pode se manifestar por meio das cores, dos gestos, de um olhar, da música etc. No exemplo do semáforo, a comunicação ocorre através das cores e, no caso da orquestra, através da música instrumental.
Linguagem não verbal
 Antes de dar continuidade a seus estudos, assista a este vídeo, que utiliza cenas do filme O negociador, no qual um dos personagens fala da relevância da linguagem não verbal. Como você viu, o policial detectou a mentira do personagem acusado ao analisar não sua fala – linguagem verbal –, mas seu olhar e suas expressões corporais e faciais. Esses gestos “dizem” muito – às vezes, mais que diversas palavras proferidas.
Nesse caso, saber interpretar a linguagem não verbal é muito importante!
Agora que você já conheceu os diferentes tipos de linguagem, vamos nos ater àquele que, de fato, é de nosso interesse: a linguagem verbal – no nosso caso, a Língua Portuguesa. 
A partir de agora, você vai conhecer algumas regras para falar e escrever de forma adequada, isto é, de acordo com os contextos de uso do idioma.
A propósito: adequação é uma palavra que deve fazer parte do nosso dia a dia.
Para exemplificar, analise as falas destes dois personagens em situações cotidianas distintas...
Mas que tipo de linguagem os ambientes formal e informal envolvem: a escrita, a fala?
Como você percebeu, a Língua Portuguesa foi utilizada em ambas as situações, mas o registro não foi o mesmo. Cada personagem adequou sua fala ao ambiente em que se encontrava: mais ou menos formal.
No escritório, falando com o chefe... Bom dia chefe! Como vai?
Na praia, falando com os amigos... E aí, brother! Beleza?
Ambienteformal e informal
Você sabe a diferença entre ambiente formal e informal? Vamos descobrir?
Ambiente formal
Imagine-se em uma entrevista de emprego. Se o entrevistador lhe perguntar sobre sua disponibilidade de tempo para desempenhar suas funções, o mais adequado para a ocasião será responder:
1. Disponho de tempo integral para assumir o cargo.
2. Qualquer hora é hora. É só chamar que tô dentro!
Ambiente informal
Agora, imagine-se em um restaurante, em um bate-papo com um(a) amigo(a). Se ele(a) lhe fizer uma pergunta sobre as novidades que você tem para contar, o mais adequado para a ocasião será responder:
1. Atualmente, em termos de inovação em minha vida, estou fadada à monotonia. 
2. Nada de novo. Continuo seguindo a mesma vidinha de sempre.
O ambiente formal é aquele em que usamos a norma culta da língua, cujo registro segue o que está prescrito na gramática normativa. Trata-se de um padrão de linguagem adequado a situações como uma entrevista de emprego, uma reunião de trabalho ou mesmo uma palestra em um congresso.
Já o ambiente informal é aquele em que usamos a linguagem coloquial, que dispensa formalidade. Trata-se da linguagem do cotidiano, adequada a situações como uma conversa entre amigos, uma festa, um bilhete que deixamos para nossa família na porta da geladeira ou mesmo uma troca de mensagens nas redes sociais.
Ambiente formal e informal
Como você percebeu, utilizamos determinado tipo de linguagem de acordo com a ocasião em que nos encontramos. 
Isso significa que o emprego dos diferentes registros da língua depende de seus contextos de uso. 
Por exemplo, suponha que você trabalhe em uma empresa multinacional. Falar com seu chefe imediato (1) – aquele com quem tem algum nível de intimidade – não é o mesmo que falar com o diretor da companhia (2), certo? 
Para cada situação, provavelmente, você usará um vocabulário distinto, conforme podemos observar nestes diálogos:
Aquela apresentação é pra hoje, né, Paola? Sim, é pra hoje mesmo, às 13h, com o Roberto, ok?
Olá, senhor Roberto! Estou aqui para apresentar o novo projeto desenvolvido pela equipe de engenharia.
"Veja que belos movimentos elípticos fazem essas ondas, meu caro amigo! Pega-las-emos neste instante ou mais tardiamente?"
Podemos comparar as escolhas que fazemos quanto ao uso da língua à forma como nos vestimos: assim como há um tipo de vestimenta para cada ocasião, há uma norma linguística específica para situações formais e informais.
Veja o caso do “surfista-executivo” ao lado: não só os termos por ele usados mas também sua forma de se vestir são impróprios ao contexto em que está inserido. 
Por isso, nesse caso, há inadequação do uso da língua falada. O mesmo pode ocorrer na escrita.
Variação linguística
A expressão linguística pode se realizar em diferentes modalidades: a escrita e a fala. Mas existem algumas diferenças entre elas.
Na língua falada, há entre falante e ouvinte trocas sucessivas e simultâneas, o que não ocorre na língua escrita, na qual a comunicação acontece, geralmente, na ausência de um dos participantes. 
Além disso, na fala, as marcas de planejamento do texto costumam não aparecer, porque sua produção e execução se dão ao mesmo tempo. Justamente por isso, a linguagem oral é marcada por pausas, interrupções, retomadas, correções etc., o que não observamos na escrita, porque o texto se apresenta acabado, e há um tempo para sua elaboração.
CUIDADO! 
Não associe língua falada ao registro informal nem língua escrita ao registro formal, porque tanto em uma quanto em outra modalidade, verificamos diferentes graus de formalidade. Podem existir textos muito formais na língua falada e textos completamente informais na língua escrita.
Mas o que isso quer dizer?
Em outras palavras, que a língua varia de acordo com o lugar, com a situação comunicativa ou, até mesmo, com nosso interlocutor – a pessoa com quem falamos ou a quem escrevemos. 
Isso é o que chamamos de VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Para entender melhor o assunto, assista ao vídeo a seguir.
A variação linguística corresponde a diferentes realizações de uma mesma língua. Ela pode ser: Regional
Os regionalismos manifestam-se, principalmente, pelo sotaque e por palavras ou expressões utilizadas pelos falantes de determinada região.
Podemos citar as diferenças entre o falar:
Carioca: Caraca! Esse curso é muito maneiro.
Cearense: Êta que esse curso é bem arretado!
Mineiro: Nossinhora! Esse curso é bom demais da conta, sô!
ATENÇÃO!
NÃO podemos dizer que determinada região do país fale “o português mais correto”. Tal afirmação é falsa, pois o que há são variações da Língua Portuguesa. A pronúncia do cearense ou do carioca, por exemplo, não é errada ou certa, mas, simplesmente, o modo de articular os sons daquela comunidade linguística.
De registro 
A formalidade ou a informalidade da situação comunicativa determinam as diferentes formas de usar a língua. Há dois registros: formal e informal.  
Analise as situações a seguir:
1) Estácio informa: Já estão abertas as inscrições para o curso de Graduação em Letras - Licenciatura em Língua Portuguesa. Fique atento às datas de ingresso e não perca o período de matrícula nas disciplinas.
2) Vocês leram na web, pessoal? Para quem quer ser letrado e dar aula de português ou de literatura, a hora é essa. A gente precisa se inscrever na Estácio. Os dias de inscrição e de matrícula nas disciplinas estão lá. Vamos?
Comentário
Nesse caso, a mesma informação foi transmitida a partir de duas modalidades da língua – a escrita e a falada – e através de registros distintos – o formal e o informal.
Social 
As diferentes formas de falar marcam os grupos sociais ou, até mesmo, a faixa etária de determinado conjunto de pessoas.   
O uso de determinado vocabulário marca os grupos sociais e as comunidades linguísticas. 
Você se lembra do “surfista-executivo” que apresentamos anteriormente? Como vimos, sua fala e sua roupa não estavam adequadas ao ambiente em que se encontrava: a praia. 
Para se inserir nesse grupo específico e validar-se nesse meio de forma decisiva, ele deveria não apenas vestir um figurino típico mas também adaptar o uso da língua. 
Associada à vestimenta, a fala mais apropriada à situação seria:
Que onda cabulosa, cara! E aí?
Bora pegar agora ou depois? 
Variação linguística
As mudanças linguísticas sobre as quais discutimos até agora começam na fala – como você pode observar no diálogo ao lado –, passam para a escrita e chegam ao sistema da língua. Por exemplo, até hoje, a expressão “a gente” – sobre a qual nos deteremos mais adiante – ainda é rejeitada pela gramática normativa. Entretanto, usamos o termo “conforme” como conjunção sem nos darmos conta de que se trata de uma forma verbal que ampliou sua função na língua e passou a essa classificação de conjunção.
Exemplo: Conforme ele disse, chegaremos lá na hora.
Mas todas as formas em variação passam para um uso mais formal da língua?
Não! Como a linguagem é utilizada por pessoas, haverá tanta variação quanto suas necessidades comunicativas. Essas problemáticas aparecem na escrita acadêmica quando consideramos as variações linguísticas e a adequação. Mas e quanto às gírias? Como evitá-las em ambientes formais? Assista ao vídeo a seguir e entenda melhor a questão da adequação vocabular.
Paulista Aí, mano. Tá ligado que sexta você ficou de me pagar aquele negócio, né?
Carioca Cara, relaxa! Não vou te dar o calote. Meu pai já me deu o dinheiro.
Norma culta
Quando pensamos em variação linguística, referimo-nos a todos os exemplos que acabamos de ver. No entanto, independente das diferenças citadas, há uma variedade da língua considerada de prestígio e que deve ser utilizada em determinadas situações comunicativas: a norma culta.  
MAS O QUE É EXATAMENTE ESSA NORMA CULTA?
 
É aquela formada por um conjunto de estruturas concebidas como corretas, que podem ser usadas tanto para falar quanto para escrever. Trata-se da chamada variante padrão. Essa norma é tão valorizadasocialmente que, quando estão em um ambiente mais formal, os indivíduos com alto nível de escolaridade procuram monitorar sua fala. 
Vamos entender melhor essa questão...
Em sua opinião, que frase está CORRETA?
A gente vai até lá para conferir de perto.
Nós vamos até lá para conferir de perto.
As duas formas estão corretas, mas há uma diferença entre elas: 
a primeira é coloquial, e a segunda segue a gramática normativa.
 Norma Culta 
Norma culta é um conjunto de padrões linguísticos rigorosos que definem o uso correto de uma língua. Geralmente esse padrão é usado por pessoas com elevado nível de escolaridade. 
Para dominar perfeitamente uma língua, para falar e escrever de forma correta, respeitando a norma culta, é essencial o estudo da gramática. 
A palavra norma é referente às variedades linguísticas, que podem ser utilizadas por indivíduos de acordo com o contexto em questão. Esse contexto depende da classe social, da cultura e história dos intervenientes na comunicação. 
A norma culta é vista como uma linguagem erudita, utilizada por um grupo de pessoas de elite, que utilizam a língua portuguesa de forma culta. Pode ser dividida em duas modalidades, a formal e a coloquial. A modalidade formal é usada na escrita, e é fundamentada nas regras da gramática, com um elevado grau de rigor. A vertente coloquial é relativa à parte oral de uma língua, onde a rigidez é menor, há uma maior liberdade em relação às regras da gramática, no entanto, essas normas não podem ser transgredidas. Algumas alterações são permitidas somente no contexto falado de uma língua. 
Na norma culta, existem parâmetros essenciais, como a adequada escolha lexical, correta utilização da pontuação e capacidade de organização das ideias. 
Saber falar e escrever de acordo com a norma culta de uma língua é uma competência bastante valorizada no mercado de trabalho, sendo que o domínio da norma culta possibilita ao indivíduo comunicar-se de uma maneira culta e respeitosa, com precisão e eficiência. http://www.normaculta.com.br/
Forma marcada da língua
Vamos entender, agora, como a norma de prestígio funciona.
Como vimos anteriormente, uma das formas em variação no português brasileiro contempla a oposição das estruturas a gente x nós. 
A ideia básica é de que a expressão A GENTE pode ser usada em ambientes informais e o pronome pessoal do caso reto NÓS – prescrito pela gramática normativa –, em ambientes formais.
No entanto, precisamos considerar que, quando usada, a forma “a gente” deve ser acompanhada do verbo na 3ª pessoa do singular: a gente vai.  
Lembra-se daquela variação social sobre a qual conversamos? Ela nos mostra que há pessoas, falantes de uma variedade da língua chamada de não padrão, que dizem “a gente vamos”. Mas qual é o problema desse uso?
Isso é o que chamamos de forma marcada, e usá-la permite que aqueles que nos ouvem nos definam como parte de um grupo com baixo nível de escolaridade.
Por exemplo, quando uma emissora de televisão quer delimitar,
linguisticamente, uma personagem desse tipo, introduz, em sua fala, algumas marcas. 
É comum, por exemplo, que essa personagem diga:
“Falano” em lugar de “falando” – suprimindo o “d” do gerúndio;
“Eu vou TE falar pra você” em lugar de “Eu vou falar para você”;
“Ni mim” em lugar de “em mim”;
“Eu tavo” em lugar de “eu estava”;
“Pá nóis” em lugar de “para nós”.
Clique aqui e assista a uma cena da novela Alto Astral, da Rede Globo, e analise as formas marcadas da língua nas falas do personagem Afeganistão.
 Observe que, embora as formas “nós tá nos ponto” ou “nós tá atrasado” envolvam o uso do pronome pessoal “nós”, a ausência da conjugação adequada – de acordo com a norma culta – na cena anterior marca a fala do personagem Afeganistão do mesmo modo.
Por isso, em se tratando de variação linguística, é importante considerarmos nosso papel social.
Imagine que um professor universitário entra em sala de aula e diz a seus alunos acerca de um encontro com a coordenadora...
Eu vi ela no corredor. Você acha que essa frase está errada? Reflita um pouco antes de checar a resposta.
Resposta: Embora o uso do pronome ELA como objeto direto seja comum na fala de muitas pessoas – mesmo escolarizadas –, ele não é prescrito pela gramática normativa. 
A forma adequada seria “Eu a vi no corredor”. Usar o pronome oblíquo “a” é formal, mas, dependendo do ambiente, o falante pode optar por: “Eu vi a coordenadora no corredor”.
Norma-padrão X Coloquialismo
Agora que você já entendeu a diversidade entre fala e escrita, vamos nos ater às diferenças entre os registros coloquial e culto da língua.
Alguns fenômenos são típicos da escrita e merecem um pouco mais de cuidado por parte de quem escreve – principalmente em ambientes de maior formalidade. 
Vamos analisar o quadro ao lado e identificar tais aspectos.
ONDE x AONDE
Onde estou? Aonde vou?
Ainda que tenhamos conhecimento da norma culta da língua, há termos que provocam dúvidas na hora de falar e escrever de acordo com esse padrão.
Onde nós vamos?
Aonde nós vamos? Parabéns, você acertou!
Quando há, na oração, um verbo que indica movimento – como o verbo IR, por exemplo –, o correto é usar AONDE. Mas, se a pergunta fosse feita com o verbo ESTAR, o correto seria: Onde você está? Sabe por quê? Simples! O verbo 
Atenção!
A palavra MAL também pode ser um substantivo.
Exemplo: Este é um mal necessário.
Mas, nesse caso, haverá sempre um determinante qualquer – como o artigo indefinido UM. 
Além disso, considerando tal substantivação – acompanhada de um artigo definido ou indefinido –, o mesmo vocábulo pode variar em número.  
Exemplo: Os males da vida são muitos.
AULA 2: VERBO
Gramática
Para entendermos o conceito de gramática, vamos analisar o diálogo a seguir:
Oi, Júlia! Você foi à festa da Camila? Fui, Ana! E conheci o namorado dela...
E o que você achou? Hum... Não sei bem!
Por quê? Ele fala “A gente fomos”! Não sabe gramática!
Como você percebeu, a personagem Júlia afirma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua.
Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos...
Tipos de gramática
Há várias formas de definirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classificações. São elas:
Gramática internalizada -> Gramática normativa
Gramática internalizada 
É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem.
Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já fiz”?
 Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical do verbo nas conjugações. 
Se a criança diz “Eu já bebi” e
“Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um [i] final, ela dirá “Eu já fazi” (FAZER). 
 Isso significa que ela criou uma regra
em que [i] seria uma forma de expressar o passado.
Gramática normativa
Muitos associam esta expressão à imagem de um livro – seja impresso, seja virtual.
Mas será que devemos interpretar a gramática normativa somente dessa forma?
Observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua...
Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase: O livro que eu gosto já esgotou.
No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: O livro DE que eu gosto também já esgotou.
Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. Exemplo: Eu gosto disso.
O estudo da gramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam:
Você observou como o personagem fala?  Ele não pronuncia as palavras em ordem direta:
SUJEITO + VERBO + OBJETO
Mas inverte os termos da oração, o que dificulta seu entendimento.
 Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinadaordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas.
Os pronomes de tratamento “você(s)”, “senhor(a)” e “senhores(as)”, que fazem referência à 2ª pessoa, mas que se manifestam, formalmente, na 3ª, conjugam-se nesta última. A tabela a seguir apresenta essa conjugação:
Como você percebeu, João fica irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido. 
 Mas por que isso acontece?
Transitividade verbal
Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu significado completo, não o entenderemos por si só.   
 Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”?
Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classificação sobre a qual discutiremos adiante.
Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações.
Gosto de você! Tenho saudade de você! E eu com isso? 
Uso das preposições: casos especiais
A expressão correta é EM NÍVEL
 Exemplo: Essa questão será resolvida em nível federal. Lembramos que a expressão “a nível de” é um modismo a ser evitado.
DELE ou DE ELE?
DELE quando corresponde a um pronome possessivo.
 Exemplo: A paciência dele acabou, e ele saiu da sala.
DELE quando corresponde à combinação da preposição de com o pronome pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto
 Exemplo: Ana gosta muito dele, mas prefere ficar em silêncio.
DE ELE = preposição de mais o pronome pessoal reto ele. Essa combinação só pode ser usada quando ele for sujeito de uma oração reduzida de infinitivo.
 
Exemplos: Conversamos sobre isso de ele sair.  (= de que ele saísse)
Apesar de ele ter comprado o carro, foi de táxi à festa.
O segredo é o verbo no INFINITIVO. Só podemos usar DE ELE quando houver esse verbo. Exemplo: Fizemos a surpresa antes de ele chegar ao curso.
Essa regra também se aplica em outros casos, tais como:
PREPOSIÇÃO + ARTIGO: 
Exemplo: As contratações cessaram depois de a polícia ter descoberto todo o golpe.
PREPOSIÇÃO + PRONOME DEMONSTRATIVO:
Exemplo: O médico comprou o equipamento, apesar de essa empresa não garantir a troca.
 A forma prescrita é TEM DE.
Embora o uso da forma “tem que” esteja consagrado e muitos autores considerem as duas formas aceitáveis, devemos utilizar, preferencialmente, a forma “tem de”. 
 Exemplo: A família tem de pagar todas as dívidas.
PARA MIM ou PARA EU?
Devemos observar que:
 a) “Eu” é um pronome pessoal do caso reto e exerce a função de sujeito;
b) “Mim” é um pronome pessoal oblíquo tônico, NUNCA exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: “a mim”, “de mim”, “entre mim”, “para mim”, “por mim” etc.
Exemplos 
Ana trouxe o livro PARA EU ler. (= sujeito)
Ana trouxe o livro para MIM. (= não é sujeito)
 No primeiro caso, há duas orações: 
 “Ana trouxe o livro” = oração principal 
“para EU ler” = oração reduzida de infinitivo (= para que eu lesse)
 Nesse caso, devemos usar o pronome pessoal do caso reto (EU), porque este exerce a função de sujeito do verbo infinitivo (LER). 
 Em síntese, a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo (sempre no infinitivo) após o pronome.
 Portanto, sempre que houver um verbo no infinitivo, devemos usar os pronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição.
 Exemplos
 Minha irmã saiu da festa antes DE MIM.
Ela voltou para o escritório antes DE EU chegar.
Nossos professores fizeram isso POR MIM.
Mariana fez isso POR EU estar cansada.
 Observe, no entanto, a mudança no significado trazida pelo uso da vírgula:
 PARA EU sair de casa, foi preciso organizar minhas finanças.
PARA MIM, vender meu primeiro imóvel foi uma grande conquista.
 Na primeira frase, o pronome pessoal reto (EU) é o sujeito do infinitivo (SAIR). 
 Já na segunda frase, a vírgula indica que PARA MIM está deslocado. Nesse caso, devemos usar o pronome oblíquo (MIM), pois este não é o sujeito do verbo VENDER.
Não há nada ENTRE EU E VOCÊ ou ENTRE MIM E VOCÊ?
Como explicamos anteriormente, “Eu” é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito:
 Com verbo no infinitivo – Não há nada ENTRE EU sair e você ficar em casa;
Sem verbo no infinitivo – Não há nada ENTRE MIM E VOCÊ.
A QUEM
 Quando o substantivo que antecede o pronome relativo é pessoa, podemos usar o pronome “quem”.
Exemplo: Aquele é o professor A QUEM enviei o trabalho.
DE QUE, DE QUEM ou DO QUAL?
Estes são os processos DE QUE (ou DOS QUAIS) o escritório dispõe. 
(= o escritório dispõe DOS PROCESSOS)
 Estes são os advogados DE QUEM ou DOS QUAIS o escritório dispõe.
(= a empresa dispõe DOS ADVOGADOS)
ATENÇÃO!
 O pronome relativo QUAL deve ser usado sempre que vier antecedido de preposição que não seja monossílaba (“após”, “contra”, “desde”, “entre”, “para”, “perante”, “sobre” etc.).
 Exemplos
 Este é o livro SOBRE O QUAL falei ontem.
Esta é a ocasião PARA A QUAL eles se prepararam tanto.
CUJO
O pronome relativo “cujo” deve ser usado sempre que houver ideia de posse.
 Exemplos:
Ali está o cozinheiro DE CUJO bolo ninguém gostou. 
A preposição “de” é exigência do verbo “gostar”.
Este é o autor A CUJA obra eu me referi. 
 A preposição “a” é regida pelo verbo “referir”.
Aquele é o filósofo COM CUJAS ideias eu não concordo.
A preposição “com” é regida pelo verbo “concordar”.
Veja a revista EM CUJAS páginas li sobre aquela nova dieta.
(= eu li sobre aquela nova dieta NAS PÁGINAS)
 Encontrei na livraria o romancista CUJA obra foi premiada.
(= A OBRA foi premiada -> sem preposição)
ATENÇÃO!
 Não usamos artigo definido entre o pronome “cujo” e o substantivo. 
 Exemplo: Na próxima rua, temos a universidade CUJO aluno inventou o novo chip.
Pronomes relativos 
Os pronomes relativos aparecem precedidos de preposição quando os verbos que acompanham são regidos por preposições.
 Exemplos
 Compro sempre naquela loja os doces DE QUE eu gosto tanto.
O mecânico A QUEM eu chamei mais cedo já chegou.
Dr. Jorge é o médico EM QUEM meus avós tanto confiam.
 Pronome QUE
O pronome “que” pode aparecer:
 Com ou sem preposição – quando substituir coisa;
Sem preposição – quando substituir pessoa (equivale a QUEM);
 Exemplos
 Os refrigerantes QUE compramos acabaram rápido.
Os refrigerantes DE QUE precisávamos para a festa não chegaram.
As senhoras QUE cumprimentamos eram muito simpáticas.
As senhoras A QUEM convidamos para a festa não vieram.
AULA 3: CONCORDÂNCIA
Concordância = adequação da língua
Nesta segunda aula, vamos ampliar nosso saber linguístico com base no estudo das noções de concordância nominal e verbal.
Mas o que é concordância?
Exemplo 1
Parece que não existe mais pessoas interessadas neste assunto.
 O que há de estranho nessa frase?
 Se não há “mais pessoas interessadas neste assunto”, então, o verbo deveria estar no plural. Logo, o correto seria:  Parece que não existem mais pessoas interessadas neste assunto.
Exemplo 2
Vou mandar anexo no e-mail os relatórios.
 E nesta frase? O que lhe chamou a atenção?
 Se o substantivo “relatórios” está no plural, o adjetivo “anexo” deve seguir essa categoria da língua. Logo, o correto seria: Vou mandar anexos no e-mail os relatórios.
Agora, as frases possuem CONCORDÂNCIA.Mais adiante, vamos estudar um pouco de teoria  para que possamos compreender melhor esse tema. Mas, antes, teste seus conhecimentos através do exercício a seguir.  
Exercício
 Com base no que vimos anteriormente, identifique os equívocos de concordância nas frases a seguir e reescreva-as corretamente:
Segue anexa as atas de registro de preço. Seguem anexas as atas de registro de preço.
Todas as decisões tratadas na reunião e assinadas pelo chefe foi seguido. Todas as decisões tratadas na reunião e assinadas pelo chefe foram seguidas. 
Agora, vamos à análise teórica desses casos.
Um pouco de teoria
A Língua Portuguesa é bastante flexível no que diz respeito à posição dos elementos na frase. Observe os seguintes exemplos:
 A) As duas alunas inteligentes já começaram a estudar para a prova de amanhã.
B) Já começaram a estudar para a prova de amanhã as duas alunas inteligentes.
C) Para a prova de amanhã, já começaram a estudar as duas alunas inteligentes.
No exemplo (a), a frase está na ordem direta, ou seja, na ordem padrão da língua: 
SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO
 SUJEITO = “As duas alunas inteligentes”
VERBO = “começaram a estudar”
COMPLEMENTO = “para a prova de amanhã” Mas por que isso é importante para a concordância? 
 Vejamos...
Ordem direta e inversa
Exercício
Para testar seus conhecimentos e verificar se entendeu a diferença entre ordem direta e inversa da língua, coloque as frases a seguir na ordem direta, ajustando a concordância, quando necessário:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante.
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico.
Os dois irmãos, na hora do jantar, sem o menor constrangimento, comeu antes de lavar as mãos.
Os dois irmãos comeram antes de lavar as mãos na hora do jantar, sem o menor constrangimento.
Agora, vamos retomar alguns pontos sobre os quais já discutimos nas aulas anteriores e identificar sua relação com a concordância.
Dúvidas frequentes de concordância verbal
Para evitar equívocos de concordância verbal, existe uma regra geral que deve ser sempre considerada: 
O verbo concorda com o núcleo do sujeito a que se refere em número – singular ou plural – e em pessoa – 1ª, 2ª ou 3ª.
Palavra principal que compõe o sujeito da oração – aquela que rege a concordância. Geralmente, esse vocábulo é um substantivo, mas também pode ser um pronome.
Nas próximas telas, veremos alguns casos comuns apresentados por Sautchuk (2011) de erros cometidos nesse sentido.
Dúvidas frequentes de concordância verbal
1) Sujeito colocado depois do verbo
Quando o sujeito aparece posposto ao verbo – isto é, depois dele –, costuma-se cometer o erro mencionado no início da aula. Observe:
INCORRETO - Parece que não existe  mais pessoas interessadas neste assunto.
ESTRATÉGIA - Substituir o sujeito por um pronome = ELAS Parece que elas não existem mais.
CORRETO - Parece que não existem mais pessoas interessadas nesse assunto.
2) Em frases em que o sujeito é muito extenso ou em que o núcleo do sujeito está distante do verbo, também se cometem alguns erros.
Você já deve ter percebido que, às vezes, o sujeito é tão longo que perdemos o fio da meada não só quanto ao sentido da sentença como também quanto à gramática. Observe:
INCORRETO - O perigo de encontrarmos nas ruas ou nas cidades grandes um assaltante podem nos intimidar.
ESTRATÉGIA  - Pergunte-se: O que “pode nos intimidar”? Resposta: “O perigo” = ELE
CORRETO - O perigo de encontrarmos nas ruas ou nas cidades grandes um assaltante pode nos intimidar.
3) Contaminação do verbo com a palavra mais próxima, sem concordar com o núcleo do sujeito de fato:
Outro erro muito comum ocorre quando o verbo é contaminado pela palavra mais próxima e deixa de concordar com o núcleo do sujeito de fato. Esse engano é corriqueiro em situações em que a expressão antes do verbo está no plural e o núcleo do sujeito, no singular ou vice-versa. Observe:
INCORRETO - Será que a incompetência por parte de diversos profissionais não poderiam ser evitados?
ESTRATÉGIA - Pergunte-se: O que “poderia ser evitado(a)”? Resposta: “a incompetência”.
CORRETO - Será que a incompetência por parte de diversos profissionais não poderia ser evitada?
4) Muito CUIDADO com a concordância que envolve um pronome: O, OS, A, AS. 
Observe como deduzimos a concordância adequada nesse tipo de construção:
INCORRETO - Todas aquelas promessas a fez esquecer a traição.
ESTRATÉGIA  - Pergunte-se: O que “a fez esquecer a traição”? Resposta: “Todas aquelas promessas”.
CORRETO - Todas aquelas promessas a fizeram esquecer a traição.
Exercício
Antes de continuarmos, que tal um pequeno exercício?  Corrija as frases a seguir, quando necessário:
Foi ao cinema Luiza e suas primas.
Foram ao cinema Luiza e suas primas.
Nunca antes na história da humanidade, foi tão comentada as ideias desse autor.
Nunca antes na história da humanidade, foram tão comentadas as ideias desse autor.
O problema apontado pelas pessoas em todas as reuniões foram resolvidos imediatamente. 
O problema apontado pelas pessoas em todas as reuniões foi resolvido imediatamente.
Dúvidas frequentes de concordância verbal
5) Núcleos ligados pela conjunção OU
Quando aparecem nas sentenças núcleos ligados pela conjunção “ou”, devemos considerar duas situações – aquelas em que:
a) Há ideia de exclusão ou de retificação
Nesse caso, a ação ou o fato só pode ser atribuído a 
um dos núcleos. O verbo fica, então, no singular ou concorda com o núcleo do sujeito mais próximo. 
Exemplos
 Felipe Massa ou Lewis Hamilton será o piloto vencedor. (Ideia de exclusão)
Escultura ou pinturas eram do século XVIII. 
(Ideia de exclusão)
O professor ou os professores elaboraram as questões. (Ideia de retificação) 
b) Não há ideia de exclusão
Nesse caso, a ação ou o fato podem ser atribuídos a ambos os núcleos. O verbo vai, então, para o plural na pessoa gramatical predominante. 
Exemplos
 O álcool ou o cigarro são prejudiciais à saúde. 
Você ou a mãe dela serão sempre odiadas por todos.
Dúvidas frequentes de concordância verbal
6) Uso de expressões específicas
Vamos, agora, aos casos de concordância a partir de usos de expressões específicas. São elas:
UM DOS QUE e UMA DAS QUE Se você usar tais expressões, o verbo poderá ficar no singular ou no plural.
 Exemplo : O segurança foi um dos que pediu/pediram demissão.
A MAIORIA DE, GRANDE PARTE DE, PARTE DE e A MAIOR PARTE DE
Se você usar tais expressões partitivas e equivalentes, o verbo poderá ficar no singular ou no plural.
 Exemplo 
A maioria das revistas não comentou/comentaram o caso.
Grande parte dos espectadores perdeu/perderam a estreia da nova novela.
MAIS DE UM
Se você usar esta expressão, o verbo ficará no singular – a não ser que ela esteja repetida ou indique reciprocidade.
 Exemplo 
Mais de um funcionário foi demitido.
Mais de uma escolha, mais de uma ação teriam de ser feitas. (Expressão repetida)
Mais de um convidado deram-se as mãos. (Ideia de reciprocidade)
Exercício
Vamos a mais um exercício? 
Corrija as frases a seguir, quando necessário:
A maioria dos entrevistados reprovam a administração municipal.
A frase está correta. Há duas possibilidades de escrevê-la: A maioria dos entrevistados reprova/reprovam a administração municipal.
Ou você ou eu teremos de resolver o problema.
A frase está correta, se a ideia é de inclusão. Mas, se for de exclusão, o verbo ficará no singular: Ou você ou eu terá de resolver o problema.
Mais de um aluno tiraram boa nota.
A frase está incorreta. O correto é: Mais de um aluno tirou boa nota.
O professor foi um dos que não aprovou aquele aluno.
A frase está correta. Há duas possibilidades de escrevê-la: O professor foi um dos que não aprovou/aprovaram aquele aluno.
Dúvidas frequentes de concordância verbal
7) Pronomes relativos QUE e QUEM
Veja, agora, como ocorre a concordância quando o sujeito é formado pelos seguintespronomes relativos:
QUE
Nesse caso, o verbo concorda em número e pessoa com o antecedente do pronome. 
Exemplos: 
Fui eu que liguei o aparelho. Foram eles que ligaram o aparelho.
QUEM
Nesse caso, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. 
 Exemplos: 
Não sou eu quem paga o serviço.  
Fui eu quem pagou a serviço.
Atenção!
Na língua falada, é comum o verbo concordar com o antecedente do pronome QUEM e ouvirmos frases do tipo: Não sou eu quem pago a conta.
No entanto, a prescrição gramatical condena esse uso, considerando-o um desvio da norma culta.
Dúvidas frequentes de concordância verbal
8) Verbos impessoais
Alguns casos de concordância com verbos impessoais são alvo de dúvidas por parte de muitos brasileiros. Aqueles que não podem ser flexionados em outras pessoas, mas sempre permanecem na 3ª pessoa do singular, pois não possuem sujeito. Você conhece esses verbos? São eles:
HAVER
Este verbo não varia quanto apresenta os seguintes sentidos: 
Tempo Decorrido – Exemplos  
Não nos vemos há muito tempo.
Havia cinco anos que planejávamos essa viagem.
Não os vejo há três meses.
Existir
Exemplo Havia 10 alunos na sala.
Exemplo Havia 10 alunos na sala.
FAZER
Este verbo não varia quando indica tempo.
Exemplos
 Faz muitos anos que não nos vemos.
Faz dois anos que viajamos à Espanha.
CHOVER, GEAR...
Estes verbos, que indicam fenômenos da natureza, não variam e formam orações sem sujeito.
Exemplos
 Chove muito lá fora.
Chovia muito quando chegamos ao aeroporto.
ATENCAO!
Quando usados em sentido figurado, os verbos que exprimem fenômenos da natureza DEIXAM de ser impessoais. 
Exemplos: Choviam lágrimas de seus olhos. (Sentido metafórico)
Dúvidas frequentes de concordância verbal
9) Partícula SE
Veja, agora, como ocorre a concordância de verbos acompanhados da partícula SE:
Partícula apassivadora SE
 Neste caso (SE + VERBO TRANSITIVO DIRETO), o verbo normalmente concorda com o sujeito, porque a partícula SE torna a frase passiva, ou seja, o sujeito é quem sofre a ação do verbo. 
 
Exemplos
 Vende-se casa nova.   -   Casa nova é vendida.
Vendem-se casas novas.  -  Casas novas são vendidas.
Nesses exemplos, as expressões “casa nova” e “casas novas” ocupam a função de sujeito e, por isso, os verbos concordam com elas, ficando, respectivamente, no singular e no plural.
SE +
 
Exercício
Vamos a mais um exercício para fixação? 
Corrija as frases a seguir, quando necessário:
 Aluga-se apartamento.
A frase está correta. Se o sujeito fosse “apartamentos”, o verbo ficaria no plural: Alugam-se apartamentos.
Nesta competição, não existe titulares ou reservas.
A frase está incorreta. O correto é: Nesta competição, não existem titulares ou reservas.
Já faziam anos que não nos víamos.
A frase está incorreta. O correto é: Já fazia anos que não nos víamos. 
Dúvidas frequentes de concordância verbal
10) Verbo SER
Seguindo a relação sintática que se estabelece entre o sujeito e o verbo, o mais comum é que o verbo SER concorde com o sujeito. 
 
Exemplos
 Ele era muito feliz.
Eles eram muito felizes.
 
 No entanto, esse verbo adéqua-se à flexão do predicativo  nos seguintes caso do quadro. Quando usamos um verbo de ligação, completamos o sentido da frase com um predicativo do sujeito, como em:
 A menina é/anda/permanece triste.
 A palavra “triste” completa o sentido do sujeito “A menina”, e o verbo de ligação funciona como uma ponte de sentido entre o sujeito e sua característica: o predicativo, que, na maioria das vezes, é um adjetivo.
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Exercício
Antes de prosseguir com seu estudo, teste seus conhecimentos! Complete as lacunas com o verbo SER flexionado de forma adequada:
Dúvidas frequentes de concordância nominal
De acordo com Sautchuk (2011, p. 221), um texto sem concordância nominal pode impressionar, de forma negativa, o leitor ou ouvinte. Vamos analisar, agora, algumas dúvidas frequentes no que diz respeito a esse tipo de concordância.
 
A regra geral para evitar erros nesse sentido é a seguinte: Os determinantes e modificadores concordam com o substantivo a que se referem.
Concordância nominal - Explicando o quadro e a regra geral
Regras especiais Além do princípio básico apresentado anteriormente quanto à concordância nominal, temos de considerar algumas regras especiais importantes em nosso dia a dia, que envolvem o uso dos seguintes termos:
ANEXO, APENSO, INCLUSO, JUNTO, SEPARADO
Todas estas palavras são adjetivos e concordam em gênero e número com o substantivo ao qual se referem.
 Exemplos
Seguem anexas às cartas as contas de telefone.
Anexo ao e-mail coloquei o arquivo de que você precisava.
Está incluso ao processo seu pedido.
Elas estão separadas há muito tempo.
As planilhas de custo estão apensas aos documentos.
A expressão EM ANEXO é invariável
 Em anexo, anexo ou anexa: qual é o certo?
 Muito presente no ambiente corporativo dominado pela comunicação virtual, o termo “anexo” é utilizado para fazer referência a arquivos que são enviados junto às mensagens de e-mail. Mas, na hora de enviar um e-mail no trabalho, quem nunca ficou em dúvida sobre como usá-lo? 
A palavra “anexo” é um adjetivo que indica ligação. Dessa forma, deve concordar com o substantivo que acompanha. Sendo assim, observemos as seguintes frases: 
1. O arquivo segue em anexo. 
Neste caso, a expressão “em anexo” – preposição + adjetivo – representa a intenção do interlocutor de expressar o modo pelo qual algo está sendo enviado. Não é possível afirmar que essa forma está errada, pois, nela, a forma verbal “segue” é complementada por uma locução adverbial de modo. Mas, se a intenção é deixar explícito que algo está sendo enviado dentro de um anexo, o melhor é utilizar a forma “no anexo” ao invés de “em anexo”. 
2. A foto está anexa. 
Esta frase está correta de acordo com a norma culta, pois concorda com o substantivo de gênero feminino “foto”, flexionando o adjetivo na forma feminina “anexa”. 
3. As músicas estão no anexo. 
Neste caso, o adjetivo “anexo” é utilizado como substantivo. 
4. Segue o anexo solicitado. 
Neste caso, a palavra “anexo” é um sintagma nominal que exerce função de sujeito, concordando com a forma verbal “segue”. Para não errar, o importante é sempre conferir a função que o termo “anexo” exerce na frase, já que cada caso exige uma forma de concordância de acordo com a gramática do Português. Sendo assim, não há como se confundir na hora de anexar arquivos e enviar e-mails.
O(S) MAIS POSSÍVEL(IS) e O(S) MENOS POSSÍVEL(IS)
Quando empregar uma destas formas, basta ficar atento ao artigo:
 
Se ele estiver no singular, o adjetivo “possível” também ficará no singular;
Se ele estiver no plural, o adjetivo “possível” também ficará no plural.
 
Exemplos
Deixou o filho o mais pobre possível.
Deixou os parentes os mais pobres possíveis.
MESMO
Depois de um pronome reto
Neste caso, a palavra concorda com o pronome ou com a pessoa a quem se refere, reforçando a expressão.
 
Exemplos
Ela mesma disse isso.
Eles mesmos fizeram a pesquisa.
= DE FATO ou REALMENTE
Neste caso, a palavra NÃO varia.
 Exemplos
Ela disse isso mesmo? Ela disse isso de fato?
Eles fizeram mesmo a pesquisa.  Eles fizeram realmente a pesquisa.
O(S) MESMO(S), A(S) MESMA(S)
NÃO use estas expressões para substituir pronome ou substantivo!
 Exemplos
O professor preparou a prova, e “o mesmo” vai aplicá-la.
Correção: O professor preparou a prova, e ele mesmo vai aplicá-la.
É BOM, É NECESSÁRIO, É PROIBIDO
Estas expressões concordarão, obrigatoriamente, com o substantivo a que se referem quando este for precedido de artigo. Caso contrário, elas serão invariáveis. 
Exemplos
É necessário ter paciência.  
A paciência é necessária ao homem.
Analise, agora, as frases a seguir retiradas de placas que podem ser encontradas, facilmente, pelas ruas:
O que há de errado com elas? 
Reflita um pouco antes de saber a resposta...
RespostaEm ambos os casos, há erro de concordância nominal, enfatizado pelo uso do artigo definido “a”. O correto, então, seria:
Proibida a entrada de pessoas não autorizadas.
Proibida a entrada de pessoas estranhas nesta área.
Exercício
Para testar seus conhecimentos quanto ao que estudamos sobre concordância, faça os exercícios a seguir propostos por Sautchuk (2011, p. 220-221).
 
1. Corrija os erros de concordância:
Supõe-se que, com a presença do bombeiro, as pessoas fiquem mais seguras e aguardem, com tranquilidade, que eles a ajudem.
Supõe-se que, com a presença do bombeiro, as pessoas fiquem mais seguras e aguardem, com tranquilidade, que eles as ajudem. (“pessoas” - “as”)
Sua justificativa a respeito dos elevados preços se baseiam na alta do dólar. Então, solicitamos que nos seja fornecido uma relação com itens que estejam mais em conta.
Sua justificativa a respeito dos elevados preços se baseia na alta do dólar. Então, solicitamos que nos seja fornecida uma relação com itens que estejam mais em conta. (Sujeito = “Sua justificativa” - verbo no singular; “uma relação” - “fornecida”)
 
Para testar seus conhecimentos quanto ao que estudamos sobre concordância, faça os exercícios a seguir propostos por Sautchuk (2011, p. 220-221).
 
2. Corrija os erros de concordância:
Foi solicitado junto à gerente de vendas a substituição das cortinas do escritório. 
Foi solicitada junto à gerente de vendas a substituição das cortinas do escritório. (O que “foi solicitado”? Resposta: “a substituição” - concordância no feminino: “solicitada”)
Por vezes, o inconformismo de pacientes ou de familiares levam a atitudes menos cordiais para com os médicos.
Por vezes, o inconformismo de pacientes ou de familiares leva a atitudes menos cordiais para com os médicos. (Sujeito = “o inconformismo de pacientes ou de familiares” - verbo no singular)
Complete as lacunas com a forma verbal entre parênteses:
Os professores precisam voltar a ocupar lugar de destaque na sociedade, pois são aqueles que realmente a    constroem
 Sujeito = “Os professores” . (construir)
Seu avô os     ama
 Sujeito = “Seu avô”  . (amar)
São roupas velhas que não têm mais valor para quem as	compra
 Sujeito = “quem”(comprar)
Todas aquelas pessoas o	perseguiam
 Sujeito = “Todas aquelas pessoas” pela rua abaixo.  (perseguir)
Aula 04 – O USO DA VÍRGULA
Enumerações 
Analise o exemplo a seguir: 
Cléo Pires, Fábio Jr. e mais aparecem em 1º trailer de ‘Qualquer gato vira-lata 2’ 
Você sabe por que há vírgula entre “Cléo Pires” e “Fábio Júnior”? 
Simples: porque sempre devemos usá-la para separar elementos listados. 
Apostos explicativos 
A vírgula deve ser usada para separar explicações que estão no meio da frase – aquelas que interrompem o pensamento, chamadas de apostos explicativos (termos ou expressões que se referem a um substantivo para ampliar seu significado. Esse tipo de aposto pode ser retirado da frase sem causar prejuízo a sua significação como um todo). 
O trecho a seguir, retirado de uma notícia, apresenta exemplos dessa particularidade da língua: 
A nova princesa da Inglaterra, filha da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, e do príncipe William, nasceu às 8h 34m deste sábado (2) em Londres (4h 34m) de Brasília, segundo o Palácio de Kensington, sua residência oficial. A menina e a mãe passam bem 
Nesse caso, os apostos explicativos – “filha da Duquesa de Cambridge’” e “Kate Middleton” – devem ficar entre vírgulas. 
Adjunto adverbial antecipado 
A vírgula deve ser usada para separar o lugar, o tempo ou o modo que vier no início da frase – aquilo a que chamamos de adjunto adverbial antecipado, como mostra o exemplo a seguir: 
De janeiro a abril deste ano, foram 286 mil casos confirmados e 74 mortes. 
TO, PE, AL, SE, BA, RR e MT tiveram alta em total de casos, diz governo. 
Vocativo e anacoluto 
Como tratamos do padrão frasal, aproveite a dica: se há vocativo na sentença, devemos usar a vírgula. O mesmo vale para os anacolutos (figuras de linguagem que representam quebras de padrão frasal. Exemplo: Saúde, quem não precisa dela?). 
Observe, agora, a importância da vírgula nos dois exemplos a seguir fornecidos por Silva 
1. Dr. José Carlos vem aqui. -> (Sem vírgula = afirmação) 
(SUJEITO) (VERBO) 
2. Dr. José Carlos, vem aqui. -> (Com vírgula = chamamento) 
(VOCATIVO) (VERBO) 
Incisos explicativos, retificativos ou continuativos 
Analise o exemplo a seguir: 
Em 1943, já eram 36 os navios mercantes brasileiros afundados por submarinos alemães perto da costa catarinense durante a Segunda Guerra Mundial. Aliás, um desses submarinos, o U-513, foi recentemente localizado pelo velejador Vilfredo Schurmann.
Como explicar o uso da vírgula em: “Aliás, um desses submarinos [...]”? 
Esse emprego se justifica porque a vírgula separa incisos explicativos, retificativos ou continuativos. São alguns deles: ou melhor, isto é, a saber, ou antes, digo, por assim dizer, por isso, além disso. 
Supressão do verbo 
A vírgula também pode ser usada para marcar a supressão do verbo. 
Exemplos: 
Você traz o café e eu, o pão. (trago) 
Ele não nos entende nem nós, a ele. (entendemos) 
7- Isolamento de datas 
A vírgula deve ser usada para separar o nome da localidade nas datas, como mostra o exemplo a seguir: 
Após o tumulto causado pela paralisação por duas horas das linhas 1 e 2 do Metrô, nesta terça-feira, (23/07/2014), o presidente da Rio Eventos, da Prefeitura do Rio, Leonardo Maciel, declarou ao Bom Dia Rio desta quarta-feira, que a quebra do metrô causa um impacto ruim na cidade, no entanto, “é uma limitação de infraestrutura que a gente tem na cidade”.
Ponto e vírgula 
1. Quando a vírgula marca a omissão de um verbo 
Neste caso, pode haver, antes do sujeito desse verbo, uma pausa representada pelo ponto e vírgula ou pelo ponto simples. 
Exemplo: O general não temia o que lhe podia acontecer; os soldados, sempre. (temiam) 
2. Em enumerações 
Geralmente, observamos este caso em textos jurídicos – leis, artigos, decretos etc. – e em livros didáticos. Usamos o ponto e vírgula principalmente se os elementos enumerados forem relativamente extensos e numerosos. 
Veja o exemplo a seguir, em que cada elemento que faz parte da enumeração é um período composto, ou seja, um período com mais de uma oração: 
“Havia vários fatores que corroboravam sua personalidade violenta: 
morava em uma região muito violenta, na qual tiros e facadas eram algo comum; nunca teve acesso à escola e à boa informação, por não desfrutar as condições econômicas básicas para isso; era espancado pelo pai quando tinha seis anos de idade; etc.”. 
Com conjunções intercaladas 
Quando optamos por colocar estes conectivos entre vírgulas – em posição não inicial na oração –, o ponto e vírgula é uma ótima opção para marcar a pausa entre as orações. 
Exemplo: Jonas tem muito dinheiro; não pode, porém, desfrutar suas vantagens.
Aula 05 – Ortografia
PROPAROXITONA: Todas as palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima são acentuadas. 
Observe, no exemplo ao lado, que o autor da placa NÃO seguiu essa regra. 
A palavra “única” é proparoxítona. Por isso, leva acento.
OXITONA:Quando a sílaba tônica for a última e a palavra terminar em -a, -e, -o e -em, seguidos ou não de -s, o vocábulo será acentuado. 
Exemplos: 
cajá, café, cipó, também. 
PAROXITONA: Em português, o grupo de palavras cuja sílaba tônica é a penúltima é muito grande. Por isso, há muito mais regras para a acentuação de paroxítonas. 
Acentuamos aquelas que NÃO terminam em -a, -e, -o, -em e seus plurais – exatamente o oposto do que vimos anteriormente. 
Exemplos: sabia x sabiá; atlas x atrás; xale x chalé; maio x maiô; mentem x mantém. 
O vocábulo “gaúcho” não foi acentuado nessa placa, mas leva acento. Você sabe por quê? Apesarde ser uma palavra paroxítona terminada em -o, esta é uma exceção da Língua Portuguesa: o “u” tônico forma um hiato e está sozinho na sílaba (ga – ú – cho). Por isso, o termo requer acentuação. 
As palavras paroxítonas cujas vogais tônicas “i” e “u” são precedidas de ditongo decrescente NÃO são acentuadas. 
Exemplos: feiura, baiuca. 
Crase 
PREPOSIÇÃO “A” + ARTIGO “A”, tal união é marcada por aquilo que chamamos de acento grave – e não de crase. 
O uso do acento indicativo de crase é mais importante do que possa parecer, pois nos auxilia na depreensão correta dos sentidos de uma frase. 
Como você viu, usamos a crase antes de substantivo feminino e depois de palavra que exige a preposição “a” em seu complemento.
Anexar 
Analise os exemplos a seguir com o verbo “anexar”: 
Favor, anexar à folha o mapa estatístico. 
Favor, anexar a folha ao mapa estatístico. 
Esse verbo é bitransitivo e tem o sentido de “juntar, incorporar” um objeto ou alguém a outro. 
Logo, necessita de um complemento direto (sem preposição) e um indireto (com preposição). 
Na primeira frase, o mapa deve ser unido à folha. Já na segunda, solicita-se o oposto: a folha tem de fazer parte do mapa. 
Sugerir 
O verbo “sugerir” pode ter duas regências: sugerimos algo a alguém – com dois complementos (direto e indireto) – ou, simplesmente, sugerimos algo. Analise os exemplos a seguir: 
Sugeriu à diretoria a concentração de esforços nas fábricas e no campo. 
Sugeriu a diretoria que concentrássemos esforços nas fábricas e no campo. 
Na primeira frase, a sugestão é dada à diretoria. Disso resulta o uso da crase. Lembra-se da regra de substituição da palavra do gênero feminino para o masculino? Se mudarmos “diretoria” por “donos”, teremos: 
Sugeriu aos donos a concentração de esforços nas fábricas e no campo. 
Nesse caso, há, portanto, acento indicativo de crase. Já na segunda frase, “a diretoria” é o sujeito da oração principal, e a sugestão é dada por ela. Se colocarmos a frase na ordem direta, teremos: 
A diretoria sugeriu que concentrássemos esforços nas fábricas e no campo. 
EXEMPLOS:
MAS x MAIS 
Podemos diferenciar estas duas palavras a partir de seu significado. Observe: 
MAIS = ideia de quantidade 
MAS = ideia de oposição (porém, contudo, entretanto, todavia) 
Exemplo: Você sempre gasta mais do que deve, mas consegue juntar dinheiro mesmo assim. 
PORQUÊS 
Existem vários porquês na Língua Portuguesa. 
Saiba em que casos devemos usar cada um deles: 
POR QUE = pronome interrogativo no início da pergunta 
Exemplo: Por que ela não veio à festa? 
POR QUE = pelo(a) qual 
Exemplo: A estrada por que passamos era escura e deserta. 
POR QUÊ = pronome interrogativo no final da pergunta 
Exemplo: Ela não veio à festa. Você sabe por quê? 
PORQUE = pois 
Exemplo: Ela não veio à festa, porque não tinha uma roupa adequada. 
PORQUÊ (substantivo) = motivo, razão 
Exemplo: O namorado de Maria sabe o porquê de tudo. 
ASCENDER x ACENDER 
Podemos diferenciar estas duas palavras a partir de seu significado. Observe: 
ASCENDER = subir 
ACENDER = pôr fogo, incendiar
Exemplos 
• O débito da empresa ascendeu a R$ 20 milhões. 
• O mordomo acendeu a lareira para a madame. 
EMINENTE x IMINENTE 
Podemos diferenciar estas duas palavras a partir de seu significado. Observe: 
EMINENTE = elevado, nobre 
IMINENTE = próximo, imediato 
Exemplos 
• O eminente líder apresentou suas ideias. 
• Perigo iminente! 
AFIM x A FIM 
Podemos diferenciar estas duas palavras a partir de seu significado. Observe: 
AFIM = semelhante 
A FIM = finalidade 
Exemplos 
• Os irmãos possuem temperamentos afins. 
• Estamos aqui, a fim de estudar.
AULA 6:FRASE, ORAÇÃO E PARÁGRAFO
Linguagem e coerência
A intenção de um anúncio publicitário é divulgar um produto, um serviço, uma ideia, certo? Para fazer isso, podemos utilizar diferentes recursos – como na propaganda a que acabamos de assistir.
Você percebeu que o título da propaganda já é bem sugestivo?
Honda HR-V – a revolução na sua garagem
Essa “revolução” que o novo Honda representa nos remete a cinco momentos distintos da história – simbolizados pelas imagens do anúncio –, que mudaram o comportamento da sociedade.
São eles:
A Revolução Francesa
O movimento hippie
A queda do muro de Berlim
A marcha pela liberdade
A primeira vez em que o homem pisou na Lua
Nesse texto publicitário, portanto, é a linguagem não verbal que nos permite fazer tal associação – aquilo que dá sentido ao comercial e, consequentemente, torna-o coerente! Vamos entender melhor, a 
seguir, o conceito de coerência.
Atenção!
Em gêneros textuais como a propaganda, podem coexistir tanto a linguagem verbal quanto a não verbal.
Coerência e semântica do texto
A noção de texto envolve o conceito de coerência: a possibilidade de estabelecermos ou não sentido a uma sequência textual.
Um simples “Oi” é um texto. Agora, imagine se disséssemos:
“Bgvvdft bbhcnbt nnhb”.
Isso é apenas um amontoado de letras sem significado, certo?
Quando não seguimos a sintaxe da língua, não formamos um texto.
Analise os exemplos a seguir:
Casa comprei grande rua lado ao eu uma na. 
Eu comprei uma casa grande na rua ao lado.
1° CASO A sequência é agramatical e, portanto, incoerente, porque não segue as regras da gramática da língua portuguesa.
2° CASO Possui coerência e é dotado de significação.
Mas o que precisamos fazer para tornar nossos textos coerentes? Vejamos...
Quando queremos comunicar nossas ideias, precisamos ser coerentes em todos os ambientes – sejam estes formais ou não.
 Imagine que você recebeu a seguinte mensagem pelo celular:
Já sabemos que usar as abreviações do internetês pode facilitar o envio da mensagem. 
Mas CUIDADO: em alguns casos, esse uso é capaz de prejudicar a comunicação. 
 Cabe a nós identificarmos em que momento é possível nos valermos dessa economia da linguagem. Afinal:
 Haverá coerência se conseguirmos dar sentido ao texto – falado ou escrito.
Veja alguns casos de incoerência: 
 Comprei um carro jovem. -> “jovem” = adjetivo inadequado para o substantivo “carro”
 Ela é viúva, mas o marido dela ainda não morreu. -> falta de conhecimento do significado da palavra “viúva”.
Agora que você já entendeu a noção de coerência, vamos conversar, a seguir, sobre coesão.
Coesão
Antes de começarmos nossa discussão sobre a noção de coesão (um fenômeno que acontece dentro do texto, pois envolve processos que relacionam seus elementos e organizam a sequência textual – como vimos nessa notícia.), leia a reportagem: 
Príncipe William, Kate e filhos deixam palácio e seguem para casa de campo.
Você percebeu, através dos destaques em negrito no texto da reportagem, as estratégias usadas pelo redator para evitar repetições no texto? 
Vejamos alguns termos que substituíram palavras e expressões:
“Príncipe William e sua mulher” -> “seus”, “casal”;
“Princesa Charlotte” -> “que”, “princesa”, “menina”, “sua”, “nova princesa”, “criança”;
“Rainha Elizabeth II” -> “que”.
Esses são os chamados mecanismos coesivos.
Conheça, a seguir, os tipos de coesão.
Há dois tipos de coesão: a referencial e a sequencial. Para entender o mecanismo de coesão referencial, assista ao vídeo a seguir:
Coesão referencial
Como vimos, a coesão referencial é utilizada quando retomamos aquilo de que falamos – o referente – através de mecanismos gramaticais importantes.  
Um deles é a omissão de palavras ou elipse. Veja o exemplo a seguir: 
A menina saiu cedo de casa (a menina) e foi para o trabalho. 
Nesse caso, o sujeito “a menina” pode ser omitido na segunda oração.
Outro mecanismo de coesão referencial é a substituição de palavras, que pode ser feita através do uso de:
SINÔNIMOS
Os sinônimos são aquelas palavras que possuem significado semelhante ao de outros vocábulos e que podem substituí-los sem prejuízo de sentido..
Exemplos
 1. O automóvel estacionado na rampa para deficientes deveráser retirado. Caso contrário, o carro será rebocado.
Nesse caso, o termo “automóvel” pode ser substituído por “carro” ou “veículo”.
2. Este é um caso curioso em que um vocábulo se tornou sinônimo de outro por seu uso em determinado contexto.
Em função do slogan de uma campanha publicitária, que ficou famoso no Brasil inteiro, a marca “Brastemp” transformou-se em sinônimo de qualidade e de eficiência para muitas pessoas.
3. A testemunha faltou com a verdade diante do juiz. (= mentiu)   O Brasil sofre com a falta de água. (= crise hídrica)
Nesse caso, o uso do eufemismo (figura de linguagem que se caracteriza por suavizar algumas expressões) em destaque é uma forma de sinonímia que nos remete aos termos e às expressões entre parênteses.
O fato de uma palavra ser sinônimo de outra não significa que possa substituí-la em qualquer contexto. Veja um exemplo:
 
O menino é alto. ≠ O menino é elevado.  Nesse caso, os adjetivos “alto” e “elevado” não se equivalem, certo?
 Veja alguns significados da palavra alto: (latim altus, -a, -um) 
Adjetivo 1. Que tem maior altura que a ordinária. ≠ BAIXO
2. Elevado.
3. Excessivo.
4. Erguido.
5. Adiantado, tardio (ex.: altas horas).
6. Mais antigo. = REMOTO
7. Situado mais ao norte (ex.: Beira Alta). 8. Situado mais para o nascente (ex.: Alto Douro). [...]
Os hipônimos e hiperônimos estão relacionados aos significados das palavras. 
 
HIPÔNIMOS: Do grego hyponymon: hypo = debaixo, inferior + onymon = nome.
HIPERÔNIMOS: Do grego hyperonymon: hyper = acima, sobre + onymon = nome.
Veja o exemplo a seguir:  
Aquele Chevette está estacionado na rampa para deficientes. O carro será rebocado.  
Nesse caso, “O carro” é hiperônimo de “Aquele Chevette”, porque a marca está dentro do grupo maior de automóveis. “Aquele Chevette”, por sua vez, é hipônimo de “O carro”.
EXPRESSÕES EQUIVALENTES
Como vimos no texto anterior sobre o príncipe William e sua família, para evitar a repetição de palavras, podemos substituí-las por vocábulos ou expressões equivalentes. Veja o exemplo a seguir:
“O rei Roberto Carlos comemorou a chegada dos seus 74 anos na noite deste sábado com um show em São Paulo. O cantor, que faz aniversário neste domingo, fez um concerto no Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, com direito a bolo no palco e a queima de fogos. [...]”.
PRONOMES: Também podemos substituir as palavras por pronomes, como no exemplo a seguir:
O aluno ficou com dúvidas sobre o conceito. 
Ele pediu uma nova explicação ao professor.
NUMERAIS: Outro recurso utilizado para as substituições de vocábulos são os numerais. Veja o exemplo a seguir:
O mural indica dois avisos:
o primeiro refere-se à matrícula
O segundo, (refere-se) à formatura
Nesse caso, há, inclusive, coesão referencial por elipse da forma verbal “refere-se”. Você notou?
Exercício
2. Leia o parágrafo a seguir:
 “Tenho uma grande amiga chamada Ana. Ela gosta muito de banana, maçã, laranja etc. Para comer banana, maçã e laranja sempre fresquinhas, caminha duas vezes por semana até o mercado mais próximo. Quando vai lá, minha amiga aproveita e compra beterraba, cenoura e chuchu, porque gosta muito de beterraba, cenoura e chuchu”. 
 
Agora:
 a) Destaque e identifique os mecanismos de 
coesão referencial. 
b) Reescreva o trecho utilizando hiperônimos.
Gabarito
 a) “Tenho uma grande amiga (1) chamada Ana. Ela (2) gosta muito de banana, maçã, laranja etc. Para comer banana, maçã e laranja sempre fresquinhas, Ø (3) caminha duas vezes por semana até o mercado mais próximo. Quando vai lá, minha amiga (1) aproveita e compra beterraba, cenoura e chuchu, porque Ø (3) gosta muito de beterraba, cenoura e chuchu”. 
 
(1) = Substituição por expressão equivalente
(2) = Substituição por uso de pronome
(3) = Elipse
  
b) “Tenho uma grande amiga chamada Ana. Ela gosta muito de banana, maçã, laranja etc. Para comer essas frutas sempre fresquinhas, caminha duas vezes por semana até o mercado mais próximo. Quando vai lá, minha amiga aproveita e compra beterraba, cenoura e chuchu, porque gosta muito de legumes”.
Exercício
3. Leia o parágrafo a seguir e reescreva-o utilizando mecanismos de coesão referencial por substituição:
Gabarito
“Hoje em dia, o número de pessoas que usa computadores, tablets e celulares é enorme.
Esses eletrônicos ficam mais baratos a cada dia, o que amplia o acesso de aos aparelhos”.
Coesão sequencial
Como vimos, enquanto na coesão referencial, fazemos menção a termos dentro do texto, na sequencial, usamos mecanismos que possibilitam o desenvolvimento da sequência textual. 
 
Alguns desses mecanismos que auxiliam a continuidade do texto são as expressões temporais – aquelas que permitem a progressão da informação através da(s):
Veja o exemplo a seguir:
 
Antes, ele acreditava que não tinha jeito. 
Agora, ele está mais esperançoso.
 Pela organização do tempo, “antes” acontece primeiro e “agora”, depois.
Veja o exemplo a seguir:
 
O aluno sentou na cadeira, pegou a caneta e começou a prova.
 Nesta sequência, há uma ordem de ações.
Veja o exemplo a seguir:
 
Antes de ganhar o campeonato, o time havia se preparado por duas semanas. 
 Se o termo “antes” – que indica período passado – foi utilizado, o tempo verbal subsequente precisa estar no pretérito.
Operadores argumentativos e discursivos
Além das expressões temporais, na coesão sequencial, também utilizamos os operadores argumentativos e discursivos: elementos responsáveis pela coesão entre as orações.
Vamos explicá-los através de exemplos. Analise as frases a seguir e observe o significado que veiculam:
Exemplo 1
A prova foi tão fácil que até o Joãozinho tirou nota boa. 
 Neste caso, provavelmente, você concluiu que Joãozinho não é bom aluno e que se beneficiou porque a prova foi fácil.  
Qual foi o elemento da sentença responsável por esse raciocínio? 
O operador argumentativo “até”.
Exemplo 2
Os pais dele investiram tanto na educação do filho que esperavam, no mínimo, que ele cursasse uma universidade.
 Neste caso, entendemos que, em uma escala – “no mínimo” –, o filho estudaria em uma universidade. 
No entanto, os pais esperam mais dele, não é mesmo?
Exemplo 3
Ele é o melhor médico que conheço. Não somente tem boa formação mas também gosta dos pacientes, é gentil e muito bem-humorado.     
Neste caso, a união das expressões “não somente” e “mas também” ajudou a somar as qualidades do médico, certo? 
Aqui, os operadores argumentativos têm por objetivo juntar argumentos em favor de uma mesma conclusão.
Exemplo 4
Não temos mais tempo para falar sobre esse assunto. Além disso, Ana prometeu inserir o tema na apresentação dela. 
 Neste caso, a expressão “Além disso” introduz a ideia de acréscimo à argumentação. Esse operador argumentativo é, na verdade, decisivo e ajuda a encerrar o assunto.
Exemplo 5
Não se preocupe: o táxi chega daqui a 15 minutos. Portanto, você chegará ao aeroporto a tempo. 
 Neste caso, o operador argumentativo “Portanto” insere uma justificativa ao que foi dito.
Coesão e coerência
Como vimos, quando escrevemos um texto, procuramos conduzir nossas ideias de forma coerente, de modo que quem as leia entenda nossa escrita.
 Mas será que isso sempre acontece?
Para descobrir, analise a propaganda a seguir:
Como você percebeu, o texto publicitário inicia-se com a conjunção explicativa “porque”.
 Em sua opinião, essa escolha tornou o anúncio incoerente?
 A resposta é: NÃO! Sabe por quê? 
Porque esse conectivo se relaciona com todas as imagens apresentadas na propaganda, que foi veiculada na mídia através de um comercial.
Aqui, a união das linguagens verbal e não verbal e nosso conhecimento de mundo permitem que estabeleçamos sentido para esse texto – ainda que ele seja introduzido por uma conjunção.
Veja, a seguir, outros exemplos da relação entre coesão e coerência no texto.
Se já aprendemos diversos mecanismos coesivos, escrever com coerência é tarefa fácil,certo? Bem, nem sempre. 
Vejamos o motivo através do seguinte exemplo: 
Embora ele tenha estudado muito, foi aprovado no concurso.
Nesta sentença, foi usado o articulador concessivo “Embora” – aquele que expressa ideias contraditórias. Mas será que, nesse caso, era esse tipo de ideia que se queria exprimir? Se o indivíduo estudou muito, é natural que seja aprovado, não é mesmo?
Então, onde está o erro? Simples: deixamos de considerar que as expressões com as quais ligamos as ideias estabelecem significados, conduzem o sentido das mensagens.
 
Logo, o correto seria: Embora ele tenha estudado muito, NÃO foi aprovado no concurso
Atenção! Não podemos utilizar um elemento qualquer para conectar as informações.  
Como vimos, a coerência é responsável pela construção do significado do texto. Por isso, quando falta algo, não conseguimos perceber a sequência linguística como um texto, certo? 
 
Vamos analisar um exemplo proposto por Koch e Travaglia (2001, p. 15):
“João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Os mísseis também são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. De acordo com a teoria da relatividade, o espaço é curvo. A geometria rimaniana dá conta desse fenômeno”.
Você sentiu alguma dificuldade de entender esse texto? Provavelmente, sim. Apesar de conter recursos coesivos, esse fragmento é incoerente, pois não conseguimos estabelecer sentido para ele. 
 
Isso significa que:
Um texto pode apresentar mecanismos de coesão e, ainda assim, não possuir coerência.
Mas será que o contrário é possível? Um texto sem mecanismos coesivos pode ser coerente? 
 Vejamos...
Analise o diálogo apresentado por Koch e Travaglia (2001, p. 24):
O telefone!
 Estou no banho!
Certo.
O texto é formado apenas por um grupo de palavras e não possui relações sintáticas. Nesse caso, ele pode fazer sentido e ser coerente?
 
Se você conhece o contexto da situação, sim. Aqui, Camila entendeu que houve um pedido para que ela atendesse ao telefone e informou que estava no banho. 
 
Logo, é possível que um texto sem mecanismos coesivos seja coerente.
Atenção!
COERÊNCIA = sentido do texto;
COESÃO = organização das ideias no texto através de mecanismos.  
Cuidados com o emprego da língua
Agora, conheça algumas estruturas que podem afetar a coesão e a coerência de seu texto:
AO INVÉS DE x EM VEZ DE
“Ao invés de” = ao contrário
“Em vez de” = em lugar de
 Exemplos:
Ao invés de sair do lugar, a pessoa entrou no recinto. 
Em vez de sair do lugar, a pessoa entrou no recinto.
(CORRETO - ideias opostas)
Em vez de ir ao cinema, fui à festa.
(CORRETO - ideia de substituição)
Ao invés de ir ao cinema, fui à festa.
(INCORRETO - Ø ideias opostas)
MUITAS VEZES x MUITAS DAS VEZES
A expressão correta é “muitas vezes”.
 Exemplos:
Muitas vezes, somos obrigados a aceitar meias verdades.
A PRINCÍPIO x EM PRINCÍPIO
“A princípio” = inicialmente, em um primeiro momento
“Em princípio” = em tese, teoricamente”.
 Exemplos:
A princípio, vamos aguardar o retorno dos professores para, depois, retomar as aulas.
 Em princípio, todos os alunos terão direito a uma chance de melhorar seu desempenho na prova.
MESMO x IGUAL
“Mesmo” = um só
“Igual” = outro
 Exemplos:
Estou com o mesmo problema do ano passado. (= um só problema que se repete)
Estou com um problema igual ao do ano passado. (= outro problema com as mesmas características)
TER x HAVER
“Ter” = indica posse
“Haver” = com sentido de “existir” - verbo impessoal, aquele que não admite sujeito e que não sofre flexão de plural.
 Exemplos:
Eu tenho dois cachorros. (= os cachorros têm um dono)
Há dois cachorros na sala. (= os cachorros estão em determinado ambiente)
TODO x TODO O
“Todo” = qualquer
“Todo o” = inteiro
 Exemplos:
Ele é capaz de fazer todo trabalho. (= qualquer trabalho)
Ele é capaz de fazer todo o trabalho. (= o trabalho inteiro)
AO CONTRÁRIO DE x DIFERENTEMENTE
“Ao contrário” = ideias opostas
“Diferentemente” = ideias distintas
 Exemplos:
Ao contrário de entrar à esquerda, o motorista resolveu entrar à direita.
Diferentemente do que eu disse, sairei cedo hoje.
AULA 7: ESTRATÉGIAS PARA UMA BOA LEITURA
Cultura letrada
Desde a aula passada, você deve ter percebido que mudamos um pouco nosso foco: passamos da gramática ao texto. 
Já vimos conceitos muito importantes, como concordância, regência, crase, pontuação etc., mas precisamos, agora, voltar nossos olhares para o TEXTO, que é nosso principal alvo de interesse.
Como todos sabem, vivemos em uma cultura letrada, onde a escrita possui alto valor.
Quem lê e escreve com desenvoltura é reconhecido na sociedade e, muitas vezes, ascende socialmente.
Quer ver um exemplo?
Aumento do vocabulário
Dificilmente, um grande executivo alcança essa posição profissional sem uma boa carga de leitura e a partir de uma escrita “pobre” em termos de padrão linguístico.
Por isso, é importante alimentarmos nosso conhecimento de mundo para que possamos ampliar nosso vocabulário. Esse conhecimento de mundo é o saber que adquirimos ao longo da vida nas mais diversas situações cotidianas: em conversas, leituras, observações etc.
Uma dica é investir na literatura, lendo textos de bons autores. Isso não significa que todos devem ler Camões, tudo bem? Mas é interessante conhecer de tudo um pouco. Afinal:
Quanto mais lemos, melhoramos nosso vocabulário e adquirimos mais material linguístico para interpretar e escrever textos.
Formação de palavras
Em algum momento de sua vida acadêmica, você deve ter ouvido que muitas palavras são formadas a partir de um RADICAL, ou seja, de uma RAIZ. 
Isso significa que podemos acrescentar prefixos e sufixos a esse radical, formando vocábulos novos. 
Veja alguns exemplos:
De acordo com Garcia (1997):
“Se o estudante lembra ainda do processo
 de formação das palavras, pode ter seu vocabulário extraordinariamente aumentado. Conhecido o significado básico 
de certo radical e dos afixos mais comuns, ser-lhe-á possível, em muitos casos pelo menos, reconhecer pelo sentido um número às vezes bastante considerável de vocábulos novos, sem necessidade de recorrer ao dicionário.
Seja, por exemplo, o radical loqui (i) e sua variante loc (u), que significa ‘falar’. Juntando-se-lhes prefixos e sufixos – e mesmo outros radicais –, formam-se derivados e compostos facilmente identificáveis, visto ser conhecido seu núcleo significativo. 
 Obtém-se, assim, cerca de 20 palavras novas: locução, locutor, loquaz, loquacidade, locutório, loquela, alocução, elocução, 
elóquio, eloquência, circunlóquio, colóquio, antelóquio, 
prolóquio, grandíloquo, grandiloquente, magniloquente”. O que isso quer dizer? Vejamos...
Vocabulário
Todos nós sabemos que a Língua Portuguesa possui um vocabulário bem extenso. Por isso, é impossível conhecer todas as palavras e todos os seus significados.
 
Provavelmente, você não conhece alguns termos citados anteriormente por Garcia (1997), certo? 
 
Mas basta sabermos o significado do radical e dos afixos (prefixos e sufixos) desses novos vocábulos para conseguirmos, pelo menos, depreender seu sentido.
Logo, GRANDILOQUENTE Muito eloquente, aquele que se expressa bem, com uma linguagem rebuscada.
(prefixo)  =  muito,  excessivamente
Agora que você já aprendeu um pouco sobre vocabulário, vamos fazer uma breve atividade.
Vocabulário da língua falada ou coloquial
Vocabulário relativamente pequeno – aquele de que nos servimos na vida diária para satisfazer necessidades básicas da comunicação oral. 
Em outras palavras, trata-se do vocabulário que aprendemos no seio familiar, nas relações cotidianas de modo geral. Veja o exemplo a seguir:
Como você sabe, a palavra “antenados” é muito utilizada em situações corriqueiras, cotidianas. A propaganda a utiliza na tentativa de se aproximar do interlocutor, a fim de convencê-lo a comprar o produto. 
Se outro vocábulo fosse escolhido para esse caso, provavelmente,

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