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1 O método pilates como tratamento da hérnia de disco lombar SILVA, Karina da Silva 1 LEMOS, Thiago Vilela 2 MEJIA, Dayana Priscila Maia 3 karina_2s@hotmail.com Pós-graduação em Fisioterapia em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual– Faculdade Ávila Resumo O método pilates é um método de condicionamento físico e mental que trabalha o corpo como uma unidade. É uma técnica que pode ser praticada por qualquer indivíduo, seja sadio ou que apresente alguma patologia, pois, é indicado para pacientes neurológicos, ortopédicos e os que apresentam algum problema na coluna vertebral. A pesquisa tem como objetivo demonstrar o tratamento da hérnia de disco lombar por meio do método pilates. Os objetivos específicos desse trabalho são descrever o método pilates, estudar a hérnia de disco lombar e demonstrar como o método pilates pode ser utilizado para tratamento de paciente com hérnia de disco lombar. Trata-se de um estudo referencial bibliográfico de aspecto descritivo baseado em fontes como livros de acervo particular, pesquisas de artigos eletrônicos, expostos em bancos de dados como o Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde, Lilacs e revistas de Fisioterapia, compreendidas entre os anos de 1994 a 2011. A partir desse estudo constatou- se que o método pilates é bastante eficaz no tratamento da hérnia de disco lombar, pois irá atuar em todas as fases da hérnia de disco, proporcionando em cada uma delas a melhora da sintomatologia do paciente e evitando recidivas da doença. Palavras-chave: Método Pilates; Hérnia de Disco Lombar; Tratamento Fisioterapêutico. 1. Introdução A finalidade desse artigo é demonstrar o Método Pilates como tratamento da hérnia de disco lombar. Além disso, serão comentados como a técnica irá atuar em indivíduos portadores de hérnia de disco lombar. A dor lombar é um dos mais comuns problemas da sociedade moderna e são objeto de atenção e de enorme preocupação devido os grandes gastos que impõem na área da saúde. Dentre os vários fatores que influenciam na dor lombar podemos citar a idade, a carga de trabalho física e psicossocial, a obesidade, o tabagismo e a dor isquiática (DUTTON, 2007). Segundo Piazza (2010), as patologias da coluna vertebral são caracterizadas por inúmeros sinais clínicos, nas quais as lesões causadas por dor na coluna lombar vem adquirindo enorme relevância por afetarem principalmente a população economicamente ativa. Dentre essas patologias estão os deslocamentos dos discos intervertebrais, conhecido com hérnia de disco. De acordo, ainda, com o autor supracitado a incidência de lesões no tronco é muito alta, em geral 60 a 80 % da população sofrerá de dores na coluna em algum momento da vida, podendo estas estar relacionada a compressão das raízes nervosas, devido uma protrusão do disco intervertebral. O Método Pilates foi criado em 1880 por Joseph H. Pilates na Alemanha. Utiliza-se de seis princípios para a aplicabilidade da técnica que são: concentração, controle, o centro, 1 Pós-graduanda em Reabilitação na Ortopedia e Traumatologia com ênfase em Terapia Manual. 2 Orientador do conteúdo, MSc. em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pelo Centro Universitário do Triângulo, docente da Biocursos, Manaus – AM. 3 Co-orientadora, MSc. em Aspectos Bioeticos y Jurídicos de La Salud pela Universidad Del Museo Social Argentino, docente da Biocursos, Manaus – AM. 2 movimentos fluidos, precisão e respiração é uma técnica que visa trabalhar força, alongamento e flexibilidade mantendo as curvaturas fisiológicas do corpo, tendo o abdômen com centro de força, que é utilizado em todos os exercícios. As vantagens do método para os praticantes são inúmeras dentre elas podemos destacar a melhora do condicionamento físico, flexibilidade, amplitude muscular, alinhamento postural, estimulação da circulação e melhora da coordenação motora, tais benefícios têm como objetivo prevenir lesões e alívio de dores crônicas (SACCO et al, 2005). Para Silva et al (2009), os exercícios que compõem o método são compostos tanto por exercícios que exigem as contrações isotônicas da musculatura, mais principalmente por meio de exercícios que utilizam a contração isométrica, com ênfase no que Pilates denominou de o centro, centro de força ou power house. Este centro de força é formado pelos músculos abdominais, glúteos e paravertebrais que são responsáveis pela estabilização estática e dinâmica do corpo. O método pode ser utilizado por indivíduos que procuram melhorar sua qualidade de vida, mais também por indivíduos que apresentam alguma patologia neurológica, problemas ortopédicos, dores crônicas e lombalgia. O objetivo geral deste artigo é demonstrar o tratamento da hérnia de disco lombar por meio do Método Pilates. Mais especificamente descreveremos o método pilates, estudaremos a hérnia de disco lombar e demostraremos como o método pilates irá atuar no tratamento da hérnia de disco lombar. 2. Revisão de Literatura Anatomia da coluna lombar A coluna lombar é formada por cinco vértebras lombares (L1 a L5) que estão equilibradas pelo sacro e encontram-se situadas entre dois ossos da pelve, os ilíacos. Estas vértebras em geral aumentam de tamanho a fim de sustentar o peso do corpo (ROCHA ET AL, 2007; DUTTON, 2010). Desta forma as vértebras lombares se distinguem das outras vértebras da coluna vertebral por possuírem características diferentes, dentre elas podemos destacar: o corpo da vértebra lombar é maciço e reniforme quando vistos por cima, o forame vertebral varia entre oval (L1) a triangular (L5), e é maior do que nas vértebras torácicas e menor do que nas vértebras cervicais, os processos transversos é longo e delgado, e se localizam posteriormente com um processo acessório e superiormente com um mamilar, os processos articulares, as facetas superiores são dirigidas póstero-medialmente e as inferiores ântero-lateralmente, os processos espinhosos são curtos, robustos, espessos e largos e a ausência de fóveas costais. A quinta vértebra lombar é a maior de todas as vértebras móveis, pois, ela sustenta o peso de toda a parte superior do corpo sendo caracterizada por seu corpo e processos transversos maciços (MOORE, 2001). Segundo Dutton (2010), as vértebras lombares unem-se por meio de três articulações, uma delas constitui-se entre dois corpos vertebrais e o disco intervertebral, as outras duas são formadas pelo processo articular superior de uma vértebra e por outro processo articular da vértebra imediatamente acima, estas são conhecidas como articulações zigoapofisárias que tem como principal função proteger o segmento motor contra forças de flexão, rotação excessiva e cisalhamento anterior. Conforme Moore (2001), as articulações dos corpos vertebrais são articulações cartilagíneas, usadas para suportar o peso e resistência, as faces articulares das vértebras adjacentes são fixadas por meio dos discos intervertebrais e ligamentos. Germain (2002) conceitua o disco intervertebral como sendo um conjunto de amortecedor, feito principalmente para suportar as pressões que são impostas as vértebras. 3 Conforme o autor citado acima, os corpos vertebrais são compostos por três estruturas, o anel fibroso ou ânulo fibroso, o núcleo pulposo e as placas terminais. O anel fibroso é composto por uma camada externa fibrocartilagínea, que no adulto é a maior porção do disco, o ânulo é formado por lamelas que são separadas por tecido conjuntivo frouxo, na região lombar o disco é mais espesso na parte anterior e posteriormente ele se torna côncavo e conseqüentemente irá ocorre maiorconcentração de fibras nesta área, permitindo assim que eles evitem as lesões discais por resistirem melhor à flexão anterior do tronco. O núcleo pulposo é a área mais hidratada sendo composta por um líquido gelatinoso, apresenta poucas fibras de colágeno e alto conteúdo de proteoglicanos. Segundo Kapandji (2000), o sistema ligamentar da coluna lombar pode ser representado por duas partes distintas: a primeira parte que são os ligamentos que encontramos ao longo da coluna vertebral, que são o ligamento longitudinal anterior e o ligamento longitudinal posterior, a segunda parte pelos ligamentos segmentários encontrados entre os arcos posteriores. O ligamento longitudinal anterior (LLA) é uma faixa fibrosa larga que cobre toda a parte ântero-laterais dos corpos vertebrais e dos discos intervertebrais. Este ligamento estende-se da face pélvica do sacro até o osso occipital anteriormente ao forame magno, responsável por impedir a hiperextensão da coluna vertebral e é um importante estabilizador das articulações dos corpos vertebrais. O ligamento longitudinal posterior (LLP) é um pouco mais fraco que o LLA, e caracterizado por possuir uma faixa fibrosa muito mais estreita, o LLP passa por dentro do canal vertebral ao longo da face posterior dos corpos vertebrais, ele se fixa aos discos intervertebrais e as margens posteriores dos corpos vertebrais da segunda vértebra cervical até chegar ao sacro. Este ligamento é responsável por impedir o movimente de hiperflexão da coluna e a herniação ou protrusão posterior do disco (MOORE, 2001). O ligamento amarelo (LA) é bilateral e conecta duas lâminas consecutivas. O LA se insere superiormente na região ântero-inferior da lâmina e na região inferior do pedículo, isto na sua região medial, porém, inferiormente se insere posteriormente na região posterior da lâmina e do pedículo da próxima vértebra superior, sua região lateral se insere no processo articular e forma a cápsula articular zigoapofisária. O LA é responsável por resistir a separação da lâmina durante a flexão e não tão significativo o movimento de inclinação lateral (DUTTON, 2010). De acordo com Kapandji (2000), de cada apófise espinhosa encontra-se um ligamento potente, o ligamento interespinhoso que se prolonga para trás pelo ligamento supra-espinhoso, que é uma faixa fibrosa que se insere nas apófises espinhosas. O ligamento intertransverso é bastante desenvolvido na região lombar e situa-se entre dois processos transversos superpostos. Segundo Rocha et al (2007), os músculos são essenciais ao movimento, pois proporcionam estabilidade e proteção, absorvem os choques e nutrem as articulações, eles são divididos em grupo anterior e posterior, o grupo anterior apresenta uma camada superficial que são os eretores da coluna que atuam como estabilizadores do tronco, uma camada média que são os multífidos bipenados, e uma camada profunda que são os rotadores que são responsáveis pela estabilização segmentar. O sistema muscular anterior é formado pelos músculos: abdominais, tranverso, oblíquos e reto do abdômen. O transverso do abdômen é o mais profundo, é uma delgada fibra muscular e tendínea, que se localiza na parede interna, na parte anterior do tórax, ao se contrair reduz o diâmetro da cavidade abdominal e é inervado pelos ramos dos nervos intercostais. O oblíquo interno se encontra na parte ventral e lateral da parede abdominal, ao se contrair comprime o conteúdo abdominal, flexiona o tronco para frente quando os dois lados se contraem, e realiza a rotação e a inclinação lateral para o lado da contração, é um músculo expiratório inervado pelos nervos ilioinguinal e ílio-hipogástrico. O oblíquo externo também está localizado na 4 parte ventral e lateral do abdômen, ao se contrair comprime o conteúdo abdominal, realiza a inclinação lateral para o lado da contração e a rotação para o lado oposto, ao realizar a contração dos dois lados flexiona o tronco para frente, também é um músculo expiratório. O reto do abdômen é o mais anterior se estende por todo o comprimento da face ventral do abdômen ao se contrair produz a flexão da coluna vertebral, e é inervado pelos ramos do sétimo ao duodécimo nervos intercostais (BANKOFF, 2007). O sistema muscular lateral compreende o quadrado lombar, o músculo intertransverso. O quadrado lombar é um músculo plano, encontra-se situado de cada lado da coluna entre a costela e a crista ilíaca, ao se contrair, se as costelas são o ponto fixo realiza elevação da pelve do lado da contração, porém se a pelve é o ponto fixo realiza a inclinação lateral das vértebras do lado da contração é um músculo expiratório inervado pelo nervo intercostal. O músculo intertransverso compreende dois feixes, um interno e outro externo, o interno une uma apófise transversa a outra e o interno une os tubérculos acessórios de duas vértebras, ao se contrair realizam a inclinação lateral do tronco (DANGELO, 2006). O sistema muscular posterior é composto pelo transverso espinhal, o interespinhal, o multífido e o ílio costal lombar. O transverso espinhal é um músculo profundo que se insere desde o áxis até o sacro, ao se contrair produz a látero-flexão, rotação para o lado oposto e coaptação. O interespinhal estende-se de um processo espinhoso ao outro e produz a extensão das vértebras. O multífido é um músculo que começa na região lombar e termina na região cervical ao se contrair tendem a acentuar a lordose e aumentar a cargas de compressão nas vértebras inferiores, também realiza a rotação contralateral. O ílio costal lombar estende-se desde crista ilíaca até a terceira vertebral cervical e é um rotador potente, realiza a látero- flexão e realiza a translação anterior das vértebras (ROCHA ET AL, 2007). Biomecânica da coluna lombar Segundo Germain (2002), a coluna lombar realiza movimento nos três planos sagital, frontal e transverso. Anteriormente realiza a flexão do tronco, posteriormente a extensão do tronco, lateralmente a inclinação lateral e girando sobre si mesmo realiza a rotação. De acordo com Kapandji (2000), durante o movimento de flexão o corpo vertebral se inclina e desliza para frente, ocorre simultaneamente à diminuição do diâmetro anterior do disco e aumentando o diâmetro posterior, neste movimento o núcleo pulposo e deslocado para trás e a cápsula articular, o ligamento amarelo, o interespinhoso, o supra-espinhoso e o ligamento longitudinal posterior estão tensos limitando o movimento de flexão. No movimento de extensão ocorrer o oposto da flexão, o corpo vertebral se inclina e desliza para trás, ocorre a diminuição do disco intervertebral posteriormente e o aumento do disco anteriormente, o núcleo pulposo é deslocado para frente, as fibras anteriores do anel fibroso, o ligamento longitudinal anterior entram em tensão, desta forma o movimento de extensão fica limitado pelo arco posterior da vértebra e pelo ligamento longitudinal anterior. O movimento de inclinação lateral inclina-se para o lado da concavidade, o núcleo pulposo se desloca para o lado da convexidade, o ligamento intertransverso encontra-se tenso do lado da convexidade e distende do lado da concavidade, simultaneamente também irá ocorrer a distensão do ligamento amarelo e da cápsula articular. No movimento de rotação da coluna lombar podemos notar que as faces superiores das vértebras lombares encontram-se orientadas para trás e para dentro, ocorre um deslizamento do corpo vertebral da vértebra superior em relação a vértebra subjacente, a limitação da rotação se dar por meio das facetas articulares. 5 Hérnia de disco lombar A hérnia de disco lombar é caracterizada pelo deslocamento do núcleo pulposo para os espaçosintervertebrais. É a mais frequente das hérnias de disco, sendo considerada uma desordem músculo esquelética responsável pela lombociatalgia. Aproximadamente 95% das protrusões discais ocorrem nos níveis da quarta e quinta vértebras lombares (L4⁄L5) e da quinta vertebral lombar e primeira vértebra sacral (L5⁄S1), inicialmente são vistas em adultos jovens entre os 30 e 50 anos de idade, entretanto podem ocorre com menos freqüência em adolescentes e idosos e raramente em crianças. Cerca de 2% a 3% da população é acometida por esse processo, a incidência é 4,8% em homens e de 2,5 % em mulheres, acima de 35 anos de idade. Acredita-se que a idade média para o primeiro ataque é de aproximadamente 37 anos, sendo que em 76% dos casos antecedem um crise lombar. Esse processo ocorre inicialmente pela diminuição dos proteoglicanos no disco intervertebral que são responsáveis pela hidratação do núcleo pulposo, dando-lhes a propriedade de gel do mesmo, que, assim distribuir de forma uniforme as pressões para o anel. Com a conseqüente perda das propriedades do núcleo pulposo mais pressão é transmitida para o disco intervertebral, o núcleo perde suas propriedades hidráulicas de amortecedor das pressões e as fibras do disco intervertebral tornam-se mais susceptíveis a ruptura e como conseqüência a maior chance de ocorrer hérnia de disco (NEGRELLI, 2001; HEBERT, 2009). Segundo Gabriel et al (2001), a hérnia de disco podem ser desenvolvida por um processo degenerativo lento ou após um esforço brusco ou traumatismo em jovens. Os dois movimentos que comprometem a integridade do disco intervertebral são os movimentos de flexão anterior e os de compressão axial, a compressão axial pode contribuir para o sofrimento e a degeneração discal, porém, a soma da compressão mais a flexão podem ocasionar diretamente a hérnia de disco e a protrusão do mesmo. Entretanto a idade, a carga de trabalho física e psicossocial, a dor isquiática, a obesidade, o tabagismo, o nível baixo de educação formal e classe social, a comorbidade, osteoartrite e a genética são fatores que influenciam a hérnia de disco (DUTTON, 2010). No exame físico podemos notar uma marcha antálgica, o aumento da dor pode ser ocasionado quando o paciente apoiar o lado afetado no chão, quando a hérnia for situada em L4⁄L5 um dos sinais clínicos verificados pode ser a presença de pé caído e quando for situado em S1 o paciente pode apresentar dificuldade para ficar na ponta do pé, geralmente eles apresentam um postura fletida para diminuir a tensão das raízes ciáticas, os espasmos do músculo paravertebrais influenciam na lordose lombar e diminuem a amplitude de movimento, principalmente para a flexão de tronco. Na palpação da coluna o paciente pode indicar o local da sintomatologia. Espasmo reflexo do músculo paravertebrais é bastante freqüente e doloroso e pode observar-se a piora da dor durante a extensão do tronco. O exame da motricidade o paciente pode apresentar fraqueza ou paralisia, com perda do tônus e da massa muscular e a compressão de L4 pode levar a alterações na extensão do joelho, L5 alterações na extensão do hálux. As alterações de sensibilidade podem esta presente, as alterações na região póstero-lateral da perna, dorsomedial do pé e hálux estarão relacionadas à raiz de L4. A compressão da raízes podem resultar na diminuição ou ausência dos reflexos profundos, quando a raiz lesionada for L4 ocorrera diminuição do reflexo patelar, a lesão de L5 geralmente não produz alteração dos reflexos, pois o reflexo do tibial posterior que compreende essa raiz muitas vezes não se encontram presentes em indivíduos normais, e a alteração do reflexo aquileu estará presente quando a raiz lesionado for a S1 (HEBERT, 2009). Conforme Hennemann (1994), o diagnóstico diferencial da hérnia de disco das várias causas de lombalgia e lombociatalgia podem ser realizados por meio das manifestações clínicas em cerca de 90% dos casos, de modo que os exames de imagem servem apenas para determinar o 6 local exato e a extensão do prolapso para que possam ser afastadas outras causas de lombocialtagia e para determinar a melhor terapia utilizada, no entanto os diversos exames de imagem que podem ser feitos para auxiliar no diagnóstico da hérnia de disco são: raio X simples, mielografia lombar, tomografia axial computadorizada, mielotomografia computadorizada, tomografia computadorizada com contrastada, ressonância magnética, discografia e eletromiografia. O tratamento da hérnia de disco pode ser feito de forma conservadora que depende da resolução médica, já que a hérnia de disco pode ser tratada tanto cirurgicamente por meio de uma laminectomia ou uma hemilaminectomia, ou de forma conservadora por meio da fisioterapia onde o principal objetivo irá ser conseguir uma analgesia e o restabelecimento da função. No tratamento fisioterápico pode ser indicado o uso de eletroterapia (ultra-som, tens), podem ser feito trações vertebrais, as imobilizações com coletes imobilizadores para descongestionamento das áreas de dor e evitando a compressão, também podem ser realizados exercícios de fortalecimento muscular (GABRIEL, et al, 2001). Método Pilates Pilates é um método de condicionamento físico e mental que trabalha o corpo e a mente como uma unidade. É uma técnica cada vez mais vem crescendo no Brasil e é utilizada não só como condicionamento físico mais também como terapêutico (ROCHA et al, 2007; LIMA et al, 2009). O método foi desenvolvido por Joseph H. Pilates que nasceu em 1880 na Alemanha e por apresentar uma saúde frágil na infância e adolescência, pois sofria de asma, raquitismo e febre reumática, tentou superar seus problemas de saúde por meio de exercícios físicos, dedicou-se no estudo de anatomia, fisiologia humana, yoga, zen, técnicas gregas, a combinação de todas essas praticas o tornou capaz de mais tarde formular o seu método que no início o chamou de Contrologia. Pilates se tornou um atleta de mergulho, boxe, ginástica entre outras modalidades esportivas. Em 1912 Pilates se mudou para a Inglaterra onde ganhava a vida como lutador de boxe, artista de circo. Durante a primeira guerra ele foi considerado como inimigo e foi colocado em um campo de concentração junto com outros alemães. Pilates tornou-se enfermeiro e treinou outros estrangeiros com os exercícios de cultura física que havia criado, utilizando as molas de cama, cordas e roldanas para construir os protótipos dos aparelhos, que são encontrados até hoje nos estúdios de pilates. Sua técnica só foi reconhecida quando nenhum dos internos do campo onde ele estava passou pela epidemia de gripe que matou milhares de pessoas em outros campos da Inglaterra em 1918 (CAMARÃO, 2004). Após a primeira guerra Pilates continuou como os seus exercícios de condicionamento físico em Hamburgo, na Alemanha, onde aperfeiçoou o seu método trabalhando com a força policial da cidade, porém desiludido com o trabalho com o exercito alemão, Pilates mudou-se para os Estados Unidos, onde conheceu sua futura esposa Clara, nos Estados Unidos Pilates fundou seu estúdio na Cidade de Nova Iorque que funciona até hoje. Com seu método Pilates adquiriu milhares de seguidores entre os membros da comunidade de dança, Pilates praticou o seu método e teve uma vida longa e saudável, morreu em 1967 aos 87 anos de idade. O método Pilates se tornou uma febre mundial, por ser um método diferencial conquistou milhares de pessoas no mundo, crianças, adultos e idosos, atletas, dançarinos, portadores de patologias reumáticas, neurológicas e ortopédicas, gestantes, dentre outros (LIMA, 2009). O método é constituído por seis princípios que são: concentração, controle, o centro, movimento fluido, precisãoe respiração. A concentração, Pilates relatou que todos os movimentos devem ser realizados com atenção, pois quando realizados o praticante do método consegue visualizar quais os músculos estão sendo trabalhados em cada exercício. O controle é um dos príncipios fundamentais do método, visto que todos os movimentos físicos 7 sejam controlados pela mente, ou seja movimento e atividade sem controle levam a um conjunto de exercícios sem objetivo. O centro, centro de força ou power house compreende a região abdominal, toraco-lombar e glúteo, onde o método pilates se concentrar em reforçar esse centro. Os músculos associados a ele sustenta a coluna vertebral, os orgão internos e a postura, por isso todos os exercícios de Pilates têm seu foco no centro de força de forma a estabilizar o tronco e consequentemente previr lesões durante a pratica dos exercícios. O movimento fluido é um princípio que segundo Josehp Pilates todos os movimentos devem ser realizados de forma controlada e fluida, ou seja movimente-se de forma suave e uniforme, pois movimentos apressados podem machucar o praticante durante os exercicios. A precisão caminha lado a lado com o princípio do controle. Pilates dizia, concentre-se em todos os movimentos certos durante a realização dos exercícios, caso contrário a execução irá ser feita de forma inadequada e eles perderão o seu valor. Nesse princípio o praticante deve assumir o controle do seu corpo para que todos os exercícios sejam realizados de forma precisa. A respiração, pilates chama atenção para a importância de manter a circulação pura, como regra o praticante deve inspirar quando se prepara para o movimento e expiração durante a execução dos exercícios (ALVARENGA, 2007). 3. Metodologia Trata-se de um estudo referencial bibliográfico de aspecto descritivo que visa contribuir e explicitar teoricamente sobre o assunto, baseada em fontes como livros de acervo particular, pesquisas de artigos eletrônicos, expostos em bancos de dados como o Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde, periódicos e revistas de Fisioterapia. Foi feito uma busca na base de dados Scielo, Lilacs, Biblioteca virtual em saúde, sites específicos de publicação científica com as palavras chaves: Método Pilates, Hérnia de Disco Lombar, Tratamento Fisioterapêutico entre os anos 1994 a 2011. Os critérios de inclusão dos artigos para o estudo de revisão de literatura foram os que se enquadravam na data proposta e os que se correlacionavam com o Método Pilates no tratamento da hérnia de disco lombar, e aqueles que poderiam dar andamento ao estudo proposto. E excluídos aqueles que não se enquadravam na data proposta, aqueles que não possuíam literatura que pudessem correlacionar com o estudo. 4. Resultados e Discussões O objetivo deste estudo foi demonstrar o tratamento da hérnia de disco lombar por meio do Método Pilates. Os dados obtidos se configuraram por meio de artigos que respeitavam a metodologia proposta referente ao Método Pilates, a hérnia de disco lombar e o tratamento fisioterapêutico. Segundo Rocha et al (2007), Pilates é o método mais adequado para tratar os problemas da coluna vertebral, pois, os exercícios são realizados com a coluna apoiada na cama, são progressivos e os aparelhos facilitam a execução dos exercícios. Segundo Comumello (2011), a literatura aponta como benefícios do Método Pilates, melhora do condicionamento físico, melhora da circulação, melhora da postura, diminuição da dor, melhora da força muscular, melhora da flexibilidade, melhora da consciência corporal e da coordenação motora. Esses benefícios ajudariam a prevenir lesões e proporcionar alívio das dores crônicas. Segundo Joseph Pilates os benefícios do Pilates só dependem da correta aplicação da técnica (SACCO et al, 2005). 8 Os exercícios de Pilates podem ser praticados por pessoas que buscam a prática de atividade física, por indivíduos com patologia que necessitam de reabilitação, principalmente as desordens neurológicas, ortopédicas, dores crônicas e problemas ortopédicos e problemas da coluna vertebral (COMUMELLO, 2011). De acordo com Silva et al (2009), as possíveis indicações do método pilates, a lombalgia tem sido motivo de estudo devido o número de incidência e o grande ônus que impõem aos serviços de saúde. Sobre o tratamento da dor lombar, concluir-se que os exercícios é o tratamento mais eficaz para esta disfunção tanto a longo como em curto prazo, principalmente os exercícios que seguem os princípios do método como a contração dos músculos abdominais e dos multífidos associados à respiração, pois as utilizações desses princípios proporcionaram ao paciente estabilização da coluna lombar e conseqüentemente a diminuição da dor. De acordo como o autor mencionado acima, estudos demonstram que o método pilates é mais eficiente em relação aos exercícios convencionais, pois em uma pesquisa foi monitorados o escore da dor e das disfunções por meio de questionário e observou-se que os pacientes que realizavam os exercícios de pilates, após o tratamento apresentou um escore de dor de 18.3 no grupo de pilates e de 33.9 no grupo convencional, demonstrando a eficácia da técnica. Conforme Reinehr et al (2008), a coluna lombar faz parte do complexo lombo-pélvico onde a literatura descreve como sendo o "centro", pois é nesta região que fica posicionado o centro de gravidade é onde a maioria dos movimentos são iniciados, o centro é formado por uma cinta muscular que compõem os músculos utilizados para estabilização da coluna vertebral e do tronco e por isso recebe muitos tipos de terapia física, pois o fortalecimento dessas estruturas juntamente com o trabalho combinado dos abdominais e dos membros superiores e inferiores levam a prevenção e reabilitação de desordens musculoesqueléticas. De acordo com Rocha et al (2007), o pilates no tratamento da hérnia de disco apresenta como objetivos gerais buscar o equilíbrio funcional da musculatura envolvida na coluna, alongando os tônicos e contraindo os dinâmicos para garantir a melhora das compensações, realizar a decoaptação das articulações lombares por meio de pompagens para melhor irrigação e descompressão das raízes nervosas, deve ser evitados os exercícios que realizem movimentos de hiperextensão lombar, pois isso intensificaria a fisiopatologia da hérnia de disco promoveriam a compressão das vértebras piorando a sintomatologia do paciente, ainda deve- se evitar o sedentarismo e garantir o peso ideal. O Pilates pode ser realizado em qualquer fase da hérnia de disco, seja aguda, sub-aguda ou crônica. Na fase aguda o profissional deveria iniciar o método Pilates associado com outras técnicas fisioterapêuticas, como por exemplo, a osteopatia e a reeducação postural global. Na fase sub-aguda podem ser feitos exercícios com a coluna lombar apoiada no chão ou nos aparelhos como o reformer e o cadilac e progressivamente, incluem-se os exercícios evitando as rotações de tronco e o esforço da musculatura tônica. Entretanto na fase crônica o método Pilates seria de grande importância para tratar as compensações, os encurtamentos musculares, as hipomobilidades, trabalhar a postura e o equilíbrio para evitar as recidivas. Este artigo apontará alguns exercícios do método pilates, que podem ser realizados nas diversas etapas da doença: fase aguda, sub- aguda e crônica. O tratamento da fase aguda é realizada por meio de nove etapas, sempre respeitando as restrições ou limitações de cada paciente. Na primeira etapa são realizados os exercícios de decoaptação das vértebras com o intuito de promover o alongamento de toda cadeia posterior sem mobilização da coluna, ou seja, a coluna do pacienteficará apoiada na cama, onde serão decoaptadas e alongados os músculos espinhais. 9 Figura 1 – Decoaptação e alongamento do músculos espinhais Da segunda a quinta etapa são realizados exercícios para trabalhar os membros inferiores como alongamento estático dos músculos ísquios tibiais, alongamento do iliopsoas, liberação do psoas e decoaptação da região lombar. Figura 2 – alongamento dos ísquios tibiais 10 Figura 3 – Alongamento máximo dos ísquios tibiais completando o alongamento da cadeia posterior Figura 4 – Decoaptação da coluna lombar de acordo com a amplitude dos membros inferiores A sexta etapa os exercícios terão como objetivo alongar os músculos glúteo máximo e piriforme para ocorrer a liberação do nervo ciático. 11 Figura 5 – Liberação dos músculos pelvitrocanterianos A sétima e a oitava etapa irá trabalhar em cima da respiração, alongando o cordão diafragmático, fortalecendo os abdominais principalmente os profundos promovendo a estabilização da coluna lombar. Figura 6 - Trabalho respiratório com associação dos múculos abdominais A nona etapa irá entrar na fase dinâmica da reabilitação, onde permaneceram os exercicios que reforcem o cinturão pélvico e alongamentos dos membros inferiores. 12 Figura 7 – Fase dinâmica da reabilitação, trabalho dos músculos abdominais A fase sub-aguda inicia-se a partir da quinta etapa da fase aguda e compreende duas etapas com o objetivo de aumentar a amplitude de movimento, progredir com o trabalho dos músculos abdominais e alongamentos da cadeia posterior realizados de forma dinâmica. Figura 8 – Alongamento da cadeia posterior dinâmica A fase crônica todos os exercícios do método pilates podem ser feitos, sempre respeitando a individualidade de cada paciente e com os devidos cuidados com os movimentos que realizam a extensão da coluna. Podem ser realizados uma gama de exercícios com o objetivo de aumentar a amplitude articular, aumentar a flexibilidade, ganhar força muscular, trabalhar a coordenação motora, propriocepção, equilíbrio, a postura, a respiração e principalmente trabalhar a estabilização segmentar. 13 Figura 9 – Alongamento de cadeia posterior e mobilização da coluna 14 Figura 10 – Alongamento e fortalecimento dos isquiostibiais e panturrilhas Figura 11 – Fortalecimento de glúteo médio e tensor da fáscia lata Figura 12 – Alongamento de quadríceps e iliopsoas 15 5. Considerações finais O artigo permitiu aprofundar o conhecimento sobre o Método Pilates, hérnia de disco lombar, anatomia e biomecânica da coluna lombar e o tratamento fisioterapêutico com o Método Pilates em pacientes acometidos com hérnia de disco lombar, apontando os principais objetivos do tratamento e como este pode ser utilizado em cada fase da doença. O método pilates possui comprovação científica, pois a revisão de literatura demonstrou que a técnica pode ser praticada tanto por indivíduos sadios, mas também por indivíduos que procuram algum tipo de reabilitação, seja neurológica, ortopédica, dores crônica e principalmente nos problemas relacionados à coluna vertebral. O artigo pôde demonstrar que o método possui possíveis indicações para tratar os problemas de dores relacionados à coluna lombar, devido os princípios do método, onde podemos citar o centro, pois, neste princípio o praticante utiliza as musculaturas que são de suma importância para a estabilização estática e dinâmica dos segmentos corporais como os músculos abdominais, os paravertebrais, glúteos e multífidos. Portanto este estudo demonstrou que o Pilates pode ser uma ferramenta importante para os fisioterapeutas na reabilitação, por serem exercícios que são utilizados com poucas cargas e como números de repetições diminuídos e por apresentarem apenas contra-indicações relativa que não interferem na aplicabilidade da técnica, mais somente exige um cuidado do profissional habilitado. Contudo se faz necessário maior número de pesquisas abordando mais variáveis. Referências ALVARENGA, Aline. O método pilates (solo e bola) como tratamento das lombalgias decorrentes de escolioses e hérnias de disco. Universidade de São Paulo, 2007. Disponível em: <http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2011/03/alline_mono-pilates-e-lombalgias.pdf> Acesso em: 17 março de 2012. BANKOFF, Antonia Dalla Pria. Morfologia e Cinesiologia Aplicada ao Movimento Humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. CAMARÃO, Teresa. Pilates no Brasil: corpo e movimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 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