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AULA 3 REPRESENTACAO

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AULA 3 – REPRESENTAÇÃO (arts. 115 a 120 C.C)
- Conceito e Origem
Dentro da autonomia privada, o interessado contrai pessoalmente obrigações e, assim, pratica seus atos da vida civil.
Geralmente, é o próprio interessado, com a manifestação de sua vontade, que atua em negócio jurídico.
Contudo, em uma economia evoluída, ha a possibilidade, e muitas vezes se obriga, de outro praticar atos da vida civil no lugar do interessado, de forma que o primeiro, o representante, possa conseguir os efeitos jurídicos para o segundo, o representado, do mesmo modo que este poderia fazê-lo pessoalmente.
A noção fundamental, pois, é a de que o representante atua em nome do representado, no lugar do representado e não em seu nome próprio.
Quem é parte no negócio jurídico é o representante!
Deve-se entender que o representante conclui o negócio cujo efeito reflete no representado.
Trata-se de uma cooperação jurídica.
O representado, ao permitir que o representante aja em seu lugar, amplia sua esfera de atuação e a possibilidade de defender seus interesses no mundo jurídico.
O representante posiciona-se de maneira que conclua negócios em lugar diverso de onde se encontra o representado, ou quando este se encontra temporariamente impedido de atuar na vida negocial, ou ainda quando o representado não queira envolver-se diretamente na vida dos negócios.
No Direito Romano, os atos possuíam caráter solene e personalíssimo e não admitiam representação. Não se tinha a ideia de que alguém pudesse praticar atos por outrem. 
O desenvolvimento do instituto da representação é corolário do desenvolvimento econômico dos povos.
A necessidade de recorrer a mecanismos rápidos para a pronta circulação do credito demonstra ser imprescindível a moderna representação.
Obs. 1: Situação de legitimação especifica: Testamento (negocio jurídico personalíssimo que não admite representação)
Obs. 2: Mandato é a forma pela qual se torna conhecida a representação por vontade dos interessados. O mandato é um contrato que se instrumentaliza através da Procuração. 
- A figura do Núncio
Núncio ou mensageiro é a pessoa encarregada de levar ou transmitir um recado de outrem. É o que se pode chamar de porta-voz.
A tarefa do Núncio podia consistir no simples ato de entrega do documento, no qual haja declaração de vontade do interessado, ou na reprodução, de viva voz, da declaração de alguém. Em ambos os casos, o mensageiro coopera na conclusão do negocio jurídico, mas não atua em nome e por conta do verdadeiro titular.
Sua atuação NAO configura a representação.
É mais fácil imaginar a atuação do Núncio quando há apenas a entrega de um documento.
O problema pode surgir quando se tratar de transmissão oral da mensagem. Neste caso pode haver distorção de seu conteúdo e o Núncio poderá ser responsabilizado por perdas e danos e o interessado pode anular o negócio jurídico por erro.
Frase de um representante: “Compro essa coisa para Fulano” (tem mobilidade maior)
Frase de um Núncio: “Fulano me encarregou de comprar essa coisa pra ele” (age como Núncio, não pode pagar mais).
- Representação Legal e Voluntaria (arts. 115 a 120 C.C.)
A representação pode ser legal ou voluntaria, conforme resulte de disposição de lei ou da vontade das partes.
A representação legal ocorre quando a lei estabelece, para certas situações, uma representação. Nesses casos, o poder de representação decorre diretamente da lei, que estabelece a extensão do âmbito da representação, os casos em que é necessária, o poder de administrar e quais situações em que se permite dispor dos direitos do representado. Ex: incapazes, tutela, curatela
A representação voluntaria é baseada, em regra, no mandato (art. 653 C.C.), cujo instrumento é a procuração. É importante que os terceiros tenham ciência da representação, sob pena de inviabilizar o negócio jurídicos. (art. 118 C.C.).
- Atos praticados contra o interesse do representado (art. 119 C.C.)
É anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com ele tratou.
O parágrafo único estabelece o prazo decadencial de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negocio jurídico ou da cessação da incapacidade, para pleitear a anulação prevista no caput do artigo. 
- Efeitos
Uma vez realizado o negócio jurídico pelo representante, é como se o representado houvesse atuado, pois seus efeitos repercutem diretamente sobre o ultimo.
Deve-se examinar se a representação foi corretamente exercida.
Na representação legal é na lei que se procura o teor do poder outorgado.
Na representação voluntaria, é na vontade emitida pelo representado que se deve encontrar a extensão dos poderes outorgados ao representante.
 - Contrato consigo mesmo (autocontrato)
O art. 117 do C.C. trata do autocontrato ou contrato consigo mesmo, considerando-o, em principio, anulável, nestes termos: “Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo”. Aduz o parágrafo único: “Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.”
Como o contrato por definição, é um acordo de vontades, não se admite a existência de contrato consigo mesmo, salvo se o permitir a lei ou o representado.
O que há, na realidade, são situações que se assemelham a negócio dessa natureza, como ocorre no cumprimento de mandato em causa própria, previsto no art. 685 do CC., em que o mandatário recebe poderes para alienar determinado bem, por determinado preço, a terceiros ou a si próprio. Na última hipótese aparece apenas uma pessoa ao ato da lavratura da escritura, mas só aparentemente, porque o mandatário está ali representando o mandante. Este, quando da outorga da procuração, já fez uma declaração de vontade.
- Reserva Mental
Prescreve o art. 110 do C.C.: “A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.”
Ocorre a reserva mental quando um dos declarantes oculta a sua verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. Tem por objetivo enganar o outro contratante ou declaratário.
Se este, entretanto, não soube da reserva, o ato subsiste e produz os efeitos que o declarante não desejava. A reserva, isto é, o que se passa na mente do declarante, é indiferente ao mundo jurídico e irrelevante no que se refere a validade e eficácia do negócio jurídico. 
Se o declaratário conhece a reserva, a solução é outra. 
No sistema atual do Código Civil brasileiro, configura-se a hipótese de ausência de vontade, considerando-se inexistente o negócio jurídico. 
Pode ser citado, por exemplo, o casamento realizado por estrangeiro com mulher do país em que está residindo, com a única finalidade de não ser expulso (se a mulher não tiver conhecimento da reserva, o casamento é válido e não poderá ser anulado; se tiver dela conhecimento, em tese, poderá o casamento ser anulado ou declarado inexistente, conforme a legislação desse país).

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