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Curso de Direitos Humanos

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Seja bem Vindo! 
 
Curso 
urso C Humanos Direitos 
CursosOnlineSP.com.br 
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Conteúdo 
 
Etapas históricas de afirmação dos direitos humanos ......................................... Pág. 8 
Conceito de direitos humanos .............................................................................. Pág. 11 
Características dos direitos humanos .................................................................. Pág. 13 
Dignidade da pessoa humana como fundamento dos direitos humanos ............. Pág. 14 
Os Direitos Humanos na Constituição Federal de 1988....................................... Pág. 16 
Direitos fundamentais........................................................................................... Pág. 17 
Direitos sociais ..................................................................................................... Pág. 24 
Nacionalidade ...................................................................................................... Pág. 38 
Direitos políticos ................................................................................................... Pág. 49 
Sistemas eleitorais ............................................................................................... Pág. 54 
Tratados internacionais ........................................................................................ Pág. 56 
Incorporação dos tratados .................................................................................... Pág. 64 
Organização das Nações Unidas ......................................................................... Pág. 65 
Declaração de direitos do homem e do cidadão .................................................. Pág. 66 
Declaração universal dos direitos humanos ......................................................... Pág. 68 
Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem ................................. Pág. 73 
Convenção para a Prevenção e Punição ao crime de genocídio ......................... Pág. 75 
Pacto internacional dos direitos civis e políticos .................................................. Pág. 76 
Pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais ......................... Pág. 88 
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação Racial e Estatuto da Igualdade Racial .......................................... Pág. 96 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da 
Costa Rica) .......................................................................................................... Pág. 101 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher .................................................................................................... Pág. 119 
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos ou Degradantes ................................................................................ Pág. 124 
Convenção sobre os Direitos da Criança ............................................................. Pág. 127 
Convenção internacional sobre os direitos das pessoas com deficiência ............ Pág. 133 
Referências Bibliográficas .................................................................................... Pág. 160
 
 
8 
1. TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 
 Os direitos humanos tem sua razão de ser ditada, inicialmente, pela 
religião, especificamente pelas religiões monoteístas. Nesse grupo, o 
cristianismo é o que mais se destaca. A origem comum do homem, como 
apontada pela Bíblia, é o pressuposto básico para a proteção da dignidade 
humana. E não se pode deixar de mencionar, que também a filosofia e a 
ciência foram e são fundamentais ao pensamento que consubstancia a 
necessidade de tutela da dignidade humana. 
 O respeito mútuo e a preservação da pessoa humana são pilares 
fundamentais dos direitos humanos, pilares que se firmaram, dentre outros 
motivos, pelo ensinamento ecumênico, que aborda a necessidade do amor 
em caráter universal (COMPARATO, 2010, p. 23). 
 O reconhecimento da igualdade e o respeito mútuo que dela decorre 
é conquista recente e que ainda possui grande percurso a ser trilhado. 
 
 
1.1 Etapas históricas de afirmação dos direitos humanos 
 
 Dentre as etapas históricas de afirmação dos direitos humanos, a 
primeira que se pode citar é o reino davídico, nos séculos XI e X a.C., 
quando Davi, pela primeira vez na história, sendo rei, não se proclamou 
como um deus e não se declarou legislador, mas se apresentou como o 
delegado do Deus único (COMPARATO, 2010, p. 53). Segundo aponta 
Fábio K. Comparato, esse reino davídico é o embrião do que hoje se 
conhece por Estado de Direito, isto é, “uma organização política em que os 
governantes não criam o direito para justificar o seu poder, mas submetem-
se aos princípios e normas editados por uma autoridade superior” (2010, p. 
54). 
 Posteriormente, no século VI a.C., tem-se em Atenas a criação das 
primeiras instituições democráticas, e, no século V a.C., a fundação da 
república romana. 
 O regime democrático e a força da lei, em Atenas, contribuíram 
fundamentalmente para que se chegasse a atual concepção de que todos, 
igualmente, devem se submeter a uma lei geral e abstrata. Nesse sentido, a 
lei não pode ser utilizada pelos governantes em seu próprio proveito. Os 
governantes tem o dever de se submeter as leis, as quais devem assumir o 
caráter de controle em relação a todos os atos que eles praticarem, controle 
este que deve ser exercido pelo povo, já que é tarefa deste eleger os 
governantes. 
 Já na república romana, o controle dos governantes não era feito 
diretamente pelo povo, mas sim por um sistema de controle recíproco entre 
os órgãos políticos, conhecido como o sistema de checks and balances 
(freios e contrapesos). 
 A partir da do século IV a.C., no entanto, e até a Idade Média, 
esfacelou-se a democracia ateniense e a república romana, que sucumbiram 
perante os regimes imperiais (COMPARATO, 2010, p. 57). 
 
9 
 Mais tarde, em meio a disputas de poder e prerrogativas entre a 
realeza, a nobreza e o clero, duas manifestações tiveram destaque 
(COMPARATO, p. 58): 
 a) a Declaração das Cortes de Leão, de 1188; 
 b) a Magna Carta, de 1215. 
 A liberdade que se pretendia nos documentos supra mencionados 
não estava relacionada ao povo, ao menos não quanto ao seu objeto 
motivador. O que se pretendia era, pois, a liberdade destinada aos setores 
mais elevados da sociedade medieval, quais sejam, o clero e a nobreza. 
 Com o desenvolvimento das atividades mercantis, a burguesia passou 
a assumir papel social de destaque. Nesse momento histórico, a 
desigualdade social ditava-se, não pelo direito, mas pelas diferenças 
patrimoniais entre as famílias, naquela que foi uma primeira forma de 
capitalismo. 
 Posteriormente, no século XVII, surgem outros importantes 
documentos históricos em relação a proteção dos direitos do homem. São 
eles: 
 a) o Petition of Rights, de 1629; 
 b) o Habeas Corpus Act, de 1679; 
 c) o Bill of Rights, de 1689. 
 A bem da verdade, também nenhum destes três documentos tinham o 
povo como foco, destinando-se à tutela dos direitos dos setores mais 
elevados da sociedade. Contudo, diferentemente da Magna Carta, esses 
documentos tinham um caráter de generalidade mais amplo, o que 
beneficiou, em muito, a burguesia rica (COMPARATO, 2010, p. 61). 
 Seria apenas no século seguinte que, de maneira direta e ampla, 
estabelecer-se-ia a garantia dos direitos humanos. E isso ocorreu por meio 
dos seguintes atos: 
 a) Declaração de Direitos de Virgínia, de 1776; 
 b) Declaração de Independência dos Estados Unidos, de 1776; 
 c) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789. 
 Nesse período, duas Constituições consagraram os direitoshumanos 
em seu texto. Foram, pois, a Constituição estado-unidense, de 1789, e a 
Constituição francesa, de 1791. Embora promulgada em 1789, a 
Constituição dos Estados Unidos recebeu artigos que contemplavam 
expressamente direitos individuais apenas em 1791, após algumas 
emendas. 
 Contudo, também nesses casos o que motivara verdadeiramente a 
inscrição desses direitos em documentos fundamentais não era exatamente 
a tutela do povo, de forma geral, mas sim à defesa da burguesia rica em 
face da nobreza e do clero. 
 Com o estabelecimento das liberdades negativas e a consideração de 
todos como iguais perante a lei, criou-se uma situação de severa 
desigualdade social entre empregados e empregadores. É diante da 
 
10 
exploração proletária que, apenas em momento posterior, verificou-se a 
necessidade de defesa dos direitos sociais do povo, quando, finalmente, se 
estaria a falar diretamente, e não apenas por ricochete, de direitos humanos 
para todos os homens. 
 Nesse contexto, os marcos evolutivos dos direitos sociais são: 
 a) a Constituição do México, de 1917; 
 b) a Constituição de Weimar, de 1919. 
 A partir delas, constatando-se a necessidade de proteção da classe 
trabalhadora, criaram-se mecanismos por meio dos quais o Estado assumiu 
o dever, dentre outros: 
 a) de controlar a classe empregadora; 
 b) de conferir amparo, sob diversas óticas, aos trabalhadores e a seus 
familiares. 
 Nessa época, conhecida como o período da segunda dimensão de 
direitos, não se abordava a necessidade de proteção dos direitos humanos 
em âmbito internacional, mas apenas em nível interno. 
 
 
1.1.1 A internacionalização dos direitos humanos 
 
 A primeira fase de internacionalização dos direitos humanos ocorre 
durante a segunda metade do século XIX e se estende até a 2ª Guerra 
Mundial (COMPARATO, 2010, p. 67). 
 As consequências dos conflitos armados para a sociedade motivaram 
a elaboração do primeiro documento normativo de caráter internacional em 
matéria de direito humanitário: a Convenção de Genebra de 1864, a partir da 
qual ocorreu a fundação da Comissão Internacional da Cruz Vermelha, em 
1880 (COMPARATO, 2010, p. 67). 
 Também a luta contra a escravatura motivou a elaboração de um 
documento de normatividade internacional, o Ato Geral da Conferência de 
Bruxelas, em 1890. 
 No campo do direito do trabalho, a criação da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, motivou a normatização 
internacional dos direitos dos trabalhadores. 
 Mas foi com o advento da 2ª Guerra Mundial que efetivamente 
ganhou força a questão humanitária e a imperiosa necessidade de sua 
normatização em âmbito internacional. Os massacres ocorridos durante a 2ª 
Grande Guerra e as violações aos direitos humanos mostravam que era 
chegado o momento de normatizar, por meio de instrumentos eficazes, a 
proteção da pessoa humana, evitando a repetição das atrocidades àquela 
época verificadas. 
 Assim, o primeiro marco pós-guerra de defesa dos direitos humanos 
em âmbito internacional foi a Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
de 1948, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Depois dela, 
inúmeros outros documentos internacionais destinados à proteção dos 
direitos humanos foram elaborados, a partir do que se afirmou a existência 
 
11 
de duas novas espécies de direitos humanos, os direitos dos povos e os 
direitos da humanidade (COMPARATO, 2010, p. 69). 
 
 
1.2 Conceito de direitos humanos 
 
 Embora utilizadas como sinônimas as expressões direitos humanos, 
direitos fundamentais e direitos do homem, há substancial diferenças entre 
elas. 
 Direitos do homem, basicamente, é uma expressão jusnaturalista, isto 
é, ligada essencialmente ao direito natural e não ao direito positivado. 
Tecnicamente, consideram-se direitos do homem aqueles que, embora 
pertencentes a sua natureza, ainda não estão positivados, seja no direito 
interno ou internacional. 
 Direitos fundamentais são aqueles positivados perante a ordem 
jurídica interna, positivação esta que ocorre na Constituição Federal. Na 
Constituição brasileira, há o rol de direitos fundamentais do artigo 5º, mas 
não apenas, uma vez que estes estão sistematicamente espalhados em todo 
o texto constitucional. 
 Direitos humanos, por sua vez, é uma expressão mais ampla que 
direitos fundamentais. Os direitos humanos compreendem toda a gama de 
direitos que são internacionalmente reconhecidos, estejam eles 
reconhecidos na Constituição vigente ou não. Portanto, a somatória dos 
direitos constitucionalmente garantidos, com aqueles previstos em 
instrumentos normativos internacionais (tratados, convenções etc.) formam o 
leque dos chamados direitos humanos. 
 
 
1.3 Dimensões de direitos 
 
 As Constituições estado-unidense de 1787 e a francesa de 1791, 
além de marcos em relação a tutela dos direitos humanos, são marcos 
históricos do constitucionalismo moderno. A última se valeu, inclusive, da 
Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 como 
preâmbulo, e concretizou, definitivamente, que o povo é legítimo detentor do 
poder. 
 Na primeira fase do constitucionalismo moderno, verifica-se intensa 
marca do liberalismo, onde objetiva-se, em especial: o individualismo, o 
afastamento da interferência estatal, a proteção da propriedade e a defesa 
da liberdade humana. Esta é, também, a fase dos denominados direitos de 
primeira dimensão, a qual culminou em intensa exclusão social e 
aguçamento das desigualdades sociais e regionais (LENZA, 2008, p. 06). 
 A primeira dimensão de direitos do homem constitui-se na afirmação 
dos direitos de liberdade, ou seja, “todos aqueles direitos que tendem a 
limitar o poder do Estado e a reservar para o indivíduo, ou para os grupos 
particulares, uma esfera de liberdade em relação ao Estado” (BOBBIO, 
2004, p. 52). 
 O afastamento da atuação estatal, somado a concessão de ampla 
liberdade de atuação aos particulares, as classes detentoras de maior 
 
12 
poderio econômico dele se valeram para, com base no direito à propriedade, 
estabelecerem verdadeiro domínio sobre as classes hipossuficientes, 
excluindo-as socialmente e em escalas cada vez maiores. 
 Assim, nasceu a necessidade de trazer a atuação estatal para o 
benefício e proteção dos menos favorecidos, de modo a restringir as amplas 
liberdades que vigoravam, com vista à prestação de garantias mínimas de 
existência digna à todos do povo, sem discriminações. 
 Nesse contexto, a Constituição mexicana, de 1917 e a de Weimar, de 
1919, marcaram a transição para a denominada segunda dimensão de 
direitos, na qual os direitos sociais assumiram o papel de destaque. A 
atuação estatal foi chamada a voltar, de modo a restringir a atuação dos 
particulares para conferir-lhes, dentre outros, segurança social, momento em 
que a igualdade e o bem-comum são postos no ápice dos objetivos a serem 
alcançados pelo Estado. 
 Importante frisar que os direitos do homem, obtidos ao longo dos 
séculos, não se excluem, mas se agregam, daí a melhor adequação da 
expressão dimensões de direitos, ao invés de gerações. 
 Os direitos de liberdade, próprios da denominada primeira dimensão 
de direitos, com a conquista dos direitos de segunda dimensão, deixam de 
representar mera liberdade negativa, de modo a assegurar a todos do povo 
as mesmas condições em prol do almejado bem-comum (BOBBIO, 2004, p. 
52). 
 Visto que “os direitos de liberdade evoluem paralelamente ao princípio 
do tratamento igual, pois, nenhum indivíduo pode ter mais liberdade do que 
o outro” (BOBBIO, 2004, p. 85), há que se expor que a conquista dos direitos 
sociais (direitos de segunda dimensão) também não cessou à determinada 
época histórica. Não deixaram de ser perseguidos direitos humano-sociais 
com o advento da terceira dimensão de direitos, ao contrário, a nova 
geração afirma as anteriores, além de permitire incentivar a continuidade da 
busca de novos direitos e de garantias que possam-lhes assegurar 
efetividade. 
 O advento do constitucionalismo contemporâneo coincide com a 
terceira dimensão de direitos, o conceito de Constituição social e o de 
totalitarismo constitucional (LENZA apud BULOS, 2008, p. 07). Estão postos 
nesta fase os ideais solidários, pacificadores, de desenvolvimento 
comunitário, meio ambiente ecologicamente equilibrado, qualidade de vida e 
outros, tal como consagrado pelo constituinte brasileiro de 1988. 
 Os direitos de terceira dimensão tutelam a humanidade como um 
todo. É a tutela dos direitos transindividuais, ou seja, aqueles que 
ultrapassam a esfera individual da pessoa, consubstanciando-se nos direitos 
difusos, coletivos e individuais homogêneos (ALARCON, 2004, p. 81). 
 Os direitos de solidariedade (ou fraternidade) formam o conjunto de 
elementos que propiciaram a elevação da dignidade humana a princípio-
matriz da Constituição Federal e, por conseguinte, de todo ordenamento 
jurídico. 
 A terceira dimensão de direitos viabiliza o engajamento do princípio 
da dignidade humana no interior de cada direito e garantia fundamental 
conferido à pessoa humana, tendo absoluta guarida nos modernos textos 
 
 
13 
constitucionais, tal como consagrado pela Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. 
 E diante de nova evolução constitucionalista, com a superação do 
constitucionalismo contemporâneo para se falar do constitucionalismo pós-
moderno, Constituição e dignidade da pessoa humana passam a estar no 
centro do ordenamento jurídico, irradiando efeitos sobre todos os 
instrumentos normativos vigentes e sobre todas as relações jurídicas. A esse 
novo movimento constitucional dá-se o nome de neoconstitucionalismo, 
oportunamente abordado no módulo de Direito Constitucional. 
 
 
1.4 Características dos direitos humanos 
 
 Segundo aponta a melhor doutrina, são características dos direitos 
humanos: 
 a) historicidade: os direitos humanos evoluíram no decorrer dos 
séculos. Sua origem data de séculos antes de Cristo, e sua evolução 
acompanhou as etapas históricas da humanidade. Se durante o período da 
Revolução Francesa houve um acréscimo evolutivo na matéria, as grandes 
guerras representaram um retrocesso, guerras estas que motivaram a 
adoção de medidas tendentes a proteger a pessoa humana e a humanidade 
como um todo; 
 b) essencialidade: os direitos humanos são essenciais e inerentes à 
condição humana, ou seja, não há como se falar em desenvolvimento 
humano sem a proteção desses direitos; 
 c) universalidade: a protetividade dos direitos humanos alcança a 
todos, sem distinções; 
 d) inexauribilidade: os direitos humanos são inesgotáveis, isto é, eles 
não se exaurem, não se esgotam com o passar dos tempos. Os direitos 
humanos podem ser ampliados, mas não podem, em sentido oposto, serem 
extinguidos; 
 e) inalienabilidade: os direitos humanos, como se disse, são inerentes 
à condição humana, logo, não podem ser transmitidos a qualquer título. 
Nenhuma pessoa pode alienar seus direitos humanos, pois estes decorrem 
da sua própria natureza, sendo, pois, indisponíveis; 
 f) irrenunciabilidade: assim como não são alienáveis, os direitos 
humanos também são irrenunciáveis. Por compor a própria natureza da 
pessoa humana e por estarem em uma esfera de indisponibilidade, não se 
admite a renuncia a qualquer eles; 
 g) imprescritibilidade: os direitos humanos não se sujeitam a prazo de 
prescrição, isto é, eles não se extinguem com o passar dos tempos ou com o 
não exercício. 
 h) vedação ao retrocesso: estabelecidos os direitos humanos, eles 
podem ser ampliados, mas não podem ser reduzidos, tão menos 
extinguidos. 
 i) inviolabilidade: os direitos humanos não podem ser violados, seja 
por ato público ou privado. Tão logo ocorra sua violação, o Estado tem o 
 
14 
dever de saná-la. Nesse sentido, não pode haver a edição de leis que 
contrariem os direitos humanos, por exemplo; 
 j) limitabilidade: os direitos humanos são limitados, isto é, não são 
absolutos. Admite-se a restrição de certos direitos perante determinadas 
situações, como durante o estado de sítio ou mediante a colisão de direitos, 
por exemplo; 
 k) complementariedade: os direitos humanos não existem de maneira 
isolada, mas coexistem. Os direitos humanos não se excluem, mas se 
completam; 
 l) efetividade: é dever do Estado utilizar todos os meios para conferir 
efetividade aos direitos humanos. Não basta apenas a previsão genérica e 
abstrata contida em instrumentos normativos se não houver a efetiva 
aplicação prática dos direitos humanos. É a efetividade que, realmente, leva 
os direitos às pessoas humanas; e 
 m) concorrência: os direitos humanos podem ser exercidos 
simultaneamente, de maneira concorrente. O exercício de um direito não 
exclui a possibilidade do exercício de outro. 
 
 
1.5 Dignidade da pessoa humana como fundamento dos direitos 
humanos 
 
 Essencialmente, o fundamento dos direitos humanos é a dignidade da 
pessoa humana. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, 
expressa o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da 
família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis como fundamento da 
liberdade, da justiça e da paz no mundo. E o artigo 1º da mesma Declaração 
dispõe que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
 A dignidade não é um título, não é privilégio de alguns, mas uma 
condição inerente a todos. A dignidade nasce junto com a existência 
humana, junto com a existência de cada ser humano, eis que decorre da 
origem comum de cada um. 
 A pessoa humana deve ser protegida sob todos os aspectos. O 
homem não pode servir de instrumento a outrem, pois ele é um fim em si 
mesmo. Neste aspecto, o Brasil elencou a dignidade humana como 
fundamento de Estado para deixar claro que tal característica deve sempre 
se fazer presente. 
 A dignidade da pessoa humana pode parecer, sob perfunctória 
análise, princípio absoluto, mas o fato de incluir-se entre o rol de 
fundamentos do Estado apenas lhe traduz a significação de uma condição 
humana mínima, a qual deve ser assegurada a toda pessoa em território 
brasileiro. Tal garantia liga-se com a teoria do mínimo existencial, ou mínimo 
social, segundo a qual nenhuma pessoa humana será privada das condições 
que lhe permitam uma existência digna, o que reflete um leque de direitos, 
considerados mínimos, para que as pessoas não sejam postas em 
condições existenciais sub-humanas. 
 Também não há que se apontar o princípio da dignidade da pessoa 
humana como um super-princípio, o qual prevalecerá sobre quaisquer outros 
 
15 
quando entre eles se verificar uma colisão. A inclusão da dignidade humana 
no rol de fundamentos do Estado permite afirmar que esta tornou-se 
elemento intrínseco, indissociável e requisito de qualquer ato que o Estado-
poder venha praticar. Ao consagrar a dignidade da pessoa humana como 
fundamento de Estado, o constituinte de 1988 lhe conferiu ampla 
abrangência. Seus efeitos não se refletem apenas sobre direitos e garantias 
individuais, pois, como mencionado, é fundamento do Estado, de todo ele, e, 
por conseguinte, irradia efeitos sobre a ordem econômica, que deve 
assegurar uma digna existência a todos, sobre a ordem social, enquanto 
realizadora da desejada justiça social, sobre a educação, sobre a saúde etc 
(AFONSO, 2007, p. 105). 
 Pode-se afirmar, categoricamente, a dignidade da pessoa humana 
constitui fundamento de todos os direitos de tutela humana, posto que é 
próprio da existência do ser. 
 Alexandre de Moraes bem expõe que a dignidade humana tem 
concepção dúplice. Além de ser direito protetivo individual, exercido em face 
do Estado e de particulares, é verdadeiro “dever fundamental de tratamento 
igualitário dos próprios semelhantes” (MORAES,2006, p. 129), o que remete 
ao conteúdo originário da dignidade humana, em sua concepção máxima, 
como fruto do Cristianismo, segundo o qual “não pode um homem ser 
superior a outro por natureza, visto que todos gozam de igual dignidade 
natural”, consoante salientava o Papa João XXIII na encíclica Pacem in 
Terris, de 1963. 
 O dever fundamental decorrente da dignidade da pessoa humana 
surge de sua oponibilidade em face de outras pessoas, em esfera privada. 
Ninguém pode atentar contra dignidade de outrem. Dessa concepção, 
Alexandre de Moraes resume esse dever fundamental a três princípios do 
Direito Romano, plenamente cabíveis e aplicáveis na contemporânea ordem 
constitucional pátria: honestere vivere (viver honestamente), alterum non 
laedere (não prejudicar a ninguém) e suum cuique tribuere (das a cada um o 
que lhe é devido). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
2. OS DIREITOS HUMANOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
2.1 Princípios fundamentais 
 
 Os princípios fundamentais da República brasileira estão descritos no 
artigo 1º da Constituição Federal de 1988. Após estipular que a República 
Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e que é 
formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito 
Federal, mencionado artigo elenca como fundamentos de Estado: 
 a) a soberania; 
 b) a cidadania; 
 c) a dignidade da pessoa humana; 
 d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
 e) o pluralismo político. 
 Como se vê, a dignidade da pessoa humana, fundamento efetivo da 
tutela dos direitos humanos, foi também eleita como fundamento de Estado 
pelo constituinte brasileiro, o que reforça a protetividade dos direitos 
humanos como compromisso permanente da República brasileira. 
 Doutro lado, são objetivos fundamentais da República Federativa do 
Brasil, os quais devem ser perseguidos a todo momento pelo Estado: 
 a) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; 
 b) a garantia do desenvolvimento nacional; 
 c) a erradicação da pobreza e da marginalização e redução das 
desigualdades sociais e regionais; e 
 d) a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, 
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
 Por fim, segundo dispõe o artigo 4º da Constituição Federal, são 
princípios regentes da República Federativa brasileira nas relações 
internacionais: 
 a) a independência nacional; 
 b) a prevalência dos direitos humanos; 
 c) a autodeterminação dos povos; 
 d) a não-intervenção; 
 e) a igualdade entre os Estados; 
 f) a defesa da paz; 
 g) a solução pacífica dos conflitos; 
 h) o repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
 i) a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; e 
 j) a concessão de asilo político. 
 Nas suas relações internacionais, o Estado brasileiro deve guiar-se 
pela prevalência dos direitos humanos, priorizando a autodeterminação dos 
povos, a não-intervenção e a independência nacional. Deve também o 
Estado brasileiro considerar a igualdade entre os Estados e a defesa da paz, 
 
17 
prezando pela solução pacífica dos conflitos e repudiando o terrorismo e o 
racismo. 
 Quanto a concessão de asilo político, o Estatuto do Estrangeiro é 
responsável pela disciplina a matéria, conforme será oportunamente 
analisado. 
 
 
2.2 Direitos fundamentais 
 
 Como já se teve oportunidade de mencionar, direitos fundamentais 
são os direitos humanos positivados na ordem constitucional. Basicamente, 
os direitos fundamentais estão contidos no artigo 5º da Constituição Federal 
de 1988, mas eles também podem ser encontrados espalhados em outros 
locais do texto constitucional. 
 O Título II da Constituição Federal recebeu o título de “direitos e 
garantias fundamentais”, e está dividido em 5 capítulos, quais sejam: 
 a) direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º); 
 b) direitos sociais (arts. 6º a 11); 
 c) nacionalidade (arts. 12 e 13); 
 d) direitos políticos (arts. 14 a 16); 
 e) partidos políticos (art. 17). 
 
 
2.2.1 Distinção entre direitos e garantias 
 
 É necessário diferenciar direitos de garantias fundamentais. Para 
tanto, seguindo a melhor doutrina, cumpre distinguir a natureza do conteúdo 
da norma constitucional e não a redação empregada pelo constituinte. 
 Analisando-se o conteúdo da norma pode-se obter um cunho 
declaratório, caso em que estar-se-á diante de direito, ou cunho 
assecuratório, caso em que estar-se-á diante de uma garantia. 
 Por exemplo, quando o inciso XX do artigo 5º da CRFB/88 dispõe que 
ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado, 
está declarando um direito que é a todos inerente. 
 Já o inciso V do mesmo artigo, ao dispor que as associações só 
poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas 
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado, ao 
mesmo tempo em que declara um direito, isto é, o da indissolubilidade das 
associações, concede uma garantia ao assegurar que só haverá dissolução 
de associações após o trânsito em julgado de uma decisão judicial. O 
dispositivo apresenta, pois, nítido conteúdo jurídico declaratório na primeira 
parte (direito fundamental), e assecuratório ou instrumental (garantia 
fundamental) na segunda. 
 
 
 
 
 
 
18 
2.2.2 Direitos e deveres individuais e coletivos 
 
 As declarações de direitos e deveres individuais sempre estiveram 
presentes nas Constituições brasileiras, mas é na Constituição Federal de 
1988 que elas encontraram maior guarida e amplitude. A maior 
concentração dos direitos e deveres individuais e coletivos consta do artigo 
5º, cujo rol é exemplificativo e por sobre o qual recomenda-se atenta leitura. 
 São princípios constantes do artigo 5º da Constituição Federal de 
1988, dentre inúmeros outros: 
 a) princípio da igualdade: a igualdade assegurada pela Constituição 
Federal de 1988 é tanto a formal quanto a material, isto é, garante-se a 
igualdade no Estado brasileiro perante a lei, mas também garante-se a 
igualdade na realidade social das pessoas. Decorre do princípio da 
igualdade, a impossibilidade de discriminações negativas das pessoas, 
porém há possibilidade de discriminá-las positivamente. Enquanto a 
discriminação negativa tem efeito pejorativo, a afirmativa visa incluir, 
trazendo grupos sociais menos favorecidos para as mesmas condições 
sociais dos demais grupos. As discriminações positivas manifestam-se por 
meios de ações afirmativas, dentre as quais pode-se destacar a política de 
cotas para negros, o programa bolsa-família e a própria lei Maria da Penha, 
que visa favorecer a mulher para destituir a histórica posição de fragilidade 
suportada pela mesma em relação ao homem. O princípio da igualdade 
destina-se a todos, inclusive e especialmente ao legislador, que deve estar 
atento ao desejo constitucional de igualdade material entre as pessoas. 
 b) princípio da legalidade: se para o particular vige o mandamento: 
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei, para a Administração Pública ocorre o inverso, isto é, a ela só 
é permitido fazer alguma coisa se houver expressa autorização legal (art. 37, 
CRFB/88), sob pena de responsabilidade. A justificativa é clara, uma vez 
que os agentes administrativos atuam na gerência da coisa pública, logo não 
podem dela dispor da forma como bem entenderem. O princípio da 
legalidade tem vários desdobramentos, como em matéria penal (não há 
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal), 
tributária (sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é 
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: exigir ou 
aumentar tributo sem lei que o estabeleça) etc. 
 Quanto aos diversos direitos e deveresfundamentais mencionados no 
rol do artigo 5º da CRFB/88, far-se-á sumária exposição de pontos que 
requerem maior atenção do candidato no momento da feitura do exame da 
Ordem dos Advogados do Brasil ou concursos públicos: 
 a) direito à vida: garantir o direito à vida não é apenas retirar a 
possibilidade de aplicação da pena de morte em situações ordinárias (já que 
admite-se a pena de morte em caso de guerra declarada), proibir o aborto 
(excetuadas as autorizações legais) ou punir a instigação, o auxílio ou o 
induzimento ao suicídio. Mais que isso, significa tutelar o sentido da 
existência humana em toda sua magnitude, significa prestar a assistência de 
que carecem as pessoas humanas nas mais variadas órbitas sociais, pois 
 
19 
apenas desta maneira alcançar-se-ão os objetivos fundamentais de um 
verdadeiro Estado Democrático e Social de Direito; 
 b) proibição da tortura e de tratamentos desumanos e degradantes: 
tratamento degradante é o humilhante, que leva a vítima a agir contra sua 
vontade ou consciência; tratamento desumano tem objeto mais amplo, 
engloba o degradante e indica um sofrimento (físico ou mental) injustificável 
e em limites que extrapolam as condições humanas; tortura, por sua vez, é 
conduta que engloba os tratamentos degradantes e desumanos, esta sim 
possuindo conceituação legal, nos termos do artigo 1º, da Lei n.º 9.455/97: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou 
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou 
mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza 
criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou 
autoridade, com emprego de violência ou grave 
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como 
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter 
preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 O prazo prescricional do crime de tortura é de 12 anos. Com esta 
informação pretende-se fixar para o aluno que o crime de tortura não é 
imprescritível, tema recorrente no exame da OAB e concursos públicos. 
 c) direito de escusa de consciência: é desdobramento do direito de 
crença religiosa e indica que ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar 
para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei (art. 5º, VIII, CRFB/88); 
 d) liberdade de consciência e de crença: o Estado brasileiro é laico, 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da 
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Também assegura-se, 
conforme previsão do artigo 5º, inciso VII da Constituição Federal de 1988, a 
prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de 
internação coletiva; 
 e) direito de antena: é o direito a espaço gratuito em meios de 
comunicação para divulgação de idéias, projetos e opiniões, materializados 
pela propaganda eleitoral gratuita, veiculada pelos partidos políticos no rádio 
e televisão. Sua previsão consta do artigo 17, §3º, segunda parte, da 
Constituição Federal de 1988; 
 f) direto de intimidade, privacidade, imagem e honra: o direito de 
privacidade abrange o direito de intimidade. Enquanto privacidade é 
entendida como a esfera de convívio afastada da sociedade em geral, mas 
 
 
20 
mantida entre um grupo social restrito, como a família por exemplo, 
intimidade é a esfera individualizada da pessoa, na qual nem os próprios 
familiares podem penetrar. É designativo da intimidade, por exemplo, a 
opção sexual da pessoa. Os sigilos bancário e fiscal compõe a seara de 
privacidade da pessoa, consoante já apontou o Supremo Tribunal Federal, 
podendo ser relativizado perante o Poder Judiciário, Comissões 
Parlamentares de Inquérito ou perante o Ministério Público. O sigilo fiscal 
também é relativizado em detrimento das autoridades fazendárias, nos 
termos do artigo 198 do Código Tributário Nacional. 
 O direito à imagem engloba a imagem-retrato, caracterizada pela 
reprodução gráfica da pessoa, enquanto a imagem-atributo caracteriza o que 
a pessoa representa para a sociedade em relação a seriedade, 
confiabilidade, etc. Luiz A. D. Araujo e Vidal Serrano Nunes Júnior bem 
expõem que a imagem retrato é resguardada pelo inciso X, enquanto que a 
imagem atributo é tutelada pela inciso V, ambos do artigo 5º, da CRFB/88 
(2005, p. 144). 
 Por fim, o direito à honra se liga diretamente à dignidade da pessoa 
humana e se desdobra em honra objetiva (decorrente do que a pessoa 
representa na sociedade em razão de sua conduta) e subjetiva (decorrente 
do que a pessoa representa em relação a si mesma); 
 g) direito à inviolabilidade de domicílio: o candidato ao exame da OAB 
ou concursos públicos deve estar atento ao texto do artigo 5º, inciso XI, da 
CRFB/88, segundo o qual a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de 
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por 
determinação judicial. Note-se que o dispositivo informa que em caso de 
flagrante delito, desastre, ou para prestar socorro, o domicílio pode ser 
violado durante o dia e também durante a noite, haja visto a possibilidade de 
fuga, no caso de flagrante delito, ou o risco para a vida, no caso de desastre 
ou para prestar socorro. Porém, em se tratando de determinação judicial só 
há que se falar em violação de domicílio durante o dia; 
 h) direito à impenhorabilidade da pequena propriedade rural: 
importante ao aluno não confundir o conteúdo do artigo 5º, XXVI, com o 
artigo 185, I, ambos da CRFB/88. O tema foi objeto de questionamento no 
exame 2009.2 da OAB. O art. 5º, XXVI, estipula que a pequena propriedade 
rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será 
objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade 
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. 
Já o art. 185, I, estipula que são insuscetíveis de desapropriação para fins 
de reforma agrária: a pequena e média propriedade rural, assim definida em 
lei, desde que seu proprietário não possua outra. 
 Portanto, quando o tema for impenhorabilidade da propriedade rural 
produtiva, é apenas a pequena propriedade que foi albergada pelo direito à 
impenhorabilidade, logo, perfeitamente possível a penhora da média e da 
grande propriedade. A pequena e a média propriedade não podem ser 
desapropriadas para fins de reforma agrária, salvo se seu proprietário 
possuir outra. 
21 
Os temas abaixo descritos exigem do candidato uma atenção 
especial, já que são fruto de constantes questionamentos: 
 a) racismo: a prática do racismo é conduta imprescritível e 
inafiançável, nos termos do artigo 5º, XLII da CRFB/88. 
 b) ação de grupos armados, sejam eles civis ou militares, quando 
tendentes a atuar contra a ordem constitucional e contra o Estado 
Democrático: também é conduta imprescritível e inafiançável, nos termos do 
art. 5º, XLIV da CRFB/88; 
 b) terrorismo, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tortura e 
crimes hediondos: não são suscetíveis de graça ou anistia, além de serem 
crimes inafiançáveis. Por estes crimes respondem os mandantes, os 
executores e os que poderiam evitá-los, mas se omitiram (art. 5º, XLIII). 
Note-se que tais condutas não são imprescritíveis. 
 
2.2.2.1 Remédios constitucionais 
 
 O rol do artigo 5º da Constituição Federal ainda apresenta os 
denominados remédios constitucionais, entendidos estes como garantias 
fundamentais, cuja finalidade é assegurar a observância de direitos 
fundamentais. Abaixo serão sumariamente expostos o habeas corpus, o 
mandadode segurança, o mandado de injunção, o habeas data e a ação 
popular. 
 
2.2.2.1.1 Habeas corpus 
 
 Dispõe o art. 5º, LXVIII: conceder-se-á habeas-corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua 
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Sua origem 
remonta à Magna Carta de 1215. O habeas corpus destina-se a assegurar 
às pessoas seu direito de liberdade de locomoção e pode ser impetrado, 
inclusive, em face de particulares. Pode ser preventivo (ameaça de violência 
ou coação na liberdade) ou repressivo (para fazer cessar a restrição à 
liberdade). 
 O habeas corpus também pode ser utilizado para trancar ação penal 
ou inquérito policial sempre que lhes faltarem justa causa. Por exemplo, 
pode ser trancado via habeas corpus uma ação penal deflagradora de crime 
tributário quando a fiscalização encartada pela autoridade fazendária ainda 
está em curso, ou quando há ajuizamento de ação penal com descrição de 
conduta atípica. 
 É importante lembrar que punições disciplinares militares não são 
passíveis de habeas corpus, nos termos do artigo 142, §2º da CRFB/88. 
 O habeas corpus, como valiosa ferramenta de defesa dos direitos 
humanos, é gratuito (art. 5º, LXXII) e não exige a assinatura de um 
advogado para ser impetrado. 
 Por derradeiro, recomenda-se ao aluno leitura dos dispositivos 
constitucionais que estipulam competência específica para impetração de 
HC quando as pessoas que são mencionados nos artigos 102, 105, 108, 109 
e 114 da Constituição Federal de 1988. 
 
22 
2.2.2.1.2 Mandado de segurança 
 
 O mandado de segurança é figura residual, cabível apenas se não for 
pertinente o habeas corpus ou o habeas data, nos termos do artigo 5º, LXIX 
da CRFB/88. Para sua impetração exige-se a existência de direito líquido e 
certo, e que o responsável pela ilegalidade seja autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 
 O mandado de segurança não comporta dilação probatória, haja vista 
exigência de direito líquido e certo, estando disciplinado, atualmente, pela 
Lei n.º 12.016/2009. Assim como o habeas corpus, o mandado de segurança 
pode ser preventivo (para evitar a lesão a direito líquido e certo) ou 
repressivo (para reparar a lesão). 
 Pode ainda o mandado de segurança ser individual (art. 5º, LXIX) ou 
coletivo (art. 5º, LXX), em nítida hipótese de legitimação extraordinária, isto 
é, alguém que vai a juízo, em nome próprio, para defender direito alheio. 
Nesse último caso, são legitimados para impetração: 
 a) partido político com representação no Congresso Nacional; e 
 b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos 
interesses de seus membros ou associados. 
 Importante atentar que há prazo de 120 dias para impetração do 
mandando de segurança, de natureza decadencial (que não se suspende 
nem se interrompe), contados da ciência da violação do direito, pelo 
interessado. 
 
2.2.2.1.3 Mandado de injunção 
 
 O mandado de injunção, por não raro motivo, é apontado como a 
ação declaratória de inconstitucionalidade por omissão da via difusa. Ele é 
cabível sempre que a ausência de norma reguladora inviabilizar o exercício: 
 a) de direitos e liberdades constitucionais; 
 b) de prerrogativas inerentes à nacionalidade; 
 c) de prerrogativas inerentes à soberania; 
 d) de prerrogativas inerentes à cidadania. 
 Fica claro, portanto, que o objeto do mandado de injunção é mais 
restrito que o objeto da ação declaratória de inconstitucionalidade por 
omissão, já que apenas o conteúdo explicitado pelo constituinte poderá ser 
alvo da impetração de mandado de injunção. 
 A competência para processo e julgamento do mandado de injunção é 
do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CRFB/88) ou do Superior 
Tribunal de Justiça (art. 105, I, “h”, CRFB/88), a depender de quem seja a 
conduta omissiva. 
 A competência será do STF quando a elaboração da norma 
regulamentadora for atribuição: 
 a) do Presidente da República; 
23 
b) do Congresso Nacional; 
 c) da Câmara dos Deputados; 
 d) do Senado Federal; 
 e) das Mesas de uma dessas Casas Legislativas; 
 f) do Tribunal de Contas da União; 
 g) de um dos Tribunais Superiores; 
 h) do próprio Supremo Tribunal Federal. 
 Por sua vez, será do STJ a competência quando a elaboração da 
norma regulamentadora for atribuição: 
 a) de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta 
ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal 
Federal; 
 b) dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do 
Trabalho e da Justiça Federal. 
 Por analogia à possibilidade de impetração de mandado de segurança 
coletivo, admite-se a impetração de mandado de injunção coletivo, cujo rol 
de legitimados é o mesmo do mandado de segurança, qual seja: 
 a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
 b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente 
constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos 
interesses de seus membros ou associados. 
 No pólo ativo do mandado de injunção pode estar todo aquele que se 
encontre impedido de exercer direitos ou liberdades constitucionais, bem 
como qualquer prerrogativa inerente à nacionalidade, soberania ou 
cidadania. Já no pólo passivo estará aquele que deveria ter integrado a 
norma constitucional e não o fez, como por exemplo, o Presidente da 
República, o Congresso Nacional, a Câmara dos Deputados, o Senado 
Federal, o Tribunal de Contas da União etc. 
 Proferida decisão pela procedência do mandado de injunção, surgem 
várias correntes indicando os possíveis efeitos por ela produzidos. Pedro 
Lenza aponta que o Supremo Tribunal Federal consagrou a teoria 
concretista geral, isto é, até que o legislador não atue, vige com efeito erga 
omnes a decisão proferida pelo STF no caso concreto. Em outras palavras, 
julgado procedente o mandado de injunção, será dada ciência àquele que 
deve legislar, nos mesmos termos em que ocorre com a Ação Declaratória 
de Inconstitucionalidade por Omissão, ou será fixado prazo de 30 dias se 
tratar-se de autoridade administrativa. No caso de ciência àquele 
competente para legislar, enquanto não o fizer, vige com efeito geral a 
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, a qual assegura o direito 
pretendido e impede o não-exercício de direitos em razão da inércia do 
Poder Público. 
 
 
 
 
24 
2.2.2.1.4 Habeas data 
 
 O habeas data destina-se a garantia do direito de informação sobre a 
própria pessoa. Informação esta constante de bancos de dados públicos ou 
de caráter público. Assim, o habeas data pode ser impetrado em face de 
autoridade pública ou em face de autoridade privada inserida na 
administração de banco de dados que possua caráter público, como ocorre 
nos cadastros do SPC e SERASA. 
 Com o habeas data pretende-se o acesso, a retificação ou a 
complementação de informações constantes em bancos de dados públicos 
ou de caráter público, desde que tenha havido anterior recusa da autoridade 
por eles responsável. Portanto, só há interesse de agir para impetração de 
habeas data se a petição inicial do mesmo acompanhar prova da recusa de 
acesso, retificação ou complementação de informações ou, ainda, da 
omissão da autoridade após a solicitação. 
 
2.2.2.1.5 Ação popular 
 
 O conteúdo do artigo 5º, LXXIII, da CRFB/88 deve ser memorizado 
pelo aluno, já que é frequentemente objeto de indagações, a começar pela 
legitimidade para a propositura da ação popular, que é reservada ao cidadão 
brasileiro. O objetivo da ação popular é anular ato lesivo ao: 
 a) patrimônio público; 
 b) moralidade administrativa; 
 c) meio ambiente; 
 d) patrimônio histórico; 
 e) patrimôniocultural. 
 O cidadão que ingressa com ação popular está isento de custas 
processuais e de honorários de sucumbência, salvo se estiver atuando de 
má-fé. 
 Por meio da ação popular assegura-se aos cidadãos a interferência 
direta na coisa pública, em nítido exercício direto do poder (art. 1º, parágrafo 
único, CRFB/88). 
 Ajuizada a ação popular, qualquer cidadão pode ingressar no feito 
como assistente ou litisconsorte. Se o autor desistir da ação, qualquer 
cidadão pode dar prosseguimento ao processo, assim como o Ministério 
Público. 
 No caso de sentença improcedente em razão de ausência ou 
insuficiência de provas, qualquer cidadão pode ajuizar nova ação popular 
para rediscutir a matéria, desde que esteja de posse de novas provas, 
naturalmente. 
 
 
2.3 Direitos sociais 
 
 A Constituição de 1988 trata dos direitos sociais em dois títulos. No 
Capítulo II do Título II são abordados os direitos sociais, enquanto o Título 
 
25 
VIII cuida da ordem social. “Cindindo-se a matéria, como se fez, o 
constituinte não atendeu aos melhores critérios metodológicos” (SILVA, 
2008, p. 285), posto que os direitos sociais compõe a ordem social. 
 Para o conceito de direitos sociais, precisas são as palavras de José 
Afonso da Silva (2008, p. 286-287): 
“Assim, podemos dizer que os direitos sociais, como 
dimensão dos direitos fundamentais do homem, são 
prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta 
ou indiretamente, enunciadas em normas 
constitucionais, que possibilitam melhores condições de 
vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a 
igualização de situações sociais desiguais. São, 
portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade. 
Valem como pressupostos do gozo dos direitos 
individuais na medida em que criam condições 
materiais mais propícias ao auferimento da igualdade 
real, o que, por sua vez, proporciona condição mais 
compatível com o exercício efetivo da liberdade.” 
 Os direitos sociais são próprios da segunda dimensão de direitos, isto 
é, aqueles que reclamam do Estado uma maior intervenção na defesa dos 
interesses da sociedade e redução das desigualdades sociais. Os direitos 
sociais também podem ser agrupados em individuais e coletivos, sendo a 
subdivisão dos mesmos fornecida pelo caput do artigo 6º, segundo o qual 
são direitos sociais: 
 a) educação; 
 b) saúde; 
 c) alimentação (incluído no caput do artigo 6º pela Emenda 
Constitucional n.º 64/2010); 
 d) trabalho; 
 e) moradia; 
 f) lazer; 
 g) segurança; 
 h) previdência social; 
 i) proteção à maternidade e à infância; 
 j) assistência aos desamparados. 
 É importante estar atento à recente inclusão da alimentação como 
direito social, nos termos da modificação operada pela Emenda 
Constitucional n.º 64/2010. 
 O rol do artigo 7º da Constituição Federal de 1988 equipara 
trabalhadores urbanos e rurais e lhes assegura, dentre outros direitos que 
visem a melhoria de sua condição social: 
 I) a proteção do emprego contra a despedida arbitrária ou sem justa 
causa, assegurada indenização compensatória; 
 II) o seguro-desemprego; 
 
 
26 
 III) o fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS); 
 IV) o salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, 
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
 V) piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
 VI) irredutibilidade salarial, salvo acordo ou convenção coletiva de 
trabalho; 
 VII) garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável; 
 VIII) décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no 
valor da aposentadoria; 
 IX) remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
 X) proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua 
retenção dolosa; 
 XI) participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da 
remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, 
conforme definido em lei; 
 XII) salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de 
baixa renda nos termos da lei; 
 XIII) duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas diárias e 
44 (quarenta e quatro) semanais, facultada a compensação de horários e a 
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
 XIV) jornada de 6 (seis) horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
 XV) repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
 XVI) remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 
50% (cinquenta por cento) à do normal; 
 XVII) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço 
a mais do que o salário normal; 
 XVIII) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com 
a duração de cento e vinte dias; 
 XIX) licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
 XX) proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
 XXI) aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo 
de trinta dias, nos termos da lei; 
 XXII) redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança; 
 XXIII) adicional de remuneração para as atividades penosas, 
insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
 XXIV) aposentadoria; 
 XXV) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o 
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
 
27 
 XXVI) reconhecimento das convenções e acordos coletivos de 
trabalho; 
 XXVII) proteção em face da automação, na forma da lei; 
 XXVIII) seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo 
ou culpa; 
 XXIX) ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, 
com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e 
rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
 XXX) proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de 
critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
 XXXI) proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e 
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; 
 XXXII) proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e 
intelectual ou entre os profissionais respectivos; 
 XXXIII) proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, 
salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
 XXXIV) igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso. 
 É importante frisar, que aos trabalhadores domésticos são 
constitucionalmente assegurados apenas os direitos constantes nos incisos 
IV (salário mínimo), VI (irredutibilidade salarial), VIII (13º salário), XV 
(repouso semanal remunerado), XVII (férias anuais remuneradas), XVIII 
(licença à gestante), XIX (licença-paternidade), XXI (aviso prévio) e XXIV 
(aposentadoria), bem como a sua integração à previdência social, consoante 
estipula o parágrafo único do artigo 7º da Constituição Federal de 1988. 
 Ainda no capítulo atinente aos direitos sociais, há previsão do direito 
de livre associação profissional ou sindical, observado o seguinte (art. 8º da 
CRFB/88): 
 a) a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de 
sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder 
Público a interferência e a intervenção na organização sindical; 
 b) é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em 
qualquergrau, representativa de categoria profissional ou econômica, na 
mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou 
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um 
Município; 
 c) ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; 
 d) a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de 
categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema 
confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da 
contribuição prevista em lei; 
 e) ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; 
28 
f) é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho; 
 g) o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas 
organizações sindicais; 
 h) é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do 
registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se 
eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se 
cometer falta grave nos termos da lei. 
 Na sequência, o artigo 9º da Constituição Federal de 1988 assegura 
aos trabalhadores o direito de greve, um dos mais fundamentais direitos de 
segunda dimensão. Por meio do direito de greve, a classe trabalhadora 
consegue evitar a exploração por parte da classe empregadora. A greve é, 
pois, a paralisação temporária das atividades laborativas em reivindicação 
de melhorias na relação trabalhista. 
 No entanto, não se admite a completa interrupção de determinados 
serviços ou atividades. Caso qualquer delas possua caráter essencial, a 
greve deve respeitar a manutenção de um percentual mínimo de atividade, o 
qual deve ser destinado a remediar as necessidades inadiáveis da 
comunidade. 
 É ainda previsão atinente ao capítulo dos direitos sociais, que 
trabalhadores e empregadores tem assegurada sua participação nos 
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou 
previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação (art. 10 da 
CRFB/88). 
 Por fim, consoante dispõe o artigo 11 da Constituição Federal, nas 
empresas com mais de 200 (duzentos) empregados, é assegurada a eleição 
de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o 
entendimento direto com os empregadores. 
 Contudo, o rol de direitos sociais assegurados à sociedade pela 
Constituição Federal de 1988 não se exaure no mencionado Capítulo II, do 
Título II (arts. 6º ao 11), mas se agrega aos constantes do Título VIII (arts. 
193 a 232), consoante se passa a analisar. 
 
 
2.3.1 Ordem social 
 
 Consta do Título VIII da Constituição Federal de 1988 a maior 
concentração de direitos sociais, típicos da denominada 2ª dimensão de 
direitos, os quais traduzem a atuação de um Estado intervencionista, 
comprometido com a realização da desejada justiça social. 
 Neste título o constituinte abordou temas como a seguridade social 
(arts. 194 a 204), a educação (arts. 205 a 214), a cultura (arts. 215 e 216), o 
desporto (art. 217), a ciência e a tecnologia (arts. 218 e 219); a comunicação 
social (arts. 220 a 224), o meio ambiente (arts. 225), a família, a criança, o 
adolescente e o idoso (arts. 226 a 230), e os índios (arts. 231 e 232). 
 O artigo 193 da CRFB/88 é fundamental quando o assunto é a ordem 
social, já que ele estipula que a ordem social tem como base o primado do 
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. 
 
29 
2.3.1.1 Seguridade social 
 
 A seguridade social, como sugere o nome, visa o fornecimento de 
segurança à sociedade, por parte do Estado. Assim, presta-se por três vias: 
 a) a saúde; 
 b) a assistência social; 
 c) a previdência social. 
 A seguridade social rege-se pelos seguintes princípios: 
 a) universalidade da cobertura e do atendimento; 
 b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às 
populações urbanas e rurais; 
 c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e 
serviços; 
 d) irredutibilidade do valor dos benefícios; 
 e) equidade na forma de participação no custeio; 
 f) diversidade da base de financiamento; 
 g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos 
empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. 
 Segundo dispõe o artigo 195 da Constituição Federal de 1988, a 
seguridade social deve ser financiada por toda a sociedade e entes 
federados (União, Estados, Distrito-Federal e Municípios). 
 Importante dispositivo atinente a seguridade social é o parágrafo 
quinto, constante do artigo 195 da CRFB/88, segundo o qual nenhum 
benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou 
estendido sem a correspondente fonte de custeio total. 
 A Constituição Federal de 1988 é clara ao estipular que a pessoa 
jurídica que estiver em débito com a seguridade social não poderá contratar 
com o Poder Público, nem receber benefícios ou incentivos fiscais ou de 
crédito. 
 Em relação as contribuições sociais, cumpre expor que o artigo 195, 
parágrafo sexto da Constituição Federal de 1988, estipula que a instituição 
ou majoração de contribuições sociais sujeita-se ao princípio da noventena, 
também chamado de anterioridade mitigada (que veda a cobrança do tributo 
instituído ou majorado antes do decurso de 90 dias da data em que haja 
ocorrido a publicação da lei que o instituiu ou majorou), mas não se sujeita 
ao princípio da anterioridade (que veda a cobrança do tributo instituído ou 
majorado no mesmo exercício financeiro em que ocorreu a publicação da lei 
que o instituiu ou majorou). 
 O princípio da noventena, assim como o da anterioridade são direitos 
fundamentais da pessoa humana, que não pode ser surpreendida pelo 
Estado-fisco. 
 Conteúdo seguinte e de extrema importância, muito embora também 
diretamente relacionado às matérias tributárias, consta do artigo 195, §7º da 
Constituição Federal de 1988. Segundo o dispositivo, são isentas (leia-se, 
 
30 
imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes 
de assistência social que atendam as exigências estabelecidas pela lei. 
Embora a Constituição Federal tenha empregado o vocábulo “isentas”, trata-
se de nítida hipótese de imunidade tributária, fato que o candidato a exames 
públicos deve estar atento. 
 Guardadas as peculiaridades, a diferença básica entre saúde, 
assistência social e previdência social é que a primeira será prestada a 
todos, indistintamente, a segunda será prestada aos mais necessitados, 
independente de contribuições, e a terceira será prestada apenas àqueles 
que contribuíram durante os períodos pré-determinados pela Previdência 
Social, ou que deles eram economicamente dependentes. Passa-se, pois, a 
sumária análise de cada qual. 
 
2.3.1.1.1 Saúde 
 
 A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para 
sua promoção, proteção e recuperação (art. 196 da CRFB/88). 
 No âmbito da saúde, o princípio da universalidade da cobertura e do 
atendimento (regente da seguridade social) encontra seu ápice, uma vez 
que o direito à saúde deve ser garantido a todos, sem qualquer distinção. No 
Brasil, a saúde pública é prestada por um sistema único, o SUS (Sistema 
Único de Saúde), organizado conforme as seguintes diretrizes: 
 a) descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
 b) atendimento integral, com prioridade para as atividades 
preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; 
 c) participação da comunidade. 
 O financiamento desse sistema único de saúde ocorre com base em 
recursos da seguridade social e de todos osentes federativos, podendo 
ainda se valer de outras fontes. 
 Entretanto, a prestação dos serviços de saúde não ficou guardada à 
exclusividade pelo Estado, que autorizou a atuação da iniciativa privada, a 
qual pode, inclusive, participar de forma complementar do sistema único de 
saúde, mediante contrato de direito público ou convênio, possuindo 
preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
 Em se tratando de instituições privadas com fins lucrativos, é vedada 
a destinação de recursos público para auxílios ou subvenções. Também foi 
vedada pelo Constituinte a participação direta ou indireta de empresas ou 
capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo expressa 
autorização legal. 
 A Constituição Federal de 1988 deixou a cargo do legislador 
infraconstitucional o estabelecimento de condições e requisitos que facilitem 
a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas destinadas a 
transplantes, pesquisa e tratamento, assim como a coleta, processamento e 
transfusão de sangue e seus derivados, vedando a comercialização. 
31 
Portanto, o transplante de órgãos é direito fundamental da pessoa 
humana, sendo dever do Estado adotar todos os meios necessários a 
efetivação desse direito que tutela a vida, a integridade e a saúde humana. 
 
2.3.1.1.2 Previdência social 
 
 Diferentemente da saúde, prestada a todos, indistintamente, a 
Previdência Social destina seus benefícios apenas aos que com ela 
contribuíram, ou aos dependentes econômicos destes, atendidos todos os 
demais requisitos. A segurança social prestada por meio da Previdência 
abrange: 
 a) cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade 
avançada; 
 b) proteção à maternidade, especialmente à gestante; 
 c) proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; 
 d) salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos 
segurados de baixa renda; 
 e) pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou 
companheiro e dependentes, em valor nunca inferior ao salário mínimo. 
 Como diferente não poderia ser, a Previdência Social não pode adotar 
critérios diferenciados para concessão de aposentadoria aos beneficiários do 
regime geral da previdência social, ressalvados os casos de atividades 
especiais, exercidas sob condições que prejudiquem a saúde ou a 
integridade física e quando se tratar de segurados portadores de 
deficiências. 
 Os benefícios pagos pela Previdência Social que tenham caráter 
substitutivo em relação ao rendimento do trabalhador não podem ter valor 
inferior ao salário mínimo. Logo, quando o benefício não apresentar o 
caráter de substituição ao rendimento, nada impede que possua valor 
inferior ao salário mínimo. 
 
 Para aposentadoria pelo regime geral da Previdência Social, são 
requisitos: 
 a) 35 anos de contribuição, se homem, e 30 de contribuição, se 
mulher; 
 b) 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, 
reduzido em 5 anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos 
e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, 
nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 
 No caso de professor, cujo tempo de serviço tenha sido 
exclusivamente dedicado às funções de magistério na educação infantil, de 
ensino fundamental e de ensino médio, a aposentadoria poderá ser 
concedida após 30 anos de contribuição, se homem, e 25 anos de 
contribuição, se mulher. 
 
 
 
32 
2.3.1.1.3 Assistência social 
 
 A Assistência Social prescinde de contribuições, destinando-se à 
segurança dos mais necessitados e sendo prestada a quem dela necessitar. 
O princípio-referência da Assistência Social é o da seletividade e 
distributividade na prestação dos benefícios e serviços. Seletividade, na 
medida em que as prestações ofertadas pelo Estado por meio da 
Assistência Social deverão ser feitas de acordo com possibilidades 
econômico-financeiras da Seguridade Social, e, distributividade, na medida 
em que ocorre a distribuição de renda aos mais necessitados com base nas 
contribuições pagas pelos menos necessitados, além, evidentemente, dos 
valores oriundos de todos os entes federativos. 
 São objetivos da Assistência Social: 
 a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à 
velhice; 
 b) o amparo às crianças e adolescentes carentes; 
 c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; 
 d) a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e 
a promoção de sua integração à vida comunitária; 
 e) a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de 
prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme 
dispuser a lei. 
 O mencionado no item “e” refere-se ao benefício assistencial de 
prestação continuada, pago ao idoso e ao deficiente que não possuírem 
meios de prover sua própria subsistência, assim entendidos aqueles cuja 
renda familiar per capita não ultrapassar ¼ (um quarto) de salário mínimo. 
Portanto, para obtenção deste benefício, dois são os requisitos: a) o de 
ordem biológica ou fisiológica, isto é, idade ou deficiência; e b) a 
impossibilidade de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por seus 
familiares. 
 Por fim, cumpre lembrar que com base no que dispõe o Estatuto do 
Idoso (Lei n.º 10.741/2003), são consideradas idosas as pessoas com idade 
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
 
 
2.3.1.2 Educação, cultura e desporto 
2.3.1.2.1 Educação 
 
 Atento à importância da educação, o Constituinte tratou 
pormenorizadamente do tema, tendo deixado claro que a educação é direito 
de todos e dever do Estado e da família, e que visa o pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação 
para o trabalho. 
 São princípios constitucionais da educação: 
 a) igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
33 
b) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber; 
 c) pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência 
de instituições públicas e privadas de ensino; 
 d) gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; 
 e) valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na 
forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso 
público de provas e títulos, aos das redes públicas; 
 f) gestão democrática do ensino público, na forma da lei; 
 g) garantia de padrão de qualidade. 
 h) piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação 
escolar pública, nos termos de lei federal. 
 Mas o ensino, assim como a saúde, não ficou reservado à iniciativa 
pública, podendo também ser transferido à iniciativa privada, desde que 
cumpridas as normas gerais de educação nacional e autorizadas após 
avaliação de qualidade realizada pelo Poder Público. 
 Dentre os conteúdos mínimos obrigatórios para o ensino fundamental, 
é importante frisar que o ensino religioso é facultativo, haja vista laicidade do 
Estado brasileiro. 
 Dispõe a Constituição Federal de 1988, que os Municípios atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil, enquanto que 
os Estados e o Distrito Federal deverão guardar prioridade para os ensinos 
fundamental e médio. É importante atentar-se para o vocábulo prioridade, 
utilizado pelo Constituinte, e não exclusividade. 
 Para o desenvolvimento da educação, da receita de impostos 
(compreendida a proveniente de transferências), é obrigatória a destinação: 
 a) nunca inferior a 18%, pela União; 
 b) nunca inferior a 25%, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. 
 Em exames públicos, é importante estar atento aos percentuais 
mencionados. Mais que o dever do Estado em observar tais percentuais, é 
direito de todos cobrar essaobservância, pois é ela que efetiva, de forma 
qualitativa, o direito fundamental à educação. 
 
2.3.1.2.2 Cultura 
 
 A cultura carrega as origens e as crenças de um país, e tem proteção 
constitucional no Brasil. A todos foi garantido o pleno exercício dos direitos 
culturais, cabendo ao Estado o apoio e incentivo à valorização e à difusão 
das manifestações culturais, dentre as quais incluem-se as indígenas e as 
afro-brasileiras. 
 O Plano Nacional de Cultura, instituído pela Emenda Constitucional 
n.º 48/2005, rege-se nos termos da lei, tem duração plurianual, objetiva o 
desenvolvimento cultural do país e à integração das ações do poder público 
para: 
 a) defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; 
 
34 
 b) produção, promoção e difusão de bens culturais; 
 c) formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas 
múltiplas dimensões; 
 d) democratização do acesso aos bens de cultura; 
 e) valorização da diversidade étnica e regional. 
 
2.3.1.2.3 Desporto 
 
 Também o fomento das práticas desportivas é dever do Estado e 
constitui direito de todos, devendo-se observar: 
 a) a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, 
quanto a sua organização e funcionamento; 
 b) a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do 
desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto 
rendimento; 
 c) o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- 
profissional; 
 d) a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação 
nacional. 
 Consta do parágrafo primeiro, do artigo 217 da CRFB/88, uma 
importante exceção à regra geral de que é desnecessário exaurir a via 
administrativa para instaurar a via judicial. Em se tratando de justiça 
desportiva, e apenas nesse caso, é obrigatório que a via administrativa seja 
completamente exaurida, sob pena de faltar condição da ação ao postulante 
na via judiciária. 
 
2.3.1.3 Ciência e tecnologia 
 
 Em se tratando de tema essencial ao desenvolvimento do Estado, 
também foi dedicado espaço exclusivo à disciplinação da Ciência e 
Tecnologia. 
 Compete ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento 
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica, pesquisa esta que será 
voltada, especialmente, para solução dos problemas brasileiros e 
desenvolvimento da produção em âmbito nacional e regional. 
 A autonomia tecnológica do país será buscada, nos termos de lei 
federal, pelo incentivo ao mercado interno. 
 
2.3.1.4 Comunicação social 
 
 É por meio da comunicação social que se efetivam diversos direitos 
fundamentais. É plena, no Brasil, a liberdade de informação jornalística em 
qualquer veículo de comunicação social, observados, evidentemente, as 
restrições que lhe são impostas de forma natural por outros direitos 
fundamentais como, por exemplo, a intimidade e a privacidade. Assim, está 
vedada a censura, tenha ela natureza política, ideológica ou artística. 
 
35 
 O Constituinte teve preocupação especial e destinou à reserva da lei 
federal: 
 a) a regulamentação das diversões e espetáculos públicos, cabendo 
ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que 
não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre 
inadequada; 
 b) o estabelecimento dos meios legais que garantam à pessoa e à 
família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de 
rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da 
propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à 
saúde e ao meio ambiente. 
 O artigo 221 da Constituição Federal de 1988 enumera os princípios 
que as emissoras de rádio e televisão devem estar atentas, quais sejam: 
 a) preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e 
informativas; 
 b) promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção 
independente que objetive sua divulgação; 
 c) regionalização da produção cultural, artística e jornalística, 
conforme percentuais estabelecidos em lei; 
 d) respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. 
 No que se refere a propaganda comercial de tabaco, bebidas 
alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias, poderá ser legalmente 
restrita além de ter que, sempre que necessário, advertir sobre os malefícios 
decorrentes de seu uso. 
 A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de 
sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 
10 (dez) anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e 
que tenham sede no País (art. 222, CRFB/88). 
 Mas não só a propriedade, também a responsabilidade editorial e as 
atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de 
brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 (dez) anos, em qualquer 
meio de comunicação social (art. 222, §2º da CRFB/88). 
 A concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão 
e de sons e imagens é de competência do Poder Executivo e é cercada de 
garantias. Uma vez concedido ou permitido o serviço das naturezas 
mencionadas, a não-renovação da concessão ou permissão só será 
admitida mediante voto de, no mínimo, 2/5 (dois quintos) do Congresso 
Nacional, em votação nominal, isto é, aquela votação em que é possível 
identificar quem proferiu qual voto. 
 Antes do prazo de término da concessão ou permissão, só se admite 
seu cancelamento por decisão judicial. O prazo da concessão ou permissão 
para emissoras de rádio é de 10 (dez) anos, e para emissoras de televisão é 
de 15 (quinze) anos. 
 
 
 
 
36 
2.3.1.5 Meio ambiente 
 
 O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um típico 
direito da 3ª dimensão (ou geração) de direitos. Trata-se de um direito de 
todos, difuso, sendo dever do Estado e de toda a sociedade zelar por sua 
proteção e preservação para as presentes e futuras gerações. 
 Ao Poder Público, tendo em vista o acima exposto, a Constituição 
Federal de 1988 outorgou o dever de: 
 a) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover 
o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
 b) preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
 c) definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a 
supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
 d) exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
 e) controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de 
vida e o meio ambiente; 
 f) promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
 g) proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies 
ou submetam os animais a crueldade. 
 Em relação àqueles que exploram recursos minerais, é obrigatória a 
recuperação do meio ambiente degradado. Ademais, todas as condutas e 
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão seus infratores, 
sejam pessoas físicas ou jurídicas, a sanção de natureza penal e 
administrativa, além da obrigação de reparação dos danos. 
 Fechando o Capítulo destinado ao meio ambiente, é conveniente 
estar atento que foram declaradas patrimônio nacional, cuja utilização 
deverá assegurar a preservação do meio ambiente: 
 a) a Floresta Amazônica brasileira;

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