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empreendedorismo social - Curso

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1 
 
Seja Bem Vindo! 
 
Curso 
Empreendedorismo social 
 
Carga horária: 55hs 
 
 
 
 
2 
 
 
Conteúdo Programático: 
 
Introdução 
O Empreendedor Social 
O que não é Empreendedorismo Social 
O que é Empreendedorismo Social 
Empresa Tradicional x Organização Tradicional 
2º Setor: O papel da Empresa no Progresso Social 
3º Setor: O papel da Organização Social no Progresso 
Social 
Concebendo Novos Mercados 
Novos Mercados pedem Novos Modelos de Negócio 
Setor 2,5: Negócios Sociais 
Grameen Bank: O Primeiro Negócio Social do Mundo 
7 Características dos Negócios Sociais 
A Base da Pirâmide 
O Mercado Brasileiro da Base da Pirâmide 
Cases: Aprendendo com Experiências de 
Empreendedorismo 
Internet como Catalisador do Empreendedorismo Social 
O Jovem Brasileiro 
Principais desafios dos Negócios Sociais no Brasil 
Organizações que Suportam Empreendedores Sociais no 
Brasil 
Tirando as Ideias do Papel 
Modelos de Negócio 
Criando seu próprio Modelo de Negócio 
Inspiração Final 
Bibliografia/Links Recomendados 
 
3 
 
Introdução 
 
“Pobreza, doenças, fome, poluição, degradação ambiental, 
injustiça, desigualdade e analfabetismo este são todos parte da 
experiência humana, você não pode por um fim a eles.” E se isto 
não for verdade? E se nós pudéssemos por um fim a isto 
começando por apenas passar uma grande linha vermelha sobre 
esta afirmação acima? E se quando você visse um problema 
social conseguisse enxergar também soluções e pudesse fazer 
da atividade de solucionar este problema não apenas a sua 
Paixão, mas também o sua Atividade Profissional? Adivinhe?! 
Você pode! Existem pessoas que já estão dedicando suas 
carreiras a esta forma inovadora de enxergar o mercado 
consumidor, eles são os Empreendedores Sociais. 
Em uma época de intensos avanços tecnológicos e científicos, 
900 milhões de pessoas ainda não têm acesso à água potável, e 
2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico, ou seja, 39% da 
população mundial*. Mais de 1,8 milhões de jovens entre 15 e 24 
anos morrem a cada ano por enfermidades que poderiam ser 
prevenidas*, 1,6 bilhões de pessoas não possuem eletricidade* e 
5,4 bilhões não têm acesso à internet*. No mundo de hoje, 2,6 
bilhões de pessoas vivem na pobreza com menos de dois dólares 
por dia*. Os sinais de desequilíbrio são visíveis e deixam claro 
que temos urgência na busca de novos caminhos. Para construir 
uma sociedade verdadeiramente desenvolvida, é necessário criar 
modelos capazes de beneficiar mais pessoas, garantindo a todas 
elas a oportunidade de ter acesso a uma vida digna e 
sustentável. 
Neste curso vamos apreender sobre o universo do 
Empreendedorismo Social desde formulações de conceitos até 
suas raízes históricas, principais características, cases de 
sucesso e oportunidade e dificuldades que o mercado global e 
nacional apresenta a este tão novo ramo de atuação. 
 
O Empreendedor Social 
 
O tema empreendedorismo social é novo, mas na sua essência já 
existe a muito tempo. Alguns especialistas apontam até Luter 
King e Gandi como empreendedores sociais. Isto decorrente a 
sua capacidade de liderança e inovação quanto às mudanças em 
4 
 
larga escala. Como o tema é novo e ainda esta em 
desenvolvimento existe pouca bibliografia sobre o assunto, tanto 
aqui no Brasil como no exterior. E é fato que no Brasil as fontes 
para embasamento teórico são em muitos casos, são de origem 
estrangeira. Mas no tocante á prática já temos alguns exemplos 
nacionais com impacto internacional, como é o caso do CDI – 
Comitê de Democratização da Informática, do Empreendedor 
Social Rodrigo Baggio, no Rio de Janeiro, vamos entender este 
case mais profundamente no decorrer do curso. Porém tais 
constatações nos levam a crer que o Brasil não esta longe e nem 
indiferente ao tema e a inovação neste ramo. 
Novos ramos de mercado geralmente surgem devido a uma 
descoberta de matéria-prima, substância ou 
equipamento/máquina que ofereça benefícios antes não 
encontrados em algo conhecido como, por exemplo, o automóvel, 
ou devido a um novo hábito da sociedade da época que leva ao 
desenvolvimento de novos produtos e serviços para apoia-la 
como, por exemplo, o Futebol, jogo que caiu no hábito da 
população e hoje existe todo um ramo de atuação ao seu redor. 
O ramo de atuação do Empreendedorismo Social não nasceu 
devido á fatores usuais como estes, ele existe unicamente devido 
ao personagem do Empreendedor Social, sem eles não haveria a 
inovação. Sendo estes personagens tão essenciais para o início 
do movimento faz todo o sentido que a partir do entendimento 
deles que iniciemos a compreensão do tema como um todo. 
Neste primeiro momento vamos conhecer os principais conceitos, 
tanto na visão internacional como na visão nacional, sobre o 
personagem Empreendedor Social. 
Conceitos sobre Empreendedor social de diversas Organizações 
Internacionais: 
5 
 
 
Agora veja a visão de autores nacionais sobre o tema: 
6 
 
 
A partir desta primeira aproximação, fica nítido que tanto 
nacionalmente como internacionalmente o conceito esta em 
construção. Mas esta amostra nos possibilita perceber que há 
certa similitude quanto à compreensão do empreendedorismo 
social com: 
 a Lógica Empresarial; 
 o Foco Social; 
 e o Empreendedor Social em si como fator de sucesso determinante. 
 
O Empreendedor Social aponta tendências e traz soluções 
inovadoras para problemas sociais e ambientais, seja por 
enxergar um problema que ainda não é reconhecido pela 
sociedade e/ou por vê-lo por meio de uma perspectiva 
diferenciada. Por meio de sua atuação, ele acelera o processo de 
mudanças e inspira outros atores a se engajarem em torno de 
uma causa comum. 
Os empreendedores sociais são indivíduos com soluções 
inovadoras para os problemas mais prementes da sociedade. 
Eles são fortemente engajados e muito persistentes, enfrentando 
7 
 
as principais questões sociais e oferecendo novas ideias para 
a mudança em larga escala. 
Em vez de deixar as necessidades da sociedade só para o 
governo ou a iniciativa privada, os empreendedores sociais 
identificam o que não está funcionando e buscam colocar em 
ação soluções para os problemas estruturais e sistêmicos da 
sociedade. Além disso, se comprometem a disseminar essas 
novas soluções e a persuadir toda a sociedade a tomar esses 
novos saltos também. 
Os empreendedores sociais muitas vezes parecem estar 
possuídos por suas ideias, dedicando suas vidas para mudar a 
sociedade. Conseguem ser visionários e realistas ao mesmo 
tempo, se preocupando com a aplicação prática da sua visão 
acima de tudo. 
Perceba que damos muita ênfase á transformação social em 
larga escala e atacando problemas estruturais da sociedade e 
que isto difere muito de atacar problemas sociais superficiais ou 
atacar problemas sociais estruturais, mas em uma pequena 
escala ou para uma comunidade limitada. 
Vamos fazer desde já um apanhado das características mais 
marcantes do Empreendedor Social citadas por estes e outros 
autores. 
 
8 
 
Colocados em pauta tantos conhecimentos, habilidades, posturas 
e competências, os dados podem sinalizar um super homem, ou 
uma super mulher, mas de fato, se percebermos, os indicadores 
não são tão excepcionais, muitos já fazem parte do perfil do 
Empreendedor tradicional e em uma analise bem real são as 
características necessárias em qualquer área para se fazer 
diferença e ir além do trivial. 
O empreendedor social está atuando na sociedade a muito mais 
tempo do que existe o termo empreendedor social em si. Há 
questão de 20 anos atrás eles atuavam sem saber identificar ou 
definir claramente para outros seu ramo profissional ou profissão. 
Eles muitas vezes vinham trabalhando sozinhos, pois não tinham 
ideia da existência deoutros empreendedores sociais como eles. 
Eles tinham experiência prática em ir contra a corrente e são 
geralmente pessoas muitos fortes e resistentes que deram 
origem a este novo conceito a este novo mercado. 
Empreendedores Sociais sempre existiram, mas porque nós não 
os identificávamos como tal até agora eles não tiveram uma 
identidade coletiva ele têm sido ainda pioneiros individuais. 
Julia Kirby, empreendedora social e escritora, disse: “As pessoas 
me diziam: Você é louca. E agora eu posso responder: Eu não 
sou louca eu sou uma Empreendedora Social. Isto soa muito 
melhor!”. 
O que nós vemos surgir agora, e de forma muito rápida, é toda 
uma rede de incentivo e suporte que afirma que sim, 
Empreendedorismo Social é realmente viável e é um ramo 
profissional. E quanto mais a rede se forma mais ideias vão de 
locais a nacionais e globais, propiciando a alta difusão não só do 
conceito em si mas de Empreendedores que vem neste ramo a 
uma grande oportunidade para suas aspirações profissionais. 
 
O que não é Empreendedorismo Social 
 
Agora que entendemos nosso personagem principal vamos 
desmistificar alguns pré-conceitos que possamos ter sobre o 
tema Empreendedorismo Social. Isto por causa de associações 
errôneas, porém comuns, devido ao tema ser tão recente. 
9 
 
O Empreendedorismo Social não é responsabilidade social 
empresarial. Responsabilidade social empresarial é a forma de 
gestão que se define pela relação ética e transparente da 
empresa com seu público e pelo estabelecimento de metas que 
impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, 
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações 
futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das 
desigualdades sociais. 
Embora muitas empresas estejam mobilizadas para essa 
questão, pesquisadoras do Uniethos afirmam que “essas 
iniciativas, apesar de apresentarem resultados positivos, 
representam, na maioria das vezes, ações pontuais e 
desconectadas da missão, visão, planejamento estratégico e 
posicionamento da empresa e, consequentemente, não 
expressam um compromisso efetivo para o desenvolvimento 
sustentável. Em muitos casos, as empresas brasileiras acabaram 
por associar responsabilidade social à ação social, seja pela via 
do investimento social privado, seja pela via do estímulo ao 
voluntariado. Esse viés de contribuição, embora relevante, 
quando tratado de maneira isolada, coloca o foco da ação fora da 
empresa e não tem alcance para influenciar a comunidade 
empresarial à um outro tipo de contribuição, extremamente 
importante para a sociedade: a gestão dos impactos ambientais, 
econômicos e sociais provocados por decisões estratégicas, 
práticas de negócio e processos operacionais.” Ou seja estas 
ações nunca serão foco da empresa, dificilmente serão 
caracterizadas estratégicas nas áreas social, ambiental ou 
econômica das comunidades e dificilmente tomarão uma escala 
substancial para se caracterizar como mudança ou inovação 
social. 
Também não é um empresário que investe no campo social, o que estaria mais 
próximo da responsabilidade social empresarial, ou quando 
muito, da filantropia. 
O Empreendedor Social não compreende projetos assistencialistas. Definimos 
projetos assistencialistas como projetos que suprem apenas 
temporaria e superficialmente as necessidades sociais e dura 
apenas o período de vida do próprio projeto ao invés de promover 
mudanças sociais verdadeiras, essenciais e que sejam 
sustentáveis, ou seja, perdurem e se repliquem dentro da 
sociedade. Podemos entender melhor através de um simples 
exemplo: - Em um projeto assistencialista são doados materiais 
10 
 
escolares para uma comunidade. Já um empreendedor social ao 
invés de fornecer o material escolar desenvolve um produto ou 
serviço que: ou torne materiais escolares mais acessíveis ou 
possibilite o aumento da renda daquela comunidade, sendo que 
em ambos os casos a comunidade pode agora comprar os 
materiais escolares independentemente de doações. 
Como enfatiza Demo, “ [...] a solidariedade que produz ajuda 
assistencialista representa fantástico processo de imbecilização.” 
(DEMO, 2002, p.40). Pode parecer um conceito bastante 
drástico, mas além de não promover mudanças sociais 
essenciais, o assistencialismo deixa a população acomodada, 
viciada e de certa forma até dependente, pois se estamos 
acostumados a receber o peixe de graça, porque haveríamos de 
aprender a pescar? 
Professor Yunus nos ensinou que: O 1 real, quando doado por 
caridade, não volta, ele tem uma vida única e influencia a vida de 
apenas uma pessoa. Agora se você transformar esta atividade 
em um design de negócio o 1 real investido volta e tem uma vida 
infinita mudando a vida de milhares de pessoas. 
O Empreendedorismo Social não é ainda no Brasil uma profissão legalmente 
constituída, não há formação universitária ou técnica, nem conselho 
regulador e código de ética profissional legalizado. Existem hoje 
nas universidades brasileiras diversos cursos de 
Empreendedorismo, e muito embora alguns destes cursos 
tenham disciplinas que abordam a temática de 
Empreendedorismo Social não há nenhum curso específico na 
área. 
No mundo há formações nesta área em países como Inglaterra e 
a universidade de Oxford que apresenta um ambiente onde os 
Empreendedores Sociais podem desenvolver as habilidade e 
competências necessárias para seu sucesso, mas também trocar 
experiências dada a grande característica de colaboratividade 
deste setor. Já no Brasil encontramos organizações como a 
Achoka e a Artemisia, que exploraremos mais afundo em outro 
momento deste curso, e que oferecem formações na temática de 
Empreendedorismo Social e tentam através de eventos, 
movimentos, palestras e engajamento de jovens universitários 
trazer a temática para dentro das universidades brasileiras para 
que no futuro o Empreendedorismo Social se torne uma área de 
graduação específica. 
 
11 
 
O que é Empreendedorismo Social 
 
Finalmente chegamos ao ponto onde vamos estudar o conceito 
de Empreendedorismo Social em si, mas nossa trajetória sobre o 
personagem do Empreendedor Social e o que não é 
Empreendedorismo Social é de igual importância. Existem 
também diversos conceitos sobre Empreendedorismo Social, 
porém, para melhor compreensão, vamos nos ater a um conceito 
geral mas que engloba as visões das principais organizações e 
autores da área. 
Observamos que Empreendedorismo Social se trata, antes de 
tudo, de uma ação inovadora voltada para o campo social, é 
neste sentido um processo, que se inicia com a observação de uma 
determinada situação-problema local, em seguida procura-se elaborar 
uma alternativa para enfrentar está situação. Observamos 
também que esta ideia tem que apresentar algumas 
características fundamentais. A primeira é ser uma ação inovadora, 
a segunda que seja realizável, a terceira que seja auto-sustentável, a 
quarta que envolvam vários segmentos da sociedade, em especial as 
menos favorecidas, a quinta que provoque impacto social, a sexta 
que seja passível deavaliação de resultados, e por fim que após um 
momento de maturação seja possível a sua multiplicação em outras 
localidades. 
Ao analisar este conceito uma das conclusões essenciais a que 
chegamos é de que o Empreendedor Social não precisa se 
restringir a empreender um tipo de negócio específico. Pode 
optar por atuar tanto negócios que VISAM O LUCRO, como 
Empresas, quanto em negócios que VISAM A 
SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA E NÃO O LUCRO, como no 
caso de Organizações Não Governamentais (ONGs). Sendo que 
estas linhas diferem entre si principalmente pela forma de 
recompensa financeira dos empreendedores e direcionamento 
dos lucros obtidos. Não confunda, na ONG, o Empreendedor não 
é voluntário, ele recebe um salário determinado, porém todo o 
lucro é reinvestidona própria atividade da ONG. Já no caso 
Empresa parte do lucro é reinvestido na empresa parte é dividido 
entre os Empreendedores Sociais. 
É extremamente importante observar que ambas as linhas de 
atuação diferem extremamente de ONGs e Empresas 
Tradicionais. Partindo deste princípio existe um quadro que pode 
12 
 
nos ajudar a melhor compreender o Empreendedorismo Social 
em sua relação com o Segundo e Terceiro Setor. Ele é um 
comparativo entre: Empreendedorismo Tradicional, 
Empreendedorismo Social e Organização Tradicional. 
 
Como podemos observar no quadro comparativo, O 
Empreendedorismo Social incorpora características de ambas as 
tipologias de Empresa e de Organizações. 
 
Empresa Tradicional x Organização Tradicional 
 
Neste título vamos aprofundar a análise e comparação das as 
estruturas de Empreendedorismo Social, Organizações 
Tradicionais e Empresas Tradicionais. Esta análise nos guiará 
não só ao entendimento destas estruturas conhecidas, mas 
também seus principais desafios, oportunidades e bloqueadores 
de desenvolvimento. É muito importante a compreensão de 
nosso local de partida para que possamos ter uma visão clara de 
para onde aponta a evolução e inovação. 
13 
 
Tome alguns minutos para analisar as estruturas abaixo e tentar 
tirar algumas conclusões próprias antes de iniciarmos a 
discussão. Foque em observar as vantagens e desvantagens de 
cada estrutura, que problemas podem acarretar e que soluções 
que apontam. Escreva em um papel e mantenha consigo durante 
o restante desta análise. 
 
 
Vamos começar entendendo a estrutura da Empresa: 
 A base de qualquer empresa é a estrutura física. Desde a Idade Média, quando se 
fortaleceu o conceito de comercialização de produtos, que artesão, ferreiros entre outros 
pequenos comerciantes iniciavam suas “empresas” e o primeiro elemento desta era o 
espaço físico para realizar o ofício. Hoje em dia independentemente do tamanho da 
empresa, podemos estar falando de um pequeno escritório ou de uma grande fábrica, que 
para abrir esta Empresa você precisa designar um espaço físico para realizações de suas 
atividades, é inclusive requisito para se obter o CNPJ, registro nacional para empresas. 
 Após a estrutura física, para que uma empresa possa funcionar são estabelecidos os 
Processos. Se continuarmos com a análise histórica veremos que a ideia de processos, 
mesmo que já existente em pequenos negócios e pequena escala, foi fortalecida com a 
Revolução Industrial. Na Revolução Industrial o foco era total nos processos de produção 
para aumento de escala e quantidade de produtos entregues para o mercado. Foi um 
período marcante onde o mercado em si deu um grande salto e começou a discutir temas 
como eficiência e produtividade também muito importantes para o Empreendedorismo 
Social. Porém o foco desta época sendo total em processos, alguns outros aspectos como 
o humano foram esquecidos o que acarretou na geração de grandes problemas sociais, 
sendo as favelas um deles. É importante que a empresa enxergue os processos como um 
item dentro da pirâmide e parte compositora de um todo que determina o seu sucesso e 
não como a roda motora principal como foi feito neste período da história. Hoje as 
empresas que param neste ponto de evolução mesmo que tenham um sucesso 
momentâneo estão fadadas ao fracasso, tanto o mercado e a sociedade estão exigindo 
14 
 
muito mais que eficiência. Mas resumindo e para fins de conceito, os processos definem o 
que será produzido dentro da empresa e qual o fluxo de produção. 
 Tendo agora estrutura física e processos a empresa necessita de Pessoas. Por muito 
tempo as pessoas ou o funcionário foi visto como parte do processo ou parte até da 
estrutura física. Eram considerados apenas uma engrenagem do grande motor que é a 
Empresa. Apenas a pouco tempo, menos de 50 anos, que as Empresas começaram a 
enxergar as pessoas como um elemento não só essencial como diferencial. Os 
funcionários começaram a ser vistos como potencial para fazer uma empresa crescer e se 
desenvolver se motivados e bem recompensados. Atualmente a maior parte das empresas 
já chegou neste patamar e já possui diversos planos de carreira e incentivo aos seus 
funcionários e este tem sido um grande fator de sucesso. A sociedade já reconhece 
positivamente e aprova empresas que chega a este patamar de evolução da pirâmide e 
muitas vezes empresas focadas em pessoas são as empresas de grande sucesso nos 
dias de hoje, mas nem sempre isto é um diferencial o suficiente para se vencer no 
mercado atual e veremos o porquê a seguir. 
 Quanto aos Ideais / Identidade, são poucas as empresas atualmente que conseguem 
enxergar este item como parte da estrutura. A maior parte das empresas parou em 
Pessoas, o que era o suficiente para que elas alcançassem o sucesso a poucos anos 
atrás. Porém nos dias atuais onde o consumidor esta cada vez mais exigente e consciente 
na hora de escolher a Marca de sua preferência, quem não oferecer Ideias / Identidade 
estará em pouco tempo fora do páreo. Vamos explicar este conceito através de um 
exemplo: Apple – Visão: “Mudar o mundo através da tecnologia” – A Apple faz 
computadores e celulares, sim, mas seu objetivo maior é mudar o mundo através da 
tecnologia, isso não é um objetivo maior? Não é um objetivo nobre? Muito mais 
interessante do que se fosse “Fabricar celulares de qualidade”. 
 
Ao analisarmos o conjunto é perceptível que todos os quatro 
elementos são igualmente essenciais para o funcionamento da 
Empresa. Então porque eles estão dispostos em forma de 
Pirâmide? Porque é nesta proporção que a empresa os tem 
priorizado hoje e durante a história. Porque ao começar uma 
Empresa o Empreendedor dificilmente pensa na Identidade ou 
nas Pessoas que irá contratar. Sua prioridade tem sido sempre: 
qual será meu produto ou serviço, onde será minha empresa e 
que processo de produção ou trabalho irei adotar. 
As empresas que não derem a devida atenção para os pilares 
Pessoas e Ideais / Identidade não conseguirão, na sociedade 
consumidora atual, superar um patamar “x” de crescimento, por 
melhor e mais competitivo que for seu produto. Diversos 
empreendedores já tiveram esta compreensão e diversas 
empresas brasileiras já surgem observando os 4 pilares. Estas 
empresas oferecem produtos ou serviços de qualidade, possuem 
estrutura, possuem processos eficientes mas, além disto, 
oferecem um ambiente agradável, flexível e incentivo as pessoas 
que lá trabalham e oferecem ao consumidor um ideal maior que 
guia a identidade de Marca. 
15 
 
 
Vamos entender agora a estrutura da Organização Tradicional: 
 A base da Organização Tradicional é o Ideal / Identidade. Toda a Organização nasce para 
resolver um ou mais problemas sociais. Já nasce com este objetivo maior pelo qual o 
consumidor tem facilidade de se conectar de se engajar. A qualidade que é mais deficiente 
nas empresas é a fonte de existência das Organizações. 
 Após ter um ideal / identidade as Organizações são compostas por as Pessoas que 
acreditam neste ideal. As pessoas que estão trabalhando em uma organização não se 
sentem trabalhando “para” ela e sim “por” ela. A recompensa e motivação é parte de 
trabalho contínuo em prol do ideal. Os resultados atingidos pela Organização são 
percebidos pelas pessoas como resultados pessoais. Isto acontece, pois a Organização 
mede seus resultados no impacto social, assim é fácil para uma pessoa se sentir parte do 
sucesso. Esta percepção é muito difícil ser atingida em uma empresa que mede seu 
sucesso no lucro, pois a não ser que a pessoa tenha participação nos lucros, como é o 
exemplo de vendedores que trabalham sob comissão, é difícil que uma pessoa veja o 
resultado atingido pela empresa como um resultado pessoal. Caso a empresa tenha um 
ideal maior e tenha seu sucesso medido nãoapenas em lucro financeiro, mas também em 
contribuição para com o mundo, ai sim as pessoas que lá trabalham se sentiriam parte do 
sucesso da empresa. 
 A maior parte das Organizações Sociais Tradicionais não evoluem com qualidade para os 
outros 2 pilares que são Processos e Estrutura Física. Ambos são estruturados com pouca 
qualidade e dificilmente se tornam um foco para crescimento das Organizações. Os 
processos geralmente são feitos “como dá para ser feito” e a estrutura geralmente é “o que 
se conseguiu ou o que se tem disponível”. Eles são elementos bastante subestimados em 
Organizações e isto bloqueia seu crescimento e sua escalabilidade. É impossível crescer 
sem estrutura e processos e se a Organização não crescer seu impacto também não irá 
crescer e logo o Ideal não é alcançado. Porém as Organizações estão tão viciadas neste 
modelo que dificilmente veem que para atingir seu ideal terão que crescer em grandes 
proporções. 
A pirâmide das Organizações Tradicionais segue então o modelo 
invertido, onde Ideais / Identidade e Pessoas são priorizados em 
detrimento de Processos e Estrutura Física. Colocando ambas as 
análises Empresas Tradicionais e Organizações Tradicionais lado 
a lado percebemos que Empresas podem crescer até certo ponto 
em que começaram a disputar competitivamente no mercado e 
tanto o consumidor quanto o funcionário não irão optar por 
marcas que não tenham foco nos pilares Pessoas e Ideia is / 
Identidade, assim como Organizações podem possuir Pessoas e 
Ideais / Identidade com grande capacidade de mobilização e que 
proponham transformações sociais essenciais, porém se não 
tiverem foco nos pilares Estrutura Física e Processos não 
poderão crescer ao ponto de fazer qualquer diferença real no 
mundo. Concluímos então que um modelo tem muito a aprender 
e ensinar ao outro. Isto parece uma conclusão bastante simples e 
intuitiva após esta analise não? Mas não para os principais 
personagens envolvidos. As Empresas riem da ideia que tem 
algo a aprender com Organizações Sociais e as vêm como 
desorganizadas e ineficientes. Já as Organizações Sociais vêm 
as Empresas como vilãos sem princípios e tubarões que 
16 
 
destroem tudo a sua frente para alcançar o lucro sem se 
preocupar com o que está acontecendo na sociedade ao seu 
redor e dificilmente acham que tem algo a apreender com elas. 
Estes pré-conceitos e discriminação tem agido como elemento 
bloqueador do desenvolvimento de ambos os modelos. 
É então que entra o modelo do Empreendedorismo Social onde, 
independente de se estar Empreendendo uma Organização ou 
uma Empresa, há a colisão dos modelos acima estudado para 
formação de 4 pilares balanceados e iguais em importância. 
O novo modelo une as características fortes da Empresa com as 
da Organização, assim compensando os pontos fracos que eram 
opostos. Você consegue compreender a importância e o 
potencial deste modelo para crescimento tanto do 2º quanto do 3º 
setor? 
 
Como estamos falando que o Empreendedor Social pode atuar 
tanto no 2º quanto no 3º setor vamos estudar agora sobre a 
evolução destes setores em separado, assim como seus gaps, 
oportunidade de evolução e papel no progresso da sociedade. 
 
2º Setor: O papel da Empresa no Progresso Social 
 
O sistema capitalista está sitiado. Nos últimos anos, a atividade 
empresarial foi cada vez mais vista como uma das principais 
causas de problemas sociais, ambientais e econômicos. É 
17 
 
generalizada a percepção de que a empresa prospera à custa da 
comunidade que a cerca. 
Para piorar, quanto mais adotou a responsabilidade empresarial, 
mais a empresa foi sendo responsabilizada pelos problemas da 
sociedade. Em certos países, a legitimidade da atividade 
empresarial caiu a níveis inéditos na história recente. Essa queda 
na confiança leva lideranças políticas a instituir normas que 
minam a competitividade e inibem o crescimento econômico. O 
meio empresarial entrou num círculo vicioso. Grande parte do 
problema está nas empresas em si, que continuam presas a uma 
abordagem da geração de valor surgida nas últimas décadas e já 
ultrapassada. Continuam a ver a geração de valor de forma 
tacanha, otimizando o desempenho financeiro de curto prazo e, 
ao mesmo tempo, ignorando as necessidades mais importantes 
do seu cliente e influências maiores que determinam seu sucesso 
a longo prazo. Só isso explica que ignorem o bem-estar de 
clientes, o esgotamento de recursos naturais vitais para sua 
atividade, a viabilidade de fornecedores cruciais ou problemas 
econômicos das comunidades nas quais produzem e vendem. Só 
isso explica que achem que a mera transferência de atividades 
para lugares com salários cada vez menores seria uma “solução” 
sustentável para desafios de concorrência. 
Alguns líderes empresariais e intelectuais já compreendem que a 
empresa deve liderar a campanha para voltar a unir a atividade 
empresarial e a sociedade. A maioria das empresas continua 
presa a uma mentalidade de “responsabilidade social” na qual 
questões sociais estão na periferia, não no centro. A solução está 
no princípio dovalor compartilhado, que envolve a geração de valor econômico 
de forma a criar também valor para a sociedade. Valor compartilhado não é 
responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, 
mas uma nova forma de obter sucesso econômico, e não algo na 
periferia daquilo que a empresa faz, mas no centro. Este conceito 
pode desencadear a próxima grande transformação no 
pensamento administrativo. Contudo para que se materialize, 
líderes e gerentes terão de adquirir novas habilidades e 
conhecimentos — como, por exemplo, uma apreciação muito 
mais profunda das necessidades da sociedade, uma maior 
compreensão das verdadeiras bases da produtividade da 
empresa e a capacidade de transpor a fronteira entre as esferas 
com e sem fins de lucro para colaborar. Diferentemente dos 
18 
 
líderes e gerentes atuais de empresas que geralmente tem maior 
conhecimento em como gerar demanda e como incentivar o 
consumidor a adquirir produtos e serviços que muitas vezes não 
necessitam. A empresa ao invés de se adaptar as necessidades da sociedade ou 
criar novas necessidades deveria nascer a partir da observação das mesmas. 
Na velha e estreita visão do capitalismo, a empresa contribui para 
a sociedade ao dar lucro, o que sustenta emprego, salários, 
consumo, investimentos e impostos. A empresa é, em grande 
medida, um ente autossuficiente, e questões sociais ou 
comunitárias estão fora de sua alçada (essa é a tese 
convincentemente defendida por Milton Friedman em sua crítica à 
noção da responsabilidade social empresarial). Essa perspectiva 
permeou o pensamento administrativo nas duas últimas décadas. 
A empresa se concentrou em incitar o consumidor a comprar 
mais e mais de seus produtos. Diante da crescente concorrência 
e da pressão de acionistas por resultados de curto prazo, 
gestores recorreram a ondas de reestruturação, corte de pessoal 
e transferência para regiões de menor custo, alavancando 
paralelamente o balanço para devolver capital aos investidores. 
Nesse tipo de competição, as comunidades nas quais a empresa 
operam sentem que pouco ganham, ainda que os lucros subam. 
O que sentem, isso sim, é que o lucro se dá a sua custa. 
Nem sempre foi assim. No passado as empresas surgiram para 
atender necessidades da sociedade, necessidades básicas como 
vestuário, moradia, alimentação, entre outros. Após a revolução 
Industrial e a noção de produção em massa e consumismo as 
empresas voltaram seu foco para a lucratividade econômica 
apenas. Dois fatores principais influenciaram na amplificação 
desta noção: 
 
1) À medida que outras instituições sociais entraram em cena os 
papéis e responsabilidades perante as necessidades da 
sociedade foram abandonados ou delegados. A solução de 
problemassociais foi entregue a governos e a ONGs. Programas 
de responsabilidade empresarial surgiram basicamente para 
melhorar a reputação da empresa e são tratados como um gasto 
necessário. Implicitamente, cada lado trabalha de forma separada 
um do outro e ninguém se julga responsável pelo todo. 
2) Economistas legitimaram a ideia de que, para beneficiar a 
sociedade, a empresa deve moderar seu sucesso econômico. 
19 
 
Segundo este conceito surgem externalidades quando a empresa 
gera custos sociais com os quais precisa arcar, como a poluição. 
Logo, a sociedade impôs impostos, normas e sanções para que a 
empresa “internalize” essas externalidades. Essa perspectiva 
também moldou a estratégia das próprias empresas, que 
basicamente excluíram considerações sociais e ambientais de 
seu raciocínio econômico principal e reservam verbas para 
“compensações” que devem fazer a sociedade. O pensamento 
criado foi: “Meu produto faz sucesso entre os consumidores, mas 
prejudica o meio ambiente, porém eu tenho um programa de 
compensação ambiental onde eu doo milhares de reais ao ano 
para o meio ambiente.” Este pensamento é o que cria este ciclo 
vicioso de destruição X compensação ambiental e deveria ser 
substituído por: “Meu produto faz sucesso entre os consumidores 
e ataca a degradação ambiental de frente”. Um produto que é um 
grande exemplo de que isto é possível é o Nuru Light, uma 
lâmpada a bateria que tem substituído na África a utilização de 
querosene para iluminação em áreas onde não há energia 
elétrica, o que compõe grande parte do continente. O querosene 
é prejudicial à saúde e ao meio ambiente, além de extremamente 
perigoso e inflamável, e vinha sendo usado em larga escala por 
toda uma sociedade. A introdução do Nuru Light, que inclusive é 
mais barato que o querosene, foi um grande sucesso entre os 
consumidores e enfrenta de frente um grande problema 
ambiental. 
 
Num nível muito básico, a competitividade de uma empresa e a 
saúde das comunidades a seu redor estão intimamente 
interligadas. Uma empresa precisa de uma comunidade vicejante 
não só para gerar demanda para seus produtos, mas também 
para suprir ativos públicos essenciais e um ambiente favorável. 
Uma comunidade precisa de empresas prósperas para criar 
empregos e oportunidades de geração de riqueza para seus 
cidadãos. E reza a teoria da estratégia que, para ser bem-
sucedida, uma empresa precisa criar uma proposta de valor 
diferenciada que atenda às necessidades de um conjunto visado 
de clientes. A empresa obtém vantagem competitiva pelo modo 
como configura a cadeia de valor, ou a série de atividades 
envolvidas na criação, produção, venda, entrega e suporte de 
seus produtos ou serviços. Há décadas administradores estudam 
20 
 
o posicionamento e a melhor maneira de projetar atividades e 
integrá-las. Contudo, a empresa deixou passar oportunidades de 
satisfazer necessidades fundamentais da sociedade e não soube 
entender o impacto de mazelas e deficiências sociais na cadeia 
de valor. O campo de visão simplesmente foi muito estreito. 
O capitalismo é um veículo inigualável para a satisfação das 
necessidades humanas, o aumento da eficiência, a criação de 
emprego e a geração de riqueza. Só que esta concepção estreita do 
capitalismo impediu que a atividade empresarial explorasse todo seu potencial para 
enfrentar os grandes desafios da sociedade. As oportunidades de negócios 
que somassem a lucratividade ao progresso social sempre 
estiveram aí, mas foram negligenciadas devido à falta de visão 
ampla do capitalismo e dos gestores e líderes deste setor. Uma 
empresa atuando como empresa, não como um ente filantrópico, 
é o agente mais forte para lidar com as questões sociais, 
econômicas e ambientais a nossa frente. O momento para uma 
nova concepção do capitalismo é agora; as necessidades da 
sociedade são grandes e seguem crescendo. Esta transformação tem 
potencial para redefinir o capitalismo e sua relação com a sociedade e talvez seja a 
melhor oportunidade para legitimar de novo a atividade empresarial como algo 
definitivamente benéfico e conectado a evolução da sociedade. Neste formato a 
Empresa Tradicional deixa de ser assim considerada para ser 
identificada como: Negócio Social. 
Concluímos que a Empresa tem um grande e importante papel a 
desempenhar no Progresso Social, mas que isto depende de 
abrir a visão dos líderes e gestores deste setor para uma 
compreensão mais ampla não só da sociedade, mas de seus 
próprios modelos de negócio e cadeia produtiva. Sem que esta 
visão seja ampliada, ou novos profissionais de visão mais ampla 
assumam a liderança das Empresas, continuaremos presos a 
este ciclo vicioso de esgotamento de recursos e visão de curto 
prazo. 
 
3º Setor: O papel da Organização Social no Progresso Social 
 
Para iniciarmos esta discussão eu gostaria de perguntar se você 
acha que o terceiro setor tem algum papel sério a desenrolar na 
missão de “mudar o mundo”? Muitas pessoas afirmam que num 
futuro não muito distante os Negócios Tradicionais vão continuar 
impulsionando o desenvolvimento economia e que os Negócios 
Sociais, que visam o progresso social e não excluem o lucro, vão 
21 
 
além de impulsionar a economia, atender as necessidades 
sociais. É verdade que os Negócios serão os principais 
catalisadores das mudanças sociais devido a sua capacidade de 
assumir alta escala e multiplicação, mas sempre haverá aqueles 
1 ou 10% da população que não é atingida. Se quisermos ter um 
mundo onde ninguém é deixado de fora, ninguém é deixado para 
trás as Organizações Sociais ou Organizações não 
Governamentais tem sim um papel essencial e sério para 
desempenhar na nossa sociedade. 
Mas então porque as coisas não parecem funcionar? Porque 
então as Organizações que lutam contra o câncer de mama ainda 
não acharam uma cura ou tratamento inovador? porque as 
Organizações que lutam contra pobreza não fizeram nenhuma 
mudança drástica nesta realidade? Nos Estados Unidos a 
população abaixo do nível da pobreza esta a 40 anos em 12% da 
população sem nenhuma variação significativa 
independentemente de quantas Organizações dedicadas a esta 
causa existam. Isto é porque estes problemas sociais são 
MASSIVOS e nossas organizações são pequenas em escala e 
nós temos um sistema crenças e ética que as mantêm pequenas. 
Nós temos um livro de regras para o 2º Setor e um livro de regras 
para o 3º Setor. Este sistema é comparável à Apartheid e 
discrimina contra as Organizações Sociais, bloqueando seu 
crescimento, em 4 principais áreas: 
 
1) Salário ou Compensação: No 2º Setor o quanto mais valor você 
produz mais dinheiro você ganha, mas nós não gostamos de 
utilizar dinheiro para incentivar pessoas a produzirem mais valor 
no 3º Setor. Nós temos uma reação bastante viceral à imagem de 
que alguém possa ganhar muito dinheiro ajudando outras 
pessoas. Interessante que nós não temos uma reação viceral a 
imagem de que alguém possa ganhar muito dinheiro não 
ajudando outras pessoas. Você pode ganhar 1 milhão vendendo 
videogames para crianças, mas você não pode ganhar meio 
milhão curando crianças de malária que você é considerado um 
parasita você mesmo. E nós gostamos de pensar nisto como 
nosso sistema de ética, mas o que não percebemos é que este 
sistema tem um poderoso efeito colateral: Cria uma linha de 
escolha bastante drástica e bem definida entre o profissional 
escolher fazer muito bem para a sua própria riqueza e a de sua 
22 
 
família ou escolher fazer bem para o mundo. Milhares de mentes 
brilhantes e pessoas superqualificadas, que poderiam levar as 
ONGs a outro patamar. Estas pessoas se graduam todos os dias 
das melhores universidades em todo o mundo, marchando direto 
para o mercado da LUCRATIVIDADE, pois elas não estão 
dispostas, com o seu potencial, de fazer um sacrifíciofinanceiro 
vitalício. Quando olhamos a compensações médias de mercado 
para graduados com MBA, 10 anos após sua graduação, no 2º 
Setor é de R$400.000,00 no ano, enquanto no 3º Setor o mesmo 
profissional como CEO de uma grande ONG tem uma média de 
compensação de R$85.000,00 no ano. E não há como fazer com 
que uma pessoa de talento proporcional a 400 mil reais fazer um 
sacrifício de 315 mil reais ao ano para virar o CEO de uma ONG. 
Vocês podem pensar: Mas isto é porque estes indivíduos são 
gananciosos. Pode ser que não. Eles podem apenas fazer a 
conta de que é mais fácil para eles doarem 100 mil reias para 
esta ONG e ainda receberem desconto de imposto de renda, que 
estarão contribuindo igualmente a se abdicassem de seu futuro 
no mundo da lucratividade para trabalhar nesta ONG. Isto é mais 
fácil para eles, e eles são ainda chamados por nós de filantropos. 
Mas porque então a compensação financeira dos CEO das ONGs 
não é aumentada? E a resposta é simples: Nós não vemos com 
maus olhos que o CEO da Coca Cola vá passar as férias nas 
Bahamas com a família, mas vemos com maus olhos que o CEO 
de uma ONG que combate a pobreza passe as férias nas 
Bahamas com a família, pois como ele pode ter dinheiro 
enquanto há pessoas pobres no mundo? Você acha mesmo que 
a compensação deste CEO sozinha iria acabar com a pobreza no 
mundo? Não seria mais justo considerar que ele poderia utilizar 
seu conhecimento para multiplicar o impacto social da ONG em 
até 100.000 vezes o atual ao invés de doar seu salário e ajudar 
10 pessoas? 
2) Marketing e Propaganda: Nós dizemos ao 2º Setor, gaste, gaste e 
gaste em propaganda até que o último centavo não gere mais 
nenhum valor em compra. Mas ao mesmo tempo nós não 
queremos que nossas doações vão para propagandas para o 3º 
Setor, se conseguirem uma propaganda de graça tudo bem, mas 
nós queremos que o nosso dinheiro vá para os necessitados. 
Como se o dinheiro gasto em marketing e propagando não 
pudesse gerar somas extremamente maiores para então 
favorecer os necessitados. Na década de 90 uma empresa Norte 
23 
 
Americana criou a campanha AIDSRidesUSA, que foram 
corridas, caminhadas e passeios de bicicleta em prol da luta 
contra o HIV nos Estados Unidos, estas pessoas engajadas no 
movimento arrecadaram para a causa em 9 anos em torno de 
500 milhões de dólares para então ser investido na causa, 
faturamento que a ONG investindo apenas na ação social e 
doações nunca teria alcançado. Mas a ONG só gerou este 
engajamento popular investindo em itens como páginas inteiras 
de anuncio no New York Times e contando com um orçamento 
de milhões em Marketing. As pessoas estão esperando para que 
peçam delas ajuda para resolver os problemas sociais. As 
pessoas querem medir o seu potencial de engajamento e impacto 
para causas com as quais se preocupem profundamente, mas 
para isto elas têm que ser atingidas, para isto elas tem que 
escutar a chamada das causas. Mas a barreira imposta pelo não 
investimento em marketing cria uma linha através da qual as 
ONGs não conseguem atingir a população e não conseguem 
multiplicar seu faturamento e investimento social através desta 
grande ferramenta que é o marketing. 
3) Arriscar em novas ideias para gerar receita: A Disney pode fazer um 
filme de 100 milhões de reais que não tem o sucesso esperado 
de mercado, mas está tudo bem, é planejado que nem todos os 
filmes sejam um sucesso massivo de bilheteria. Mas uma 
Organização gasta 1 mizero milhão em um evento ou produto 
que não traz no mínimo 75% de retorno nos próximos 12 meses e 
sua idoneidade já é questionada. Visto isto as Organizações 
Sociais tem medo de fazer qualquer ação inovadora ou ousada 
porque se a coisa falhar suas reputações serão arrastadas para a 
lama. Ao proibir o fracasso estamos matando a inovação, ao 
matar a inovação estamos matando o crescimento e ao matar o 
crescimento estamos matando a capacidade das Organizações 
de resolverem qualquer problema social. 
4) Tempo: O Amazon.com operou por 6 anos até dar algum retorno 
a seus investidores, apenas trabalhando em construir escala e 
mercado, mas todos tinham paciência e eles sabiam que existia 
um objetivo a longo tempo para construir dominância de 
mercado. Se alguma Organização Social tivesse o sonho de 
construir uma solução que requeresse a formação de um 
mercado e escala por 6 anos onde nesse tempo nenhum dinheiro 
fosse direcionado ainda para os necessitados nós iríamos 
crucificá-la. Ou seja, as ONGs têm além de tudo menos tempo 
24 
 
hábil para solucionar que hoje nós mesmos consideramos 
problemas MASSIVOS na sociedade. 
 
Em resumo o 3º Setor não pode compensar seus colaboradores 
como o 2º Setor, não pode investir em chamadas para seus 
consumidores/colaboradores como o 2º Setor, não pode arriscar 
em formas inovadoras de geração de renda como o 2º Setor, pois 
há possibilidade de falha e tem menos tempo para achar seu 
público alvo, transmitir seus conceitos e demonstrar resultados 
que o 2º Setor, ou seja, não tem nenhuma vantagem de mercado 
que possibilite seu crescimento. Se tivermos alguma dúvida 
quanto a isto basta verificar o gráfico abaixo onde vemos que de 
1970 até 2009 apenas 146 ONGs ultrapassaram a barreira de 50 
milhões de faturamento enquanto no mesmo período mais de 
46.000 mil empresas o fizeram. 
 
Esta barreira que nós mesmos impomos ao crescimento 
financeiro das ONGs aliada a sua dependência de doações e 
falta de visão empresarial, visão de sustentabilidade financeira e 
visão de retorno sobre investimento, impedem que elas sejam 
hoje peças fundamentais na transformação social e solução dos 
grandes problemas mundiais. 
Vemos que sim as Organizações Sociais tem um papel 
fundamental para desempenhar no Progresso Social, mas que o 
mesmo esta aliado a um mudança na educação da sociedade 
25 
 
atual. Sem esta educação continuaremos preso a este modelo 
antigo e deficiente das Organizações Sociais Tradicionais. 
 
Concebendo Novos Mercados 
 
A sociedade tem necessidades imensas — saúde, melhor 
moradia, nutrição melhor, auxílio para o idoso, maior segurança 
financeira, menos danos ambientais. É justo dizer que essas são 
as maiores necessidades ainda não satisfeitas na economia 
global. No meio empresarial, passamos décadas aprendendo a 
analisar e a fabricar demanda — ignorando, enquanto isso, a 
demanda mais importante de todas e já existente. Enquanto no 
meio social vem tentando-se combater estas grandes demandas 
da mesma forma a décadas: em escala global e sem grandes 
inovações. 
Dessas e de muitas outras maneiras, abrem-se avenidas 
totalmente inéditas para a inovação, o que gera valor 
compartilhado. Oportunidades diversas surgem do foco em 
comunidades carentes e países em desenvolvimento. Pois 
embora ali as necessidades da sociedade sejam ainda mais 
prementes, essas comunidades ainda não foram reconhecidas 
como mercados viáveis. Hoje a atenção está voltada à Índia, à 
China e, cada vez mais, ao Brasil, que dão a empresas a 
possibilidade de chegar a bilhões de novos clientes na base da 
pirâmide. Esses países sempre tiveram enormes necessidades, 
como tantas outras nações em desenvolvimento. Há 
oportunidades semelhantes em comunidades não tradicionais em 
países avançados. Já sabemos, por exemplo, que zonas urbanas 
de baixa renda são o mercado mais subatendido dos Estados 
Unidos; seu considerável poder aquisitivo concentrado não raro 
foi ignorado (veja a pesquisa da Initiative for a Competitive Inner 
City no icic.org). 
Estas oportunidades não são estáticas; mudam constantemente 
conforme a tecnologia evolui, as economias se desenvolvem e 
prioridades da sociedade mudam. Uma exploração contínua das 
necessidades da sociedade levará a empresa ou organização a 
descobrir novas oportunidades de diferenciação e 
reposicionamento em mercados tradicionaise a reconhecer 
opotencial de mercados novos anteriormente ignorados. 
26 
 
Satisfazer necessidades em mercados subatendidos muitas 
vezes requer a reformulação de produtos e métodos de 
distribuição. Isso tudo pode desencadear inovações fundamentais 
com aplicação também em mercados tradicionais. 
 
Novos Mercados pedem Novos Modelos de Negócio 
 
Após a análise até aqui feita sobre do papel de ambos 2º e 3º 
Setor na nossa sociedade e posturas necessárias para conceber 
novos mercados pudemos identificar as principais deficiências e 
com isto as principais oportunidades de evolução de cada um dos 
modelos. Observamos que para assumir responsabilidades pelos 
problemas da nossa sociedade e imprimir verdadeiras 
transformações sociais tanto as Organizações Sociais precisam 
assumir características Empresariais, quanto vice e versa. E uma 
educação tanto da sociedade em geral quanto dos líderes e 
gestores é essencial e urgente. 
Nesse contexto, surge um novo conceito de negócios: os 
chamados Negócios Sociais. São modelos que buscam 
desenvolver soluções de mercado que possam contribuir para 
superar alguns dos grandes problemas sociais e ambientais 
enfrentados no mundo. Em que o lucro não é um fim em si 
mesmo, mas um meio para gerar soluções que ajudem a reduzir 
a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental. “Entre 
fazer a diferença no mundo e ganhar dinheiro, fique com os dois”. 
 
O Empreendedor Social transforma Empresas Tradicionais e 
Organizações Tradicionais em Negócios Sociais. Este é um 
modelo hibrido que como veremos no próximo capitulo pode ser 
27 
 
mais focado no 3º ou no 2º setor, se diferenciando apenas na 
forma de lucratividade do negócio. Da transição e união de 
ambos os setores da economia é considerada a formação de um 
setor novo, o setor 2,5. Este é um setor que no Brasil ainda é 
conceitual, não há leis que o regem ou regulamentam. Porém em 
outras países no mundo já possui leis próprias e os governos 
trabalham com incentivo a este tipo de atividade, como é o caso 
da Índia. 
 
Setor 2,5: Negócios Sociais 
 
Diversas organizações têm colaborado para a conceituação 
desse novo modelo de negócio. Por se tratar de um campo novo, 
encontramos diferentes conceituações e nomenclaturas. As 
diferenças ajudam a perceber algumas das questões que estão 
em debate e que dependem de experimentação mais detalhada 
para serem respondidas. No quadro abaixo, podemos conhecer 
algumas delas, ressaltando a existência de duas linhas principais 
de pensamento das quais alguns autores e organizações 
divergem: 
 
28 
 
 
 
O termo Negócios Sociais apesar de ser expresso de forma 
diferente em todos os conceitos se enxergam de uma forma 
coerente em complementar. E a duas linhas de pensamento 
29 
 
coexistem facilmente neste meio, uma vez que alguns 
empreendedores optam por um modelo e outros por outro. 
Negócios sociais, empresas sociais ou negócios inclusivos. 
Vários nomes com um objetivo comum: o desejo de utilizar 
estratégias de negócio para melhorar a qualidade de vida das 
pessoas na base da pirâmide. 
Nesse sentido, os negócios sociais podem ter 3 ESTRATÉGIAS para 
alcançar impacto social positivo: 
1) Incluir pessoas de baixa renda ou de populações marginalizadas na cadeia 
produtiva do negócio como: sócios, fornecedores, distribuidores, 
empregados etc. 
2) Oferecer produtos e serviços, de qualidade e a preços acessíveis, que melhoram 
diretamente a qualidade de vida das pessoas mais pobres: 
a. porque atendem às suas necessidades básicas em áreas 
como: habitação, alimentação, saúde, acesso à água potável, 
educação, saneamento, energia; 
b. ou porque abrem oportunidades de melhoria da sua situação 
socioeconômica como por exemplo: telefones celulares, 
computadores, serviços financeiros e jurídicos, seguros etc. 
3) Oferecer produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais pobres, 
contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas como: venda de 
tecnologias e venda equipamentos de baixo custo etc. 
Estas além de estratégias são parâmetros utilizados para definir o 
que é um negócios social e o que não é. Se você tem dúvida 
quanto a se um Negócio é social ou não basta verificar se ele se 
encaixa em algum dos itens acima. 
Vamos conhecer agora como surgiu o primeiro Negócio Social 
que deu origem tanto a terminologia quanto ao mercado. 
 
Grameen Bank: O Primeiro Negócio Social do Mundo 
 
O Grameen Bank é o primeiro banco do mundo especializado em 
microcrédito, o primeiro Negócio Social do mundo, e foi 
concebido pelo professor bengalês Muhammad Yunus em 1976, 
visando erradicar a pobreza no mundo. Operando como uma 
empresa privada auto-sustentável, o Grameen Bank ganhou o 
Nobel da Paz do ano de 2006 juntamente com seu fundador. 
Localizado em Bangladesh, já conta com 2.185 agências e, 
desde sua fundação, emprestou o equivalente a 5,72 bilhões de 
30 
 
dólares para 6,61 milhões de mutuários, 97% dos quais são 
mulheres. Atende a 71.371 vilarejos e possui um quadro de 
18.795 funcionários remunerados. Sua taxa de inadimplência é 
baixíssima, de fazer inveja aos mais bem administrados Bancos 
comerciais do mundo: apenas 1,15%, o que significa que o 
Grameen Bank recebe de volta 98,85% dos empréstimos que 
concede. 
Podemos tirar muitas lições da história de fundação do Banco. 
O Grameen Bank originou-se de uma singela experiência 
conduzida, em 1976, pelo Prof. Muhammad Yunus quando ele 
emprestou 27 dólares de seu próprio bolso para 42 mulheres da 
cidade de Jobra, próxima à Universidade onde lecionava, para 
lhes permitir adquirir matéria-prima para confeccionar o seu 
artesanato, livrando-as das garras de agiotas que as mantinham 
em regime de trabalho análogo à escravidão. Para surpresa do 
próprio Professor Yunus todos esses empréstimos foram pagos 
pontualmente. Isso deu a Yunus a ideia de que esse processo 
talvez pudesse ser multiplicado indefinidamente. 
De 1976 a 1979 o Professor Yunus expandiu esse tipo de 
operação em Jobra e nas aldeias vizinhas. Em 1979 o projeto de 
Yunus obteve o apoio do Banco Central de Bangladesh, bem 
como dos bancos comerciais que haviam sido nacionalizados, 
estendendo-se para o distrito de Tangail, a norte de Dhaka, a 
capital de Bangladesh. Obtendo sucesso também em Tangail, o 
projeto foi ampliado para vários outros distritos no país. Em 
outubro de 1983 o projeto do "Grameencredit" (crédito rural, em 
língua bengali) deu origem ao Grameen Bank, ou Banco Rural. 
Hoje em dia 90% das ações Grameen Bank pertencem às 
populações rurais pobres que ele serve e 10% ao governo de 
Bangladesh. 
O Grameen Bank tem como seus objetivos principais: 
 Prover serviços bancários aos pobres, homens e mulheres; 
 Eliminar a exploração dos pobres, tradicionalmente feita pelos agiotas; 
 Criar novas oportunidades de auto-emprego para a vasta população desempregada na 
Bangladesh rural; 
 Trazer a população carente, especialmente as mulheres mais pobres, para o seio de um 
sistema orgânico que elas possam empreender e administrar sozinhas; 
 Reverter o antigo círculo vicioso de "baixa renda, baixa poupança e baixo investimento" 
injetando crédito para torná-lo um círculo virtuoso de "investimento, maior renda, maior 
poupança". 
31 
 
As principais lições que tiramos deste case aplicado a Como 
empreender um Negócio Social são: 
 Foi observado um problema social para qual o Negócio pensado era a solução. 
 Após idealizar o Negócio, o Prof. Yunus foi direto a experimentação de seu modelo. 
 A experimentação do Modelo exigiu um investimento bastante baixo no valor de 1.134 
dólares e apenas após a ideia testada e aprovada pelo mercado que foi feito maior 
investimento. 
 O Negócio recebeu investimento público e privado, porém pode iniciar semestes 
incentivos e não depende deles para sua sustentabilidade. 
Podemos interpretar e observar a simplicidade das ações do 
Professor Yunus, e replicá-la para testar modelos de Negócios 
idealizados por nós mesmos. 
 
7 Características dos Negócios Sociais 
 
As 3 ESTRATÉGIAS que podemos utilizar para identificar um 
negócio social se referem à primeira característica que um 
Negócio Social deve possuir que é Solucionar Problemas Sociais, 
porém existem outras 6 características que compõem este 
modelo de negócio: 
1) Soluciona Problemas Sociais através de sua atividade 
principal ou “core bussines”. 
2) É um produto ou serviço. 
3) Tem foco no cliente, que é sempre a base da pirâmide 
ou classes C,D e E. 
4) É acessível para a base da pirâmide. 
5) É inovador. 
5) É lucrativo. 
6) É escalável. 
 
Através destas 7 características comuns a modelos que se 
denominam Negócios Sociais podemos nos basear tanto para 
pensar em novos modelos como para analisar e identificar 
modelos existes. Identificar, pois alguns Negócios, devido ao 
termo ser tão recente, nascem ser saber que são Negócios 
Sociais. A importância de identifica-los está principalmente 
aprendizado que podemos absorver da experiência de 
empreender, pois muito embora este modelo venha crescendo 
existe ainda um número limitado de exemplos de Negócios 
Sociais no mundo. 
32 
 
Já para pensarmos um novo modelo de Negócio Social além das 
7 características temos que entender um pouco mais sobre A Base 
da Pirâmide e O Mercado Brasileiro para a Base da Pirâmide, pois este 
mercado se diferencia do mercado tradicional em alguns 
aspectos básicos. 
 
 
A Base da Pirâmide 
 
A expressão base da pirâmide (em inglês, base of the pyramid, 
abreviada como BoP) vem da representação do nível de renda da 
população na forma de uma pirâmide. A população de alta renda 
é a minoria na maioria dos países e está representada no topo da 
pirâmide. No meio, fica a população de renda média e na base a 
de baixa renda, que constitui a maioria da população mundial. O 
gráfico abaixo representa a distribuição: 
 
Não há uma única maneira de definir quem faz parte da base da 
pirâmide. São colocadas abaixo da linha da pobreza pessoas que 
vivem com um, dois ou quatro dólares por dia, dependendo da 
classificação utilizada. Para que exista um conceito global de 
pobreza ou população carente independente da linha de corte 
utilizada por um país ou outro podemos adotar um conceito de 
pobreza que melhor define a população da base da pirâmide: 
“Pobreza é uma privação das capacidades básicas de um indivíduo e não apenas ter 
renda inferior a um patamar preestabelecido”. 
 
 
O Mercado Brasileiro da Base da Pirâmide 
33 
 
O Brasil apresentou em 2010 um crescimento econômico de 8%. 
Esse crescimento pode ser observado no aumento da renda e do 
consumo de um número expressivo de brasileiros. Entre 2005 e 
2009, 26 milhões de brasileiros migraram para a classe C e 
outros quatro milhões conseguiram atingir as classes AB. Em 
2010, esse movimento ocorreu de forma mais expressiva: quase 
19 milhões de pessoas deixaram as classes DE e 12 milhões 
alcançaram as classes AB. Atualmente, as classes AB e C 
correspondem a 74% da população brasileira (Relatório Celetem 
– Ipsos 2010). 
 
Nesse contexto, as classes C, D e E agora são responsáveis por 
76% do consumo no país, movimentando quase 840 bilhões de 
reais por ano (Data Popular – Congresso de Mercados 
Emergentes 2010). Contudo, esse crescimento deve ser visto de 
uma maneira mais crítica. Isso porque, mesmo com o 
crescimento econômico, o país ainda é um dos mais desiguais do 
mundo. Na atualidade, 45% de toda a riqueza e renda nacional 
são de apenas cinco mil famílias (Marcio Pochmann, “Brasil, o 
país dos desiguais”. Le Monde Diplomatique Brasil; ano 1, nº 3; 
out. 2007). 
Observando também esse movimento no contexto global, é 
inquestionável o crescimento econômico da maioria dos países 
nos últimos anos. No entanto, é importante lembrarmos que o 
abismo entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento 
também cresceu significativamente. É o que aponta o último 
relatório do PNUD (Programa das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento), que constatou um aumento drástico na 
distância entre o país mais rico e o mais pobre. O Listentaine , 
34 
 
país mais rico atualmente, é três vezes mais rico que o país mais 
rico no ano de 1970. Já o país mais pobre, Zimbabué, continua 
sendo o mais pobre desde 1970 e, hoje, é 25% mais pobre do 
que era em 1970. 
O relatório também aponta que crescimento econômico é 
diferente de desenvolvimento humano e que ele é possível 
mesmo em países com taxa desacelerada de crescimento. Isso 
porque países que apresentaram um crescimento econômico 
exponencial nos últimos anos, como a Brasil, Índia e a China, não 
originaram automaticamente progresso em outras dimensões 
sociais. O estudo do PNUD evidencia que essa relação é ainda 
mais fraca nos países com níveis baixo ou médio do IDH. 
A linha da pobreza estabelecida pelo Banco Mundial para uma 
pessoa ser considerada extremamente pobre é de 1,25 dólares 
por dia. No entanto na frente de combate à pobreza, o 
desenvolvimento humano não pode ser visto apenas como um 
aumento na renda do indivíduo. O papel da renda e da riqueza 
tem de ser integrado a um quadro mais amplo e completo de 
êxito e privação de necessidades. Seguindo então essa perspectiva a 
pobreza ou privação das necessidades básicas impossibilita o indivíduo de atingir o 
pleno desenvolvimento das suas capacidades individuais. “As pessoas são, 
ao mesmo tempo, os beneficiários e os impulsores do 
desenvolvimento humano, tanto individualmente como em 
grupos” (PNUD, 2010). 
Encarando a pobreza como um problema único sua solução 
parece impossível, porém ao vela como um problema 
multifacetado, começamos a perceber que, apesar do incremento 
de renda que muitas famílias pobres alcançaram nos últimos 
anos, a grande maioria da população mundial e brasileira 
continua extremamente vulnerável em três grandes 
aspectos: saúde, serviços financeiros e educação. Considerando essas 
três dimensionalidades como propulsoras do desenvolvimento 
humano traçamos um caminho para as Empresas ofertarem 
soluções que tenham grande impacto na vida de milhões de 
pessoas. 
Concluímos do texto acima que o mercado brasileiro da base da 
pirâmide é amplo, vem crescendo a cada ano e possui poder 
financeiro para investir em produtos e serviços. Também 
concluímos que seus grandes pontos de vulnerabilidade e 
superação da pobreza que são saúde, serviços financeiros e 
35 
 
educação, serão nortes para o desenvolvimento destes novos 
produtos e serviços que querem explorar este grande mercado. 
 
Cases: Aprendendo com Experiências de Empreendedorismo 
 
Agora com maior entendimento sobre conceitos, evolução, bases 
históricas e mercado de Empreendedorismo Social e Negócios 
Sociais vamos partir para análises práticas. Como já 
mencionamos em diversas ocasiões os Empreendedores Sociais 
são extremamente práticos e tem grande capacidade de 
implementação. Não basta que neste curso tenhamos apenas a 
compreensão do tema, sua evolução na história e seu mercado, 
temos que ter conhecimento prático para que possamos replicar 
e difundir estas atitudes inovadoras. 
Através de Cases nacionais e internacionais de 
Empreendedorismo Social vamos conhecer o novos modelos de 
negócios propostos, os problemas sociais que eles abordarem e 
como buscaram a escala, a inovação e a lucratividade. É 
importante que nos atentamos principalmente a como estes negócios 
começaram e em que momento e como eles escalaram, pois estes são os dois 
principais pontos de virada. Vamos aproveitar ao máximo a 
experiência destes empreendedores para que possamos aplicar 
seusconhecimentos em nossas próprias atividades 
empreendedoras. 
 
Vamos dividir estes cases em 2 abordagens: 
1) Abordagem de Yunus onde não há divisão de lucros, os 
empreendedores administram os Negócios e recebem por isto um 
salário como qualquer diretor e o lucro é totalmente investido no 
Negócio. 
2) Abordagem da Artemisia onde há divisão de lucros, os lucros 
tem parte investida no Negócio e parte dividida entre os 
empreendedores. 
A abordagem 01 tente mais para o modelo do 3º Setor e a 
abordagem 02 tende mais para o 2º Setor, porém ambas são 
Empreendedorismo Social e seguem os preceitos que vemos 
discutindo até agora. As particularidades de forma de lucro 
apenas implicam em alguns obstáculos também particulares 
como por exemplo: no caso 01 é mais difícil engajar a 
36 
 
empreender profissionais que estão visando no mercado grandes 
salários ou participações no lucro; já no caso 02 os 
empreendedores que adotam causas antes adotadas por ONGs e 
ganham altas somas financeiras com o sucesso financeiro e 
social de seus empreendimentos são muitas vezes julgados 
negativamente pela nossa sociedade que ainda é preconceituosa 
com pessoas que ganham dinheiro fazendo o bem. 
 
Cases Abordagem 01: 
 
37 
 
 
Cases Abordagem 02: 
38 
 
 
 
39 
 
 
 
 
40 
 
 
 
41 
 
 
 
42 
 
Existem outros diversos exemplos no Brasil e no mundo, porém 
vamos nos ater ao exemplos acima pois eles apresentam uma 
amostra bastante diferenciada e completa destes negócios. 
Podemos ver que estudamos negócios na área da: Saúde, 
Educação, Serviços Financeiros, Tecnologia e Serviços Básicos 
(como luz), o que nos leva a conclusão que todos eles estão 
intimamente conectados as necessidade da população da base 
da pirâmide identificadas na análise de mercado anterior. 
Também observamos tanto modelos de negócios em forma de 
Produtos quanto em forma de Serviços. Percebemos que os 
modelos em forma de Produto em sua maioria envolvem a 
formulação do produto por um profissional especialista, o que não 
significa necessariamente que o empreendedor em si tenha de 
ser especialista e desenvolver o produto sozinho. O 
empreendedor social é quem consegue enxergar o problema 
social, soluções possíveis e oportunidade de modelos de 
negócios e pode sim formar uma equipe complementar as suas 
habilidades para viabilizar a ideia de negócio. 
Quanto à divisão entre as duas linhas de lucratividade pode-se 
perceber que se esta não fosse mencionada, as duas linhas iriam 
se confundir e formar uma unidade pois seguem os mesmo 
princípios em todos os outros aspectos. Ou seja, um negócio 
pode surgir em qualquer uma das linhas, pode transitar de uma 
para outra devido ao seu momento e não deve haver 
discriminação entre uma e outra. 
Também vimos no caso do Banco Pérola como a implementação 
nacional de modelos internacionais de negócios sociais também 
pode apresentar grande sucesso para o empreendedor, desde 
que ele tenha a capacidade de entender a realidade local e 
adaptar este modelo de Negócios para tal. 
Os problemas sociais brasileiros a serem enfrentados são muitos, 
mas também são muitas as oportunidade de geração de modelos 
de negócios inovadores. 
Vamos abordar a partir dos próximos capítulos alguns temas não 
centrais mas complementares e também essências para 
aplicação prática do Empreendedorismo Social, são eles: Internet 
como Catalisador do Empreendedorismo Social, O Jovem Brasileiro, Os principais 
43 
 
Desafios do Empreendedorismo Social no Brasil, Organizações que Suportam 
Empreendedores Sociais no Brasil e finalmente Como Tirar uma Ideia do Papel. 
 
 
Internet como Catalisador do Empreendedorismo Social 
 
A internet e as redes sociais têm sido recursos importantes para 
o sucesso e a colaboratividade de diversos Empreendedores 
Sociais. 
Primeiramente pois a internet possibilita que o Negócio atinja um 
maior número de pessoas em menos tempo e com menos investimento para 
expandir. O publico alvo que a internet possibilita focar é muito 
maior do que se restringirmos a atuação a uma cidade ou região. 
Mas para isto o negócio tem de surgir ou ser reformulado para 
atuar de forma online, o que não é o mesmo que criar um web 
site para uma Empresa ou Organização. Por exemplo: Um 
serviço financeiro de micro-financiamento que atua de forma 
física e tem um web site, como é o caso do Banco Pérola que 
vimos anteriormente, se diferencia extremamente de um serviço 
financeiro de micro-empréstimos que atua de forma online como 
é o caso do Kiva (ver: www.kiva.org). O Banco Pérola mesmo 
que tenha divulgação de seu trabalho em escala nacional, no 
modelo de negócios atual que adota, caso queira aumentar seu 
público alvo terá de expandir sua estrutura física para outras 
cidades ou regiões. Já o Kiva propõe participação do público em 
qualquer lugar do mundo através de um sistema de micro-
emprestimos que tem suas operações realizadas através de um 
site, ou seja, as possibilidades de crescimento através do uso da 
internet como base da empresa são exploradas ao máximo. O 
que não invalida o modelo do Banco Pérola, são apenas 
abordagens e públicos alvos diferenciado. A relação de Aumento 
de Impacto Social X Tempo X Investimento Financeiro tem maior 
potencial de crescimento quando se utiliza a internet como base 
operacional. O que também não significa também que esta é a 
plataforma ideal para todos os problemas sociais ou todos os 
modelos de negócio. 
A internet também age como um catalisador quando 
consideramos os conceitos de open source, em português código 
aberto, e crowdsourcing, em português co-criação. 
Open source ou código aberto é quando uma empresa deixa os códigos de 
programação utilizado na criação de seu site, aplicativo ou plataforma abertos para 
44 
 
que outros empreendedores o copiem e o repliquem. Um dos cases 
brasileiros mais visível nesta área é o dos negócios online de 
financiamento coletivo. O modelo de negócio é simples: pessoas 
de todo o Brasil inscrevem ideias de projetos no site e os 
usuários do site podem contribuir financeiramente para viabilizar 
este projeto, contribuições são a partir de R$ 10,00 e sempre 
oferecem algum brinde ou prêmio para quem contribuiu. Para que 
o projeto seja viabilizado é preciso que ele engaje diversas 
pessoas e atinja o valor total proposto, então a Empresa dona da 
plataforma ganha uma porcentagem do valor arrecadado que 
geralmente fica entre 5 e 15%. Mesmo que simples, o modelo de 
negócio exige um site complexo onde são feitas todas estas 
operações incluindo a operação financeira. Uma das primeiras 
plataformas de financiamento coletivo do Brasil foi o Catarse (ver: 
www.catarse.me), que já veio a mercado com código aberto para 
que todos que quisessem começar um negócio parecido 
pudessem usar seus códigos ao invés de investir dinheiro no 
desenvolvimento de um novo web site. Mas isso nos leva a 
pergunta, porque eles dariam a outros empreendedores o código 
de seu negócio, porque incentivariam e dariam recursos para 
formação de concorrência? Através do incentivo ao 
desenvolvimento de outros sites de financiamento coletivo o 
serviço que antes era desconhecido pela população é mais 
facilmente difundido no Brasil e alcançará pessoas que não se 
consegue atingir a um curto prazo trabalhando sozinho para o 
desenvolvimento do mercado. Pessoas que antes não tinham 
ideia de que algo assim existia agora sabem e são potenciais 
clientes, ou seja, o mercado se torna maior tanto para a empresa 
quanto para os concorrentes. Este é o caso de apenas um 
modelo de negócio mas mesmo em outros casos a colaboração 
só tem a acrescer aos negócios atuais, já está claro para muitos 
empreendedores que há mercado e nichos de mercado para 
todosque estiverem apresentado produtos e serviços que 
supram as reais necessidades da sociedade. 
Crowdsourcing ou co-criação é a prática de obter os serviços, ideias ou conteúdo 
solicitando contribuições de um grande grupo de pessoas e, especialmente, a 
partir de uma comunidade on-line. Muitas vezes usado para 
subdividir um trabalho, ou conceber um produto ou serviço ou 
ainda pode ser aplicado em uma busca geral por respostas ou 
soluções. Esse processo pode ocorrer tanto online como off-line, 
o conceito geral é a de combinar os esforços de multidões, onde 
45 
 
cada um poderia contribuir com uma pequena porção, o que 
aumenta em resultado significativamente pois ao unir pessoas de 
diferentes idades, grupos, backgrounds, realidades e países, 
pode-se ter uma visão cada vez mais ampla e completa de como 
atender a demanda de todos. 
Embora a palavra "crouwdsourcing" foi usada pela primeira vez 
em 2006, pode ser aplicada a uma ampla gama de atividades 
mais antigas. Existe hoje uma boa quantidade de plataformas de 
co-criação online. Um bom exemplo brasileiro é a ASAP – As 
sustainable as possible (ver: www.asap.me). A plataformas é 
focada no desenvolvimento de novos produtos dada a 
observação de problemas cotidianos e utilizando a co-criação 
como base de seu modelo de negócios. A ASAP possui ainda 
uma estrutura off-line para a fabricação destes produtos levando 
o público alvo a ver o produto co-criado produzido em larga 
escala. No formato de divisão de tarefas para realização de um 
trabalho maior temos o exemplo o Jogo Oasis que foi realizado 
em Santa Catarina em 2011 na reconstrução e assistência a 
famílias de áreas atingidas pelas enchentes 
(ver:http://www.youtube.com/watch?v=24JR3cFhZng). Muitas das 
grandes marcas também já investem em plataformas de co-
criação como por exemplo a P&G, que tem uma plataforma global 
de feedback e co-criação de produtos (ver: 
https://www.pgconnectdevelop.com.br/). 
Para Negócios Sociais este conceito gera uma grande 
oportunidade pois uma vez que o objetivo do Empreendedor 
Social é oferecer, em forma de modelo de negócio, uma solução 
para problemas sociais a oportunidade de co-criar estas soluções 
com outros empreendedores ou até consumidores pode dar fruto 
a modelos de negócios ainda mais inovadores e transformadores. 
Desta forma estamos aplicando os conceito de crowdsourcing na 
elaboração do Negócio Social mas ele também pode ser aplicado 
como sendo o próprio modelo de negócio como vimos nos 
exemplos da ASAP e do Jogo Oasis. 
Além de todos os motivos citado anteriormente para a internet ser 
considerada um catalisador de Negócios Sociais encontra-se a 
mais básica e talvez mais essenciais contribuições da internet: a 
formação de uma comunidade global de Empreendedores 
Sociais. Como já mencionamos o Empreendedor Social existe a 
pouco tempo e em muitos casos nunca tinha encontrado outro 
46 
 
Empreendedor Social até pouco tempo atrás. Isto pois eles ainda 
são raros e estão espalhados pelo mundo. A internet possibilita a 
integrações destas pessoas em comunidades globais onde há 
incentivo e suporte a esta classe de empreendedores e também 
muito importante: compartilhamento de experiências e modelos 
de negócio. Como exemplo temos a comunidade global The 
Young Entrepreneurs Concil, em português Conselho de Jovens 
Empreendedores, (ver: http://theyec.org/), na África a ASEN (ver: 
http://asenetwork.org) e no Brasil a Geração Muda Mundos da 
Ashoka (ver: http://gmm.org.br/), ou até iniciativa muito mais 
simples como uma comunidade no facebook feita pelo 
Empreendedores Sociais no Canadá (ver: 
http://www.facebook.com/ysecanada). 
Devemos observar desde a concepção de novos modelos de 
negócios a internet como um recurso e explorá-la ao máximo, se 
possível a trazendo para o centro do modelo de negócios para 
ampliar a capacidade de expansão e alcance de escala. 
 
O Jovem Brasileiro 
 
Em média 50% dos empreendedores brasileiros são jovens entre 
18 e 35 anos. Considerando este fato vamos analisar uma 
pesquisa feita sobre o jovem desta faixa etária no ano de 2011 
através de uma plataforma online, esta pesquisa chama-se: O 
Sonho Brasileiro e pode ser encontrada de forma completa no 
site: http://osonhobrasileiro.com.br/. 
http://vimeo.com/30918170 
(vídeo O Sonho Brasileiro) 
 
Alguns dados gerados pela pesquisa são: 
 76% dos jovens brasileiros acreditam que o país esta mudando para melhor 
 O Sonho Profissional é esmagadoramente o maior sonho do jovem brasileiro. 
47 
 
 
Esta geração de jovens não vê mais o trabalho como seus pais o 
viam. Não é só questão de acumulo financeiro e status social 
para eles. Trabalho é felicidade é sonho. 
 O sonhos do jovens para o seu país são: 
- Sonhos de Reparação: 
18% sonham com menos violência "Paz é uma coisa básica, que 
a gente não tem ainda." 
13% sonham com menos corrupção "Meu sonho para o Brasil é 
ter alguém pra votar que possa chamar de melhor, e não de 
menos pior." 
- Sonhos de realização: 
10% sonham com emprego 
10% sonham com mais igualdade 
8% sonham com educação 
"Quero que toda criança, todo jovem, todo idoso, tenha a possibilidade de ser igual, sem 
diferença social, racial, tenha oportunidade, direito à alimentação, educação, lazer." 
 Como a geração atual enxergar a si mesma: 
 
35% a definem como sonhadora 
34% como consumista 
31% como responsável 
28% como batalhadora 
8% como comunicativa 
 59% dos jovens concordam que tem que pensar em si antes de pensar nos outros 
 77% dos jovens concordam que seu bem estar depende do bem estar da sociedade onde 
vive. 
48 
 
 74% afirmam “se sentir na obrigação de fazer algo pelo coletivo no seu dia-a-dia” 
 67% dos jovens discordam da afirmação de que “só pensa em fazer algo pela sociedade 
se tiver algum benefício para si próprio” 
 81% dos jovens brasileiros concordam que a união de pessoas que pensam de forma 
diferente pode transformar a sociedade. 
 71% dos jovens brasileiros acreditam que usar a internet para mobilizar as pessoas é uma 
forma de fazer política. 
 81% dos jovens brasileiros afirmam que gostariam de trocar mais experiências com 
jovens de outros países. 
 63% dos jovens brasileiros acreditam que existe uma comunidade global comum ao 
mundo todo. 
Este jovem busca novos sentidos para as questões básicas da vida e a partir destes 
novos sentidos surgem também novos modelos de negócios. 
 
Economia: “Eu acho que o dinheiro é uma ferramenta muito legal pra você criar outras 
coisas.” 
“Claro que é importante, dinheiro é muito importante. A questão é: que tipo de dinheiro, de 
onde ele vem e como ele vem.” 
"Acredito em atividades economicamente viáveis, ambientalmente corretas e socialmente 
justas." 
“O dinheiro foi criado para ser uma moeda de troca e um impulso para a economia e não 
um fim acumulativo” 
 
74% dos jovens brasileiros gostariam de ganhar muito dinheiro 
contanto que sua origem seja honesta ou que o problema não é o 
dinheiro em si, mas o mau uso que as pessoas fazem dele. 
49 
 
 
Empreendedorismo Social aplicado à Economia: 
1) Moeda Social: Pensando nisto surgiram alguns modelos de 
negócio que aplicam o dinheiro de uma outra forma, são as 
moedas sociais. Dinheiro inventados que são utilizados em 
comunidades para incentivar as trocas comerciais locais e 
desenvolver comerciantes e economia local. Como é o caso do: 
Sampaio - moeda social do Jardim Sampaio, periferia de São 
Paulo; ou da Cristal - moeda social que circula entre as ONGS 
que fazem parte da Ciranda Solidária, no Nordeste. O Brasil já 
possui mais de 50 moedas sociais. 
2) Kiva – microlending (pequenos empréstimos): Pensar a origem do 
dinheiro de uma nova forma também foi uma inovação dos 
Empreendedores Sociais.

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