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Resíduos da industria de fundição no município de Blumenau, Santa Catarina

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ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
Resíduos da indústria de fundição no município de Blumenau, Santa 
Catarina. 
 
Foundry industry waste in the city of Blumenau, Santa Catarina. 
 
 
Michel Konig, FURB, Graduando em Engenharia Química, Bolsista CNPq. 
michelkonig@gmail.com. 
Joel Dias Da Silva, FURB, Doutor em Engenharia Ambiental, Orientador. 
dias_joel@hotmail.com. 
 
 
Resumo 
A fundição de ligas ferrosas e não-ferrosas tem gerado diversos tipos de resíduos sólidos, sendo o 
principal deles a areia de desmoldagem. Objetivou-se demonstrar alguns dos estudos que buscassem 
a valorização dos componentes presentes na areia de desmoldagem descartada pela indústria da 
fundição, especialmente para o universo regional. Esta valorização se amplia quando impurezas são 
separadas da areia de desmoldagem e valorizada em outros processos industriais. O método proposto 
consistiu em um estudo descritivo e exploratório, com investigação na literatura e legislações 
vigentes. Concluiu-se que, a problemática da caracterização desta areia, é identificar os tipos de 
processos que produzirão os resíduos, buscando um tratamento adequado para os mesmos, seja na 
forma de rejeitos para um aterro industrial ou sua reutilização como matéria-prima em linhas de 
produção. 
 
Palavras-chaves: Industria de Fundição; Areia de desmoldagem; Reutilização. 
 
Abstract 
The ironed and non-ironed leagues foundry have generated many solid residues, being the most 
important the foundry sand. The objective is show up studies that researches the improvement of the 
compounds, present in the casting sand discarded by the foundry industries, especially for those ones 
in the county. Those improvements amplify themselves when the impurities are separated from the 
casting sand and used on another industrial process. The proposed method consists in a descriptive 
and exploratory study, with investigation on the laws in vigor. Concludes that the problem in the 
characterization of casting sand is to identify the kind of processes that will generate discards, how 
to apply the right treatment and give it the right destiny, as discards to the landfill or as raw material. 
 
Keywords: Foundry industry; Sand mold release; Reuse. 
 
 
 
 
 
 
ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
1. Introdução 
 
 É sabido que o Brasil conta com uma indústria de fundição vasta e bastante diversificada. 
Grandes empresas modernas instalaram-se no país nos últimos anos, equipadas com 
maquinário sofisticado e com técnicas avançadas de produção. Também pode-se dizer que 
elas fundem basicamente todos os tipos de ligas ferrosas e não-ferrosas, isto para os mais 
variados setores industriais, desde imensos rotores para as usinas hidrelétricas e até pequenos 
componentes de motores ou peças artísticas. 
Conforme dados do BNDS (2010), no ano de 2009, o Brasil ocupava a sétima posição no 
ranking de países que produziam metais fundidos no mundo. A China ocupava o primeiro 
lugar com bem mais de 35.300.000 toneladas de material fundido. 
A fundição de peças de ligas ferrosas e não-ferrosas ocorre no estado de metal líquido, 
depositando o fluído na cavidade de um molde. Há dois tipos de moldes que podem ser 
usados: os permanentes e os não permanentes. Na moldagem permanente, utiliza-se como 
molde, uma liga metálica de composição diferente do metal que irá ser fundido, por exemplo, 
ferro, cobre ou aço. Geralmente, são aplicadas ligas não-ferrosas com a finalidade de 
produção dessas unidades, por causa do seu ponto de fusão ser inferior ao do molde 
(MOREIRA, 2004). 
Por sua vez, a moldagem não permanente consiste em criar moldes em caixas com areias 
previamente tratadas para essa função. A areia é depositada onde será moldada, recebendo 
os machos (modelos de moldes que darão uma parte vazada à peça) se necessário, até que se 
obtenha o formato da peça desejável. Com essa forma de produção, pode-se criar peças sem 
limitações, deixando-as de acordo com o projeto (MOREIRA, 2004). 
Estima-se que 90% da areia de desmoldagem (com origem no processo no qual foi 
utilizada é areia verde) que é descartada pela indústria de fundição pode ser reinserida no 
processo de produção antes de ser destinada aos aterros industriais (BNDS, 2010). 
Infelizmente, no Brasil, já se estimava na década passada, que fossem descartadas pelas 
fundições, cerca de 2 milhões de toneladas/ano de areia contaminada com resinas fenólicas, 
correspondendo a mais de três quartos do total de resíduos gerados pela Indústria de 
Fundição (SCHEUNEMANN, 2005). O autor destacou ainda que, mesmo com muitas 
empresas contando com processos de regeneração mecânica de tais areias, o 
reaproveitamento destas não ultrapassava os 70%, e dependendo do processo que fossem 
submetidas, a recuperação não chegaria a 40%. 
No Estado de Santa Catarina, a areia de moldagem descartada pode ser utilizada em 
misturas asfálticas e artefatos de concreto sem função estrutural, de acordo com as normas 
legais estabelecidas pela Resolução CONSEMA 011/2008 (SANTA CATARINA, 2008). 
Por exemplo, Carnin et al. (2010) utilizaram a areia de moldagem como agregado para a 
fabricação de pisos intertravados, conhecidos comercialmente como pavers. Os autores 
obtiveram peças com excelente acabamento, que passaram nos testes de resistência mecânica 
e durabilidade, assim também como naqueles ligados à variável ambiental, para 
determinação de lixiviação e toxicidade. 
A resolução CONSEMA 011/2008 estabelece que, antes da indústria de fundição efetuar 
o descarte da areia de desmoldagem, ela deverá informar um laudo técnico para a FATMA 
 
 
 
 
 
 
ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
contendo as características físico-químicas da areia de desmoldagem e qual processo de 
produção está areia sofreu, para que assim possa-se realizar a disposição final do resíduo. 
A FATMA – Fundação Estadual de Meio Ambiente de Santa Catarina mostrou-se 
favorável ao reuso de areia de moldagem para a fabricação de pisos intertravados e o seu uso 
na rede de esgotamento sanitário, desde que sejam atendidas integralmente as orientações da 
Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010) e também à Resolução CONSEMA 
011/2008. 
Deste modo, estudos que busquem a valorização dos componentes presentes na areia de 
moldagem descartada pela Indústria da Fundição, especialmente para o universo regional, 
ganha destaque e justifica-se pela iniciativa de se atenuar passivos ambientais decorrentes 
desta atividade industrial, transformando resíduos em matéria-prima. Esta valorização não 
se restringe apenas à sua utilização em misturas asfálticas e/ou artefatos de concreto sem 
função estrutural, mas se amplia quando impurezas e outros constituintes são separados da 
areia de moldagem e valorizados em outros processos industriais. 
 Assim, destaca-se como objetivo principal do trabalho, efetuar um levantamento, através 
de uma breve revisão da literatura com estudos que busquem a valorização dos componentes 
presentes na areia de desmoldagem descartada, e formação do cenário dessa atividade 
industrial em Santa Catarina. 
 
2. Metodologia 
 
O estudo se caracteriza como uma pesquisa descritiva e exploratória, com investigação 
na literatura e legislações vigentes. Para isso, efetuou-se um rastreamento de artigos 
científicos, trabalhos técnicos, teses e dissertações, em bases de dados e bibliotecas 
eletrônicas como o Portal de Periódicos CAPES e SciELO. As palavras-chave utilizadas na 
busca, quer isoladas,quer combinadas, foram: indústria de fundição, areia de desmoldagem, 
geração de resíduos, areia verde, areia fenólica. Os critérios de inclusão foram os trabalhos 
que apresentassem uma abordagem mais recente do problema com aspectos da legislação 
nas diferentes esferas, bem como aqueles que apresentassem estudos de caso com técnicas 
de valorização e aproveitamento dos resíduos da indústria de fundição. Foram excluídos 
aqueles que fugiam da proposta do trabalho ou que apenas traduzissem propostas comerciais. 
 
3. Resultados e Discussões 
 
A partir do levantamento efetuado, foi possível montar o cenário da indústria de fundição 
na atualidade. Nesse sentido, no mês de setembro de 2015, a Associação Brasileira de 
Fundição (ABIFA) registrou que, no país foram produzidas cerca de 181.300 toneladas de 
material fundido como: ferro, aço e metais não ferrosos (magnésio, alumínio, zinco e cobre); 
sendo a Região Sul responsável por 54.804 toneladas dos mesmos materiais fundidos. Com 
base nos números de 2013, a ABIFA destacou que este segmento industrial faturou 11,6 
bilhões de dólares em cerca de 1.300 empresas. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às 
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2010), apenas o município de Blumenau obteve 
 
 
 
 
 
 
ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
como renda, no ramo de fundição, uma alíquota de R$ 102.318,1. Neste relatório, é possível 
identificar, um total de 17 indústrias de fundição, com portes variando de micros a grandes 
empresas com grande representatividade no desenvolvimento socioeconômico da região 
(FIESC, 2015). 
Apenas para citar um exemplo, no município de Blumenau onde está instalada uma das 
grandes empresas do ramo, presente em diversos setores com os seus produtos (automotivo, 
máquinas e equipamentos para construção e mineração, transporte pesado, geração de 
energia, entre outros), apenas no ano de 2013, foram utilizadas 10,8 mil toneladas de areia 
base, 500 toneladas de resinas e 300 toneladas de areia de cromita para produzir cerca de 12 
mil (t) de peças fundidas naquele ano. O volume total de resíduos gerado foi de 
aproximadamente 15,8 mil toneladas, sendo que, 10,6 mil toneladas desses resíduos são areia 
de fundição e foram destinadas ao aterro industrial. É importante destacar que, a referida 
empresa, apresenta estratégias e ações de sustentabilidade ambiental, onde 81,4% da areia 
descartada no aterro industrial foi recuperada para a utilização em misturas de fabricação de 
novos moldes. 
Conforme a Tabela 1, observa-se que outros resíduos significativos também gerados no 
processo, também sucatas metálicas de outras atividades industriais, foram reaproveitadas 
na forma de matéria-prima para a produção das peças. 
 
Tabela 1 – Características quantitativa de alguns resíduos gerados pela empresa de grande porte em 
Blumenau, SC. 
RESÍDUO MIL TONELADAS/ ANO 2013 DESTINO FINAL 
Areia de Fundição 10,6 Aterro Industrial 
Escória de Fundição 2,07 Aterro Industrial 
Pó de ferro 1,16 Reciclagem 
Resíduo de Jateamento 1,12 Aterro Industrial 
Madeira 0,2 Aterro Industrial/Reciclagem 
Entulho 0,16 Aterro Industrial 
Lodo de Exaustão 0,018 Aterro Industrial 
Metais 0,012 Reciclagem 
Lodo de ETA 0,002 Aterro Industrial 
TOTAL 15,342 
Fonte: Adaptado da empresa de grande porte (2014). 
Durante a pesquisa, verificou-se que, o processo de fabricação de peças fundidas utiliza 
grande quantidade de areia na confecção dos moldes e machos. O índice de consumo de 
areia, dependendo do tipo de peça, variando de 800 a 1.000 kg para cada peça de 1.000 kg 
(CETESB, 2002). Essa areia, normalmente, é extraída de jazidas de cava ou rios, sendo 
considerada um bem não renovável, cujo beneficiamento geralmente causa impactos 
ambientais. No preparo dos moldes, a areia é misturada com um ligante que pode ser 
bentonita e outros aditivos para o preparo da areia verde, utilizada na produção de peças de 
menor peso e tamanho. 
Para a fabricação de peças maiores, geralmente são utilizados moldes e machos, 
constituídos por areia misturada com resina e catalisador, que conferirão maior resistência 
 
 
 
 
 
 
ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
às peças. A areia de moldagem misturada com a resina dificulta a sua recuperação e 
reutilização, gerando assim, um grande volume a ser descartado em aterros industriais, e 
consequentemente, onerando ainda mais o custo de produção (SANTOS; DE LUCCA, 
2011). 
A areia contaminada resultante do processo de fundição, deve ser regenerada porque, com 
isto, poderão ser minimizados tanto o custo do produto, bem como os problemas ambientais 
na extração da areia. Há ainda, determinações legais, que forçam a uma diminuição das 
quantidades a serem descartadas e dispostas em aterros industriais, cujos custos para a 
disposição aumentam continuamente. Portanto, é evidente que a regeneração da areia e/ou 
processos de recuperação das mesmas serão inevitáveis no futuro, pois os custos de 
deposição do material descartável aumentam continuamente e as determinações legais são 
cada vez mais restritivas (SCHEUNEMMAN, 2005). 
 Os resíduos sólidos gerados durante o processo de desmoldagem na Indústria de 
Fundição, isto é, arreia de desmoldagem mais fragmentos, podem ser caracterizados e 
classificados segundo as normas: 
 ABNT NBR 10.004:2004 – Resíduos Sólidos – Classificação; 
 ABNT NBR 10.005:2004 – Lixiviação de Resíduos – Procedimentos; 
 ABNT NBR 10.006:2004 – Solubilização de Resíduos Sólidos – Métodos de Ensaios; 
 ABNT NBR 10.007:2004 – Amostragem de Resíduos – Procedimentos. 
Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT NBR 10.004 (ABNT, 
2004), existem três classificações para resíduos sólidos: 
Resíduos classe I: Perigosos - aqueles que apresentam periculosidade, ou uma das seguintes 
características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade, patogenicidade. 
Resíduos classe IIA: Não perigosos / Não-inerte - estes resíduos podem ter propriedades, tais 
como: combustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água. 
Resíduos classe IIB: Não perigoso / Inerte - são quaisquer resíduos que, quando amostrados de 
forma representativa e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água destilada ou 
deionizada à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a 
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se os padrões de 
aspecto, cor, turbidez e sabor. 
Ainda de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004) dependendo dos materiais envolvidos 
no processo de fundição, os resíduos das areias de desmoldagem poderão ser enquadrados 
como resíduos sólidos da classe II, pois a presença de ligantes químicos e metais são fatores 
de muita influência nessa classificação. 
As areias de fundição para moldagem que utilizarem o termofixo denominado de resina 
fenólica, terão como constituição, um material refratário, composto por grãos de areia de 
silício (SiO2), seguidos de materiais ligantes como, por exemplo, as resinas derivadas de 
benzenos ou fenóis, os catalisadores e alguns aditivos (óxido de ferro). A denominação de 
resina fenólica é empregada para se referir a uma variedade de produtos resultantes das 
reações de fenóis com aldeídos. Muitos derivados fenólicos poderão ser utilizados para a 
preparação dessas resinas, contudo, o fenol ainda é o mais usado. E perante os aldeídos, os 
acetaldeído, benzaldeído ou também furfuraldeído, poderão ser utilizados, porém o formol 
é usufruído na maioria das vezes por ser de fácil obtenção e barato (SCHEUNEMANN 
2005).ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
Em comparação com os moldes de areia verde, a areia fenólica apresenta uma coloração 
mais clara depois de ser moldada, por conta da utilização de resinas. Tais moldes, 
apresentarão segundo Nunes (2013), uma quantidade de resina fenólica que oscilará entre 3 
a 10%. O grande problema para a utilização destas areias reside em sua reutilização, pois 
diferente da areia verde, ela necessitará de equipamentos mais complexos para reciclagem 
por conta do fenol que envolve os grãos da areia base como se fosse uma capa. 
Desta forma, através de tratamentos físico-químicos e térmicos, empregados na areia de 
desmoldagem, é possível remover a capa de resina fenólica presente nos grãos de areia, 
tornando-a com características parecidas com as da areia base original. Conforme Borges 
(2004), a decomposição da resina pelo tratamento térmico na primeira etapa, terá início 
quando a temperatura se aproximar de 300 °C, podendo alcançar 600 °C e liberando boa 
parte dos gases. Posteriormente a temperatura se eleva e ultrapassa os 600 °C liberando o 
restante dos gases como CO2, CH4, H2O, benzeno, tolueno, outros. 
Conforme a Resolução do CONSEMA N° 011 (SANTA CATARINA, 2008), as 
indústrias geradoras de areia de desmoldagem deverão fornecer à FATMA os dados de 
caracterização do processo industrial, que contenham a vindicação do processo de 
moldagem, as matérias-primas principais (material a ser fundido e tipo de aglomerante), o 
fluxograma com a indicação das operações unitárias e da quantidade de areia de 
desmoldagem gerada. 
A Industria de Fundição também terá a responsabilidade de apresentar à FATMA os 
seguintes dados: os laudos de caracterização e de classificação da areia de desmoldagem, 
segundo a norma NBR 10.004; os resultados de análises químicas do extrato lixiviado, 
obtido em pelo menos três amostras da areia de desmoldagem; os resultados das análises 
químicas do extrato aquoso, obtido em pelo menos três amostras de resíduo; realizar de 
forma adequada a segregação da areia de desmoldagem; estabelecer planos de 
gerenciamento de resíduos, dentro da própria área da indústria, para o armazenamento 
temporário da areia de desmoldagem; apresentar resultados de testes de toxicidade; 
encaminhar a areia de desmoldagem não recuperada ou não recuperável para a destinação 
final adequada; manter atualizado um cadastro dos destinatários da areia de desmoldagem. 
Tais diretrizes e recomendações encontram apoio na Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (BRASIL, 2010), a Lei N.º 12.305 que, em seu art. 7º, incentivada pela Política 
Nacional do Meio Ambiente, PNMA, Lei Nº. 6.938, em seu art. 9º, inciso V, busca promover 
o desenvolvimento de tecnologias para a melhoria da qualidade ambiental. 
 
4. Considerações Finais 
 
Verificou-se que, um dos fatores que dificultam a caracterização da areia de desmoldagem 
é a identificação do tipo de moldagem não permanente que foi aplicada ao resíduo, uma vez 
que, a usabilidade da areia com resina fenólica no processo de fundição apresenta uma 
complicação maior em relação a areia verde, em virtude de possuir radicais que solubilizam 
em água. Por conta disso é necessário um tratamento especial para que ela receba um destino 
correto. 
 
 
 
 
 
 
ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
Mesmo a areia de desmoldagem sendo classificada como resíduo Classe II B (resíduos 
não perigosos e inertes), estudos comprovam que, a sua utilização como matéria-prima é 
viável, reduzindo a extração de areia base das jazidas. Além do mais, a remoção e a 
valorização dos compostos presentas nos resíduos da areia de fundição tornam esse material 
sustentável. 
 
Referências 
 
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obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004. 
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Acesso em: 17 nov. 2015. 
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ENSUS – Encontro de Sustentabilidade em Projeto – UFSC – Florianópolis – 18 a 20 de Abril de 2016 
 
DANTAS, J. M. Montagem, comissionamento e operação de um sistema de 
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SANTOS, S. A.; DE LUCCA, A. G. Caracterização Físico-Química das Areias da 
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Químico via Processo Fenton. 2005. 85 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em 
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SILVA, André Carlos. Concentração física de minerais: Catalão: Ufg, 2012. 75 slides, 
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