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ADRIANO GONZAGA BRAGA JUDÔ, PEDAGOGIA E COGNIÇÃO BELO HORIZONTE 2016 ADRIANO GONZAGA BRAGA 1 JUDÔ PEDAGOGIA E COGNIÇÃO 2 RESUMO Este estudo teve como objetivo discorrer a respeito dos preceitos do judô associando-os a um caráter pedagógico e cognitivo, explanando, neste sentido, concepções e embasamentos que promovam uma maior compreensão acerca desta intrínseca relação estabelecida entre as atividades judoísticas e nos princípios pedagógicos de ensino-aprendizagem de judô. De tal modo, para a concretização do estudo foi utilizado como procedimento metodológico uma análise de cunho essencialmente bibliográfico e documental, ou seja, seus embasamentos se encontraram em fundamentações teóricas localizadas em livros e documentos já foram publicados acerca assunto a ser assunto trabalhado. Com o resultado da pesquisa foi possível concluir que a atividade designada de judô, através de seus embasamentos de ordem cultural e educativa, poderá, expressivamente, incidir em umas das modalidades esportivas a compor o segmento do esporte, auferindo, deste modo, um desempenho pedagógico dentro de seu processo de ensino- aprendizagem para a iniciação ao esporte aos alunos que se interessarem pela prática do judô, o que justifica, de forma indubitável, o caráter pedagógico do judô. Palavras-chave: Judô; pedagogia; ensino-aprendizagem. LISTA DE FIGURAS 3 Figura 1 – Vestimenta do Judô (kimono). .................................................................... 8 Figura 2 – Jigoro Kano – criador do Judô.................................................................. 13 Figura 3 – Judô no processo de aprendizagem. ....................................................... 20 Figura 4 – A ludicidade verificada no judô. ................................................................ 28 Figura 5 – Aula de judô ministrada com a aplicação da ludicidade. .......................... 29 Figura 6 – O judô como uma prática pedagógica ...................................................... 35 Figura 7 - Passos da aprendizagem do esporte. ....................................................... 45 SUMARIO 4 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 1 JUDÔ: CONCEPÇÕES, FUNDAMENTAÇÕES E PRINCÍPIOS BASAIS. ............... 7 1.1 Fundamentações históricas a respeito do judô ................................................... 10 1.2 O Judô no Brasil e seus princípios ...................................................................... 14 1.3 O processo de aprendizagem do judô ................................................................. 17 2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO JUDÔ E SEU CARÁTER PEDAGÓGICO ........ 21 2.1 O judô e seu processo lúdico .............................................................................. 23 2.2 O judô e a pedagogia do esporte ........................................................................ 31 2.3 O processo de ensino-aprendizagem do judô por meio da realização de jogos . 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 49 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52 5 INTRODUÇÃO Há que se considerar que o esporte, dentro de uma percepção inicial, compreende em um acontecimento que marca expressivamente as bases do século XXI, onde, com um cunho sociocultural, distingue-se de outros segmentos em decorrência de sua pluralidade de fatores. O esporte cresce atualmente em dimensões consideráveis, e, assim sendo, quando inserido em um processo de caráter pedagógico, o esporte denota a aplicação de procedimentos que sejam fundamentados na efetivação da atividade daqueles que a realizam, incitando uma maior identificação de possíveis problemas. A pedagogia do esporte, neste contexto, demonstra os embasamentos relacionados ao treinamento esportivo, e, igualmente, iniciação e educação, seja esta de caráter formal ou não formal, que abrange um índice considerável de setores da sociedade com o escopo fundamental de promover, de forma sistemática, a aprendizagem social. Em paralelo, pondera-se que a atividade cognominada de judô incide em uma atividade trazida por Jigoro Kano, este que aplicava as técnicas judoísticas a partir de fundamentos explanados na escola denominada de Kodakan. O judô, visualizado como uma arte marcial, demonstra, além de flexibilidade, uma finalidade arraigada ao desenvolvimento das pessoas de um modo geral, que, através da introdução de uma prática coligada à defesa e ataque, coopera de forma indubitável nos processos de melhora tanto no corpo quanto na mente. Entende-se, nesta exposição, que o processo pedagógico inserido aos sistemas de ensino de judô torna-se basal, com seus fundamentos ligados nas questões éticas e morais. Assim sendo, considera-se como importante que o judô seja ensinado a partir da aplicação de uma recomendação associada à introdução efetiva da aprendizagem dos alunos com o intuito de ordenar adequadamente condições por meio de uma prática conexa à conscientização. Destarte, este estudo acadêmico apresenta como desígnio basilar discorrer a respeito dos preceitos do judô associando-os a um caráter pedagógico, explanando, 6 neste sentido, concepções e embasamentos que promovam uma maior compreensão acerca desta intrínseca relação estabelecida entre as atividades judoísticas e os baldrames arregimentados nos princípios pedagógicos de ensino- aprendizagem de judô. De tal modo, para a concretização do estudo utilizar-se-á como procedimento metodológico uma análise de cunho essencialmente bibliográfico e documental, ou seja, seus embasamentos encontrar-se-ão em fundamentações teóricas localizadas em livros e documentos já foram publicados acerca assunto a ser assunto trabalhado. Destaca-se que no transcorrer do trabalho, as informações bibliográficas serão cotejadas entre si de maneira que o trabalho oriente em acordo com pressupostos acadêmicos. Incidirá igualmente em uma pesquisa que opera com uma função qualitativa, visto como irá centrar-se a partir de concepções teóricas acerca do objeto de estudo, levantando informações pertinentes às estruturas discutidas durante todo o processo de investigação. Em sequência, o primeiro capítulo irá discorrer a respeito das bases teóricas do judô, discutindo concepções e embasamentos a respeito do dos conteúdos históricos inerentes à atividade em questão, de maneira que se compreenda sua relevância em dias atuais. O capítulo dois, finalizando a abordagem, aporta com a finalidade de discursar a propósito do judô e seu caráter pedagógico, enfocando suas bases centrais, discussões sobre as questões de ludicidade no esporte cognominado no judô com seus princípios e conceitos, e, arrazoando acerca das funções pedagógicas do judô, com seu processo de ensino-aprendizagem, o que, indubitavelmente, justifica esta pesquisa acadêmica. 7 1 JUDÔ: CONCEPÇÕES, FUNDAMENTAÇÕES E PRINCÍPIOSBASAIS. Inicialmente analisa-se que o judô consiste na designação inserida por Jigoro Kano ao procedimento ministrado pelo mesmo na escola da Kodakan, uma instituição de ensino do caminho que foi ordenada no ano de 1882. (ARAÚJO, 2005) A denominação judô, segundo os estudos efetivados por Jigoro Kano, possui um significado de princípio gentil ou natural, ou mesmo, por um entendimento arraigado à flexibilidade. (ARAÚJO, 2005) O judô, atualizou e padronizou o ju-jitsu ensinado pelos samurais, uma ação de ataque e defesa por meio do emprego de mãos livres, o judô extrai o preceito arraigado à não resistência uma sinopse direcionada à educação física, onde aplica um método de combate sem a utilização de armas, além de uma disciplina moral. (CORDEIRO JÚNIOR; FERREIRA, RODRIGUES, 1999) Entende-se que o judô, embora incida como uma modalidade olímpica, denota-se como uma arte marcial que possui o escopo de aprimorar as pessoas, o qual, através da inserção de uma prática de defesa e do ataque melhora o corpo, e, logo, o espírito. Nas práticas de ensino do judô, é necessário que se introduza um processo pedagógico fundamentado na ética e na moral. (ARAÚJO, 2005) Assim sendo, o judô versa em um esporte no qual indivíduos de ambos os sexos combatem de forma separada, sendo categorizados conforme faixa etária e peso. (CORDEIRO JÚNIOR; FERREIRA, RODRIGUES, 1999) Os praticantes do judô possuem vestimentas na cor branca, sendo disposto de casaco, calça e uma faixa, esta que varia de acordo com a graduação do judoca. (SANTOS, 2007) A figura a seguir demonstra a vestimenta utilizada pelos praticantes de judô. 8 Figura 1 – Vestimenta do Judô (kimono). Fonte: Santos, 2007, p.22. Paralelamente, pode-se considerar o judô como um esporte pautado na arte e filosofia de vida, sendo entendido como um dos mais completos esportes que se pratica atualmente, visto que desenvolve o físico de todos os membros do corpo humano, alcançando força e flexibilidade. (ARAÚJO, 2005) 9 Em termos filosóficos, os preceitos do judô, bem como sua disciplina acrescentam expressivamente no processo de desenvolvimento integral de uma pessoa. (SANTOS, 2007) Em decorrência de suas singularidades, o judô consegue alçar, de um modo geral, um volume notável de adeptos à prática do esporte, que em dimensão mundial, cresce gradativamente em todas as faixas etárias e sexo. No que tange ao Brasil, observa-se que o número de praticantes de judô ultrapassa milhões de praticantes, emergindo seu potencial através de sua relevância enquanto colaborador na formação da personalidade. (ARAÚJO, 2005) Discorre-se que a prática de judô abarca distintos meios de trabalho, como os kata, que consistem em meios clássicos de cumprimento de movimentos das técnicas de judô, com as inúmeras diferenças dos procedimentos inseridos para o resultado de combate alcunhado de waza. (SANTOS, 2007) A atividade esportiva denominada judô transpôs os limites do Japão, consistindo atualmente em propósito de distintas análises em âmbito mundial. (PEREIRA JÚNIOR, 1999) Pereira; Júnior (1999) iniciam as considerações explanando que a atividade denotada de Judô, foi, em suas bases filosóficas, criada por Jigoro Kano, que abordava os seres humanos em sua totalidade, com o escopo de impulsionar o desenvolvimento da cultura dos indivíduos, abordando, de tal modo, sua aspiração, ética e sua habilidade para competir de forma vitoriosa. Os preceitos fundamentais relativos à filosofia defendida por Jigoro Kano foram ordenados em prol da atividade designada de judô, que indica a maior eficácia do corpo e do espírito a partir do menor gasto de energia, associando bem-estar e vantagens recíprocas. Avalia-se que após a ocorrência da Segunda Guerra Mundial, observa-se uma maior notoriedade do judô, que começou a se desenvolver em um processo gradativo. Assim sendo, este capítulo apresenta o desígnio de discorrer a respeito das bases teóricas do judô, apresentando concepções e fundamentações basilares, enfocando sua relevância e expressividade diante da temática trabalhada. 10 1.1 Fundamentações históricas a respeito do judô Santos (2007) discorre que o judô moderno igualmente apresenta seus pressupostos históricos em métodos de arte guerreira a partir de lutas efetivadas corpo a corpo, estas que possuíram seu ápice no século XVI, por meio do feudalismo nipônico, que geralmente eram designadas de ju-jitsu, uma técnica de agilidade. Pode-se observar que determinados estudiosos da história do judô inserem explanações acerca da existência do ju-jitsu há aproximadamente 600 a.C, porém, verifica-se exposições acerca de dois lutadores no ano de 230 a.C, estes cognominados de Nomi-No-Sukume e Taima-No-Kuemaya, que lutaram entre si empregando-se procedimentos arraigados ao sumo, karatê e ju-jitsu. (PEREIRA JÚNIOR, 1999) Vale lembrar que no período em questão as lutas não atendiam às regras, mas, com o transcorrer dos anos novas técnicas foram sendo ordenadas, algumas empregadas como lutas simples e outras pautando-se em inteligência, agilidade e técnica. Santos (2007) analisa que o processo de desenvolvimento destas técnicas ocasionalmente ocorreu em razão de preceitos históricos visualizados a partir de lendas, estas pertencentes aos séculos XIV e XVI. A primeira lenda relacionada à criação efetiva do judô advém da constatação de um médico japonês de que os males humanos poderiam ser curados por meio de um emprego adequado do corpo e do espírito. (SANTOS, 2007) Com este pensamento, o médico em questão passou a estudar os procedimentos terapêuticos chineses, como acupuntura, taoismo, e wu-chu, uma luta de origem chinesa que utilizava golpes, projeções e luxações. Voltando novamente ao Japão, o médico Shirobei-Akyama passou suas técnicas taoístas aos seus discípulos, com o preceito de que o mal se opunha ao mal, assim como a força se opunha a si mesma. (PEREIRA JÚNIOR, 1999) 11 No entanto, estas considerações só eram inseridas em situações onde se tinha uma luta mais fraca, não apresentando resultados significativos em situações onde os oponentes eram mais fortes. (PEREIRA JÚNIOR, 1999) Assim, o médico e filósofo, se retirou a um templo de maneira a praticar cem dias de meditação, e, com isso, passou a ponderar sobre o ying e yang, acupuntura, métodos de combate, e, deste modo, rematou que ao positivo precisava contrapor o seu complemento ao fator negativo, e para a força seria necessário reagir com flexibilidade. “Com esta observação e reflexão o médico aperfeiçoou o ataque e defesa na luta corpo a corpo e criou centenas de golpe e o seu método foi chamado de YOSHIN-RYU ou Escola do Coração de Salgueiro.” (SANTOS, 2007, p.10) Sequencialmente, tem-se a lenda que data do ano de 1650, quando um bonzo da China se abrigou em um templo próximo a Tóquio, com uma proposta de ministrar aulas aos japoneses de cultos, caligrafia e filosofia chinesa. Nesta região de Tóquio, Edo, constantemente haviam visitas de samurais, estes considerados notáveis guerreiros, e, igualmente, outra classe de samurais frequentava Edo, estes denominados de kachis, que eram inferiores, que conservavam a ordem na cidade em tese, em combates corpo a corpo. Após um combate ocorrido nas muralhas da China, com lutas corpo a corpo, onde o bonzo Chen Yunag aplicou suas técnicas e com isso, os samurais que o acompanhavam passaram difundir seus métodos. (SANTOS, 2007) Araújo (2005) analisa que no oriente, pode-se observar que a filosofia se encontra focada em uma reflexão interna, na união do espírito,corpo e mente, tornando-se complexo o conhecimento a propósito de religião e filosofia, preceitos e cotidiano. Neste sentido, no oriente a cultura torna-se distinta da que verifica no ocidente, visto que a primeira repta esta lógica pela substância na qual é constituída, e, no ocidente as pessoas são incentivadas a experimentar, conhecer a si mesmo e trabalhar em prol de sua energia interna. Logo, o intenso processo histórico do Japão acabou por compor uma cultura expressivamente distinta de outros países, onde explica-se pelo fato de misturar 12 integralmente uma tradição nativa com arquétipos chineses e ocidentais. (ARAÚJO, 2005) Contudo, pondera-se que as colaborações basais dos preceitos filosóficos japoneses advém de uma cultura milenar que se verifica na China e na Índia, sendo enfatizados teorias discorridas por Confúcio (Confucionismo) e Lao-Tsé (Tao) relativos à China, e, conexão do Xintoísmo1 com o Budismo2, o Taoísmo3, o Confucionismo4, o que estabelece a arte Zen. (ARAÚJO, 2005) Assim, incluía a esta aliança o idealismo presente nos preceitos dos samurais e método do jiu-jitsu, estudado e examinado por Jigoro Kano, este considerado como criador do judô. Santos (2007) analisa que em fevereiro do ano de 1882, Jigoro Kano, com 22 anos, acomodou-se em um pequeno templo budista de Eishosi pertencente à seita Jôdo, sendo neste templo observada a origem do judô, onde Jigoro Kano insere seu primeiro dojô. A ilustração a seguir explicita a figura de Jigoro Kano: 1 O Shintoísmo (Xintoísmo) é uma religião essencialmente japonesa e que retrata bem a maneira de ser daquele povo. O Xintoísmo é a religião japonesa mais antiga, o seu início é obscuro, mas tudo indica que já existia na metade do primeiro milênio a.C., mas que somente a partir do sexto século d.C., quando o povo japonês começou lentamente a integrar com as demais civilizações continentais, foi que os registros foram sendo conhecidos fora do Japão. Informações em < http://www.joselaerciodoegito.com.br/site_xinto_01.htm >. 2 O Budismo é uma filosofia de vida baseada integralmente nos profundos ensinamentos do Buda para todos os seres, que revela a verdadeira face da vida e do universo. Quando pregava, o Buda não pretendia converter as pessoas, mas iluminá-las. É uma religião de sabedoria, onde conhecimento e inteligência predominam. O Budismo trouxe paz interior, felicidade e harmonia a milhões de pessoas durante sua longa história de mais de 2.500 anos. O Budismo é uma religião prática, devotada a condicionar a mente inserida em seu cotidiano, de maneira a leva-la à paz, serenidade, alegria, sabedoria e liberdade perfeitas. É uma maneira de viver que extrai os mais altos benefícios da vida. Informações em < http://www.templozulai.org.br/budismo.htm >. 3 O Taoísmo se baseia no sistema politeísta e filosófico de crenças que assimilam os antigos elementos místicos e enigmáticos da religião popular chinesa, como: culto aos ancestrais, rituais de exorcismo, alquimia e magia. A origem da filosofia do Taoísmo é atribuída aos ensinamentos do mestre chinês Erh Li ou Lao Tsé (velho mestre), um contemporâneo de Confúcio, nos anos 550 a.C., segundo o Shih-chi (Relatos dos Historiadores). Apesar de não ser uma religião mundialmente popular, seus ensinos têm influenciado muitas seitas modernas. Informações em < http://www.sepoangol.org/taoismo.htm >. 4 O Confucionismo foi a doutrina oficial na China durante quase 2 mil anos, do século II até o início do século XX. Filosofia, ideologia política, social e religiosa do pensador chinês Confúcio (551-479 a.C.), grafia latina do nome Koung Fou Tseu (ou mestre Kung). O princípio básico do confucionismo é conhecido pelos chineses como junchaio (ensinamentos dos sábios) e define a busca de um caminho superior (tao) como forma de viver bem e em equilíbrio entre as vontades da terra e as do céu. Informações em < http://www.amcbr.com.br/Confucionismo.pdf >. 13 Figura 2 – Jigoro Kano – criador do Judô. Fonte: Santos, 2007, p.15. Santos (2007) complementa acerca do papel de Jigoro Kano: Vivendo nas dependências do templo com alguns alunos e uma velha criada, dedicou-se pacientemente a elaborar um novo método, um sistema de educação física e formação de caráter, baseado no ju-jitsu. Mas, por outro lado, o ju-jitsu possuía, a par de muitas qualidades, enormes defeitos. Era preciso podá-los e organizar, simultaneamente, um método de treino similar ao de certos desportos ocidentais. Kano fez a síntese das melhores técnicas, escolheu os golpes mais eficazes e os mais racionais; eliminou as práticas perigosas e incompatíveis com o fim elevado que visava. Aperfeiçoou a maneira de cair e inventou o principio das quedas de amortecimento. Criou uma vestimenta especial de treino (judogui), pois o antigo traje do ju-jitsukas provocava frequentemente ferimentos. Dedicou- se particularmente aos métodos de projeção, aperfeiçoando vários de sua autoria. (SANTOS, 2007, p.13) Ainda conforme Santos (2007) o ju-jitsu compreendia em uma prática guerreira embasada na agilidade do corpo e do espírito, e, de tal modo, Kano raciocinou que a arte que estava desenvolvendo, necessariamente, deveria 14 apresentar outra designação, uma vez que sua finalidade incidia como integralmente distinta dos preceitos do ju-jitsu. Jigoro Kano almejava conseguir um verdadeiro modo de viver, fundamentado em um coerente emprego de energia humana, denotando à esta ciência o nome de Judô. (ARAÚJO, 2005) Neste sentido, no ano de 1882, foi ordenado por Jigoro Kano, uma escola denominada Kodokan, esta que iniciou um processo de difusão da arte titulada judô, tendo sido disciplinada e delineada por Jigoro Kano, e com escopos voltados para “cultura e desenvolvimento do físico; cultura e desenvolvimento da vontade e da moral; capacidade de competir vitoriosamente.” (SANTOS, 2007, p.13) Dentro desta fundamentação, insere-se como relevante discorrer a propósito do judô no Brasil, com suas características, relevância e princípios judoísticos. 1.2 O Judô no Brasil e seus princípios Santos (2007) analisa que o judô no Brasil foi inserido no período de 1920 por meio da imigração japonesa no país, conquanto tenha sido realizado de maneira imprecisa e sem a inclusão de um sistema de planejamento, apesar de no Brasil ter aparecido eminentes lutadores, como Eisei Maeda, Takashi Saigo e Géo Omori. Salienta-se que no período em questão o judô era praticado de maneira individualista, sem que houvesse maior atenção em organizar um trabalho de solidez. O Brasil, entre os anos de 1924 e 1935, auferiu aproximadamente 190.000 imigrantes japoneses, tendo a maioria fixado-se em São Paulo, esta que consistiria no lugar de origem do judô brasileiro. (SANTOS, 2007) “Era tudo improvisado e os professores não seguiam qualquer tipo de método educativo, pois não possuíam formação pedagógica, de sorte que os brasileiros não conseguiam seguir disciplina tão ferrenha, além do misticismo que envolvia as aulas.” (SANTOS, 2007, p.16) 15 Neste período o judô consistia em uma prática poucamente conhecida entre as pessoas, onde era mencionado ju-jitsu ou mesmo o sistema Kano de ju-jitsu. No ano de 1940, observa-se que o judô iniciou um processo de disseminação no Brasil, e no ano de 1950, já se verificava um número expressivo de praticantes de judô, e, em 1958 ordenava-se a primeira Federação de Judô no Brasil, a Federação Paulista de Judô, tendo o senhor José Lúcio Moreira da Franca o título de primeiro presidente da federação, com duração no cargo por dez anos. Em conseguinte, estadosbrasileiros como Minas Gerais e Paraná ordenaram igualmente Federações de Judô, e, por meio da criação da Confederação Brasileira de Judô, no dia 16 de março de 1969, o judô no Brasil foi impulsionado, e, em momento posterior, a confederação afiliou-se à Federação Internacional e à União Panamericana de Judô. (ARAÚJO, 2005) Em dias atuais, o judô no Brasil é visualizado como um esporte notável, com respeito diante de todas as modalidades esportivas presentes no país, consistindo em um dos esportes que apresenta maior crescimento e destaque no que tange às competições de caráter internacional. Paralelamente, discorre-se que o judô, em suas distintas colocações, igualmente pode ser delineado como uma arte de combater sem o emprego de armas, e ainda como uma maneira potencial de o fraco superar o forte. (ARAÚJO, 2005) Nos princípios explanados pelo judô, Jigoro Kano enfatizou dois considerados como basais, Seiryoku Zenyo, ou seja, o melhor emprego da energia, além de Jita Kyoei, significando prosperidade e benefícios mútuos. (SANTOS, 2007) Entende-se, nesta fundamentação, que o princípio denominado de Seiryoku Zenyo foi ordenado fundamentado-se em uma análise realizada pelo filósofo japonês, reconhecido também como um principio voltado para a doçura ou da não resistência, ou mesmo ceder para vencer. O princípio Seiryoku Zenyo é inserido novamente mais ao físico, porém, em acordo à ideologia de Jigoro Kano este deveria ser aumentado igualmente ao plano intelectual, moral e espiritual. 16 Assim, o meio mais adequado para se conseguir a vitória não abarca um sistema de oposição de resistência à força, porém, contraditoriamente, abdicar visivelmente, habituar-se, desvirtuar seu desígnio e usar o mesmo em benefício próprio. Santos (2007) pondera que a prática de judô instrui a empregar ao máximo, e dentro de um âmbito de maior eficiência no que se refere á energia física e mental. Considera-se que este preceito é apropriado não apenas para o judô, mas, sobretudo, em todos os momentos e conjunturas do cotidiano das pessoas, sendo este significado transmitido a iniciantes e praticantes de judô, expondo todas as suas abrangências e incluindo-o como uma prática útil na vida de seus praticantes. (ARAÚJO, 2005) Assim sendo, pode-se analisar a presença no judô de nove princípios que constitui a essência do judô, estes que abalizam os meios de cursar um suave caminho, onde avalia-se que seus baldrames proporcionam maior compreensão acerca do processo de desenvolvimento do judô. (ARAÚJO, 2005) Santos (2007) insere como princípios do judô: Conhecer-se é dominar-se e dominar-se é triunfar; quem teme perder já está vencido; somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância, sabedoria e, sobretudo humildade; quando verificares que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso na aprendizagem; nunca te orgulhes de haver vencido um adversário. Ao que venceste hoje, poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se conquista sobre a própria ignorância; o judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar; o judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe ensinam e paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes; saber cada dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem, este é o caminho do verdadeiro judoca; praticar o Judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão, bem como o corpo a obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência. (SANTOS, 2007, p.18) Santos (2007) pondera que estes princípios demonstram o percurso do desenvolvimento das noções acerca da prática do judô, sendo denotado aos 17 princípios mencionados uma notável importância para os judocas, estes que inserem na prática e no cotidiano os preceitos discorridos no judô. Distintos materiais de caráter histórico demonstram o espírito e o escopo do judô que foi idealizado pelo fundador da prática, sendo explanada a atenção de Jigoro Kano de empregar adequadamente a inteligência e moderadamente a energia, sem desgastá-los desmedidamente, mesmo em situações em que o adversário, ou entraves que porventura possam vir a ocorrer, expor uma vitória simples e segura. Jigoro Kano em seus ensinamentos insere pautas que deveriam ser adotadas por todos os praticantes de judô, estas que versam: Vencer o hábito de usar a força conta força é uma das coisas mais difíceis do treinamento do Judô. Caso não se consiga isto, não se pode esperar progresso; a ideia de considerar os outros como inimigos só pode ser loucura e fonte de regressos; o Judô é uma arte e uma ciência. Ele deve ser mantido acima de toda escravidão artificial e deve ser livre de qualquer influência financeira comercial e pessoal; a medida que se progride no estudo do Judô, o sentido de confiança em si mesmo, base do equilíbrio mental, se desenvolve; o Judô pode ser considerado como uma arte, ou uma filosofia do equilíbrio, bem como um meio para cultivar o sentido e o estado de equilíbrio; a simplicidade é a chave de toda a arte superior, da vida e do Judô; o Judô deve existir para o benefício do homem e não o homem para o Judô. (SANTOS, 2007, p.19) Dentro destes preceitos enfatizados por Jigoro Kano pode-se notar o quão o judô abarca benefícios, tornando-se importante não somente inserir os conhecimentos na prática, mas, essencialmente, no sistema de formação do caráter, empregando todas estas circunstancias dentro do dia a dia. 1.3 O processo de aprendizagem do judô 18 Discorre-se, em linhas iniciais, que os mestres da escola Kodocan procuraram desde a ordenação do judô maneiras de asseverar um adequado desenvolvimento da aprendizagem, e, examina-se que no ano de 1920, os mestres que possuíam maior qualificação estabeleceram o que foi designado de cinco princípios voltados para o período de aprendizagem. (ARAÚJO, 2005) Santos (2007) menciona que cada período de aprendizagem abarca oito métodos, dentro de uma totalidade de quarenta, sendo, ministrado ao principiante a primeira técnica pertencente ao primeiro período, e no momento em que este mostrar que já apresenta domínio acerca da técnica, é transmitido a aprendizagem de outras técnicas seguintes. A agilidade deste desenvolvimento encontra-se relacionado, sobretudo da sua aptidão para assimilação e de sua competência para condicionar a uma prática estudada. (ARAÚJO, 2005) O processo de aprendizagem possui cinco ciclos, designados de Gokyonowaza, onde cada aprendiz demonstra determinadas preferências por alguns procedimentos, e com a prática vai se aperfeiçoando de maneira a se obter um melhor desempenho. “A prática do Judô por ser um esporte de características físicas e psíquicas, deve ser conduzida de forma a aumentar e reforçar características positivas, tais como: audácia, vontade, humildade, sociabilidade, tendência a superação, ao trabalho, ao estudo.” (CARRILO apud SANTOS, 2007, p.20) E, em contrapartida, a prática do judô diminui “tendências negativas, como complexos, orgulho, individualismo excessivo, agressividade.” (CARRILO apud SANTOS, 2007, p.20) Neste sentido, acredita-se que a prática de judô precisa ser realizada de maneira formativa, e, deste modo, precisa ser desenvolvida de maneira crescente, ordenada, pautando-se no respeito e adaptando à individualidade biológica daqueles que o praticam. No que tange ao processo de esportivização do judô avalia-se que este pode ser discorrido conforme dois fatores, um com um enfoque nas ideias de Jigoro Kano 19 em alusão ao judôcompetitivo, onde seu desígnio basal versa em promover o judô em âmbito mundial dentro de uma ótica educacional e de formação humana. O outro fator incide em examinar as fundamentações históricas do judô, tanto dentro da dimensão japonesa como no mundo em que o judô transcursou, e assim, compreender como o judô se delineou dentro das ocorrências das duas guerras mundiais, bem como os primeiros campeonatos de judô acontecidos até se alcançar uma categoria esportiva olímpica que incidiram no ano de 1964 no Japão e quais as transformações advieram a partir de influências de ordem políticas, econômicas e culturais até a situação que se verifica atualmente por meio de seu processo de institucionalização. (ARAÚJO, 2005) Segundo Araújo (2005) o judô começa a ser ensinado oficialmente nas escolas, onde as pessoas começam a ter vontade de se fortalecer a partir de uma arte voltada para o viver, pautada na sobriedade e disciplina. A figura a seguir demonstra o judô sendo ensinado como um meio de aprendizagem. 20 Figura 3 – Judô no processo de aprendizagem. Fonte: Santos, 2007, p.01. Acredita-se que a cultura do corpo e do espírito começa a consistir como uma necessidade, e, neste sentido, indica-se a atividade denotada de judô, visto que colabora em razão de seu valor interno, além de atuar como um meio de restauração de distintas artes marciais e como uma espécie de currículo nas instituições japonesas. Dentro desta perspectiva o judô é singularizado como uma arte de valor educativo. Como um procedimento voltado para a educação, o judô passa a ser entendido a partir de três procedimentos: 21 Método de luta: renovar o método didático tradicional de ju-jitsu que é o da transmissão de pensamento, explicando cientificamente a força da gravidade, segundo rigorosas leis da dinâmica, advertindo contragolpes baseados na força que contrariem tais leis. Método de educação física: treinar para se ter um desenvolvimento harmonioso de cada parte do corpo, evitando golpes perigosos. Método de Desenvolvimento Moral: dar importância à postura de respeito entre os aprendizes e transmitir a relação entre os ensinamentos da Moral e o judô. (ARAÚJO, 2005, p. 28-29) Assim sendo, diante destas explanações, coloca-se como importante discorrer a propósito das relações estabelecidas entre o judô, seu processo de aprendizagem e relevância dentro de uma perspectiva pedagógica, o que indubitavelmente justifica este estudo acadêmico. 2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO JUDÔ E SEU CARÁTER PEDAGÓGICO Paes (2006) inicialmente analisa que o esporte, compreendido como uma espécie de fenômeno sociocultural incide-se como, certamente, um dos mais relevantes acontecimentos ocorridos no início do século XXI, distinguindo-se, entre outros elementos, em razão de sua pluralidade, visto que novos conceitos acerca de sua prática surgem a cada dia. Dentro de distintas transformações acontecidas no esporte no que concerne às suas possibilidades, observa-se uma constância diante do enlevo que o mesmo incita, crescendo em proporções consideráveis e oferecendo aos praticantes uma 22 convivência mais adequada com este acontecimento, tornando-se, assim, importante, inserir ao esporte em si, um tratamento de caráter pedagógico. O esporte que se verifica atualmente passa por influências em distintos segmentos do conhecimento, colaborando para o processo em questão, como ocorre área de engenharia, que colabora por meio da construção de espaços físicos para a prática dos esportes, bem como a medicina, que, a partir da efetivação de diagnósticos e intervenções precisas coopera para com o esporte, a psicologia que na dimensão do esporte se insere como um segmento da pesquisa científica, a tecnologia, que abarca as ciências do esporte, com o escopo de angariar relevantes contribuições, ou mesmo a sociologia, que verifica no esporte um elemento facilitador para se analisar a respeito das teorias sociológicas. Seguindo esta abordagem, o esporte, igualmente como acontece com outros segmentos do conhecimento, associa-se às ciências, e, entre os diferentes contextos relativos às ciências que avaliam os conteúdos acerca do esporte, tem-se a pedagogia. No atual século pode-se perceber que o esporte não precisa ser abordado a partir de parâmetros simplistas, visto que se assim fosse concebido, sua prática estaria limitada às sequências pedagógicas de ordem técnica fundamentadas nos aspectos técnicos que se encontram atentos apenas com as funções de decomposição e reprodução de movimentos, conduzindo, deste modo, a prática esportiva apenas ao processo de iniciação, o que limitaria o oferecimento de uma aprendizagem esportiva. Assim, entende-se que o processo evolutivo do esporte recomenda uma prática pedagógica que apresente como primazia, além de técnicas e procedimentos onde a atenção basal consista na ação de quem realiza o gesto, incitando-o a apontar e resolucionar problemáticas, proporcionando a ordenação de novos gestos. De tal modo, a pedagogia do esporte encontra-se situada nos preceitos da iniciação, e, igualmente, no treinamento esportivo, educação formal e não formal, abrangendo, neste sentido, todos os segmentos da sociedade, com o escopo de promover a aprendizagem social. Paes (2006, p.01) pondera acerca da “a necessidade de dar ao esporte um tratamento pedagógico que consista em organizar, sistematizar, aplicar e avaliar 23 procedimentos pedagógicos nos processos de ensino-aprendizagem e treinamento esportivo. ” Assim sendo, este capítulo apresenta como escopo analisar as questões inerentes ao judô com seu caráter pedagógico, discorrendo a respeito de suas concepções e fundamentações basais, bem como analisando os preceitos arraigados à ludicidade no judô, de maneira que se compreenda a relevância das abordagens diante deste estudo acadêmico. 2.1 O judô e seu processo lúdico Em linhas iniciais pode-se compreender que a natureza do lúdico pode colaborar de forma indubitável no sistema para o desenvolvimento de ensino- aprendizagem do judô, cooperando expressivamente para o alcance de novos conhecimentos a respeito deste processo. (QUINTARELI, 2010) A ludicidade, atualmente, é compreendida como uma base essencial no processo de ensino-aprendizagem de judô, visto que estudos sobre o lúdico como colaborador para o desenvolvimento humano, vem aumentando em proporções consideráveis, onde pesquisadores passam a avaliar a amplitude do comportamento humano de modo que se encontre novos meios para a intervenção pedagógica como uma ação que beneficia todo este processo. (QUINTARELI, 2010) Entende-se que “qualquer que seja a atividade física, ela pode e deve ser lúdica, mas é de suma importância que oriente o aluno no sentido das descobertas de si mesmo, o que por si só é libertador, ao ampliar de forma considerável o seu mundo interno e sua existência. ” (SUGAI apud ARAÚJO, 2005, p.47) Contudo, essa ordenação de pesquisas de caráter científico acerca da ludicidade, embora ainda pouco efetivada, dentro do ambiente da sociedade, o entendimento sobre as questões lúdicas geralmente não é tão claro para a esfera educacional bem como todos os setores sociais, como organizações empresariais, 24 recreação, dentre outros, uma que se questiona em que consiste o lúdico e sua relação com a atividade de judô. (ARAÚJO, 2005) A ludicidade, neste sentido, incide em uma ação que apresenta um denodo educacional inerente, tendo sido empregada como um tipo derecurso pedagógico. Em acordo ao jogo, o lúdico, dentro de suas concepções apresenta uma definição de tal modo complexa, sendo compreendida como uma ação de caráter humano, não se restringindo a apenas uma espécie de determinismo essencialmente biológico. A elocução denominada lúdica possui uma natureza associada ao vocábulo latino “ludus”, que, dentro de uma percepção etimológica, que significa jogo, porém, se limitasse apenas a sua origem, a terminologia lúdica, estaria fazendo menção somente ao ato de jogar, de brincar, ou mesmo, à realização de um movimento espontâneo. (QUINTARELI, 2010) Assim, Araújo (2005) discorre que o preceito inicial parte do conceito dentro de um sentido lúdico da origem perto de uma infantilidade, demonstrando-se por meio de inúmeras e distintas formas de jogo, “algumas delas sérias e outras de caráter mais ligeiro, mas todas elas profundamente enraizadas no ritual e dotadas de uma capacidade criadora de cultura, devido ao fato de permitirem que se desenvolvessem em toda a sua plenitude as necessidades humanas inatas de ritmo, mudança, alternância. ” (ARAÚJO, 2005, p.48) O autor acrescenta que dentro desta acepção lúdica encontra-se uma atenção que almeja renome, decoro, preeminência e perfeição. Discorre que o jogo associa o advento lúdico de um modo geral, bem como este abarca-se na ação humana, e, a partir deste princípio, insere-se na conjuntura de uma totalidade humana. Assim, Araújo (2005) enfatiza que: O judô que compõe uma cultura, mesmo oriental, deve ter a ludicidade como ponte facilitadora da aprendizagem se o professor de judô pudesse repensar e questionar-se sobre sua importância, possibilitando ambiente propício para que o “espírito lúdico” ocorra, sabendo-se que a ludicidade 25 está ligada ao desenvolvimento da sociedade desde os tempos primitivos havendo o enriquecimento do conhecimento e do aprendizado de forma agradável. Não se trata de dominar o fenômeno lúdico através de conceitos, definições ou violações da intimidade lúdica, mas de garantir-lhe o espaço necessário para continuar sendo uma fonte de inspiração e de liberdade para o potencial criador da imaginação e da fantasia, para continuar sendo o tempo da alegria. No processo de ensino-aprendizagem, as atividades lúdicas ajudam a construir umas práxis emancipadora e integradora ao tornarem-se um instrumento de aprendizagem que favorece a aquisição do conhecimento em perspectivas e dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. O lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias, além disso, é uma importante ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais. (SANTIN apud ARAÚJO, 2005, p.48-49) Ainda conforme o autor, o lúdico dispõe de dois fatores que o distingue, estes que versam no prazer e no esforço espontâneo, este entendido como uma espécie de deleite em razão de sua aptidão para concentrar o ser humano de maneira clara e absoluta, ordenando um ambiente de sobressalto. É neste fator de envoltura de cunho emocional que o lúdico se transforma em uma ação com intenso conteúdo motivacional, que é hábil para produzir uma circunstância de oscilação e euforia. (ARAÚJO, 2005) Em face deste ambiente voltado para o prazer onde se desenvolve, a ludicidade consiste como um tipo de portadora de uma motivação inerente, direcionando as pujanças no sentido integral para conseguimento do escopo determinado. (QUINTARELI, 2010) Neste sentido, as ações de caráter lúdico passam a ser compreendidas como instigantes, e, igualmente, acabam por denotar um empenho espontâneo, onde as questões arraigadas à ludicidade são visualizadas como imaginação e ilusões que são estabelecidos como um crivo de conjuntos ordenados a partir de elementos simbólicos. De tal modo, segundo Araújo (2005, p.49) a ludicidade versa em uma “tecitura simbólica fecundada, gestada e gerada pela criatividade simbolizadora da imaginação de cada um. Brincar acima de tudo é exercer o poder criativo do imaginário humano construindo um universo, do qual o criador ocupa o lugar central, através de simbologias originais e inspiradas no universo real de quem brinca. ” 26 O lúdico consiste em uma obrigação basal relativa à personalidade, corpo e mente do ser humano, integrando ações fundamentais para o processo de dinâmica humana, distinguindo-se em razão de versar como natural, operacional e regular, onde acredita-se que nem todo elemento lúdico compreende-se como esporte, assim como todo esporte precisa ser conexo no aspecto lúdico. (QUINTARELI, 2010) O lúdico, para o autor, é observado como a atividade de brincar realizada pelo adulto, sendo uma probidade moral que condiciona o bom humor e jovialidade, tornando o convívio humano algo escarnecido e, logo, agradável. Dentro desta atmosfera que incide em alcançar uma maior convivência através da ludicidade, entende-se que o esporte teria a possibilidade de empregar esta modalidade com o intuito de promover o processo de ensino-aprendizagem, tornando-se importante a utilização da ludicidade nas aulas de iniciação do esporte de judô. (ARAÚJO, 2005) Avalia-se, no contexto, a existência de noções de cunho teórico acerca de brincadeiras e jogos, a respeito de ações lúdicas de um modo geral, com sua relevância no cotidiano das pessoas, sejam crianças, jovens ou mesmo adultos, com o intuito de incitar a inserção dos mesmos no âmbito dos esportes. Discorre-se que as atividades do judô lúdico consistem como oportunidades de socialização e influência mútua. Paralelamente, Quintareli (2010) analisa que o lúdico se apresenta como uma necessidade do corpo e da mente, sendo entendida como o principal elemento que coopera com o processo de aprendizagem. Assim, o docente em educação física que atua com a atividade de judô precisa reanalisar seus métodos de ensino, empregando o curso denotado de motricidade humana que pondera acerca do uso do lúdico como um aspecto que incentiva a efetivação de qualquer que seja a aula. É relevante, neste contexto, que o professor de educação física que opera no judô possua como estratégia a ludicidade, adotando uma função mais extensa a respeito de educar e incitar o desenvolvimento do educando, promovendo os três 27 segmentos intrínsecos aos comportamentos relativos à natureza do ser humano, de acordo com uma percepção pedagógica de cunho cognitivo, afetivo e psicomotor. Quintareli (2010) menciona que: A ludicidade é um fazer humano mais amplo, que se relaciona não a presença das brincadeiras ou jogos, mas também a um sentimento, atitude do sujeito envolvido na ação, que se refere a um prazer de celebração em função do envolvimento genuíno com a atividade, a sensação de plenitude que acompanha as coisas significativas e verdadeiras. A importância da ludicidade, como fator motivacional e incentivador, justifica um maior estudo sobre o seu uso como estratégia de ensino nas aulas de Judô para crianças, onde o professor deve questionar-se quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo maior de proporcionar aos praticantes de Judô um desenvolvimento globalizado e não apenas físico-técnico, transformando-os não em grandes campeões, mas em verdadeiros cidadãos. (BARROS apud QUINTARELI, 2010, p.08) A importância da reprodução do conteúdo de aprendizagem de qualquer índice de complexidade consiste-se como notável, como igualmente se protege os preceitos de que a monotonia de reprise da aprendizagem destina-se a ser promovida a partir da diminuição dos movimentosespecializados, quiçá dotadas de um maior prolongamento entre elementos e repetições das atividades. O enfado incitado em razão de respostas constantemente semelhantes consiste como um elemento nocivo ao processo de aprendizagem de um determinado embasamento técnico e a efetivação de ações lúdicas, colaborando para a ordenação de espaçamento considerado relevante que é estabelecido entre as atividades, e, logo, majorando de forma significativa o processo de aprendizagem. Segundo Sousa (2008) na ludicidade, o professor que se interessa em provocar mudanças, terá a possibilidade de encontrar no lúdico uma relevante metodologia, esta que colaborará para que haja uma diminuição nos elevados índices de falha em âmbito escolar, bem como evasão de alunos na escola. 28 Assim sendo, o lúdico torna-se educativo no sentido em que se categoriza como um elemento que incita a curiosidade no que tange ao ambiente em que se vive, de um modo geral. A figura a seguir explana o processo de ludicidade no judô. Figura 4 – A ludicidade verificada no judô. Fonte: Sousa, 2008, p.31. O emprego de atividades de caráter lúdico nas escolas pode vir a cooperar para uma melhoria nos resultados alcançados pelos alunos, e, de tal modo, estas atividades igualmente podem colaborar na procura por resultados positivos por parte dos professores que buscam por mudanças significativas no âmbito escolar. O lúdico possui valores singulares para todas as etapas da vida do ser humano, e, neste sentido, na fase infantil e na adolescência o escopo consiste como basicamente pedagógico, visto que nesta etapa as crianças e adolescentes 29 apresentam uma resistência, quase considerada natural, à escola e ao ensino, uma vez que não é visualizada como lúdica ou mesmo prazerosa. (SOUSA, 2008) Araújo. Sacco; Silva (2005) analisam que o emprego do lúdico nos preceitos iniciais do judô consistem em elementos basais para um processo de iniciação que observe sistematicamente a autonomia do indivíduo. Para Sousa (2008), a ludicidade aplicada às atividades inerentes ao judô consiste em um caminho que facilita a aprendizagem dos conteúdos judoísticos, estes que serão devidamente delineados por meio de desígnios estabelecidos pelos alunos e professores, estes denotados de senseis. A figura a seguir demonstra a realização de uma aula de judô com a inclusão da ludicidade. Figura 5 – Aula de judô ministrada com a aplicação da ludicidade. Fonte: Sousa, 2008, p.38. Deste modo, entende-se que toda a atividade que se encontrar dentro do alcance de crianças e adolescentes e, sobretudo, de maneira apropriada e 30 gradativa, faz com que seja possível uma adaptação de opções a respeito do esporte em si. “O desenvolvimento de metodologia de ensino na iniciação esportiva é um processo que envolve mais do que o ensino-aprendizagem de gestos motores, isto é, envolve uma pedagogia esportiva, ainda pouco explorada pela pesquisa e intervenção profissional. ” (ARAÚJO; SACCO; SILVA, 2005, p.01) O lúdico, conforme os autores incidem em uma importância para o desenvolvimento do ser humano, e, para o aprendizado, o lúdico torna-se um instrumento utilizado pelos professores para criar oportunidades que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem. Dentro dos preceitos tradicionais, observa-se que o ensino tem sido fundamentado em um processo de repetição de movimentos que acabam por restringir as probabilidades de alternativas que versam em decorrências do desenvolvimento da autonomia e argúcia no jogo. Neste contorno, avalia-se que inúmeros docentes se equivocaram ao assumir, como adequados, determinados modelos singulares acerca dos movimentos, como padrões ideais de realização de técnicas esportivas, especialmente na execução do judô. Para os autores em discussão, é importante compreender que o fato de ser distinto não significa que consista como equivocado, porém, pode ser compreendido como um meio de se obter escopos, e, consequentemente, resultados. No processo de iniciação esportiva é importante considerar estes fatores, avaliando e registrando o processo pedagógico, e, neste sentido, o emprego de técnicas corporais em prol da solução de problemáticas acerca de jogo versa em características principais em um processo de iniciação que considere sistematicamente a autonomia do sujeito. “Assim, toda a atividade que estiver ao alcance das crianças e adolescentes, de forma adequada e progressiva, torna possível a adequação de escolhas dentro o esporte. O que é simples para alguns pode ser complexo para outros, portanto, na medida do possível, a aprendizagem deve levar em conta o sujeito. ” (ARAÚJO; SACCO; SILVA, 2005, p.02) 31 Todavia, a essência do judô precisa atuar de forma a animar o judoca em todas as conjunturas cotidianas, e, assim, é necessário que se conquiste todos esforços para se obter os valores sociais fundamentados no judô, visto que uma metodologia que discorre acerca da ludicidade consiste no percurso para se resgatar estes valores de modo eficaz. Além disso, coloca-se, igualmente, apropriado que haja a inclusão de uma educação esportiva que seja capaz de incitar a cidadania e ética no processo de formação humana, o que pode ser alcançado por meio da introdução de sistemas inteligentes relativos ao judô dentro da iniciação esportiva. Salienta-se que as experiências pedagógicas passam a ser ponderadas como aspectos fundamentais para o ensino de um esporte pautado na qualidade. 2.2 O judô e a pedagogia do esporte Araújo (2005) analisa que os segmentos tradicionais se encontram propensos a valorizar o papel educativo do judô e seus preceitos pedagógicos simbolizados, dentro de sua percepção, em razão de seus ritos e formalidade, com a finalidade de resguardar a caracterização estabelecida entre o “verdadeiro judô” e o esporte propriamente dito, com significados traduzidos de maneira peculiar. O judô precisa ser ensinado, inicialmente, a partir de uma proposta voltada para a aprendizagem dos alunos em prol de ordenar convicções por meio de uma prática de conscientização, onde acredita-se que o relevante consiste em compreender os princípios de ordem filosófica, bem como “os movimentos e aprender a desenvolver estratégias para vencer a resistência de seu companheiro que está se movimentando e oferecendo resistência à sua frente durante todo o treinamento. ” (ARAÚJO, 2005, p.33) Assim, estas aulas precisam ser promovidas por meio de um ambiente agradável, apresentando elementos arraigados à coletividade e companheirismo, 32 inserindo ao bem-estar comum a função de convergir todo o processo de programação didática. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Na aprendizagem do judô, Araújo (2005) analisa que a criança tem a oportunidade de conhecer a si mesmo, diferenciar os defeitos e qualidades. Aprendendo, essencialmente, a disciplina e a vontade de esforçar-se, valorizando seus companheiros, com a transformação ocorrida entre os mesmos, fazendo com que o judô seja compreendido como uma alternativa viável para o condicionamento de energia dos alunos. Segundo o autor, o judô integral compreende em uma atividade que proporciona tudo o que os alunos procuram, porém, há que se salientar que os judocas que observam apenas as competições não são mais capazes de conhecer o elemento filosófico da arte em si, limitando-se ao conhecimento de um mínimo componente do judô. Acresce-se que Jigoro Kano, recomenda, por meio do judô, um caminho de abdicação no sentido de um aperfeiçoamento de carátermoral e espiritual, valorizando também os aspectos físicos e intelectuais, como um meio de se colaborar no processo de formação do ser humano. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Nos sistemas metodológicos de ensino que são inseridos ao judô, pode-se observar uma predominância do modo de comando, estilo este tendo sido caracterizado como de comando, descoberta guiada e descoberta convergente. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Este tipo de avaliação faz menção aos conteúdos das afirmações acerca da metodologia de ensino que é aplicada no judô, onde as aulas passam a ser ministradas de maneira mais objetiva, e, de tal modo, o judoca acaba percebendo a relação que pode existir entre a prática e a vida cotidiana. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Paralelamente, Araújo (2005) pondera que: As raízes do ensino tecnicista sustentam um ideário conservador, uma concepção de esporte para poucos e por isso torna o ensinar e o aprender um processo desgastante e penoso, já que a realização objetiva do esporte é a vitória (a incessante busca pela vitória nesse processo desgasta). Historicamente o esporte se associa a processos de trabalho repetitivos, 33 reforça a alienação e o estranhamento (relação trabalhador-produto) e camufla o sofrimento por meio dos êxitos nas competições. Nessa perspectiva, busca-se novo caminho para a pedagogia do judô em que favoreça a formação humana dos alunos e a consciência da essência filosófica dessa arte, que vem perdendo seu significado pela institucionalização em virtude de fundação e organização de Federação e Confederação que tem como objetivo central: os resultados de competições em detrimento do processo pedagógico que o judô pode oferecer em sua totalidade. Assim, o judô foi fragmentado em função do interesse do esporte de alto rendimento: competir sem nenhum significado educacional em função dos interesses capitalistas. (ARAÚJO, 2005, p.34) Nos baldrames analisados pelo autor, entende-se que o judô versa em uma espécie de força que arraiga interessados a cada dia, compreendendo assim em um produto seleto que se encontra presente na mente ocidental e atua em acordo às finalidades alvitradas, ou seja, constrói vencedores a partir de competições. Assim sendo, o judô esportivo precisa ser reavaliado visto que beneficia um ínfimo segmento da sociedade, onde observa-se que aqueles que apresentam maiores condições de pagar pela prática do esporte em questão, ou mesmo que recebem bolsas de estudos em razão dos resultados positivos obtidos em campeonatos federados, e, neste sentido, passam a ser inseridos ao esporte. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Dentro do âmbito escolar, no momento em que o judô é sistematizado, e seu ensino é célere atuando, geralmente, como uma prática que condiciona os professores a procurar em distintas metodologias de ensino, acaba por ordenar uma prática pedagógica que combina com a realidade da escola, ou seja, compreende-se que o ensino-aprendizagem do judô nas escolas se coliga a uma luta denotada de judô, inutilizando assim determinadas singularidades em sua integralidade. (OTÁVIO, WEISS, 2004) “Verificando essas duas realidades, tanto escolar como nas academias, foi que surgiu a proposta de uma unidade de ensino do judô para a formação humana. Nessa unidade seria necessário não apenas transmitir e ensinar técnicas do judô com vistas a competições, mas transformá-lo didaticamente. ” (ARAÚJO, 2005, p.35) Esta percepção abarca um entendimento e a importância de transformações de concepções, denodos e escopos, onde este curso ocasiona em uma análise 34 dialética acerca do esporte, crescendo-se em prol de um significado único a respeito do ensino-aprendizagem do judô. Concebendo o judô a partir de sua totalidade e como um esporte, percebeu- se a probabilidade de incluí-lo como um projeto de caráter escolar, proporcionando novas direções pedagógicas para o ensino do judô por intercessão dos interesses e colaborações da participação da sociedade para o desenvolvimento efetivo desta prática. Assim sendo, Araújo (2005) pondera que o processo educacional no judô apenas acontecerá no momento que o corpo docente em associação com os pais passarem a ter maior consciência da ocorrência de um processo pedagógico em um período médio e longo, proporcionando, deste modo, alternativas para os judocas. Logo, o judô nas escolas começa a ser compreendido não apenas como um discurso utópico e idealizador, mas sim uma prática de realização efetiva da realidade, sobrepujando obstáculos e dificuldades. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Acredita-se que o judô apresenta a basal potencialidade de ser incluído na pedagogia do esporte, onde entende-se que o esporte escolar consiste em um suplemento da educação física escolar, esta de cunho mais regular, todavia, observa-se que o jogo e o esporte ordenam uma espécie de unidade de ensino. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Araújo (2005, p.35-36) avalia que “o judô, como iniciação esportiva para os estudantes, forma junto com a sua prática social (academias, clubes, condomínios etc) e a Escola uma unidade de ensino e é essa a busca para a (re) significação do judô de uma forma geral. ” O autor menciona que como uma prática pedagógica, os jogos associados ao lúdico podem vir a consistirem como elementos fundamentais para o processo de ensino aprendizagem no sistema de iniciação do judô. A figura a seguir explana o judô concebido a partir de uma prática pedagógica. 35 Figura 6 – O judô como uma prática pedagógica FONTE: Araújo, 2005, p.36. Entende-se que a procura pela valorização do ser humano arraigado à percepção de que o esporte pode apresentar um papel educativo e inclusivo, incide em uma nova visão acerca do ensino em prol do esporte por meio de jogos que possuam a finalidade de priorizar o processo de formação humana, e, dentro da pedagogia do judô, pode-se observar uma preocupação constante a respeito da prática pedagógica do ensino do esporte com sua relevante colaboração para a sociedade de um modo geral. (OTÁVIO, WEISS, 2004) 36 Na prática pedagógica do judô há que se considerar questões inerentes à pedagogia do esporte, que, por distintas ocasiões, pode ser enleada com a educação física, mas que, sobretudo, ainda versa em um segmento genuíno com expressivo potencial de desenvolvimento. E, com o escopo de alçar novas direções, a pedagogia do esporte transcursa e é embasada por meio da inclusão de uma educação física de qualidade, ou seja, o artefato curricular precisa de um setor de base, um ambiente para o esporte, onde o desenvolvimento é explanado a partir de uma unidade educacional, que abarca a educação física e escolar. Neste sentido, a pedagogia do judô, igualmente em índice de desenvolvimento e ordenação, segue estes preceitos da pedagogia do esporte, com a possibilidade de colaborar de maneira efetiva com o sistema de ensino do esporte como um componente coligado e integrado da educação física. (OTÁVIO, WEISS, 2004) A partir do momento em que a pedagogia do esporte alvitra a inclusão de uma unidade de ensino educacional, o judô, por meio de seus fundamentos culturais e educativos, poder-se-á vir a consistir em uma das categorias esportivas a constituir o grupo do esporte, recebendo assim uma atuação pedagógica em seu processo de ensino-aprendizagem para a iniciação ao esporte por parte dos alunos interessados em praticar a atividade designada de judô. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Outra questão discorrida por Araújo (2005) incide no rendimento pessoal e profissional, estes que precisam ser buscados pela pedagogia do esporte com o intuito de ser capaz de colaborarcom os estudantes que se sobressaem e, logo, interessam-se pelo esporte em tese. Deste modo é necessário promover maior densidade às concepções acerca do rendimento, visto que além da combinação comum ao trabalho desgastante, competidor e de consternação para se obter resultados satisfatórios, o rendimento apresenta uma amplitude humana de procura conscienciosa de concretização completa, “de esforço permanente da qualidade da atividade. Isto não significa privilegiar, segregar e selecionar a partir da educação física realizada na escola, mas criar novas oportunidades de ensino, de acesso e permanência no esporte. ” (ARAÚJO, 2005, p.37) 37 Araújo (2005) acrescenta que: O rendimento também é o resultado do aprendizado e da evolução de qualquer esporte, o judô pedagogicamente trabalhado enfatiza e valoriza o rendimento dos judocas na perspectiva da totalidade humana em seus aspectos educacionais, sociais, e de aprimoramento das técnicas, aliando a todos os setores ou grupo sociais contribuindo para a formação da cidadania dos alunos. Não obstante, o rendimento não é caracterizado em formar “atletas máquinas”, programados para ganhar, mas sim atletas humanos, criativos, questionadores, conscientizadores da sua prática e de sua função na sociedade. (ARAÚJO, 2005, p.37-38) O autor ainda menciona que o esporte escolar não compreende uma extensão da educação física, onde o papel do esporte que é planejado de forma estratégica pode vir a cooperar para com a educação dos alunos, a partir da ordenação de um projeto pedagógico integral que procure a formação humana dos alunos. Além disso, o autor discorre que o esporte de cunho não escolar que é praticado em clubes, academias e associações, igualmente incide como educativo, e, de tal modo, pode ser inserido dentro do sistema de educação esportiva. Por meio destas probabilidades e realizando um paralelo com o judô, é relevante que se conscientize tanto as pessoas que atuam no ambiente escolar, como àqueles que trabalham em clubes ou academias, que o judô pedagógico, “no qual busque a formação humana através do seu embasamento filosófico e prático que influencia e participa para a transformação da sociedade podendo ser incluído no ensino-aprendizagem dessa modalidade japonesa que busca o autoconhecimento e desenvolvimento dos valores humanos dos alunos.” (ARAÚJO, 2005, p. 38) Assim sendo, o esporte pode ser oferecido em dimensão gradativa para os alunos, e não apenas como uma extensão da educação física, tornando-se um acessório fundamental no processo de formação humana. Neste sentido, Araújo (2005) analisa que: 38 A arte do judô e o esporte podem formar uma unidade que valorize os princípios dessa arte bem como o aspecto educativo que o esporte re- significado pode proporcionar para a formação humana. Contudo, no Ocidente o judô ganhou uma forma esportiva independente dos princípios que seu fundador sempre pautou, ou seja, os pilares éticos e morais do Suave Caminho. [...] arte ou competição, em dado momento, se torna um conflito para quem se dedica a ensinar a arte do Judô. Entendendo que dentro da área de educação física os conhecimentos relativos ao ensino dos esportes pertencem à pedagogia do esporte, essa pedagogia é responsável pelo desenvolvimento de metodologias adequadas para atividades individuais e / ou coletivas. Nesse desenvolvimento, deve-se levar em consideração que as turmas são heterogêneas com finalidades e interesses diferentes, ou seja, nem todo aluno quer ser atleta, por isso o professor deve priorizar a totalidade da realidade. (ARAÚJO, 2005, p.38) O escopo do esporte escolar não versa no processo de formação de atletas, mas, essencialmente, na formação humana de cidadãos, e, o judô, dentro deste preceito da pedagogia do esporte como uma categoria, integraria o currículo em dimensão escolar, sem que haja uma fragmentação de seu processo de ensino. (OTÁVIO, WEISS, 2004) O curso encontra-se no planejamento do projeto político pedagógico da escola, provindo da ação do professor de que o esporte escolar tem a possibilidade de ser efetivado externamente ao meio escolar, como clubes, associações e ambientes apropriados para sua adequada prática. Entende-se que esta inclusão somente poderá ser realizada na situação em que o professor abordar o esporte por meio de seu caráter pedagógico, alertando a comunidade, de um modo geral, acerca da importância da educação esportiva, atuando de forma a persuadir os proprietários de clubes que a iniciação ao esporte pode ser proporcionada para a obtenção de conhecimentos em prol da formação do ser humano, sem deixar de avaliar o rendimento, mas, essencialmente, abordando de forma pedagógica o ensino-aprendizagem do esporte, ou seja, o judô. Assim, não se menciona apenas a prática do judô em si, mas o ensino e o entendimento por parte dos alunos, fazendo com que os judocas se tornem decisivos, inventivos e portadores de maior consciência acerca do mundo global, doutrinando esporte a partir das bases da compreensão. 39 Destarte, a função do professor compreende-se como essencial dentro deste processo, onde acredita-se que se não há a existência de um ponto de vista de uma intervenção ativa no ambiente metodológico, necessariamente não se observa a possibilidade de se conservar o vínculo do esporte escolar em um ambiente externo à escola. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Araújo (2005) analisa que como um suplemento da educação física, o esporte escolar não pode ser concebido como apenas o ato de realizar, nem também ser um processo de direcionamento aos alunos que apresentarem maior destaque nas aulas de educação física. Atualmente, a partir das possibilidades de se planear o sistema de política social do esporte, este modelo, mesmo que ainda discutido constantemente, integra uma nova concepção, de um novo período para a educação no Brasil. “Na mesma direção cabe salientar que o caráter de currículo ampliado desdobrado a partir das ênfases citadas, ora na educação física, ora no esporte escolar deve ter continuidade no processo sob pena de se perder caso a fragmentação vença a perspectiva unitária. ” (SADI apud ARAÚJO, 2005, p.39) Esta situação ocasiona em um indeferimento acerca do esporte escolar como uma espécie de atividade de caráter extracurricular, visto que não se pode analisá-la como externa ao currículo no momento em que se concebe a integralidade, sendo “antes o currículo é o rumo das possibilidades concretas dos estudantes e como um bloco heterogêneo e amplo destas possibilidades só pode agregar se os temas educativos forem tratados de forma inclusiva, não exclusiva. ” (SADI apud ARAÚJO, 2005, p.39) Assim sendo, acredita-se na possibilidade de inserção do judô inclusivo dentro da visão ponderada, tornando-se, neste sentido, um componente integrante do currículo escolar. 40 2.3 O processo de ensino-aprendizagem do judô por meio da realização de jogos Araújo (2005) inicialmente discorre que no processo de ensino-aprendizagem do judô é necessário que haja compreensão, da finalidade e avaliação para uma prática pedagógica estabelecida previamente. Os jogos, nas aulas de judô, precisam ser recomendados sem que se desperdice a base central das aulas, impetrando, deste modo, maior qualificação por parte dos professores, visto que o jogo aparece com o intuito de promover uma combinação entre o desenvolvimento da aprendizagem. Todavia, o judô consiste ainda como o elemento basal e, neste sentido, o jogo versa na colaboração para ordenar o contexto das aulas. (OTÁVIO, WEISS, 2004)Os jogos, segundo o autor, precisam ser empregados como uma espécie de alvitre de caráter pedagógico apenas no momento em que a programação das aulas permitir e na ocasião de se compor como uma assistência eficaz à obtenção de um desígnio que esteja ligado aos preceitos do judô. Araújo (2005) menciona que a ordenação de um determinado programa precisa ser antecedida de noções acerca de jogos específicos para cada preceito relacionado ao judô, uma vez que este surge por meio de uma proposta pedagógica aplicável, dentro de fundamentos pautados na intenção crítica de conservar estes programas, modificar ou mesmo substituir os mesmos por outros em situações em que ocorrer um distanciamento dos escopos que foram propostos inicialmente com a elaboração dos programas em questão. Destarte, acredita-se que o jogo, inserido ao processo de ensino- aprendizagem apenas regulariza-se efetivamente quando empregado no momento adequado, sendo determinada em razão de seu cunho provocativo, bem como pelo interesse do aluno de judô ao objetivo alvitrado. (OTÁVIO, WEISS, 2004) A inclusão do jogo no sistema de ensino-aprendizagem, segundo Araújo (2005), nunca deve ser feita em um momento anterior à revelação do educando no 41 que tange à maturidade e disposição para alcançar os objetivos, sem se preocupar com cansaço e resultados. Araújo (2005) explana que: Nas aulas de judô na perspectiva para o ensino, a utilização dos jogos é de suma importância, porque sua definição é complexa em seus termos conceituais, sendo importante considerar o jogo em sua significação primária. O jogo é uma função da vida, mas não é passível de definição exata em termos lógicos, biológicos ou estéticos. Contudo, o jogo favorece funções importantes nas realizações das relações e atividades humanas em diferentes ocasiões como no trabalho, lazer, como estratégia ou conteúdo de ensino-aprendizagem no ambiente educacional e nas outras esferas do cotidiano, ou seja, o jogo relaciona-se com a cultura acompanhando as transformações ocorridas no processo de desenvolvimento de um povo. (ARAÚJO, 2005, p.40-41) O autor menciona que o jogo fez com que distintos pesquisadores se interessassem por sua origem e singularidades, onde verifica-se que anteriormente houve uma dificuldade em se estudar os jogos e que, diante disto, tornaram-se fontes de inúmeros trabalhos. Assim sendo, pode-se observar o levantamento de distintos questionamentos acerca dos jogos, como a maneira com a qual o jogo se concretiza, o local onde se realiza os jogos, o momento de se jogar, a finalidade do jogo, instruções acerca do modo como se joga, dentre outras questões. Conseguir responder à estas questões corresponde à inclusão de maior motivação para os pesquisadores do assunto, uma vez que os mesmos passam a ter maior conhecimento dentro deste ambiente, revisando, deste modo, concepções propostas e fundamentos a propósito da realização do jogo. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Discorre-se que “O jogo tem a propriedade de trazer as experiências do mundo exterior para o espírito humano, de maneira que, jogando com elas, a cultura possa ser criada, revista, corrigida, ampliada, garantindo o ambiente de nossa existência. ” (FREIRE apud ARAÚJO, 2005, p.41) 42 Em face a este preceito é que estudos de diversos pesquisadores acerca da finalidade dos jogos inserido na sociedade apresentam semelhanças comuns no que concerne à caracterização dos jogos. Araújo (2005) menciona elementos usuais que conectam a procedência dos jogos: 1 - Liberdade de ação do jogador ou o caráter voluntário, de motivação interna e episódica da ação lúdica; prazer (ou desprazer), futilidade, o “não- sério” ou efeito positivo; 2 - regras (implícitas ou explícitas); 3 - relevância do processo de brincar (o caráter improdutivo), incerteza de resultados; 4 - não-literalidade, reflexão de segundo grau, representação da realidade, imaginação; 5 - contextualização no tempo e no espaço. (KISHIMOTO apud ARAÚJO, 2005, p.41-42) Logo, há que se salientar que estas especificidades é que são capazes de apontar os elementos que competem à basal origem dos jogos, consistindo o jogo como um meio empregado como conteúdo ou mesmo estratégia em prol do ensino relacionado ao desenvolvimento do conhecimento e mesmo aprendizado, tornando- se de extrema relevância sua utilização nas aulas de iniciação do esporte de judô, sobretudo na etapa infantil, com o escopo de incitar o interesse pelo aspecto lúdico dos alunos, o que acaba por colaborar no processo de assimilação epistemológica do conhecimento. (ARAÚJO, 2005) Acerca dos procedimentos empregados para o ensino de jogos focados no judô, são incluídas concepções discutidas nas teorias da pedagogia do esporte, que possui o desígnio de alcançar o conhecimento e entendimento em relação ao esporte em si, não se limitando apenas à sua execução técnica. As desenvolturas dos judocas precisam ser compreendidas através das noções que os mesmos já possuem a respeito do conteúdo a ser abordado, como em situações de amortecimento de quedas, rolamentos, saltos, lutas, dentre outros pontos, o que, consequentemente, estimula-se o jogo para a aprendizagem. O que se entende é que o aprendizado surge a partir da realização concreta do jogo, e, observa-se a vontade dos alunos em praticar o jogo, sem que haja a 43 necessidade dos professores inicialmente explicarem a técnica executada no jogo para, posteriormente, jogá-los efetivamente. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Assim, “esta relação pode ser modificada pela aprendizagem através de jogos com regras adaptadas, muito próximas dos fundamentos do judô, que podem estimular a participação dos alunos por serem menos complexas e adequadas às suas possibilidades e nível de compreensão.” (ARAÚJO, 2005, p.42) Por meio de uma percepção voltada para o ensinamento de jogos pelos entendimentos, acredita-se que os docentes precisam estimular os discentes a raciocinarem acerca do jogo, e, depois, majorar estes alunos em razão de sua compreensão. (OTÁVIO, WEISS, 2004) Dentro desta fundamentação avalia-se o jogo como um meio de se intervir pedagogicamente em prol do desenvolvimento e aprendizagem do judô, e, deste modo, a função dos senseis, ou seja, professores, consiste inicialmente em “conhecer a prática social de seus alunos para estimular o ensino-aprendizagem, valorizando o que os alunos já sabem para alcançar e superar novos conhecimentos através de mediadores do ensino, isto é, buscando aprender facilmente fundamentos novos para sua vida, com o aumento da sua assimilação.” (ARAÚJO, 2005, p.42) Esta é a finalidade dos jogos, que se apresentam como um instrumento de interação de desenvolvimento que passa a ser denotado como área de desenvolvimento proximal. Sobre esta zona de desenvolvimento proximal, Araújo (2005) discorre: A zona de desenvolvimento proximal refere-se ao caminho que o individuo vai percorrer para desenvolver funções que estão em processo de amadurecimento e que se tornarão funções consolidadas estabelecidas no seu nível de desenvolvimento real. Portanto a zona de desenvolvimento proximal é um domínio psicológico em constante transformação: aquilo que uma criança é capaz de fazer com assistência hoje, ele será capaz de fazer sozinha amanhã (VYGOTSKI apud ARAÚJO, 2005, p.43) 44 Segundo o autor o jogo beneficia os momentos favoráveis ao processo de aprendizagem do judô, visto que emprega métodos que os alunos se interessam, e, deste modo, acabam por aprender jogando. Neste sentido, os jogos incidem em um ambiente vantajoso para a inclusão
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