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Política Nacional de Meio Ambiente - História e Conceito.pdf

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Ministério do Meio Ambiente 
PROGRAMA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO DE GESTORES AMBIENTAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO - ESTRUTURAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL 
 
MÓDULO 1: POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasília, 2016 
2 
 
República Federativa do Brasil 
Presidente: Michel Temer 
 
Ministério do Meio Ambiente 
Ministro: José Sarney Filho 
 
Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental – SAIC 
 
Diretor do Departamento de Educação Ambiental - DEA 
Renata Rozendo Maranhão 
 
Diretor - Presidente da Agência Nacional de Águas - ANA 
Vicente Andreu Guillo 
 
Coordenadora de Capacitação do SINGREH 
Taciana Neto Leme 
Equipe técnica do Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais- PNC 
Luciana Resende 
Neuza Gomes S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
 
Organização 
Elmar Andrade de Castro - ANA 
Luciana Resende - MMA 
Neuza Gomes da S. Vasconcellos - MMA 
Carla Silva Sousa (Estagiária - MMA) 
 
3 
 
Concepção do material original 
Tereza Moreira 
 
Texto e revisão de conteúdo original 
Luciana Resende 
Neuza Gomes da S. Vasconcellos 
Carla Silva Sousa (Estagiária) 
 
Revisão e colaboração 
Nilo Sérgio de Melo Diniz – DEA 
José Luis Xavier - DEA 
Miriam Miller - FNMA 
Neusa Helena Rocha Barbosa – DEA 
Maria Mônica Guedes - DSIS 
 
 
 
 
 
 
 
Este material foi produzido no âmbito do Programa Nacional de Capacitação de 
Gestores Ambientais, com apoio da Agência Nacional de Águas- ANA, com base no 
volume 1, do Caderno de Formação PNC. 
 
4 
 
SUMÁRIO 
Apresentação ........................................................................................................................................ 5 
Capítulo 1: Gestão Pública Sustentável ........................................................................................... 6 
A emergência da questão ambiental .................................................................................................. 6 
Municípios sustentáveis .................................................................................................................... 11 
Em resumo ........................................................................................................................................ 18 
Capítulo 2: Gestão Ambiental Descentralizada e Integrada ........................................................ 20 
SISNAMA: concepção e origens..........................................................................................................20 
Composição do SISNAMA .................................................................................................................. 23 
O meio ambiente na Constituição Federal.........................................................................................32 
Gestão ambiental compartilhada ...................................................................................................... 36 
Em resumo ........................................................................................................................................ 38 
Capítulo 3: Gestão Ambiental Municipal ......................................................................................... 39 
Um cenário da gestão ambiental municipal no Brasil ....................................................................... 39 
Elementos para a estruturação da gestão ambiental local ............................................................... 42 
Uma estrutura compatível com as necessidades municipais ........................................................... 48 
Recursos humanos: sujeito e objetivo da gestão .............................................................................. 51 
O papel da participação social na gestão do meio ambiente ........................................................... 55 
Em resumo ........................................................................................................................................ 57 
Referências ............................................................................................................................................ 59 
 
5 
 
APRESENTAÇÃO DO CURSO 
 
Os três módulos que compõem esse curso fornecem linhas gerais para o 
fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente em sua inter-relação com os 
demais instrumentos e atores da gestão municipal. O material didático foi concebido 
para trabalhar conceitos não apenas de forma discursiva. Por meio de exemplos e 
exercícios, pretende-se promover sucessivas aproximações das pessoas com a 
realidade local, no sentido de qualificar a sua atuação. 
Diante de uma perspectiva de capacitação descentralizada e voltada a atender 
cada realidade específica, vale lembrar que há liberdade para se buscar informações 
e para criar metodologias que melhor atendam às suas necessidades. Os materiais 
produzidos pretendem apontar caminhos, fornecer sugestões e indicar possíveis 
fontes de consulta para que as pessoas e os grupos busquem respostas às questões 
suscitadas pela prática. 
O Módulo I reflete a importância da gestão ambiental municipal e mostra qual 
é a estrutura do SISNAMA em âmbito federal, estadual e municipal. 
O Módulo II mostra os principais passos para a estruturação dos órgãos que 
compõem o Sistema Municipal de Meio Ambiente. Discorre também sobre as formas 
de se reunir recursos destinados às ações na área ambiental. 
O Módulo III trata das diferentes escalas de planejamento municipal, com 
ênfase no planejamento microrregional e setorial, considerando os níveis de 
integração a serem concretizados em torno de um projeto de desenvolvimento 
sustentável para a comunidade e a região. 
Todos os módulos contêm a legislação referente aos temas desenvolvidos, 
trazem explicações sobre termos técnicos e fornecem dicas de onde obter mais 
informações. 
 
Bom estudo a todos a todas! 
6 
 
 
 
CAPÍTULO 1: GESTÃO PÚBLICA SUSTENTÁVEL 
 
Neste capítulo, vamos estudar a questão ambiental a partir de uma breve 
perspectiva histórica que fundamenta a noção atual de sustentabilidade em âmbito 
global e em suas implicações na escala local de atuação. Vamos começar? 
 
A emergência da questão ambiental 
 
No Brasil, o tema ambiental tornou-se mais evidente em um cenário de rápido 
crescimento da economia, o chamado “Milagre Econômico”, dos anos de 1970. Nesse 
período, o País vivenciou o aumento do Produto Interno Bruto- PIB, melhorias na 
infraestrutura e elevação do nível de industrialização. Apesar do incremento na área 
econômica, a desigualdade social intensificou-se. Nesse contexto, o discurso oficial 
da ditadura militar brasileira propunha primeiro “fazer o bolo crescer, para depois 
dividi-lo”. Além disso, não era preconizada a precaução contra os impactos gerados 
pelas atividades produtivas nem as limitações dos recursos naturais. 
 
 Além da reação de alguns segmentos da sociedade ao modelo de produção e 
consumo vigente, tal como o movimento ambientalista, os países industrializados 
começavam a perceber que o crescimento econômico ilimitado tinha um preço duplo. 
De um lado, o esgotamento dos recursos naturais, de outro, a poluição. 
Representantes desses países, queriam discutir formas de desenvolvimento. 
7 
 
 
Em 1972, na cidade de Estocolmo, Suécia, pela primeira vez, uma conferência 
das Nações Unidas dedicava-se a debater os problemas ambientais em âmbito 
mundial. Trata-se da Conferência da Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. 
De acordo com Milaré (2007), a posiçãodefendida pelo Brasil era a do “crescimento 
a qualquer custo”. A fundamentação era a de que as nações subdesenvolvidas e em 
desenvolvimento não deveriam destinar recursos financeiros para a proteção 
ambiental, ou mesmo conter as suas taxas de crescimento, devido aos graves 
problemas socioeconômicos que vivenciavam e que, por isso, a degradação 
ambiental seria um mal menor. 
 
Ainda assim, setores minoritários do governo brasileiro, à época, aproveitaram 
a repercussão negativa da posição brasileira, para propor a criação da Secretaria 
Especial do Meio Ambiente – SEMA (1973), ligada diretamente à Presidência da 
República, tendo como primeiro titular o professor Paulo Nogueira Neto, da 
Universidade de São Paulo. 
 
 
 
Degradação da qualidade ambiental resultante das atividades que direta ou
indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população,
criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, afetem
desfavoravelmente a biota, afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente, e lancem materiais ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos
(BRASIL, 2004, p. 251).
Poluição
Termo usado para qualificar os processos resultantes dos danos ao meio
ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem algumas de suas propriedades,
tais como a qualidade ou a capacidade produtiva dos recursos ambientais
(MILARÉ, 2007, p. 1239).
Degradação Ambiental
8 
 
Na década de 1980, alguns impactos dessa forma autoritária de se governar e 
pensar o ambiente e o desenvolvimento tornaram-se mais visíveis. Exemplos típicos 
são o município de Cubatão, em São Paulo, e a Baía da Guanabara, no Rio de 
Janeiro. Dois locais de grande beleza cênica e que à época foram totalmente 
desfigurados pela sobreposição do econômico sobre a qualidade de vida. Apesar de 
avanços, até hoje, essas localidades são estigmatizadas pelos problemas ambientais 
e sociais gerados desde então. 
 
Outro exemplo desastroso desse período foi a política de expansão da fronteira 
agropecuária sobre o território e os povos da Amazônia. Sob o lema “integrar para não 
entregar”, a ditadura promoveu uma ocupação que incrementou o desflorestamento e 
a violência contra populações locais, tradicionais e indígenas. Incentivou-se um 
grande movimento migratório de agricultores do Sul e Sudeste do país, que não 
tinham familiaridade com o ambiente florestal. O intuito era, na verdade, minimizar os 
conflitos agrários naquelas regiões. Grileiros e especuladores de terras aproveitaram 
para avançar sobre o território daquelas comunidades tradicionais. Mesmo com a 
resistência de seringueiros que realizavam “empates” (atrasos e obstruções) às 
derrubadas na floresta, desde 1976, os grandes desmatamentos assustaram o mundo 
a partir de 1988, com as primeiras imagens de satélites (ALLEGRETTI). 
 
Casos como esses se repetem em outras situações urbanas e rurais. Desde a 
Conferência de Estocolmo, colhemos efeitos dessa ideologia do crescimento a 
qualquer preço. De certo modo, o bolo cresceu, à custa de opressão e destruição e 
por isso mesmo, não foi dividido: o aumento da pobreza e do desnível socioeconômico 
somaram-se ao aumento da poluição e à crescente escassez de recursos naturais. 
Hoje, já não se pode dizer que os problemas sociais e ambientais afetam apenas os 
municípios e regiões mais populosas do país. Eles estão presentes no dia a dia de 
quase todas localidades. 
 
 
E quanto ao seu município. Quais questões socioambientais são mais 
evidentes na sua comunidade? 
 
9 
 
 
 
Para Refletir
Faça um diagnóstico socioambiental da localidade em que você vive.
Primeiramente, marque um ponto no mapa onde está seu município e, após isso,
responda as seguintes perguntas:
Seu município ou região sofreu algum impacto socioambiental a partir das políticas
daquele período do governo militar, ou mesmo, atualmente, em consequência do
"desenvolvimentismo"? Se sim, descreva brevemente.
Em que bioma e bacia ou região hidrográfica ele se situa? A água é farta e de boa
qualidade? Existem disputas pelo seu uso? Há assoreamento de lagoas, córregos e
outros cursos d’água?
Quantos habitantes vivem na área urbana e na área rural?
Há serviços de saúde e educação pública de qualidade?
Há opções de lazer em áreas verdes? Existem áreas protegidas de forma especial, por
exemplo, Reserva Extrativista ou Área de Proteção Ambiental?
O que se faz com os resíduos gerados pelas atividades industriais, agrícolas ou
urbanas? Existem aterros sanitários?
Para onde vai o esgoto das residências?
Para onde vai o esgoto da empresas?
No seu município existe alguma Estação de Tratamento de Esgoto - ETE?
O solo é fértil ou está empobrecido? Há poluição por agrotóxicos?
Existem disputas em torno do uso do solo, com a ocorrência de grupos de
trabalhadores sem-terra ou grupos sem-teto? Há crianças de rua, favelas, ocupações
irregulares?
Há populações que foram desalojadas pela construção de grandes obras ou que
perderam seu meio de vida por causa de desmatamento, pesca excessiva, poluição
das águas?
A polícia registra muitos casos de violência?
Quais são as principais forças sociais vinculadas a esses temas atuantes no município?
Há associações, sindicatos, outros tipos de organizações?
Agora compartilhe suas impressões com pessoas de seu município e de outras
localidades. As respostas a essas perguntas podem indicar os principais problemas e
onde o município pode melhorar.
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação
contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e
história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica
própria (BRASIL, 2004, p. 49).
Bioma
Conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. A
ideia de bacia hidrográfica está associada à noção da existência de nascentes,
divisores de águas e características dos cursos de água, principais e secundários,
denominados afluentes e subafluentes. A área física, assim delimitada, constitui-se
em importante unidade de planejamento e de execução de atividades
socioeconômicas, ambientais, culturais e educativas (BRASIL, 2006, p. 62).
Bacia Hidrográfica
Obstrução de um rio, canal, estuário ou qualquer corpo d’água, pelo acúmulo de
substâncias minerais (areia, argila etc) ou orgânicas, como o lodo, provocando a
redução de sua profundidade e da velocidade de sua correnteza (BRASIL, 2004, p. 38).
Assoreamento
Etimologicamente, resíduos referem-se a tudo aquilo que resta, que remanesce.
Numa abordagem ambiental, os resíduos constituem o remanescente das atividades
humanas – domésticas, industriais, agrícolas etc– e que, de uma maneira ou de outra,
são lançados no solo, nos rios ou na atmosfera. Entre eles encontram-se os efluentes
(líquidos), as emissões atmosféricas (gases e material particulado) e os resíduos
sólidos (entre os quais o lixo domiciliar) (MILARÉ, 2007, p. 1272).
Resíduo
11 
 
 
 
Municípios sustentáveis 
Nesta capacitação, o conceito de meio ambiente com o qual trabalhamos é um 
pouco diferente do usual. Na nossa concepção, o termo não corresponde apenas à 
rede formada pela interação dos animais, das plantas, dos micro-organismos e das 
substâncias inorgânicas. Nossa visão inclui também o espaço construído e a vida 
social da espécie que maiores alterações tem causado nesse cenário: a espécie 
humana. 
 
A nova Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (12.305/2010) não menciona a
expressão LIXO e define Resíduos Sólidos como: "material, substância, objeto ou bem
descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se
procede, se propõe procederou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou
semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em
corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível".
Já os Rejeitos estão definidos como "resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas
as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis
e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição
final ambientalmente adequada" (BRASIL, Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010).
Resíduo (II)
Substância química, geralmente artificial, destinada a combater as pragas da lavoura,
tais como insetos, fungos etc. Muitas são danosas aos animais e também ao homem
(BRASIL, 2004, p. 17).
Agrotóxico
12 
 
Partimos de uma dimensão socioambiental, pois tanto a poluição como as 
desigualdades sociais afetam negativamente a qualidade de vida das pessoas e têm 
impactos profundos sobre o ambiente. Segundo essa visão, o crescimento econômico 
é uma das variáveis a garantir qualidade de vida, mas não a única. Historicamente, 
vem se afirmando o conceito de sustentabilidade, em amplo escopo, ou seja, de 
um tipo de desenvolvimento das sociedades que agreguem durabilidade e justiça 
social. Ou seja economicamente viável, ecologicamente o mais equilibrado possível, 
capaz de propiciar às pessoas condições básicas para o bem viver, o respeito à 
diversidade cultural, bem como o pleno exercício da cidadania. 
 
A evolução, entretanto, do conceito de sustentabilidade ou sociedades 
sustentáveis - conforme descrito no Tratado Internacional de Educação Ambiental 
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, firmado por instituições e 
redes da sociedade civil de diferentes países, durante a Rio 92 – passa pela noção de 
Desenvolvimento Sustentável, mais largamente reconhecida, embora alvo de 
controvérsias devido à diversidade de significados atribuídos. 
 
 
 
 
 
Existem diversos conceitos para esse termo, que derivou da expressão
ecodesenvolvimento, sistematizada nos trabalhos do economista Ignacy Sachs. Um
dos enunciados mais difundidos é o da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, por meio do relatório Nosso Futuro Comum (Relatório Brundtland),
de 1987. De acordo com esse documento, o desenvolvimento sustentável é "aquele
que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades" (1991 apud MILARÉ,
2011, p. 17).
Do ponto de vista da legislação nacional, o conceito do desenvolvimento sustentável
apareceu primeiramente no estabelecimento das diretrizes básicas para o
zoneamento industrial em áreas críticas de poluição, Lei 6.803, de 1980, e em
seguida, na Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 6.938/1981 (MILARÉ, 2011).
Desenvolvimento Sustentável
13 
 
 
 
Nesse sentido, também podemos refletir a respeito de uma localidade a partir do 
ponto de vista da sustentabilidade. Atualmente, há diversos parâmetros para isso. 
Podemos citar, por exemplo, a lista que foi preparada pela organização inglesa Local 
Government Municipal Board, disponibilizada na obra de Marcatto; Ribeiro (2002 apud 
BRASIL, 2006, p. 19). De acordo com esse documento, com base em critérios 
socioambientais, um município em busca do desenvolvimento sustentável: 
 
 Não desperdiça energia e recursos; 
 Produz pouco lixo; 
 Limita a poluição de forma que possa ser absorvida pelos sistemas naturais; 
 Valoriza e protege os recursos naturais; 
 Atende às necessidades do lugar localmente, sempre que possível; 
 Provê casa, comida e água limpa para todos; 
 Dá oportunidades para que todos tenham um trabalho do qual gostem; 
 Valoriza o trabalho doméstico; 
 Protege a saúde de seus habitantes, enfatizando a higiene e a prevenção de 
doenças; 
 Provê meios de transporte acessíveis; 
 Investe em segurança, para que as pessoas vivam sem medo de crimes ou 
perseguições; 
 Permite acesso igualitário às oportunidades; 
 Garante acesso aos processos de decisão; 
 Dá oportunidades de cultura, lazer e recreação. 
"O termo sustentabilidade foi cunhado com o propósito de nos remeter ao vocábulo
sustentar. Sustentar algo ao longo do tempo - a dimensão de longo prazo já se
encontra incorporada nessa interpretação -, para que aquilo que se sustenta tenha
condições de permanecer perene, reconhecível e cumprindo as mesmas funções
indefinidamente, sem que produza qualquer tipo de reação desconhecida,
mantendo-se estável ao longo do tempo. (...) Todavia, podemos adiantar que a
sustentabilidade comporta várias dimensões. A sustentabilidade torna-se um
conceito transversal que abrange todas as dimensões da vida humana, não apenas
as relações diretas com a natureza." (FERREIRA, 2005)
Sustentabilidade
14 
 
 
No Brasil, a experiência mais consolidada quanto à criação de um painel de 
indicadores que refletem o desenvolvimento sustentável é a do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística- IBGE, que publica, desde 2002, os Indicadores de 
Desenvolvimento Sustentável- IDS. Em sua mais recente versão, há 62 indicadores 
que versam sobre as dimensões ambiental, social, econômica e institucional de uma 
localidade (BRASIL, 2014a). 
 
Mais recentemente, uma importante iniciativa do Ministério do Meio Ambiente 
resultou na elaboração de um conjunto de indicadores ambientais de referência. 
Trata-se do Painel Nacional de Indicadores Ambientais- PNIA. Os indicadores 
propostos no PNIA objetivam subsidiar a mensuração e o relato: a) das pressões 
existentes sobre o meio ambiente; b) do estado histórico e atual do meio ambiente; c) 
da efetividade/ impacto das respostas da sociedade para preservar ou recuperar o 
meio ambiente (BRASIL, 2014a). 
 
 
 
Lista de Indicadores que compõem o PNIA 2012 
1. Emissões Brasileiras de Gases de Efeito Estufa (GEE) por Fontes Antrópicas 
2. Emissões Brasileiras Setoriais de Gases de Efeito Estufa (GEE) 
Para maiores informações sobre o IDS, acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default_2012.shtm
Variável qualitativa ou quantitativa, em tempo e espaço definido, que pode ser
mensurada ou descrita e que permite o acompanhamento dinâmico da realidade
(BRASIL, 2014a).
Indicador Ambiental
15 
 
3. Razão da Oferta Interna de Energia / PIB 
4. Participação da Energia Produzida a Partir de Fontes Renováveis na Matriz Energética 
5. Consumo de Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio 
6. Emissão de Poluentes Atmosféricos por Fontes Móveis 
7. Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção Representadas nas UC Federais 
8. Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção com Planos de Ação para Recuperação e a 
Conservação 
9. Cobertura Vegetal Nativa Remanescente 
10. Desmatamento Anual por Bioma 
11. Focos de Calor 
12. Cobertura Territorial das Unidades de Conservação da Natureza 
13. Cobertura Territorial e População Atendida pelo Programa Bolsa Verde 
14. Área de Florestas Públicas Destinadas para Uso e Gestão Comunitários 
15. Implantação da Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P 
16. Consumo de Agrotóxicos e Afins 
17. Situação da Oferta de Água para Abastecimento Humano Urbano 
18. População Urbana com Acesso a Sistemas Adequados de Abastecimento de Água 
19. População Urbana com Acesso a Serviços de Coleta de Esgotos Sanitários 
20. População Urbana com Acesso a Serviços de Tratamento de Esgotos Sanitários 
21. Coleta per capita de Resíduos Sólidos Domiciliares (RDO) 
22. Taxa de Cobertura da Coleta de Resíduos Sólidos Domiciliares em Relação à PopulaçãoUrbana 
23. Taxa de Recuperação de Materiais Recicláveis em Relação à Totalidade de RSU (**) 
Coletados 
24. Municípios com Órgãos Municipais de Meio Ambiente (OMMA) 
25. Municípios com Conselhos de Meio Ambiente (CMMA) 
26. Implantação da Agenda 21 Local 
27. Relação entre Demanda Total e Oferta de Água Superficial 
28. Índice de Qualidade da Água (IQA) dos Rios e BH em Função do Lançamento de Esgotos 
Domésticos 
29. Balanço Hídrico Qualitativo dos Rios e Bacias Hidrográficas 
30. Balanço Hídrico Quali-quantitativo dos Rios e Bacias Hidrográficas 
31. Cobertura do Território com Comitês de BH ou Outros Tipos de Colegiados Instituídos nas 
Bacias 
32. Cobertura Territorial dos Planos de Bacia Hidrográfica 
33. Estado da Cobertura Terrestre das Áreas Susceptíveis à Desertificação 
34. Cobertura Territorial dos Projetos de Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) 
Fonte: (BRASIL, 2014a, p. 30-31) 
16 
 
 
 
 
Afinal, por que é tão importante a atuação dos governos municipais na área 
ambiental? Vejamos algumas razões: 
 
 O município é o espaço real do território em que as coisas acontecem. Nele se 
podem sentir os impactos tanto dos problemas quanto das soluções para a 
qualidade de vida. Por exemplo, uma grande obra pode ser executada para 
beneficiar todo o País, mas inevitavelmente causará algum tipo de efeito no 
espaço geográfico de um ou mais municípios. E quem sentirá as 
consequências no dia a dia serão os seus habitantes. Portanto, os governos 
locais devem ter o controle das atividades que se instalam em seu território, 
podendo, inclusive, ser mais restritivos que o estado e a União. 
 
 Alguns surtos de crescimento são como “fogo de palha”. Produzem muitas 
riquezas em curto espaço de tempo, as vezes de “um ou dois mandatos “. Mas 
sem a base de recursos naturais que lhes deram origem, e que foram 
degradados, essas atividades se vão para outras localidades, em busca de 
novos recursos para consumir. Todos conhecem exemplos de cidades que 
nasceram e morreram economicamente em algumas décadas pela febre dos 
Para maiores informações sobre o PNIA, acesse o site do Ministério do Meio
Ambiente:
http://www.mma.gov.br/publicacoes/pnia
Para Refletir
Com base nos indicadores apresentados, você classificaria seu 
município como sustentável? Justifique sua resposta. 
17 
 
minérios, da pesca, da borracha, da cana-de-açúcar, do café... Portanto, vale 
a pena investir em formas de manter e usar com inteligência os recursos 
ambientais disponíveis, exercendo o controle e a participação social sobre a 
gestão do município. 
 
 É mais fácil e barato prevenir do que remediar. Os custos para se resolver 
problemas decorrentes dos impactos ambientais: poluição industrial, perda dos 
solos, assoreamento de rios, contaminação de lençóis freáticos, perda de 
biodiversidade são mais altos do que os esforços para evitá-los. Existem 
exemplos em todo o mundo de quanto é custoso e demorado despoluir um rio. 
 
 
 
 
 Muitos municípios estão descobrindo novas vocações econômicas que se 
harmonizam melhor com os princípios da sustentabilidade socioambiental. 
Atividades como o ecoturismo, a criação de polos de alta tecnologia (limpa) e 
o incentivo à instalação de empreendimentos socialmente responsáveis podem 
gerar riquezas e contribuir para a qualidade de vida da população. Em um 
mundo cada vez mais globalizado isso é uma importante vantagem 
comparativa. 
Lençol de água subterrâneo que se encontra em profundidade
relativamente pequena. Pode ser considerado como parte ou camada
superior das águas subterrâneas (MILARÉ, 2007, p. 1257).
Lençol Freático
Representa a diversidade de comunidades vegetais e animais que se inter-
relacionam e convivem num espaço comum que pode ser um ecossistema
ou um bioma (IBAMA, 2003 apud BRASIL, 2006, p. 62).
Biodiversidade
18 
 
 
 No espaço do município se torna mais fácil garantir a participação de cidadãos 
e cidadãs nas decisões, colocando em prática o princípio de que as pessoas 
devem compartilhar com o Estado a responsabilidade pela conservação do 
meio ambiente, garantindo transparência nas ações pelo controle social. 
 
 
 
Agora que estudamos noções básicas acerca da sustentabilidade na gestão 
pública, vejamos, no próximo capítulo, os principais aspectos do Sistema Nacional de 
Meio Ambiente- SISNAMA. 
 
Em resumo 
 
Há muitas décadas, o Brasil adotou um modelo de desenvolvimento que tem 
gerado subprodutos indesejáveis, tais como: poluição, esgotamento de recursos 
naturais e um dos maiores índices de desigualdade social do mundo. Os resultados 
dessa mentalidade são gritantes, e seus efeitos já se fazem sentir na maior parte dos 
municípios, ainda que programas de combate ao desmatamento dos biomas, de 
gestão da qualidade e quantidade dos recursos hídricos, de participação social, como 
as Conferências de Meio Ambiente, e de transferência de renda tem sido bem 
sucedidos, com efeitos socioambientais positivos. 
 
Muitos ainda restringem meio ambiente a apenas com árvores, rios e animais. 
Em geral, se esquecem de que nós, os seres humanos, que também fazemos parte 
desse cenário e somos os principais responsáveis por suas alterações, deletérias ou 
não. Também persiste o engano do ideário liberal e capitalista de que 
Ação de fiscalização, exercida pela sociedade, sobre os governos, visando
garantir transparência na definição das prioridades das políticas e nos
gastos públicos (BRASIL, 2006, p. 63).
Controle Social
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desenvolvimento e crescimento econômico são sinônimos. Porém, não há 
desenvolvimento real sem o bem estar social, num ambiente sadio. Assim, o conceito 
de sustentabilidade procura deixar mais claro que as pessoas, especialmente os 
menos favorecidos, e o meio em que vivem, devem estar em primeiro plano. 
Esta inversão de valores deve ser implementada global, mas sobretudo localmente. É 
no espaço local que os maiores impactos são sentidos. Por isso, a importância da 
atuação nessa escala. O município é onde moramos, trabalhamos e nos divertimos. 
Ali percebemos os problemas e podemos contribuir para buscar soluções. Ao se 
pensar e construir um modelo de desenvolvimento sustentável, pode-se descobrir e 
desenvolver novas vocações nos municípios, além de incentivar a participação de 
seus cidadãos e cidadãs, promovendo a responsabilidade de todos sobre o presente 
e o futuro da localidade, dos territórios, tendo a gestão ambiental como vetor de 
planejamento democrático. 
 
 
20 
 
CAPÍTULO 2: GESTÃO AMBIENTAL DESCENTRALIZADA E INTEGRADA 
 
Em uma perspectiva de uma gestão ambiental compartilhada, estudaremos, 
neste capítulo, o Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, com foco em sua 
origem, composição e competências dos entes integrantes. Além disso, analisaremos 
como o tema meio ambiente é abordado na atual Constituição Federal. 
 
SISNAMA: concepção e origens 
 
O SISNAMA é o modelo de gestão ambiental adotado no Brasil. Foi instituído 
pela lei nº 6.938/1981, portanto, antes mesmo da atual Constituição Federal. O 
referido ordenamento cria a Política Nacional do Meio Ambiente, e tem como desafio 
formar uma rede de organizações em âmbito federal, estadual, distrital e municipal 
que, juntas, possam alcançar as grandes metas nacionais na área ambiental. Desse 
modo, conforme nos lembra Milaré (2011), é um sistema formado pelo conjunto de 
órgãos e instituições nos diversos níveis de poder responsáveis pela proteção 
ambiental, além de ser o grande arcabouço institucional da gestão ambiental 
brasileira. 
 
Assim, podemos dizer que a proteção do meio ambiente, por meio do SISNAMA, 
se consolidamediante a formulação e execução de políticas públicas de meio 
ambiente; a articulação entre as instituições componentes do Sistema em âmbito 
federal, estadual, distrital e municipal; e pelo estabelecimento da descentralização da 
gestão ambiental. 
 
A ideia que deu origem ao SISNAMA baseia-se em um princípio da Ecologia, a 
teoria dos sistemas vivos. Segundo essa teoria, sistema é um todo composto de partes 
Para maiores informações sobre a Lei 6938/1981, acesse: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
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que dependem umas das outras e que, atuando juntas, servem para cumprir 
determinada função. 
 
A natureza possui milhares de exemplos de sistemas: cada indivíduo, animal, 
planta, micro-organismo é um todo integrado, ou seja, um sistema vivo. Da mesma 
forma, as sociedades humanas e o meio ambiente construído reproduzem esse 
modelo: a família, a comunidade, as cidades, a malha viária, as redes de telefonia e 
de distribuição de alimentos constituem exemplos de sistemas. 
 
De acordo com essa visão, a Terra é um grande sistema, composto de outros 
“encaixados” uns nos outros. Nesse sentido, o SISNAMA estrutura-se como uma rede 
capaz de abarcar toda a complexidade da questão ambiental, por meio de ações 
compartilhadas entre as esferas federal, estadual, distrital e municipal. Esse conceito 
representa uma nova forma de ver o mundo, na qual são enfatizadas as relações e a 
integração que existe entre os componentes do sistema. Como afirma Machado 
(2013), “nas questões ambientais não se podem criar oportunidades para uma 
administração monolítica – fechada em si mesma.” 
Do ponto de vista histórico, a origem do SISNAMA remete à criação da 
Secretaria Especial de Meio Ambiente- SEMA, em 1973, que objetivava orientar 
uma política de conservação do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais; 
ao I Plano Nacional de Desenvolvimento – PND – 1975-79, que incorporou a 
preocupação com o estabelecimento de uma política ambiental e mudou a estratégia 
do “desenvolvimento a qualquer preço”; e o II PND – 1980-85, durante o qual foi 
instituído a Política Nacional de Meio Ambiente, por meio da lei 6.938/1981 (MILARÉ, 
2011). 
 
Saiba Mais
A criação da SEMA foi uma resposta às críticas da 
comunidade internacional acerca do posicionamento 
dos países denominados de Terceiro Mundo, liderados 
pelo Brasil, contrários ao retardamento e 
encarecimento do processo de industrialização nos 
países em desenvolvimento, como forma de controle 
da degradação ambiental (MILARÉ, 2011). 
22 
 
 
Como visto, o SISNAMA começou a se estruturar ainda durante os governos 
militares em um ambiente institucional fortemente marcado pela centralização. Havia 
naquele momento, grandes dificuldades para se delegar poderes aos estados e 
municípios. 
 
Assim, a primeira fase de implementação do sistema (décadas de 1980 e 1990) 
caracterizou-se pela criação dos órgãos ambientais, principalmente nos âmbitos 
federal e estadual. Até recentemente, porém, em muitos casos, o que se observa na 
prática é a ocorrência de órgãos ambientais sem vínculos entre si, desarticulados e 
fortemente marcados pela competição, especialmente no estabelecimento de 
competências para o licenciamento e fiscalização ambiental. 
 
 
 
 
 
Essa é, contudo, uma visão oposta ao que propõe a Política Nacional de Meio 
Ambiente, que está fortemente assentada nos preceitos da Forma Federativa de 
Procedimento administrativo pelo qual o órgão de meio ambiente avalia e
concede licença de localização, instalação, ampliação e operação de
empreendimentos e atividades que utilizem recursos naturais e possam causar
danos ou impactos ambientais. A licença prevê as ações que serão necessárias
para minimizar impactos, considerando-se as disposições legais e
regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 2006, p. 36).
Licenciamento
Procedimentos utilizados por órgão competente para verificar se as normas e 
leis estão sendo cumpridas (BRASIL, 2006, p. 36). 
Fiscalização
23 
 
Estado. Por esse modelo, deve haver uma repartição de responsabilidades e 
recursos, além da cooperação entre os entes federados. Segundo Granziera (2014), 
a principal característica do SISNAMA é a coordenação das ações, baseada na 
articulação institucional, para que não haja superposição ou lacunas na atuação do 
poder público. 
 
 
Agora que já temos uma noção do processo histórico que levou ao nascimento 
desse sistema e entendemos suas principais bases conceituais, vejamos, então, quais 
são seu componentes. 
 
Composição do SISNAMA 
A lei 6.938/1981, em seu artigo 6º, traz a estrutura na qual está baseada a gestão 
ambiental do País. E, tendo em vista os seus componentes, podemos dizer que, 
mesmo que aberto à participação de instituições não governamentais e da sociedade 
civil, o SISNAMA é uma estrutura político-administrativa eminentemente 
governamental (MILARÉ, 2011). 
 
Saiba Mais
No Brasil, a Forma de Estado é a Federação formada por quatro espécies de
entes (União, estados, Distrito Federal e municípios). Conforme nos lembra
Paulo; Alexandrino (2011), o Brasil segue um modelo de federalismo
cooperativo. Isso quer dizer que não há uma divisão rígida de competências
entre os entes, e que, além disso, esses deverão atuar de modo conjunto.
Em uma Federação, os governos organizam-se tendo a Constituição como
soberana. Submetidos aos seus princípios, os entes federativos compartilham
diferentes competências. Cada uma dessas esferas de governo desfruta de
autonomia política, administrativa, organizativa e legislativa.
Essa forma de organização cria um Estado composto, no qual existe a união das
comunidades públicas em torno da realização dos objetivos da Constituição.
Dessa forma, o poder não concentra-se nas mãos de uma única autoridade
central, fazendo com que seja repartido: a União, como ordem nacional; os
estados, como ordens regionais; e os municípios, como ordens locais. Nesse
caso, o Distrito Federal, em geral, acumula as competências dos estados e dos
municípios.
24 
 
Assim, compõem o SISNAMA os órgãos e entidades da União, dos estados, do 
Distrito Federal, dos territórios e dos municípios, bem como as fundações instituídas 
pelo poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, 
assim estruturado: 
 
I – Órgão Superior: Conselho de Governo-reúne todos os ministérios e a Casa 
Civil da Presidência da República na função de formular a política nacional de 
desenvolvimento do País, levando em conta as diretrizes para o meio ambiente; 
 
II – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(CONAMA) – formado por representantes dos diferentes setores do governo (em 
âmbitos federal, estadual e municipal), do setor empresarial e da sociedade civil. 
Assessora o Conselho de Governo e tem a função de deliberar sobre normas e 
padrões ambientais compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e 
essencial à sadia qualidade de vida; 
 
III – Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA) - tem a função de 
planejar, coordenar, supervisionar e controlar as ações referentes à Política Nacional 
e às diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; 
 
IV – Órgãos executores: o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes de 
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – encarregados de executar e fazer 
executar as políticas e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de 
acordo com as respectivas competências; 
 
V – Órgãos seccionais: secretarias estaduais do meio ambiente, os institutos 
ambientais- responsáveis pelaexecução ambiental nos estados e pelo controle e 
fiscalização de atividades que provoquem a degradação do meio ambiente, de acordo 
com as suas respectivas competências; 
 
VI – Órgãos locais: secretarias municipais do meio ambiente – entidades 
municipais, responsáveis pela execução ambiental nos municípios e pelo controle e 
25 
 
fiscalização de atividades que podem provocar a degradação do meio ambiente, de 
acordo com as suas respectivas competências. 
 
 
 
 
 
Saiba Mais 
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, foi precedido, historicamente,
por duas experiências colegiadas. A primeira acompanhou a criação da Secretaria
Especial do Meio Ambiente – SEMA, em 1973, quando o Decreto Federal 73.030
instituiu o Conselho Consultivo do Meio Ambiente (CCMA), com nove membros a
serem nomeados pelo Presidente da República. Mas, como afirma Machado (2013),
“esse Conselho foi extinto na prática”. A segunda iniciativa foi a criação do Conselho
de Políticas Ambientais de Minas Gerais – COPAM, em 1977.
O CONAMA é presidido pelo Ministro do Meio Ambiente e sua Secretaria Executiva é
exercida pelo Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente. Conforme o
decreto 6.792/2009, é composto por:
Plenário;
Câmara Especial Recursal;
Comitê de Integração e Políticas Ambientais;
Câmaras Técnicas;
Grupos de Trabalho; 
Grupos Assessores. 
De acordo com a lei 6.938/1981, alterada pelas leis 8.028/1990 e 7.804/1989, esse
órgão colegiado tem como algumas de suas competências:
Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos estados e
supervisionados pelo IBAMA;
Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das
possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando
aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem como das entidades privadas, as
informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e
respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação
ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional;
Estabelecer, privativamente normas e padrões nacionais de a) controle da poluição
por veículos automotores, aeronaves e embarcações; b) controle e manutenção da
qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional de recursos ambientais,
principalmente os hídricos.
26 
 
 
 
 
 
 
 
Para maiores informações sobre o CONAMA, acesse o Site CONAMA:
http://www.mma.gov.br/port/conama/index.cfm
Para maiores informações sobre o Decreto 6.792/2009:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6792.htm
Para maiores informações sobre a Lei 8.028/1990 acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8028.htm
Para maiores informações sobre a Lei 7.804/1989 acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7804.htm
27 
 
 
 
 
Saiba Mais
O Ministério do Meio Ambiente substituiu a Secretaria de Meio Ambiente da
Presidência da República (SEMA), como órgão central do SISNAMA. Sua competência
abrange as políticas de meio ambiente e recursos hídricos e todas as questões
referentes ao meio ambiente (GRANZIERA, 2014). De acordo o decreto nº 6.101/2007,
é da competência desse Ministério:
A Política Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos;
A Política de preservação, conservação e utilização sustentável de ecossistemas, e
biodiversidade e florestas;
A Proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômico e sociais para a
melhoria da qualidade ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais;
As Políticas para a integração do meio ambiente e produção;
As Políticas e programas ambientais para a Amazônia Legal;
O Zoneamento ecológico-econômico.
Cabe ressaltar ainda que são entidades vinculadas ao Ministério do Meio Ambiente,
também fazendo parte de sua estrutura, as seguintes autarquias: a) Agência Nacional
de Águas (ANA); b) IBAMA; c) Instituto Chico Mendes- ICMBio; d) Instituto de
Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Ademais, é órgão subordinado
ao Ministério, o Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que apesar de não possuir
personalidade jurídica, segundo a lei 11.284/2006, poderá o Poder Executivo
assegurar-lhe autonomia administrativa e financeira, mediante celebração de contrato
de gestão e de desempenho (GRANZIERA, 2014).
Para maiores informações acesse o site MMA:
http://www.mma.gov.br/
Para maiores informações sobre o Decreto 6.101/2007, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6101.htm
28 
 
 
 
 
 
Para maiores informações acesse o site da ANA:
http://www2.ana.gov.br/Paginas/default.aspx
Para maiores informações acesse o site do JBRJ:
http://www.jbrj.gov.br/
Para maiores informações acesse o site do SFB:
http://www.florestal.gov.br/
Para maiores informações sobre a Lei 11.284/2006, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11284.htm
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saiba Mais
O IBAMA foi criado pela lei 7.735/1989, alterada pela lei
11.516/2007. Suas competências estão voltadas para o
poder de polícia ambiental, respeitadas as diretrizes do
Ministério do Meio Ambiente. Entre suas atribuições estão:
Licenciamento ambiental;
Controle e qualidade ambiental;
Autorização de uso dos recursos naturais;
Fiscalização, monitoramento e controle ambiental.
Para maiores informações acesse o site do IBAMA:
http://www.ibama.gov.br/
Para maiores informações sobre a Lei 7.735/89, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7735.htm
Para maiores informações sobre a Lei 11.516/2007, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11516.htm
30 
 
 
 
 
 
 
 
Cabe ressaltar também que, da mesma maneira em que se estabelece como 
sistema (SISNAMA, mais tarde o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos – SINGREH, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC), a 
política ambiental tende a ser também mais eficiente e efetiva quanto mais envolver 
processos participativos em contexto verdadeiramente democrático. Isso não se deve 
apenas à sua emergência no processo de democratização no Brasil, mas também 
porque afeta diretamente a saúde e a qualidade de vida da população, surgindo como 
Saiba Mais
Originalmente, na composição da lei 6.938/81, com
posterior alteração pela lei 7.735/1989, que criou o
IBAMA, não havia o Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade. Esse foi criado como
autarquia federal dotada de personalidade jurídica de
direito público, autonomia administrativa e financeira,
vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, pela lei
11.516/2007. Já a partir do decreto 6.792/2009, que
modificou o artigo 3º, IV, do decreto 99.274/1990,
passou a figurar ao lado do IBAMA como órgão executor
do SISNAMA (MILARÉ, 2011).
Para maiores informações acesse o site do ICMBio:
http://www.icmbio.gov.br/portal/
Para maiores informações sobre o Decreto 6.792/2009, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6792.htm
31 
 
problema muitas vezes nos territórios e nas comunidades, muito antes de ser 
percebida pelos governantes. 
 
Assim, apesar de o SISNAMA ser uma estrutura político-administrativa 
eminentemente governamental, como já vimos, Machado (2013) destaca que a 
maioria dos estados brasileiros fez a escolha por um sistema de administração 
ambiental com a participação de instituições não governamentais. Ou seja, trata-se 
de “uma concepção em que o governo não tem necessariamente a chave da solução 
dos problemas do meio ambiente.” 
 
Dessa forma, a educação ambiental, por exemplo, compreendeu, no curso de 
todaessa história recente, que a problemática ambiental deve ser vista em toda a 
complexidade do ambiente, envolvendo todos os atores e fatores, sendo, portanto, 
compreendido como espaço relacional em que o ser humano “é um agente que 
pertence à teia das relações sociais, naturais e culturais, e interage com ela” 
(Bracagioli, 2007). Também por isso, a gestão ambiental precisa ser compartilhada e 
participativa. 
 
Como pudemos observar, em se tratando de um sistema com papéis 
compartilhados e que visam a um objetivo comum, os esforços dos governos e 
gestores públicos devem ocorrer no sentido colaborativo. Esse trabalho deve ser 
pautado, prioritariamente, em frentes que almejem: a realização de uma política 
ambiental integrada e que busque incluir a dimensão ambiental nas demais políticas 
de governo; a integração das políticas nacional, regional e local de meio ambiente e 
de recursos hídricos; a atuação e articulação entre os entes do SISNAMA; o diálogo 
e intercâmbio com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – 
SINGREH, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC; a 
implementação de iniciativas para capacitação de gestores e servidores públicos, 
visando à estruturação da gestão ambiental; e o estímulo à criação de redes de 
conselhos, órgãos e fundos de meio ambiente nas diversas esferas de governo. 
 
32 
 
Agora que compreendemos a composição do SISNAMA, podemos avançar um 
pouco mais, vejamos a seguir o tratamento que a nossa Constituição Federal dá ao 
tema meio ambiente. Vamos lá? 
 
 
 
O meio ambiente na Constituição Federal 
A Carta Magna fortaleceu amplamente o meio ambiente, e a qualidade 
ambiental, como direito e obrigação de todos junto com outros dispositivos, que 
passaram a exigir a recuperação do ambiente degradado e a impor sanções penais e 
administrativas às pessoas físicas ou jurídicas que praticarem atividades lesivas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos. 
 
O artigo 3º traz como um dos objetivos da República Federativa do Brasil o 
desenvolvimento e o bem estar social, sendo que, este último que está diretamente 
relacionado à qualidade de vida e, consequentemente, à qualidade ambiental. Além 
da Ordem Social, outros dispositivos também abordam o tema, tal como os da Ordem 
Econômica, que deixando claro que as práticas econômicas não poderão afetar a 
qualidade ambiental ou impedir o alcance dos escopos sociais (MILARÉ, 2011). 
 
Ademais, a atual Constituição foi a primeira no Brasil a mencionar a expressão 
meio ambiente. A Lei Maior também dedica um espaço específico ao tema: Título VIII, 
Da Ordem Social, Capítulo VI, artigo 225, que diz: 
 
Para Refletir
Com base no que vimos até agora, em especial, a
respeito da estrutura do SISNAMA, identifique as
instituições públicas integrantes desse Sistema, por
exemplo, as secretarias, institutos ou órgãos
responsáveis por realizar a política de meio ambiente.
Faça isso considerando a esfera local (municipal),
regional (estadual) e nacional (União). Busque refletir
se há uma integração entre essas esferas de governo.
33 
 
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações” (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988, grifo nosso). 
 
Para Machado (2014), por tratar-se de bem de uso comum do povo, o meio 
ambiente é um bem coletivo de desfrute individual e também geral, por isso, é direito 
de cada pessoa, mas não apenas dela, podendo ser considerado, portanto, 
transindividual. Assim, o direito ao meio ambiente enquadra-se na categoria de 
interesse difuso, ou seja, que se espraia para uma coletividade indeterminada. 
 
A ideia de transindividualidade reforça a noção de que o meio ambiente deve 
ser objeto de proteção tanto do Estado quanto da sociedade, para usufruto geral. Isso 
quer dizer que não só o Poder Público tem o dever constitucional de zelar pela defesa 
e preservação ambiental, mas também o cidadão e a cidadã. Este deixa de ser um 
mero titular passivo de um direito e também passa a ter o dever de defendê-lo e 
preservá-lo (MILARÉ, 2011). 
 
A exemplo da lei que criou o SISNAMA, a Constituição Federal é fortemente 
marcada pelo princípio da descentralização. Dessa forma, traz para os municípios 
mais autonomia na definição de suas prioridades ambientais (sempre com respeito às 
normas gerais editadas pela União e pelos estados). Alguns fundamentos 
estabelecidos no texto constitucional são: 
 
 Subsidiariedade: tudo o que puder ser realizado pelo nível local, com competência 
e economia, não deve ser atribuído ao nível estadual e federal. Isso permite 
Para maiores informações acerca do artigo 225 e outros dispositivos da
Constituição Federal sobre o meio ambiente, acesse o site:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
34 
 
encontrar soluções para os problemas o mais próximo possível de onde são 
gerados; 
 
 Autonomia: a liberdade e o discernimento individual ou local são valorizados, 
garantindo-se, dessa maneira, o mínimo de dependência para a realização de 
ações de interesse local; 
 
 Responsabilidade compartilhada: a missão de zelar pelos bens comuns cabe a 
todos e a cada um, de acordo com as suas competências e atribuições; 
 
 Cooperação ou solidariedade: independentemente da política partidária, a 
cooperação entre os distintos níveis de governo é estimulada, pois isso otimiza custos 
e agiliza processos. 
 
Além do artigo 225, devemos destacar ainda, no âmbito legislativo, o artigo 24, 
que afirma que a União, os estados e o Distrito Federal legislam concorrentemente 
sobre matéria ambiental: “(...) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, 
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da 
poluição; proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
direito urbanístico (...)” (BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988). 
 
Embora esse artigo não tenha explicitado a competência legislativa dos 
municípios, ela ocorre, conforme afirma Milaré (2011), uma vez que está assegurada 
a competência administrativa no nível local para proteção do meio ambiente e 
combate à poluição em qualquer de suas formas, também está assegurada pela 
Constituição. O artigo 30, por exemplo, confere a esses entes da federação a 
atribuição de legislar supletivamente à União e aos estados sobre o meio ambiente 
e outros assuntos de interesse local (BRASIL, Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988). 
 
35 
 
 
 
Do ponto de vista administrativo, outro importante ponto de discussão é o artigo 
23 da Constituição Federal, que determina a competência administrativa comum 
da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios em matéria ambiental. 
Conforme o dispositivo, as três esferas de governo devem compartilhar a função de 
“(...) proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
preservar as florestas, a fauna e a flora; e proteger bens de valor histórico, artístico e 
cultural, paisagens naturais notáveis e sítios arqueológicos (...)” (BRASIL, 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988). 
 
 
 
Diante da necessidade de se evitar a sobreposição na atuação dos entes 
federados nas competências administrativas comuns em matéria ambiental, ocorreu, 
no ano de 2011, a regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal. Vejamos a 
seguir algumas consideraçõesa respeito da Lei Complementar 140, e alguns de seus 
desdobramentos no que diz respeito à gestão ambiental compartilhada. 
 
Na competência legislativa concorrente, a União limita-se a estabelecer
normas gerais, enquanto que aos estados e ao Distrito Federal cabem
legislar de modo complementar (competência legislativa suplementar),
tendo em vista as peculiaridades regionais. Nesse caso, as normas
específicas não devem contrariar as normas gerais editadas pela União. Os
municípios também têm competência para suplementar a legislação federal
ou estadual, no que couber (PAULO; ALEXANDRINO, 2011).
Competência Legislativa Concorrente e Supletiva
A competência administrativa comum é identificada na
outorga à União, estados, Distrito Federal e municípios para
atuarem, em condições de igualdade, sem subordinação, sobre
determinadas matérias. Em geral, tratam-se de interesses da
coletividade, ou difusos (ALEXANDRINO; PAULO, 2011).
Competência Comum
36 
 
Gestão ambiental compartilhada 
 
A regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal visa proporcionar o 
desenvolvimento da política ambiental de modo compartilhado e mais eficiente entre 
os entes federados. É nesse sentido que a Lei Complementar 140/2011 elenca em 
seu artigo 3º as finalidades básicas do exercício da competência comum em relação 
ao meio ambiente, a saber: 
 
“(...) proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, promovendo a gestão ambiental descentralizada, garantir o 
equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio 
ambiente, observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da 
pobreza e a redução das desigualdade sociais e regionais, harmonizar as 
políticas e ações administrativas para evitar as sobreposições de atuação entre 
os entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma 
atuação administrativa eficiente e garantir a uniformidade da política ambiental 
para todo o país, respeitando todas as peculiaridade regionais e locais 
(...)”(BRASIL, Lei Complementar 140, de 8 de dezembro de 2011). 
 
Na prática, o que significa essa repartição de competências? Como já vimos, no 
SISNAMA, os órgãos federais têm a função de coordenar e emitir normas gerais para 
a aplicação da legislação ambiental em todo o País. Também são responsáveis, 
dentre outras atividades, pela troca de informações, a formação da consciência 
ambiental, a fiscalização e o licenciamento ambiental. 
 
Aos órgãos estaduais cabem as mesmas atribuições, só que no âmbito regional: 
criação de leis e normas complementares (podendo ser mais restritivas) que as 
existentes em nível federal, estímulo ao crescimento da consciência ambiental, 
fiscalização e licenciamento. 
 
O modelo se repete para os órgãos municipais: licenciamento e fiscalização em 
âmbito local, formação de consciência ambiental local, elaboração de leis que se 
apliquem ao meio ambiente do município e monitoramento da aplicação destas. 
 
37 
 
 
 
O que fez a Lei Complementar 140 foi estabelecer uma divisão de atribuições 
mais específica entre a União, estados, Distrito Federal e municípios. Para se atingir 
as metas estabelecidas no regulamento, em seu artigo 4º, são elencados alguns 
instrumentos de cooperação institucional, tais como consórcios, convênios, 
comissões tripartites e bipartite, fundos e outros instrumentos econômicos, faz 
ainda uma distribuição de competências administrativas por matéria, com temas 
como: acesso ao conhecimento tradicional, educação ambiental, espaços territoriais, 
fauna, florestas, patrimônio genético, pesca, produtos perigosos, risco, zona costeira 
e licenciamento ambiental. 
 
 
 
Ato de acompanhar o comportamento de
determinado fenômeno ou situação com o objetivo de
detectar riscos e oportunidades (BRASIL, 2006, p. 36).
Monitoramento
Saiba Mais 
A Comissão Tripartite Nacional e comissões tripartites
estaduais serão formadas, paritariamente, por representantes
dos Poderes Executivos da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, com o objetivo de fomentar a gestão
ambiental compartilhada e descentralizada entre os entes
federativos.
A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada,
paritariamente, por representantes, dos Poderes Executivos da
União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a
gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre esses
entes federativos (BRASIL, 2013).
38 
 
 
Neste capítulo, vimos em linhas gerais os aspectos relacionados à gestão 
pública ambiental nas três esferas de governo da Federação, com ênfase no aspecto 
colaborativo entre os entes. Vejamos no próximo, como isso se aplica mais 
especificamente aos municípios. 
 
Em resumo 
 
O modelo de gestão definido pela Política Nacional de Meio Ambiente baseia-se 
no princípio do compartilhamento das responsabilidades, participação e controle 
social para a proteção ambiental entre os entes federados e com os diversos setores 
da sociedade. Para distribuir as responsabilidades administrativas entre a União, 
estados, o Distrito Federal, e os municípios, foi instituído o Sistema Nacional de Meio 
Ambiente (SISNAMA), um modelo descentralizado de gestão ambiental. 
 
Seguindo a noção de responsabilização comum a toda a sociedade, a 
Constituição Federal, em seu artigo 225, trata especificamente do tema ambiental, 
assegurando que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, necessário para 
a qualidade de vida, e que sua preservação para as presentes e futuras gerações é 
um dever de todos: Poder Público e coletividade. 
 
Outros dispositivos constitucionais, tais como os que tratam das 
responsabilidades legislativas e administrativas, também abordam o meio ambiente, 
reforçando a priorização dos interesses coletivos sobre os individuais, dos interesses 
sociais sobre os econômicos, para manutenção da qualidade ambiental e saúde da 
população.
Para maiores informações sobre a Lei Complementar 140/2011, acesse:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp140.htm
39 
 
CAPÍTULO 3: GESTÃO AMBIENTAL MUNICIPAL 
 
Neste capítulo, estudaremos a gestão ambiental municipal, dando ênfase aos 
principais atores sociais desse processo: a sociedade civil e os gestores públicos 
ambientais e à necessidade de capacitação técnica dos recursos humanos. Além 
disso, abordaremos princípios básicos para a estruturação da gestão ambiental local. 
 
Um cenário da gestão ambiental municipal no Brasil 
 
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu o marco para a ação municipal 
sobre o meio ambiente ao definir a proteção ambiental como competência comum 
entre os entes federados, e a inclusão dos municípios como entes partícipes da 
Federação, em igualdade de condições, dotados de autonomia política, administrativa 
e financeira. Como vimos no capítulo anterior, ao estabelecer as competências dos 
entes federados, a Constituição, deixou explícita a responsabilidade dos municípios 
na prestação de alguns serviços, bem como o dever de atuar em áreas específicas. 
 
Segundo nos lembra Fiorillo (2013), a Carta Magna trouxe importante relevo para 
o município, na medida em que é a partir dele que a pessoa humana poderá usar os 
denominados bens ambientais, visando à plena integração social, com base na 
moderna concepção de cidadania. 
 
Desse modo, a autonomia municipal, propiciada pela Constituição, e ampliada 
pela Lei Complementar 140/2011, tem estimulado os municípios a terem um maior 
protagonismo na gestão ambiental local. 
 
Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais de 2013 – MUNIC, 
90,0% dos municípios brasileiros informaram dispor de algum órgão de meio 
ambiente. De acordocom essa pesquisa, houve aumento significativo na criação de 
órgãos executivos municipais com atribuições ambientais específicas: em 2002 esse 
percentual era de 67,8%, já em 2009, 84,5% (BRASIL, 2014b). 
40 
 
 
O aumento da participação dos órgãos ambientais na administração pública 
municipal vem ocorrendo em todas as Unidades da Federação e em todas as classes 
de tamanho da população dos municípios. Considerando-se as Grandes Regiões, os 
percentuais mais elevados de municípios com alguma estrutura na área ambiental 
estão nas Regiões Norte (98,0%), Sul (95,0%), Centro-Oeste (92,3%), Sudeste 
(89,0%) e Nordeste (85,2%). A pesquisa revelou ainda que apenas três estados 
brasileiros apresentam a totalidade de seus municípios com estrutura na área 
ambiental: Acre, Amapá e Espírito Santo (BRASIL, 2014b). 
 
Acerca dos municípios com alguma estrutura ambiental, predominam aqueles 
em que o órgão responsável pela área de meio ambiente tem status de secretaria 
exclusiva ou em conjunto com outras políticas setoriais (81,3%). Há ainda a ocorrência 
de órgão do tipo setor subordinado a outra secretaria (13,0%), setor subordinado 
diretamente à chefia do executivo municipal (4,4%) e órgão da administração indireta 
(1,3%) (BRASIL, 2014b). 
 
A pesquisa revela ainda que a ocorrência de estrutura administrativa no setor 
ambiental é maior nos municípios mais populosos: 82,3% dos municípios com até 
5.000 habitantes, 97,4% entre aqueles com mais de 500.000. Nesse sentido, entre os 
638 municípios do País com mais de 50.000 habitantes, 99,1% contam com alguma 
estrutura administrativa em meio ambiente (BRASIL, 2014b). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Tabela: Órgão Gestor de Meio Ambiente 
Distribuição percentual de Municípios com estrutura na área de Meio Ambiente, por caracterização do órgão gestor, segundo as 
Grandes Regiões e as classes de tamanho da população dos Municípios - 2013 
 
Grandes 
Regiões e 
classes de 
tamanho da 
população dos 
municípios 
Distribuição percentual de municípios com estrutura na área de meio ambiente (%) 
Total Secretaria 
municipal 
exclusiva 
Secretaria 
Municipal em 
conjunto 
com outra 
Setor 
Subordinado a 
outra 
Secretaria 
Setor subordinado 
Diretamente a 
chefia do 
Executivo 
Órgão da 
Administração 
Indireta 
Brasil 100,0 30,1 51,2 13,0 4,4 1,3 
Norte 100,0 54,0 37,4 7,3 1,1 0,2 
Nordeste 100,0 26,4 56,6 15,1 1,4 0,5 
Sudeste 100,0 32,9 45,3 11,8 9,0 1,0 
Sul 100,0 17,1 61,2 15,3 3,4 3,0 
Centro -Oeste 100,0 43,3 39,7 10,0 5,6 1,4 
Até 5000 hab 100,0 20,9 58,2 13,7 7,1 01 
De 5001 a 
10.000hab 
100,0 24,6 53,3 15,6 6,4 01 
10.001 a 
20.000hab 
100,0 29,7 51,2 14,3 3,9 0,9 
20.001 a 
50.000hab 
100,0 32,9 51,0 12,2 2,8 1,1 
50.001 a 
100.000hab 
100,0 46,2 40,9 6,9 1,5 4,5 
100.001 a 
500.000hab 
100,0 54,5 30,5 6,9 0,0 8,1 
Mais de 
500.000hab 
100,0 65,8 23,3 0,0 0,0 7,9 
Fonte: BRASIL (2014b) 
 
A partir desses números podemos inferir, entre outros aspectos, que pode estar 
havendo um aumento de situações de conflitos socioambiental, com maior 
sensibilização e pressão da sociedade em favor de ações de defesa ambiental por 
parte do poder público local. As administrações locais, por sua vez, parecem estar 
mais atentas às atribuições e competências dos municípios e de seus órgãos no 
contexto do SISNAMA. 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Isso está acontecendo em seu município? De que forma? 
 
 
 
Elementos para a estruturação da gestão ambiental local 
 
A semântica da palavra gerir quer dizer administrar, dirigir, manter determinada 
situação ou processo sob controle para obter o melhor resultado. Nesse sentido, a 
gestão ambiental pode ser considerada um conjunto de políticas, programas e práticas 
que levam em conta a saúde, a segurança das pessoas e a proteção do meio 
ambiente. Além disso, a gestão também é realizada por meio da eliminação ou da 
minimização de impactos e danos decorrentes do planejamento, implantação, 
operação, ampliação, realocação ou desativação de empreendimentos e atividades, 
incluindo-se todas as fases do ciclo de vida de um produto. 
 
Assim, realizar a gestão do meio ambiente significa executar uma série de ações, 
de forma encadeada e articulada, que resulte em uma maior consciência sobre as 
Para Refletir
Em seu município há uma secretaria exclusiva para
tratar das questões ambientais ou essa área está
associada a outros temas? Observe se sua resposta
reflete a pesquisa do IBGE, no que se refere à região
geográfica e ao número de habitantes de sua
localidade.
Para maiores informações sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais,
acesse o site do IBGE:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/default.shtm
43 
 
consequências da atuação humana sobre o ambiente; e, por conseguinte, na adoção 
de práticas e comportamentos que melhorem essa conduta. 
 
 
Mesmo em um pequeno município, gerir é tarefa complexa. Em geral, as ações 
humanas interferem no ambiente, com impactos de maior ou menor grau, por 
exemplo, as atividades agrícolas, a construção de grandes e pequenas obras, a 
destinação dos resíduos domésticos, industriais e hospitalares, bem como a 
mobilidade urbana. Até em locais onde há pouca atuação humana, como em algumas 
áreas protegidas e com restrições de uso, é preciso gestão para exercer vigilância, 
controlar o fluxo de pesquisadores, visitantes, entre outras ações. 
 
 Assim, podemos dizer que a gestão ambiental envolve aspectos como: 
 
 A escolha inteligente dos serviços públicos oferecidos à comunidade; 
 
 O equilíbrio entre receitas e despesas, com o uso ético e transparente dos 
recursos públicos; 
 
 A edição de leis e normas claras, simples e abrangentes de defesa ambiental 
local; 
 A aplicação das leis, com penalização para quem cause algum tipo de dano 
ambiental; 
 
 A formação de consciência e cidadania ambiental; 
 
 A geração de informações que deem suporte às decisões políticas e técnicas; 
 
 A democratização das instituições, para que permitam e estimulem a 
participação dos cidadãos; 
 
 O planejamento do desenvolvimento sustentável local, e a implementação das 
políticas necessárias para realizá-lo. 
44 
 
 
 
 
 
Para Refletir 
Faça um diagnóstico da localidade em que você vive. Observe principalmente as
atividades produtivas, o impactos no meio ambiente decorrentes dessas ações e
a forma de participação dos principais atores sociais envolvidos. A partir desse
breve desenho, vamos criar um mapa de relações ligadas à gestão ambiental,
seguindo as orientações a seguir:
1. Sobre um mapa existente, indique os locais onde se desenvolvem as
atividades ou empreendimentos que produzem impactos ambientais
significativos no seu município. Por exemplo: estradas, ferrovias, portos,
oleodutos, gasodutos, linhas de transmissão de energia elétrica,
barragens/usinas de geração de eletricidade, extração de minério, indústrias,
aterros sanitários, entre outros.
2. Esses impactos geram problemas de qual ordem: há poluição do ar, sonora,
do solo e de cursos d´água? Que consequências isso traz para o cotidiano e para
a saúde da população local?
3. Em um papel à parte, relacione – para cada situação – os diferentes grupos
(formais e informais), organizações empresariais, governamentais e não-
governamentais, que atuam naqueles locais, gerando o problema ou buscando
soluções. Represente-os em forma de círculos.
4. Ligue os círculos por meio de setas, mostrando as relações que tais
organizações estabelecem entre si. Coloque setas de cores diferentespara
significar relações de cooperação ou de competição.
5. Você acaba de mapear os problemas e os atores sociais envolvidos com as
questões ambientais em seu município.
6- Por fim, percorra os locais buscando contatar e ouvir todas as pessoas
relacionadas com cada problema. Pergunte: Por que isso está acontecendo?
Quem está envolvido? Quais são as dificuldades que se apresentam para
resolvê-lo? Quais áreas da prefeitura poderão contribuir para resolver a
situação?
Esse é o primeiro passo para identificação dos gestores ambientais que já atuam
no local.
Lembre-se: esse diagrama é um retrato simplificado de um sistema complexo e
dinâmico de interações. Trata-se da sua visão (ou da visão de um pequeno
grupo de pessoas) e precisa passar pelo teste da realidade. Porém, oferece bons
indícios para iniciar uma abordagem, com um trabalho de mobilização.
45 
 
Além dos elementos tratados anteriormente, ao planejar o desenvolvimento do 
seu território, sob o ponto de vista da sustentabilidade, os municípios devem 
considerar outros princípios: 
 
 Concepção de crescimento econômico que proporcione melhor distribuição 
de renda; 
 
 A alocação e a gestão mais eficientes dos recursos públicos; 
 
 A adequada utilização dos recursos naturais, com a redução do volume de 
resíduos e dos níveis de poluição, a pesquisa e a implantação de tecnologias 
de produção limpas e a definição de regras para proteção ambiental; 
 
 Maior equilíbrio entre os espaços rural e urbano por meio do ordenamento 
de usos do solo; 
 
 O respeito às tradições culturais das populações urbanas e rurais, 
valorizando cada espaço e cada cultura. 
 
E para que isso ocorra, a área de meio ambiente não deve ser vista como mais 
um departamento da administração municipal, isolada, sem recursos e sem 
servidores. Ao contrário, deve se tornar elemento estruturador das políticas 
municipais, permeando todos os setores da administração. 
 
Entretanto, muitos municípios brasileiros ainda apresentam fragilidades em 
relação a sua capacidade de articulação com os próprios órgãos internos, assim 
como, com os órgãos estaduais e federais. Por isso, também é importante 
estabelecimento de intercâmbios, parceiras, cooperação e convênios 
interinstitucionais, além da formação de redes. 
 
Assim, no dia a dia municipal é preciso mais do que a existência de um ou dois 
órgãos para realizar a gestão ambiental. Deve-se estabelecer uma política voltada 
para a gestão ambiental e para a formulação de instrumentos que tornem essa política 
46 
 
efetiva. Nesse âmbito, é fundamental o estabelecimento e realização de ações de 
maneira transversal, que envolvam áreas como: educação ambiental, geração de 
informações, participação popular, elaboração de legislação local, execução de 
projetos, fiscalização, monitoramento da qualidade ambiental e aporte de recursos 
financeiros. 
 
Ademais, para se efetivar, a ação ambiental precisa estar fundamentada sobre 
uma base institucional composta por um conjunto de normas locais e por uma 
estrutura administrativa. A estruturação do sistema municipal de meio ambiente 
pressupõe, entre outros aspectos: 
 
 Vontade política da prefeitura e sensibilidade para a importância das 
questões ambientais; 
 
 Independência em relação às instâncias partidárias; 
 
 Estabelecimento de diretrizes para as políticas públicas municipais nas quais 
o tema ambiental oriente a execução de planos e projetos; 
 
 Integração com as demais áreas da administração; 
 
 Infraestrutura condizente com as ações a serem realizadas; 
 
 Equipe com perfil articulador e trânsito nos distintos setores do poder local e 
com as demais instâncias (estadual e federal); 
 Prioridades de ação claras, a partir de ampla consulta e participação popular; 
 
 Estabelecimento de metas alcançáveis, sujeitas a revisões periódicas; 
 
 Estabelecimento de indicadores de qualidade ambiental que se tornem 
referência para todas as ações do governo municipal, de preferência gerados 
e administrados por um sistema de informações sobre o meio ambiente local; 
 
47 
 
 Estabelecimento de boas relações com a Câmara dos Vereadores, pois esta 
tem um papel relevante na aprovação de leis referentes ao meio ambiente 
local, bem como na exigência do cumprimento da legislação já existente em 
âmbitos federal e estadual. 
 
Dessa forma, a área ambiental torna-se uma unidade viva na administração 
municipal, atuando com outras áreas da municipalidade, incentivando um sistema 
mais integrado horizontalmente, dialógico, simpático e dinâmico, alinhado também 
com os demais órgãos do SISNAMA, SINGREH e SNUC. 
 
Esquema: Integração horizontal 
 
Fonte: (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS, 2004, apud BRASIL, 2006) 
 
Cabe rememorarmos ainda que tudo o que diga respeito ao interesse local pode 
ser deliberado e executado pelos municípios sem necessidade de prévia consulta ou 
consentimento do estado ou da União, observadas as normas e os padrões federais 
e estaduais. É recomendável, porém, que as políticas e as ações ambientais 
desenvolvidas pelos municípios sejam executadas em sintonia com as políticas 
públicas estaduais e federais e de acordo com as normas e padrões vigentes. Afinal, 
os órgãos ambientais devem atuar de forma sistêmica, integrando planejamento e 
ações por meio de um esforço cooperativo. A atuação e construção coletivas no 
Meio 
Ambiente
Educação
Obras
Transportes
Agricultura
Cultura
Indústria e 
Comércio
Turismo
Administração 
e Governo
48 
 
contexto da gestão compartilhada, seja junto às outras instâncias da municipalidade, 
aos demais entes e órgãos do SISNAMA, ou junto à comunidade local e suas 
organizações representativas, empodera o gestor ambiental, fortalece a “co-autoria” 
e, por conseguinte, consolida no tempo e no espaço as iniciativas. 
 
Com base nisso, vejamos, a seguir, alguns perfis orientadores para a 
estruturação da gestão ambiental nos municípios. 
 
Uma estrutura compatível com as necessidades municipais 
 
A implantação do sistema municipal de meio ambiente, institucionaliza a política 
ambiental no município, com abrangência no Poder Público e nas comunidades locais, 
por meio de uma estrutura da qual fazem parte: 
 
Órgão Executivo Municipal de Meio Ambiente: Secretaria, Diretoria, 
Departamento ou Secção. O município tem autonomia para definir as competências 
dos órgãos, que em geral envolvem-se em atividades de coordenação e execução 
das políticas de meio ambiente, assim como fiscalização, licenciamento, e 
monitoramento da qualidade ambiental. 
 
Conselho Municipal de Meio Ambiente – órgão superior do sistema, de caráter 
consultivo, normativo e deliberativo, responsável pela aprovação e acompanhamento 
da implementação da política municipal de meio ambiente. Os conselhos devem ser 
criados por lei municipal específica. Sua constituição poderá ser paritária, isto é, em 
igual número de integrantes de cada setor representado, especialmente 
governamental e não governamental; sempre envolvendo o maior número possível de 
entidades representativas da sociedade civil. Seus conselheiros deverão ter mandato 
de, no mínimo, dois anos. 
 
Fundo Municipal de Meio Ambiente – órgão de captação e de gerenciamento de 
recursos financeiros alocados para a área de meio ambiente. Em geral, os fundos de 
meio ambiente são criados para captar recursos originados de multas e de atividades 
relativas à gestão ambiental em âmbito municipal e para garantir a permanência 
49 
 
desses recursos no município e direcioná-los a programas e projetos de meio 
ambiente do próprio

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