Antonio Candido Curso de Musica pg 101 210

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R E S U M O H I S T Ó R I C O 
A m a i o r p a r t e d o s d o c u m e n t o s q u e n o s d e i x a r a m o s p o v o s a r y a n o s e s e -
m i t h i c o s , são v e r s i f i c a d o s ; e s e g u n d o S . J e r o n y m o , wSto. A g o s t i n h o e S t o . I z i -
d o ' r o d e S e v i l h a , a B i b l i a é, e m p a r t e s u b m e t t i d a á metrificação, s e n d o q u e o 
c a p i t u l o t e r c e i r o d o L i v r o d e J o b , a t t r i b u i d o p o r B o s s u e t e Moysés, está e s -
c r i p t o n o r y t h m o i a m b i c o e t r o c h a i c o a l t e r n a d o s , s e g u n d o a a u t o i r i s a d a opinião 
d o t h e o l o g o B e l l e r m a n n . E s t a f o r m a poética, m a i s a d e q u a d a a o c a n t o q u e á p r o i s a . 
f o i d e s e n v o l v i d a p e l o s g r e g o s e l a t i n o s , q u e t e n d o ) p o r c o s t u m e c a n t a r e m a s s u a s 
producçÕes c o n c e b i d a s n u m e s t y l o e l e v a d o , l h e s d e r a m o n o m e d e p o e s i a - l y r i e a , 
constituída n a t u r a l m e n t e p o r u m e n c a d e a m e n t o d e versus q u e , s e g u n d o P l i n i o . 
s i g n i f i c a melodia, canto. C o m o a m u s i c a e s t a v a i n t i m a m e n t e l i g a d a á p o e s i a , 
o r y t h m o poético d e t e r m i n a v a a f o r m a c a c f e n c i a d a d a m u s i c a . E , c o m o o r y -
t h m o e s t e v e s e m p r e s u b m e t t i d o a u m a divisão s u c c e s s i v a d e t e m p o s , e s s a s u c -
cessão d e t e m p o s f o r m a v a , a i n d a q u e e m p i r i c a m e n t e , o c o m p a s s o u C e r t a m e n t e 
q u e não h a v i a i s o c h r o n i s m o n a duração d o s t e m p o s , p o i s q u e a duração d e c a d a 
u m , d e p e n d i a d o m a i o r o u m e n o r n u m e r o d e s y l l a b a s l o n g a s o u b r e v e s q u e t i n h a m 
d e s e r c a n t a d a s ; m a s , n a s c o l e c t i v i d a d e s c h o r a e s , t i n h a m p o r u s o m a r c a r e m o s 
r y t h m o s a d o i s t e m p o s s e n d o o p r i m e i r o f o r t e — thèsis — , e o s e g u n d o , f r a c o 
— a r s i s — . A duração d o s t e m p o s d e t e r m i n a v a o s d i v e r s o s géneros d o r y t h m o ; 
e s t e s géneros, e r a m o igual o u dactylo — U U , o n d e o r y t h m o e r a d i v i d i d o 
e m d o i s t e m p o s i g u a e s ; o duplo o u trochaico — U , o u iambico U — 
n o s q u a e s a duração d e u m d o s t e m p o s , t i n h a o d o b l r o d o o u t r o ; 01 sèsqui-altera 
o u peonico — U — o n d e a duração d e u m d o s t e m p o s e s t a v a p a r a o o u t r o i n a 
proporção d e 3 : 2 ; e e m f i m o èpitrite— U , m e n o s u s a d o , o n d e a d i f f e r e n -
çà d o s d o i s t e m p o s e s t a v a n a proporção d e 3 : 4 . E i s a o r i g e m l o n g i n q u a d o s 
n o s s o s c o m p a s s o s binário, ternário, quaternário, quinario e setenario. 
A u n i d a d e r y t h m i c a , i s t o é, a unidade d e tempo, e r a i n d i c a d a p e l a breve 
U ; e s t e v a l o r é o tempo primeiro — chrómos-proios — q u e c o r r e s p o n d i a á 
n o s s a colchêa. A s durações m a i o r e s q u e a br^ve, c h a m a v a m - s e longas, e e r a m 
d e q u a t r o espécies. 
L o n g a d e 2 t e m p o s ( M à k r a dichrónos) -«-, c o r r e s p o n d i a á J 
L o n g a d e 3 t e m p o s ( M à k r a trichrónos) | , c o r r e s p o n d i a á ^ j . 
L o n g a d e 4 t e m p o s ( M à k r a tetrachrónos) l_j , c o r r e s p o n d i a á i 
L o n g a d e 5 t e m p o s ( M à k r a pentachrónos) L U > c o r r e s p o n d i a á | ^ 
Q u a n d o f a l t a s s e u m a s y l l a b a a u m v e r s o , q u e p o r i s s o e r a c h a m a d o cata* 
l e c t i c o , p r e e n c h i a m e s s a f a l t a c o m u m a pausa, d a n d o a s s i m a e s s e v e r s o a mé-
t r i c a p r e c i s a , T o d o s o s s i g n a e s d e duração t i n h a m u m a p a u s a c o r r e s p o n d e n t e . 
B r e v e — P a u s a d e 1 t e m p o ( K é n o s b r a c h i s ) /\ , c o r r e s p o n d i a á ^ 
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P a u s a d e 2 t e m p o s (Kénos mákros dichrónos) 
S ) ^ P a u s a d e 3 t e m p o s (Kénos mákros trichrónos) 
o w 
, c o r r e s p o n d i a á 
c o r r e s p o n d i a á 
P a u s a d e 4 t e m p o s ( K é n o s mákros tetrachrónos) , c o r r e s p o n d i a á 
P a u s a d e 5 t e m p o s (Kénos mákros pentachrónos) , c o r r e s p o n d i a á 
O t e m p o f o r t e e r a i n d i c a d o c o m u m p o n t o s o b r e o s i g n a l d e duração ; e x : 
— e t c . D e p o i s d a f o r m a poética, v e i o a prosa, i n i c i a d a , p o u c o a n t e s d e 
C h r i s t o , p e l o s g r a n d e s o r a d o r e s , C r a u s s u s , P h i l o n e C i c e r o ; e e s t a innovação d e u 
l u g a r a q u e o s g r e g o s d i s t i n g u i s s e m d u a s f o r m a s melódicas: a m e l o d i a d a prosa 
constituída p e l a v a r i e d a d e d a s accentuações, e a m e l o d i a p u r a m e n t e m u s i c a l . 
N o q u a r t o século, S t o . Hilário d e P o i t i e r s reúne a p o e s i a métrica e a s y l l a b i c a , 
r e s u l t a n d o d e s t a alternação m a i o r v a r i e d a d e r y t h m i c a ; p o u c o d e p o i s , a p p a r e c e 
a l e i d a q u a n t i d a d e d a s s y l l a b a s e a r i m a , p r o d u z i n d o u m r y t h m o m a i s d e t e r -
m i n a d o e p o r i s s o m a i s a c c e s s i v e l a o p o v o . N o s e x t o século, Venâncio F o r t u n a t o , 
o m a i s o r i g i n a l d o s p o e t a s m e n o r e s d o c h r i s t i a n i s m o i , é o p r i m e i r o a d a r e x e m -
p l o d a t e t r a p o d i a t r o c h a i c a , a f o r m a poética m a i s f a v o r i t a d o c a n t o p o p u l a r , n o 
s e u admirável h y m n o " P a n g e l íngua". 
vvv CvUXX i 0 - t a - U 10 A l i - OL - "M4 
D o i s e x t o a o o i t a v o século, a s s i g n a l a - s e a decadência d e t o d a s a s s c i e n c i a s 
e a r t e s , decadência a t t r i b u i d a não só á b a r b a r i a g o t h i c a c o m o á indolência a 
q u e o p o v o r o m a n o s e e n t r e g o u d e p o i s d a s s u a s c o n q u i s t a s asiát icas; e f o i j u s -
t a m e n t e n e s s a época d e v a i d a d e e d e indifferença p o r t u d o q u e r e p r e s e n t a s s e 
u m c e r t o esforço p e l o d e s e n v o l v i m e n t o d a instrucção, q u e a p p a r e c e u a notação 
n e u m a t i c a s u b s t i t u i n d o a notação boeciana. ( * ) C o m p r e h e n d e - s e q u e e m t a l 
a t m o s p h e r a s o c i a l , a m u s i c a d e v i a r e t r o g r a d a r . E n t r e t a n t o , n a s e g r e j a s d a Landicêa 
e d a A l e x a n d r i a , i n i c i a v a - s e u m a f o r m a r y t h m i c a e m u m a s orações q u e c a n t a -
v a m a n t e s d a m i s s a , e ás q u a e s d a v a m o n o m e d e tropos. O s tropos e r a m d i v i -
d i d o i s e m versículos, e c o m o o s versículos não e s t a v a m s u j e i t o s a n e n h u m m e t r o , 
d e r a m - l h e o n o m e d e prosa, p a r a d i s t i n g u i r e s s a s composições d a s q u e e r a m 
s u b m e t t i d a s a u m m e t r o d e t e r m i n a d o . A n o v a f o r m a r y t h m i c a d o s tropos, ori-
ginou u m a n o v a f o r m a m u s i c a l ; a s s i m a m e l o d i a p u r a m e n t e s y l l a b i c a até então, 
p a s s o u a a l t e r n a r - s e c o m a m e l o d i a v o c a l i s a d a , s e n d o p e r m i t t i d o c a n t a r u m a 
l o n g a s e r i e d e n o t a s s o b r e u m a s y l l a b a só. 
Ver pag. 37. 
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S e g u e m d o i s e x e m p l o s , d o s q u a e s o p r i m e i r o t e m a f o r m a s y l l a b i c a , e o 
s e g u n d o a f o r m a v o c a l i s a d a . 
E x . 1.° 
H Y M N O A ' M U S A C A L L I O P E 
( a t t r i b u i d o a Mésomède, 2 . a s e c . e r a d e J . C . ) 
ZTZZ * * t E £ ( < ? P ] l U r r M M ZZ Z E Z Z Z i l J M Z 1 t Z P P M f E 
efe. e i M CMJOUÒO/ wij ifúiè e W j i k i e - t n a taitcurkfioitefou/re xle ... ^ a b e c u 8LWU> j i W w u > d o m 
TRADUCÇÃO DE THEODORA REINACH 
(modo dorio) 
É g l g J J ' i J ^ f r ^ j » i r r M r P X r H r P ^ ; 
^ et d e 3H.ou*a> wiaUi i f ú & 9ltot.j|\«6 dVv*&> Rcu. tat.Kfaoii. íj\i j t z i s Aon cvjx* a£_/>e c u S 
. m a » 11 
E x . 2 . " 
S E G U N D O R E S P O N S O D O S A B B A D O D ' A L L E L U I A 
S i íí .'&u/> 
T R A D U C Ç Ã O 
A união d o s d o i s e s t y l o s , s y l l a b i c o ' e vocálico, c o n s t i t u i u a prosa irregular. 
N o d e c i m o século, o s m o n g e s d a a b b a d i a d e Jumières , n a N e u s t r i a , f o r a m o s 
p r i m e i r o s q u e n o O c c i d e n t e s e d e d i c a r a m á composição d o s tropos d a n d o - l h e s 
porém o n o m e d e sequencias. D e p o i s d a s sequencias irregulares, v i e r a m a s se-
quencias regulares q u e s e p o p u l a r i z a r a m e x t r a o r d i n a r i a m e n t e , p a r e c e n d o m e s -
m o t e r e m s i d o a o r i g e m d a m u s i c a p r o f a n a o u p o p u l a r , q u e m a i s t a r d e s e c o n s -
t i t u i u d e f i n i t i v a m e n t e p e l a emancipação d a s f o r m a s c o n s a g r a d a s á l i t h u r g i a . 
N ? i o o b s t a n t e porém, o d e s e n v o l v i m e n t o r y t h m i c o q u e s e o b s e r v a n a s c o m p o s i -
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ções d e s s e s t e m p o s , e r a a i n d a a prosódia d a l i n g u a g e m e a tradicção o r a l q u e 
d e t e r m i n a v a a s durações m u s i c a e s . C h e g a m o s e m f i m a o século, o n d e , p e l a s 
innovações d e G u i d o d ' A r e z z o , começa a d e s p o n t a r a a u r o r a d a m u s i c a a c t u a l . 
A s l e t t r a s e m p r e g a d a s c o m o c l a v e s , a determinação d o e m p r e g o d a s p e n t a g r a m -
m a s o u t e t r a g r a m m a s p a r a a f ixação d a p a u t a , a s s i m c o m o t o d a s a s r e f o r m a s 
q u e s e i n t r o d u z i r a m n a a r t e m u s i c a l , d e v i a m f a z e r s e n t i r a u r g e n t e n e c e s s i d a d e 
d e i n d i c a r o r y t h m o p o r u m a g r a p h i a q u a l q u e r , e v i t a n d o a s s i m o s c o n s t a n t e s 
e n g a n o s q u e h a v i a m n a duração d o s s o n s , m u i t o c o m m u n s n a a p r e n d i z a g e m o r a l . 
E s t a b e l e c e u - s e então a notação q u a d r a d a e c o m e l l a p r i n c i p i a r a m o s e n s a i o s p a r a 
a indicação d o c o m p a s s o , a o q i t a l d a v a m o n o m e d e modo. O s modos, e r a m 
d o i s : perfeito, o u ternár io ; imperfeito, o u binário. 
E m q u a l q u e r d o s modos, a f i g u r a c o n s i d e r a d a c o m o u n i d a d e d e t e m p o , e r a 
a máxima, q u e d i v i d i d a e m t r e s longas, constituía o modo perfeito, e e m d u a s , 
o modo imperfeito. O modo perfeito i n d i c a v a - s e l o g o d e p o i s d a c l a v e p o r s e i s 
l i n h a s v e r t i c a e s , o c e u p a n d o a s t r e s p r i m e i r a s , a s q u a t r o l i n h a s d a p e n t a g r a m m a 
começando p e l a q u i n t a l i n h a , e a s t r e s s e g u i n t e s , a p e n a s t r e s ; 01 modo imper-
feito, i n d i c a v a - s e também p o r d u a s l i n h a s q u e a t r a v e s s a v a m t r e s espaços, e p o r 
d u a s o u t r a s q u e a t r a v e s s a v a m d o i s . 
E x . 3.° 
M o d o p e r f e i t o M o d o i m p e r f e i t o 
A s subdivisões d o s modos e r a m perfeitas; a s s i m o modo perfeito, c o r r e s -
p o n d i a a o n o s s o c o m p a s s o ternário i n d i c a d o p e l a f o r m u l a | ; e o modo imper» 
feito, a o c o m p a s s o binário, i n d i c a d o p e l a f o r m u l a \ . A i m m u t a b i l i d a c l e d a d i v i -
são ternária d o s t e m p o s , q u e t i n h a p o r c a u s a a p u r a e v e r d a d e i r a perfeição d a s 
t r e s p e s s o a s d a S S . T r i n d a d e , f o i p e r s i s t e n t e até f i n s d o d e c i m o t e r c e i r o século. 
N o d e c i m o q u a r t o século, V i t r y e M a r c h e t o d e Pádua, f o r a m o s p r o p a g a n -
d i s t a s d a divisão b i n a r i a o u i m p e r f e i t a , e V i t r y i n v e n t o u u m s i g n a l p a r a d i s t i n -
g u i r a perfeição d a imperfeição. O s i g n a l q u e i n d i c a v a a perfeição, e r a u m c i r -
c u l o , e s c r i p t o d e p o i s d a c l a v e ; e o s i g n a l d a imperfeição, e r a u m s e m i - c i r c u l o . 
C o m a divisão b i n a r i a , c r e a r a m n o v a s f o r m u l a s d o c o m p a s s o , d a n d o a c a d a u m 
u m a f i g u r a c o m o u n i d a d e d e t e m p o . A máxima, i n d i c a v a o modo maior, per\ 
feito o u imperfeito, s e g u n d o a s u a divisão f o s s e b i n a r i a o u ternár ia ; a longa,. 
i n d i c a v a o modo menor, perfeito o u imperfeito. A ' divisão d a breve e m d u a s * 
o u t r e s s e m i - b r e v e s , d a v a m o n o m e d e tempo, e e s t e p o r s u a v e z p o d i a s e r per-
feito o u imperfeito. C h a m a v a m prolação á divisão d a semi-breve e m d u a s o u 
t r e s mínimas, e a i n d a a l g u m a s v e z e s á divisão b i n a r i a o u ternária d a breve, 
1 0 5 — 
E x . 4.° 
t=t= 
ffi>oia^ôío r>-/Wr IteA-JeíIo/ ^ v o l a ç o / * m a i o r tntjig^eUa ^^^r^g^ÕLo m f r f t ^ [ ^ | < í t a ^nlcujao mm^i^^^^Xo^ 
C o m o a b r e v e o c c u p a s s e o l u g a r médio n a o r d e m d o s v a l o r e s m u s i c a e s , r e -
g u l a v a m p o r e l l a a duração d e t o d a a s f i g u r a s ; e c o m o s e u s a s s e p o u c o a má-
x i m a e a l o n g a , a b r e v e f o i c o n s i d e r a d a a u n i d a d e d e t e m p o p a r a t o d o s o s c o m -
p a s s o s . S e g u e - s e q u e p a r a i n d i c a r e m a s subdivisões ternárias o u b i n a r i a s d a 
b r e v e , s e r v i a m - s e d o t e r m o prolação, p e r f e i t a o u i m p e r f e i t a , s e g u i d a d o t e r m o 
t e m p o , p e r f e i t o o u i m p e r f e i t o , s e g u n d o a s u a divisão b i n a r i a o u ternária. 
E x . 5.° 
Matacão 'mau*?- •^jôltcu e/m, te/mju> -[le/i^&djD â^ofac^o ^wrvyir Wríei ta e / w t e / m i i x > h#v*|eLtSr 
«L J J é J J J d JM 
1 i s 1 
%mjte/xc> mvsjjyr- um|utft^ elíõu â/raíè/ntpa i/wju& e^ttõ S^^íL^Ão^^ri^yr iwiji^elta e m Wnjco Wji^r^Ei/vo 
O s s i g n a e s d o s modos, s e r v i a m p a r a i n d i c a r o c o m p a s s o e f i x a r o v a l o r r e -
l a t i v o d a longa c o m a máxima; q u a n t o a o s v a l o r e s f r a c c i o n a d o s d o t e m p o , e r a m 
i n d i c a d o s p e l a m a n e i r a c o m o a s f i g u r a s s e s u c c e c l i a m e a i n d a p e l a posição r e c t a , 
a l t e r a d a , o u i n v e r s a , d a d a ás f i g u r a s c a u d a t a s : máxima, longa, plicas e ligadu-
ras. A s s i m , t o d a s a s f i g u r a s q u e t i v e s s e m a c a u d a á d i r e i t a , e r a m perfeitas o u 
rectas, M ; q u a n d o a t i v e s s e m á e s q u e r d a , e r a m imperfeitas o u alteradas, 
— 1 0 6 — 
: e q u a n d o e s t i v e s s e m e m posição i n v e r s a , y , p e r d i a m m e t a d e d o 
s e u v a l o r . Q u a n d o s e s e g u i s s e m d u a s breves, m m • a p r i m e i r a v a l i a m e -
t a d e d a s e g u n d a : s e d e p o i s o u a n t e s d ' u m a breve e s t i v e s s e u m a longa, 
m m; *x m > a ° r e v e v a l i a u m t e m p o : q u a n d o d u a s breves e s t i v e s s e m e n t r e 
d u a $ longas, • • ' o u > Çt&ndô e s t i v e s s e m a n t e s ' d e u m a longa, wm m m 
a p r i m e i r a v a l i a u m t e m p o , e a s e g u n d a , d o i s : s e d e p o i s d a p r i m e i r a breve e s t i -
v e s s e u m p o n t o , c h a m a d o signal de perfeição o u divisão do modo, c o m o 
• j • m h | , c a d a breve v a l i a u m t e m p o : d u a s semi-breves e n t r e d u as longas, 
«j • • « j > 0 1 1 e n t r e u m a longa e u m a breve, • • > a p r i m e i r a £imí-
brcve v a l i a u m terço d e u m t e m p o . 
M u i t a s e r a m a i n d a a s d i f f e r e n t e s combinações n o s v a l o r e s d a d o s ás f i g u r a s . 
A plica, i n d i c a v a u m g r u p o d e d u a s n o t a s e n t r e a s q u a e s p o d i a h a v e r u m 
i n t e r v a l l o d e s e g u n d a o u t e r c e i r a , d e q u a r t a o m q u i n t a , q u e r a s c e n d e n t e q u e r 
d e s c e n d e n t e ; a plica, e r a d i v i d i d a e m q u a t r o espécies: 
1 . a : plica longa ascendente t i n h a a f o r m a q u a d r a n g u l a r c o m u m traço a s -
c e n d e n t e á d i r e i t a , o u c o m d o i s s e n d o m a i o r o d a d i r e i t a h l • 
2 . a : plica longa descendente: t i n h a d o i s traços d e s c e n d e n t e s , s e n d o m a i o r 
o d a d i r e i t a p | 
3 . a : plica breve ascendente: t i n h a o traço d a e s q u e r d a , m a i o r q u e fo d i -
r e i t o . ^ 
4 . a : plica breve descendente: o traçoi d a e s q u e r d a e r a m a i o r q u e o d a d i -
r e i t a p j 
A interpretação d a s plicas, p a r e c e - n o s m u i t o i g n o r a d a , p o r q u e a l g u n s h i s -
t o r i a d o r e s d i z e m q u e J e a n d e M u r i s , c o n s i d e r a v a a plica " s i g n u m m o r o s i t a t i s " , 
e o u t r o s a f f i r m a m q u e o m e s m o M u r i s i n d i c a v a u m a execução rápida " p e r 
c o m p o s i t i o n e m e p i g l o t t i c u m r e p e r c u s s i o n e g u t t u r i s " . E n t r e t a n t o , e s t a s e g u n d a 
— 1 0 7 
indicaçãoi é d e u s o m a i s c o r r e n t e p o i s g e r a l m e n t e t r a d u z - s e a plica c o m o s e f o s s e 
u m a a p p o g g i a t u r a . 
, A ligação, e r a a 'reunião d e d u a s , t r e s o u q u a t r o breves, d e m a n e i r a a f o r -
m a r u m a só f i g u r a . 
O q u a d r o s e g u i n t e , t r a n s c r i p t o d a " H i s t o r i a d a m u s i c a 1 ' d e F e l i x C l e m e n t , 
fará c o m p r e h e n d e r m e l h o r o s d i v e r s o s v a l o r e s d a d o s ás f i g u r a s . 
" Q U A D R O D A N O T A Ç Ã O M E N S U R Á V E L D A E D A D E M E D I A 
fia- J • • 
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a - B - — ^ " H l — — * 
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r r r F p r J 
A s p a u s a s , q u e r e p r e s e n t a v a m a omissão d u m s o m , t i n h a m u m a duração 
i g u a l ás f i g u r a s a q u e c o r r e s p o n d i a m , e i n d i c a v a m - s e p e l o n u m e r o d e espaços 
a u e o o c u p a v a m n a perrtãgrammajy kHavia s e i s espécies d e p a u s a s . A p r i m e i r a , 
v a l i a t r e s t e m p o s e c o r r e s p o n d i a á l o n g a p e r f e i t a : a s e g u n d a , v a l i a d o i s t e m p o s e 
c o r r e s p o n d i a á l o n g a i m p e r f e i t a : a t e r c e i r a , v a l i a u m t e m p o o u u m a b r e v e : a 
q u a r t a , d o i s terços d e t e m p o o u u m a s e m i - b r e v e m a i o r : a q u i n t a , u m terço- d e 
t e m p o , o u u m a s e m i - b r e v e m e n o r : a s e x t a , q u e s e r v i a p a r a i n d i c a r a t e r m i n a -
ção d u m t r e c h o , não r e p r e s e n t a v a duração e p o r i s s o l h e c h a m a v a m p a u s a i m -
m e n s u r a v e l o u p a u s a f i n a l . E s t a p a u s a o c c u p a v a t o d a s a s l i n h a s d a p e n t a g r a m -
m a . A p a u s a d a máxima, e r a d e u m e m p r e g o raríssimo. A s p a u s a s c o l l o c a d a s 
a n t e s c i a s f i g u r a s e r a m i m p e r f e i t a s , e c o l l o c a d a s d e p o i s , e r a m p e r f e i t a s . 
____ 1 0 8 — 
C o m o e s t a b e l e c i m e n t o d e f i n i t i v o d a divisão b i n a r i a , c r e a r a m - s e n o v a s c o m -
plicações n o s v a l o r e s d a s f i g u r a s e entãoi c o n v e n c i o n a r a m c o l o r i r d e v e r m e l h o 
a s n o t a s q u e t i v e s s e m u m a divisão b i n a r i a . A s n o t a s p r e t a s , e r a m d i v i d i d a s , t e r -
n a r i a m e n t e ; e n t r e t a n t o a p r e s e n t a v a m - s e a l g u n s c a s o s e m q u e a s n o t a s p r e t a s 
e r a m i m p e r f e i t a s , e a s v e r m e l h a s , p e r f e i t a s . N o d e c i m o q u i n t o século, p r i n c i p i a -
r a m a u s a r a notação b r a n c a , a s s i m d e n o m i n a d a p o r a s f i g u r a s s e r e m a p e n a s c o n -
t o r n a d a s e não c h e i a s c o m o n a notação p r e t a . M o r l e y , sábio m u s i c o i n g l e z d o d e -
c i m o s e x t o século, d i z q u e a s n o t a s b r a n c a s , c o n t o r n a d a s c o m t i n t a p r e t a o u 
v e r m e l h a , p e r d i a m m e t a d e d o s e u v a l o r , i s t o é, a l o n g a , t o r n a v a - s e u m a b r e v e : 
a b r e v e , u m a s e m i - b r e v e : a s e m i - b r e v e , u m a m i n i m a , e t c , e t c . 
S e g u e u m f r a g m e n t o d e u m m a n u s c r i p t o d o d e c i m o q u a r t o século, q u e 
p e r t e n c e u á b i b l i o t h e c a d e Fèt is . 
T R A D U C Ç A O 
( d e F è t i s ) 
A l e t t r a C > 1 1 0 t e m p o imperfeito, i n d i c a v a q u e t o d a s a s n o t a s p e r d i a m m e -
t a d e d o s e u v a l o r . A s r e g r a s q u e f i x a v a m a duração n a notação b r a n c a , e r a m 
m a i s c o m p l i c a d a s q u e n a notação p r e t a , s o b r e t u d o n a s ligaduras. A p r i m e i r a 
n o t a d u m a ligadura s e m c a u d a , e r a s e m p r e c o n s i d e r a d a c o m o s e f o s s e u m a 
longa. Q u a n d o a s n o t a s f o s s e m l i g a d a s h o r i z o n t a l m e n t e , constituíam ligaduras 
com propriedade; l o g o q u e f o s s e m l i g a d a s v e r t i c a l m e n t e , p o r superposição, c o n s -
tituíam ligaduras sem propriedade. 
— 1 0 9 — 
E x . 7.° 
A applicação d a r e g r a d e imperfeição, a d v i n h a v a - s e p e l a presença d e v a -
l o r e s f r a c c i o n a r i o s , c o l l o c a d o s a n t e s o u d e p o i s d e u m a máxima, d u m a l o n g a o u 
d u m a b r e v e , o b s e r v a n d o c o m t u d o a s proporções a r i t h m e t i c a s d a s f i g u r a s p r e c e -
d e n t e s c o m a s c o n s e q u e n t e s . U m a nota branca, p o d i a t o r n a r - s e i m p e r f e i t a t r a n s -
f o r m a n d o - a e m n o t a p r e t a ; m a s s e a imperfeição c o n s i s t i s s e a p e n a s e m u m a s e x t a 
p a r t e d o v a l o r r e p r e s e n t a d o p o r u m a f i g u r a , e s s a n o t a e r a m e t a d e b r a n c a e 
m e t a d e p r e t a . 
V e i u d e p o i s a época e m q u e p r e v a l e c e u o e m p r e g o d a s notações b r a n c a e 
p r e t a . E s t a juncção f e z r e s u r g i r a proporção hèmiolia, q u e e x p r i m i a a razão 
sèsqui-altera. O e m p r e g a d a hèmiolia n o f i m d a e d a d e m e d i a , não c o n s t i t u i u 
u m a innovação, p o r q u a n t o o s a n t i g o s g r e g o s d i z i a m q u e o c o m p a s s o q u i n a r i a 
c o m p o s t o d e números r y t h m i c o s — 1 , 2 , 3 , — , e s t a v a ' e m propo/rçãoi hèmiol ia : 
3 : 2 . A t h e o r i a d a hèmiolia, e r a a s e g u i n t e : a n o t a p r e t a v a l i a d o i s terços d a n o t a 
b r a n c a q u e t i v e s s e a m e s m a f o r m a ; e m a l g u n s c a s o s e s p e c i a e s , p o d i a v a l e r t r e s 
q u a r t o s d a n o t a b r a n c a . Q u a n d o o c o m p a s s o f o s s e p e r f e i t o , a hèrraolia d a v a 
l u g a r ás s y n c o p a s ; e x : n a prolação m a i o r . 
Q u a n d o o c o m p a s s o f o s s e i m p e r f e i t o , d a v a l u g a r a o s g r u p o s d e tres-sèsqui-
a l t e r a : e x . n a prolação m e n o r : 
— 1 1 0 — 
O c a s o s e g u i n t e a pr e s e n t a u m e x e m p l o d e n o t a s p r e t a s v a l e n d o t r e s q u a r t a s 
p a r t e s d a n o t a b r a n c a . 
/ 
m o » 1 o -
( 
N o p r i n c i p i o d o d e c i m o q u i n t o século, f o i q u a s i a b a n d o n a d o o e m p r e g o d a 
p l i c a i p a r a d a r l u g a r a o e m p r e g o d o s p o n t o s . S e g u n d o A d a m d e F u l d e , h o u v e 
s e i s espécies d e p o n t o s , a s a b e r : p o n t o d e perfeição, d e imperfeição, d e a u g m e n -
t o , d e divisão, d e alteração, e d e translação o u transposição. 
A l g u n s d e s t e s p o n t o s d i m i n u i a m o v a l o r d a s n o t a s e o u t r o s a u g m e n t a v a m -
l h ' o , c o m o v a m o s v e r p e l a s explicações s e g u i n t e s : 
L ° P o n t o d e per fe ição ; e m p r e g a v a - s e n a prolação p e r f e i t a e m t e m p o p e r f e i t o 
o u i m p e r f e i t o . T o r n a v a p e r f e i t a q u a l q u e r n o t a s e g u i d a d u m a o u t r a q u e t i -
v e s s e m e t a d e d o s e u v a l o i r , a u g m e n t a n d o - l h e o t r i p l o d a q u e l h e s e g u i a . 
2 . ° P o n t o d e imperfeição; c o l l o c a v a - s e á e s q u e r d a d a l o n g a e d i m i n u i a - l h e o 
v a l o r d e u m a o u d u a s i s e m i - b r e v e s ; n o p r i m e i r o c a s o , c o l l o c a v a - s e u m a 
s e m i - b r e v e e n t r e o p o n t o e a l o n g a ; n o s e g u n d o , d u a s s e m i - ' b r e v e s d e p o i s 
d a l o n g a . 
3 . ° P o n t o d e a u g m e n t o ; p e r t e n c i a á divisão b i n a r i a , e e n t r e d u a s f i g u r a s i g u a e s , 
f a z i a v a l e r a p r i m e i r a o d o b r o d a s e g u n d a . 
4 . ° P o n t o d e al teração; t i n h a l u g a r e n t r e d u a s s e m i - b r e v e s p r e c e d i d a s e s e g u i -
d a s d u m a b r e v e e m t e m p o p e r f e i t o e diminuía u m a s e m i - b r e v e a c a d a b r e v e . 
Q u a n d o o p o n t o e s t i v e s s e d e p o i s d u m a s e m i - b r e v e s e g u i d a d e d u a s s e m i -
b r e v e s e n t r e d u a s b r e v e s , d o b r a v a - s e o v a l o r d a s d u a s s e m i - b r e v e s . 
5 . ° P o n t o d e divisão; c o l l o c a - s e a n t e s d u m a s e m i - b r e v e s e g u i d a d e u m a b r e v e 
n o t e m p o p e r f e i t o e diminuía u m t e m p o i á b r e v e . 
6 . ° P o n t o d e translação; p e r t e n c i a a o t e m p o i m p e r f e i t o . Q u a n d o s e a p r e s e n t a s -
s e u m a s e m i - b r e v e e n t r e d o i s p o n t o s e s e g u i d a d e d u a s o u m a i s b r e v e s , o 
s e g u n d o p o n t o a u g m e n t a v a u m t e m p o á u l t i m a d a s b r e v e s t o r n a n d o - a p e r -
f e i t a . 
N a s e g u n d a m e t a d e d o d e c i m o q u i n t o século, q u a n d o s e u s a v a só a notação 
b r a n c a , a p e n a s s e c o n h e c i a o s p o n t o s d e divisão, d e a u g m e n t o e d e perfeição ; 
u m século d e p o i s , e m p r e g a v a - s e u n i c a m e n t e o p o n t o d e a u g m e n t o . ( 4 0 ) 
(40) Quando se empregavam dois pontos de augmento adeante de uma figura, era de uso dar 
ao primeiro uma dimensão maior que ao segundo. Este uso prolongou-se até aos primeiros annos da 
19 século. (R. Costa. F . M . ) . 
— 1 1 1 — 
A adopção d e f i n i t i v a d a notação b r a n c a p a r a a m u s i c a p r o f a n a , d e t e r m i n o u 
o u s o d a notação p r e t a p a r a a m u s i c a l i t h u r g i c a , e , a b o l i u o e m p r e g o d a notação 
v e r m e l h a . A notação b r a n c a , q u e é a c o r r e n t e , f i c o u c o m p o s t a d e n o t a s b r a n c a s 
— l o n g a , b r e v e , s e m i - b r e v e , m i n i m a — , e d e n o t a s p r e t a s , c o m o a s e m i n i m a , 
colchêa, e t c , e t c . A complicação n a duração d a s n o t a s , j á p e l a s r e g r a s d e p e r -
feição o u d e imperfeição a q u e e s t a v a m s u j e i t a s , c o m o p e l a adjuncção d o s d i -
v e r s o s p o n t o s , t e r m i n o u d e s d e q u e s e t o m o u o c o s t u m e d e d i v i d i r ( s g r u p o s d e 
t e m p o s p e l a s l i n h a s d e divisão, o q u e s e e f f e c t u o u só n o p r i n c i p i o d o d e c i m o 
s e x t o século. F o i então q u e a p p a r e c e r a m c o m m a i s frequência a s f o r m u l a s d o s 
c o m p a s s o s i n d i c a d o s c o m números s o b r e - p o s t o s e c o m a l e t t r a C o u ^ . A l e t -
t r a C , q u e , i g u a l a o m e i o c i r c u l o , r e p r e s e n t a v a a imperfeição, i s t o é, a divisão 
b i n a r i a , f i c o u i n d i c a n d o o c o m p a s s o binário, t e n d o c o m o u n i d a d e d e t e m p o a 
s e m i - b r e v e . E s t e c o m p a s s o , o r i g e m d e t o d o s o s o u t r o s , não é m a i s q u e a adopção 
d e f i n i t i v a d a prolação m a i o r i m p e r f e i t a e m t e m p o i m p e r f e i t o . M a i s t a r d e , p a r a 
i n d i c a r e m o c o m p a s s o quaternário, u t i l i z a r a m - s e d a m e s m a indicação d o c o m -
p a s s o binário C , s u b d i v i d i n d o - o e m q u a t r o t e m p o s e d a n d o o d o b r o d a duração 
a c a d a f i g u r a ; a s s i m a b r e v e , v a l i a q u a t r o t e m p o s ; a s e m i - b r e v e , d o i s : a m i n i -
m a , u m , e t c , e t c . F o i d e s d e então q u e f i c o u p r e v a l e c e n d o a divisão b i n a r i a . 
B. Pasquini 1 6 3 7 - 1 7 1 0 
T o e e a t a 
E x . 8.° 
O c o m p a s s o binário, c o n t i n u o u a s e r r e p r e s e n t a d o p e l a l e t t r a C , porém 
c o r t a d a p o r u m a l i n h a ; a s s i m : , p a r a a d v e r t i r q u e a s f i g u r a s p e r d i a m m e t a -
d e d o s e u v a l o r . E s t a f o r m u l a , ^ , m u i t o u s a d a p o r P a l e s t r i n a n a s s u a s c o m p o -
sições s a c r a s , e x e c u t a d a s só p o r tenores e baixos, f o i g e r a l m e n t e c o n h e c i d a p e l o 
nome d e battuta di capella, p o r s e r a f o r m u l a m a i s u s a d a n a C a p e l l a S i x t h t a ; 
e n t r e t a n t o a l g u n s c o m p o s i t o r e s contemporâneos d e P a l e s t r i n a , d e r a m a e s s e 
m e s m o c o m p a s s o o n o m e d e c o m p a s s o alia breve, p o r s e r a breve a u n i d a d e d o 
c o m p a s s o . O s c o m p a s s o s d e divisão b i n a r i a , e r a m p o i s i n d i c a d o s p e l a s l e t t r a s C 
o u ^ e p e l a s f o r m u l a s y \ , e t c ; e o s c o m p a s s o s d e divisão ternária, i n d i c a -
v a m - s e c o m números s o b r e - p o s t o s , p r e c e d i d o s q u a s i s e m p r e d a l e t t r a C , p a r a 
l e m b r a r q u e a u n i d a d e d o s v a l o r e s m u s i c a e s e r a a breve. A s expressões c o m 
— 1 1 2 — 
q u e s e i n d i c a v a m , d e t e r m i n a v a m a espécie d o r y t h m o ; a s s i m a o c o m p a s s o C ^ 
d a v a m o. n o m e d e sub-sèsquialtera: a o c o m p a s s o C j j , sèsqui-oitava: a o c o m -
p a s s o C | , duplo-sèsqui-quarta, e t c , e t c ( 4 0 " A ) . P o u c o a p o u c o v i e r a m t o d a s a s 
f o r m u l a s q u e h o j e s e u s a m , a s q u a e s e m p r e g a v a m c o m c e r t a p r o m i s c u i d a d e v i s t o 
q u e a m e l o d i a d e s s a época não o b e d e c i a a u m a q u a d r a t u r a r e g u l a r . 
Rameau "La r/t. irlandc" 
1 , 1 \ p i 
E x . 9.° 
f * M 
1 6 8 3 - 1 7 6 4 . 
Sebastião B a c h , f o i o p r i m e i r o a d a r e x e m p l o d a r e g u l a r i d a d e r y t h m i c a , 
e m p r e g a n d o n a s s u a s composições t o d a s a s f o r m u l a s d o s c o m p a s s o s m a i s u s a d o s . 
A r e g u l a r i d a d e r y t h m i c a , d e t e r m i n o u a intransigência d a q u a d r a t u r a meló-
d i c a até f i n s d o século p a s s a d o , e a s s i m s e e s c r e v e r a m composições notáveis p el o 
d e s e n v o l v i m e n t o harmónico, p o l y p h o n i c o e r y t h m i c o d e n t r o i d o s l i m i t e s d u m só 
c o m p a s s o . V o l t a n d o porém a l i b e r d a d e r y t h m i c a , o s c o m p o s i t o r e s a c t u a e s s e -
g u e m a l i n h a i n d e p e n d e n t e d a m e l o d i a a n t i g a . 
R. Strauss "Salomé". 
1 8 6 4 
O a m b u r g u e z M a t t h s o n , m u s i c o g r a p h o d e v a l o r e contemporâneo d e B a c h , 
r e f e r e - s e n o s e u l i v r o " K l e i n e G e n e r a l b a s s c h u l e " a o e m p r e g o não v u l g a r d o s 
c o m p a s s o s quinario e setenario. E s t a r e f e r e n c i a v e m p r o v a r - n o s q u e o e m p r e g o 
d e s t e s c o m p a s s o s é j á a n t i g o ; e , a c t u a l m e n t e , são m u i t o s o s c o m p o s i t o r e s q u e 
s e u t i l i z a m d e s s e s c o m p a s s o s . 
(40-A) Alguns tratadistas antigos davam o nome t e m p o ao conjuncto das partes em que estava 
dividido o compasso; assdm, diziam: compasso de t e m p o q u a r t e r n a r i o , ou simplesmente: t e m p o q u a t e r t t i r i o , 
etc. Ao que chamamos tempos, diziam p a r t e s , etc. Aos oempassos indicados com números, chamavam 
compassos numerários. (Vide Solano ibid). 
Berilo z "Uenfance du Christ 
Sàint-Saens, e m p r e g o u a f o r m u l a \ n a S o l i t a i r e " , d a n s a p e r s a . 
V i n c e n t d T n d y , a p o l o g i s t a , e n t r e o u t r o s , d a v a r i e d a d e r y t h m i c a d o s a n t i g o s 
c o m p o s i t o r e s e i n i m i g o d o "autocrático domínio d a l i n h a d e divisão" e m p r e g o u 
n o s e u s e g u n d o q u a r t e t t o d e c o r d a s , o c o m p a s s o unario simples. 
R i m s k y K o r s a k o f , e m p r e g o u n a u l t i m a s c e n a d a s u a o p e r a " S n e g o r u t s c h k a " , 
c o m p o s t a e m 1 8 8 2 , o c o m p a s s o d e o n z e t e m p o s , c a r a c t e r i s a d o p o r u m g r u p o d e 
s e m i n i m a s . 
— 1 1 4 — 
* 
* * 
O s a n t i g o s b a t i a m o c o m p a s s o d e d i v e r s a s m a n e i r a s . N o c a n t o c h o r a i , i n -
v a r i a v e l m e n t e a s s o c i a d o á d a n s a , i s t o é, a o s m o v i m e n t o s d o c o r p o r e g u l a d o s 
p e l o r y t h m o , o hégèménon d i r i g i a o c o n j u n c t o c a n t a n d o e d a n s a n d o c o m o s clw-
rcutas, e i n d i c a v a a s a t t i t u d e s características o u a e n t r a d a d o c o r o , d a n d o e s t a -
l o s c o m o s d e d o s , á m a n e i r a d o s a n t i g o s aèdas q u e d i m i d i a m a s s i m o s d a d t y l o s 
d o s s e u s v e r s o s épicos, o u b a t e n d o c o m o pé n o chão ; o s c h o r e u t a s , s e g u i n d o o 
e x e m p l o d o d i r e c t o r , m a r c a v a m só o s t e m p o s f o r t e s , b a t e n d o também c o m o s 
pés n o chão. O s manuductores, m e s t r e s d e m u s i c a , calçavam o i r d i n a r i a m e n t e 
u m a s sandálias d e p a u o u d e f e r r o p a r a s e t o r n a r m a i s sensível a percursão d o 
r y t h m o , e m a r c a v a m f o r t e m e n t e c o m a mão d i r e i t a s o b r e a p a l m a d a mão e s -
q u e r d a , t o d o s o s m o v i m e n t o s d o c o m p a s s o . Além d o e s t a l o d a s mãos e d o b a r u -
l h o d a s sandálias, s e r v i a m - s e a i n d a , p a r a o m e s m o f i m , d e o s s o s d e a n i m a e s o u 
d e c o n c h a s q u e m a n e j a v a m c o m o s e f o s s e m c a s t a n h o l a s . O coripheu, a s s i m c h a -
m a d o p o r f i c a r n o i m e i o d o s músicos s o b r e u m e s t r a d o ' b a s t a n t e a l t o p i a r a s e r 
o u v i d o e v i s t o p o r t o d o s , e r a m e n o s e s p e c t a c u l o s o n o s s e u s m o v i m e n t o s , p o i s 
m a r c a v a o s t e m p o s d o c o m p a s s o l e v a n t a n d o o< pé d o chão p a r a o d e i x a r c a h i r 
m a i s o u m e n o s n o m e s m o l u g a r . A i g u a l d a d e d e s s e s m o v i m e n t o s , d e p e n d i a d a 
divisão i g u a l o u d e s i g u a l d o s d o i s t e m p o s . T o d o o a p p a r e l h o d e q u e s e s e r v i a m 
o s a n t i g o s p a r a m a r c a r o c o m p a s s o , f o i substituído p o r b a t u t a s d e p a p e l o u d e 
p a u ; e n t r e t a n t o o s e u e m p r e g o e r a tão e x a g g e r a d o q u e , s e g u n d o R o u s s e a u , n a 
O p e r a d e P a r i s , e x i g i a - s e q u e o mestre e m p u n h a s s e u m a g r o i s s a b a t u t a d e p a u 
b e m d u r o p a r a , b a t e n d o o c o m p a s s o c o m força, s e r o u v i d o d e l o n g e . E a i n d a 
u m século d e p o i s , B e r l i o z c o n t a h u m o r i s t i c a m e n t e q u e o i n s u p p o r t a v e l t i c t a c 
d o r e g e n t e d a o r c h e s t r a s o b r e a cúpula d o p o n t o , o r i g i n o u a l o u c u r a a o p o b r e 
i n c l i n o d a cúpula. C o m o t e m p o , t o d o s o s e x a g g e r o s f o r a m a c a b a n d o . 
* 
O s pontos de diminuição u s a d o s n a notação c o r r e n t e , começaram a s e r e m -
p r e g a d o s só n o d e c i m o o i t a v o século n a s composições d e F r a n c i s c o C o u p e r i n e 
R a m e a u . 
A virgula, e r a , d e p r e f e r e n c i a , u s a d a p e l o s i t a l i a n o s , e o ponto p e l o s a l l e -
mães. 
A ligação, a p p a r e c e u n a s composições d o d e c i m o o i t a v o século, e o desta-
cado ligado, f o i e m p r e g a d o p e l a p r i m e i r a v e z p o r M o z a r t . H e n r i q u e H e r z , p r o -
p o z , e f o i a c c e i t o , o u s o d o ponto sublinhado e d o rectangido. O e m p r e g o d a 
syncopa e d o s grupos alterados, é antiquíssimo. O m o d o p r i m i t i v o d e e s c r e v e r 
a syncopa n a m u s i c a mensurável, e r a o s e g u i n t e : 
I 
I H 
— 1 1 5 — 
E x . 12.° 
indicação a n t i g a 
indicação c o r r e n t e 
* * 
O s g r e g o s a n t i g o s , o s p r i m e i r o s q u e f i z e r a m d o «rythmo u m a s c i e n c i a , e m -
p r e g a v a m n a s s u a s composições poéticas e m u s i c a e s , a modulação rythmica. 
A r i s t o x e n o , c i t a n o s " F r a g m e n t o s r y t h m i c o s " , c o m o b o m e x e m p l o d a modulação 
r y t h m i c a , o nome d e A t h e n a s d ' 0 1 y m p o s , o n d e a modulação d o peão e m tto-
cheu, b a s t a p a r a m u d a r c o m p l e t a m e n t e o c a r a c t e r d o t r e c h o . U m peão êpibato, 
é u m c o m p a s s o d u p l o d e c i n c o t e m p o s : u m iambo, d e t r e s t e m p o s ; m a s , p o d e - s e 
f o r m a r c o m iambos u m g r a n d e c o m p a s s o d e r y t h m o q u i n a r i o , c o m o o peão, r e -
p r e s e n t a n d o c a d a u n i d a d e d e d o i s t e m p o i s , p o r u m iambo o u m e s m o p o r u m 
dUambo. O b t e m - s e n o p r i m e i r o c a s o , u m p e n t a p o d i o i a m b i c o , n o s e g u n d o , u m 
período f d r m a d o d u m d i m e t r o e d u m t r i m e t r o , m u i t o f r e q u e n t e n a s composições 
d ^ r c h i l o c o . 
E x . peão e p i b a t o n a f o r m a b i p e n t a b r a c h y s : 
modulação r y t h m i c a p a r a o i a m b o , c o n s e r v a n d o a extensão d o peão e p i b a t o 
p e n t a p o d i o i a m b i c o ^ £ f Ç f $ f 
D i z A r i s t o x e n o : s u b s t i t u i n d o u m d a c t y l o p o r u m d i t r o c h e u s u j e i t o á e x t e n -
são d u m d a c t y l o , o b t e m - s e u m h e x a m e t r o m a i s l o n g o , c u j o - r y t h m o u n i f o r m e n a 
r e a l i d a d e , é v a r i a d o p e l a realização. 
E x . d a c t y l o 
d i t r o c h e u T (J U 
t f % 
E i s a p r i m e i r a indicação d o s g r u p o s a l t e r a d o s . O e x e m p l o s e g u i n t e , e s c r i p t o 
n o género d a c t y l o a n a p e s t o , f a z , n o s e g u n d o c o m p a s s o , u m a modulação r y th -
m i c a p a r a o t r o c h e u , a p r e s e n t a n d o p o r t a n t o u m g r u p o d e tres-sèsqui-altera. 
i 
E x . 13.° 
H Y M N O A N E M È S I S 
( a t t r i b u i d o a o c i t h a r i s t a c r e t e n s e M e s o m e d o i — 2.° s . e , C h r i s t ) 
p t y r . s | r e c r g g i r » r r r f | f r 
(traducção d e G e v a e r t ) 
E x e m p l o n a notação n e u m a t i c a , t r a d u z i d o p e l o a n o n y m o L . D . e p u b l i c a d o 
n o s " E s t u d o s d e p h i l o l o g i a m u s i c a l " d e C o m b a r i e u . 
Fragmentos da "Eneida" 
ft/=> - h _ J I f> o 
E x e m p l o n a notação q u a d r a d a , t r a n s c r i p t o d a " H i s t o r i a g e r a l d a m u s i c a ' * 
d e Fèt is . 
C A N Ç Ã O D O T R O V A D O R G U I L H E M D E S A I N T D I D I E R 
(producção d o s últimos v i n t e a n n o s d o d e c i m o s e g u n d o século) 
f r a g m e n t o 
g 1 r . « " T 7 l | ,1 • • 
• • B I 
" 1 
-6Í.CW1 
D e p o i s , n a notação b r a n c a , v e i u a proporção hèmiolia, q u e n u m t e m p o i m -
p e r f e i t o , d a v a l u g a r a o s g r u p o s d e tres-sèsqui-alteras, d e q u e j á f a l a m o s . 
D u f a y , m o n g e d a C a m b r a i a , u m d o s m a i o r e s c o m p o s i t o r e s m e d i e v a e s , f o i 
o p r i m e i r o a e m p r e g a r g r u p o s - a l t e r a d o s d e m a i o r e m e n o r d e s i g u a l d a d e n u m a 
d a s s u a s composições s a c r a s : a m i s s a d e S t o . A n t o n i o . Ejsfí:a innovação, f o i a d o -
p t a d a p o r m u i t o s c o m p o s i t o r e s , s e u s contemporâneos; e n t r e t a n t o , o e m p r e g o 
d o s g r u p o i s - a l t e r a d o s , c o n t r a o q u a l s e i n s u r g i u o c e l e b r e didáctico T i n c t o r i s , 
t e v e u m a duração e p h e m e r a , p o r q u e a f a l t a d a r e g u l a r i d a d e r y t h m i c a e n t r e a s 
v o z e s , p r o d u z i a u m a indecisão n o i c o m p a s s o , a q u e o s músicos d e s s e t e m p o não 
e s t a v a m a c o s t u m a d o s . F o i e s t a i r r e g u l a r i d a d e r y t h m i c a , q u e l e v o u o c e l e b r e 
didáctico a d i z e r q u e o s c o m p o s i t o r e s não s a b i a m a r i t h m e t i c a . 
— 1 1 7 — 
O e x e m p l o s e g u i n t e , t r a n s c r i p t o d a ' ' H i s t o r i a d e m u s i c a " d e Fètis, a p r e -
s e n t a a l g u n s g r u p o s - a l t e r a d o s , o s q u a e s , n a época a q u e n o s r e f e r i m o s , c o n s t i -
tuíam proporções. 
E x . 14.° 
T e n o r 
T R A D U C Ç Ã O D E F È T I S 
Q ' — . 1 ^ —^ | >T**'V I . . —f"^ 
(41) Epitrite ou sesqui-tertia. 
E s t a s alterações r y t h m i o a s f o r a m a b a n d o n a d a s ; e , até Sebastião B a c h o s 
- g r u p o s - a l t e r a d o s q u e s e e m p r e g a v a m e r a m o s d e t r e s f i g u r a s , q u e s e e x e c u t a -
v a m n o t e m p o d e d u a s d a m e s m a espécie, e o s d e c i n c o o u s e i s , q u e s e e x e c u t a v a m 
n o t e m p o d e q u a t r o . B a c h , h a b i t u a d o , c o m o t o d o s o s músicos d o s e u t e m p o , a 
e m p r e g a r u n i c a m e n t e o s g r u p o s a l t e r a d o s d e t r e s , c i n c o o u s e i s n o t a s , d e u - n o s 
e n t r e t a n t o u m e x e m p l o d e grupos d e menor desigualdade, s e b e m q u e não d i e -
t e r m i n a d o s g r a p h i c a m e n t e . S c h w e i t e z e r , d i z : q u e r e n d o o g r a n d e c a n t o r d e S . 
T h o i m a z e x p r i m i r a c a l m a n o s últimos 2 4 c o m p a s s o s d a s u a c a n t a t a " H e r r , g e h e 
m i c h t i n s G e r i c h t " i n d i c o u o s e u p e n s a m e n t o c o m a s e g u i n t e g r a p h i a : 
C o m o s e vê, o n u m e r o d e n o t a s v a e d i m i n u i n d o d e c o m p a s s o p a r a c o m r i a s -
s o e B a c h , a o e s c r e v e r a s t r e s colchêas p r e c e d i d a s d a s q u a t r o semi-coíchêas, ( p r e -
f e r i u m u d a r a f o r m u l a d o c o m p a s s o a e s c r e v e r g r u p o s - a l t e r a d o s d e sèsqui-alteras, 
v i s t o q u e e s t e s g r u p o s d e s p e r t a n d o ) a agitação ( 4 2 ) não p o d i a m s e r a d m i t t i d o s p a i r a 
d e s c r e v e r a c a l m a e x p r e s s a n o i t e x t o : N u n i c h w e i f s , d u / w i r s t m i c h s t i l l e n " — 
" A g o r a s e i q u e és t u q u e m e tranquil l isarás" — P o r t a n t o , s e B a c h c o n h e c e s s e 
a f iguração d o s grupos de menor desigualdade, não m u d a v a a f o r m u l a d o c o m -
p a s s o , e s c r e v i a g r u p o s - a l t e r a d o s d e sub-sesqui-tertia, e a s s i m a p r e s e n t a v a u m a 
g r a p h i a m a i s c o n f o r m e c o m o s e u p e n s a m e n t o m u s i c a l . P o r c e r t o * q u f e C h o p i n 
e s c r e v i a e s s a m e s m a m e l o d i a d o m o d o s e g u i n t e : 
E x . 15.° 
P o r consequência, c o n t i n u a r a m o s g r u p o s d e t r e s n o t a s , q u e s e d e n o m i n a * 
v a m t r i p l u m , e o s d e s e i s n o t a s , d e n o m i n a d o s d u p l o t - t r i p l u m . O s músicos f r a m 
c e z e s e p o r t u g u e z e s c o n s e r v a r a m a denominação sèsqui-altera e m p r e g a d a p o r 
D u f a y . N o p r i n c i p i o d e d e c i m o n o n o século, o s f r a n c e z e s a d o p t a r a m , p o r a n a -
l o g i a , o t e r m o triolet, n o m e d e u m a d a s s u a s f o r m a s poéticas, p a r a i n d i c a r o 
g r u p o d e t r e s n o f t a s , e s i s t i l e t , p a r a o s g r u p o s d e s e i s ; e s t e s vocábulos foram 
a c c e i t o s p e l o s a l lemães: triolen, sistolen. O s i n g l e z e s c o n t i n u a r a m c o m a d e -
nominação a n t i g a : triplei, e t c . ; o s i t a l i a n o s d e n o m i n a r a m o s g r u p o s p e l o n u -
m e r o d e n o t a s d e c a d a u m , d i z e n d o terzine, sestine: o s hespanhóes, s e g u i n d o o 
e x e m p l o d o s i t a l i a n o s , d i z e m ytresillos, seisillos; o s músicos p o r t u g u e z e s c r i a r a m o s 
t e r m o i s trcsquialtera e seis=quialtera. E s t a s denominações, f o r a m c r e a d a s p a r a 
(42) Scudo, referindo-se, na "Critica e litteratura musicaes", ao mérito do bello quartetto da 
opera "Zampa", d? Herold, diz que a poltroneria de Dandalo é vivamente accusada por um rythmo 
particular onde os t r i o l e t s i n d i c a m pulsações p r o g r e s s i v a s que e x c i t a m a a l e g r i a , sem prejudicar a 
*emoçao. 
i n d i c a r o s g r u p o s - a l t e r a d o s c o m p o s t o s d e t r e s o u s e i s n o t a s q u e i n v a r i a v e l m e n t e 
s e e x e c u t a v a m n o t e m p o d e d u a s o u q u a t r o , d a m e s m a espécie. P a r a c o m m o d i -
d a d e d a t e r m i n o l o g i a m u s i c a l , q u a n d o p r i n c i p i a r a m a a p p a r e c e r n a s composições 
d e B e e t h o v e n e d e s e u s contemporâneos o s g r u p o s d e c i n c o , s e i s e s e t e n o t a s 
e x e c u t a d a s s e m p r e n o t e m p o d e q u a t r o : 9 , 1 0 , 1 1 , 1 2 , 1 3 , 1 4 , 1 5 , e x e c u t a d a s 
s e m p r e n o t e m p o d e 8 , g r u p o s d e m a i o r d e s i g u a l d a d e r e p o r t a n d o - s e a u m d o s 
números r e p r e s e n t a t i v o s d a s q u a n t i d a d e s p r o p o r c i o n a e s d a s f i g u r a s , — 1 , 2 , 4 , 
8 . 1 6 , 3 2 , 6 4 , — , começaram a i n d i c a r e s s e s g r u p o s p e l o n u m e r o d e n o t a s q u e 
o s c o n s t i t u i a m j u n t a n d o - l h e s o vocábulo quialtera, p a r a i n d i c a r a alteração r y -
t h m i c a . A s s i m , d i z i a - s e : c i n c o - q u i a l t e r a , s e i s - q u i a l t e r a , s e t e - q u i a l t e r a , p a r a i n -
d i c a r g r u p o s d e 5 , 6 , 7 n o t a s , e x e c u t a d a s , c o m o j á d i s s e m o s , i n v a r i a v e l m en t e n o 
t e n i o o d e 4 . O s músicos d e t o d o s o s p a i z e s , s e g u i r a m a m e s m a s i m p l i c i d a d e t e c h -
n o l o g i a . C h o p i n , o m a i o r p o e t a m u s i c a l d a p r i m e i r a m e t a d e d o s e c u l o i p a s s a d o , 
a b a n d o n o u o p r e c o n c e i t o d o e m p r e g o e x c l u s i v o d o s g r u p o s d e t r e s e s e i s n o t a s , 
e a p r e s e n t o u , c o m o D u f a y , t o d a s a s alterações r y t h m i c a s q u e o s e u génio c o n c e -
b e u . E ' d e s d e então, q u e s e g e n e r a l i s o u o e m p r e g o d o s g r u p o s d e m a i o r e m e n o r 
d e s i g u a l d a d e , p o r q u e t o d o s o s c o m p o s i t o r e s m o d e r n o s s e g u i r a m f r a n c a m e n t e 
o e x e m p l o , d o g r a n d e m e s t r e , v e n d o n o s g r u p o s d e m e n o r d e s i g u a l d a d e u m a d a s 
" n o v a s f o r m a s " , c o m o d i z L i s z t , a d a p t a d a s a s e n t i m e n t o s q u e a i n d a não t i n h a m 
s u r g i d o n o c i r c u l o e n c a n t a d o d a a r t e . ( 4 3 ) 
(43) Depois desta innovação importantíssima um grande numero de theoricos que não compre-
henderam o grande valor expressivo dos g r u p o s - a l t e r a d o s em geral, denominaram, em, detrimento da 
lógica que preside a qualquer theoria, os grupos de m e n o r d e s i g u a l d a d e do mesmo modo que os de 
m a i o r desigualdade. Assim, os g r u p o s - a l t e r a d o s , são indicados pelo seu numero de notas juntando-lhes 
a terminação o l e t , em francez: o l e m , em allemao: q u i a l t e r a , em portuguez, etc. Ora, todas estas 
denominações, já não têm direito de existir, visto que os g r u p o s - a l t e r a d o s podem ser de m a i o r ou 
m e n o r d e s i g u a l d a d e . O tempo em que era permittido unicamente os grupos de cinco, seis ou sete 
notas executadas no tempo de quatro, já passou, e portanto uma nova denominação positiva e clara se 
impõe, para determinar com precisão qualquer g r u p o - a l t e r a d o . 
Os vocábulos triovet, t r i o l e m , t e r s i n a , t r e s i l l o s e t r e s - q u i a l t e r a , indicam s,6mente a exterioridade 
•dum grupo de notas, isto é, dizem-nos, convencionalmente, que se trata dum grupo de tres notas; 
porém, os g r u p o s - a l t e r a d o s constituem alterações r y t h m i c a s caracterisadas pelas accentuações dynamica 
e agogica, factores vitaes da expressão musical. Assim, como exemplo, a intervenção de um ou dois 
grupos de tres notas numa série de grupo® de duas, dá a impressão de uma agitação, de uma accele. 
ração; se, ao contrario, numa séríie de grupos de quatro notas for intercalado um ou dois grupos de 
tres, estes grupos dão a impressão de um desalento, de um rallentando. H a portanto uma opposição 
de ff eitos, de sentimentos estheticos entre os grupos de maior e menor desigualdade. Esta opposigão 
de ef feitos, precisa ter uma denominação indubitável; e a denominação que nos parece mais exacta, 
é a que usaram os antigos quando apresentaram pela primeira vez os g r u p o s - a l t e r a d o s sob o nome de 
proporções. Esta denominação, que adoptamos no presente livro, tem a immensa vantagem de indicar 
o caracter expressivo dos grupos. Acontece o mesmo com a denominação actual? Os g r u p o s - a l t e r a d o s 
são muitas vezes mal escriptos, pois não é raro ver-se um grupo de m a i o r d e s i g u a l d a d e -ser r a l l e n t a d o , 
•quando devia, para esse effeito, estar escripto um grupo de m e n o r d e s i g u a l d a d e , tornando assim menos 
incerto o modo expressivo da execução. 
* * 
O andamento, n a s composições a n t i g a s , e r a d e t e r m i n a d o p e l o s e n t i d o d a . 
p o e s i a . 
Q u a n d o a m u s i c a s e e m a n c i p o u e c o n s t i t u i u d e p e r s i u m a a r t e , a d o p t a r a m 
o s n o m e s d a s d a n s a s p a r a i n d i c a r o s d i v e r s o s a n d a m e n t o s ; a s s i m , d i z i a m : t e m p o 
d e m i n u e t e , q u e c o r r e s p o n d i a a o m o d e r a t o : t e m p o d e g a v o t a , q u e c o r r e s p o n d i a 
a o a l l e g r o , e t c , e t c . M a s c o m o t a e s indicações não d e t e r m i n a s s e m c o m precisão 
o s a n d a m e n t o s , a p p a r e c e u o p r i m e i r o m e t r o n o m o i n v e n t a d o e m 1 6 3 6 p e l o p a d r e 
M e r s e n n e . E s t e i n s t r u m e n t o , c o n s i s t i a n u m pêndulo q u e s e a l l o n g a v a o u e n c u r -
t a v a p a r a a c c e l e r a r o u r e t a r d a r a s oscillações, e a s s i m i n d i c a r o a n d a m e n t o ' . A ' 
m a r g e m d a s composições, i n d i c a v a - s e q u a l o c o m p r i m e n t o d o pêndulo c o r r e s -
p o n d e n t e ás fracções d e s e g u n d o . E s t e i n s t r u m e n t o p a s s o u d e s p e r c e b i d o . 
N a s e g u n d a m e t a d e d o d e c i m o - s e t i m o século, u m m u s i c o c h a m a d o E t i e n n e 
Loulié, a p r e s e n t o u o s e u chronometro, p a r a m a r c a r o s tempos. E s t e a p p a r e -
l h o e r a c o m p o s t o d ^ i m q u a d r o g r a d u a d o d e u m a s e t e n t a e d o i s g r a u s d e m o v i -
m e n t o , e d e u m pêndulo c o m p o s t o d e u m a p e q u e n a e s p h e r a d e c h u m b o p r e s a a 
u m cordão q u e s e a l l o n g a v a o u e n c u r t a v a p o r m e i o d e u m a c r a v e l h a a q u a l s e 
c o l l o i c a v a n o s b u r a c o s c o r r e s p o n d e n t e s ás divisões d a e s c a l a d o s a n d a m e n t o s . 
E s t e i n s t r u m e n t o , q u e t i n h a d o i s m e t r o s d e a l t u r a , f o i a p p r o v a d o e m 1 7 0 1 p e l a 
A c a d e m i a d a s S c i e n c i a s d e P a r i s . N a m e s m a época e m q u e Loulié a p r e s e n t a v a o 
s e u chronometro, começaram a a p p a r e c e r a l g u n s d o s t e r m o s i t a l i a n o s q u e i n d i -
c a m o s n o s s o s a n d a m e n t o s m u s i c a e s . Porém, c o m o q u a l q u e r t e r m o e m p r e g a d o 
p a r a i n d i c a r o a n d a m e n t o não t e m a precisão indispensável p a r a e v i t a r q u e s e 
m o d i f i q u e a duração n a s proporções s o n o i r a s , p o i s q u e h a d i v e r s o s g r a u s d e r a -
p i d e z o u d e lentidão p a r a u m a n d a m e n t o a l l e g r o o u a d a g i o , c o m p r e h e n d e - s e q u e 
o v a g o d e s t a t e r m i n o l o g i a o c c a s i o n a s s e f a l s a s interprfetaçÕes, o r i g i n a n d o p o r 
consequência impressões d i f f e r e n t e s d a s q u e o c o m p o s i t o r q u i z e x p r i m i r . P a r a 
e v i t a r e s s e v a g o d o s t e r m o s i n d i c a d o r e s d o a n d a m e n t o e c o r r i g i r o s d e f e i t o s d o 
c h r o n o m e t r o d e Loulié, S a u v e u r , g e o m e t r a e acústico f r a n c e z , i n v e n t o u o écho-
metro. E m 1 7 3 2 , D ' O n s - E m b r a y , i n v e n t o u o mètrométro, q u e t i n h a d o i s m e t r o s 
d e a l t u r a e e r a u m aperfeiçoamento d o c h r o n o m e t r o d e Loulié. E s t e a p p a r e l h o , 
p o r m e i o d u m a e n g r e n a g e m , p r o d u z i a u m c e r t o r u i d o a c a d a tempo, e u m a a g u -
l h a i n d i c a v a n u m q u a d r a n t e o s d i v e r s o s g r a u s d e m o v i m e n t o . E m 1 7 8 2 , u m r e -
l o j o e i r o d e P a r i s , c h a m a d o D u e l o s , a p r e s e n t o u u m i n s t r u m e n t o q u e d e n o m i n o u 
rythmometro; n a m e s m a época, P e l l e t i e r i n v e n t o u u m chronometro, e o s irmãos 
R e n a n d i n , u m plexichonometro. M a s , o u p o r q u e a imperfeição d e s t e s i n s t r u -
m e n t o s não p e r m i t t i s s e d e t e r m i n a r c o m precisão o s d i v e r s o s g r a u s d o s a n d a -
m e n t o s , o u p o r q u e f o s s e m p o u c o c o n h e c i d o s , a l g u n s c o m p o s i t o r e s , c o m o B a c h . 
s e r v i am - s e d a s f o r m u l a s d o s c o m p a s s o s p a r a i n d i c a r o s a n d a m e n t o s ; e m a i s 
t a r d e , M o z a r t , s e g u i n d o o e x e m p l o d e B a c h , i n d i c a v a o s a n d a m e n t o s v a g a r o -
s o s c o m a s f o r m u l a s q u e t i v e s s e m p o r u n i d a d e d e t e m p o a colchêa; e p a r a o s 
— 1 2 1 — 
a n d a m e n t o s rápidos, t o m a v a p o r u n i d a d e d e t e m p o a s e m i n i m a . D e m o d o q u e , 
a s f o r m u l a s d o s c o m p a s s o s s e r v i r a m p a r a i n d i c a r o s a n d a m e n t o s ; m a s c o m o 
e s s e n o v o p r o c e s s o e r a tão i n c e r t o c o m o t o d o s o s p r o c e s s o s u s a d o s até então, 
Maélzel, a p r e s e n t o u e m 1 8 1 3 o s e u m e t r o n o m o , q u e , s e g u n d o Fètis , e r a u m a 
imitação d o m e t r o n o m o d e W i n k e l , m e c h a n i c o h o l l a n d e z q u e v i v e u e m 1 7 8 0 . 
O m e t r o n o m o d e Maélzel, q u e f o i a p p r o v a d o e m 1 8 1 6 p e l o I n s t i t u t o d e F r a n -
ça, e n c o n t r o u o m e l h o r a c o l h i m e n t o n o s g r a n d e s m e s t r e s , e até h o j e é o p r e -
f e r i d o d e t o d o s o s c o m p o s i t o r e s . B e e t h o v e n , q u e a p r e c i a v a muitíssimo a e x a c t i -
dão d o s a n d a m e n t o s , e x t e r n o u a s u a opinião r e l a t i v a a o m e t r o n o m o d e Maél-
z e l , n a s e g u i n t e c a r t a d i r i g i d a a I g n a c e M o z e l . " F e l i c i t o - m e c o r d i a l m e n t e p o r 
v e r q u e s o i s d a m i n h a opinião, r e l a t i v a m e n t e a o s t e r m o s d e m u s i c a q u e n a d a 
s i g n i f i c a m . Haverá c o i s a m a i s c o n t r a r i a á razão q u e o t e r m o "allegro", q u e 
s i g n i f i c a a l e g r i a , e m p r e g a d o m u i t a s v e z e s n u m t r e c h o o n d e h a p a s s a g e n s q u e 
e x p r i m e m o c o n t r a r i o ? A s p a l a v r a s q u e d e s i g n a m o c a r a c t e r d o t r e c h o , não 
p o d e m s e r e s c r i p t a s a o a c a s o s e m prejuízo p a r a o e s p i r i t o e p a r a a n a t u r e z a d a 
composição, v i s t o q u e o a n d a m e n t o é p a r a a m u s i c a o q u e a a l m a é p a r a o i c o r p o . 
A b o r r e c e - m e o a b s u r d o d e s t a s denominações: allegro, andante, adagio, presto. 
O m e t r o n o m o d e Maélzel v e i u e m b o a occasião, e p r o m e t t o q u e n u n c a m a i s e m -
p r e g a r e i e s s a s p a l a v r a s v a z i a s d e s e n t i d o n a s m i n h a s composições. C h e g a r e m o s 
a s s i m a g e n e r a l i z a r o e m p r e g o d o m e t r o n o m o > , tão c o m m o d o e tão necessário? 
Não s e i . O q u e s u p p o n h o , é q u e não deixarão d e n o s a p o n t a r c o m o t y r a n o s ! . . . 
C r e i o q u e s e r i a m u i t o u t i l , s o b r e t u d o n o n o s s o p a i z o n d e a m u s i c a é u m a n e c e s -
s i d a d e n a c i o n a l , q u e t o d o s o s m e s t r e s d e m u s i c a possuíssem u m m e t r o n o m o , 
m e s m o n a s e s c o l a s d ' a l d e i a " . W a g n e r , também f e z u s o d a s indicações m e t r o -
n o m i c a s n a s s u a s p r i m e i r a s o b r a s t h e a t r a e s . 
E m 1 8 2 0 , Maélzel, c o m o d e s e j o d e aperfeiçoar o m e t r o n o m o , f e z u m s e -
g u n d o m o d e l o n o q u a l a p r e s e n t o u u m a n o v a e s c a l a d o s a n d a m e n t o s . D ' a h i , n a s -
c e u u m a confusão, p o i s q u e o s c o m p o s i t o r e s q u e i n d i c a v a m o s a n d a m e n t o s p e l o 
p r i m e i r o m o d e l o , o u v i a m m u i t a s v e z e s a s s u a s composições e x e c u t a d a s n o s a n < 
d a m e n t o s i n d i c a d o s n o s e g u n d o . F o i , t a l v e z , e s s a confusão q u e m a i s t a r d e l e -
v o u B e e t h o v e n a d i z e r q u e a q u e l l e s q u e têm u m s e n t i m e n t o 1 j u s t o , não p r e c i s a m 
d o m e t r o n o m o ; e a q u e l l e s q u e não p o s s u e m e s s e s e n t i m e n t o , não o a d q u i r e m 
c o m o e m p r e g o d e t a l i n s t r u m e n t o . A s s i m , B e e t h o v e n e n t r e g a v a a o s e n t i m e n t o 
a determinação d o a n d a m e n t o , e W a g n e r d i z i a q u e a e s c o l h a e a comprehensão 
d o a n d a m e n t o f a z c o n h e c e r s e o m u s i c o s e n t e o u não, a composição q u e e x e c u t a . 
R o u s s e a u , f o i t a l v e z o p r i m e i r o a m a n i f e s t a r e s t a s m e s m a s i d e i a s , d i z e n d o q u e 
o s d i f f e r e n t e s a n d a m e n t o s são i n d i c a d o s p e l o próprio e s p i r i t o d a m u s i c a . W a g -
n e r , c r e o u u m a m e t r o n o m i a e s p e c i a l p a r a i n d i c a r a mudança d o s a n d a m e n t o s . 
A s s u a s p a r t i t u r a s estão c h e i a s d e indicações d e s t e género : ! = ! . , I — 
& & 0 & 000 
a s q u a e s p a r a s e r e m b e m i n t e r p r e t a d a s , n e c e s s i t a m d u m c a l c u l o , q u e não p o d e 
s e r e s t r a n h o a o s y s t e m a m e t r o n o m i c o . 
A s s i m , n o e x e m p l o s e g u i n t e : 
q u a n d o s e p a s s a d o c o m p a s s o ; * a o J|, a s t r e s s e m i n i m a s d e c a d a t e m p o d o 
e q u i v a l e m a d u a s d o 4 . P a r a q u e e s t a equivalência s e j a r e a l i s a d a c o m precisão, 
é indispensável d e t e r m i n a r a duração d a s e m i n i m a n o J ; e então a duração d a . 
s e m i n i m a n o ^ será d e d a s e m i n i m a d o 4 . P o r consequência, s e a duração 
d a s e m i n i m a n o \ , fôr i n d i c a d a p e l o n u m e r o 4 0 d a e s c a l a m e t r o n o m i c a , a d o 
^ será i n d i c a d a p e l o n u m e r o 6 0 d a m e s m a e s c a l a . L o g o , p o r h y p o t h e s e , a f o r -
m u l a w a g n e r i a n a J j J = c o r r e s p o n d e á f o r m u l a m e t r o n o m i c a s e g u i n t e : 
3 1 2 0 
J = 6 0 , o u 4 0 X — = = 6 0 . 
2 2 
A s indicações m e t r o n o m i c a s sãoi guias indispensáveis á compreheiisão d o s 
d i v e r s o s a n d a m e n t o s d u m a composição, t e n d o - s e porém e m v i s t a q u e o s f a c t o -
r e s d a expressão m u s i c a l , c o m o o a n d a m e n t o ) , estão s u j e i t o s ás m e s m a s f l u c t u a -
ções d a expressão n a l i n g u a g e m . 
D e p o i s d o p r i m e i r o m o d e l o d o i m e t r o n o m o d e Maélzel, a p p a r e c e u , e m 1 8 2 5 , . 
o d e B i e n a i m e , r e l o j o e i r o d e A m i e n s , q u e a c h o u o m e i o d e m a r c a r o p r i m e i r o t e m -
p o d e c a d a c o m p a s s o p e l o t o q u e d e u m a p e q u e n a c a m p a i n h a c o i l l o c a d a d e n t r o , 
d a c a i x a d o m e t r o n o m o . V i e r a m a i n d a o u t r o s , e e m 1 8 9 2 , M . G a i f f e a p r e s e n t o u 
u m n o v o m e t r o m o m o m o v i d o a e l e c t r i c i d a d e . 
A suspensão, o u parada, o u coroa, d e u m e m p r e g o m u i t o i a n t i g o , d a v a l u g a r , 
p a r t i c u l a r m e n t e n a s o r c h e s t r a s , a q u e u m d o s i n s t r u m e n t i s t a s p r i n c i p a e s s e e x h i -
b i s s e c o m o virtuose, i m p r o v i s a n d o u m a passagem d e d i f f i c u l d a d e s t e c h n i c a s , e m -
q u a n t o o s o u t r o s s e u s c o m p a n h e i r o s p r o l o n g a v a m e s u s t e n t a v a m a h a r m o n i a . 
E s s a passagem, q u e o s i t a l i a n o s d e n o m i n a r a m cadenza p o r s e r e x e c u t a d a s o b r e 
u m a d a s f o r m u l a s d a cadencia perfeita, s e r v i a c o m o d e prova ás aptidões artísticas 
d e q u a l q u e r e x e c u t a n t e . E x c u s a d o será d i z e r q u e t a e s cadencias i m p r o v i s a d a s q u a s i 
s e m p r e p o r músicos medíocres, e r a m d e u m e f f e i t o g r o t e s c o , e c o m p r o m e t t e -
d o r a s p a ra o c o m p o s i t o r , q u e t i n h a d e a d m i t t i r r e s i g n a d a m e n t e q u e l h e e n n o -
d o a s s e m a s s u a s composições c o m e s s a l i b e r d a d e artiitica. P a r a o b v i a r e s s e 
a b u s o , m a s p r o p o r c i o n a n d o a o a r t i s t a a occasiãoi d e s e e x h i b i r , o s c o m p o s i t o r e s 
r e s o l v e r a m - s e a e s c r e v e r a s cadencias. A s s i m , a s cadencias q u e a c t u a l m e n t e s e 
e x e c u t a m , p r i n c i p a l m e n t e n a s composições d e p i a n o o u v i o l i n o , c o n s t i t u e m p e -
ças m u s i c a e s d e e l e v a d a concepção a r t i s t i c a ; e b a s t a l e m b r a r a cadencia d e V i e u s -
t e m p s n o c o n c e r t o p a r a v i o l i n o , d e B e e t h o v e n , a cadencia d o c o n c e r t o p a r a v i o -
l i n o , d e M e n d e l s s o h n , a cadencia d e L i s z t n o c o n c e r t o e m do m e n o r , d e B e e -
t h o v e n , e a s cadencias d e G . L i n d e r , p a r a s e t e r u m a i d e i a j u s t a d o v a l o r a r t i s -
t i c o d a s cadencias modernas. 
* 
O s s i g n a e s d e a b r e v i a t u r a , começaram a s e r e m p r e g a d o s d e s d e o f i m d o sé-
c u l o d e c i m o sétimo. 
C A P I T U L O Q U A R T O 
I n t e r v a l l o s s i m p l e s — S i g n a e s c o m p l e m e n t a r e s d a entoação — I n t e r v a l l o s c h r o r n a t i c o s 
E n h a r m o n i s m o — Inversões e d o b r a m e n t o d o s i n t e r v a l l o s — C o n s o n a n c i a s e l d i s s o = 
n a n c i a s — E s c a l a s — T o m — T o n a l i d a d e — Ethopêa d o s t o n s -- Transposição. 
Intervallo, é a dif ferença d e entoação e n t r e d u a s n o t a s — S e g u n d o o n u -
m e r o d e g r a u s q u e h o u v e r d e u m a n o t a a o u t r a , é q u e o s i n t e r v a l l o s r e c e b e m a 
denominação d e s e g u n d a , t e r c e i r a , q u a r t a , q u i n t a , s e x t a , sétima e o i t a v a . P o r 
consequência, o s i n t e r v a l l o s d e s e g u n d a são o s q u e têm d o i s g r a u s : o s i n t e r v a l -
l o s d e t e r c e i r a , t r e s g r a u s : o s i n t e r v a l l o s d e q u a r t a , q u a t r o g r a u s , e t c . 
O s i n t e r v a l l o s c o n t a m - s e d a n o t a m a i s g r a v e p a r a a m a i s a g u d a . 
E x . l .° 
Intervallos de segunda 
Intervallos de terceira 
Intervallos de quarta 
Intervallos de quinta 
Intervallos de sexta 
Intervallos de sétima 
Intervallos de oitava 
1 ^ c 2 -
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6f. 
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ft i? 4 4 , 4 4 . 4 5|, « y 4 , 4 f f 4 
. - 5 - . . - 3 
— 1 2 6 — 
Dá-se o n o m e d e tom á dif ferença d e entoação e n t r e d u a s n o t a s q u e s e 
s u c c e d a m p o r g r a u s c o n j u n c t o s , c o m o : do a re: re a mi: fa a sol: sol a la: la 
a si. A ' di f ferença d e entoação d e mi a fa e d e si a do, dá-se o n o m e d e meio 
tom. D ' a q u i s e vê, q u e h a i n t e r v a l l o s d e s e g u n d a s q u e têm u m t o m ; e o u t r o s , 
m e i o t o m . C o m o a differença d e entoação* n o s i n t e r v a l l o s q u e têm u m t o m , 
é m a i o r q u e n o s i n t e r v a l l o i s q u e têm m e i o t o m , c h a m a - s e s e g u n d a m a i o r a o s 
i n t e r v a l l o s d e u m t o m , e s e g u n d a m e n o r a o s d e meio tom. 
T o d o s o s i n t e r v a l l o s são constituídos p e l a superposição! d e s e g u n d a s m a i o r e s 
o u p e l a superposição d e s e g u n d a s m a i o r e s e m e n o r e s . 
A s s i m , t o d o s o s i n t e r v a l l o s d e s e g u n d a , t e r c e i r a e q u a r t a M A I O R E S , c o n s -
tituídos p e l a superposição d e s e g u n d a s m a i o r e s , e x c e p t o a própria s e g u n d a , t êm 
t a n t o s t o n s , q u a n t o s f o r e m o s i n t e r v a l l o s d e s e g u n d a s m a i o r e s s u p e r p o s t o s 
q u e s e e n c o n t r e m e n t r e a s n o t a s q u e f o r m a m o i n t e r v a l l o . 
E x e m p l o : t e m o s u m i n t e r v a l l o d e t e r c e i r a m a i o r f o r m a d o p e l a s n o t a s do e 
mi: o r a , e n t r e e s t a s n o t a s h a a n o t a re; c o n t a m o s então d e do a re, u m a s e g u n d a 
m a i o r : d e re a mi, o u t r a s e g u n d a m a i o r : p o r t a n t o , c o m o d e do a mi, h a D U A S 
s e g u n d a s m a i o r e s , s e g u e - s e q u e e s s e i n t e r v a l l o ; d e t e r c e i r a m a i o r , t e m D O I S 
t o n s . 
E x . 2.° 
( S e g u n d a M . ) ( s e g . M . ) = d u a s s e g . ( s e g . M ) ( s e g . M . ) ( s e g . M ) = 3 s e g . . 
d o . . . . . . . . . r e m i f a s o l l a s i 
1 t o m 1 t o m = d o i s t o n s 1 t o m 1 t o m 1 t o m = 3 t o n s 
3 . a M a i o r 4 . a m a i o r 
O s i n t e r v a l l o s d e q u i n t a , s e x t a e sétima m a i o r e s , r e s u l t a n t e s d a s u p e r p o s i -
ção d e s e g u n d a s m a i o r e s e U M A s e g u n d a m e n o r , são* constituídos p o r um meio 
tom — s e g u n d a m e n o r — e t o n s — s e g u n d a s m a i o r e s — , e a s o m m a d e s s e s i n -
t e r v a l l o s d e t o m c o m o m e i o t o m , é i g u a l a o n u m e r o d e segundas q u e s e e n h 
c o n t r e m e n t r e a s n o t a s q u e f o r m e m o i n t e r v a l l o . 
E x . 3.° 
( s e g . M . ) ( s e g . M ) ( s e g . m . ) ( s e g . M . ) = 4 s e g u n d a s 
d o r e m i f a . . . . s o l 
1 t o m 1 t o m V2 t o m 1 t o m = 3 t o n s e 1 m e i o t o m 
5 . a m a i o r 
( s e g . M ) ( s e g . M ) ( s e g . m . ) ( s e g M . ) ( s e g . M ) = 5 s e g . 
d o r e m i f a s o l . . . . . . l a 
1 t o m 1 t o m y2 t o m 1 t o m 1 t o m = 4 t o n s e 1 m e i o t o m 
6 . a m a i o r 
— 1 2 7 — 
( s e g . M ) ( s e g . M ) ( s e g . m . ) ( s e g . M . ) ( s e g . M ) ( s e g . M ) = 6 s e g . 
d o r e m i f a s o l l a s i 5 t o n s e l / 2 t o m 
1 t o m 1 t o m y2 t o m 1 t o m 1 t o m 1 t o m 
7 . a m a i o r 
O s i n t e r v a l l o s m e n o r e s , têm m e n o s m e i o t o m q u e o s i n t e r v a l l o s m a i o r e s ; 
p o r t a n t o , s u b t r a h i n d o m e i o t o m a o n u m e r o d e t o n s d u m i n t e r v a l l o m a i o r , t e m o s 
o n u m e r o d e t o n s e m e i o s t o n s d o m p e r v a l l o m e n o r , e v e r i f i c a - s e d e p o i s , q u e 
n ' e s t a subtracção d i m i n u e o> n u m e r o d e t o n s e a u g m e n t a o d e m e i o s t o n s . 
E x . 4.° 
2 a m a i o r 1 t o m 2 . a m e n o r ( i -;/ 2 ) = y2 t o m 
m a i o r 2 t o n s 3 * m e n o r ( 2 ) = 1 e y2 t o n s 4 . a m a i o r 3 t o n s 4 . a m e n o r ( 3 - t i 
') 
= 2 e y2 t o n s 
5 . a m a i o r 3 e y2 t o n s S . a m e n o r ( 3 e 
iâ) = 2 e 2 / 2 t o n s 6 . a m a i o r 4 e / 2 t o n s 6 . a m e n o r ( 4 e = 3 e 2 / 2 t o n s 
7 . a m a i o r 5 e V2 t o n s 7 . a m e n o r ( 5 e y 2 ) = 4 e 2 / 2 t o n s 
S E G U E M O S I N T E R V A L L O S M A I O R E S E M E N O R E S I N D I C A D O S 
P E L A G R A P H I A M U S I C A L . 
— 1 2 8 — 
6.as 
7.as 
~D 1 
1 ^ ^ °~\ 
0 
1 p — H ~ & 
h 1 9 -
\o 1 S 
5 seg. = 4 t. e 1 m . t. 
5 seg. = 3 t. e 2 m. t. 
6 seg. = 5 t . e l m . t , 
6 seg. = 4 t. e 2 m .t. 
T o d o s e s t e s i n t e r v a l l o s , são c o n s i d e r a d o s simples. 
P a r a c o m p l e t a r , porém, o» q u a d r o d o i n t e r v a l l o simples, f a l t a m a oitava 
e o unisono. A oitava, c o m p o s t a d e o i t o g r a u s , c o m o d e d o , a d o 2 , d e r e , a i f c 2 , 
e t c , t e m s e m p r e o m e s m o n u m e r o d e t o n s e p o r i s s o , não s e n d o maior n e m 
menor, é c h a m a d a justa o u perfeita. O unisono, q u e é a emissão d u p l a d u m 
m e s m o s o m , o n d e p o r consequência não h a differença d e entoação, não é u m 
i n t e r v al l o , d o m e s m o m o d o q u e o z e r o não é u m n u m e r o ; m a s , o unisono é, n a 
s e r i e d o s i n t e r v a l l o s , o m e s m o q u e o z e r o n a s e r i e d o s números ; é p o i s , u m 
p o n t o d e p a r t i d a , justo o u perfeito, q u e i n i c i a a série d o s i n t e r v a l l o s . O s i n t e r -
v a l l o s simpl-s, c o n t a m - s e p o i s d e s d e o unisono até á oitava, c o m o o s a l g a r i s m o s 
s e c o n t a m d e zero a nove; t o d o s o s i n t e r v a l l o s q u e e x c e d e r e m a oitava, são c h a -
m a d o s compostos. 
E x . 5.° 
P o n t o d e p a r t i d a 
O i n t e r v a l l o d e oitava, é s i m p l e s c o m o l i m i t e d o s i n t e r v a l l o s s i m p l e s ; é 
c o m p o s t o , c o m o i n i c i o d o s i n t e r v a l l o s c o m p o s t o s . 
* * 
E n t r e a s n o t a s q u e p r o c e d e m p o r t o n s , c o m o d o a r e , r e a m i , e t c , h a u m a 
o u t r a n o t a q u e f o r m a c o m a a n t e c e d e n t e e a c o n s e q u e n t e u m i n t e r v a l l o d e m e i o 
t o m i g u a l o u s e m e l h a n t e a o q u e j á n o t a m o s e n t r e m i a f a , e s i a d o . E s s a n o t a 
d e entoação i n t e r m e d i a r i a q u e d i v i d e o t o m e m d o i s m e i o s t o n s e q u e p o r i s s o , 
só s e e n c o n t r a e n t r e n o t a s q u e f o r m a m e n t r e s i o i n t e r v a l l o d e u m t o m , r e p r e -
s e n t a - s e p o r u m g r u p o f i g u r a t i v o c o m p o s t o d e u m a d a s f i g u r a s u s u a e s p r e c e -
d i c l a d e u m s i g n a l q u e , s e g u n d o a s u a f o r m a , s e c h a m a sustenido, dobrado sus= 
lenido, bemol, dobrado bemol e bequadro. P o r t a n t o , e s s e s s i g n a e s collateraes e 
complementares da entoação, q u e têm a f o r m a s e g u i n t e : $ — sustenido — 
r 
$$tíu#? = = dobrado sustenido: fa = bemol: £J> — dobrado bemol: fcj 
= bequadro, e s c r e v e m - s e a n t e s d a n o t a q u e t e m d e i n d i c a r a entoação i n t e r m e -
d i a r i a , e o n o m e d e s s a n o t a i n t e r m e d i a r i a é o m e s m o q u e e l l a t e r i a s e m a a d d i -
ção d o s s i g n a e s collateraes. 
D o e m p r e g o d e s t e s n o v o s s i g n a e s , v e i u a denominação á/e natural, á n o t a 
não p r e c e d i d a d o s u s t e n i d o : e d e abemolada, á n o t a p r e c e d i d a d o b e m o l . 
A nota abemolada, r e p r e s e n t a u m a entoação i n t e r m e d i a r i a m a i s b a i x a m e i o 
t o m q u e a nota natural d o , m e s m o n o m e . 
S e g u e o e x e m p l o d u m a successão d e s c e n d e n t e o n d e a s n o t a s naturaes e a s 
intermediarias f o r m a m e n t r e s i o i n t e r v a l l o d e m e i o t o m . 
E x . 6.° 
A nota abemolada, r e p r e s e n t a u m a entoação i n t e r m e d i a r i a m a i s b a i x a m e i o 
t o m q u e a nota natural d o m e s m o n o m e . 
S e g u e o e x e m p l o d u m a auccessão d e s c e n d e n t e o n d e a s n o t a s naturaes e a s 
i n t e r m e d i a r i a s f o r m a m e n t r e s i o i n t e r v a l l o d e m e i o t o m . 
E x . 7.° 
tejjg) m 
D e s t e s d o i s e x e m p l o s v e r i f i c a - s e q u e n a s successões a s c e n d e n t e s , a s n o t a s 
i n t e r m e d i a r i a s d a s notas naturaes, são p r e c e d i d a s d o sustenido; e q u e n a s s u c -
cessões d e s c e n d e n t e s , a s n o t a s i n t e r m e d i a r i a s d a s notas naturaes, são p r e c e d i d a s . 
; d o bem&l. 
O s m e i o s t o n s f o r m a d o s c o m n o t a s d o m e s m o n o m e , c o m o : d o a do»jj|! , r e 
; a r e ^ mxmi a m i i z , r e a r e ] l e t c . c h a m a m - s e chromaticos; e o s m e i o s t o n s q u e 
:se e n c o n t r a m e n t r e n o t a s d e n o m e d i f f e r e n t e , c o m o m i a f a , f a a s o l j z m i a . 
r e Q„ C I X L , c h a m a m - s e diatónicos. 
S e n d o o t o m d i v i d i d o , a p r o x i m a d a m e n t e , e m n o v e p a r t e s i g u a e s , a c a d r 
u m a d a s q u a e s s e dá o n o m e d e cômma, o s m e i o s t o n s não p o d e m s e r metades 
exactas d o tom. 
A s c i e n c i a acústica, p r o v a q u e o s m e i o s t o n s chromaticos são menores q u e 
o s m e i o s tons diatónicos; porém o s e n t i m e n t o d a entoação n a t u r a l e x i g e q u e na 
melodia, o m e i o t o m chromatico s e j a o maior, e o m j e i o t o m diatónico, o me-
nor. ( 4 4 ) a s s i m , p a r a h a v e r u n i f o r m i d a d e n a s successões a s c e n d e n t e s e d e s c e n -
d e n t e s d e m e i o t o n s , e p a r a q u e a g r a p h i a m u s i c a l c o r r e s p o n d a a o s e n t i m e n t o d a 
entoação melódica é p r e c i s o q u e n a s successões a s c e n d e n t e s , a s n o t a s s e s u c c e -
d a m p o r m e i o s t o n s a l t e r n a t i v a m e n t e maiores e menores; 
E x . 8.° 
^xnSvt %u%L 7pu~«« 4 p ^ > ^ « ^ ; ^ 
o q u e n a s successões d e s c e n d e n t e s , a s n o t a s s e s u c o e d a m p o r m e i o s t o n s a l t e r n a -
d a m e n t e menores e maiores. 
E x . 9.° 
^IjvUAvOvvCt '/aktH/HAttffr A\ttí>m,AMU\»~ ^2 lím-^ MOM*^ 4Ji\o«i **v*oi A\ib« 
Porém, a o r d e m a l t e r n a d a d o s m e i o s t o n s , p o d e s e r i n v e r t i d a , s e g u n d o a 
nota em q u e p r i n c i p i a r a successão. 
N a successão a s c e n d e n t e p o r m e i o s t o n s , vê-se q u e d a n o t a do a re, h a o 
i n t e r v a l l o d e u m t o m , v e r i f i c a n d o - s e o m e s m o i n t e r v a l l o d e do sustenido a re 
sustenido, p o r q u e d e do sustenido a re h a meio tom menor e d j e re a re 
sust nido, meio tom maior; a juncção d e s s e s d o i s m e i o i s t o n s d e espécie diffe-
rente, dá o t o m . O b s e r v a - s e o m e s m o n a successão d e s c e n d e n t e , o n d e d e si a 
la, h a u m t o m , e d e s i b e m o l a l a b e m o l h a d o m e s m o m o d o o i n t e r v a l l o d e u m 
t o m . 
D e s t a observação, c o n c l u e - s e q u e t o d o s o s i n t e r v a l l o f o r m a d o s c o m notas na-
turaes, c o n s e r v a m a m e s m a denominação q u a n d o constituídos c o m n o t a s d a m e s -
m a espécie, i s t o é, c o m n o t a s naturaes, sustenidas o u abemoladas. 
2 * AAAsO*jC~-l4i 
E x . 10.° 
(44) Ver Cap. "Acúst ica" 2.° liv., pag. 279. 
O r a , d e s d e q u e o s i n t e r v a l l o s não m u d a m d e denominação, q u a n d o c o n s t i -
tuídos c o m n o t a s d a m e s m a espécie, t o d a e q u a l q u e r successão será idêntica d e s -
d e q u e s e j a constituída também c o m n o t a s d a m e s m a espécie. 
E x . 11.° 
N.° 1 
N.° 2 
4 w M, 3 = 3 £0 — — ^ ; 
iTjm ifo» %Xom aYO«* Mon <lív* 
l U * ' j f eK** Kúm 4»ív* 
C o m o i d i s s e m o s , e n t r e a s n o t a s q u e f o r m a m e n t r e s i o i n t e r v a l l o d e u m t o m , 
h a u m a o u t r a n o t a d e s o m intermediário; e s s a n o t a i n t e r m e d i a r i a , é s u s t e n i d a o u 
a b e m o l a d a q u a n d o s e e n c o n t r a e n t r e n o t a s n a t u r a e s . Porém, c o m o o intervallo 
d e segunda maior p o d e s e r constituído c o m notas sustenidas o u abemoladas, a 
n o t a i n t e r m e d i a r i a d a s notas sustenidas, é r e p r e s e n t a d a g r a p h i c a m e n t e p e l o do-
brado sustenido c o l l o c a d o a n t e s d e s s a n o t a , c o n s t i t u i n d o o s e g u i n t e g r u p o f i g u -
r a t i v o : * i 0 u . $ T | p ; e a n o t a i n t e r m e d i a r i a d a s notas abemoladas, é r e p r e -
s e n t a d a p e l o dobrado bemol c o l l o c a d o a n t e s d e l i a , c o n s t i t u i n d o o s e g u i n t e g r u p o 
f i g u r a t i v o £j? #». 
A s s i m , a nota precedida d o dobrado sustmido, r e p r e s e n t a u m a entoação i n -
t e r m e d i a r i a m a i s e l