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ECV 107 Resistência dos Materiais I Prof.: Maila Pereira CAPÍTULO 04 Torção 4 - Torção • Considere a barra de seção circular AB submetida em suas extremidades A e B a torques iguais e opostos T. • Ao cortar a barra AB por um plano perpendicular ao seu eixo longitudinal em algum ponto arbitrário C podemos traçar o diagrama de corpo livre da parte BC: dF T • Considerando o diagrama de corpo livre de BC pode-se notar que existem forças internas à barra que provocam um torque interno que por equilíbrio deve ser igual a T, logo: • Uma vez que dF = dA , tem-se: dA T Equação que relaciona T com , mas não informa como as tensões são distribuídas ao longo da seção transversal, para tanto é necessário analisar as deformações de cisalhamento produzidas na barra. 4.1 Tensões em uma barra de seção circular 4 - Torção • Considere uma barra de seção circular de raio c conectada a um suporte rígido em uma de suas extremidades. Se um torque T é aplicado à extremidade livre a barra sofrerá rotação e sua extremidade livre irá girar de um ângulo (ângulo de torção). 4.2 Deformações de cisalhamento em uma barra de seção circular • Destacando da barra um cilindro de raio , antes de aplicar o carregamento podemos destacar neste cilindro um elemento quadrado. • Ao aplicar o torque T, o elemento quadrado se deforma assumindo a forma de losango. • Sabe-se que a deformação por cisalhamento em um elemento é medida pela variação dos ângulos formados pelos lados daquele elemento. 4 - Torção • Conforme a figura, verificamos que é o ângulo formado pelas linhas AB e A’B (em rad). 4.2 Deformações de cisalhamento em uma barra de seção circular • A deformação de cisalhamento em uma barra circular varia linearmente com a distância do eixo da barra, ou seja, a deformação de cisalhamento varia de zero na linha central do eixo até um valor máximo max em seu contorno externo. • Para pequenos valores de tem-se: AA' L AA' • Logo: L Deformação de cisalhamento em uma barra circular submetida à torção. ( e em rad). • A deformação de cisalhamento é máxima na superfície da barra, ou seja, quando = c max c L maxc 4 - Torção • Se o torque T aplicado à barra circular produz tensões de cisalhamento na barra abaixo da tensão de escoamento E, então a Lei de Hooke para tensão e deformação de cisalhamento é válida: G 4.3 Tensões de cisalhamento no regime elástico • Substituindo na equação acima tem-se:maxc maxG c maxc • Assim, desde que todas as tensões na barra não excedam a tensão de escoamento (regime elástico), a tensão de cisalhamento na barra de seção circular variará linearmente com a distância do eixo da barra. • Para seção vazada tem-se: 2 1 max min c c 1 2 min max c c 4 - Torção • Já vimos que: 4.3 Tensões de cisalhamento no regime elástico • Substituindo na equação acima tem-se:maxc dA T maxT dAc 2maxT dA c maxT J c max Tc J T J Fórmulas de torção no regime elástico Substituindo em maxc •Lembrar que: 4 2 1 cJ 414221 ccJ (Seção cheia) (Seção vazada de raio externo c2 e interno c1) 4 - Torção • Unidades: 4.3 Tensões de cisalhamento no regime elástico 4 N.m ou m Pa m T c J Obs.: • As equações obtidas são para barras de seção circular; • Quando uma barras de seção circular é submetida à torção, toda seção transversal plana permanece plana porque o eixo circular é axissimétrico, o que não acontece com barras de seção transversal não circular, onde há empenamento. 4 - Torção Exemplo 01: Uma barra circular vazada de aço cilíndrica tem 1,5 m de comprimento e diâmetro interno e externo, respectivamente iguais a 40 mm e 60 mm. a) Qual é o maior torque que pode ser aplicado á barra circular se a tensão de cisalhamento não deve exceder a 120 Mpa? b) Qual o valor da tensão de cisalhamento mínima? 4 - Torção • As equações anteriores foram deduzidas para uma barra submetida a torque em suas extremidades. No entanto elas podem ser usadas para uma barra de seção circular variável ou para barra submetida a torques aplicados fora de suas extremidades. Exemplo 02 Eixo BC é vazado, com diâmetros internos e externos de 90 mm e 120 mm, respectivamente. Os eixos AB e CD são sólidos e tem diâmetro d. Para o carregamento mostrado, determine: a) As tensões de cisalhamento máxima e mínima no eixo BC. b) O diâmetro d necessário para os eixos AB e CD, se a tensão de cisalhamento admissível nesses eixos for de 65 Mpa. 4 - Torção • Já foi visto que quando uma barra circular está submetida à torção, um elemento de faces paralelas e perpendiculares dessa barra está sob tensão de cisalhamento. max Tc J 4.4 Tensões normais • As tensões exercidas no elemento c da figura de faces a 45° do eixo da barra são tensões normais iguais a , ou seja, duas faces estão tracionadas e duas faces estão comprimidas. max • Sabemos de discussões anteriores que podem ser encontradas tensões normais, tensões de cisalhamento ou uma combinação de ambas sob as mesmas condições de carregamento, dependendo da orientação do elemento que foi escolhido. • Assim, se considerarmos um elemento b que forma ângulos arbitrários com o eixo da barra de seção circular, esse elemento está submetido a uma combinação das tensões normal e de cisalhamento. 4 - Torção max Tc J • A equação acima é usada para determinar o módulo de elasticidade transversal (G) do material através do ensaio de torção. 4.5 Ângulo de torção no regime elástico • Considere o eixo circular de comprimento L e seção transversal uniforme de raio c com um momento torçor T aplicado em sua extremidade livre. Já sabemos que: max c L (1) (2) • Considerando o regime elástico: max maxG maxmax G (3) TL JG • Substituindo (1) e (2) em (3): (rad) Equação do ângulo de torção no regime elástico de um eixo de seção circular com uma extremidade fixa. 4 - Torção • Eixo homogêneo (G = constante). • Seção transversal constante (J = constante). • Carregamento aplicado nas extremidades do eixo. 4.6 Ângulo de torção no regime elástico Restrições para o uso da equação para determinação do ângulo de torção: TL JG Caso uma das condições não seja satisfeita, o eixo deverá ser dividido em partes componentes que satisfaçam individualmente às condições necessárias para aplicação da equação. Nesse caso tem-se: i i i i i T L J G • é o ângulo de torção total, ou seja, o ângulo pelo qual a extremidade A gira em relação à extremidade B • Ti = momento torçor interno em cada parte componente. • Li = comprimento de cada parte componente. • Ji = momento de inércia de cada parte componente. • Gi = módulo de elasticidade transversal de cada parte componente. AC AC CD CD DE DE EB EB AC AC CD CD DE DE EB EB T L T L T L T L J G J G J G J G 4 - Torção 4.6 Ângulo de torção no regime elástico No caso de um eixo de seção circular variável, a equação para o ângulo de torção é aplicada a um disco de espessura dx, assim: Tdxd J x G 0 L Tdx J x G Logo: 4 - Torção Exemplo 03 Qual o torque deverá ser aplicado à extremidade do eixo para produzir um ângulo de torção de 2°? Dado: G = 77 GPa e J = 1,021 10-6 m4 4 - Torção Exemplo 04 O eixo horizontal AD está engastado a uma base rígida em D e submetido aos torquesmostrados na figura. foi feito um furo de 44 mm de diâmetro na parte CD do eixo. Sabendo que o eixo inteiro é feito de aço para o qual G = 77 GPa, determine o ângulo de torção na extremidade A. 4 - Torção 4.7 Ângulo de torção quando as duas extremidades do eixo giram • A equação foi deduzida para eixos com uma extremidade fixa, dessa forma, o ângulo de torção do eixo é igual ao ângulo de rotação de sua extremidade livre TL JG AD AD A AD AD T L J G • Eixo AD (fixo em D) – O ângulo de torção do eixo AD é: 4 - Torção 4.7 Ângulo de torção quando as duas extremidades do eixo giram • Quando ambas as extremidades de um eixo giram, o ângulo de torção é igual ao ângulo pelo qual uma extremidade do eixo gira em relação a outra. BE BE E/B BE BE T L J G • Eixo BE (ambas extremidades giram) – O ângulo de torção do eixo BE é igual à diferença entre os ângulos de rotação B e E E/B E B (Extremidade E gira em relação à extremidade B). 4 - Torção Exemplo 05 Dois eixos de seção cheia feitos de aço estão estão ligados por engrenagens. Sabendo que para cada eixo G = 77,2 GPa, e que a tensão de cisalhamento admissível é de 55 MPa, determine: a) O maior torque T0 que pode ser aplicado à extremidade A do eixo AB b)O ângulo correspondente pelo qual a extremidade A do eixo AB gira.. 4 - Torção 4.8 Eixos estaticamente indeterminados • Nos casos em que os momentos torçores internos não podem ser determinados, ou seja, para problemas estaticamente indeterminados, as deformações nos eixos serão utilizadas para a resolução destes problemas. • Convenção de sinais: 4 - Torção Um eixo circular AB consiste em um cilindro de aço de 240 mm de comprimento e 22 mm de diâmetro, no qual foi feito um furo de 120 mm de profundidade e 16 mm de diâmetro na extremidade B. O eixo está engastado a suportes fixos em ambas as extremidades, e é aplicado um torque de 120 N.m em sua seção média. Determine o torque aplicado no eixo por cada um dos suportes. Exemplo 06 4 - Torção Um eixo de aço e um tubo de alumínio são engastados a um suporte rígido e conectados a um disco também rígido, conforme está indicado na figura. Sabendo que as tensões iniciais são iguais a zero, determine o torque máximo To que pode ser aplicado ao disco se as tensões admissíveis são de 120 Mpa no eixo de aço e 70 MPa no tubo de alumínio. Use G = 77 GPa para o aço e G = 27 GPa para o alumínio. Exemplo 07 4 - Torção 4.9 Torção em eixos de seção não circular • Já foi visto que quando um eixo de seção circular é submetido a um torque em suas extremidades, a seção transversal não se deforma (permanece plana), isto devido a axissimetria da seção. maxc maxc • Foi visto também que a tensão de cisalhamento varia linearmente de zero na linha central do eixo até uma tensão de cisalhamento máxima na superfície externa do eixo de seção circular. • No entanto, eixo de seção transversal não circular não possui a propriedade de axissimetria, portanto, sua seção transversal não permanece plana e a distribuição de tensões não é linear ao longo da seção transversal. Assim as fórmulas deduzidas para os eixos de seção circular não podem ser utilizadas. • Uma consequência da distribuição de deformação é que a análise de torção se torna complexa. 4 - Torção 4.9 Torção em eixos de seção não circular • No entanto, através de análise matemática baseada na teoria da elasticidade chegou-se aos resultados abaixo apresentados: • Para outras formas: Gabc TL abc T 3 2 2 1 max • Para seções retangulares uniformes: • Em grandes valores de a/b, a tensão de cisalhamento máxima e ângulo de torção são os mesmos de elementos de paredes finas de espessura uniforme e forma arbitrária. 4 - Torção • Destacando do componente o elemento colorido AB de comprimento x e espessuras tA em A tB em B. • Considere um componente vazado cilíndrico de seção não circular submetido ao torçor T 4.10 Eixos vazados de paredes finas • Como o elemento AB está em equilíbrio, tem-se: 0 0x A BF F F A A A A A F A A t x A A AF t x B B B B B F A A t x B B BF t x 0A A B Bt x t x A A B Bt t O produto entre a tensão de cisalhamento longitudinal média e a espessura do tubo é o mesmo em cada ponto da seção transversal. Esse produto é denominado fluxo de cisalhamento e é dado por: q t 4 - Torção • Para relacionar o torque T aplicado a um componente de seção vazada e o fluxo de cisalhamento q em sua parede, considere a seção mostrada na figura: 4.10 Eixos vazados de paredes finas • Considere o elemento ds: • Área do elemento: • Força de cisalhamento que atua no elemento: dA t ds dF dA dF t ds dF t ds • O torque dT da força dF em relação a um ponto arbitrário O dentro da cavidade do elemento é dado por: dT p dF dT p q ds dT q p ds • Considerando o triângulo colorido, tem-se: 2m ds pdA 2 mdT q dA dF q ds 4 - Torção 4.10 Eixos vazados de paredes finas 2 mdT q dA → como o fluxo de cisalhamento é constante 2 mT q dA → a integral indica que a integração é executada em toda a borda da área. 2 mT q A • = tensão de cisalhamento média que age na espessura do tubo • T = torque interno resultante na seção transversal • t = espessura do tubo no local onde está sendo determinada • Am = área média contida no contorno da linha central da espessura do tubo → substituindo na equação acima, tem-se:q t 2 mT t A 2 m T t A (Tensão de cisalhamento) → O ângulo de torção é dado por: 4 m TL ds A G t 4 - Torção Exemplo 08 A barra de alumínio tem seção transversal vazada retangular 64 mm x 100 mm. Determine a tensão de cisalhamento em cada uma das quatro paredes da barra quando ela é submetida a um torque de 2,7 kN m supondo: a) uma espessura de parede uniforme de 4 mm b) que, como resultado de um defeito de fabricação, as paredes AB e AC têm espessura de 3 mm, e as paredes BD e CD têm espessura de 5 mm.
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