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16.04.11 Doenças Infecciosas Clostridioses Botulismo

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Doenças Infecciosas – Clostridioses: Botulismo
Paulo Henrique da Silva Barbosa
Medicina Veterinária – UFRRJ
Toda clostridiose tem baixa morbidade e alta letalidade. É de baixa morbidade porque toda clostridiose é uma doença infecciosa mas não é contagiosa.
São doenças toxêmicas, ou seja, o quadro clínico está mais ligado à presença de toxinas do que a presença do próprio agente. 
No Botulismo tem presente a toxina botulínica, que é uma das toxinas mais letais que se tem conhecimento. 1g de toxina mata uma vaca adulta. É extremamente potente. Essa toxina tem efeito cumulativo. O animal ingere um alimento contaminado que tem um pouco de toxina e, se não chegar ao limiar, ele não manifesta o quadro clínica. Se for ingerindo mais e alcançar o limiar, aí sim há manifestação do quadro clínico.
São bactérias gram positivas ciliadas que produzem esporos e são anaeróbicas. O bacilo esporulado tem formato de palito de fósforo. 
São doenças telúricas, chegam ao solo através de fezes contaminadas. São bactérias comuns do TGI de animais. 
O Clostridium botulinium está no TGI de bovinos.
A prevalência de botulismo em humanos é muito baixa, porém o prognóstico é ruim. Quando não mata, o indivíduo fica com sequelas muito sérias devido ao comprometimento neurológico. É uma doença de alta letalidade para humanos. 
Palmito e botulismo = Tétano e prego enferrujado. 
O palmito, assim como todo e qualquer enlatado que tenha condição de anaerobiose e foi contaminado com o agente, pode trazer Botulismo para humanos.
É uma bactéria muito resistente à temperatura. O palmito se enlatado e não aquecido à temperatura e tempo adequados para sua esterilização, fica num meio de anaerobiose, o que propicia o agente a produzir toxina que é absorvido pelo palmito. Muitas vezes o alimento tem presença da toxina e não mais da bactéria, o que faz com que o quadro seja mais conhecido como um quadro de intoxicação alimentar e não infeccioso.
Deve-se abrir o frasco de palmito e colocar em banho maria para inativar a toxina que é termolábil, diferente da bactéria.
Botulismo pode acometer cão, aves migratórias, é de importância em saúde pública pois pode acometer o ser humano. Em medicina veterinária, é de extrema importância em bovinos.
Sinonímia: Doença da vaca caída.
A sintomatologia, em virtude da paralisia flácida causada pelo botulismo (diferente do tétano que causa paralisia rígida) é o animal caído no pasto. Botulismo é uma doença de evolução muito rápida e causa morte súbita nos animais. Em 24 – 72 horas o animal pode morrer. Uma vez diagnosticada tem-se pouco tempo para tratar.
Observa-se o animal deitado em posição esternal no pasto e, ao tentar levantá-lo, ele não tem força. Quando o animal começa a ficar em decúbito lateral, o animal praticamente está beirando o óbito.
O animal perde a condição da mastigação e deglutição pois toda a musculatura está afetado.
“Teste da Roça”: Puxar a língua do animal e a língua continua para fora pois o animal não consegue puxar para dentro, o que “confirmaria” o quadro de botulismo. Porém isso não pode ser levar a sério pois toda doença que cause uma paralisia flácida poderia levar a esse quadro.
Na maioria das vezes em que encontrar um animal com paralisia flácida é raiva.
O animal morre de parada cardio respiratória devido à parada do musculo diafragma.
Como diferenciar da raiva?
Os sinais clínicos da raiva podem se desenvolver por dias, já no botulismo o animal morre em poucos dias (cerca de 2 – 3).
Na necropsia não se encontra praticamente nada, não tem importância diagnóstica a anatomia nem a histopatologia. O que é diferente do carbúnculo sintomático, onde a necropsia fecha o diagnóstico.
Aspectos Epidemiológicos
- Gado de corte extensivo
Para gado criado no sistema extensivo, deve-se procurar a causa ao diagnosticar-se um animal com botulismo. Deve-se encontrar onde o animal encontrou a fonte contaminada com toxina botulínica. A principal relação que vamos encontrar como fonte/presença da toxina botulínica está relacionada à presença de carcaças abandonadas na pastagem. 95% dos solos brasileiros onde estão as pastagens são pobres em Ca/P, fazendo com que a grande maioria das pastagens sejam pobres em Ca/P consequentemente. É recomendada então a suplementação de Ca/P do gado com sal mineral. Se o animal está de frente com o pasto pobre de Ca/P e ele tem uma necessidade, ele vai atrás de fontes para fazer essa suplementação, o que explica a prática de osteofagia pelos animais. Depois que ele desenvolve esse hábito, mesmo que se forneça sal, o animal fica com o hábito de roer osso.
O animal morreu, começa a decomposição da carcaça no solo. O TGI cheio de clostridium botulinum entra em contato e contamina o solo. O osso apresenta o forame nutrício, para onde vai a bactéria atrás de nutrientes, encontrados na medula óssea. No interior da medula óssea, a bactéria germina e começa a produzir toxina botulínica. A bactéria morre mas a toxina fica presente. O bovino então rói o osso que está recheado de toxina.
- Gado de corte/leite intensivo
Deve fornecer silagem para os animais confinados. Se a silagem for mal armazenada, pode ser contaminada com a toxina. Botulismo é uma doença de surto/rebanho porque o rebanho como um todo será exposto à silagem contaminada. Na maioria das vezes os animais mais fortes vão morrer porque eles comem mais.
Alta mortalidade de bovinos em confinamento: Primeira suspeita: Botulismo. Depois: Carbúnculo Sintomático. Depois: Intoxicação alimentar (ex: listeriose). Depois: Raio. Etc.
- Botulismo Hídrico
Os animais, no pasto, têm acesso à fonte de água que é um reservatório, chamado “aguada”. Na criação de bovinos, existem os dominantes que bebem água primeiro que os dominados. Eles entram no meio da aguada, defecam lá dentro. O dominado bebe água na margem da aguada, onde existe uma condição de anaerobiose devido à presença de lodo, etc, onde o clostridium lançado pelas fezes do dominante encontra uma condição para germinar. Nesse caso os animais mais fracos vão morrer. A forma de prevenção é colocar bebedouros, impedir o acesso á aguada.
É uma fonte de preocupação em relação às aves migratórias que passam pelo pantanal, que entram em contato com essas águas e podem vir a óbito intoxicadas.
Diagnóstico
Epidemiologia, exames laboratoriais específicos para buscar a toxina como exame do conteúdo do suco ruminal, do soro, etc.
A barreira hemato encefálica impede a passagem da toxina no encéfalo. 
O material que deve coletar para exame é: um quarto de hemisfério encefálico, porção caudal da medula espinhal, vermis do cerebelo. Esse material é utilizado para diagnóstico da raiva, que é um diagnóstico diferencial. É coletado esse material pois a maior parte das doenças que causam essa clínica nos animais, principalmente de paralisia flácida, é raiva.
Prevenção e Controle
Descarte adequado de carcaças que devem ser tiradas da pastagem;
Suplementação mineral no cocho;
Fornecer água no cocho;
Cercar aguadas;
Silagem de qualidade;
Vacinação: 60 dias antes do confinamento 1ª dose. 30 dias antes do confinamento 2ª dose. Preparação do animal para confinamento. 
Não existe vacina para humanos pois a dose necessária para produzir imunidade é maior que a letal.
Tratamento
Reposição hidroeletrolítica pois o animal parou de se alimentar;
Levantar o animal e tentar mantê-lo em pé, o que é difícil em vista ao número de animais;
Antibioticoterapia para possíveis agravamentos de infecções bacterianas devido à caquexia progressiva;
Complexos vitamínicos no soro;
Existem antídotos (soros) no mercado porém são de difícil acesso;
Carcaças: Enterrar em covas profundas para evitar que animais desenterrem.

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