Aula 2.1 -Texto do Facículo - Parte 1 - Cap. 3 - Antecedentes históricos do conceito de cultura (1)

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ASPECTOS ANTROPOLOGICOS E SOCIOLOGICOS DA EDUCAÇÃO
	
	Cultura: um conceito antropológico – 23ª Edição/2009
	
	Parte 1: Cap. 03 – Antecedentes históricos do conceito de cultura
	
	Autor: Roque de Barros Laraia
 KULTUR – termo germânico utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de uma comunidade.
 CIVILIZATION – palavra francesa que se referia principalmente às realizações materiais de um povo.
 CULTURE – síntese dos dois termos que “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (pág. 25) Esse vocábulo inglês foi pensado por Edward Tylor. 
3. ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO CONCEITO DE CULTURA
Antropólogo inglês, nascido em 1832 e falecido em 1917, foi um dos fundadores da antropologia, cuja obra, vocacionada principalmente para o entendimento da cultura, inscreve-se na corrente evolucionista. A sua definição da cultura, apesar de genérica, revela-se ainda útil: "um conjunto complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes e todas as produções dos homens em sociedade".
EDWARD BURNETT TYLOR 
Tylor acredita na unicidade do pensamento humano e aposta no estudo comparativo das culturas existentes. Com base na estatística e no ordenamento e classificação das produções culturais, propõe-se fazer a reconstituição dos edifícios culturais desaparecidos.
Com a palavra Culture, Tylor abrangia em uma só palavra todas as possibilidades de realização humana, além de marcar fortemente o caráter de aprendizado da cultura em oposição à idéia de aquisição inata, transmitida por mecanismos biológicos. (pág. 25)
A idéia de cultura, estava ganhando consistência e alguns estudiosos da época começaram a descortinar o termo.
Foi um importante filósofo inglês datado de (1632-1704), Para John Locke a busca do conhecimento deveria ocorrer através de experiências e não por deduções ou especulações. Desta forma, as experiências científicas devem ser baseadas na observação do mundo. O empirismo filosófico descarta também as explicações baseadas na fé. Locke também afirmava que a mente de uma pessoa ao nascer era uma tabula rasa, ou seja, uma espécie de folha em branco.
JOHN LOCKE 
As experiências que esta pessoa passa pela vida é que vão formando seus conhecimentos e personalidade. Defendia também que todos os seres humanos nascem bons, iguais e independentes. Desta forma é a sociedade a responsável pela formação do indivíduo.
(Fonte:http://www.suapesquisa.com/biografias/john_locke.htm)
Locke, ao escrever “Ensaio acerca do entendimento humano” acreditava que a mente humana era uma caixa vazia ao nascer e que durante o processo de endoculturação (Processo de aprendizagem e educação de uma cultura, desde a infância até à idade adulta) vai assimilando os valores culturais da sociedade em que está imerso.
Locke, ainda combateu fortemente a idéia de que o ser humano carrega “verdades” inatas hereditárias em sua mente, por exemplo, um filho de uma pessoa mal caráter, não necessariamente é mal caráter, ele não trás essa carga genética em sua mente, isso são características e marcas da cultura, do que o sujeito vai aprender, assimilar e se apropriar para a vida.
	Foi um antropólogo dos Estados Unidos, principal teórico do "materialismo cultural". Entre as influências de seu trabalho pode-se incluir a repercussão na teoria do comportamento e na antropologia cultural.
Esse cientista se referiu a Locke da seguinte forma: a obra de John Locke foi importante por trazer a seguinte reflexão: “Nenhuma ordem social é baseada em verdades inatas uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento” (pág. 26).
Marvin Harris (1927-2001)
Anne Robert Jacques Turgot – (1727-1781) 
	Foi um economista francês, aplicou com grande sucesso uma série de medidas destinadas à racionalizar a economia. Pelo sucesso, foi nomeado ministro-geral das Finanças do rei Luís XVI de França (1774). Porém, suas idéias de reforma econômica liberal despertaram a ira do clero e da nobreza, pois lhes tiravam certas mordomias e privilégios. 
Turgot, ao escrever o seu Plano para dois discursos sobre história universal, afirmou:
Possuidor de um tesouro de signos que tem a faculdade de multiplicar infinitamente, o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como uma herança sempre crescente (pág. 26-27).
Consideramos essa frase uma definição aceitavel para o conceito de cultura. Bem, pensamos que não somente os conhecimentos eruditos fazem parte desse processo, pois todo conhecimento humano faz parte de uma determinada cultura.
Jean- Jacques Rousseau (1712-1778)
Foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo. Uma das figuras marcantes do Iluminismo francês, Rousseau é também um precursor do romantismo. Ao defender que todos os homens nascem livres, e a liberdade faz parte da natureza do homem, Rousseau inspirou todos os movimentos que visaram uma busca pela liberdade.
Rousseau - escreveu, além de estudos políticos, romances e ensaios sobre educação, religião e literatura. Sua obra principal é do Contrato Social. Nesta obra, defende a idéia de que o ser humano nasce bom, porém a sociedade o conduz a degeneração. Afirma também que a sociedade funciona como um pacto social, onde os indivíduos, organizados em sociedade, concedem alguns direitos ao Estado em troca de proteção e organização.)
Rousseau, em seu discurso sobre a origem e o estabelecimento da desigualdade entre os homens (1775) Rousseau, assim como Lock e Turgot, atribuiu grande papel social a educação, vendo-a como transformadora da humanidade. Chegou a exagerar que o processo educacional teria a possibilidade de completar a transição entre os grandes macacos (chimpanzé, gorila e orangotando) e os homens. (pág. 27)
Pois bem, mais de um século se passaram desde a definição de cultura dada por Taylor, porém como vimos até o momento, as várias definições de cultara serviram para causar uma certa “confusão” no conceito de cultura ao invés de ampliar os limites do conceito.
Clifford Geertz (1936 – 2006) - foi um antropólogo estadunidense , com cerca de vinte livros publicados, foi um dos principais antropólogos do século XX, não apenas para a própria teoria e prática antropológica, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.
CLIFFORD GEERTZ
Clifford Geertz - considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa, que floresceu a partir dos anos 50. Geertz afirmou que o problema humano no estudo antropológico não é de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.
O homem então passa a ser diferenciado dos demais animais por ter a seu dispor duas notáveis propriedades: a possibilidade de de comunicação oral e a capacidade de fabricação de instrumentos, capazes de tornar mais eficientes o seu aparato biológico.
	A aranha realiza operações que lembram o tecelão, e as caixas suspensas que as abelhas constroem envergonham o trabalho de muitos arquitetos. Mas até mesmo o pior dos arquitetos difere, de início, da mais hábil das abelhas, pelo fato de que, antes de fazer uma caixa de madeira, ele já a construiu mentalmente. 
O homem é o único ser que possui cultura
	No fim do processo do trabalho, ele obtém um resultado que já existia em sua mente antes de ele começar a construção. O arquiteto não só modifica a forma que lhe foi dada pela natureza, dentro das restrições impostas pela natureza, como também realiza um plano que lhe é próprio, definindo os meios e o caráter da atividade aos quais ele deve subordinar sua vontade.
Karl Marx, O Capital