AULA 3 - PRIMEIRO FASCÍCULO - ANTESCEDENTE DO CONCEITO DE CULTURA (1)

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1º PÉRIODO PEDAGOGIA
	 ASPECTOS ANTROPOLOGICOS E SOCIOLOGICOS DA EDUCAÇÃO
	
	
um conceito antropológico 
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4. O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE CULTURA
Vimos que a primeira definição de cultura foi dada por Edward Taylor, em seu livro Primitive Culture (1871), ele pensava que a cultura podia ser estudada como um objeto de estudo sistemático, pois considerava como um fenômeno natural.
CULTURA, COMO FENÔMENO NATURAL...
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	Um fenómeno natural é um acontecimento, que ocorre sem a intervenção humana. Percebam da seguinte forma a ação humana (ex: um automóvel em andamento, por exemplo) continuam sempre sujeitas às leis naturais, contudo, não são consideradas, neste sentido, fenômenos naturais, já que dependem da vontade humana. Os fenômenos naturais podem, isso sim (ou não), influenciar a vida humana que a eles está sujeita, como a epidemias, às condições meteorológicas, desastres naturais, etc. 
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	Notem, no senso comum, fenômeno natural aparece quase sempre como sinônimo de evento incomum, espantoso ou desastroso sob a perspectiva humana. Contudo, a formação de uma gota de chuva é um fenómeno natural da mesma forma que um furacão. ESSES FENÔMENOS NÃO SÃO CRIAÇÃO HUMANA, APESAR DE INTERFERIR NA VIDA HUMANA.
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	NA contemporaneidade consideramos cultura como:
	UM conjunto de atividades e modos de agir, costumes e instruções de um povo. O meio pelo qual o homem se adapta às condições de existência transformando a realidade. Um processo em permanente evolução, diverso e rico. 
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 Muitas vezes, a cultura é fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento de valores espirituais e materiais. Isto é, o conjunto de fenômenos materiais e ideológicos que caracterizam um grupo étnico ou uma nação (língua, costumes, rituais, culinária, vestuário, religião, etc.), estando em permanente processo de mudança.
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	Buscando apoio nas ciências da natureza, Tylor escreve o seguinte:
	[...] a história da humanidade é parte da parcela da história da natureza, que nossos pensamentos, desejos e ações estão de acordo com as leis equivalente àquelas que governam os ventos e as ondas, a combinação dos ácidos e das bases e o crescimento das plantas e animais (pág. 31).
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	Tylor reafirma a igualdade da natureza humana, “que pode ser estudada com grande precisão na comparação das raças do mesmo grau de civilização” (pág. 32).
	
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	A preocupação de Tylor não era a diversidade cultural mas a igualdade existente na humanidade. A diversidade é explicada por ele como o resultado da desigualdade existente no processo de evolução.
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	A grosso modo podemos dizer que : uma das funções da antropologia, segundo Tylor, seria “estabelecer” uma escala de civilização”, isto é, colocando as nações européias em um dos extremos da série e em outro as tribos selvagens. O restante da humanidade entre os dois limites.	
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	Tylor pensava as “instituições humanas tão distintamente estratificadas quanto a terra sobre o qual o homem vive. Elas se sucedem em séries substancialmente uniformes por todo o globo, independentemente de raça e linguagem.
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	Pois bem, não podemos perder de vista que Tylor é datado, isto é, precisamos entender a época em que ele viveu e consequentemente o repertório cultural que ele constituía na época (background = Experiência, vivência ou conhecimento tanto profissional quanto pessoal).
	
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	O seu livro foi produzido nos anos em que a Europa sofria o impacto da Origem das espécies de Charles Darwin. A nascente antropológica foi dominada pela estreita perspectiva do evolucionismo unilinear.
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Charles Darwin
Darwin, no século XIX, provocou inúmeras discussões e indecisões, fazendo com que admitíssemos as transformações ocorridas nos seres vivos por causa das alterações do meio ambiente que acontecem constantemente.
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	Entendendo um pouco sobre a origem das espécies e a teoria de Charles Darwin: 
 O naturalista britânico Charles Darwin publicava o livro A Origem das Espécies, onde lançava à luz do público um estudo comparativo entre espécies aparentadas que viviam em diferentes regiões. Além disso, ele percebeu a existência de semelhanças entre os animais vivos e em extinção.
	
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	A partir daí, concluiu que as características biológicas dos seres vivos passam por um processo dinâmico em que fatores de ordem natural seriam responsáveis por modificar os organismos vivos. Ao mesmo tempo, ele levantou a ideia de que os organismos vivos estão em constante concorrência e, a partir dela, somente os seres melhores preparados às condições ambientais impostas poderiam sobreviver.
	
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	A teoria de Darwin chocou o mundo cristão ao confrontar as novas ideias evolutivas com a teoria criacionista.
	Só a partir do conceito darwinista de evolução cogitou-se a possibilidade de nossa ancestralidade.
	
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	E desde de 1859 o mundo polarizou-se entre aqueles que acreditam que descendemos de Deus e aqueles que pensam que nossos avós eram mesmo os macacos.
	
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	Voltando a Tylor
	Segundo essa abordagem, todas as culturas deveriam passar pelas mesmas etapas de evolução, o que tornava possível situar cada sociedade humana dentro de uma escala que ia da menos a mais desenvolvida (pág. 33).
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	A década de 60 do século XIX foi rica em trabalhos desta orientação. Uma série de estudiosos tentou analisar, sob a ótica do evolucionismo, o desenvolvimento das instituições sociais (pág. 33).
	
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	[...] predominava, então a ideia de que a cultura desenvolve-se de uma maneira uniforme, de tal forma que era de se esperar que cada sociedade percorresse as etapas que já tinham sido percorridas pelas “sociedades mais avançadas”.
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Sendo assim “era fácil estabelecer uma escala evolutiva que não deixa de ser um processo discriminatório através do qual as diferentes sociedades humanas eram classificadas hierarquicamente, com nítida vantagem para as culturas européias. 
Etnocentrismo e ciências marchavam então de mãos juntas.
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Etnocentrismo 
	É uma visão do mundo onde o “nosso grupo” é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos próprios valores e nossas definições do que é existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc. 
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	Ou seja, o etnocentrismo é a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e as razões pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. 
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Difusionismo - É a teoria que trata do desenvolvimento de culturas e tecnologias, particularmente na história antiga. A teoria sustenta que uma determinada inovação foi iniciada numa cultura específica, para só então ser difundida de várias maneiras a partir desse ponto inicial).
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Porém, Taylor acreditava na “unidade psiquica da humanidade”, que muitas vezes constituia uma falha, por “não reconhecer os multiplos caminhos da cultura”.
A principal reação a esse pensamento evolucionista inicia-se com Franz Boas (1858-1949).
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	Franz Boas criticou com veemência os determinismos biológicos e geográficos, além da crença no evolucionismo cultural. Boas apontava que cada cultura é uma unidade integrada, fruto de um desenvolvimento histórico peculiar. Enfatizou a independência dos fenômenos culturais com relação às condições geográficas e aos determinantes biológicos, afirmando que a dinâmica da cultura está na interação entre os indivíduos e sociedade.
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	Franz Boas, acredita que são investigações históricas o 
	que convém para descobrir a origem deste ou daquele traço cultural e para interpretar a maneira pelo qual toma lugar num dado conjuntosociocultural. [...] Cada cultura segue seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou.
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	Franz Boas, atribui duas tarefas a execução da antropologia:
A reconstrução da história de povos ou regiões particulares;
A comparação da vida social de diferentes povos, cujo desenvolvimento segue as mesmas leis.
	
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Nota
	Para os evolucionistas do século XIX a evolução desenvolvia-se através de uma linha única; a evolução teria raizes em uma unidade psiquica através da qual todos os grupos humanos teriam o mesmo potencial de desenvolvimento, embora alguns estivessem mais adiantados que outros. 
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Nota
	Essa abordagem unilinear considerava que cada sociedade segueria o seu curso histórico através de três estágios: selvageria, barbarismo e civilização. Em oposição a essa teoria, e a partir de Franz Boas, surgiu a ideia de que cada grupo humano desenvolve-se através de caminho próprio, que não pode ser simplificado na estrutura tríplice dos estágios. Esta possibilidade de desenvolvimento múltiplo constitui o objeto multilinear.
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	Alfred Kroeber (1876-1960) Antropologo americano que em seus trabalhos afirma que graças à cultura a humanidade distanciou-se do mundo animal. Mais do que isso, o homem passou a ser considerado um ser que está acima de suas limitações orgânicas. Pensar na evolução dos artefatos culturais que o homem criou, que fazem parte da cultura. 
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	O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam. 
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 A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade (pág. 45).
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	Não basta a natureza criar indivíduos altamente inteligentes, isto ela o faz com frequencia, (Em todos os grupos humanos, independente do seu desenvolvimento, pode-se encontrar indivíduos mais ou menos privilegiados intelectualmente) mas é necessário que coloque ao alcance desses indivíduos o material que lhes permita exercer a sua criatividade de uma maneira revolucionária (pág.46).
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CONTRIBUIÇÕES DE FROEBER PARA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE CULTURA:
A CULTURA, MAIS DO QUE HEREANÇA GENÉTICA, DETERMINA O COMPORTAMENTO DO HOMEM E JUSTIFICA SUAS REALIZAÇÕES.
O HOMEM AGE DE ACORDO COM SEUS PADRÕES CULTURAIS. OS SEUS INSTINTOS FORAM PARCIALMENTE ANULADOS PELO LONGO PROCESSO EVOLUTIVO POR QUE PASSOU.
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CONTRIBUIÇÕES DE FROEBER PARA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE CULTURA:
A CULTURA É O MEIO DE ADAPTAÇÃO AOS DIFERENTES AMBIENTES ECOLÓGICOS. EM VEZ DE MUDAR PARA ISSO O SEU APARATO BIOLÓGICO, O HOMEM MODIFICA O SEU EQUIPAMENTO SUPERORGÂNICO.
EM DECORRÊNCIA DA AFIRMAÇÃO ANTERIOR, O HOMEM FOI CAPAZ DE ROMPER AS BARREIRAS DAS DIFERENÇAS AMBIENTAIS E TRANSFORMAR TODA A TERRA EM SEU HABITAT.
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	ADQUIRINDO CULTURA, O HOMEM PASSOU A DEPENDER MUITO MAIS DO APRENDIZADO DO QUE AGIR ATRAVÉS DE ATITUDES GENETICAMENTE DETERMINADAS.
 COMO JA ERA DO CONHECIMENTO DA HUMANIDADE, DESDE O ILUMINISMO, É ESTE PROCESSO DE APRENDIZAGEM (SOCIALIZAÇÃO OU ENDOCULTURAÇÃO, NÃO IMPORTA O TERMO) QUE DETERMINA O SEU COMPORTAMENTO E A SUA CAPACIDADE ARTÍSTICA OU PROFISSIONAL.
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A CULTURA É UM PROCESSO ACUMULATIVO, RESULTANTE DE TODA EXPERIÊNCIA HISTÓRICA DAS GERAÇÕES ANTERIORES. 
	ESTE PROCESSO LIMITA OU ESTIMULA A AÇÃO CRIATIVA DO INDIVÍDUO.
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OS GÊNIOS SÃO INDIVÍDUOS ALTAMENTE INTELIGENTES QUE TÊM A OPORTUNIDADE DE UTILIZAR O CONHECIMENTO EXISTENTE AO SEU DISPOR, CONSTRUÍDO PELOS PARTICIPANTES VIVOS E MORTOS DE SEU SISTEMA CULTURAL, E CRIAR UM NOVO OBJETO OU UMA NOVA TÉCNICA. 
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NESTA CLASSIFICAÇÃO PODEM SER INCLUIDOS OS INDIVÍDUOS QUE FIZERAM AS PRIMEIRAS INVENÇÕES, TAIS COMO O PRIMEIRO HOMEM QUE PRODUZIU O FOGO ATRAVÉS DO ATRITO DA MADEIRA SECA.
OU O PRIMEIRO HOMEM QUE FABRICOU A PRIMEIRA MÁQUINA CAPAZ DE AMPLIAR A FORÇA MUSCULAR, O ARCO E A FLEXA ETC. SÃO ELES GÊNIOS DA MESMA GRANDEZA DE SANTOS DUMONT E EINSTEIN.
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	SEM AS SUAS PRIMEIRAS INVENÇÕES E DESCOBERTAS, HOJE CONSIDERADAS MODESTAS,NÃO TERIAM OCORRIDO AS DEMAIS. E PIOR DO QUE ISTO, TALVEZ NEM MESMO A ESPÉCIE HUMANA TERIA CHEGADO AO QUE É HOJE.
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Dessa forma podemos dizer que desde que nascemos, estamos aprendendo, tudo o que fizermos será determinado pelos padrões culturais em que estamos imersos na sociedade.
Mas e onde fica o instinto de conservação? O instinto materno? O instinto filial? O instinto sexual?
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