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Fichamento do livro Sinto me Só - Karl Taro Greenfild - 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
KRISLEINE EMILIA SILVA MARCOS
FICHAMENTO DO SINTO-ME SÓ
 Karl Taro Greenfeld
CURITIBA
2016
KRISLEINE EMILIA SILVA MARCOS
FICHAMENTO DO LIVRO SINTO-ME SÓ
Karl Taro Greenfeld
Trabalho apresentado ao curso de Psicologia, da Universidade Tuiuti do Paraná, pelos alunos do 3º período, como requisito avaliativo do 1º bimestre da disciplina de Psicologia do Desenvolvimento do Adolescente. 
Professor: Luis Henrique Ramos
CURITIBA
2016�
FICHA DE LEITURA DO LIVRO SINTO-ME SÓ DE KARL TARO GREENFELD
- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
- NOME DO LEITOR: Krisleine Emilia Silva Marcos
- CURSO: Psicologia 
- TURMA/PERÍODO: 3º Período/ Noite
- NOME DO PROFESSOR: Luis Henrique Ramos
- NOME DA INSTITUIÇÃO: Universidade Tuiuti do Paraná
- DATA: 27/04/16 
 -TITULO DA OBRA : Sinto-me só (Karl Taro Greenfeld)
- INFORMAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS:
.Editora: Editora Planeta do Brasil
Local: São Paulo 
Data da publicação: 2009
Numero de páginas: 357 Pgs
Tradução: Débora Guimarães Isidoro
SINOPSE DA OBRA
Sinto-me só é uma auto-bibliográfia, onde o autor narra a sua história ao lado de sua família e de seu irmão, Noah, um autista de baixo funcionamento. Descreve toda a dor e alegria vivida pela família Greenfeld: o momento da descoberta do diagnóstico de autismo de Noah, bem como, todo empenho dos pais em curá-lo, tentando desde técnicas de psicanálise até comportamentais rígidas. Desde o nascimento de Noah, Karl vê sua vida mudando completamente e toda a atenção de seus pais voltada exclusivamente para o irmão. Neste contexto, conforme Karl foi crescendo, se tornou adolescente, sentia ao mesmo tempo, que amava e odiava seu irmão, buscava se encontrar e para isso foi buscar refúgio no isolamento, nas más companhias, nas drogas e em diversos outros mecanismos de defesa. 
PERSONAGEM ANALISADO
Nome da personagem, idade, constituição familiar e características físicas.
	O personagem analisado foi Karl Taro Greenfeld – o livro conta seu desenvolvimento desde criança até a idade adulta, porém para análise a idade principal utilizada foi a que descreve sua adolescência, entre os 14 aos 17 anos.
	Karl é filho de mãe japonesa e pai judeu, ele escritor e ela do lar. Possui também um irmão 02 anos mais novo, Noah, um autista em grau severo, traços delicados e aparência atraente,: se balança por períodos prolongados como forma de autoestimulação, não fala, apensa emite alguns monossílabos sem significado aparente, não vai ao banheiro sozinho e seu principal hobbie é manusear um elástico dentre seus dedos.
	Segundo relato do diário do pai, enquanto criança, Karl é um menino belo, sensível, ri alto e é abertamente audível, teve um desenvolvimento biológico mais lento que o de Noah (aos 14 anos ainda não exibia barba). Para tentar socializar, na adolescência, Karl cortou um pouco os cabelos, usa lentes de contato e camisa pólo e Izod, que eram as populares na época.
EPISÓDIOS NARRATIVOS
Uso de drogas e comportamentos anti-sociais:
 “Aos 14 anos, já fui espancado duas vezes. Vi um estupro praticado por uma gangue. Fui roubado diversas vezes, sempre em negócios envolvendo droga. Fui um apoio para furto de bolsa. Participei de dois arrombamentos. Participei de um ato de vandalismo contra a biblioteca de uma escola fundamental e fiquei de vigia quando outro garoto invadiu o consultório de um médico. Esta é uma região considerada uma das comunidades mais exclusivas de Los Angeles. E eu sou um dos bons meninos” – Pg. 127.
Comportamento inadequado na escola:
 “Além da nossa performance acadêmica, também somos avaliados pelos hábitos de trabalho e cooperação, variando de E, para excelente, passando por S, de satisfatório, até I de insatisfatório. As categorias são vagas, com itens como pontualidade e assiduidade e cooperação sendo medidas de quanto somos quietos e atenciosos. Minhas notas nessas áreas se tornavam espetacularmente ruins: sete Is de catorze possíveis. (Temos seis salas e uma sala especial sem graduação, a classe para a qual são banidos os alunos que receberam muitos Is. A turma recebe esse nome por causa da ameaça de que, caso não haja melhora no desempenho, os alunos não podem participar da cerimônia de formatura. A grande maioria dos meus companheiros nessa turma está ali por cabular aulas, por ter sido pego fumando maconha ou brigando. Muitos nem se dão ao trabalho de aparecer em sala, porque estão ocupados demais se metendo em problemas de verdade. Há poucos que, como eu, estão ali por irem à aula mas apresentarem um mau comportamento constante” – Pg. 129
Comportamento de drogadição e furto:
Estamos chapados e um pouco bêbados.Estamos rindo e assustados ao mesmo tempo. A noite é fria, como sempre acontece em Los Angeles Westside na primavera, e há aquele cheiro fraco de incenso de eucalipto no ar. O estacionamento ao lado da igreja está vazio. E o fundo da igreja, como eu já havia deduzido depois da minha cuidadosa expedição de reconhecimento, é alvo fácil. [...] Ao ver o armário ele saca sua pequena gazua. O mecanismo de fechadura é simples, um cilindro com uma lingüeta metálica que se apoio do lado de dentro do armário na porção oposta a porta. Tenta uma vez, duas, e parece estar pensando em arrombar a porta, mas se detém, antes disso e pega meu Skate. A idéia foi minha, a de usar o skate como uma espécie de pé de cabra para forçar a porta e abri-la. Ele encaixa a parte traseira na fenda entre as portas e a força, abrindo-a com um estalo tão alto como um tiro” – Pg. 162 e 163.
Fantasia, intelectualização e isolamento 
 “Ainda gosto de Kiss, e meus hobbies são ecléticos e anacrônicos para a minha faixa etária. Aos 14 anos, ainda sou obcecado por modelos militares, por Dungeons & Dragons, por minha própria versão do que mais tarde se tornou conhecido como por ligas esportivas de fantasia. Eu mesmo crio usando estatística que tiro do verso de velhos cartões de beisebol e também com jogadores de minha própria imaginação e alguns jogadores reais dos quais ouvi falar, mas que nunca foram sucesso nos times da faculdade ou mesmo no colégio. Misturo e agrupo jogadores diferentes em times diferentes e depois promovo confronto essas equipes imaginárias, jogando um dado para determinar o resultado de cada tacada ou arremesso. É trabalhoso e exige horas de trabalho para completar um jogo. Preencho muitas páginas com estatísticas e resultados que então precisam ser copiados de maneira organizada em posições e gráficos, que tento atualizar semanalmente. Quando digo aos meus pais que estou no meu quarto fazendo a lição de casa, é nisso que estou trabalhando. [...] Por isso crio uma regra estabelecendo que não posso fazer este jogo na escola, só em casa, ou no caminho de ida e volta da escola, ou no ônibus. É um presente que me dou quando estou em casa, onde preciso de alguma coisa para me distrair mentalmente da guerra que se desenrola em minha casa. Nunca contei isso a ninguém até agora” – Pg. 167, 168 e 169.
Falta de atenção e negação a família/ Competição com Noah:
 “Ontem à noite, durante o jantar, eu e Karl tivemos uma daquelas brigas entre pai e filho. Eu o critiquei duramente por se recusar a comer com os hashis ou aceitar arroz em seu prato”, meu pai escreveu em 1979. E de repente ele estava gritando: “odeio esta família estúpida. Você e Foumi são idiotas. Desperdiçam a vida por causa de Noah. Deviam ter posto Noah em uma instituição há anos. E lá que ele vai acabar de qualquer jeito. Vocês são dois idiotas e descontam em mim”.
	“E é verdade que enquanto eu insistia para Karl comer arroz com o hashi, Noah agarrava todos os alimentos que queira com as mãos. Mas pensei que Karl entendesse que, nesse momento, não conhecemos nenhum lugar para Noah. Foumi, é claro, se desmanchou em lágrimas.”
	“Noah pode ser autista, mas ele sabe se fazer de tonto quando estão gritando comigo. Fica ali sentado, se enchendode arroz – e move delicadamente a cabeça em sentido afirmativo, exibindo aquele sorriso enigmático que surge em seu rosto quando está feliz, mas sabe que não deve se gabar.”
	“Há uma impressionante consistência no comportamento de Noah sempre que sou alvo de desaprovação de nossos pais. Se eles gritam comigo por alguma transgressão que cometi, Noah certamente sorri e se comporta da melhor maneira possível. É fácil amá-lo nesse estado, quando se torna gentil, doce; a palavra certa, acho, é suave, o que, ele sabe, eu sei que ele não é, é claro.” Pg. 180 e 181.
ANÁLISE DO FUNCIONAMENTO MENTAL DA PERSONAGEM EM ESTUDO
	A síndrome normal da adolescência (SNA) de Arminda Aberastury e Maurício Knobel (1981) assinala que, assim como existem fantasias psicóticas no bebê, vemos na adolescência a exteorização das mesmas, modificadas pela experiência prévia, dos remanescentes dessa fantasia. A adolescência é um processo de desenvolvimento, aparentemente patológico, utilizado pelo adolescente para situar seus desvios no contexto da realidade humana que nos rodeia.
	Arminda Aberastury e Maurício Kinobel, afirmam ainda, que o adolescente passa por desequilíbrios e instabilidades; em sua obra descrevem as seguintes sintomatologias que integram está síndrome: 1) Busca de si mesmo e de identidade; 2) Tendência grupal; 3) Necessidade de intelectualizar-se e fantasiar; 4) Crises religiosas; 5) Deslocalização temporal, onde o pensamento adquire características de pensamentos primários; 6) Evolução sexual se manifesta, que vai do auto-erotismo até a heterossexualidade genital adulta; 7) Atitude social reivindicatória com tendências anti-sociais ou associais em diversa intensidade; 8) Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta, dominada pela ação, que institui a forma de expressão conceitual mais típica deste período da vida; 9) Separação progressiva dos pais; e 10) Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo.
Outro teórico de grande importância para o estudo da adolescência foi Donald Winnicott, que postulava que na adolescência retomam-se as questões de identidade, como se fosse acionado um replay dos estágios iniciais do desenvolvimento, dependência relativa, rumo à independência. Todos os estágios iniciais (ego primitivo) são retomados, acrescidos a eles, a força sexual e física, que antes não existiam, juntamente com arrogância, astúcia, hostilidade, mentira, ironias e necessidade de confronto com a sociedade. Outro fator que leva ao retrocesso de fases primitivas são as necessidades de sentimentos de irrealidades, as fantasias. (Dias,2003,p.293).
Winnicott (2001) afiram que o adolescente entra num processo natural de isolamento: se afasta da família para buscar a si mesmo, mas que mesmo diante deste isolamento o adolescente necessita ser acolhido. É como se fosse um jogo de esconder em que é uma alegria estar escondido, mas um desastre não ser encontrado.
	Para Erik Erikson, o desenvolvimento humano ocorre em 8 estágios psicossociais (8 idades do homem), que acontecem gradativamente desde o nascimento até a velhice. Dentro destes oito estágios, aquele que refere-se à fase da adolescência seria o quinto: “Identidade x confusão de papeis”, que é a fase em que acontece o interesse sexual, a definição de ideologias e valores filosóficos, além do mais importante: a busca pela identidade. (Biaggio, 2015).
	O livro analisado neste fichamento, “Sinto-me só”, relata a história de Karl Taro Greenfeld, que conta como foi crescer ao lado de Noah, seu irmão 02 anos mais novo, diagnosticado como autista de baixo funcionamento. Relata a mudança drástica na rotina familiar, que após o nascimento do irmão, voltaram todos os esforços para buscar técnicas, profissionais e instituições que pudessem recorrer a fim de encontrar a cura para o filho autista. 
	Neste contexto, ainda quando criança, Karl, assume responsabilidades pelo irmão mais novo e carrega o “peso” de explicar a sociedade porque seu irmão é diferente, convive com preconceitos, mudanças repentinas de endereço (consequentemente de escolas) e falta de atenção por parte de seus pais, que acabavam doando seu tempo ao problema com Noah, colocando expectativas excessivas em Karl, que por ser mais velho e “normal”, teoricamente deveria entender a situação, cooperar e superar desafios de forma autônoma. 
	Fazendo uma síntese do funcionamento mental de Karl, podemos afirmar que já quando criança sofreu o impacto repentino do nascimento do irmão autista. Antes do irmão, Karl era onipotente sobre seus pais, ao ponto que depois de Noah, fica em segundo plano, recebe menos afeto por parte da mãe e do pai, que tem o tempo tomado com as necessidades de Noah. 
	Conforme foi crescendo, teve muitas frustrações no sentido de não conseguir estabilização em um colégio e grupo de amigos, visto que os tratamentos de Noah fizeram com que eles mudassem de residência inúmeras vezes, os vínculos sociais já feitos, eram quebrados. Isso faz com que dia após dia, Karl negue a família da qual pertence e idealize um novo mundo para ele.
	Já adolescente, acaba externando muitos mecanismos de defesa do EGO primitivo – fantasias, onipotência, ambigüidades, idealização, identificação projetiva (nas brincadeiras militares) – sendo estes mecanismos normais dentro do desenvolvimento adolescente, pois são apoio à formação da personalidade do indivíduo.
	Dentro do EGO organizado, em todo tempo demonstrou sentimento de culpa e reparação. O próprio sentimento de amor e ódio por Noah pode ser utilizado como exemplo: quando brigava com Noah, segundos depois estava arrependido. Mesmo tendo comportamentos anti-sociais, ainda desejava ser normal.
	Dentro das instâncias psíquicas de Freud, Ego, Id e Superego, observa-se que em vários momentos Karl se utiliza do mecanismo de Repressão, para recalcar ideias e desenvolver sua estrutura neurótica. No que se refere ao desenvolvimento do Ego, utilizou a projeção no que concerne ao julgamento crítico e moral de suas. A introjeção participa do desenvolvimento do ego, introjetando as autoridades a cuja crítica está exposta e a incorpora no superego.
	Conforme Karl atravessa sua adolescência, vai formando traços de sua personalidade, inicialmente bastante confusos pela dualidade entre ser meio criança e meio adulto. O traços de personalidade mais evidente em Karl é a introversão, pois em diferentes trechos do livro expõe timidez, isolamento, retração e influência dos grupos de amigos. 
	Relacionando a história de “Sinto-me só” com a síndrome normal da adolescência e demais teorias citadas anteriormente, foram selecionados 5 sintomatologias da SNA, que exemplificam como o livro ilustrou o funcionamento mental de Karl, o personagem analisado:
Busca de si mesmo e de identidade: O Adolescente busca conhecer a si mesmo, encontrar seu verdadeiro self, conhecer sua individualidade biológica e social. Após completar 14 anos, Karl se utiliza de diferentes mecanismos para tentar entender quem realmente é; para isso, busca o isolamento em suas fantasias, novas amizades e desafios mesmo que imorais. Desta forma, aos poucos, vai expondo suas opiniões e valores, criando sua própria personalidade. No livro, são inúmeras as cenas da busca de Karl por identificação, abaixo cirta-se um momento onde o personagem expõe sua incerteza quanto a ser uma criança ou um adulto:
“Estou dividido entre a atração das drogas, os crimes baratos da adolescência, e os brinquedos e modelos militares da minha infância. [...] É meu retiro, minha auto-estimulação. Posso me dividir naquela vida rica e privada que eu mesmo crio e invento; é uma intersecção de história, mito e fantasia, tudo menos a realidade cotidiana do maquinário falho de nossa família. Minha mãe reclama que estou ficando velho demais para os brinquedos, e ela está certa, é claro, para um menino normal, em uma família normal. (Pg.202).
“O que estou fazendo, mais tarde percebo, é evitar a adolescência. Os primeiros sinais da puberdade trazem com eles anseiosque me confundem” (Pg.200) 
Tendência grupal: É o processo de superidentificação em massa, onde todos se identificam com cada um. Muitas vezes o vínculo com o grupo é tão intenso, que o indivíduo pertence mais ao grupo de coetâneos do que ao grupo familiar. A uma inclinação ao grupo: modas, vestimentas, costumes e preferências de todo tipo. No livro Sinto-me só, em diferentes momentos, pode-se verificar que na busca de sua identidade, Karl foi associou a tribos ou grupos em que pudesse fazer parte, aqueles que ele pudesse se sentir igual, abaixo um momento que pode ser evidenciada esta característica: 
	“Não posso dividir essa paixão [brincadeiras com carrinhos militares] com outros adolescentes, porque eles verão minha diversão como imatura, coisa de criança. Devemos pensar em Skate, Surf, Rock, garotas, fumar maconha e usar drogas. Nas horas que estou longe de casa, com meus amigos, posso me enquadrar neste cenário, nessa cultura de guitarras elétricas e maconha colombiana. Mas, em casa? Só me restam os exércitos” Pg.202
Necessidade de intelectualizar e fantasiar: Este item da SNA caminha em paralelo ao desenvolvimento do ego primitivo, visto que de certa forma ocorre a regressão, utilização de diferentes mecanismos de defesa como fuga às situações dolorosas. No caso de Karl, as fantasias acontecem em vários momentos, principalmente com brincadeiras com carros militares, isolado em seu quarto. Fantasiava campos de batalha complexos e pesquisava muito a respeito, tanto que acabava tendo um bom desempenho em História no colégio, pois intelectualizava sobre o assunto. Abaixo momento que pode exemplificar tal item:
“No meu quarto, à noite, eu aplico tinta a óleo em vários modelos e estátuas. [...] Gosto de dar uma tragada no cachimbo, soprar fumaça pela janela, e depois me sentar e reunir e pintar meu pequeno exército, algumas vezes narrando minhas campanhas imaginárias enquanto trabalho.”
Atitude Social reivindicatória: O Adolescente vê a sociedade como limitadora à sua vida. Neste sentido, o adolescente com sua força reestruturadora da sua personalidade, tenta modificar a sociedade. Também estão relacionadas ao ego flutuante deste individuo. Na narrativa isto é muito evidente, principalmente quando Karl se associa a grupos de adolescentes, com os quais usa drogas, pratica pequenos furtos e vandalismos. 
“estamos sempre drogados em sala de aula. Nós adolescentes e pré-adolescentes sem supervisão, passamos os dias num topor de fumaça de maconha”. Pg.127
Separação progressiva dos pais: Considerado um dos lutos fundamentais na adolescência, a perda dos pais da infância é certamente uma das maiores angústias do adolescente. Karl demonstra que a separação do pais ocorre precocemente pelo fato de sempre estarem empenhados aos cuidados de Noah, isto faz com que Karl da mesma forma, busque sua individualização precocemente. 
	“[...] meus pais, por mais que se preocupem e aflijam com meus fracassos acadêmicos, não podem passar muito tempo monitorando minhas negligências diárias [...] estão sempre ocupados tentando ensinar Noah a separar blocos e unir fotos de coelhos iguais. (Pg. 170).
	Em resumo, é possível afirmar, que Sinto-me só é um livro bastante ilustrativo no que se refere ao desenvolvimento psíquico e biológico do adolescente, sendo muito válida a leitura. 
REFERÊNCIAS
Sinto-me só – Karl Taro Greenfeld
Adolecencia normal
Dias, E. O. (2003). A Teoria do Amadurecimento Pessoal de Donald W. Winnicott. São Paulo: Imago.
OLIVEIRA, D.M. CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA ADOLESCÊNCIA SOB A ÓTICA DE WINNICOTT PARA A EDUCAÇÃO. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp082720.pdf. Acesso em 21 Abril de 216.
WINNICOTT, D. Adolescência: transpondo a zona das calmarias. D. Winnicott Família e Desenvolvimento Individual. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
REVISTA DE PSICOLOGIA DA UNESP: 2013. A demanda por psicoterapia na adolescência: a visão dos pais e dos filhos. Flávia Angelo VercezeI, Maíra Bonafé SeiI, Carla Maria Lima BragaI. . Disponíel em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-90442013000200008. Acesso em: 21 de abril de 2016. 
Winnicott, D. W. (1983). Comunicação e falta de comunicação levando ao estudo de certos opostos. In: O ambiente e os processos de maturação (pp. 163-174). Porto Alegre: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1963).
Biaggio, Angela M.B: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO. 24.Ed. Ed Petrópolis: Vozes, 2015.

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