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A OAB e os direitos sociais- uma abordagem para o cidadão

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A OAB 
E OS DIREITOS 
SOCIAIS
UMA ABORDAGEM PARA O CIDADÃO
C o n s e l h e ir o s Fe d e r a is
AC: M arcelo Lavocat Galvão, R ober to Rosas, Sergio Ferraz; AL: A n ton io 
N a b o r Areias Bulhões, M arcos B ernardes d e M ello , M a ria d o Socorro 
Vaz Torres; A M : Ezelaide Viegas da C os ta Alm eida, José Paiva de Souza 
Filho, M aria D o m in g a s G o m es Laranjeira; AP: Carlos A ugusro Tork de 
Oliveira, G uaracy d a Silva Freitas, Paulo José da Silva Ramos; BA: Pedro 
M i l to n de B rito , Saul V en ân c io d e Q u a d r o s F ilho , Yon Yves C o e lh o 
C a m p in h o ; CE: M arcelo Vinícius G ouveia M artins , M arcos A n to n io Paiva 
Colares, R a im u n d o Bezerra Falcão; D F : Esdras D a n ta s de Souza, Luiz 
F il ipe R ib e i ro C o e lh o , M a rc e lo H e n r iq u e s R ib e iro d e O liv e ira ; ES: 
A n to n io A ugusto G e n e lh u Jú n io r , A n to n io José Ferreira Abikair, Luiz 
A n to n io de Souza Basílio; G O : E d m a r Lázaro Borges, José Porfírio Teles, 
W anderley d e M edeiros; M A : Carlos Sebastião Silva N ina , José Brito de 
Souza, José C arlos Sousa Silva; M G : João O táv io de N o ro n h a , José M urilo 
P rocóp io d e C a rv a lh o , R a im u n d o C â n d id o Jú n io r ; M S: E lide R igon , 
José W anderley Bezerra Alves, L eo n a rd o N u n e s d a C u n h a ; M T : Ivan 
Szeligow ski R a m o s , R e n a to C e s a r V ia n n a G o m e s , R o b e r to D ias de 
C am pos; PA: Clóvis C u n h a d a G a m a M alcher Filho, Eudiracy Alves da 
Silva, Sérgio A lber to Frazão do C o u to ; PB: José A raújo Agra, Leidson 
M eira Farias, N a d ja D iogenes P ali to t y Palitot; PE: João H u m b e r to de 
Farias M arto re ll i , José J o a q u im de A lm e ida N e to , U rb a n o V ita l in o de 
M elo Filho; PI: Fides A ngélica d e C a s tro V. M . O m m a t i , João Pedro 
A yrim oraes Soares, R o b e r to G . de Freitas Filho; PR: A lber to d e Paula 
M a ch a d o , A lfredo de Assis G onça lves N e to , R o b e r to A n tô n io Busaro; 
RJ: A lf re d o José B u m a c h a r F i lh o , José C a r lo s S a n to s C a ta ld i , E ster 
Kosovski, ; R N : A dilson G urgel de C astro , H élio Xavier de Vasconcelos, 
Paulo Lopo Saraiva; R O : Francisco A rquilau de Paula, H e ito r M agalhães 
Lopes, O d a i r M a rt in i ; RR: A n to n ie ta M agalhães A guiar, E len a N a tc h 
Fortes, H e ld e r F igueiredo Pereira; RS: Ja ir Baldez M orales , Jorge Luiz 
Garcia de Souza, N e re u Lima; SC: A ngelito José Barbieri, José G eraldo 
R a m o s V i rm o n d , O sw a ld o José Pedreira H o r n ; SE: E d so n Ulisses de 
M e lo , J o rg e A u ré l io S ilva, Jo sé A lv in o S a n to s F i lh o ; SP: C l e m e n te 
Cavasana, M arcelo G uim arães da R ocha e Silva, Paulo N im er; T O : Ercílio 
Bezerra de C astro Filho, Ivair M a rt in s dos Santos D in iz , Sady A n to n io 
Boessio Pigatto.
#Ai
Conselho Federal
Comissão Nacional de Direitos Sociais
A OAB 
E OS DIREITOS 
SOCIAIS
UMA ABORDAGEM PARA O CIDADÃO
© Ordem dos Advogados do Brasil 
Conselho Federal, 2000
Organização 
G erência de Órgãos Colegiados 
Gerente: Paulo Torres Guimarães 
Produção Técnica: Luiz Valério Rodrigues Dias
Distribuição 
Gerência de D ocumentação e Informação
Setor de Autarquias Sul - Q. 5 - L o te 2 - Bl. N - Sobreloja 
B rasília-D F 
CEP70438-900
Fones: (061)316-9631 e 316-9605 
Fax:(061)316-9632
e-mail: webmaster@oab.org.br
Tiragem: 5.000 exemplares
FICHA CATALOGRÁFICA
011 A OAB e os direitos sociais : uma abordagem para o cidadao.
B rasília : OAB, Conselho Federal, 2000.
48 p.
ISBN 85-87260-13-8
1. Direitos sociais - Brasil - Comentários. I. Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), Conselho Federal.
CDD: 341.27
G D I/C F -O A B /L u iz C ar los M aroc lo
SUMÁRIO
Apresentação
Reginaldo Oscar de C astro ...................................................................... 7
A Afirmação dos D ireitos Sociais
José Francisco Siqueira N eto ...................................................................9
A Educação
Rogério Viola C oelho ...............................................................................13
Saúde do Trabalhador
Meirivone Ferreira de A ra g ã o ............................................................... 19
Dos D ireitos Sociais: Trabalho
A na M aria Ribas M agno ........................................................................ 25
D ireito à Moradia
Roberto de Figueiredo Caldas e Shígueru S um ida ...........................31
D ireito ao Lazer
João Hélder Dantas Cavalcante .......................................................... 35
O D ireito à Segurança em um Pais Inseguro!
Saul Venãncio de Quadros F ilh o ......................................................... 39
Seguridade Social
Mauro de Azevedo M enezes ................................................................. 43
5
A presentação
R e g in a ld o O s c a r de C a s tro *
Dentre as cruas realidades com as quais somos, hoje, forçados a 
conviver, figuram — para tristeza nossa — a demolição implacável das 
chamadas conquistas sociais. Tudo executado em nome da globalização, 
melhor dizendo, das perversões geradas pela apropriação do moderno 
instrumental técnico-científico perpetrada pelos impenitentes vilões do 
mercado.
A partir daí, uma grave patologia visual vem afetando a capacidade 
de nossos governantes de enfocar corretamente as verdadeiras prioridades 
da população brasileira. Por força desse desvio óptico, a importância do 
lucro e a prevalência do econômico são de tal sorte hipertrofiadas que não 
permitem a visualização das urgências e da primazia do social.
Conseqüência dessa síndrome desastrosa é o declínio da 
qualidade de vida e a degradação dos serviços sociais de responsabilidade 
do Estado. Não é que o Poder Público não cuide da educação, por exemplo. 
Cuida, mas o faz com tal avareza, que a ela dedica migalhas orçamentárias, 
tão-somente. Daí o drama educacional brasileiro: superabundância de 
escolas, escassez de ensino de qualidade.
Nem se diga, tampouco, que o governo tenha se despreocupado, 
por completo, de sua dívida social para com os pobres e excluídos. 
Preocupou-se, porém, muito mais, em quitar os compromissos que tornam 
governo e povo brasileiro reféns de seus implacáveis credores externos. 
Quitados esses débitos da iniqüidade, restam-nos apenas míseras sobras 
com 0 que prover a saúde, a alimentação, o ir-e-vir, a segurança, a moradia, 
0 lazer, o acesso ao trabalho e a seguridade social de 160 milhões de 
brasileiros.
Há no horizonte alguns clarões a indicar o inconformismo dos 
povos com essas perversões globalitárias. Os próprios mentores da 
economia mundial começam a render-se às evidências. A desenvoltura do 
mercado só tem gerado maiores desigualdades entre as nações. 
Desregulamentação do mercado, privatização das empresas, encolhimento 
do Estado, flexibilização das relações trabalho/capital, abertura comercial, 
controle rígido da inflação e do déficit público, estão longe de terem operado 
0 milagre da instauração da prosperidade e do bem-estar social universais.
* Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
7
A hora parece, pois, propícia para reaprendermos aquilo que já 
começávamos a desaprender: a consciência ativa de nossos direitos 
sociais. É exatamente aonde a Comissão Nacional de Direitos Sociais 
do Conselho Federal da OAB quer chegar com o oportuno lançamento 
da cartilha, intitulada “A OAB e os Direitos Sociais - uma abordagem para 
0 cidadão”. Louve-se a Comissão por sua inspirada iniciativa. Merecidos 
aplausos aos autores desta oportuna publicação.
8
A AFIRMAÇÃO DOS 
DIREITOS SOCIAISJosé F ranc isco S ique ira Neto*
Ao longo da história, os direitos humanos experimentaram 
importantes transformações em relação a sua consagração, titularidade e 
extensão.
Os direitos humanos nasceram como teorias filosóficas, idéias 
segundo as quais, a liberdade e a igualdade dos homens não são um fato, 
mas um ideal a ser perseguido, um desejo. À esta época, os direitos são 
universais, mas não são eficazes, na medida em que ficam na esfera das 
propostas.
Em seguida, passaram os mesmos para o terreno das leis. Isto se 
deu com as Declarações de Direitos dos Estados Norte-americanos e da 
Revolução Francesa. Nesta fase, os direitos humanos deixaram de ser a 
expressão de uma nobre exigência e passaram a integrar um ordenamento 
jurídico específico. Viraram lei. Deixaram de ser um direito pensado e 
foram realizados. Porém, exigíveis apenas para os países que os 
reconheceram expressamente.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, é a última 
etapa evolutiva dos direitos humanos no tocante a sua afirmação. Com 
ela, se deu, ao mesmo tempo, a consagração de forma universal e 
normativa.
Hoje podemos dizer que os direitos humanos foram globalizados.
A conseqüência prática desta alegação é que a própria autoridade 
soberana dos Estados nacionais resulta relativizada e flexibilizada em 
favor da universalização dos direitos humanos. A Constituição atual do 
Brasil acolhe expressamente esta concepção.
Isto implica, basicamente, em duas conseqüências: primeira, que 
para proteger direitos humanos violados são admitidas intervenções no 
plano nacional e a responsabilização internacional do país atingido; segunda, 
que a pessoa individualmente considerada adquire a condição de sujeito 
de direito na esfera internacional.
Além dos impactos provocados na ordem jurídica dos países, a 
Declaração Universal proporcionou também a consagração de um
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
9
entendimento mais avançado de direitos humanos. Esses, passaram a 
ser concebidos como universais e Indivisíveis.
Universais porque não mais aplicáveis a pessoas de um ou outro 
Estado, mas atribuídos à todos os homens, indistintamente e sem a 
exigência de qualquer outro requisito. Indivisíveis porque a garantia de uns 
é a condição para o respeito de outros e vice-versa.
As dimensões dos direitos humanos vão se alterando com as 
mutações da realidade, que apresentam com o tempo novas faces 
decorrentes do mesmo direito, mas que necessitam de uma camada 
protetiva capaz de acompanhar a evolução dos fatos.
É por esse motivo que quando um dos direitos humanos é violado, 
Inapelavelmente, os demais também o são.
Deste modo, os direitos humanos apresentam-se nos dias de hoje 
como universais, indivisíveis, mutuamente relacionados e dependentes 
entre si.
Cabe lembrar, contudo, que em relação ao conteúdo e a titularidade, 
os direitos humanos não nasceram com a configuração que ostentam 
atualmente.
Em um primeiro momento, eles emergem com o surgimento dos 
Estados modernos, mediante um processo de ascensão da pessoa 
Individualmente considerada como seus destinatários. No início, essas 
pessoas representam um universo restrito, mas com o passar do tempo, 
esse universo é ampliado.
Neste momento, portanto, a titularidade dos direitos humanos é 
Individual e os mesmos se erguem em face do Estado, posto que voltados 
a resguardar a dignidade, a liberdade e a igualdade humana. Esses são 
os chamados direitos humanos de primeira geração.
Com a deslocaçâo de parte do poder e a conseqüente consolidação 
dos diversos interesses econômicos na sociedade, evidencia-se a 
importância de conferir os direitos humanos não mais a titulares individuais, 
mas também coletivos. Isto porque, surgem coletividades que necessitam, 
além de proteção, de representação coletiva.
Esses direitos, entretanto, não implicam mais em uma omissão do 
Estado. Pelo contrário, demandam uma ação positiva deste, às vezes até 
mesmo contra outras facções de poder na sociedade. São os direitos 
humanos de segunda geração.
0 importante deste passo é observar que o Estado violador, contra 
0 qual se erguem os direitos fundamentais de primeira geração, passa a 
ser também o Estado garantidor, por meio do qual se podem realizar os 
direitos fundamentais de segunda geração, conhecidos como DIREITOS 
SOCIAIS.
10
Mediante o aumento da participação no poder na sociedade por 
parte das mais distintas organizações de interesses, novos horizontes 
protetivos são alcançados e, em razão disso, novos titulares de direitos 
humanos vão aparecendo. São os titulares dos direitos humanos de terceira 
geração, cuja identificação é difusa (vez que podem se encontrar em todo
0 mundo, independente de nacionalidades), mesmo porque, os direitos 
que visam preservar são exercidos por um poder também difuso. Neste 
rol, encontram-se os direitos que são de todos e podem ser violados por 
todos. São aqueles direitos indivisíveis e indisponíveis, que podem ser 
usufruídos por um número indeterminável de pessoas, por recaírem sobre 
bens de toda a coletividade (paz, preservação do patrimônio cultural da 
humanidade, preservação do meio ambiente, etc.).
A Constituição de 1988, como salientado, cristalizou o respeito 
aos direitos humanos como paradigma propugnado para a ordem 
internacional. Além disso, no mesmo título dos Direitos e Garantias 
Fundamentais, consagrou amplamente os direitos sociais que serão 
apresentados nos capítulos seguintes deste trabalho.
Além dos ditames constitucionais, o Brasil incorporou ao 
ordenamento jurídico nacional importantes instrumentos de Direito 
Internacional de Direitos Humanos (Convenção contra a Tortura e Outros 
Tratam entos Cruéis, Desumanos ou Degradantes; Convenção 
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura; Convenção sobre os Direitos 
da Criança; Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; Convenção 
Americana de Direitos Humanos; Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher).
Outros importantes passos dados pelo Brasil referem-se à nossa 
adesão ao Estatuto de criação do Tribunal Internacional Criminal 
Permanente e ao nosso reconhecimento da competência jurisdicional da 
Corte Interamericana de Direitos Humanos. Com isso, o Estado brasileiro 
aceitou 0 sistema de monitoramento dos direitos humanos, bem como 
reconheceu duas relevantes instâncias jurisdicionais internacionais de 
proteção aos direitos humanos.
As bases materiais fundamentais dos direitos humanos foram 
consagradas pelo Brasil. Isso, contudo, ainda não foi suficiente para que 
os nossos tribunais atualizassem seus entendimentos sobre a matéria e, 
tampouco, que os direitos humanos e sociais fossem plenamente 
respeitados no Brasil.
Esse é 0 desafio da sociedade brasileira e o teste da nossa 
democracia.
11
A EDUCAÇÃO
R o g é r io V io la C oe lho *
I — 0 direito à educação
O direito à educação é o primeiro dos direitos sociais do artigo 6- 
da Constituição. Trata-se de um direito de todas as pessoas que impõe 
uma ação positiva do Estado. Um típico direito à prestação que requer, 
além da intervenção normativa, ações substantivas dos poderes públicos, 
em cumprimento de obrigações bem determinadas.
Constituído historicamente como os demais direitos, pelo movimento 
das classes sociais emergentes, foi consagrado na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos (1948) e pelo Pacto Internacional de Direitos 
Econômicos Sociais e Culturais (1966), penetrando a partir daí nas 
Constituições democráticas da segunda metade do século XX. Estes 
tratados, que refletem a consciência histórica da humanidade sobre os 
seus próprios valores fundamentais, foram subscritos pelo Brasil, 
integrando-se ao nosso ordenamentojurídico, conforme o § 2® do artigo 5- 
da Constituição.
A “Declaração” proclama que toda pessoa tem direito a educação, 
que 0 acesso ao ensino superior será igual para todos e que haverá 
liberdade de escolha do tipo de educação. O “Pacto” reitera estes 
postulados, indica a implantação progressiva do princípio da gratuidade e 
compromete os Estados signatários a buscar o desenvolvimento progressivo 
do sistema escolar em todos os níveis e a ampliar o sistema de bolsas de 
estudo para democratizar o acesso aos níveis mais elevados. Também os 
obriga a melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente.
ii — A educação na Constituição Federal
Além de consagrar o direito à educação entre os direitos e garantias 
fundamentais, o legislador constituinte estabeleceu, no título que trata da 
Ordem Social, Capítulo III, normas que impõem à União e demais entes 
federados a adoção de medidas de tipo organizativo e de tipo procedimental, 
abrangendo a criação de sistemas de ensino e instituições, a destinação
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
13
de recursos, e os princípios reitores da intervenção normativa e das ações 
substantivas das diversas esferas do poder púbiico.
A definição dos objetivos visados pela educação, nos termos do 
artigo 205 são três: o pleno desenvolvimento da pessoa, o preparo para o 
exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. A cidadania constitui 
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito instituído pela 
Constituição, no seu artigo 1°. Assim, a educação cumpre uma função 
relevante na edificação da Democracia e do Estado de Direito.
0 mesmo artigo identifica os sujeitos do direito à educação, 
colocando no pólo ativo todos (todas as pessoas, sem restrição) e no pólo 
passivo, como obrigados pela sua prestação, o Estado e a família, prevendo, 
também, a colaboração da sociedade. No cumprimento dessa obrigação,
0 Estado recebe a participação da iniciativa privada, que assume um papel 
complementar, estando as instituições particulares, com ou sem fins 
lucrativos, obrigadas ao cumprimento das normas gerais da educação 
nacional e sujeitas a autorização e avaliação de qualidade pelo poder público, 
conforme o artigo 209.
A abrangência do dever do Estado com a educação é definida pelo 
artigo 208, que lhe impõe a garantia de:
1 — ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive,
sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na 
idade própria:
II — progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III — atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV — atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis
anos de idade;
V — acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI — oferta e ensino noturno regular, adequado às condições do
educando;
VII — atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde.
O direito universal de acesso ao ensino fundamental é conformado 
como um direito sobre o Estado a uma prestação determinada e definido 
pelo § 1 - como um direito público subjetivo. Ademais, a obrigação é dotada 
de sanção, no caso de descumprimento ou de oferecimento irregular, o 
que implica na garantia mais enérgica que o direito cria para assegurar a
14
sua eficácia. O §2- prescreve a responsabilidade da autoridade competente 
nesta hipótese. Nestas condições, é um direito plenamente exigível.
A União, os Estados e os Municípios devem organizar os seus 
próprios sistemas de ensino, em regime de colaboração, visando 
especialmente universalizar o ensino fundamental, obrigatório. Caberá aos 
municípios o ensino infantil e o fundamental; aos Estados e Distrito Federal 
cabe atuar prioritariamente no ensino fundamental e médio enquanto que 
à União Incumbe organizar o sistema federal de ensino, voltado para o 
nível superior, financiando as Instituições que o integram. Cabe, ainda, à 
União garantir a equalização de oportunidades educacionais e padrão 
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira 
aos entes federados (artigo 211 e §§).
A Constituição estabelece, ainda, no seu artigo 206, os princípios 
que deverão orientar a estruturação dos sistemas de ensino e as atividades 
dos agentes da educação. Inicialmente prescreve a igualdade de condições 
para o acesso e permanência na escola e garante a gratuidade do ensino 
público em estabelecimento oficiais.
Consagra a liberdade de aprender, ensinar e pesquisar, que no nível 
superior conforma a liberdade acadêmica. Agora, este princípio é irradiado 
para todos os níveis de ensino. Trata-se de uma expressão da liberdade 
individual, valor fundante da democracia moderna, e garantia do pensamento 
crítico frente aos saberes estabelecidos, indispensável ao avanço do 
conhecimento. Estabelece o pluralismo pedagógico, que constitui uma 
expressão particular do Ideal de uma sociedade pluralista, acolhida no 
preâmbulo e no artigo 1- da Constituição, e Institui a gestão democrática 
do ensino público, impondo a participação de todos os atores envolvidos 
no processo educativo, na definição das diretrizes da escola pública, e na 
gestão das suas atividades. Por último, consagra o princípio da valorização 
dos profissionais do ensino e a garantia do padrão de qualidade.
Ill — Dos profissionais da educação
Entre os princípios enunciados pelo artigo 206 para o ensino, o 
legislador constituinte realça o princípio da valorização dos profissionais 
do ensino, desdobrando-o nas garantias: 1 ®) de planos de carreira para o 
magistério público; 2-) de piso salarial profissional; 3-) de ingresso somente 
por concurso público.
A liberdade de ensino e pesquisa, que se expressa no nível superior 
com a liberdade acadêmica, aponta para a necessária adoção de regime 
jurídico de direito público nas instituições de ensino público, especialmente 
para os docentes universitários, como garantia efetiva dessa liberdade.
15
Também os docentes das instituições privadas, que estão incluídos na 
tutela constitucional, deverão ser garantidos contra a despedida imotivada, 
através da intervenção normativa do Estado, sob pena da liberdade 
consagrada não se realizar para eles.
IV — A autonomia das universidades
A Constituição enuncia no seu artigo 207 dois princípios para as 
universidades, que têm incidência, instintamente, nas públicas e nas 
particulares:
— o princípio da autonomia, que abrange a autonomia didático- 
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial.
— 0 princípio de indissociabilídade entre ensino, pesquisa e 
extensão.
0 primeiro princípio tem o alcance de assegurar:
1°) O poder de autogoverno, que significa a faculdade de escolha 
dos dirigentes pelos membros da comunidade universitária.
2-) 0 poder de autonormação, que assegura às Instituições a 
capacidade de autonormação no contexto do ordenamento geral emanado 
da União, que recebeu competência constitucional para legislar sobre 
diretrizes e bases da educação nacional, conforme art. 22, XXIV.
A autonomia das universidades tem por fundamento a liberdade 
acadêmica, correspondendo à sua dimensão institucional. Nesta dimensão, 
a autonomia se expressa como independência da comunidade universitária 
frente ao Estado e aos governos, reconhecida universalmente como 
indispensável para a produção e a transmissão do conhecimento. Na 
dimensão individual, a liberdade acadêmica deve traduzir-se na adoção de 
um regime jurídico de direito público (estatutário) para tutela efetiva dos 
docentes frente a maioria que governa a instituição. Nas universidades 
particulares, as instituidoras detêm um irrestritopoder discricionário na 
sua estruturação, mas a abrangência do princípio da autonomia sobre 
elas deve traduzir-se no auto-governo da comunidade universitária através 
da eleição dos dirigentes e de normas que tutelem os membros dessa 
comunidade frente à instituição empregadora, especialmente contra a 
despedida arbitrária.
O princípio de indissociabilidade entre ensino e pesquisa e extensão 
impõe às instituições universitárias, públicas e particulares, que 
desenvolvam em cada ramo do saber atividades de pesquisa voltadas para 
a produção do conhecimento, articuladas com a sua transmissão. Ademais, 
impõe a integração da comunidade com o meio social, peta prestação de 
serviços qualificados. Naturalmente, a observância deste princípio se impõe
16
nas iniciativas dos entes federados, impedindo-lhes de criar instituições 
de ensino superior e paralelamente instituições de pesquisa dissociadas 
daquelas.
V— 0 financiamento da Educação
A Constituição estabelece regras visando assegurar os recursos 
financeiros necessários à manutenção e desenvolvimento dos sistemas 
de ensino dos entes federados. Obriga-os a destinar anualmente parcelas 
mínimas das arrecadações tributárias respectivas para o ensino:
— à União, 18 por cento
— aos Estados, Distrito Federal e municípios, 25 por cento da receita 
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, 
(art. 212).
Na distribuição destes recursos, os entes federados deverão 
assegurar prioridade ao atendimento das necessidades do ensino 
fundamental, que é obrigatório, observando o que for estabelecido no plano 
nacional de educação (§ 3°). Este plano, com duração piurianual, deverá 
visar, conforme o art. 214, a articulação e o desenvolvimento do ensino em 
seus diversos níveis e a integração das ações do Poder Público, tendo 
como metas: I- a erradicação do analfabetismo; II- a universalização do 
atendimento escolar; III- a melhoria da qualidade do ensino; IV- a formação 
para o trabalho; V- a promoção humanística, científica e tecnológica do 
País.
A prioridade ao ensino fundamental é conferida pelo legislador 
constituinte e assumida, ainda, através de uma fonte adicional de 
financiamento, com a contribuição social do salário educação recolhida 
pelas empresas.
A Emenda Constitucional n® 14 obrigou os Estados e Municípios a 
destinar, ao longo de dez anos, no mínimo, 60 porcento dos seus recursos 
orçamentários previstos para a educação ao desenvolvimento do ensino 
fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu 
atendimento e a remuneração condigna do magistério (art. 60 do ADCT). 
Também para a União, a Emenda n° 14 vem impor que ela aplicará na 
erradicação do analfabetismo e na manutenção e no desenvolvimento do 
ensino fundamental, nunca menos do que o equivalente a 30 por cento 
dos seus recursos orçamentários para a educação, equivalente a 18 por 
cento da receita de impostos, definido no artigo 212.
17
SAÚDE DO TRABALHADOR
M e ir iv o n e F e r r e ir a de A ra g ã o *
Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
(Artigo 3- da Declaração dos Direitos Humanos, de 10/12/1948, da qual o 
Brasil é signatário).
Todo trabalhador tem o direito de exercer suas atividades em um 
ambiente sadio e seguro, que preserve sua saúde física e mental e estimule 
0 seu desenvolvimento e desempenho profissional. {Artigo 17 da Declaração 
Socio-Laboral do Mercosul).
0 termo “saúde”, com relação ao trabalho, abrange não só a ausência 
de afecções ou de doenças, mas também os elementos físicos e mentais 
que afetam a saúde e estão diretamente relacionados com a segurança e 
a higiene no trabalho (Art. 3® da Convenção 155 da OIT, com vigência 
nacional a partir de 18 de maio de 1993).
Todos os trabalhadores devem ser informados dos riscos para a 
saúde inerentes a seu trabalho (Convenção 161 da OIT, com vigência 
nacional a partir de 18 de maio de 1991).
A Constituição Federal de 1988 traz uma série de normas referentes 
ao tema, a iniciar pelos princípios norteadores do sistema, quando, no 
artigo 1-, le II, enfatiza o ser humano em sua tutela e, no artigo 3-, quando 
diz ser objetivo fundamental da República construir uma sociedade livre, 
justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalizaçâo e promover o bem 
de todos.
Estabelece no artigo 5- o direito à vida. No artigo 6- reconhece o 
direito à saúde como direito social e no artigo 196, direito de todos. 
Essencial ainda a proteção ao meio ambiente trazida no artigo 225.
Interessa essencialmente ressaltar o artigo 200, que dispõe sobre 
a atuação do SUS, estabelecendo, no inciso VIII, ser sua competência 
“colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”.
Para caracterização de um ambiente de trabalho sadio, a legislação 
traz 0 estabelecimento de normas que garantem a segurança necessária 
no sentido de se evitar danos à saúde dos trabalhadores. Cumpre observar 
que a ausência absoluta de riscos não é possível, cabendo ao empregador 
suportar o ônus da sua presença, uma vez que, em se apropriando do 
lucro, assume os riscos da atividade econômica.
* Advogada
19
Tem 0 empregador o dever de buscar reduzir os riscos inerentes ao 
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, estabelecido 
no artigo 7-, inciso XXII.
Essas normas encontram sua previsão no Capítulo V do Título II da 
CLT, complementadas pelas Normas Regulamentares do Ministério do 
Trabalho, estabelecidas pela Portaria n.“ 3.214, de 8 de junho de 1978. 
Além dessas normas, as categorias organizadas ainda dispõem dos 
acordos e convenções coletivas, ampliando o leque protetivo.
Quando o assunto é saúde, o principal direito que os trabalhadores 
têm é 0 de preservá-la; o direito de não adoecer e não sofrer acidentes 
pelo exercício do seu trabalho.
Para a preservação desse direito fundamental, os trabalhadores 
devem estimular a atuação da Cl PA (Comissão Interna de Prevenção de 
Acidentes), dos Sindicatos e da Delegacias; Regionais do Trabalho, para 
exigir a aplicação da legislação protetiva, a exemplo das Normas 
Regulamentadoras ■ NR’s, referentes à saúde e segurança nos ambientes 
de trabalho. Dentre estas, citamos a NR 17, que cuida da ergonomia e 
das condições de trabalho; a NR 9, que obriga a elaboração de mapas de 
riscos ambientais nas empresas; a NR 7, que trata dos exames médicos 
e institui 0 PCMSO (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional) 
nas empresas e a NR 5, que regulamenta a Cl PA.
O meio ambiente de trabalho pode ser protegido pela justiça através 
de ações coletivas interpostas pelo Sindicato ou pelo Ministério Público 
do Trabalho, como também por ações individuais do trabalhador que se 
sinta ameaçado.
Em se tratando de acidente de trabalho e doença profissional, 
o silêncio é a pior solução. Logo, aos primeiros sintomas, procure um 
médico e não esqueça de procurar também o Sindicato da sua categoria 
ou um advogado, a fim de receber orientação jurídica.
0 acidente de trabalho e as doenças ocupacionais são eventos 
cujas conseqüências ultrapassam a relação de emprego e atingem toda a 
sociedade. 0 trabalhador lesado pode pleitear na justiça os seguintes 
direitos:
DIREITOS PREVIDENCIÁRIOS (trabalhador x INSS)
1. EMISSÃO DA COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO (CAT)
É 0 documento que informa ao INSS que o trabalhador sofreu acidente 
de trabalho ou que pode ser portador de doença profissional ou do trabalho. 
Deve ser emitida no caso de acidente, até o primeiro dia útil seguinte ao 
da ocorrência e, havendo morte, imediatamente, além da comunicação
20
obrigatória à autoridade policial competente. Em caso de doença, deve 
ser emitida no primeiro dia útil após o diagnóstico médico que fizer esta 
constatação.
Se a empresa se recusar a emitir a CAT, o médico que o assistiu, 
qualquer autoridade pública,o Sindicato ou o próprio trabalhador poderá 
fazê-lo.
Expedida a CAT, o INSS irá registrá-la, anotando o fato na Carteira 
Profissional e encaminhará o trabalhador para a perícia médica, a fim de 
caracterizar o nexo causai, ou seja, dirá se a causa do acidente ou da 
doença foi o exercício do trabalho. Para isso é necessária a descrição 
detalhada para o perito das atividades desenvolvidas pelo trabalhador.
A emissão da CAT é importante para a aquisição de uma série de 
direitos junto ao INSS, como os benefícios que seguem transcritos, a 
depender do caso concreto. É importante o trabalhador saber que não é 
necessário que haja afastamento para que seja emitida a CAT, basta a 
caracterização da doença.
2. PRINCIPAIS BENEFÍCIOS
• AUXÍLIO-DOENÇA ACIDENTÁRIO: é o benefício devido ao trabalhador 
doente ou acidentado que ainda não teve seu quadro clínico estabilizado, 
para saber se terá alta ou se será encaminhado para o auxílio-acidente 
ou aposentadoria, quando cessa o seu pagamento. É quando há a 
redução temporária da capacidade de trabalho. O INSS paga a partir 
do 15- dia do afastamento, mensalmente, no valor de 91 por cento do 
salário de benefício do trabalhador.
Salário de benefício é a média aritmética simples dos últimos 36 
salários.
• AUXÍLIO-ACIDENTE: é o benefício devido ao trabalhador que, após 
consolidadas as lesões decorrentes do acidente de qualquer natureza, 
apresentar redução permanente da capacidade laborativa, que 
Impeça o exercício das funções que antes exercia... Corresponde a 
50 por cento do salário de benefício do segurado, devendo ser pago a 
partir da alta médica.
• APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ACIDENTARIA: é o benefício 
devido ao trabalhador com Incapacidade total para o exercício de 
qualquer atividade profissional e permanente, ou seja, sem possibilidade 
de recuperação. Corresponde a 100 por cento do salário de benefício.
• PENSÃO POR MORTE: é o benefício pago aos herdeiros dependentes 
do falecido em virtude de acidente de trabalho e corresponde a 100 por 
cento do salário de benefício do segurado.
21
3 .0 QUE É E COMO DEVE OCORRER A REABILITAÇÃO?
A reabilitação é o retorno ao trabalho do segurado que estava 
licenciado pela concessão do benefício auxílio-doença acidentário.
Ao final do tratamento, entendendo a perícia do INSS que o 
trabalhador não pode mais trabalhar na função que antes exercia, porém 
está apto a desenvolver outra função, irá encaminhá-lo para a reabilitação. 
Esta deverá ser iniciada com um estágio na empresa, acompanhado pelo 
INSS. Deve ocorrer numa função adequada, que não implique em 
agravamento do quadro.
Após a reabilitação e encontrada nova função que o trabalhador 
possa exercer, é dada alta médica com o retorno ao trabalho.
4. E SE FOR NEGADO, TRANSFORMADO OU CASSADO 0 BENEFÍCIO, 
INDEVIDAMENTE, O QUE FAZER?
Entrar imediatamente com Recurso Administrativo, que deve ser 
feito pelo próprio trabalhador junto ao INSS, se houver alta quando ainda 
não estiver em condição de voltar ao trabalho. A ele devem ser juntados 
novos laudos médicos de que a lesão persiste. Para a elaboração desse 
recurso é aconselhável a consulta a advogado e ao médico responsável 
pelo tratamento.
DIREITOS TRABALHISTAS (trabalhador x empresa)
0 empregador é responsável pelo trabalhador acidentado ou 
adoecido nos primeiros quinze dias de afastamento, devendo fazer o 
pagamento normal do salário até esta data. Após o 15° dia de afastamento 
por acidente ou doença profissional, o contrato de trabalho fica suspenso, 
tendo o empregador a obrigação de depositar o seu FGTS até ser definida 
sua situação. Esse período é contado como tempo de serviço para efeito 
de aposentadoria.
O trabalhador que ficar, em razão de acidente ou doença do trabalho 
ou profissional, afastado do trabalho por mais de 15 dias, recebendo, 
portanto, o Auxílio-doença Acidentário, tem assegurada sua estabilidade 
ou garantia do emprego por 12 meses, contados a partir do 
encerramento do Auxílio-doença Acidentário e não depende da 
concessão do Auxílio Acidente. Depois desse prazo, somente pode ocorrer 
a demissão se o empregador colocar no seu lugar outro trabalhador em 
iguais condições, ou seja, também reabilitado.
22
As empresas com 100 ou mais empregados, estão obrigadas a 
preencher 2% a 5% do seu quadro funcional com beneficiários reabilitados 
ou pessoas portadoras de deficiência, habilitados.
Diz a Lei 8.213/91 que a dispensa imotivada de trabalhador reabilitado 
ou deficiente habilitado, vencida a estabilidade de 12 meses, somente 
poderá ocorrer após a contratação, pela empresa, de substituto em 
condição semelhante.
Mesmo tendo sido aposentado, tem o trabalhador assegurado seu 
emprego durante cinco anos, pois a aposentadoria decorrente de invalidez 
pode ser revista.
DÍREITO À INDENIZAÇÃO NA ESFERA C M L (trabalhador x empresa)
0 trabalhador pode pleitear, através de advogado, uma indenização 
na Justiça Estadual pelo dano causado à sua saúde, em decorrência do 
exercício do trabalho e o seu valor vai depender de cada caso concreto.
Deve ser provada a culpa do empregador, através do descumprimento 
das normas de saúde e segurança no trabalho, a obrigação de trabalho 
extraordinário e a falta do fornecimento ao trabalhador de informações 
sobre os riscos da atividade profissional. Esta culpa pode ser por 
negligência. Imprudência ou imperícta e se baseia em várias normas, entre 
elas a NR 1 e o artigo 157 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), 
que diz ser obrigação da empresa “cumprir e fazer cumprir as normas de 
segurança e medicina do trabalho”.
DIREfTOS NA ESFERA CRIMINAL (trabalhador x responsável pelo crime)
É quando o acidente ou a doença ocorrer por culpa grave ou 
dolo(vontade livre e consciente) da empresa colocando o empregado em 
situação de risco cujo resultado seja um crime. Rea(lza-se através de 
ação penal proposta por advogado ou pelo Ministério Público e visa à 
aplicação de penalidade aos seus responsáveis (chefes de setor, 
responsáveis pela segurança e outros), de acordo com o crime 
caracterizado. Só pode existir processo criminal contra pessoa física, não 
podendo ser responsabilizada criminalmente a empresa.
O artigo 132 do Código Penal prevê o crime de Perigo para a Vida 
ou a Saúde de Outrem, nos seguintes termos:
“Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente;
Pena • detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não
constituir crime mais grave.”
23
PROTEGER O MEIO AMBIENTE DE TRABALHO É PROTEGER A VIDA 
DO TRABALHADOR
A forma de organização onde o trabalhador se sente pressionado, 
desde o salário que não é suficiente, passando pela insatisfação com a 
profissão desenvolvida, até a falta de participação no desenvolvimento das 
suas atividades, geralmente sob a vigilância de chefes despreparados, 
com a prestação excessiva de horas extras, termina sendo um fator de 
adoecimento e de desequilíbrio do ambiente de trabalho, pois impede a 
participação do trabalhador no planejamento de sua atividade, transfor­
mando-o em simples peça de repetição, prolongamento da máquina.
A satisfação com a realização do trabalho, dentro desse conceito 
amplo de saúde do trabalhador, é aspecto que deve ser obsen/ado, quan­
do se pretende construir um meio ambiente de trabalho harmônico e equi­
librado, necessário à sadia qualidade de vida.
Formas de trabalho participativas, onde o trabalhador possa de­
senvolver sua capacidade criativa, devem ser estudadas e incentivadas 
para a composição de um ambiente harmônico e equilibrado, aliadas à 
busca pela eliminação dos riscos, resgatando sua dignidade e cidadania.
Assim, trabalhador, a proteção do meio ambiente onde é exercida 
sua atividade profissional vai garantir a preservação de sua saúde e da 
própria vida. Busque se informar dos seus direitos, através de advogados 
e participe,exerça sua cidadania.
24
DOS DIREITOS SOCIAIS: TRABALHO
A n a M a r ía R ib a s M a g n o *
O TRABALHO é um direito garantido a todos. Tanto é assim que o 
art. 6- da Constituição Federal, nossa lei maior, assegura que TODOS 
temos direito ao TRABALHO, além, naturalmente, de outros direitos. Já 
no art. 7®, por sua vez, estão garantidos os DIREITOS dos trabalhadores 
URBANOS e RURAIS, além de outros que melhorem as condições sociais 
de tais trabalhadores. Tais DIREITOS são:
RELAÇÃO DE EMPREGO protegida contra despedida arbitrária ou 
sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos. Aqui cabe observar que até a presente 
data ainda NÃO EXISTE a lei complementar mencionada em tal texto, 
permanecendo, portanto, na ocorrência de despedida injusta, a indenização 
correspondente a 40% sobre o total de depósito do FGTS, conforme 
preceitua o inciso I, do artigo 10, do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias.
SEGURO DESEMPREGO, que é o benefício que o empregado terá 
direito a receber, temporariamente, mas apenas nos casos em que o 
desemprego ocorrer sem justa causa.
FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO, que permanece 
garantido na Constituição, visando proteger o trabalhador demitido sem 
justa causa.
SALÁRIO MÍNIMO, que é o salário fixado em lei (não mais unificado), 
capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e às de sua família, 
com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, 
transporte e previdência social, com reajustes periódicos, que lhe preservem 
0 poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
Aqui observe-se que os “reajustes periódicos” dependem de 
condições inflacionárias.
PISO SALARIAL PROPORCIONAL À EXTENSÃO E À 
COMPLEXIDADE DO TRABALHO, tratando-se de conquista através de 
negociação coletiva, lei ou sentença judicial.
IRREDUTIBILIDADE DE SALÁRIO, salvo o disposto em convenção 
ou acordo coletivo.
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
25
Aqui, observe-se que a redução de salário ficou proibida, a não ser 
em decorrência de negociação coletiva, conduzida pelo sindicato.
GARANTIA DE SALÁRIO, nunca inferior ao mínimo, para os que 
percebem remuneração variável. Ou seja, tanto faz trabalhar por tarefa, 
comissão etc, o direito ao salário-mínimo está garantido.
DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, com base na remuneração integral 
ou no valor da aposentadoria. Quer dizer que tanto o trabalhador que está 
em atividade como o aposentado têm direito a remuneração integral.
REMUNERAÇÃO DO TRABALHO NOTURNO superior à do diurno. 
O trabalho realizado no período noturno, terá um acréscimo, pelo menos, 
de 20%, como já previsto na CLT.
PROTEÇÃO DO SALÁRIO, na forma da lei, constituindo crime 
sua retenção dolosa. Pelo preceito constitucional, reter salário do 
empregado é crime. Entretanto, a definição de tal crime ainda aguarda 
elaboração de lei.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS, ou resultados, desvinculada da 
remuneração e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, 
conforme definido em lei.
SALÁRIO-FAMÍLIA para seus dependentes.
DURAÇAO DO TRABALHO NORMAL, não superior a oito horas 
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários 
e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
Aqui deverá ser observado que se ultrapassada a jornada legal haverá 
remuneração de hora extra.
JORNADA DE SEIS HORAS para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.
REPOUSO SEMANAL REMUNERADO, preferencialmente aos 
domingos.
REMUNERAÇÃO DO SERVIÇO EXTRAORDINÁRIO, superior, no 
mínimo, em cinqüenta porcento à do normal. Ocorre quando a duração do 
trabalho ultrapassar as oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais.
GOZO DE FÉRIAS anuais remuneradas com, pelo menos, um terço 
a mais do que o salário normal. Inclusive nas férias proporcionais.
LICENÇA À GESTANTE, sem prejuízo do emprego e do salário, com 
a duração de cento e vinte dias. Aqui deverá ser observada que a 
estabilidade está garantida, conforme art. 10, do ADCT.
LICENÇA PATERNIDADE, nos termos fixados em lei.
PROTEÇÃO DO MERCADO DE TRABALHO DA MULHER, 
mediante incentivos específicos, nos termos da lei. Os mecanismos de 
proteção serão criados por lei para se evitar a discriminação da mulher no 
momento de sua admissão.
26
AVISO PRÉVIO proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo 
de trinta dias, nos termos da lei.
REDUÇÃO DOS RISCOS inerentes ao trabalho, por meio de normas 
de saúde, higiene e segurança.
ADICIONAL DE REMUNERAÇÃO PARA AS ATIVIDADES 
PENOSAS, insalubres ou perigosas, na forma da lei.
APOSENTADORIA.
ASSISTÊNCIA GRATUITA AOS FILHOS e dependentes desde o 
nascimento até seis anos de idade, em creches e pré-escolas.
RECONHECIMENTO DAS CONVENÇÕES e acordos coletivos de 
trabalho.
PROTEÇÃO EM FACE DA AUTOMAÇÃO, na forma da lei.
SEGURO CONTRA ACIDENTES DE TRABALHO, a cargo do 
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando 
inocorrer em dolo ou culpa.
AÇÃO, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, com 
prazo prescricional de: CINCO ANOS para o trabalhador urbano, até o 
limite de dois anos após a extinção do contrato; e de até DOIS ANOS 
após a extinção do contrato, para o trabalhador rural.
PROIBIÇÃO DE DIFERENÇA DE SALÃRIOS, de exercício de 
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou 
estado civil.
PROIBIÇÃO DE QUALQUER DISCRIMINAÇÃO no tocante ao 
salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência.
PROIBIÇÃO DE DISTINÇÃO entre trabalho manual, técnico e 
intelectual ou entre os profissionais respectivos.
PROIBIÇÃO DE TRABALHO NOTURNO, perigoso ou insalubre aos 
menores de dezoito e de qualquer trabalho aos menores de quatorze anos, 
salvo na condição de aprendiz.
IGUALDADE DE DIREITOS entre o trabalhador com vínculo 
empregatício permanente e o trabalhador avulso.
A Constituição ainda assegura no parágrafo único do art. 7- que os 
trabalhadores DOMÉSTICOS têm direito a: salário mínimo, irredutibilidade 
de salário, 13- salário, repouso semanal remunerado, gozo de férias, 
licença gestante, licença paternidade, aviso prévio proporcional e 
aposentadoria - nos mesmos termos que aos trabalhadores rurais e 
urbanos.
No art. 8- está garantido para os trabalhadores a livre associação 
profissional ou sindical, excluindo a participação do Estado na fundação
27
do sindicato, vedada, inclusive, sua interferência ou intervenção. Preservada 
a unicidade sindical. Garantida a participação do sindicato na defesa dos 
interesses da categoria. Assegurada a contribuição sindical para o sistema 
confederativo. Reconhecida a participação dos sindicatos nas negociações 
coletivas de trabalho. Respeito ao aposentado filiado. Garantida a 
estabilidade do empregado sindicalizado concorrente a cargo de direção 
ou representação sindical.
No art. 9- a Constituição assegura o direito de greve, cabendo aos 
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os 
interesses que devam por meio dele defender, observados, naturalmente, 
os serviços ou atividades essenciais que não podem parar, apontando 
ainda, as penas para os casos de abusos cometidos.
Já no art. 10 está assegurada a participação dos trabalhadores e 
empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses 
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
No art. 11 está garantido que nas empresas de mais de duzentos 
empregados é assegurada a eleição de um representante destes com a 
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os 
empregadores. Ou seja, temos uma Constituição que garante o mínimo 
necessário para o trabalhador. Entretanto,esse mínimo necessário 
encontra-se ameaçado ante a proposta do Executivo em pretender alterar 
0 art. 7- da Constituição Federal, passando a CONDICIONAR os direitos 
dos trabalhadores à “negociação coletiva”.
Na esteira de tentativas para “flexib ilizar” os direitos dos 
trabalhadores, foram editadas as leis 9.957/2000, que trata do procedimento 
“Sumaríssimo”, e 9.958/2000, que trata da criação das "Comissões de 
Conciliação Prévia”. A primeira estabelece um teto máximo de até quarenta 
vezes o salário-mínimo vigente, como valor da reclamação ajuizada, para 
que 0 processo tenha um andamento mais rápido, inclusive com julgamento 
na primeira audiência. Nos demais casos (valores superiores), o 
procedimento permanece com o andamento normal, como já estabelecido 
na CLT (art. 849). A segunda lei, que cria as “Comissões de Conciliação”, 
estabelece que para o ajuizamento da ação trabalhista há necessidade 
de, em primeiro lugar, o pedido ser apreciado pela “comissão”. Tais 
“comissões” tanto podem ser instituídas na empresa ou no sindicato da 
categoria e no lugar da prestação do serviço, com igual número de 
representantes dos empregados e dos empregadores. Se aceita a 
conciliação será lavrado um termo que terá “eficácia liberatória geral” • 
exceto quanto às parcelas que estejam expressamente ressalvadas.
28
Aqui os trabalhadores deverão ficar atentos, consultando seus 
sindicatos de classe ou profissionais da área, pois caso o pedido não 
observe tais aspectos poderão ter preju ízos irreparáveis.
29
DIREITO À MORADIA
R o b e rto d e F ig u e ire d o C a ld a s * 
S h ig u e ru S u m id a * *
Recente alteração na Constituição pela Emenda n- 26, de 14 de 
fevereiro de 2000, colocou o direito à moradia no art. 6®, rol dos conhecidos 
Direitos Sociais. Anteriormente, a Constituição Federa) de 1988, no artigo 
7®, inciso IV, já havia declarado, expressamente, a moradia como um 
elemento indispensável às necessidades vitais básicas do ser humano.
Além disso, por ser signatário do Plano de Ação Global - também 
chamado de Agenda Habitat - assinado em junho de 1996, na cidade de 
Istambul, na Turquia, o Brasil já havia reconhecido o direito à moradia 
como sendo um direito fundamental, de realização progressiva, e se 
comprometido, no cenário mundial, a colocar as questões urbanas num 
lugar prioritário dentre os programas de desenvolvimento.
E, independentemente de ser signatário da Agenda Habitat, que 
não tem força obrigacional interna, o sistema legal brasileiro já possui 
instrumentos jurídicos para auxiliar a realização do direito à moradia, tais 
como a consagração constitucional do princípio da função social da 
propriedade (arts. 5°, XXII eXXlll, e 170, II e 111) e o direito ao usucapião na 
cidade e no campo, ou seja. o direito de o particular tornar-se dono do 
imóvel que ocupa como seu há mais de cinco anos.
Portanto, não se trata de um direito novo, mas de um direito em 
construção e ainda não realizado para uma grande parcela da sociedade, 
haja vista o atual déficit habitacional brasileiro, que atinge cerca de 15 
milhões de indivíduos (dados do Movimento Nacional de Luta pela Moradia). 
Não obstante a existência de instrumentos legais para a sua reversão, 
constitui-se num dos mais graves problemas nacionais.
Diferentemente dos direitos civis e políticos, cuja tutela atinge aos 
atores sociais de forma individualizada, afastando a intervenção do Estado 
onde não se ultrapassem os limites legais, os direitos humanos chamados 
sociais, econômicos e culturais, principalmente o direito à moradia, exigem 
uma atuação ativa do Estado para a sua realização. Nesse sentido, assim 
dispôs a Constituição:
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
** Advogado, especialista em Direitos Sociais.
31
“0 Estado deverá promover programas de construção de 
moradias, bem como a melhoria das condições habitacionais 
e de saneamento básico, conforme determinação legal.
(art. 23, IX, da CF)”
Há ainda que se destacar a presença de um capítulo próprio 
destinado exclusivamente à política urbana, destacando-se o art. 182, 
mas que ainda não se encontra regulamentado.
Nesse sentido, tem-se que o desenvolvimento urbano e a oferta de 
moradias do mercado formal deveriam ser precedidos de um planejamento 
para orientar o crescimento da malha urbana de forma socialmente justa e 
ambientaímente equilibrada. Entretanto, por insuficiência do poder estatal 
no planejamento e execução de uma política urbana suficiente à atual 
demanda, assiste-se à proliferação de ocupações irregulares nas periferias 
das cidades, com o surgimento de favelas e cortiços, que trazem consigo 
outros problemas, notadamente os de natureza ambiental.
Essas ocupações Irregulares são situações que não devem se 
perpetuar, não somente pela sua condição de ilegalidade, mas também 
devido às suas conseqüências físicas e sociais. Nessa perspectiva, cabe 
ao poder público direcionar as políticas públicas visando sempre ao 
aumento da qualidade de vida da população e a oferta de moradias 
adequadas e dotadas de infra-estrutura urbana. Deve estabelecer metas a 
serem atingidas, observando a adequação da ocupação às normas voltadas 
à proteção do meio ambiente e à garantia da saúde pública.
Para que não se perpetue a situação de ilegalidade, o Estado deve 
promover a regularização fundiária das áreas ocupadas, quando a sua 
permanência for física e socialmente possível.
A regularização fundiária de ocupações traz, além do resgate da 
dignidade humana dos beneficiados, outros melhoramentos indiretos, tais 
como controle do uso e ocupação, cobrança de tributos, higiene pública, 
saúde pública, respeito ambiental, etc.
A construção de moradias e a regularização fundiária de áreas 
ocupadas, embora sejam de responsabilidade Estado, não precisam ser 
sempre conduzidas por ele, mas necessitam sempre do seu suporte 
administrativo, legal e social. Assim, a participação efetiva do público 
atingido na execução dos programas, seja direta ou indiretamente, é vital 
não só para a sua adequação às expectativas geradas, mas também para 
que a população exercite a sua cidadania.
Diante da constante omissão do Estado na sua responsabilidade, a 
luta pela construção da cidadania e a realização de direitos como o direito à 
moradia fez surgir milhares de organizações da sociedade civil. São eles
32
novos atores sociais, oriundos de coletividades, buscando ser agentes ativos 
na mudança do atual modelo excludente de ocupação fundiária no país.
Importante frisar que, no Brasil, as grandes mobilizações sociais 
em torno do direito à moradia não abrangem somente as ocupações como 
favelas ou cortiços, onde os seus ocupantes, o mais das vezes, são 
marginalizados devido à sua condição econômica e encontram-se na 
periferia dos grandes centros.
Existem ainda duas outras vertentes de mobilizações populares 
em torno do direito à moradia. A primeira corresponde às mobilizações 
dos mutuários do Sistema Financeiro de Habitação contra os aumentos 
de suas prestações, regras obscuras e abusivas e saldos devedores 
exorbitantes. A outra é composta por uma parcela da sociedade que realiza 
uma reordenação da ocupação fundiária, por meio de criação de 
condomínios irregulares de terras, públicas e privadas, no aguardo de uma 
legalização ante a consumação dos fatos, da realidade imposta.
São essenciais e urgentes a reforma agrária e a reforma urbana em 
nosso país. Devem ser efetivas e não meros paliativos, como vêm sendo 
desenvolvidos pelo governo federal nas últimas décadas.
São cobertos de toda legitimidade, portanto, as organizações 
reivindicatórias pelo direito à moradia, como os vários movimentos de sem- 
teto e 0 Movimento dos Sem-Terra, cabendo ao Estado criar os mecanismos 
para a mais rápida efetivação. Há imperiosa necessidade de vigorosamudança no atual modelo excludente de distribuição fundiária, bem como 
a aglutinação dos milhões de prejudicados nesse processo, de modo a 
que se possa resgatar a sua verdadeira cidadania.
33
DIREITO AO LAZER
J o ã o H é ld e r D a n ta s C a v a lc a n te *
No final do Século XIX e início do Século XX, as classes trabalhadoras 
lutavam por melhores condições de trabalho, maior segurança econômica 
e justiça social. Sentia-se, desde então, que o ESTADO não podia deixar 
sob a responsabilidade da ‘mão invisível do mercado’ a tarefa de resolver 
os problemas sociais.
Assim, surgiu o Estado Social, em oposição ao Estado Polícia.
E 0 Estado do Bem-Estar Social tem como objetivo promover a 
harmonia entre os Direitos Individuais e os Direitos Sociais. 0 exemplo 
mais comum é a garantia da propriedade privada, que é um direito individual, 
mas é necessário que desempenhe sua função social, logo um Direito 
Social.
Nossa atual Constituição enumera, em seu artigo 6- os DIREITOS 
SOCIAIS na seguinte ordem: a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a 
assistência aos desamparados.
No artigo 7* são estabelecidos outros direitos aos trabalhadores do 
campo e da cidade, dentre eles o SALÁRIO MÍNIMO (inciso IV).
O salário mínimo, de acordo com a Constituição deve ser fixado 
nacionalmente, ou seja, não é possível existir um salário maior ou menor 
nas regiões do país. Ademais, também deve atender NECESSIDADES 
VITAIS BÁSICAS DO TRABALHADOR E DA SUA FAMÍLIA, entre as quais 
0
 legislador Constituinte citou nominalmente o LAZER.
Outra menção feita ao DIREITO AO LAZER em nossa Constituição 
é encontrada no art. 217, § 3-, quando é dito que É DEVER DO PODER 
PÚBLICO INCENTIVAR O LAZER, como forma de promoção social.
Mais à frente, especificamente no artigo 227, o DIREITO AO LAZER 
é posto em meio a outros direitos individuais e sociais, quando também é 
dito que se trata de DEVER DO ESTADO.
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
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0 DIREITO AO LAZER, portanto, é o reconhecimento de que o ser 
humano não pode dedicar sua força de trabalho ilimitadamente. É preciso 
repousar, dormir, alimentar-se, divertir-se com a família, praticar esportes, 
ir ao cinema, ao teatro, enfim conviver e interagir socialmente.
E para ter acesso ao DIREITO AO LAZER é fundamental que o 
trabalhador brasileiro, dentre outros direitos, tenha assegurado férias 
remuneradas, descanso semanal igualmente remunerado, transporte 
público satisfatório que lhe dê acesso não apenas ao trabalho, mas também 
aos locais públicos que permitam a si e sua família momentos de convívio 
e interação social, a salário digno e a uma jornada semanal de trabalho 
que lhe proporcione o tempo necessário ao pleno exercício da sua 
cidadania.
Chegando até aqui é relevante lembrar que o Brasil, de acordo com 
0 preâmbulo de sua Constituição, constitui-se em um “Estado Democrático 
de Direito, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social” e seu 
artigo 5- consagra o princípio de que todos são iguais perante a lei.
Assim, podemos dizer que a todos os brasileiros é garantido o 
direito ao lazer. Entretanto para que tal ocorra é fundamental que a idéia 
de que estamos em uma democracia não seja limitada ao exercício do 
direito ao voto, mas ao pleno acesso aos direitos sociais, os quais estão 
intimamente ligados.
O DIREITO AO LAZER, portanto, não pode ser apenas para uma 
minoria como acontece no Brasil de hoje. E para que ele seja efetivado é 
fundamental o pagamento de salário mínimo de acordo com o previsto na 
Constituição {art. 7-, IV, “...capaz de atender às suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, 
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes 
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo...”).
Quando o trabalhador é remunerado adequadamente ele não sente 
necessidade de trabalhar horas extras. No Brasil, afém da jornada semanal 
ser superior à de muitos países, ainda é comum o trabalho extraordinário 
que, inclusive, muitas vezes sequer é remunerado. Essa prática, além de 
diminuir os poucos e raros momentos de lazer do povo brasileiro, ainda 
traz conseqüências danosas à sociedade: aumenta o desemprego.
Aqui surge uma outra questão: a necessidade de uma mudança 
em nossa cultura. Explica-se: quando se faz horas extras todos os dias, 
ou rotineiramente, como acontece aqui no Brasil, necessariamente está
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se tirando o emprego de um outro trabalhador, ao mesmo tempo em que 
isso não contribuir para a construção de uma sociedade fraterna e solidária.
Na França, recentemente, o Governo reduziu a jornada de 39 horas 
semanais para 35 horas. O resultado disso, além de mais tempo de lazer 
para o trabalhador, foi a criação de 100 mil novos postos de trabalho, sem 
falar nos outros 275 mil postos gerados pelo crescimento da economia 
como um todo.
Em nosso país é chegada a hora daqueles que estão empregados 
trabalharem menos para que mais pessoas possam trabalhar, e, também, 
para que possam usufruir do DIREITO AO LAZER.
Então, 0 debate em torno do tema DIREITO AO LAZER traz outras 
reflexões fundamentais ao seu exercício: ele está intimamente ligado com 
outros direitos sociais.
Ou seja, é fundamental que o trabalhador perceba salário digno; 
que sua jornada de trabalho semanal seja cada vez menor; que o poder 
público mantenha espaços públicos limpos, arborizados, seguros, de modo 
que todos possam levar suas famílias nos dias destinados ao repouso e 
ao lazer; que se pense cada vez mais no sentido coletivo e cada vez 
menos no sentido individual; e que assim todos e cada um possa participar 
da construção de uma nova sociedade, tal como escrito em nossa 
Constituição: LIVRE, JUSTAe SOLIDÁRIA.
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o DIREITO À SEGURANÇA EM 
UM PAÍS INSEGURO!
S a u l V e n à n c io d e Q u a d ro s F i lh o *
Crescem em proporção excessiva as estatísticas e os índices de 
violência em todo o País, especialmente nas Capitais dos Estados 
brasileiros. Tornou-se comum nos meios de comunicação de massa a 
abordagem de temas como seqüestros, chacinas, assaltos à mão armada, 
exploração do trabalho infantil, prostituição de menores, gente morrendo 
de fome, assassinatos...
Por estranha ironia, causa-nos surpresa, e até certo espanto, quando 
não encontramos, nos noticiários, matérias relacionadas a este tipo de 
abordagem!
Parece que nos acostumamos à violência de tal forma que esta se 
configurou em regra, e a paz, a tão proclamada paz, não passaria de uma 
exceção; de um doce sonho distante !
A violência foi banalizada; entranhou-se na vida da sociedade 
moderna brasileira e ali se encontra instalada.
Qual 0 cerne do problema ?
Com certeza a DESUMANA DESIGUALDADE SOCIAL e a 
IMPUNIDADE.
Como se não fosse bastante a desproporção social na distribuição 
da renda, onde uma parcela consideravelmente pequena da sociedade 
detém a maior parte das riquezas, cresce no país uma assustadora 
tendência de inversão de valores, campo propício para que se instale a 
impunidade, o enriquecimento ilícito, o descompromisso com a moral, 
com a ética e com o outro.
Alcançamos a triste realidade de um Estado que não garante ao 
seu povo as mínimas condições para que este possa viver dignamente; 
um Estado que não é legítimo, nem é capaz de alcançar o fim para o qual 
foi criado, qual seja, o bem comum da coletividade administrada.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5-, proclama que todos 
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo- 
se a todos a inviolabilidade do direito à vida,à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade.
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
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Através de uma interpretação sistemática, compreendendo a nossa 
Carta Magna, na sua inteireza, não é difícil chegar-se à conclusão de que 
todos os direitos listados no seu art. 5- encontram-se protegidos sob a 
forma de “cláusulas pétreas” (CF, art. 60, § 4®), portanto, inalteráveis e não 
passíveis de qualquer modificação.
Isto se explica porque estamos diante de direitos fundamentais, 
invioláveis, irrenunciáveis, a começar pela VIDA, que se constitui em pré- 
requisito e exercício de todos os demais direitos.
Frise-se que, ao consagrar o direito à vida, cabe ao Estado assegurá- 
lo em dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de continuar 
vivo e a segunda, de se ter vida digna quanto à subsistência.
O DIREITO DE CONTINUAR VIVO: eis o foco de nossas atenções. 
Viver com dignidade, e segurança.
Uma das formas de se proteger á vida nos remonta exatamente ao 
direito à SEGURANÇA, que se encontra disposta no art. 5® da Constituição, 
compondo o rol dos direitos e garantias fundamentais.
É a segurança um direito erigido à categoria de dogma constitucional, 
um direito individual cuja proteção alcança tanto as pessoas naturais 
(brasileiros ou estrangeiros no território nacional), como as pessoas 
jurídicas, posto que a estas também é assegurado o direito à segurança, 
à propriedade, à proteção tributária e aos remédios constitucionais.
Da análise do art. 144 da CF, é dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, a segurança pública, devendo ser esta 
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das 
pessoas e do patrimônio.
Ainda no estudo da nossa Carta Política, tem-se que a garantia do 
direito à segurança é assegurada através de órgãos devidamente instituídos 
para alcançar esta finalidade de preservação supramencionada, quais 
sejam, a polícia federal, as polícias rodoviária e ferroviária federais, as 
polícias civis, militares e os corpos de bombeiros militares.
Cada um desses órgãos é dotado de competências específicas, 
cabendo á lei disciplinar a organização e funcionamento dos órgãos 
responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de 
suas atividades.
Cabe-nos aqui questionar, dentro de uma dimensão crítica, se esta 
tem sido a fórmula eficiente de resolver a insegurança que assola a 
sociedade brasileira.
Estariam esses órgãos aptos, de fato, a garantir a segurança 
necessária para se viver dignamente?
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Certamente, não. E a negativa decorre exatamente do fato de ser a 
falta de segurança uma conseqüência lógica de problemas básicos e 
cruciais na estrutura da realidade de nosso País.
Pouco adianta armar a polícia se o povo permanece passando fome, 
morrendo nas filas de hospitais...
A questão da violência faia, por si só, de um contexto sociai 
desigual, de uma realidade carente de educação, saúde, 
alimentação, lazer, saneamento básico... o mínimo que se exige 
para que a vida possa se estabelecer dentro dos limites do humano, 
do justo, e do digno.
Estudos em uma favela da cidade de São Paulo demonstram que o 
índice de violência entre crianças e adolescentes reduziu, sensivelmente, 
com a construção de um simples campo de futebol!...
0 que falta é vontade política para que as mudanças possam 
se processar.
0 que falta é o respeito à Constituição para torná-la legítima, capaz 
de assegurar, na prática, os direitos que enuncia e deveres que impõe.
Ao instituir-se o Estado Democrático Brasileiro, teve-se como 
objetivo não só estruturá-lo politicamente mas, de modo especial, 
assegurar-se o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a 
segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, porque 
foram eles erigidos como os valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista, sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida 
com a paz.
Esse discurso precisa sair do texto legal, precisa tornar-se realidade, 
precisa ser “sentida” por cada um de nós.
Todos têm direito a uma existência digna, voltada para o 
ideal supremo da humanidade: a busca por ser feliz... SEGURAMENTE 
feliz.
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SEGURIDADE SOCIAL
M a u ro de A zevedo M enezes*
Quando surgiram as fábricas, os trabalhadores sofriam uma 
exploração ainda mais brutal do que hoje. Não existia limite para a duração 
do trabalho, nem garantia de espécie alguma para os salários. E como os 
trabalhadores não tinham alternativa para sobreviver, tinham que suportar 
esta situação, que atingia homens, mulheres e crianças. A solução foi a 
luta contra tais condições desumanas de trabalho. Assim, os trabalhadores 
passaram a ter um instrumento para a sua proteção: o Direito do Trabalho. 
Depois disso, os trabalhadores perceberam que era necessária uma nova 
forma de proteção, que cuidasse deles quando estivessem doentes, 
acidentados, velhos, ou não pudessem mais trabalhar. Foi assim que surgiu 
a idéia do que hoje chamamos Seguridade Social.
A Seguridade Social existe para proteger as pessoas quando elas 
não puderem garantir o atendimento das necessidades básicas próprias e 
de suas famílias. 0 principal responsável pela garantia deste direito é o 
Estado, ou seja o governo. Por isso, cabe ao governo cumprir a sua 
obrigação de dar seguridade social à população. E as pessoas, 
individualmente ou em grupo, têm o direito de exigir isto dos seus 
governantes.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, consagrou 
como direito fundamental da pessoa humana a Seguridade Social. Tanto 
assim que o artigo 25 daquela declaração determinou o seguinte: “todo 
homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua 
família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, 
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à 
seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice, ou 
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstância fora 
de seu controle.”
A Seguridade Social está na Constituição do Brasil, isto é, na mais 
importante lei do País. É nela que estão escritos e assegurados os 
principais direitos do povo brasileiro.
Os fundamentos dos direitos da Seguridade Social da Constituição 
estão em dois artigos. No artigo 6-, a Constituição diz que dentre os
* Membro da Comissão Nacional de Direitos Sociais do Conselho Federal da OAB
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“direitos sociais” estão incluídos a “saúde”, a “previdência social”, a “proteção 
à maternidade e à infância”, e a “assistência aos desamparados". E no 
artigo 193 está escrito que “a ordem social tem como base o primado do 
trabalho e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais”.
A partir desses fundamentos, a Constituição declarou os direitos 
da Seguridade Social nos artigos 194 a 204. Ali estão as regras gerais da 
Seguridade Social, e a descrição dos direitos que a compõem: a saúde; a 
previdência social e a assistência social.
Para oferecer a Seguridade Social aos brasileiros, o Poder Público 
deve tomar as inciativas, podendo contar com o apoio da sociedade. Os 
recursos utilizados para custear a Seguridade Social são arrecadados 
pelos governos federal, estaduais e municipais e fazem parte dos seus 
orçamentos. É com estas verbas que o Poder Público tem o dever de 
proporcionar aos brasileiros saúde, previdência social e assistência social.
A Saúde é direito de todos e dever do Estado, como afirma o art. 
196 da nossa Constituição. Isto quer dizer que os órgãos do governo têm 
a responsabilidade de colocar em prática programas de prevenção, para 
reduzir o risco de doenças, mediante campanhas de vacinação, e de 
esclarecimento à população, por exemplo. Cabe ao Poder Público, também, 
dar à população condições de vida dignas e saudáveis, no que se refere ao 
saneamentobásico e à alimentação mínima, para que as pessoas não 
estejam expostas a contrair doenças. Os brasileiros têm, ainda, de acordo 
com a Constituição, o direito de atendimento médico e hospitalar para 
melhorar a sua saúde, protogê-la ou recuperá-la. E esses serviços devem 
ser universais e de acesso igualitário.
A Previdência Social é um direito previsto no art. 201 da Constituição 
Federal, que tem por finalidade assegurar aos seus beneficiários meios 
indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego 
involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares, prisão 
ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.
Fica claro, assim, que a previdência social preocupa-se com a 
subsistência da pessoa humana, quando esta não possa subsistir ou não 
seja socialmente desejável que tenha que sobreviver mediante o trabalho. 
Como 0 próprio nome diz, a Previdência Social busca atender contingências 
futuras. E, para isto, recolhe contribuição daqueles chamados segurados 
que, posteriormente, deverão ser os seus beneficiários. A abrangência da 
Previdência Social, entretanto, não fica restrita aos segurados que para 
ela contribuem, mas alcançam também as famílias destes. Nesse sentido, 
a Previdência Social garante benefícios aos seus segurados quando estes
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param de trabalhar, não podem trabalhar ou não convém que estejam 
trabalhando, mas também aos seus dependentes, caso o segurado morra.
Dessa maneira, a Previdência Social é ao mesmo tempo um serviço 
público, uma forma de poupança coletiva e uma modalidade de seguro. 
Para ser beneficiário deste seguro, basta estar trabalhando em uma 
atividade remunerada qualquer. A filiação à Previdência Social, neste caso, 
é automática e exigida pelo governo ao patrão ou ao tomador de serviços. 
Se o trabalhador está trabalhando como servidor público, será o governo 
para o qual está trabalhando o responsável pela sua inscrição no regime 
previdenciário.
Os pagamentos feitos aos segurados e dependentes da Previdência 
Social são chamados de benefícios. Os principais benefícios previdenciários 
são a aposentadoria, o auxílio-doença, a pensão, o salário-maternidade, 
0 salário-família e o auxílio-reclusão. A Constituição e as leis estabelecem 
as condições para ter direito a receber cada um destes benefícios. Os 
postos de benefícios da Previdência Social (INSS) têm o dever de informar 
a população acerca dos seus direitos previdenciários.
A aposentadoria pode ser alcançada por idade, por tempo de serviço 
ou por invalidez. A aposentadoria por idade é concedida aos 65 anos para 
0 homem e aos 60 anos para a mulher, reduzindo-se em cinco anos o 
limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que 
exerçam atividades em regime de economia familiar, tais como o produtor 
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. A aposentadoria por tempo de 
serviço é possível aos 35 anos de contribuição, para o homem, e 30 anos 
de contribuição, para a mulher. Este tempo de contribuição, por enquanto, 
eqüivale ao tempo de serviço. E a aposentadoria por invalidez acontece 
quando o trabalhador, por qualquer razão, perde a sua capacidade laborativa.
A Assistência Social é prestada pelo Estado independentemente 
de contribuição, às pessoas carentes, necessitadas ou marginalizadas, e 
que precisam de amparo. Trata-se de um direito contido nos artigos 203 e 
204 da Constituição do País. Pode-se dizer que a Assistência Social é 
um instrumento importante de política social, realçado nestes tempos em 
que uma quantidade cada vez maior de cidadãos brasileiros está excluída 
do modelo econômico vigente, sem a oportunidade de trabalho e de 
obtenção de renda. A Assistência Social, pois, deve ser prestada a quem 
dela necessitar, sendo o Estado o responsável pelas condições mínimas 
de sobrevivência àqueles que não têm condições de subsistir, como os 
menores abandonados, os loucos, os indigentes e toda espécie de 
excluídos.
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Em conclusão, a Seguridade Social é uma conquista da humanidade. 
A aplicação das suas garantias representa um passo adiante na construção 
de uma sociedade mais digna, que privilegie a igualdade e a solidariedade 
como valores máximos do organização social e do Estado. E a população 
está legitimada a exigir dos governos o atendimento deste direito.
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Impressão e Acabamento:
LD,
E E D I T O R A L T O A .
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