Buscar

Peticao Inicial no CPC 2015 Dierle Nunes

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

1 
 
PETIÇÃO INICIAL NO REGIME DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 
(CPC) - LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 20151 
 
Dierle Nunes2 
 
Três ressalvas inaugurais ao se analisar a petição inicial dizem respeito aos novos 
pressupostos do sistema dogmático do Novo CPC: 
1. Com a adoção de força normativa aos precedentes (art. 927) e a potencialidade 
de uso dos mesmos como fundamento decisório liminar de tutelas provisórias 
antecipatórias de evidência (art. 311, II) ou mesmo de julgamento liminar de 
improcedência (art. 332) o autor deve se atentar a estes pronunciamentos 
judiciais desde a elaboração da inicial, buscando demonstrar, mediante pesado 
ônus argumentativo, que seu caso é idêntico ao precedente para obtenção de 
tutela provisória satisfativa em sede liminar ou, em sentido contrário, que seu 
caso é distinto a tais pronunciamentos ou que estes se mostram superados por 
alguma mudança normativa ou interpretativa. O uso de ementas de julgados (que 
possuem função eminentemente catalográfica) deve ser sempre acompanhada da 
análise dos fundamentos do acórdão (fundamentos determinantes) em seu inteiro 
teor para verificação de analogias e contra-analogias com seu conteúdo. 
2. Em face da ocorrência de uma audiência inaugural de autocomposição (art. 334), 
imposta no novo sistema normativo, que fomenta soluções consensuais dos 
conflitos (art. 3º), o autor deve evitar um tom agressivo nos argumentos, 
obviamente sem negligenciar a apresentação adequada de suas teses de defesa, 
para não inviabilizar as chances de resolução mediante acordo. 
 
1 A presente cartilha é fruto de atividade de extensão da PUCMINAS São Gabriel e contou com a 
participação dos discentes Eduarda Calazans e Petterson Sandrey como co-autores. 
2Membro da Comissão de Juristas que assessorou na elaboração do Novo Código de Processo 
Civil. Doutor em Direito Processual   (PUCMinas/UniversitàdegliStudi   di   Roma   “La   Sapienza”).  
Professor Adjunto na PUCMINAS e na UFMG. Secretário Adjuntodo IBDP. Membro Fundador da 
ABDPC. Membro do Instituto Panamericano de Derecho Procesal. Diretor executivo do IDPro. Membro 
da ABDPro. Advogado. 
 
 
2 
 
3. Como o Novo CPC é regido pela comparticipação (cooperação -arts. 6º e 10) e 
pela boa-fé processual o autor deve se preocupar em apresentar argumentos 
coerentes e não formular pretensão destituída de fundamentos (artigo 77, II, do 
CPC). 
 
A petição inicial deverá ser escrita, excetuada as hipóteses legais de postulação oral, 
como por exemplo: 
a) Nas medidas protetivas em favor da mulher vítima de violência doméstica (art. 
12, da Lei 11.340/06); 
b) Propositura de demandas nos juizados especiais (art. 14, da Lei 9.099/95). 
 
Recorde-se que a ação, instrumentalizada pela petição inicial, será considerada proposta 
na data em que a mesma for protocolada (art.312) 
 
REQUISITOS BÁSICOS DA PETIÇÃO INICIAL: ART. 319 
 
INDICAÇÃO DO JUÍZO COMPETENTE: 
I - o juízo a que é dirigida (arts. 42 - 53). O endereçamento será feito ao 
juízo(órgão jurisdicional)competente, seja ele singular ou colegiado, e não a pessoa 
investida no referido órgão (juiz). Pontue-se que na justiça Estadual a unidade territorial 
é  a  “comarca”  e  na  justiça  Federal  é  a  “Seção  Judiciária”. Exemplos: 
Exmo. Sr. Juiz de Direito da __ Vara de Família da Comarca de Belo 
Horizonte-MG. 
Exmo. Sr. Juiz Federal da ___ Vara da Seção Judiciária de Belo Horizonte -
MG 
De modo exemplificativo, pontue-se que como regra geral a fixação de 
competência territorial se dá no foro de domicílio do réu, tanto para demandas pessoais 
quanto para as reais Mobiliárias (art. 46, CPC), podendo o autor promover escolha caso 
o réu possua mais de um domicílio (art. 46, §1º) ou quando houver vários réus com 
domicílios diferentes (art. 46, §4º). Em ações envolvendo relações de consumo a lei 
 
3 
 
especial (art. 101, Lei 8.078/90) estabelece um foro especial em benefício do 
consumidor. 
Nas ações reais imobiliárias o juízo absolutamente competente será o da situação 
da coisa (forum rei sitae – Art. 47). 
Na hipótese de sucessão mortis causa o foro competente será o de domicílio do 
autor da herança (de cujus) para a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições 
de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as 
ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro (art.48). 
Importante inovação trazida pelo CPC diz respeito ao foro competente para as 
ações de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de 
união estável que será o a) de domicílio do guardião de filho incapaz; b) do último 
domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; c) de domicílio do réu, se nenhuma das 
partes residir no antigo domicílio do casal (art. 53, I). 
 Ainda, de modo exemplificativo, se recorde que será competente o foro de 
domicílio ou residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos (art. 
53, II). 
 
PREÂMBULO - QUALIFICAÇÃO DAS PARTES: 
No preâmbulo da petição inicial se promove a identificação das partes autora e 
ré e, pela praxe, se apresenta o tipo de procedimento a ser ajuizado (Ex.“Ação   de  
Cobrança”,  “Ação  de  reconhecimento  de  paternidade”). 
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a 
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro 
Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), o endereço eletrônico, o domicílio e a residência 
do autor e do réu; (arts. 73, 391, 842, 847, § 3º - regime de bens); (art. 106 – advogado 
ao postular em causa própria). 
Quanto a propositura for realizada por pessoa jurídica é necessária a 
apresentação do estatuto social e documento que ateste sua regular representação. 
 
4 
 
A união estável deverá ser indicada quando a mesma estiver documentada 
(preferencialmente em registros públicos), eis que a alegação de existência do vínculo 
posterior deve respeitar o modelo comparticipativo/cooperativo e a boa-fé processual. 
Pontue-se que o Novo CPC torna absolutamente desnecessário o requerimento 
de citação do réu. 
 Como as intimações e citações podem ser feitas eletronicamente cabe ao 
advogado declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá 
intimação. Sendo eletrônico o procedimento, o advogado deve indicar, além do 
endereço físico, também o eletrônico. Nesse sentido, o art. 287 já disciplina que na 
Procuração (art. 105) deverão constar ambos os endereços do procurador da parte, 
“eletrônico  e  não  eletrônico”. 
 
 
DESCRIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS: 
 
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido (arts. 10, 489, § 1º). 
Em face da infinidade de demandas em tramitação no Poder Judiciário brasileiro 
o advogado deve se preocupar em elaborar uma petição inicial que seja clara, completa, 
mas prioritariamente concisa. 
Apesar do novo CPC não trazer regra análoga ao Federal Rules of Civil 
Procedure Americano (Rule 8 que impõe manifestações curtas e claras), o advogado 
para obter uma análise adequada das pretensões de seus clientes deve apresentar os fatos 
essenciais e os fundamentos jurídicos da pretensão com a máxima objetividade. 
O sistema brasileiro adota a teoria da substancialização da causa de pedir de 
modo que o autor deve demonstrar o fato jurídico e a relação jurídica decorrente. 
No entanto, em face do sistema cooperativo do Novo CPC cabe ao autor 
promover uma correlação entre os fatos e a fundamentação jurídica, que de modo mais 
comum está atrelada a bases normativas e jurisprudenciais. 
No que tange a utilização de julgados (e precedentes) jurisprudenciais
cabe ao 
autor promover não só a colocação de ementas de casos aproximados, mas a 
demonstração mediante analogias precisas de que seu caso e o precedente são idênticos 
 
5 
 
conduzindo a respostas decisórias coerentes. 
Pontue-seque o dever argumentativo imposto aos juízes no art. 489, §1º, CPC-
2015 deve ser aplicado como um espelho para a atividade postulatória das partes e 
advogados criando para estes últimos ônus argumentativos. 
 Ou seja, do mesmo modo que o juiz, por exemplo, não pode(rá) “se limitar à 
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a questão" ou "empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o 
motivo concreto de sua incidência no caso”, pelos deveres normativos de cooperação e 
boa-fé objetiva o advogado deverá levar a sério todos estes imperativos em sua 
postulação promovendo uma adequação dos fatos aos fundamentos legais ou a 
argumentação do teor de determinados conceito indeterminado contido em princípios ou 
regras (por exemplo: dignidade da pessoa humana, função social, boa-fé, melhor 
interesse do menor). 
Em igual sentido, o advogado deverá, como já pontuado, levar a sério os 
precedentes obrigatórios (art. 489, §1º, V e VI e art. 927) ao elaborar a petição inicial, 
seja pelo risco de julgamento liminar de improcedência (art. 332), impondo ao autor a 
necessidade de demonstrar a distinção de seu caso em relação ao precedente, seja pela 
perda da oportunidade de obtenção de uma tutela provisória antecipada da evidência 
(art. 311, II). 
 
PEDIDOS: 
IV - o pedido com as suas especificações (arts.141, 492, 322, § 2º, 489, § 3º e 
357, 3º): em face do princípio da congruência que somente autoriza o magistrado a 
julgar nos limites do que foi pedido pelas partes (não além, aquém ou fora do pleito – 
arts. 141 e 292) torna-se importantíssima a percepção de que a estrutura argumentativa 
da petição inicial tem como seu norte o(s) pedido(s), de modo que escrita de todos os 
argumentos deve partir, como premissa, da busca da obtenção de sua procedência em 
face do respeito da coerência argumentativa. 
Isto induz a percepção de que apesar do pedido estar localizado ao final da peça, 
como a praxe demonstra, o mesmo deve ser elaborado (ou ao menos refletido) em 
 
6 
 
primeiro lugar, pois representa o principal pilar da petição inicial, limitando a atividade 
decisória do magistrado. 
Todo pedido, que deve ser certo (art. 322) e determinado (art. 324), é 
decomposto em duas partes: 
a) Objeto imediato – providência jurisdicional almejada para se obter um 
bem da vida específico: condenar, declarar, desconstituir, ordenar. 
b) Objeto mediato – é o próprio bem da vida ou pretensão que se almeja. 
 
Exemplo: Em face de todo o exposto 
o autor vem requerer a 
procedência do pedido para 
condenar o réu ao pagamento de 
R$10.000,00 para o 
ressarcimento dos 
danos morais. 
 Objeto 
Imediato 
Objeto 
Mediato 
 
 
O pedido principal inclui os juros legais, a correção monetária e as verbas 
de sucumbência, incluindo os honorários advocatícios (art. 322, §1º). Independente 
de declaração expressa do autor, as obrigações em prestações sucessivasserão 
automaticamente incluídas no pedido e na sentença, independente de declaração 
expressa do autor, caso o devedor não as pague ou consigne no curso do processo (art. 
323). É permitida a cumulação de pedidos contra o mesmo réu, ainda que não conexos 
(art. 327, caput), desde que sejam compatíveis (art. 327, I), o juízo seja competente para 
conhecê-los (art. 327, II) e seja adotado o procedimento comum (arts. 327, III e §2º). 
É possível a cumulação de pedidos (art. 327): 
 
Cumulação de pedidos 
Cumulação em sentido estrito ou própria: 
a) Simples: elemento comum são as partes mas cada pedido seria 
apto a propositura de uma demanda autônoma. O sucesso de um 
independe do outro. Ex. Pedir a condenação em danos materiais 
 
7 
 
cumulada com danos morais; 
b) Sucessiva: análise do pedido posterior depende da procedência 
do anterior. Ex. Pedir a declaração de paternidade cumulada com 
condenação de alimentos. O último só será acolhido caso o 
primeiro também o seja. 
Cumulação em sentido amplo, imprópria, eventual, subsidiária, 
alternativa: o segundo pedido somente será analisado se o 
primeiro for julgado improcedente (art. 326, CPC) — para alguns 
é uma cumulação de objetos mediatos. Ex. Pedir a condenação à 
devolução de um bem ou por eventualidade a devolução do preço. 
 
Recorde-se que a petição inicial será interpretada em 
conformidadecom o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé 
(art. 322, §2º). 
 
REQUERIMENTO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA 
 
Regida pelos arts. 98 a 102. Pode ser requerida a gratuidade da justiça (que não 
se confunde com assistência judiciária gratuita que diz respeito ao patrocínio técnico 
gratuito por defensores ou procuradores pro bono) quando houver insuficiência de 
recursos para o adiantamento das custas processuais, despesas processuais e honorários 
advocatícios. 
É possível o requerimento na petição inicial (ou posteriormente em simples 
petição) por pessoa natural (que possui presunção de veracidade da alegação de 
insuficiência deduzida –art. 99, §3º) ou jurídica. 
Pelo art. 98 “A pessoa natural oujurídica, brasileiraouestrangeira, com 
insuficiência de recursosparapagar as custas, as despesasprocessuais e 
oshonoráriosadvocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.” 
Recorde-se que além das despesas já tradicionalmente compreendidas pela 
 
8 
 
gratuidade o § 1o, inc. IX abarca igualmente “os emolumentos devidos a notários ou 
registradores em decorrência da prática de registro, averbação ou qualquer outro ato 
notarial necessário à efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo 
judicial no qual o benefício tenha sido concedido”. 
O benefício somente suspende (não exime de responsabilidade) o pagamento dos 
valores (que podem ser cobrados em até 5 anoscaso a situação financeira do beneficiário 
se altere e haja demonstração - art. 98, §§2º e 3º) e não retira a obrigação de pagamento 
de multas processuais (art. 98, §4º). 
Como a gratuidade poderá ser modulada, o requerente poderá pleitear a 
concessão em relação a algum ou a todos os atos processuais, ou a redução percentual 
de despesas processuais que o beneficiário tiver de adiantar no curso do procedimento 
(art. 98, §5º). 
Exemplo de requerimento: “Requer  a  concessão  de  gratuidade  de  justiça  em  face  
da insuficiência de recursos para o adiantamento das custas processuais, despesas 
processuais  e  honorários  advocatícios.” 
 
 
VALOR DA CAUSA: 
V - o valor da causa que deve ser certo e seguir os comandos dos arts. 291 
a 293. Por exemplo:na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida 
do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data 
de propositura da ação;na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o 
cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o 
valor do ato ou o de sua parte controvertida; na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) 
prestações mensais pedidas pelo autor; na ação de divisão, de demarcação e de 
reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; na ação 
indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido. 
Perceba-se a impossibilidade de pedido genérico de dano moral (art. 292, 
V). 
 
 
9 
 
REQUERIMENTO DOS MEIOS DE PROVAS: 
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados, não se esquecendo que as partes terão oportunidade
de indicação de provas no 
momento do saneamento (art. 357). Entretanto, a petição inicial deverá ser instruída 
com os documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 320). 
 
REALIZAÇÃO DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO: 
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação (art. 
165, § 2º e § 3º). A audiência de conciliação poderá ser dispensada caso as partes 
manifestem de forma expressa (autor na inicial e réu por meio de petição 
intercorrente) seu desinteresse na composição consensual (art. 334, §4º). A de 
mediação será obrigatória (art. 27, lei 13.140/2015). 
A adoção de audiência inaugural de conciliação ou mediação do art. 334induzirá 
uma necessária mudança do comportamento não cooperativo e agressivo das partes, 
desde o início, sob égide do CPC/2015. 
Esta situação deverá mudar o modo de elaboração das petições iniciais pelos 
autores, e não por força do novo requisito da exordial (art. 319, VII), mas pelo fato de 
que a inicial deverá ser vista como uma atividade preparatória de um potencial acordo, 
uma vez que, certamente, dependendo do modo como os argumentos forem 
apresentados, mesmo em uma ótica parcial e sob a potencialidade do acordo na fase da 
audiência de conciliação/mediação ser infrutífero, uma vez que se os argumentos forem 
suscitados de maneira agressiva as chances da autocomposição diminuirão. 
 
 § 1o Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o 
autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção (art. 
319, §1º), em face do sistema ser cooperativo/ comparticipativo (art. 6º). 
 § 2o A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de 
informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu. 
 § 3o A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao 
disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou 
excessivamente oneroso o acesso à justiça. 
 
10 
 
 Em conformidade com o art. 321 o juiz tem o dever cooperativo de 
determinar que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, emende ou complete a inicial, 
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. 
 
Com relação ao número de inscrição no CPF ou no CNPJ, podem ser feitas 
buscas no INFO-JUD (Receita Federal), BACEN-JUD (Banco Central), SIEL (TRE) e 
no RENAJUD (DETRAN).O código mantém a previsão de citação por edital (art. 246, 
IV), em função da garantia do livre acesso à justiça e é esse mesmo princípio, 
juntamente, com o devido processo legal que garantem a perfeita individualização dos 
sujeitos dos procedimentos em contraditório. 
 
Com relação à citação via endereço eletrônico (art. 246, V),será válida no caso 
das pessoas jurídicas que tiverem esse cadastrado na Receita Federal. No caso das 
pessoas físicas também será válida ao haver a indicação na petição inicial, que passa a 
ser requisito obrigatório nos sistemas eletrônicos como oPJe, no qual, já há cadastro do 
e-mail dos advogados. O novo CPC diz que as intimações deverão ser feitas sempre que 
possível por meio eletrônico (art. 270), já que dessa maneira haverá maior celeridade 
processual e redução dos tempos mortos, período em que o processo judiciário está em 
andamento, sem estar correndo o prazo dos atos processuais. 
 
OBSERVAÇÕES: 
 Não há necessidade de requerimento de citação. 
 O juiz tem que analisar e levar em consideração todo argumento 
relevante da causa (art. 489, §1º, IV), não sendo mais aceita a fundamentação de apenas 
um argumento com abstenção de argumentos relevantes (dever de consideração). 
 Se houver comprovação de distinção (distinguishing) de um precedente 
obrigatório a mesma deve ser demonstrada mediante a argumentação do autor que deve 
se desincumbir do ônus argumentativo de demonstrar que os casos são diversos, sob 
o risco, caso não o faça, de ter seus pedidos julgados improcedentes liminarmente 
(art. 332). De igual modo,o autor poder tentar provocara superação do precedente, 
 
11 
 
mostrando uma mudança efetiva do sistema jurídico que demonstre o equívoco da 
manutenção do entendimento prescrito em precedentes obrigatórios. 
 
TUTELA DE URGÊNCIA 
Na hipótese de ocorrência de urgência o autor poderá pleitear na própria inicial 
pedido cautelar ou antecipatório em seu bojo sem necessidade de procedimento 
autônomo para esta finalidade demonstrando os requisitos do art. 300, CPC. 
 
No entanto, no âmbito da tutela de urgência a medida poder ser buscada em 
caráter antecedente ou incidental (art. 294, par. único). Ou seja: 
 
i) no caso de a urgência anteceder a própria ação principal ou o pedido principal, o novo 
CPC admite a perspectiva do pleito antecedente da medida, e cria duas modalidades 
procedimentais próprias, autônomas, para a busca da tutela de urgência: o procedimento 
antecedente para a tutela antecipada (arts. 303 e 304), com possibilidade de 
estabilização de tutela antecipada caso o autor expressamente na exordial informar que 
se valerá deste procedimento (art. 303, §5º), e o procedimento antecedente para a tutela 
cautelar (arts. 305 a 310); 
 
ii) quando o processo de conhecimento ou de execução for ser proposto de modo 
concomitante com a urgência ou já estiver em curso, a parte interessada pode buscar, 
incidentemente, mediante simples petição, a tutela de urgência, em qualquer das duas 
modalidades, sem maiores complicações procedimentais, de modo que os modelos 
procedimentais próprios previstos no novo CPC (arts. 303 a 304, para tutela de urgência 
antecipada; e arts. 305 a 310 para tutela de urgência cautelar) só se aplicam para as 
medidas de urgência buscadas em caráter antecedente. 
 
Recorde-se: A petição inicial deverá ser datada e subscrita por advogado 
registrado na Ordem dos Advogados do Brasil, ressalvadas as exceções normativas 
(por exemplo na hipótese de habeas corpus e de parcela das demandas nos juizados 
especiais). 
 
12 
 
 
A procuração geral para o foro outorgada ao advogado, documento 
indispensável para a propositura da ação, poderá ser assinada digitalmente (art. 105, 
§1º), devendo conter o nome do advogado, número de inscrição na Ordem dos 
Advogados do Brasil (OAB) e endereço completo (art. 105, §2º), além do nome da 
sociedade de advogados que o advogado integra, se for o caso (art. 105, §3º). Outra 
inovação trazida pelo Novo Código é a possibilidade do advogado assinar a declaração 
de hipossuficiência econômica das partes, desde que a procuração contenha cláusula 
específica permitindo a prática deste ato (art. 105, caput). 
 
PEDIDO DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA (arts. 
133-137) 
 
O Novo CPC cria uma incidente próprio para a desconsideração da 
personalidade jurídica quando verificada sua necessidade durante o procedimento em 
contraditório, no entanto, em conformidade com § 2o do art. 134   “dispensa-se a 
instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for requerida na 
petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica 
Não se esqueçam que na hipótese da desconsideração da personalidade jurídica 
ser requerida na petição inicial, incumbe ao sócio ou a pessoa jurídica, na contestação, 
impugnar não somente a própria desconsideração, mas também os demais pontos da 
causa. (Enunciado n.o 248 do FPPC) 
 
 
EXTENSÃO DA FACULDADE MINEIRA DE DIREITO DA PUCMINAS – CAMPUS SÃO 
GABRIEL

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando