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Metodologia - Aula 12 - Leitura Crítica

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METODOLOGIA – AULA 12 – LEITURA CRÍTICA
- “A palavra escrita tem o dom quase mítico da credibilidade”. Tende-se, ao ler um artigo científico, a achar que ele é correto e considerar tudo o que ele diz como verdadeiro, sem pensar na hipótese das informações estarem incorretas, dos métodos usados serem equivocados, etc. Para evitar esse tipo de situação, é necessário realizar uma leitura crítica do artigo.
- GLANTS (1995) revisou os artigos publicados nas últimas três décadas, em revistas de renome e concluiu que metade tinha utilizado métodos estatísticos inadequados.
- Alguns fatores de inconsistência:
	-> Definição da amostra: amostra estatisticamente muito pequena ou insignificante. Fatores de inclusão e exclusão não rigorosos e incoerentes, deixando a amostra tendenciosa. Amostras contaminadas. 
	-> Delineamento: qual o melhor tipo de estudo é o melhor para a situação? Prospectivo? Coorte? Etc.
	-> Equipamentos: qual o melhor equipamento para usar para o estudo? Eles estavam calibrados? Possuem defeitos? Etc.
1) EXAMINE O TÍTULO
- Verificar se o título descreve com clareza o que é descrito no texto.
 
-O título do texto “Videocolonoscopia convencional e cromoscopia com índigo carmin no diagnóstico do pólipos colônicos” está incorreto, pois não se está tentando se diagnosticar pólipos no estudo, visto que todos os pacientes do estudo possuem pólipos. O estudo visa apenas diferenciar os pólipos neoplásicos dos não neoplásicos. Assim, o título ideal seria “...na diferenciação dos pólipos colônicos”.
2) VERIFIQUE QUEM SÃO OS AUTORES
- Verificar se eles são reconhecidos em suas áreas de estudo.
3) OBSERVE O PERIÓDICO EM QUE ELE FOI PUBLICADO
- Passou por um conselho editorial rigoroso?
4) VERIFIQUE A INSTITUIÇÃO DE ORIGEM
- É uma instituição conceituada?
- Esses 4 primeiros indicadores dão uma ideia geral da potencial qualidade do artigo. Mas é um erro presumir que o um artigo é bom, ou ruim, somente por essas características, pois mesmo pessoas, instituições, e revistas conceituadas estão sujeitas a erros.
5) LEIA O RESUMO
- Determine o enfoque principal, o objetivo, o tipo de estudo, o método escolhido, dados apresentados e a conclusão. 
6) LEIA A INTRODUÇÃO 
- A introdução deve justificar a necessidade do estudo. O que levou o pesquisador a estudar esse assunto?
- Determine o objetivo, o enfoque principal e avalie a fundamentação teórica.
6a) Determine o Objetivo. No artigo supracitado, o objetivo corrige o título, afirmando que o estudo trata-se de um diagnóstico diferencial, e não de um diagnóstico em si. O estudo é controlado? Testa hipóteses?
7) LEIA O MÉTODO
- Determine o delineamento da pesquisa, se ela é transversal ou longitudinal. Tente identificar possíveis vícios de seleção, de aferição, de confusão. Existe algum problema com os equipamentos?
- O artigo citado estabeleceu que iria incluir pessoas com mais de 18 anos na pesquisa, sendo que o autor esclarece no começo do artigo que o pólipo é mais comum em idosos. Isso dito, seria mais útil avaliar a diferenciação de pólipos em idosos, ou em pessoas acima de 40 anos, e não em qualquer adulto.
- Nos métodos descritos, não se diz quanto de manitol, fosfato de sódio e polietilenoglicol foram usados. Além disso, ele não especifica quais pacientes receberam quais substâncias, não explicando o porquê de usar três métodos diferentes.
- Ainda na metodologia, ele especifica os equipamentos usados, mas usa diferentes modelos de videocolonoscopicos, com diferentes características entre si. Ele não especifica em qual situação usou cada modelo, nem garantiu que as características técnicas são iguais, de forma que os resultados podem ter sido afetados por isso.
- Os pólipos foram medidos por comparação visual, sem usar gradação, nem escala, alguma. Isso pode ter levado os pesquisadores a julgarem o tamanho dos pólipos erroneamente.
- Os pólipos foram retirados para realização do exame histológico a partir de três métodos diferentes, deixando a escolha do método a critério do examinador na hora da retirada. Ou seja, ele excluiu a metodologia na hora de retirada dos pólipos.
-Ele afirma ter lavado com água destilado e corado “com cerca de 5mL” de solução de índigo carmin. Ele deveria ter especificado exatamente a quantidade de solução usada.
- Ele também fala que “caso fosse necessário, a instilação do corante era repetida”, sem especificar quantas vezes o exame poderia ser repetido, nem como o exame seria repetido, se seria realizada uma nova lavagem, ou se seria apenas instilado mais corante, etc.
- Deve-se especificar quem estava realizando o teste? Era uma pessoa com experiência, ou sem?
- Verifique se o autor controlou os vícios identificados anteriormente. No caso dos erros do artigo, uma forma de controlar os vícios seria especificar quantos pacientes receberam quais instrumentos, quais métodos de retirada, quanta lavagem, etc.
8) EXAMINE OS RESULTADOS
- Todo o texto e todas as tabelas devem ser observados, lidos e interpretados. As informações das tabelas coincidem com as informações do texto.
- Nos resultados, o autor coloca um desvio padrão de 2,8, sendo que a média de pólipos por pacientes foi de 2,3. (2,8 – 2,3 = -0,5 pólipos?) Nesse caso, não existe desvio padrão, pois todos os pacientes do estudo tem pelo menos 1 pólipo.
- No texto ele diz ter examinado 133 pólipos, e diz que 5 se perderam, de forma que na tabela apenas aparecem 128 pólipos. Os 5 pólipos perdidos eram do mesmo paciente, ou de pacientes diferentes? Nota-se também que eles perderam o exame, o que é inadmissível.
- Em seguida, ele diz que não conseguiu corar dois pólipos, pois acabou o corante. Em outras palavras, o cara está fazendo uma pesquisa com corantes, e o corante acaba...
- Ele também faz referência a um grupo A (?), sendo que não existe um grupo B sendo mencionado. Ou seja, estão todos no grupo A, e não existe grupo B.
- Em uma tabela, ele descreve todos os pólipos e ainda descreve a posição do intestino em que eles foram encontrados, sem correlacioná-los com o índigo carmin. De forma que não é possível saber se o índigo é melhor para identificar pólipos hiperplásicos no colo transverso, ou não, por exemplo. A tabela, portanto, não possui finalidade nenhuma no trabalho.
- Na próxima tabela, ele oferece o tamanho dos pólipos e, novamente, não os relaciona com o tema, de forma que não é possível relacionar o índigo com o tamanho. Tornando a tabela inútil para o trabalho também.
- A próxima tabela traz dados da histologia sobre a classificação do pólipo em viloso, etc. Também não tem utilidade no trabalho.
- A última tabela é a única relacionada com o trabalho, trazendo o desempenho da videocolonoscopia com índigo carmin no diagnóstico diferencial dos pólipos em neoplásico e não-neoplásico.
9) EXAMINE A DISCUSSÃO
- Ele fala sobre a utilidade dos videocolonoscópicos com magnificação de imagem, sendo que não é isso que está sendo estudado.
- Ele fala que o método é considerado caro, mas não especifica o que exatamente é caro. É o índigo carmin? 
- Nas referências, eles leram somente o abstract, sendo que as informações contidas no artigo parecem ser bastante relevantes para o tipo do estudo.
- A conclusão do artigo diz que não se pode concluir nada sobre o método. No resumo, eles dizem que o método não é confiável no diagnóstico diferencial.

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