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25/03/2016 1 PATOLOGIAS DO SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO E MÚSCULO ESQUELÉTICO PROF. DR. SARA SANTOS BERNARDES INTRODUÇÃO Músculo esquelético Sistema Nervo Periférico: Nervo INTRODUÇÃO Unidade motora Junção neuromuscular: DOENÇAS NEUROMUSCULARES 25/03/2016 2 DOENÇAS NEUROMUSCULARES 1) Doenças neurogênicas: interrupção da inervação motora, seguido de tentativa de reinervação colateral. Normal Desnervação Reinervação DOENÇAS NEUROMUSCULARES A) Doenças do neurônio motor: - Destruição dos neurônios motores do cortéx, tronco encefálico ou medula espinhal; - Ocorre atrofia das fibras musculares, com fraqueza muscular distal progressiva, diminuição da massa muscular e fasciculações; - Principal representante: Esclerose lateral amiotrófica • 10% dos casos são hereditários; • Patogenia ELA hereditária: mutações no gene SOD-1, o que O2 - e a oxidação de proteínas: apoptose dos neurônios motores; • Idade média: 50 anos; DOENÇAS NEUROMUSCULARES • Quadro clínico: Fraqueza progressiva dos membros e musculatura bulbar músculos torácicos e respiratórios Neurônios motores inferiores: desnervação e atrofia, fraqueza e fasciculações; Neurônios motores superiores: paresia e espasticidade; a degeneração dos tratos corticoespinhais causa dano cognitivo (esclerose lateral); • A maioria dos pacientes apresentam alterações em ambos grupos de neurônios; • Degeneração rápida do tronco encefálico inferior no início da doença: esclerose lateral amiotrófica bulbar. B) Neuropatias periféricas: - Intersticiais: lesão nos tecido de sustentação e vasos sanguíneos. A lesão às fibras nervosas é secundária: • Vasculites – Levam à hipoperfusão da região irrigada, causando morte celular causa alterações sensitivas e motoras; • Amiloidose – depósito de proteína amilóide no endoneuro e na parede vascular reação inflamatória morte celular; • Hanseníase – Causa perda sensitiva para calor e dor em indivíduos com a forma virchowiana; • Diabetes – polineuropatia sensitiva. DOENÇAS NEUROMUSCULARES - Parenquimatosas: lesão nos axônios, células de schwann e bainha de mielina: • Doença de Guillain-Barré – Fraqueza muscular ascendente progressiva (membros inferiores); 2/3 relacionados à infecções 2-3 semanas antes do início dos sintomas (Citomegalovírus, Epstein-Barr...); Patogenia: acredita-se que a lesão dos neurônios motores seja devido mecanismos de auto-imunidade; Os macrófagos penetram os nervos periféricos e fagocitam a bainha de mielina; A doença frequentemente regride, porém alguns pacientes apresentam episódios de recidiva; DOENÇAS NEUROMUSCULARES • Polineuropatia desmielinizante inflamatória crônica: Causa anormalidades motoras e sensitivas; Etiologia auto-imune, com ciclos de remissão-recidiva ou desenvolvimento progressivo; Morfologia: Segmentos de desmielinização e remielinização. Processo de longa duração: agrupamento de células de Schwann (casca de cebola). DOENÇAS NEUROMUSCULARES 25/03/2016 3 2) Doenças da junção neuromuscular A) Miastenia gravis - Atinge qualquer faixa etária, e com mais frequência o sexo feminino; - Fraqueza e fadiga muscular generalizada, podendo ocorrer disfunção na musculatura extraocular e palpebral; - ~ 60% dos pacientes apresentam hiperplasia de células B tímicas e ~20% apresentam timoma perda da auto-tolerância: *Nesses casos, a retirada do timo cessa a doença; - Patogenia: Auto-anticorpos contra receptores pós sinápticos de Ach na placa motora ativação do sistema complemento depleção dos receptores. DOENÇAS NEUROMUSCULARES DOENÇAS NEUROMUSCULARES B) Síndrome de Lambert-Eaton - Patogenia: auto-anticorpos contra canais de cálcio dos receptores pré-sinápticos, a liberação de Ach na placa motora; - Fraqueza nos músculos dos membros; - Pode haver disfunções autonômicas: secura na boca, constipação intestinal, sudorese reduzida e alteração nos reflexos pupilares; - Frequentemente surge como doença paraneoplásica em pacientes com carcinoma pulmonar de células pequenas. Doenças da junção neuromuscular: Quadro comparativo Miastenia Gravis S. de Lambert-Eaton Anticorpos contra receptores nicotínicos (Ach) Anticorpos contra receptores de Ca+2 pré-sinápticos Alteração pós-sináptica Alteração pré-sináptica Alterações no SNA ausentes Alterações no SNA presentes Fraqueza piora com a contração muscular Fraqueza melhora com a contração muscular Ca+2 : Ach Melhora da força com o uso de anticolinesterásicos A força não altera com o uso de anticolinesterásicos Associado à alterações no timo Associado à carcinoma pulmonar de células pequenas DOENÇAS NEUROMUSCULARES C) Infecção por Clostridium tetani e C. botulinum - Produção e liberação de neurotoxinas: • Toxina tetânica – Bloqueio de neurônios inibitórios, Ach contração muscular sustentada / espasmos (tetania); • Toxina botulínica – Inibe a liberação de Ach paralisia flácida. 2) Miopatias primárias A) Alterações genéticas DOENÇAS NEUROMUSCULARES O complexo distrofina-glicoproteínas estabiliza os filamentos de actina durante a contração muscular no ME e MC. DOENÇAS NEUROMUSCULARES - Distrofia tipo Duchenne e Distrofia muscular de Becker: • Mutações no gene da distrofina; • Na DB, as alterações genéticas permitem a síntese de distrofina funcionante em pequenas quantidades, o que retarda a progressão da doença; • Patogenia: lacerações na membrana sarcoplasmática durante a contração muscular entrada de Ca+2 prejuízo da sinalização muscular e rabdomiólise: No início, há uma hipertrofia compensatória das fibras musculares; Com a progressão da destruição muscular, o tecido é substituído por tecido adiposo e fibroso; 25/03/2016 4 • Ao nascimento já é observado CK, que persistem até a 1 década e com a progressão da doença; • Na DD, os sintomas se iniciam por volta dos 5 anos de idade; • A DB torna-se sintomática mais tarde e progride de maneira mais lenta Melhor qualidade de vida; • A morte resulta de pneumonias consecutivas, insuficiência respiratória e alterações cardíacas. DOENÇAS NEUROMUSCULARES Distrofia muscular de Duchenne. Imagens histológicas de espécimes de biópsia de dois irmãos. A e B, Espécimes de um menino de três anos de idade. C, Espécime de seu irmão, de nove anos de idade. Em B, a coloração imuno-histoquímica mostra completa ausência de distrofina associada à membrana plasmática, vista como coloração castanha no tecido muscular normal (detalhe). B) Miopatias imunitárias - Polimiosite: Causa idiopática (auto-imune? Hipersensibilidade tardia?), asséptica, com ocorrência em indivíduos > 18 anos; • Mais incidente em mulheres; • Causas(?): Infecções virais nas VAS, TGI, doenças auto-imunes, neoplasias malignas de mama, pulmão e cólon; • Patogenia: necrose provocada por células T CD8+ citotóxicas auto- reativas; • Fraqueza muscular proximal, incluindo a musculatura do pescoço e flexores do tronco; DOENÇAS NEUROMUSCULARES • Pode apresentar manifestações cutâneas (dermatomiosite); *Em crianças, a dermatomiosite ocorre de forma isolada; • Na dermatomiosite, ocorre deposição de imunocomplexos na perivasculatura muscular, com ativação do sistema complemento destruição capilar e necrose/ atrofia das miofibrilas; Principal manifestação cutânea: Sinal de Gottron (microangiopatia) DOENÇAS NEUROMUSCULARES - Miosite de corpos de inclusão: • Miopatia inflamatória mais comum > 60 anos; • Presença de vacúolos contendo tau hiperfosforilada e/ou proteína amiloide; • Não responde bem ao tratamento com imunossupressores a inflamação seria a causa ou a consequência da doença? Seriauma lesão degenerativa? DOENÇAS NEUROMUSCULARES Miosites inflamatórias Miopatias inflamatórias. A, A polimiosite é caracterizada por infiltrados inflamatórios endomisiais (seta). B, A dermatomiosite frequentemente apresenta infiltrado inflamatório no perimísio. C, Miosite de corpos de inclusão, mostrando fibras musculares que contêm vacúolos marginados (setas). A B C 25/03/2016 5 C) Miopatias tóxicas: • Miopatia tireotóxica; • Toxinas animais (crotoxina); • Miopatia por etanol: Na forma severa, causa IRA devido a mioglobinúria. DOENÇAS NEUROMUSCULARES 3) Neoplasias Neoplasias benignas - Schwannomas: • Neoplasia de células de Schwann, bem delimitadas e com cápsula; • Raramente sofrem malignização; • Comumente localizados nos nas raízes dos nervos cranianos e raquidianos, podendo acometer também os trajetos mais periféricos; • Localização na porção vestibular do 8 nervo craniano: perda da audição; • Neurofibromatose familiar 2: schwannomas vestibulares bilaterais *Mutação no gene Merlin (e-caderina) DOENÇAS NEUROMUSCULARES Shwannoma Bainha perineural Endoneuro Fibras nervosas • Área Antoni A: área densa, com organização em paliçada nuclear - faixas alternadas de áreas nucleares e anucleares corpos deVerocay; • Área Antoni B: área frouxa, com células fusiformes ou ovaladas dispostas em um tecido conjuntivo vacuolizado. Schwannomas: Aspectos macro e microscópicos - Neurofibromas: • Células da bainha dos nervos: células de schwann neoplásicas + mastócitos, células semelhantes à fibroblastos e células semelhantes à células do perineuro; • Ocorrem em qualquer faixa etária; • Acometem frequentemente o trajeto periférico; • Tumores infiltrativos e mal-delimitados; • Altamente relacionados com neurofibromatose familiar tipo 1: herança autossômica dominante de mutações na neurofibromina (supressora tumoral), atividade de Ras (incidência 1:4000); DOENÇAS NEUROMUSCULARES • Tipos: Neurofibroma cutâneo localizado: nervos cutâneos; apenas as lesões múltiplas apresentam relação com NF1; Neurofibroma difuso: apresentam relação com NF1; as lesões podem coalescer, formando grandes nódulos subcutâneos; Neurofibroma plexiforme: apresenta relação com NF1 e risco real de transformação maligna; crescimento difuso no plexo nervoso; apresenta difícil ressecção cirúrgica danos neurológicos; DOENÇAS NEUROMUSCULARES Neurofibroma Bainha perineural Endoneuro Fibras nervosas Neurofibroma plexiforme: Aspectos macro e microscópicos • Tecido subcutâneo.; • Tecido fusocelular, com disposição frouxa das células, conferindo caráter ondulado. 25/03/2016 6 Neurofibroma plexiforme: Relato de caso em criança de 11 anos com NF1 Ver Bras Cir Plást 2011, 26(3): 546-9 Paciente diagnosticada com neurofibroma plexiforme e NF1 aos 3 anos de idade. *Diagnosticou-se NF1 pelos seguintes critérios: história familiar, manchas café-com-leite, neurofibromas e neurofibroma plexiforme. Ressecção do tumor em nervo mediano esquerdo Pré-operatório Pós-operatório Neurofibroma plexiforme: Relato de caso em criança de 11 anos com NF1 Ver Bras Cir Plást 2011, 26(3): 546-9 Neoplasias malignas - Tumor maligno da bainha do nervo periférico • Raro, mais comum em adultos; • 50% são derivados da transformação maligna de neurofibromas plexiformes: ~3-10% dos pacientes com NF1 desenvolvem um tumor maligno da bainha do nervo periférico ao longo da vida. - Rabdomiossarcoma: raros • Ocorrem em regiões com pequenas quantidades de ME normal: cabeça, pescoço, TGU; • Sarcoma mais comum da infância e adolescência; • Se originam do rabdomioblasto (célula muscular fetal); • Melhor prognóstico em crianças < 10 anos. DOENÇAS NEUROMUSCULARES
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