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18/02/2016 1 PATOLOGIAS DO TRATO GENITAL FEMININO CORPO DO ÚTERO, TUBAS UTERINAS E OVÁRIOS PROF. DR. SARA SANTOS BERNARDES ANATOMIA Endométrio: 2/3 superiores das glândulas e estroma respondem à hormônios ovarianos e sofrem modificações durante o ciclo menstrual: Estrogênio: Fase proliferativa; Progesterona: Diferenciação do tecido proliferado (fase secretora); Miométrio: Células musculares lisas. Contém os principais vasos e nervos do útero. CORPO DO ÚTERO • Endometrites: Pouco comuns, devido muco+células imunológicas que ocupam o canal endocervical; Importância clínica: endometrites agudas no pós-parto e aborto (E. coli, Estrepctococos, Estafilococos...) • Adenomiose: assintomática; presente em 1/5 das histerectomias Proliferação das células endometriais basais para o miométrio, bastante comum na perimenopausa; Induz hipertrofia reativa do miométrio: útero alargado; Pode ou não responder à estímulos hormonais do ciclo menstrual; Não passa por sangramento cíclico. CORPO DO ÚTERO • Endometriose: Presença de tecido endometrial (glândulas e estroma) fora do endométrio; Ocorre em 10-15% das ♀ em idade reprodutiva e em ~50% das ♀ inférteis; Tecido de endometriose: - Ativação da cascata inflamatória, com níveis de PGE2 e ativação da aromatase ( estrogênio); - É funcional.Ocorre sangramento cíclico. CORPO DO ÚTERO CORPO DO ÚTERO Localização: * * Peritôneo* Raramente acomete linfonodos pélvicos, pulmões, coração e tecido ósseo. Endometriose 18/02/2016 2 Patogenia: - Teoria da regurgitação/implantação: Refluxo menstrual através das tubas uterinas; implantação de endométrio via fluxo menstrual normal ovários, peritônio, canal vaginal e vulva; - Teoria metaplásica: diferenciação do epitélio celômico ovários e região pelve-peritônio; explica a endometriose em homens; - Teoria da disseminação vascular ou linfática locais distantes. CORPO DO ÚTERO As teorias se integram, e mais de uma via pode ocorrer em cada caso. Endometriose Aspectos macroscópicos: - Geralmente multifocal, acometendo diversas estruturas pélvicas; - Massas marrons-avermelhadas com 1-2 cm, que podem coalescer (“cistos de chocolate”,mais comuns nos ovários); - A presença de sangue nesse tecido leva à fibrose formação de aderências, com deformação de tubas uterinas e ovários; Aspectos microscópicos: - 2 das 3 características: (1) glândulas endometriais, (2) estroma endometrial, (3) presença de hemosiderina. CORPO DO ÚTERO Endometriose CORPO DO ÚTERO “Cisto de chocolate” (ovário) Múltiplos implantes (ovário) Endometriose Características clínicas: - Dismenorréia grave; - Dispareunia (serosa uterina); - Disúria (bexiga); - Dor ao defecar (reto); - Dor pélvica (hemorragia intrapélvica e aderências periuterinas); - Os sintomas podem ocorrer antes ou durante a menstruação. CORPO DO ÚTERO Endometriose • Hemorragia uterina disfuncional: Sangramento excessivo, prolongado ou intermitente, que ocorre entre ou durante a menstruação não relacionado à lesão orgânica do útero (estímulo hormonal inadequado sobre o endométrio); Causas: 1) Ciclo anovulatório (80%) – Comum nos dois extremos da idade reprodutiva: pós-menarca e perimenopausa - Estímulo estrogênico excessivo, com predomínio da fase proliferativa. Pode ocorrer por: (1) doenças endócrinas e disfunção hipotálamo-hipófise; (2) lesões ovarianas (puberdade: ovários policísticos); (3) subnutrição; (4) estresse físico e emocional. CORPO DO ÚTERO 2) Fase lútea inadequada: progesterona, prevalecendo a proliferação das glândulas endometriais, sem proliferação de estroma e suscetibilidade à ruptura; 3) Descamação irregular: Regressão retardada do corpo lúteo. Sangramento prolongado e abundante (~15 dias); CORPO DO ÚTERO Hemorragia uterina disfuncional 18/02/2016 3 Pólipo: - Reação hiperplásica focal das glândulas endometriais basais e do estroma, revestido por epitélio de superfície e com vasos de parede espessada; - Geralmente são únicos, com tamanho ~ 0,5-3 cm; - Mais frequentes no fundo do útero, e em ♀ > 40 anos; - Podem se projetar para a cavidade uterina; - Sintomas: sangramento anormal, antes ou durante período menstrual; - Baixo risco de malignização. CORPO DO ÚTERO Lesões proliferativas CORPO DO ÚTERO Pólipo Aspectos macro e microscópicos: CORPO DO ÚTERO Pólipo Pólipo parido, com superfície congesta e hemorrágica Hiperplasia endometrial: - Patogenia: Estímulo estrogênico anormalmente elevado e prolongado, com redução ou ausência de progesterona; - Causas: Obesidade, ovários policísticos, ciclos anovulatórios, tumores ovarianos funcionais (teca e granulosa), reposição hormonal; - Evolui lenta e progressivamente para quadro mais atípico, com potencial de transformação maligna: - Hiperplasia com atipia celular: 20-50% risco de adenocarcinoma; - Hiperplasia sem atipia: 5% risco de adenocarcinoma. CORPO DO ÚTERO - 20% apresentam inativação (mutação) de PTEN: proliferação e inibição da apoptose. *No adenocarcinoma, essa mutação é frequente; - Aspectos macroscópicos: endométrio espessado, muitas vezes com formações císticas; - Aspectos microscópicos: (1) hiperplasia simples – predomínio de estroma; (2) hiperplasia complexa – predomínio de glândulas, com ou sem a presença de atipias celulares. CORPO DO ÚTERO Hiperplasia endometrial CORPO DO ÚTERO Hiperplasia endometrial Aspectos macroscópicos: Hiperplasia cística - aspecto de “queijo suíço” 18/02/2016 4 CORPO DO ÚTERO Hiperplasia endometrial Aspectos microscópicos: A – Hiperplasia simples B – Hiperplasia complexa, sem atipias Adenocarcinoma de endométrio: - Quinto câncer mais frequente em ♀ ; raramente metastizam; - incidência nos EUA e Europa; - incidência em ♀ brancas; 1) Adenocarcinoma endometrióide (~80%): - Costumam ser bem diferenciados, com crescimento invasivo ou exofítico; - relação com HE (= faixa etária e fatores de risco), índice de mutações em PTEN (20-80%) e em genes de reparo de DNA. CORPO DO ÚTERO 2) Adenocarcinoma seroso (~15%): - incidência em ♀ idosas, pós menopausa; - Relação com mutações em p53; - atipias e agressividade: podem chegar à cavidade abdominal através das tubas uterinas. CORPO DO ÚTERO Adenocarcinoma de endométrio CORPO DO ÚTERO Adenocarcinoma de endométrio Adenocarcinoma endometrióide Adenocarcinoma seroso – necrose e hemorragia Aspectos macro e microscópicos: Miometrites: - secundárias às infecções na cavidade uterina (pós-parto / aborto); Leiomioma: - Neoplasia uterina mais comum (~30-50% ♀ > 30 anos); - incidência em ♀ negras; - Costumam ser múltiplos: a quantidade não influencia no risco de malignização; - Crescimento influenciado por hormônios ♀: gravidez e na menopausa; CORPO DO ÚTERO Miométrio CORPO DO ÚTERO Miométrio Leiomioma Subseroso Submucoso Submucoso pediculado Intramural - Costumam ser assintomáticos. Sintomas: menorragia, com ou sem metrorragia, sensação de compressão; - ~2% evoluem para sarcoma; - Localização: 18/02/2016 5 - Mioma submucoso: crescimento em direção à cavidade uterina (aspecto polipóide), podendo sofrer prolapso através do colo uterino Mioma parido; - Mioma subseroso: Pode extender-se à órgão vizinhos e ligar-se por aderência leiomiomas parasíticos. CORPO DO ÚTERO Miométrio Leiomioma CORPO DO ÚTERO Leiomioma Aspectos macro e microscópicos: CORPO DO ÚTERO Leiomiossarcoma: - ~1,5% das neoplasias uterinas (raro): células mesenquimais do miométrio; - incidência em♀ pós-menopausa; - Localização intramural, podendo acometer também o colo; - índice de metástase (pulmões) e recidiva: Sobrevida de 40% em 5 anos. Miométrio CORPO DO ÚTERO Leiomiossarcoma Aspectos macroscópicos: Lesão única, necrosada, hemorrágica e amolecida. TUBAS UTERINAS Salpingites: - Etiologia: microorganismos que causam infecção no trato genital inferior (Clamídia, Neisseria, Treponema e Micoplasma). *Pós- parto: coliformes fecais, Estafilocos e Estreptococos; Salpingite purulenta: - Na cura por reabsorção, pode ocorrer fibrose, com zonas de obstrução, aderência de pregas tubárias e de estruturas adjacentes; - O pus pode ser “lavado” e tornar-se incolor hidrossalpinge. * Salpingites crônicas: complicações na fertilidade e risco de gravidez ectópica. TUBAS UTERINAS Salpingites A- Piossalpinge B- Hidrossalpinge Aspectos macroscópicos: 18/02/2016 6 OVÁRIOS Cistos não neoplásicos: - Ocorrem devido alterações hormonais hipófise-ovário; - Causam hiperestrogenismo e hemorragia uterina disfuncional; - Cistos foliculares e luteínicos: o Ocorrem devido folículos não rotos ou fechamento cicatricial precoce no ponto de ovulação; o Múltiplos ou únicos, geralmente localizados na serosa; o Tamanho variável, preenchidos de conteúdo seroso, que pode ser discretamente hemorrágico. OVÁRIOS - Doença do ovário policístico: o Presença de múltiplos cistos foliculares de tamanhos variados, que produzem grandes quantidades de esteróides; o ~6-10% das mulheres em idade reprodutiva; o Mais frequente após a menarca e em ♀ adultas jovens; o risco de hiperplasia e carcinoma endometriais e carcinoma de mama: hiperestrogenismo; o Disfunção hormonal: androgênios, estrogênios, LH, FSH. OVÁRIOS Ovários policísticos Patogenia: Disfunção enzimática: androstenediona • estrogênio • Maturação folicular anômala, com progesterona androstenediona estrona estrogênio • Inibição de FSH • Liberação de LH 1 2 3 Hirsutismo, acne e alopécia anovulação1. androgênios 2. LH 3. Manutenção dos altos níveis de androgênios OVÁRIOS Aspectos macroscópicos: Ovários policísticos Numerosos cistos na cortical ovariana e espessamento do estroma. OVÁRIOS Neoplasias: - As neoplasias benignas são as mais comuns (80%); - Tumores boderline: baixo potencial de malignidade; - As neoplasias malignas representam o terceiro câncer mais incidente do trato genital feminino; - 50% da letalidade de câncer genital feminino, e quinta causa de morte por câncer em mulheres (diagnóstico tardio); - Fatores de risco: nuliparidade e não-uso de contraceptivos hormonais (ovulações múltiplas mutações no epitélio ovariano superficial), história familial (~7% dos casos; mutações em BRCA1 e BRCA2). OVÁRIOS - Classificação: Neoplasias * 1 2 18/02/2016 7 OVÁRIOS Neoplasias 1) Tumores do epitélio superficial (+ comuns): - Com a ovulação e as cicatrizes repetidas, o epitélio ovariano se torna aprisionado no estroma, formando pequenos cistos epiteliais metaplasia ou transformação neoplásica; - O epitélio ovariano é do tipo celômico (multipotente): diferenciação em epitélio tubário (serossecretor); endocervical (mucossecretor) ou endometrióide; - Tumores benignos geralmente são císticos; - Tumores malignos são císticos ou sólidos. OVÁRIOS Neoplasias - Tumores serosos (+ comuns): o Geralmente são bilaterais (60% malignos/ 20% benignos); o 60% são benignos, 25% malignos e 15% boderline: representam as neoplasias malignas mais incidentes nos ovários; o Os benignos acometem mulheres mais jovens (30-40 anos); o Tumores malignos: Baixo grau: surgem de lesões boderline. Frequentementente assosciados à mutações em BRAF. São bem diferenciados; Alto grau: Sem lesão precursora. Quase 100% apresenta mutação no p53. Apresentam crescimento rápido e são pouco diferenciados. OVÁRIOS Tumores serosos Aspectos macroscópicos: Cistoadenoma seroso de ovário: Parede fina, com face interna lisa e conteúdo seroso cristalino. Pode haver a presença de projeções papilares na face interna. OVÁRIOS Tumores serosos Aspectos macroscópicos: Cistoadenocarcinoma seroso de ovário: Parede com espessura irregular. Presença de projeções papilíferas internas e externas (invasão do estroma). Áreas de necrose. OVÁRIOS Neoplasias - Tumores mucinosos: o 80% são benignos; o Bilateralidade é menos frequente; o Os tumores malignos possuem melhor prognóstico que os tumores malignos serosos. Aspectos macroscópicos: Cistoadenoma mucinoso: massa cística multinoculada, com material gelatinoso. Geralmente são maiores que os tumores serosos. OVÁRIOS Neoplasias - Tumores endometrióides o O tumor maligno (adenocarcinoma endometrióide) é o segundo câncer de ovário mais incidente; o ♀ > 50 anos de idade; o Tem origem provável de focos de endometriose (25% apresentam endometriose); o 15-20% apresentam carcinoma de endométrio: gênese multifocal – ambos possuem mutações em PTEN. 18/02/2016 8 OVÁRIOS Neoplasias 2) Tumores de células germinativas: - Mais incidentes em jovens e crianças: idade probabilidade de malignidade; - Teratoma benigno maduro (+ comum): o Idade média: 32 anos; o 90% são unilaterais (lado direito); o Presença de tecido maduro derivado das três camadas germinativas: Mais comum – sebo, cabelos e dentes; Raro – cartilagem, osso, e epitélio brônquico; o Raramente sofrem transformação maligna; OVÁRIOS Teratoma maduro Aspectos macroscópicos: OVÁRIOS Tumores de células germinativas - Teratoma maligno imaturo: o Idade média: 18 anos; o São maiores, e apresentam foco de necrose, hemorragia e amolecimento; o Microscopicamente, é frequente a presença de tecido neuroectodérmico (neural primitivo). OVÁRIOS Teratoma imaturo Aspectos macroscópicos:
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