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RESUMO VITIMOLOGIA

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DIREITO PENAL II
Resumo: Vitimologia
Bacharelado em Direito.
Turno – Vespertino.
3º Semestre – 3TA.
Bárbara Mariana da Rocha Brasil
BREVES NOÇÕES DE CRIMINOLOGIA
Embora as definições de criminologia sejam diversas na doutrina, chega-se ao consenso de que é a ciência que investiga o crime do ponto de vista não normativo.
Ao definir criminologia, ANTONIO GARCÍA-PABLOS DE MOLINA explica: 
“... é uma ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa de estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime - contemplado este problema individual e como problema social -, assim como sobre programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem do delinquente"
 Mais do que o estudo da criminalidade, a criminologia é a ciência que analisa os crimes em seu contexto causal, tratando não somente do sujeito que pratica o delito, mas das razões sociais que o levam a tal prática, bem como dos efeitos do cometimento  da conduta antissocial. Vale ressaltar que o empirismo criminológico mencionado pelo estudioso supracitado é a característica que atribui à criminologia o status de ciência autônoma,  diferenciando-a do método clássico e dedutivo.
Enrico Ferri, considerado fundador da criminologia, explica a relevância do método empírico: 
“Para nós, o método experimental (indutivo) é a chave de todo conhecimento; para eles (os clássicos), tudo deriva de deduções lógicas e da opinião tradicional. Para eles, os fatos devem ceder seu lugar ao silogismo; para nós, os fatos mandam...; para eles, a ciência só necessita de papel, caneta e lápis, e o resto sai de um cérebro cheio de leituras de  livros, mais ou menos abundantes e feitos da mesma matéria. Para nós, a ciência requer um gasto de muito tempo, examinando os fatos um a um, avaliando-os, reduzindo-os a um denominador comum e extraindo deles a ideia nuclear. Para eles, um silogismo ou uma anedota é suficiente para demolir milhares de fatos conseguidos durante anos de observação e análise; para nós, o contrário é verdade."
 A importância do método empírico criminológico reside portanto na sua credibilidade enquanto instrumento de uma ciência, vez que não se limita a análises, críticas e repaginações de ideias jurídicas apresentadas por estudiosos antecessores, mas dedica-se ao estudo do crime fato a fato, para então encará-lo como patologia social constantemente mutável, para a qual devem ser desenvolvidas adequadas formas de controle. Na escola clássica a preocupação maior residia no conceito de justiça, o moderno estudo criminológico surgiu para analisar e ponderar acerca do homem criminoso e da vítima, estudando-os segundo suas características psíquicas e biológicas, para, a parti daí, desenvolver um panorama social do crime.
VITIMOLOGIA
Tendo origem nos estudos de Benjamin Mendelsohn na Romênia em 1947 e de Hans Von Hentig nos EUA em 1948 com seu livro “ The Criminal and his Victim” a Vitimologia é a ciência que estuda amplamente a relação vítima/criminoso no fenômeno da criminalidade.
Destaca-se nos dias atuais que a figura da vítima ganhou tamanha importância, não somente sob o ponto de vista do seu estudo como componente do crime, mas principalmente sob o prisma da sua proteção, que se faz necessário estudá-la separadamente.
Anteriormente considerada apenas um ramo da criminologia, atualmente a vitimologia tem sido aceita por alguns autores como ciência autônoma.
EDUARDO MAYR, a define como o estudo da vítima no que se refere à sua personalidade, quer do ponto de vista biológico, psicológico e social, quer sob o aspecto da sua proteção social e jurídica, bem como dos meios de vitimização, sua inter-relação com o vitimizador e aspectos interdisciplinares e comparativos.
É por tanto o estudo da vítima sob todos os aspectos, possuindo assim, um caráter multi e interdisciplinar.
BREVES CONCEITOS DE VÍTIMA:
	“Pessoa que sofre danos de ordem física, mental e econômica, bem como a que perde direitos fundamentais, seja em razão da violação de direitos humanos, seja por ato de criminosos comuns (Frederico Abraão de Oliveira).
	“Pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido danos, incluindo lesões físicas ou mentais, sofrimento emocional, prejuízo financeiro, ou tenham sido substancialmente afetadas em seus direitos fundamentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis referentes ao abuso criminoso do poder.” (ONU).
	Podem ser vítimas não apenas o homem individualmente, mas entidades coletivas como o Estado, Corporações, comunidades e grupos familiares.
	Criminologia: crime/criminoso. Vitimologia: vítima/criminoso (dupla penal).
TIPOS DE VÍTIMA:
a) Vítimas natas: indivíduos que apresentam, desde o nascimento, predisposição para serem vítimas, tudo fazendo, consciente ou inconscientemente, para figurarem como vítimas de crimes.
b) vítimas potenciais: são aquelas que apresentam comportamento, temperamento ou estilo de vida que atraem o criminoso, uma vez que facilitam ou preparam o desfecho do crime.
c) vítimas eventuais ou reais: aquelas que são verdadeiramente vítimas, não tendo em nada contribuído para a ocorrência do crime.
d) vítimas provocadoras: são aquelas que induzem o criminoso à prática do crime, originando ou provocando o fato delituoso.
e) vítimas falsas: simuladora, é aquela que está consciente de que não foi vítima de nenhum delito, mas, agindo por vingança ou interesse pessoal, imputa a alguém a prática de um crime contra si. Vítima imaginária: em decorrência de anomalia psíquica ou mental, acredita-se vítima da ação criminosa.
f) vítimas voluntárias: são aquelas que consentem com o crime.
g) vítimas acidentais: são as vítimas de si mesmas, que dão causa ao fato geralmente por negligência ou imprudência.
PROCESSOS DE VITIMIZAÇÃO: 
a) Vitimização primária: é aquela causada pelo cometimento do crime. Provoca danos materiais, físicos e psicológicos, e ocasiona mudanças de hábitos e alterações de conduta.
b) Vitimização secundária: é decorrente do tratamento dado pelas ações ou omissões das instâncias formais de controle social (Polícia, Judiciário, etc). Decorre do fato de ser a vítima, por vezes, tratada como suspeito. A vitimização secundária pode se apresentar mais grave que a primária, uma vez que, além dos danos causados à vítima, ocasiona a perda de credibilidade nas instâncias formais de controle. 
c) Vitimização Terciária: decorre da falta de amparo dos órgãos públicos e da ausência de receptividade social em relação à vítima.
O ART. 59, CAPUT DO CP E A APLICAÇÃO DA PENA.
Durante muito tempo, a vítima foi esquecida pelo Direito Penal, preocupando-se este, exclusivamente, com a imposição da pena.
Assim, a principal mudança deu-se com a reforma do Código Penal pelo advento da Lei n.º 7.209/84 que veio modificar a Parte Geral do Código Penal, cujo texto contido no Capítulo III – Da aplicação da pena, art. 59 caput, passou a estabelecer, in verbis:
“O juiz atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como o comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Diante do que discorre o artigo 59, caput, então passou a ser dever do magistrado na dosimetria da pena, analisar o comportamento da vítima (antes e depois do delito) como circunstância judicial na individualização da pena imposta ao acusado.
Nesse sentido, Celso Delmanto, explana: "O comportamento do ofendido deve ser apreciado de modo amplo no contexto da censurabilidade do autor do crime, não só diminuindo, mas também a aumentando, eventualmente. Não deve ser igual a censura que recai sobre quem rouba as fulgurantes joias que uma senhora ostenta e a responsabilidade de quem subtrai donativos, por exemplo, do Exército da Salvação’’(Código PenalComentado, 2000, p. 104).
DO CONSENTIMENTO
Dependendo do comportamento do ofendido, a conduta do sujeito ativo pode resultar em atípica e antijurídica. Uma situação importante de consentimento da vítima, e que deve ser analisada pelo magistrado é v.g., nos delitos sexuais, não é raro a contribuição, consciente ou inconsciente da vítima nesses tipos de delitos (atentado violento ao pudor e estupro).
José Eulálio Figueiredo de Almeida comenta: "O consentimento ou aquiescência da ofendida, insista-se, obtém nota de relevo nos crimes sexuais, desde que não tenha sido viciado, porque permite ao Juiz, diante da confirmação de tal circunstância, declarar a atipicidade da conduta do acusado ou a sua antijuridicidade. (...) Se, por outro lado, esse consentimento é evidente exclui-se não apenas a ilicitude, mas a tipicidade da conduta, isto é, não há delito a punir - nullum crimen sine culpa"
DA REPARAÇÃO
Em 1985, no Congresso da Sociedade Internacional de Defesa Nacional em Milão, foi aprovada a Declaração sobre os princípios fundamentais de justiça para as vítimas de delitos e do abuso de poder. A declaração recomenda que deverão ser tomadas medidas para aperfeiçoar e aquilatar a assistência social e reparação ao dano sofrido pela vítima. Essa declaração foi elaborada diante da necessidade de que sejam estipulados parâmetros e padrões nacionais e internacionais de proteção à vítima e prescreve diretrizes voltadas para que as vítimas recebam a assistência material, médica, psicológica e social que lhes for necessária.
 A  Declaração prevê ainda que os Estados devem procurar indenizar financeiramente as vítimas de delitos que tenham sofrido importantes lesões corporais ou prejuízos de sua saúde física ou mental como consequência de delitos graves, bem como a família das vítimas que tenham sido mortas ou ficado física ou mentalmente incapacitados como consequência da vitimização.
Modernamente, há que se destacar a Lei n.º 9.099/95 que se preocupou com a reparação do dano à vítima.
Comenta Luiz Flávio Gomes:
“... a lei 9.099/95, no âmbito da criminalidade pequena e média, introduziu no Brasil o chamado modelo consensual de Justiça Criminal. A prioridade agora não é o castigo do infrator, senão, sobretudo a indenização dos danos e prejuízo causados pelo delito em favor da vítima”. (GOMES, op. Cit., p. 430). 
Assim, a Lei propõe uma inversão, a pena privativa de liberdade como exceção para casos especiais, e maiores destaque para as penas alternativas.
A Lei enfoca a vítima direta ou indiretamente vária vezes com o intuito de participação ativa desta no processo, visando, pois, minorar os efeitos da vitimização secundária e, consequentemente, atingir um dos objetivos da vitimologia – a reparação do dano.
BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, José Eulálio Figueiredo de. Sedução: Instituto lendário do código penal. Disponível na internet: http://www.elo.com.br/~eulalio, pesquisa realizada em 12.06.2016.
DELMANTO, Celso. Código Penal Comentada. 5ª. ed. Rio de Janeiro, Renovar, 2000.
GOMES, Luiz Flávio. A vitimologia e o modelo consensual de justiça consensual. In: RT/Fasc v. 745, nov. 1997.
MAYR, Eduardo. Atualidades Vitimológicas. In: Vitimologia em debate. São Paulo: RT, 1990.
MENDELSOHN, Benjamin. Tipologias. Centro de Difusion de la Victimologia. Disponível na internet: www.geocities.com/fmuraro, pesquisa realizada em 12.06.2016.
MOREIRA FILHO, Guaracy. Vitimologia – o papel da vítima na gênese do delito. São Paulo: Editora Jurídica, 1999. 
MORAIS, Marciana Érika Lacerda. Aspectos da Vitimologia. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, VIII, n. 22, ago 2005. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=430>. Acesso em jun 2016.

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