Buscar

Laura Romeu Behrends - Movimento Ambientalista como Fonte Material do Direito Ambiental - Ano 2011

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 87 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Laura Romeu Behrends
ediFüCRS
MOVIMENTO AMBIENTALISTA 
COMO- FONTE MATERIAL DO 
DIREITO AMBIENTAL
o movimenio nmBiEninusin co m o 
fo nte mnTERim d o d ir e it o am biental
Pontifícia Universidade Católica 
do Rio Grande do Sul
Chanceler
Dom Dadeus Grings 
Reitor
Joaquim Clotet 
Vice-Reitor
Evilázio Teixeira
Conselho Editorial
Ana Maria Lisboa de Mello
Arm ando Luiz Bortolini
Bettina Steren dos Santos
Eduardo Cam pos Pellanda
Elaine Turk Faria
Érico João Hammes
Gilberto Keller de Andrade
Helenita Rosa Franco
Jane Rita Caetano da Silveira
Jerônim o Carlos Santos Braga
Jorge Cam pos da Costa
Jorge Luis N icolas A udy - Presidente
Jurand ir Malerba
Lauro Kopper Filho
Luciano Klockner
M arília Costa Morosini
Nuncia Maria S. de Constantino
Renato Tetelbom Stein
Ruth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRS
Jerônim o Carlos Santos Braga - Diretor 
Jorge Cam pos da Costa - Editor-Chefe
LAURA ROMEU BEHRENDS
o movimenio ambientalista como 
ronie mnTERim d o d ire ito ambiental
£
ediPUCRS
Porto Alegre, 2011
© EDIPUCRS, 2011
CAPA Daniel Motta Behrends 
REVISÃO DE TEXTO do Autor 
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Rodrigo Valls
£ edipuc
EDIPUCRS - Editora Universitária da PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 - Prédio 33 
Caixa Postal 1429 - CEP 90619-900 
Porto Alegre - RS - Brasil 
Fone/fax: (51) 3320 3711
e-mail: edipucrs@pucrs.br - www.pucrs.br/edipucrs.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B421m Behrends, Laura Romeu
O movimento ambientalista como fonte material do 
direito ambiental [recurso eletrônico] / Laura Romeu 
Behrends. - Dados eletrônicos. - Porto Alegre :
EDIPUCRS, 2011.
87 p.
Publicação Eletrônica
Modo de Acesso: <http://www.pucrs.br/orgaos/edipucrs/> 
ISBN 978-85-397-0117-9 (on-line)
1. Direito Ambiental. 2. Movimentos Sociais.
3. Proteção Ambiental. I. Título.
CDD 341.347
Ficha Catalográfica elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS.
TO D O S O S D IR E ITO S R E SE R VA D O S. P ro ib ida a rep ro du ção to ta l ou pa rc ia l, po r qu a lq ue r m e io ou p rocesso , e sp ec ia lm e n te po r s is tem as grá ficos, 
m icro fílm icos, fo tog rá fico s , rep rográ ficos, fo no g rá fico s , v ide og rá ficos . V eda da a m em orizaçã o e/ou a recu pe ra ção to ta l ou parcia l, bem com o a inc lu são de 
q u a lq ue r p a rte desta ob ra em qu a lq ue r s is tem a de p ro cessa m e n to de dados. E ssas p ro ib içõe s ap licam -se tam bém às ca ra c te rís tica s g rá ficas da ob ra e à sua 
ed ito ração . A v io la çã o do s d ire itos a u to ra is é puníve l com o c rim e (art. 184 e pa rág ra fos, do C ód igo Pena l), com pe na de prisão e m ulta , con jun tam e n te com 
busca e ap ree nsã o e ind en izaçõ es d ive rsa s (arts. 101 a 110 da Lei 9 .610, de 19 .02.1998, Lei dos D ire itos Au to ra is).
Dedico esta obra aos meus pais, tios e avós 
que tanto apoiaram e incentivaram o meu 
crescimento profissional.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus toda iluminação. Agradeço o meu tio José 
Alfredo, pelo conselho de cursar Direito, o ambientalista Augusto Car­
neiro, por ter me emprestado a maioria dos livros para a realização 
deste trabalho, o amigo Rogério Mongelos, por todos os conselhos, e 
o Professor Doutor Orci Bretanha Teixeira, pela sua orientação.
SUMÁRIO
Prefácio...................................................................................................9
1. APRESENTAÇÃO........................................................................ 10
Canção do exílio............................................................................... 13
2. HISTÓRIA DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA.......................14
2.1 Período colonial brasileiro...........................................................14
2.2 A evolução de um pensamento..................................................15
2.3 1970, o ano das modificações de atitudes............................... 17
2.4 Estocolmo, primeiro marco internacional..................................18
2.5 Agapan...........................................................................................21
2.6 1980, a década da conscientização ecológica.........................22
2.7 Rio 92, segundo marco internacional........................................28
2.8 COP 3 e o Protocolo de Kyoto..................................................29
2.9 Século XX, o período da inércia................................................30
2.9.1 Rio + 10, terceiro marco internacional......................31
O dia da Terra, o Grito da Terra...................................................34
3. O MOVIMENTO SOCIAL.............................................................35
3.1 A reflexão do homem diante do desconhecido........................35
3.2 O início do movimento social brasileiro - 1970:.........................37
3.3 O mundo unido, 1970; Estocolmo, primeiro marco internacional..40
3.4 Ano de 1980, a campanha ambientalista não para.................45
3.5 Constituição Federal brasileira de 1988.................................. 49
3.6 Reflexão e interesse: Rio 92, segundo marco internacional...51
3.7 Século XXI, período neutro........................................................ 54
Juramento de Henrique Luiz Roessler....................................... 58
4. LEIS, O MANIFESTO SE CONSUMA........................................ 59
4.1 Brasil, período colonial............................................................... 59
4.2 Anos de 1970: o caos virou lei....................................................61
4.3 As diretrizes pós-Estocolmo........................................................63
4.4 Década de 1980: novos rumos, novas perspectivas..................67
4.5 Década de 1990: prudência X progresso................................. 71
4.6 O futuro do meio ambiente após a Rio 92................................72
4.7 Século XXI: o ontem é a consequência do hoje......................75
5. CONCLUSÃO.................................................................................79
REFERÊNCIAS................................................................................. 81
PREFÁCIO
Devido às grandes modificações climáticas em nosso planeta, fi­
camos preocupados em como lidar com elas, o que está ocasionando 
tantas catástrofes e grandes alarmes, partidos em várias sociedades. É 
necessário sabermos quando e onde tudo começou, na história do Direito 
Ambiental, para conseguirmos entender os grandes prejuízos - e quan­
do começaram a gerar grandes repercussões - e através disso, revertê- 
los, podendo lidar da melhor maneira possível com a presente situação.
O movimento ambientalista inspira o sentimento de um povo re­
voltado com empresas que a cada dia abrem as portas e poluem cada 
vez mais o meio ambiente, sem culpa, sem remorsos, muitas vezes 
sem ter consciência das consequências de seu ato, pautado em um 
desejo de soberania.
1. APRESENTAÇÃO
O meio ambiente pede socorro. O homem observa a natureza e 
não se reconhece nela, a ponto de destruí-la sem culpa. Precisamos da 
natureza para sobreviver, dela tiramos nosso sustento, tanto na alimen­
tação quanto no social. A natureza é a fornecedora primária dos recursos 
essenciais para o desenvolvimento de qualquer projeto. Através dela, 
conseguimos o dinheiro para continuarmos crescendo; desmatamos 
para desenvolver o potencial da sociedade.
Quando olhamos para o passado e vemos grandes erros da hu­
manidade, ficamos horrorizados, mas logo justificamos, dizendo que a 
sociedade não era desenvolvida, ainda não possuía um conhecimento, 
um amadurecimento para tudo que colocava em prática, por isso os 
erros, as ignorâncias. Mas e hoje, quando os erros ainda persistem, e, 
às vezes, até mais graves? Será que a sociedade ainda não aprendeu 
como erro do passado?
Com as consequências atuais, percebemos, o crescimento, a ga­
nância, sempre por mais e mais, persistem; todos se solidarizam quando 
toneladas de peixes morrem nos rios, mas ninguém faz nada quando mais 
uma indústria abre as portas e começa com mais uma poluição atmosférica. 
Parece que precisamos de números, de situações catastróficas, para con­
seguirmos refletir sobre esse absurdo e tentar mudar uma realidade provo­
cada por nós, que se tornou uma prática cultural e que hoje é fundamental 
para nossa rotina. Não enxergamos outra solução, outro exercício que não 
seja desmatar, construir, progredir e, finalmente, obter o retorno: milhões de 
reais. Apenas paramos para pensar em outra proposta quando a natureza 
reage de forma negativa ao nosso ato, caso contrário prosseguimos sempre 
em linha reta sem olhar para outros horizontes.
Desta maneira, onde o mundo vai parar? É uma pergunta diária 
de qualquer homem, um pouco sensível, em relação a tudo o que está 
acontecendo. Por sorte, não são poucos os que se revoltam e lutam por 
justiça, por dias melhores. É nestes passos que o movimento ambien­
talista se desenvolveu, criou raízes e, hoje, tanto jovens como adultos, 
protestam para que a natureza seja protegida e suas, raridades preser­
vadas. Um exemplo disto é o Greenpeace, e tantas outras ONGs, com 
propostas incríveis para a preservação da natureza.
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
Todo esse evoluir está sendo possível porque a sociedade está 
presente constantemente na busca da harmonia, da evolução de todo 
um contexto social. Conforme Toennies, "sociedade é o grupo derivado 
de um acordo de vontades, de membros que buscam, mediante o vínculo 
associativo, um interesse comum impossível de obter-se pelos esforços 
isolados dos indivíduos”. Para que todo o objetivo seja alcançado é ne­
cessária uma estrutura fundada em propósitos positivos. A interpretação 
organicista da sociedade pode ser explicada por duas teorias, a teoria 
orgânica e a teoria mecânica; através delas, obtêm-se respostas e so­
luções para problemas passados, possibilitando-nos lidar positivamente 
com fatos futuros, sem a criação de barreiras para a evolução.
Através da sociedade criamos os movimentos sociais, que repre­
sentam a luta constante de um povo em busca de melhorias para toda a 
humanidade, porque a sociedade é forma e ordem, ou seja, a base para 
que a comunidade consiga atingir os objetivos propostos.
Tudo que é importante para a sociedade vira lei, por isso, desde 
1916, com o Código Civil Brasileiro, já apresentava sinais de preocupa­
ção com o meio ambiente, dispondo no seu antigo Artigo 5841 sobre "a 
proibição de construções capazes de poluir ou inutilizar para o uso ordi­
nário a água de poço ou fonte alheia”. Nesta época ainda não se falava 
em ambientalistas, mas sim em ecologistas; eram pessoas preocupadas 
com os maus-tratos dados aos animais. Os primeiros ecologistas são 
dos EUA. Não havia um defensor global, mas sim grupos, cada um com 
tipos de defesas diferentes. Os que protegiam a vegetação, os que pro­
tegiam os animais, os que protegiam a água.
Como a matéria não se desenvolveu de maneira global, o Código 
Civil de 1916 a apresentava de forma não aprofundada nem específica, 
porque o tema ainda não alcançava as proporções que hoje se tem. Por 
ser vista como infinita, a natureza era usada de qualquer forma; não se 
tinha cuidados específicos para a utilização dos recursos, árvores eram 
cortadas sem ser repostas, animais eram mortos por hobby de caçadores, 
as poluições de fábricas não eram medidas, não havia controle. Para que 
uma fiscalização se o bem é interminável? Não existia essa necessidade.
O movimento ecológico é aquele responsável pela melhoria da 
qualidade de vida da geração presente, e pela garantia desta para as 
gerações futuras. "Foi através deste pensamento prático que na década
1 Constituição Federal, Código Civil e Código de Processo Civil. 8a. Edição. Porto Alegre: 
Verbo Jurídico, 2007.
11
Laura Romeu Behrends
de 20”,2 foi criado por um órgão federal, o Serviço Florestal, para que 
houvesse a conservação da natureza. Esse foi um marco histórico por­
que, a partir dele, foram originados outros movimentos, proporcionando 
a criação de novas instituições, possibilitando a conscientização de novas 
pessoas rumo à preservação ecológica. A Sociedade de Amigos das Árvo­
res é um exemplo disto. Criada em 1930 por Alberto Sampaio, essa socie­
dade convocou a primeira conferência brasileira de proteção à natureza.
Ao passo do desenvolvimento, várias instituições governamentais 
e não governamentais foram criadas em prol do meio ambiente. Mas o 
que unificou todo o movimento foi o Roessler.3 Conforme Augusto Carnei­
ro, ambientalista gaúcho, ele é o fundador da ecologia política no Brasil. 
Uma de suas frases de grande impacto foi "a história universal comprova 
que os povos que se desfizeram de seus recursos naturais, cujo maior 
é a floresta, empobreceram, se tornaram escravos e desapareceram do 
mundo”.4 Ele nos quis dizer, com essas sábias palavras, que, quando o 
homem desmata, justificando o ato por causa do progresso, ele está se 
matando, porque se for destruído o essencial, o complemento fica de fora.
O caminhar que fizemos no passado é o mesmo do presente, 
não regredimos em nada, pelo contrário, cada vez mais andamos acele­
radamente para frente; a tecnologia nos fascina, o desenvolvimento nos 
persegue. Esse pensar não é errado, porque o ser humano é curioso, 
mas devemos utilizar toda a nossa racionalidade prudentemente, e isso 
começa a se tornar presente quando a natureza se manifesta mostrando 
ao homem seu caminhar torto.
2 MARCONDES, Sandra Amaral. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005.
3 CENTENO, Ayrton Roessler: O primeiro ecopolítico. Porto Alegre: JÁ, 2006.
4 Entrevista Augusto Carneiro.
12
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Minha terra tem palmeiras,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite - 
Mais prazer encontro eu lá; 
Minha terra tem palmeiras,
Onde Canta o sabiá.
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores 
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o sabiá.5
5 DIAS, Gonçalves. Coleção Nossos Clássicos. Poesia. 9. Rio de Janeiro: Agiar, 1979 p.11
13
2. HISTÓRIA DO MOVIMENTO AMBIENTALISTA:
2.1 - Período colonial brasileiro:
A formação cultural do Brasil é consequência da colonização por­
tuguesa; a percepção que se tinha era de uma natureza infinita; perante 
essa ideia, iniciou-se o processo de exploração territorial. Sem ter pre­
ocupação com os outros habitantes da região, tais como passarinhos, 
araras, coelhos... a natureza foi degradada e transformada. Essa base 
negativa influenciou as futuras gerações brasileiras, porque continuam 
desmatando e desrespeitando todo um ecossistema, com o intuito de 
proporcionar a todos melhores condições de vida, gerando empregos e 
lucros para o governo.
A maior parte da agressão contra a Natureza, em todo 
o mundo, tem origem na exploração irracional da ter­
ra, que começa com a apropriação injusta e a do Bra­
sil é a mais injusta de todas.6
O deslumbramento de conhecer uma nova terra e explorar suas 
riquezas encantou demais os velhos aventureiros, a ponto de anularem 
os moradores das terras e se intitularem donos,7 para terem a possibili­
dade de explorar sem medo do revés. Aignorância era tanta que tinham 
a plena convicção de que a natureza renascia: a cada árvore cortada, 
outra surgia naturalmente. Os colonizadores não conheciam a terra, nem 
tiveram a chance de conhecê-la.
6 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.100.
7 Em 22 de abril de 1500 chegavam ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares 
Cabral. À primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte e chamaram-no de Monte 
Pascoal. No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil. Após deixarem o local em direção 
à Índia, Cabral, com a incerteza de que a terra descoberta era um continente ou uma grande ilha, 
alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após exploração realizada por outras expedições portuguesas, 
foi descoberto que se tratava realmente de um continente, e novamente o nome foi alterado. A nova 
terra passou a ser chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, 
ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil. 
SUA PESQUISA disponível em: <http://www.suapesquisa.com/historia/descobrimentodobrasil/> 
Acesso em: 20 Ago. 2009.
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
2.2 - A evolução de um pensamento:
No século XVII, a preocupação com a natureza já se estabelecia, 
porque através dela era possível observar as mudanças de todo um meio 
físico. O desmatamento descontrolado era uma das transformações mais 
visíveis, pois é capaz de mudar todo um ciclo de vida de uma determinada 
região; pássaros migram por não ter mais seus ninhos, consequentemente, 
toda uma cadeia alimentar a partir das aves se modifica por não encon­
trar mais, naquela região, o que dependia para sobreviver. Neste período, 
não existia uma estimativa das consequências dos atos praticados, por isso 
estudiosos, notando as modificações, se dedicam ao tema ambiental. No 
Brasil, Frei Vicente Salvador é um destes, com o seguinte pensamento:
Pois o pau-brasil não era uma árvore qualquer, mas 
sim o primeiro elemento da natureza brasileira, possí­
vel de ser explorado em larga escala, para benefício 
do mercantilismo europeu.8
O melhor que o homem pode fazer, para seu benefício, é preser­
var o que é seu, é evoluir, se desenvolver, para que seus atos não se 
tornem catástrofes futuras. A natureza possui características próprias; se 
não fosse o homem com rapidez modificá-la, ela própria se transformaria 
por causa dos efeitos naturais criados por ela mesma. O ser humano 
agiu rápido, com derrubadas de árvores, com queimadas, aterramento 
de banhados, fez surgir num breve espaço de tempo uma natureza sem 
vida. Onde havia pássaros, agora só restavam campos imensos. Devido 
à grande derrubada de árvores eles rumaram em busca de um habitat 
parecido com o anterior em que viviam.
Em 1939, no auge da navegação fluvial no Rio Grande 
do Sul, um desconhecido funcionário da Capitania dos 
Portos, setor do Rio dos Sinos, São Leopoldo, Henri­
que Luis Roessler, começou a se interessar pela defe­
sa da Natureza, de forma pioneira no Brasil, intervindo 
na caça, pesca, desmatamento, poluição e fazendo 
Educação Ambiental através de boletins.9
8 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 22.
9 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.15.
15
Laura Romeu Behrends
A terra modificada possibilitou que a agricultura se apossasse do 
espaço, virando grandes campos de plantações; para que a semente vin­
gasse eram utilizadas substâncias químicas, pois eram muito eficazes no 
combate a pragas de insetos, devido ao alto índice de desequilíbrio am­
biental. Animais antes importantes para a biodiversidade10 começaram a 
se tornar uma ameaça, e atitudes como criações de venenos, principal­
mente o DDT,11 foram utilizadas no combate de enfermidades.
Tornou-se uma atitude perigosa a utilização de venenos nas plan­
tas, mas ao mesmo tempo decisiva para o homem; caso não combates­
se as pragas, morreria por causa delas. O surto de mosquitos causador 
da malária foi uma epidemia mundial e até hoje existente na África.
Se antes era motivo de preocupação, virou realidade. 
A vida se modificou com preventivos de pragas na na­
tureza, acabando com certas espécies de vida animal. 
O homem também sente esses maléficos efeitos que 
ele mesmo compôs. Almejando lucros, destruiu a na­
tureza e alterou seu mundo.12
Durante o século XX, o mundo viveu uma fase de crescimento, 
em que o desmatamento e a despreocupação com o meio ambiente re­
presentavam o desenvolvimento para o progresso. "Isso porque, a po­
luição era vista como um mal necessário” .13 Com o grande avanço do 
descaso com a biodiversidade, e os seus efeitos começando a atingir o 
homem, foi neste momento, na década de 1970, que o mundo começou 
a se preocupar com danos causados pela poluição.
10 É a diversidade da natureza viva. Este uso coincidiu com o aumento da preocupação com a extin­
ção, observado nas últimas décadas do Século XX. Pode ser definida como a variedade e a variabili­
dade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela 
pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comuni­
dade, espécies, populações e genes em uma área definida. BIODIVERSIDADE. in WIKIPÉDIA. 2009. 
Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Biodiversidade> Acesso em 23 Ago. 2009.
11 É o primeiro pesticida moderno largamente usado após a Segunda Guerra Mundial para o com­
bate dos mosquitos causadores da malária e do tifo. Trata-se de inseticida barato e altamente efi­
ciente a curto prazo, porém a longo prazo, de acordo com a bióloga norte-americana Rachel Carson, 
que denunciou em seu livro Primavera Silenciosa que DDT causava doenças como o câncer e 
interferia na vida animal causando por exemplo o aumento de mortalidade dos pássaros. DDT. in 
WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/DDT> Acesso em 23 Ago. 2009.
12 CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
13 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p.131.
16
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
2.3 - 1970, o ano das modificações de atitudes:
Na década de 70, não existia o termo "Direito Ambiental”, pois ele 
significa, "o conjunto de normas e princípios tendentes à preservação do
meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade
de vida”.14 Segundo Augusto Carneiro, o que existiam eram ecologistas.15
O movimento conservacionista surgiu de uma ideia 
nova: a Ecologia, e, em sua forma e filosofia atuais, 
é muito recente. O que é novo, é a crise ambiental e, 
quando esta começou a se tornar explícita e generali­
zada, aparecem os idealistas que compreenderam que 
a luta seria global e que teriam que entrar em ação.16
Os estudos, nesta época, eram realizados separados por dife­
rentes esferas da natureza. A defesa mais em voga se realizava em prol 
dos animais, porque estes eram muito maltratados; um dos maiores de­
fensores dos animais foi o norte-americano Henry David Thoreau. A im­
prudência e o descaso fizeram com que, nessa época, existissem muitos 
caçadores que praticavam atrocidades com animais indefesos, só por 
mero prazer. "Os animais eram tratados com a maior estupidez, com a 
maior monstruosidade”.17
No Brasil, Henrique Luis Roessler é um dos primeiros ambien­
talistas, ele defende os animais, as plantas e faz a primeira campanha 
para a diminuição da poluição. Por ser tão presente e preocupado com 
as atitudes das pessoas, se tornou um alvo fácil diante dos outros, tanto 
que uma destas um dia lhe enviou um pacote pelo correio, em que constava 
um pedaço de polenta com 11 cabeças depassarinhos e um bilhete anô­
nimo, dizendo: "Seu burro, convença-se de que a luta só terminará quando 
morrer o último passarinho”.18
14 SILVA, De Plácido. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.463.
15 Ecologia designa a ciência que estuda as relações dos seres vivos com o meio ambiente. 
SILVA, De Plácido. Vocabulário juríd ico. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p.505.
16 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.17.
17 Entrevista realizada com Augusto Carneiro no dia 21 de Janeiro de 2009.
18 CENTENO, Ayrtin. Roessler: O primeiro ecopolítico. Porto Alegre: Já, 2006, p.67.
17
Laura Romeu Behrends
2.4 - Estocolmo, primeiro marco internacional:
O ano de 1970 é marcado pelo agravamento dos problemas am­
bientais, pois é o período das grandes transformações no mundo. Re­
aliza-se em 1972, a Conferência de Estocolmo, com o objetivo de criar 
novas políticas de gerenciamento ambiental. "Por força das denúncias 
e debates sobre o assunto, a ONU promoveu em 1972, em Estocolmo, 
uma reunião mundial”.19
A conferência gerou uma declaração de princípios 
concernentes a questões ambientais, estabeleceu um 
plano de ação mundial, pelo qual convoca todos os pa­
íses, os organismos das Nações Unidas e todas as or­
ganizações internacionais a cooperarem para a busca 
de soluções para uma série de problemas ambientais.20
Nesta conferência, o Brasil se mostrou muito confiante em rela­
ção as suas ideologias, mostrando-se intransigente perante os outros 
Estados participantes deste encontro. O país estava tão certo de suas 
atitudes que não se importava com as consequências da sua irrespon­
sabilidade; na Conferência, a delegação brasileira se pronunciou assim:
O Brasil prefere ter um ar menos puro, um solo menos 
puro, águas menos puras, mas uma indústria que dê 
condições econômicas ao povo e ao governo para se 
desenvolver.21 A única preocupação que a política bra­
sileira tinha, era de, não ficar aquém dos países de­
senvolvidos. Um caso exemplar foi a mortandade de 
peixes na Ponta do Hermenegildo. A Borregaard nos 
anos 70, é um símbolo do descaso com o ambiente.22
19 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.18.
20 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p.189.
21 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 65.
22 BONES, Elmar. Pioneiros da Ecologia: breve história do movimento ambientalista do Rio Gran­
de do Sul. Porto Alegre: Já, 2007, p. 35.
18
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
A conferência deu origem ao Programa das Nações Unidas para o 
Meio Ambiente,23 que estimulou a ONU24 a promover regras internacionais 
para a proteção do mesmo. O programa criado pela conferência de Esto­
colmo tem o objetivo de coordenar as ações internacionais de proteção ao 
meio ambiente. Este programa tem um significado muito grande para todo o 
mundo, porque ele fez com que diversos países poluentes criassem consci­
ência e adotassem métodos de preservação ao ecossistema, não deixando 
que, com isso, suas produções diminuíssem, muito menos seus lucros.
O planejamento racional constitui importante tema na 
Declaração de Estocolmo, pois é por meio de ações 
planejadas que se podem verificar os impactos am­
bientais decorrentes e estabelecer as necessárias 
medidas para evitar a ocorrência de danos.25
Um exemplo desta grande conquista é justamente o Brasil; mesmo 
contrariado com as propostas recebidas em Estocolmo, mais tarde se cons­
cientiza da importância de sua terra e adota métodos antipoluentes. "Sirkis 
afirma que o início do movimento ecopolítico no Brasil foi marcado pelo epi­
sódio da árvore em que, a 25 de janeiro de 1975, o estudante Carlos Dayrell 
nela subiu, impedindo sua derrubada”.26 O mais recente sistema adotado foi 
no Nordeste, obtendo seu primeiro Centro27 de Regeneração de CFC, onde 
ocorrerá a purificação de gás que danifica a camada de ozônio e agrava o 
efeito estufa. Estocolmo foi o marco das mudanças em todo o mundo, esti­
mulando a criação de novos sistemas ecológicos e atitudes preventivas.
Independente da posição adotada pelo Brasil na con­
ferência, o fato é que, logo após essa reunião, o presi­
23 O PNUMA, estabelecido em 1972, é a agência do Sistema ONU responsável por catalisar a ação 
internacional e nacional para a proteção do meio ambiente no contexto do desenvolvimento susten­
tável. Seu mandato é prover liderança e encorajar parcerias no cuidado ao ambiente, inspirando, 
informando e capacitando nações e povos a aumentar sua qualidade de vida sem comprometer a 
das futuras gerações. ONU-BRASIL. Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/agencias_pnu- 
ma. php> Acesso em: 27 Ago.2009.
24 A Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada oficialmente a 24 de Outubro de 1945 em 
São Francisco, Califórnia, por 51 países, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. ONU-BRASIL. 
Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/agencias_pnuma. php> Acesso em: 27 Ago.2009.
25 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, p.34.
26 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 92.
27 PNUD. Disponível em: <http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/index.php?lay=mam> Acesso 
em: 27 Ago. 2009.
19
Laura Romeu Behrends
dente da República Emílio Garrastazu Médici assinou 
o Decreto n° 73.030, em 30 de outubro de 1973, que 
institui a Secretaria Especial do Meio Ambiente e o 
uso racional dos recursos naturais no Brasil.28
Esse decreto fez com que milhares de brasileiros mudassem suas 
atitudes, beneficiando, assim, o meio ambiente. Sua importância reside 
no fato de que, a partir dele, foram criadas dezoito estações ecológicas, 
que totalizaram 3,2 milhões de hectares protegidos. Hoje, a Secretaria 
Especial é conhecida como Ministério do Meio Ambiente; foi criada no 
governo de Itamar Franco, em 19 de outubro de 1992, e
Tem como missão promover a adoção de princípios 
e estratégias para o conhecimento, a proteção e a 
recuperação do meio ambiente, o uso sustentável 
dos recursos naturais, a valorização dos serviços 
ambientais e a inserção do desenvolvimento sus­
tentável na formulação e na implementação de po­
líticas públicas.29
Quando muitos não tinham mais esperanças, já determinando o 
dia do fim, os seres humanos foram prudentes em seus atos e lideraram a 
marcha para o progresso. "Eles previram isso porque as agressões eram 
crescentes, mas de repente nasceu o movimento ecológico que pede aos 
governos que criem leis restritivas e as leis evitaram isso”.30 Notado o 
grande desespero, o homem se une e vence. Através de pequenos atos a 
sociedade superou obstáculos, criou leis e fundou instituições.
Os nossos movimentos, em quase todas as manifesta­
ções, são essencialmente políticos. Havendo contínua 
atividade ecológica, principalmente reivindicatória, ela 
é sempre política e geralmente positiva.31
Um dos objetivos da manifestação ambientalista é a recuperação 
de espaços degradados; são com atitudes que os resultados positivos
28 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p.190.
29 AMBIENTE Disponível em: <http://www.ambiente.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo. 
monta&idEstrutura=88> Acesso em: 29 Ago. 2009.
30 Entrevista realizada com Augusto Carneiro no dia 21 de Janeiro de 2009.
31 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.31.
20
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
são conquistados. Sempre que há conscientização, os impactos negati­
vos são reduzidos; por isso os efeitos aparecem em grande escala.
O Instituto Florestal foi criado em 26 de janeiro de 
1970 pelo Decreto n° 52.370. Tementre seus objeti­
vos a proteção, a pesquisa, a recuperação e o mane­
jo da biodiversidade e do patrimônio natural e cultu­
ral a ela associados.32
Este instituto sediado em São Paulo foi pioneiro no país, pois 
criou mecanismos avançados para a preservação do meio ambiente, 
sendo seus estudos e tecnologias repassados para a esfera federal. 
Instituto que possui até hoje atividades ligadas à pesquisa e meios de 
desenvolvimento para melhor adequação de nossos avanços científicos, 
sem prejudicar o meio físico.
No dia 29 de abril de 2009, foi aprovado o Plano33 de Manejo de 
Estação Ecológica de Assis.
2.5 - Agapan:
No Rio Grande do Sul, no dia 27 de abril de 1971, em Porto Alegre, 
foi criada a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), 
sendo seu principal fundador José Lutzenberger, para a "conscientização 
ecológica e a luta, por meio de todos os meios legais possíveis, pela pre­
servação do patrimônio natural”.34 Ter lógica em seus atos, respeitar o pró­
ximo e ser apaixonado pelos encantos da sua terra são atitudes básicas 
de um povo consciente e idealizador de um futuro melhor.
Assim, no curso de todas as culturas humanas, mais 
cedo ou mais tarde, surgem as tendências de prote­
ção ativa da Natureza; um povo que se descuidasse
32 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 191.
33 É uma atualização do Plano original elaborado em 1995, ao qual foram agregadas informações 
detalhadas sobre os solos e a fauna, para os quais as informações originais eram deficientes. Para 
esses levantamentos, o Instituto Florestal contou com recursos de compensação ambiental da ATE 
- Transmissora de Energia S/A. IFLORESTAL Disponível em: <http://www.iflorestal.sp.gov.br/noti- 
cias/news10.asp> Acesso em: 30 Ago. 2009
34 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 193.
21
Laura Romeu Behrends
desse elemento, teria falta de um requisito essencial 
da verdadeira cultura humana total, e indigno da terra, 
como que a pródiga mão do Criador o presenteou.35
Henrique Luis Roessler, há 42 anos, advertia que o problema do 
desmatamento descontrolado era a contínua mudança de ministros, es­
colhidos por causa de alianças partidárias e não por terem competência 
para o exercício de suas atividades. O povo liderado por um ambienta­
lista ferrenho, José Lutzenberger, fez a diferença para os gaúchos, mos­
trando-lhes os problemas ambientais, obtendo, assim, a conscientização 
de muitos para a sua proteção da natureza. A Agapan tornou a luta mais 
efetiva e de forma justa fez com que o futuro de toda uma nação não 
ficasse apenas na palavra, e sim que acontecesse de fato. "A história 
Universal comprova que os povos que se desfizeram de seus recursos 
naturais, cujo maior é a floresta, empobreceram, se tornaram escravos e 
desapareceram do mundo”.36
A responsabilidade proporcionou o surgimento de novas gera­
ções. Fica claro que, quando o povo é unido, fatos supostamente im­
possíveis tornam-se possíveis, e foi justamente isso que aconteceu na 
sociedade brasileira. No mesmo passar, demonstrando sua angústia a 
cada árvore cortada, e quanto a cada animal indefeso sendo caçado, 
sem ninguém que os protegesse, o homem fez com que direitos antes 
ignorados fossem observados pela sociedade.
2.6 - 1980, a década da conscientização ecológica:
A conscientização ecológica marcou os anos 80. Nesse período 
foi necessária a implantação de uma instituição de planejamento am­
biental. Por existirem tantas modificações no mundo, não era suficiente 
apenas ter um controle do que cada país fazia, foi necessária a criação 
de um planejamento para que os impactos negativos fossem minimiza­
dos. "Ler, ler e ler é a solução inicial, só assim poderemos combater os 
políticos indiferentes ou inimigos declarados”.37
35 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p.79.
36 CENTENO, Ayrton. Roessler, o primeiro ecopolítico. Porto Alegre: Já, 2006.
37 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 57.
22
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
Nessa década surge o termo reciclagem: "reciclar é economizar 
energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo o 
que é jogado fora”.38
O crescimento descontrolado causou o desequilíbrio ecológico; a 
prepotência e a ganância das pessoas fizeram com que ignorassem os 
aspectos desfavoráveis.
Os primeiros sinais dados apareceram nos anos de 1980, com o 
aquecimento global, a chuva ácida, a desertificação e o buraco na camada 
de ozônio. Em meio a tantos problemas, o Brasil enfrentava manifesta­
ções de seu povo, para conquistar a democratização no país. Esta con­
quista fez com que a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente entrasse 
em vigor, em 1981, no governo de Fernando Collor de Mello.
O período de 1980 é o ápice das manifestações populacionais, 
devido ao grande tempo de censura vivido pelos brasileiros na fase da 
ditadura, dos anos de 1960 e 1970. "Nós não negamos a miséria do 
povo, com a qual o governo convive tão bem, como também convive 
apaticamente com a destruição da Natureza e com a poluição”.39 O movi­
mento ambientalista torna-se não mais uma manifestação desesperada, 
atuada por uma população em prantos, vendo seu fruto partido; ago­
ra, significa a colheita dos louros plantados em décadas passadas. São 
grupos unidos desenvolvendo trabalhos de conscientização através de 
ações comunitárias, para a inclusão de uma geração com a outra.
A legislação ambiental é a consequência dos movimentos hu­
manos, em prol da natureza. Antes da Constituição Federal, uma das 
leis que regiam a proteção ambiental era a Lei 6.938, de 31 de agosto 
de 1981, que dispõe sobre a Política e o Sistema Nacional do Meio Am­
biente. Para a complementação da lei eram utilizados o Código Florestal 
e o Código das Águas, entre outros. A Lei maior de 1981 teve grande 
significado no início da década de 80; “propôs as primeiras ações civis 
públicas”. Nessa época, não existia nenhuma lei que disciplinasse essa 
ação, por isso, "só mais tarde em 1985, com a Lei 7.347, é que as ações 
públicas passaram a ser utilizadas com eficácia”.40
Nosso movimento ecológico não é contra a indústria, 
mas devemos pensar na função social das indústrias e
38 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 201.
39 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 59.
40 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. São Paulo: Saraiva, 2009, p.15.
23
Laura Romeu Behrends
ver que poluição e progresso não são a mesma coisa. 
Poluição não é sinônimo de progresso; chegou a hora 
de se criarem novos conceitos de desenvolvimento. 
A poluição não devia ser sinônimo de progresso, pois 
sabemos que a poluição é controlável, e, quando você 
não controla a poluição, você está transferindo essa 
poluição para a comunidade global.41
Dia 5 de outubro de 1988, no governo de José Sarney, foi promul­
gada a Constituição Brasileira, trazendo no seu corpo textual um capítulo 
inteiro dedicado às questões ambientais. No parágrafo 1° do artigo 225 
enumera os deveres do Poder Público, sendo o inciso VI o mais interes­
sado na continuação da preservação da natureza: "Promover a educa­
ção ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública 
para a preservação do meio ambiente”.42
A Constituição Federal é o resultado da conquista do povo. 
Quando há um manifesto existe a esperança de que ele seja ouvido e, 
principalmente de que o problema seja solucionado. O descaso com a 
natureza representou uma atrocidade tão grande que a justiça foi feita. A 
maior felicidade de um manifestante foi dada na promulgação da Cons­
tituição Federal, e isso significa quea luta não foi em vão, os desejos 
de reparação foram ouvidos, respeitados. "A vida humana depende dos 
demais seres vivos para se manter neste planeta. Somos apenas um elo 
da cadeia biológica”.43 A natureza é vista como uma só; o respeito por ela 
se estabiliza; não podemos separar uma coisa da outra, porque somos 
fruto de sua própria criação. Preservação consiste no respeito de cada 
um diante daquilo que indiretamente lhe pertence. Não somos dono do 
universo, foi-nos permitida a sua utilização com prudência, e não para 
causarmos a sua destruição.
A vida é um privilégio de todos, não podemos ser egoístas a 
ponto de não enxergarmos o que está do nosso lado. "Na Amazônia 
vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no 
planeta”.44 É a maior floresta tropical do mundo. O desrespeito que até 
hoje se tem, é devido ao mesmo pensamento da colonização, a terra é
41 FELDMANN, Fábio, advogado das vítimas de Cubatão. Audiência Pública da CMMAD, São 
Paulo, 1985.
42 Política Nacional de Educação Ambiental - Lei n° 9.795/99.
43 Edward Wilson. MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005.
44 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 209.
24
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
imensa, nunca se acabará. Precisamos viver dignamente para evoluir, 
assim, podendo evoluir para viver.
Será, então, que a Amazônia representa o equilíbrio da biodiversi­
dade na Terra? Essa pergunta começou a ser questionada na década de 
1980, quando as primeiras modificações climáticas foram sentidas; por cau­
sa do desmatamento, o nível de carbono aumentou na camada de ozônio, 
propiciando um ar impuro, resultando em diversas doenças respiratórias. O 
Brasil, quando descoberto, era como os portugueses diziam, um Éden, ao 
passo que em Portugal já se tinha uma cidade evoluída, já modificada pelo 
homem. O Brasil então se torna a esperança de vida para o planeta. Apesar 
da degradação sofrida, ainda representa a base da existência.
Na Amazônia vivem e se reproduzem mais de um 
terço das espécies existentes no planeta. Ela contém 
um quinto da disponibilidade mundial de água doce 
e um patrimônio mineral não mensurado. A Amazô­
nia possui o maior rio do mundo, tanto em extensão 
quanto em volume de água, o Amazonas.45
A Mata Atlântica é outro alvo fácil, "ocupando 5% de territoriali­
dade original, exerce influência positiva para mais de 80% da popula­
ção brasileira”.46
Nas cidades, áreas rurais, comunidades caiçaras e 
indígenas, ela regula o fluxo dos mananciais hídricos, 
assegura a fertilidade do solo, controla o clima e pro­
tege escarpas e encostas das serras, além de preser­
var um patrimônio histórico e cultural imenso.47
Sendo de suma importância para o Brasil, no dia 3 de dezembro 
de 2003, o projeto de lei, criado por Fabio Feldmann foi aprovado, tor­
nando-se a Lei 11.428 de 22 de dezembro de 2006. "Ela dispõe sobre a 
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá 
outras providências”.48 A providência demorou a chegar, mas no momen­
to exato foi instituída, evitando que a última mata fosse riscada do mapa.
45 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 209.
46 Idem, p. 210.
47 Idem, p. 210.
48 Lei 11.428, de 22 de dezembro de 2006.
25
Laura Romeu Behrends
A caminhada para a preservação da natureza estava tão evidente 
na sociedade que não podíamos ficar só com a Constituição Federal, preci­
sávamos de órgãos do governo motivados, progredindo na mesma direção 
do povo. Por isso, dia 22 de fevereiro de 1989, a Lei 7.735 deu início aos 
trabalhos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA49), representando 
a fusão de quatro secretarias já existentes: a Secretaria do Meio Ambiente 
(SEMA50), a Superintendência da Borracha (SUBHEVEA51), a Superinten­
dência da Pesca (SUBEPE52) e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento 
Florestal (IBDF53). Os objetivos da criação e de sua permanência são:
1 - reduzir os efeitos prejudiciais e prevenir acidentes 
decorrentes da utilização de agentes e produtos agro- 
tóxicos, seus componentes e afins, bem como seus re­
síduos; 2 - promover a adoção de medidas de controle 
de produção, utilização, comercialização, movimenta­
ção e destinação de substâncias químicas e resíduos 
potencialmente perigosos; 3 - executar o controle e a 
fiscalização ambiental nos âmbitos regional e nacional; 
4 - intervir nos processos de desenvolvimento gera­
dores de significativo impacto ambiental, nos âmbitos
49 IBAMA é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). É o órgão 
executivo responsável pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e desenvolve 
diversas atividades para a preservação e conservação do patrimônio natural, exercendo o controle 
e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo, etc.) Também cabe a 
ele realizar estudos ambientais e conceder licenças ambientais para empreendimentos de impacto 
nacional. IBAMA. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Instituto_Bra- 
sileiro_do_Meio_Ambiente_e_dos_Recursos_Naturais_Renov%C3%A1veis> Acesso em 30 Ago. 
2009.
50 A Secretaria Estadual do Meio Ambiente, criada em 1999, é o órgão central do Sistema Estadual 
de Proteção Ambiental, responsável pela política ambiental do RS. SECRETARIA ESTADUAL DO 
MEIO AMBIENTE. Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br/> Acesso em: 30 Ago. 2009.
51 Decreto n° 77.386 - de 5 de abril de 1976. "Art. 1° A Superintendência da Borracha - SUDHEVEA, 
autarquia criada pela Lei n° 5.227, de 18 de janeiro de 1967, vinculada ao Ministério da Indústria e 
do Comércio, com sede e foro no Distrito Federal, tem como finalidade executar a Política Econômi­
ca da Borracha, em todo território nacional” .
52 Decreto n° 73.632, de 13 de fevereiro de 1974. "Art. 1° - Proibir a pesca de arrasto pelos sistemas 
de porta e de parelhas por embarcações maiores que 10 TAB (dez toneladas de arqueação bruta), 
nas áreas costeiras do Estado de São Paulo, a menos de 1,5 (uma e meia) milhas da costa”.
53 O Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal era uma autarquia do governo brasileiro vincu­
lada ao Ministério da Agricultura, encarregado dos assuntos pertinentes e relativos a florestas e afins. 
Foi extinto por meio da Lei n° 7.732, de 14 de fevereiro de 1989, e transferiram-se seu patrimônio, os 
recursos orçamentários, extraorçamentários e financeiros, a competência, as atribuições, o pessoal, 
inclusive inativos e pensionistas, os cargos, funções e empregos para o Instituto do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis, de acordo com a Lei n° 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. INSTITUTO 
BRASILEIRO DO DESENVOLVIMENTO. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: 01 Set. 2009. <http:// 
pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Instituto_Brasileiro_de_Desenvolvimento_Florestal> Acesso em: 01 Set. 2009.
26
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
regional e nacional; 5 - monitorar as transformações 
do meio ambiente e dos recursos naturais; 6 - executar 
ações de gestão, proteção e controle da qualidade dos 
recursos hídricos; 7 - manter a integridade das áreas 
de preservação permanentes e das reservas legais; 
8 - ordenar o uso dos recursos pesqueiros em águas 
sob domínio da União; 9 - ordenar o uso dos recursos 
florestais nacionais; 10 - monitorar o status da conser­
vação dos ecossistemas, das espécies e do patrimônio 
genético natural, visando à ampliação da representa­
ção ecológica; 11 - executar ações de proteção e de
manejo de espécies da fauna e da flora brasileiras; 12
- promover a pesquisa, a difusão e o desenvolvimento 
técnico-científico voltados para a gestão ambiental; 13
- promover o acesso e o uso sustentadodos recursos 
naturais; 14 - e desenvolver estudos analíticos, pros- 
pectivos e situacionais verificando tendências e cená­
rios, com vistas ao planejamento ambiental.54
Os anos 80 se formaram pela rebeldia de grupos da sociedade
e pela prudência do governo. O sistema era novo, mas as atitudes eram
velhas. O povo estava acostumado a só dizer sim, sem saber o porquê, 
agora fortalece o seu não para os que vos dirigem. Pessoas de astúcias e 
vontades, atuantes empolgadas, felizes com a liberdade; povo sem noção 
do espaço, mas livre para estudá-lo.
Com novas regras se tiveram muitas modificações, a principal exi­
gência era a agilidade e o comprometimento do Estado, perante o seu meio 
físico. "As reivindicações eram feitas para o combate da caça, da preserva­
ção de florestas, da fauna e uma campanha contra a poda de árvores”.55
Podendo se manifestar, a sociedade não se conforma com a 
lentidão e o descaso de políticos. É necessário que o cidadão atue de 
outras formas, não mais só pedindo atenção a poderosos. Em 1992, 
criou-se a Rede de Organização Não-Governamental da Mata Atlântica 
(RMA). As ONGs foram fundadas pouco a pouco, e essa atitude finda os 
anos 80 e dá início aos anos 90. "A fase que se abre nos anos 90 é de 
intenso envolvimento entre organizações não governamentais ambienta­
listas, sócioambientais e o setor empresarial” .56
54 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 234 e 235.
55 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 83.
56 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 242.
27
Laura Romeu Behrends
2.7 - Rio 92, segundo marco internacional:
Foi realizada, em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência das Na­
ções Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Sua realização 
foi de extrema importância porque "se constatou que no final do século a 
questão ambiental ultrapassava os limites das ações isoladas e localizadas 
para tornar-se uma preocupação de toda a humanidade”.57 O problema é 
grande, e há tempo o manifesto está sendo feito em prol do meio ambiente, 
e ainda sofremos com o descaso de muitas pessoas, tanto que os impactos 
ambientais são sentidos a todo instante. O inverno se tornou um grande 
outono e no verão há muitas chuvas e catástrofes em zonas de encostas.
A conferência Rio 92 une diversos países, para mais uma vez 
relembrar os ensinamentos e os comprometimentos feitos em Estocolmo: 
"busca-se, a partir daí, estabelecer uma parceria global mediante a cria­
ção de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chave 
da sociedade e os indivíduos”.58 Regras existem, planejamento se faz, 
motivação transborda, mas o respeito se desdenha. Décadas entram 
e saem, e os problemas ficam; as soluções se tornam cada vez mais 
difíceis, porque, quanto mais se evolui financeiramente, mais ficamos 
pobres de espírito. E quem sofre? Nós mesmos.
A declaração do Rio sobre o Meio Ambiente59 representa o quan­
to precisamos de ajuda, para conseguirmos pôr em prática nossos idea- 
lismos e propostas de salvação do meio físico. Eis que:
Nós somos a Terra, os povos, as plantas e animais, as 
chuvas e oceanos, o respiro das florestas, o fluir dos 
mares. Honramos a terra como abrigo de todos os se­
res vivos. Acalentamos a beleza e a diversidade da vida 
na Terra. Saudamos a capacidade de renovação como 
fundamento de toda a vida na Terra. Reconhecemos o 
espaço dos povos Indígenas na Terra, seus territórios, 
costumes e sua singular relação com a Terra. Ficamos 
estarrecidos perante o sofrimento humano, a pobreza e
57 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 242.
58 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, p. 43.
59 Meio Ambiente é o lugar onde habitam os seres vivos, formando um conjunto harmonioso de 
condições essenciais para a existência da vida como um todo. (SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual 
de Direito Ambiental. São Paulo: Saraiva, 2009, p.39).
28
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
os desatinos que os desequilíbrios do poder causam à 
Terra. Sentimo-nos partícipes na responsabilidade de 
proteger e reabilitar a Terra e em assegurar um uso equi- 
tativo e sábio dos recursos, almejando um equilíbrio eco­
lógico e novos valores sociais, econômicos e espirituais. 
Nessa ampla diversidade, nós configuramos uma uni­
dade. Nosso lar comum está sempre mais ameaçado60.
Com o preâmbulo da Carta da Terra61 citado anteriormente, verifica- 
se que o ser humano e o meio ambiente são vistos como unos, não há dis­
tinção de um para o outro. Somos parte do mesmo conjunto, precisamos de 
toda a biodiversidade para sobreviver; é pensando nela que o homem tem 
que agir, porque são de pequenos atos que transformamos realidades. A 
partir de atitudes individuais o sistema se modifica, para melhor ou para pior, 
dependendo da nossa consciência em buscar o equilíbrio; nossas atitudes 
têm que ser movidas por esperanças, não deixando uma barreira desmoti­
var anos de estudos e planejamentos científicos.
2.8 - COP 3 e o protocolo de Kyoto:
Durante a COP 3, realizada em Kyoto, no Japão se aprovou o 
Protocolo de Kyoto62 ''seu objetivo consiste na conservação da diversi­
dade biológica, no uso sustentável de seus componentes e na repartição 
justa e equitativa dos benefícios derivados dos recursos genéticos”.63 
Significa que tanto países desenvolvidos quando países subdesenvolvi­
dos têm a obrigação de mudar regras, pondo fim aos gases poluentes, 
evitando que o efeito estufa progrida e que novas catástrofes ambientais 
aconteçam. É conscientizando que alcançaremos metas plausíveis.
60 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 247.
61 A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma so­
ciedade global no século XXI, que seja justa, sustentável e pacífica. REVIVERDE. Disponível em: 
<http://www.reviverde.org.br/CARTAdaTERRA.pdf>. Acesso em: 01 Set. 2009.
62 O Protocolo de Kyoto é um instrumento internacional, ratificado dia 15 de março de 1998, que 
visa reduzir as emissões de gases poluentes. Estes são responsáveis pelo efeito estufa e o aqueci­
mento global. O Protocolo de Kyoto entrou oficialmente em vigor dia 16 de fevereiro de 2005, após 
ter sido discutido e negociado em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão. SUA PESQUISA. Disponível 
em: <http://www.suapesquisa.com/geografia/protocolo_kyoto.htm>. Acesso em: 02 Set. 2009.
63 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, p. 42.
29
Laura Romeu Behrends
As áreas naturais, que poderiam representar a maio­
ria da superfície da Terra, são agora apenas mostras 
das paisagens que têm valor ecológico e científico, 
pois são museus e em consequência são laoratórios 
ao ar livre à nossa disposição, tendo valor educativo 
e recreativo, e, finalmente, são a nossa herança da 
Natureza que muitos só pensam em derrubar.64
A natureza é a nossa maior herança. Proporciona os maiores 
espetáculos, nos fazendo felizes a cada instante. Suas cores, seus 
movimentos, seus encantos são simples, mas de uma importância 
sem fim; um pequeno pingo de água faz toda a diferença para a planta 
recém-germinada; o pequeno passo de uma criança é o início de um 
recomeço de história. Podemos, sim, reverter o nosso presente e é 
com atitudes, primeiramente parecendo não ter valor, que farão toda a 
diferença no amanhã.
2.9 - Século XXI, o período da inércia:
O século XXI se estabelece com o comprometimento de pôr em 
prática regras estabelecidas em conferências passadas. Estocolmo e 
Rio 92 são as bases iniciais deste novo século. Diferentemente de dé­
cadas anteriores, agora o Brasil não se preocupa em criar novas regras 
ou se misturar em rebeldias; semostra mais cauteloso em suas metas. 
Antes o que importava era a criação de ONGs, conferências, institutos... 
Hoje utilizamos essas bases e damos vida a novos projetos; o importan­
te é conscientizar crianças, passar informações a novas gerações, com 
o objetivo de que elas, sim, revolucionem o mundo.
As novas empresas já estão estabelecendo funcionamentos eco­
lógicos em seus projetos, e antigas instalações começaram a aderir a 
campanhas ambientalistas, como: preservar a água, reciclar papel, lixo, 
diminuir o desperdício de energia, entre outras. "A gente sai à rua, con­
versa sobre Natureza, pureza das águas, sobrevivência dos animais e 
não encontra um que seja contrário a essas realidades”.65
64 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 107.
65 Idem, p. 108.
30
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
2.9.1 - Rio + 10, terceiro marco internacional:
No ano de 2002 foi realizada a Cúpula Mundial do Desenvolvi­
mento Sustentável ou Rio + 10, para que os acordos firmados no Rio 92 
fossem avaliados. As atitudes dos países envolvidos na conferência são 
de extrema relevância na caminhada sócioambiental. Já temos toda a 
base, a estrutura foi sedimentada, o acordo foi feito, portanto, a Rio + 10 
serve apenas como impulso de pormos a teoria na prática.
Não foi isso que ocorreu. Na verdade, muito pouco 
foi visto sobre metas determinadas e prazos para 
cumprimento. O acordo que se chegou com relação 
à energia gerada com base em fontes renováveis fi­
cou apenas com o apelo para que se amplie seu uso, 
sem metas e prazos.66
Os resultados pretendidos não são colhidos como o planejado, 
porque se exige grande disponibilidade de dinheiro, e tudo que envol­
ve muito capital, sem lucros significativos para o governo, não vale a 
pena, pois o que importa é o grande giro de capital em cofres públicos. 
Infelizmente chegamos ao século XXI com esse pensamento matuto. 
É verdade, energia renovável, atitudes ecológicas são caras, mas a
longo prazo se tornam muito econômicas; mas por que esperar tanto
se desmatando eu ganho muito dinheiro no ato de meu comando?
A impaciência e o imediatismo são os graves defeitos da hu­
manidade; a correria em que vivemos nos faz agir sem pensar no 
futuro, só percebemos a importância daquilo que temos, quando as 
perdemos. "Um número cada vez maior de plantas e animais está 
sendo ameaçado ou até mesmo extinto, e a causa principal é a perda 
de seu ambiente ou habitat” .67
O progresso descompassado nos faz crer que se, só hoje po­
luirmos, amanhã, respeitarmos as regras o nosso deslize vai ser sana­
do. Trata-se de in accouting for envirommental assets. “um país pode 
pôr abaixo suas florestas, erodir seu solo, levar sua fauna silvestre à 
extinção. Mas os índices de sua performance econômica não serão
66 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 299.
67 Idem, p. 301.
31
Laura Romeu Behrends
afetados se esses bens desaparecerem”.68 O empobrecimento será 
tomado por progresso. Podemos até equilibrar um resultado, mas di­
ficilmente revertê-lo. Pensando nisso, em 22 de agosto de 2002, Fer­
nando Henrique Cardoso criou o maior parque de floresta tropical do 
mundo, cujos objetivos são:
Assegurar a preservação69 dos recursos naturais e 
da diversidade biológica, bem como proporcionar a 
realização de pesquisas científicas e o desenvolvi­
mento de atividades de educação, recreação e turis­
mo da respectiva área.70
Seguindo o exemplo do antigo presidente da república, Luiz Iná­
cio Lula da Silva, no dia 14 de outubro de 2003, criou a primeira floresta 
nacional, cujos objetivos são:
Promover o manejo de uso múltiplo dos recursos na­
turais, manter e proteger os recursos hídricos e da 
biodiversidade, recuperar áreas degradadas, promo­
ver a educação ambiental e apoiar o desenvolvimento 
de métodos de exploração sustentável do Cerrado.71
Os dois projetos têm apenas um ano de diferença e as propos­
tas são as mesmas. A ideia de sustentabilidade é o foco a ser segui­
do, é a esperança do século XXI. O direito sustentável se resume na 
ideia de que "o direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo 
a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de 
desenvolvimento e de meio ambiente”.72 Preservar, desenvolver, pro­
teger e promover educação se tornam medidas ecológicas básicas de 
ambos os governos.
O caminho a ser seguido foi dado, agora só nos resta esperar, porque 
"a semeadura é livre. A colheita é obrigatória”.73 Tantos anos de rebeldia, anos 
de lutas serviram na conscientização de gerações, seus méritos refletem
68 CARNEIRO, Augusto. A História do Ambientalismo. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2003, p. 125.
69 Proteger de algum dano futuro; Defender; Resguardar. PRESERVAÇÃO. In: WIKIPÉDIA. 2009. 
Disponível em: <http://pt.wiktionary.org/wiki/preservar> Acesso em: 02 Set. 2009.
70 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 306.
71 Idem, p. 316.
72 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, p. 44.
73 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p. 324.
32
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
até hoje. Batalhamos por conquistas e obtivemos vitórias; mais dia ou menos 
dia, o êxito pleno será alcançado e o desespero cessará.
“Ofereço estas mal traçadas rinhas,
Estas mal traçadas vinhas aos ex-caçadores 
Que tiveram compaixão de suas vítimas.
E por amar tanto o mato e os bichos 
Conheceram o mato e os bichos 
E porque existe uma maneira de 
Amar sem matar.
Como fazem os fotógrafos 
A quem dedico estas mal traçadas,
Caprichadas linhas
Estas cem traçadas minhas,
Já que dez traçadas tinhas.
Te espero no chão macio da floresta
Com amor, com carinho 
Com floresta e passarinho”.74
(Antônio Carlos Jobim).
74 Poema de Antônio Carlos Jobim.
33
Laura Romeu Behrends
O dia da Terra, o Grito da Terra
Na terra ferida,
Na terra que nós amputamos 
Na terra que nós envenenamos 
Esquecendo que dela vem a nossa vida
Sou Gaia75, a Mãe da Terra 
O único planeta vivo a volta do sol 
O lar planetário da humanidade
Ar, água e terra, atmosfera 
Os oceanos, rios e lagos 
As florestas, os campos e os banhados, 
todos são organismos de um só corpo 
Por seu intermédio, eu Gaia,
Respiro, me alimento e me renovo
Não permitas eu sejam consumidas minhas florestas, 
conspurcadas minhas águas,
penetradas minhas entranhas para depósitos de venenos, 
rasgado meu manto protetor de ozônio
Lembra-te
A minha vida é tua vida 
E a vida dos filhos de teus filhos 
Hoje, amanhã e para todo sempre.76
75 Em 1987 criou-se a Fundação Gaia, que, entre as várias atividades para a promoção do 
desenvolvimento sustentável, trata da difusão da agricultura regenerativa, educação ambiental 
e reciclagem de lixo urbano.
MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p.194. A Fun­
dação Gaia nasceu da vontade de possibilitar uma ampliação da atuação na luta ambiental de seu 
fundador e presidente, José Lutzenberger.
FGAIA. Disponível em: <http://www.fgaia.org.br/> Acesso em: 03 Set. 2009.
76 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: Já, 2007, p.192.
34
3. O MOVIMENTO SOCIAL:
3.1 - A reflexão do homem diante do desconhecido:
O movimento de preservação do meio ambiente foi uma decisão 
louvável, de sociedades desenvolvidas, que viviam num risco incalculá­
vel devido à industrialização realizada de maneira errônea. Sem saber os 
danos que poderiam causar poluindo e desmatando, os Estados Unidos 
e países da Europa, que se encontram no rol de Estados desenvolvidos, 
continuaram num ritmo acelerado rumo ao caos total. A conscientização 
permitiu que atitudes mais prudentes evitassem novosfatos cruéis como 
desmatamentos ilegais, violência contra os animais, havendo, assim, a 
conservação do meio em que vivemos. A campanha é global e os resulta­
dos positivos aparecem a todo o momento; através de leis e regulamentos 
todos puderam participar e idealizar dias melhores.
A proteção do ambiente não faz parte da cultura nem 
do instinto humano. Ao contrário, conquistar a natu­
reza sempre foi o grande desafio do homem, espécie 
que possui uma incrível adaptabilidade aos diversos 
locais do planeta e uma grande capacidade de uti­
lizar os recursos naturais em seu benefício. Essas 
características fizeram com que, ao longo do tem­
po, a natureza fosse dominada pelo homem que, no 
entanto, não se preocupou com os danos que esse 
desenvolvimento causava.77
O interesse em proteger e prevenir as atitudes das pessoas, 
para o salvamento da natureza,78 era pensando na sua própria sobre­
vivência. A exploração dos recursos naturais79 existia porque o meio
77 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, p.20.
78 A expressão natureza aplica-se a tudo aquilo que tem como característica fundamental o fato de 
ser natural, ou seja, envolve todo o meio ambiente existente que não teve intervenção antrópica. 
NATUREZA. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Natureza> Acesso 
em: 05 Set. 2009.
79 Recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o homem, com o objetivo 
de desenvolver a civilização e garantir a sobrevivência e o bem-estar da sociedade. Podem ser 
renováveis, como a energia do sol e do vento. Já a água, o solo e as árvores que estão sendo con­
Laura Romeu Behrends
ambiente era visto como algo separado do ser humano, percebida a 
relação nossa com o ecossistema,80 a mudança se inicia. Notamos o 
nosso envolvimento com as outras vidas planetárias, quando nossos 
ataques de descaso por elas são sentidos por nós. "Arriscamos e mui­
to nossos esforços e não conseguimos moldar a natureza, à nossa 
satisfação e convivência”;81 um dos primeiros sinais foi a mudança de 
temperatura, pois não temos mais a percepção clara de uma estação 
ou outra. O homem, portanto, sente a necessidade de estudar a Terra, 
pois saber lidar com ela é o melhor jeito de protegê-la.
A atual tomada de consciência da necessidade de preve­
nir-se contra a degradação do meio ambiente forçou os 
países a reconhecer que, no universo do planeta Terra, 
existe somente um único meio ambiente e a única ma­
neira de ter-se uma regulamentação racional em relação 
a ele seria unificar os vários meios ambientes - local, 
nacional, regional ou internacional - num único sistema 
normativo, determinado pelo direito internacional.82
Antes de haver esse cuidado, a terra foi muito explorada, pois 
não existia conscientização a respeito do assunto. O que vigorava 
era o desenvolvimento, a determinação em prol da exploração e toda 
degradação significava progresso, não importando as consequências, 
o presente era o que interessava. Todo tipo de recurso foi utilizado, não 
importava a qualidade, mas sim a quantidade; além do uso de inseticidas, 
que degrada o meio ambiente.
As substâncias químicas são os fatores sinistros das 
radiações e transformação da própria natureza do 
mundo e a vida que nela palpita, elas saem dos la­
boratórios aos borbotões, entrando no uso geral, fora
siderados limitados, são chamados de potencialmente renováveis. E ainda não renováveis como 
petróleo e minérios em geral. RECURSO NATURAL. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http:// 
pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Recurso_natural> Acesso em: 06 Set. 2009.
80 Ecossistema designa o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em 
determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades. ECOSSISTEMA. 
In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Ecossistema> Acesso em: 06 Set. 
2009.
81 CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
82 SOARES, Guido Fernando Silva. A proteção internacional do meio ambiente. Barueri, SP. 
Manole, 2003, p.39.
36
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
dos limites da experiência biológica; Abusam do uso 
do DDT e do carbono, causadores de doenças, trans­
formando-se em agentes de morte.83
A degradação ambiental se desenvolveu, porque o desenvolvi­
mento econômico, na maioria das vezes, foi colocado em primeiro lugar; 
o que importa é o presente, a realização de um projeto, as consequên- 
cias, que se apresentam no futuro, interessam apenas às novas gera­
ções. Devido a essa ideologia, o meio ambiente não foi respeitado e 
sofreu enormes prejuízos que na maioria das vezes, infelizmente, não 
são recuperáveis; a fauna e o solo um dia modificados dificilmente serão 
recuperados por causa do grande complexo que é o bioma84 natural.
3.2 - O início do movimento social brasileiro - 1970:
O movimento social ambientalista reage, não podemos mais viver 
ignorando o que nos acontece na volta; o descaso com o meio ambien­
te se torna repugnante. "A fase de denunciar já passou, agora é preciso 
agir”.85 A falta de cuidados e o desinteresse causam insatisfação. É ne­
cessário que algo seja feito, para que atos impensados sejam punidos. 
Se continuarmos agindo sem prudência, pagaremos o preço do descaso 
com nossas próprias vidas. A iniciativa, para que a modificação seja feita, 
vem de um novo pensamento, relacionado à Ecologia.86 "O ecologismo se 
estrutura a partir do cidadão, que reivindica sua participação nas decisões 
políticas que afetam o seu destino e o destino da humanidade”.87
83 CARSON, Rachel. Primavera Silenciosa. São Paulo: Melhoramentos, 1969.
84 Chama-se bioma a um conjunto de ecossistemas. Mais além, biomas são um conjunto de diferentes 
ecossistemas. O bioma são as comunidades biológicas, ou seja, as populações de organismos da fauna 
e da flora interagindo entre si e interagindo também com o ambiente físico chamado biótopo.
BIOMA. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Bioma> Acesso em:
07 Set. 2009.
85 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: Já, 2007, p.65.
86 A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente. Foi o 
cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para designar o estudo 
das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, além da distribuição e abundância 
dos seres vivos no planeta Terra.
ECOLOGIA. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Ecologia> Aces­
so em: 7 Set. 2009.
87 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: Já, 2007, p.177. Denominação utilizada
37
Laura Romeu Behrends
O movimento conservacionista surgiu de uma ideia 
nova: a Ecologia. Tudo o que houve anteriormen­
te não caracterizava um movimento ecologista ou 
movimento conservacionista, aqui ou em qualquer 
parte do mundo.88
Um dos primeiros revolucionários foi Henrique Luis Roessler, na 
década de 70, no Rio Grande do Sul. Seu envolvimento com a história 
ambiental foi de grande valia, porque era um homem determinado e 
preocupado com a causa ambiental; seu envolvimento foi enorme, seu 
interesse, e, principalmente, seu amor pela natureza foram as princi­
pais características que encantaram os adeptos à ideia ambientalista, 
fazendo com que, seu nome fosse reconhecido internacionalmente e 
ficasse na história.
Sem que se pudesse imaginar, o homem especial fazia 
acontecer uma guinada para o extremo oposto do pre­
visto, que surpreendia quem não estivesse acostuma­
do com seu jeito autêntico e absolutamente incomum.89
Roessler foi um ambientalista incomum capaz de aproximar o 
homem da natureza sem destruí-la, porque mostrou a ele que a vida 
ecológica é a forma mais correta de se conhecer sua própria vida. Na 
mesmaépoca, José Antônio Lutzenberger, ao lado de outros adeptos, 
funda a Agapan, associação esta, que redobra a luta ecológica. "Foi 
fundada a Agapan em 27 de abril de 1971”.90 Sem a censura da 
ditadura, os ambientalistas podiam se manifestar em prol da natureza. 
Lutzenberger e Carneiro são alguns dos que fundaram a Associação 
Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural.
A primeira manifestação vitoriosa da Agapan foi o caso 
da árvore, em Porto Alegre, em frente à Faculdade de Direito da 
UFRGS. Um estudante chamado Carlos Alberto Dayrell subiu em uma 
árvore para que ela não fosse cortada. A prefeitura tinha o intuito de 
derrubar todas as árvores da João Pessoa para a construção de uma 
via elevada, com o propósito de amenizar o tráfego de carros que
pela FEPAM.
88 Entrevista realizada com Augusto Carneiro no dia 21 Janeiro de 2009.
89 ROESSLER, Maria Luiza. O homem do rio. Porto Alegre: AGE, 1999, p.72.
90 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p.193.
38
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
conforme o horário fica caótico. "A manifestação foi vitoriosa, uma vez 
que a prefeitura mudou os planos para a construção do viaduto, e a 
árvore não foi derrubada” .91
No curso de todas as culturas humanas, mais cedo 
ou mais tarde, surgem as tendências de proteção 
ativa da natureza. Um povo que se descuidasse desse 
elemento, teria falta de um requisito essencial da ver­
dadeira cultura humana total e seria indigno da terra, 
com que a pródiga mão do Criador o presenteou.92
Outra manifestação social proporcionada pela Agapan foi a 
respeito das ilhas de Porto Alegre. Em 1974 foi feita uma campanha 
para que as ilhas do Guaíba não fossem urbanizadas. Foi realizada 
com o objetivo de preservar diversas espécies que vivem no lugar. 
Passarinhos e gaivotas eram alguns dos animais ameaçados caso o 
projeto fosse colocado em prática. Devido ao êxito da instituição e pela 
ousadia de Hilda Zimmermann, não houve urbanização.
Fizemos a primeira campanha para conservação das 
ilhas. Foi muito importante porque, conjuntamente 
com os vereadores e deputados, constatou-se que 
Porto Alegre não tinha direito de urbanizar as ilhas.93
O movimento representa a insatisfação das pessoas perante 
sua realidade; a Agapan foi de extrema importância para a população 
brasileira e, principalmente, para o povo gaúcho, já que é uma asso­
ciação estabelecida no Rio Grande do Sul. Ela demonstrou que se 
queremos modificar uma realidade é pondo em prática nossas vonta­
des que conseguiremos os nossos propósitos. Quem vive na inércia 
não sai da rotina. O envolvimento de adeptos ao ambientalismo dian­
te de uma causa é o que faz a diferença, e é através de iniciativas que 
devemos, sempre, fazer o que é mais correto; devemos preservar a 
natureza e salvar espécies.
No Rio Grande do Sul, a Associação Gaúcha de Proteção ao 
Ambiente Natural manifesta suas conquistas e, no mesmo período,
91 MARCONDES, Sandra. Brasil, amor à primeira vista. São Paulo: Peirópolis, 2005, p.193.
92 BONES, Elmar. Pioneiros da ecologia. Porto Alegre: Já, 2007, p. 33.
93 Idem, p.163.
39
Laura Romeu Behrends
o mundo também está em alerta. É necessária a realização de uma 
conferência, e assim foi feito, em 1972: Estocolmo foi a sede para a 
discussão e planejamento sobre o meio ambiente.
3.3 - O mundo unido, 1970; Estocolmo, primeiro marco 
internacional:
A natureza sofre com a degradação, pois o desrespeito e o de­
senvolvimento descontrolados geram impacto ambiental94 a ponto de 
sentirmos suas consequências. "A complexidade que os problemas am­
bientais assumiram fazem que seus contornos e limites escapem a ob- 
jetivações mais apressadas”.95 É preciso sentir os efeitos nocivos; só as­
sim é que tomamos o partido para solucionar um problema; a preserva­
ção ambiental só foi colocada em prática quando deslizamentos de terra 
ficaram rotineiros, quando os efeitos da poluição começaram a matar as 
pessoas, ou deixá-las com doenças respiratórias, como a asma.
Foi a partir da indicação do Conselho Econômico 
Social das Nações Unidas, em julho de 1968, que 
surgiu a ideia de organizar-se um encontro de paí­
ses para criar formas de controlar a poluição do ar e 
da chuva ácida, dois dos problemas ambientais que 
mais inquietavam a população dos países centrais.96
A Conferência de Estocolmo se realizada “em 05 a 16 de junho 
de 1972”97 tem como objetivo discutir os problemas ambientais no 
planeta; o descaso com o meio físico era tão grande, que foi necessá­
rio a realização de uma conferência internacional, para que o mundo
94 Impacto Ambiental é todo efeito no meio ambiente causado pelas alterações e/ou atividades 
do ser humano. Conforme o tipo de intervenção, modificações produzidas e eventos posteriores, 
pode-se avaliar qualitativa e quantitativamente o impacto, classificando-o de caráter "positivo” ou 
"negativo”, ecológico, social e/ou econômico.
IMPACTO AMBIENTAL. In: WIKIPÉDIA. 2009. Disponível em: <http://pt.WIKIPEDIA.org/wiki/Impac- 
to_ambiental> Acesso em: 08 Set. 2009.
95 SILVA - SÁNCHES, Solange S. Cidadania ambiental: novos direitos no Brasil. São Paulo: Hu- 
manitas, 2000, p.25.
96 RIBEIRO, Wagner Costa. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2000, p.73.
97 SOARES, Guido Fernando Silva. A proteção internacional do meio ambiente. Barueri, SP: 
Manole, 2003, p.44.
40
O movimento ambientalista como fonte material do direito ambiental
ficasse consciente dos problemas, e, com isso, evitasse que novos 
incidentes ocorressem. Devido ao grande alarde, Estocolmo obtém 
êxito, conseguindo reunir diversos países, ficando conhecida como o 
primeiro marco internacional ambientalista.
La conferencia destacaba que uno de los principales 
aportes que la ciencia y la tecnología podían hacer 
para el desarrollo económico y social de los pueblos 
consistía en descubrir, evitar y combatir los riesgos 
que amenazan al medio ambiente y buscar la 
solución a SUS problemas.98
Um dos propósitos da chamada em Estocolmo era esclarecer 
a todos a situação crítica pela qual o mundo estava passando, assim 
como apresentar as possíveis soluções para que todos pudessem se 
engajar e obter melhores condições para se viver, "Pois o núcleo da 
atenção não se restringia a um recurso ambiental, ou a uma espécie 
em perigo, mas abordava o meio ambiente como um todo”.99
O meio ambiente é enfatizado com significativa preocupação, 
porque, se uma mudança enérgica não ocorresse, o planeta entra­
ria em um grande processo de extinção, envolvendo várias espécies, 
ocasionando um desequilíbrio ambiental gravíssimo. Devido ao que 
foi dito neste evento, mudanças de atitudes de diversos países, que 
antes agiam de forma equivocada, foram observadas e o meio am­
biente passou a ser tratado com mais responsabilidade. Entretanto 
ao contrário do que muitos poderiam pensar, nem todos estavam feli­
zes com as modificações.
Nesta Conferência já se previa um impasse entre países de­
senvolvidos e países subdesenvolvidos; o desacordo entre os países 
industrializados com os não industrializados era nítido. Os estados já 
expandidos não queriam a evolução dos estados que ainda não eram, 
tudo por uma questão de receio. Nesta época, as pesquisas de impactos 
ambientais ainda eram muito recentes, se tinha dúvidas, em não mais 
haver desmatamentos para construção de indústrias ou se isso ainda 
era possível ou, ainda, sobre até onde esses atos seriam prejudiciais.
98 ECHECHURI, Héctor. Diez anos despues de Estocolmo. Desarrollo, Medio Ambiente y 
supervivencia. Madri, Espanha, 1983, p.15.
99 GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2009, p.31.
41
Laura Romeu Behrends
Já nas reuniões preparatórias à Conferência de Es­
tocolmo, ficaria evidente a oposição entre países 
desenvolvidos e países

Outros materiais