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Lei de Introdução ao Código Civil Comentada

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Lei de Introdução ao Código Civil
Decreto-Lei 4657/42 O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição, decreta: Comentário: A LICC (Lei de Introdução ao Código Civil) foi publicada em 04 desetembro de 1942, de modo que a Constituição que a regia era de 1937. Seuart. 180 trazia a seguinte redação:Art 180 - Enquanto não se reunir o Parlamento nacional, o Presidente daRepública terá o poder de expedir decretos-leis sobre todas as matérias dacompetência legislativa da União.Desta forma, a atribuição que o caput fazia referência, era a de expedir odecreto-lei.É importante ressaltar que a LICC não faz parte do Código Civil. Ela é anexaao diploma legal, sendo, todavia, autônoma.
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o paísquarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.Comentário: A este instituto se dá o nome de vacatio legis. Podemos entendê-lo como o período compreendido entre a publicação e a efetiva aplicabilidadeda Lei. A wikipédia, enciclopédia livre, traz a seguinte explicação:“Vacatio legis é uma expressão latina que designa o período decorrente do diada publicação de uma lei até a data em que esta entra em vigor. Durante avacatio legis ainda vigora a lei anterior. No Brasil a vacatio legis é, salvodeterminação expressa da lei, de 45 dias.O prazo da vacatio legis tende a sermaior ou menor de acordo com a complexidade da norma. O Código Civil de2002, por exemplo, teve uma vacatio legis de um ano, só entrando em vigor noano de 2003.Em Portugal, a vacatio legis é de 5 dias. Apenas existe vacatio legis, quando opróprio diploma não prevê especificamente uma data para a sua entrada emvigor. Pode dizer-se que estamos perante um prazo supletivo.”
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quandoadmitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.Comentário: Deve ser analisado esse parágrafo lembrando-se da data dapromulgação da LICC. Em 1942, não se tinha uma velocidade de informaçõescomo se tem hoje, e para que a lei pudesse chegar, ser estudada e entrar emvigor em território estrangeiro, necessário seria um período maior do que emterreno brasileiro.
§ 2o A vigência das leis, que os Governos Estaduais elaborem por autorizaçãodo Governo Federal, depende da aprovação deste e começa no prazo que alegislação estadual fixar.Comentário: Atualmente, não há mais propriamente leis estaduais elaboradaspor autorização do Governo Federal, mas leis de competência comum daUnião, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 23 daConstituição Federal), e leis de competência concorrente entre União, Estados e Distrito Federal (art. 24 da Constituição Federal).As leis quando não vão cumprir a 
vacatio legis de 45 dias, trazem em seu texto o prazo que o será. Vale para todas as leis, inclusive as estaduais, municipais e distritais. 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto,destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriorescomeçará a correr da nova publicação.Comentário: Cada modificação na lei fará com que necessite-se de novadivulgação, novo estudo, etc. Por isso, recomeça-se o prazo.
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.Comentário: Sempre que houver modificação na lei, considerar-se-á umalegislação nova, e por isso, conter-se-á um período de vacatio legis.
Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outraa modifique ou revogue.Comentário: A lei de vigência temporária é aquela que já vem com data deinício e término de duração. Sempre que a lei não vier explicitamentedeterminando que terá uma data-fim, enteder-se-á como sendo de caráterdefinitivo, só podendo ser alterada quando uma lei nova a modificar ou revogar.Vários são os tipos de revogação. Quando falamos de revogação expressa, alei nova diz que está revogando a anterior. Revogação tácita é aquela em que alei nova, por seu conteúdo não compatível com a anterior, faz com que estadeixe de viger, não tendo nenhuma menção em seu texto acerca da lei anterior.Pode ainda a revogação ser total ou parcial, sendo a primeira quando serevoga a lei por completo (ab-rogação) e a segunda quando se revogam algunstrechos da lei anterior (derrogação). E por último, mas não menos importante,existe a revogação de fato, que é quando a lei entra em desuso.
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare ,quandoseja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de quetratava a lei anterior .Comentário: O primeiro caso trata de revogação expressa e o segundo emrevogação tácita.
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das jáexistentes, não revoga nem modifica a lei anterior.Comentário: Nesse caso, a lei nova irá complementar as anteriores, e nãomodificar.
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a leirevogadora perdido a vigência.Comentário: Se a lei foi revogada, entende-se como regra geral, que ela nãoservia mais à sociedade. Desta forma, não teria sentido de ela voltar a viger. Achamada repristinação, que seria o fato de a lei anterior voltar a ser válida, nãoexiste no ordenamento nacional.
Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
Comentário: Este é um princípio geral do direito, consagrado como princípio dapublicidade. Justamente por ele existe a vacatio legis. Sabe-se que seria
impossível que um cidadão conhecesse todas as leis, mas se assim não fossea lei não cumpriria o seu requisito de imperatividade perante à sociedade,necessário a sua efetiva aplicação.A lei é pública e todos têm acesso a ela, de tal maneira que é impossível aalegação de ignorância.
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com aanalogia, os costumes e os princípios gerais de direito.Comentário: Analogia, costumes e princípios gerais de direito – fontes formaisde direito - são maneiras de preencher as lacunas da lei. Na analogia se utilizade uma norma que regula uma situação semelhante àquela sem norma que aregule. Costumes são reiterados hábitos sociais, tidos como corretos. Eprincípios gerais de direito são as bases norteadoras dos doutrinadores ejuristas.
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige eàs exigências do bem comum.Comentário: O Direito surgiu com o escopo de regular a vida em sociedade.Não teria sentido que os fins sociais não fossem o objetivo máximo daaplicação da lei. Entende-se como exigências do bem comum, tudo aquilo quefor o mais benéfico para toda sociedade, até mesmo porque o interesse dacoletividade será sempre mais importante que os direitos individuais.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídicoperfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.Comentário: Assim que a Lei passa a vigorar, após cumprir sua vacatio legis,ela deve ser aplicada para todos, sem distinção.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente aotempo em que se efetuou.Comentário: O art. 104 do Código Civil traz as condições de validade para queo ato jurídico seja perfeito, quais sejam, objeto lícito, agente capaz e formaprescrita ou não defesa em lei.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguémpor ele, possa exercer, como alquiles cujo começo do exercício tenha termopré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.Comentário: Não se pode confundir direito adquirido com expectativa de direito.Direito adquirido é aquele já conquistado, ficando o titular dele protegido defuturas mudanças legislativas. Já a expectativa de direito não cria uma capa desegurança, pois ainda não há uma certeza ao possível titular do direito.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já nãocaiba recurso.Comentário: Diz o art. 467 do CPC: “Denomina-se coisa julgada material aeficácia, que torna imutável e indiscutível a sentença,não mais sujeita arecurso ordinário ou extraordinário”.
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Comentário: O Brasil adotou a doutrina da territorialidade moderada, aplicandoo princípio da territorialidade (LICC, arts. 8º e 9º), e o da extraterritorialidade(arts, 7º, 10, 12 e 17, da LICC); no primeiro, a norma se aplica apenas noterritório do Estado que a promulgou; no segundo, os Estados permitem queem seu território se apliquem, em certas hipóteses, normas estrangeiras.O art. 2º do Código Civil diz que a personalidade civil da pessoa começa donascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos donascituro. Essa lógica tem reflexos em diversos ramos do direito. Notrabalhista, por exemplo, ao se conceder a licença-maternidade e aestabilidade da gestante, o que se protege, na verdade, é a expectativa dedireito à vida no caso do feto, e o direito a vida no caso do nascituro.
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quantoaos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.Comentário: Diz o art. 1.514 do Código Civil: “O casamento se realiza nomomento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a suavontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados”. Não épossível que se realize casamento em território brasileiro que não se submetaa legislação pátria.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridadesdiplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.Comentário: Diz o art. 1.544 do Código Civil: “ O casamento de brasileiro,celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsulesbrasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta deum ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou,em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir”.
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade domatrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.Comentário: Para efeitos jurídicos o domicilio é o lugar de residênciapermanente da pessoa, onde ela exerce seus direitos e cumpre suasobrigações, com base no que são fixadas a competência para julgamento, olocal de votação, a incidência de impostos, o endereço de recebimento decorrespondências oficiais, etc.
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em quetiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílioconjugal.Comentário: Conforme o art. 1.639 do Código Civil. “. É lícito aos nubentes,antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhesaprouver”.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, medianteexpressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega dodecreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime decomunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada estaadoção ao competente registro.Comentário: O art. 12 da Constituição Federal traz a questão da nacionalidadeem território brasileiro. 
§ 6º - O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forembrasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data dasentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igualprazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas ascondições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. OSupremo Tribunal Federal, na forma de seu regimento interno, poderáreexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidosde homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim deque passem a produzir todos os efeitos legais.Comentário: O art. 1571, IV, do Código Civil afirma que em caso de divórcio háa dissolução da sociedade conjugal.
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se aooutro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aosincapazes sob sua guarda.Comentário: Após a Constituição de 1988, não há mais a figura do chefe defamília. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugarde sua residência ou naquele em que se encontre.Comentário: Difere o domicílio da residência por ser esta o lugar em que apessoa habita. Se tiver várias residências, onde viva alternadamente, qualquerdelas será considerada domicílio (CC, art. 71). Enquanto a essência dodomicílio é puramente jurídica, a da residência é meramente fática.
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes,aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados.Comentário: Conforme a wikipédia, “na esfera privada , bem é tudo aquilo quepode ser propriedade de alguém, ou que é apto a constituir o seu patrimônio.Patrimônio é, assim, o conjunto de bens. Bem é todo valor que representa algopara a vida humana, de ordem material ou imaterial. No âmbito jurídicodevemos estar atentos para o uso indistinto de bem ou de coisa, pois nem tudoque no mundo físico é coisa tem a mesma conotação no mundo jurídico, comoacontece por exemplo com o corpo do ser humano vivo, considerado elementoessencial da personalidade e sujeito de direito, já que não é possível separarna pessoa viva o corpo da personalidade.”
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quantoaos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outroslugares.Comentário: Propriedade, conforme o art. 1228 do Código Civil, dá aoproprietário a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa.
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cujaposse se encontre a coisa apenhada.Comentário: Penhor é um direito real que consiste na tradição de uma coisamóvel ou mobilizável, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou porterceiro ao credor, a fim de garantir o pagamento do débito.
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em quese constituirem.
Comentário: Este parágrafo consagra o princípio locus regit actum, que querdizer que rege o ato o local onde se dá o fato.Obrigação é a relação jurídica transitória entre credor e devedor cujo objetoconsiste numa prestação pessoal e econômica, positiva ou negativa, que temcomo garantia do adimplemento o patrimônio do devedor. Configura-se oprincípio do locus regit actum ( o local rege o ato).
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo deforma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da leiestrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.Comentário: As obrigações são extintas pelo adimplemento. Também podemser extintas nos casos de remissão (perdão da dívida), renúncia, prescrição ,impossibilidade de execução por caso fortuito ou força maior e implemento decondição ou termo extintivo.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em queresidir o proponente.Comentário: As obrigações são constituídas de elementos subjetivos, objetivose de um vínculo jurídico. O elemento subjetivo é formado pelos envolvidos:credor e devedor. O elemento objetivo é formado pelo objeto da obrigação: aprestação a ser cumprida. O vínculo jurídico: é a determinação que sujeita odevedor a cumprir determinada prestação em favor do credor e devedor.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em quedomiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e asituação dos bens.Comentário: A sucessão se dá no momento da morte, segundo o princípio dasaisine.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Comentário: Deve ser observada a lei mais benéfica. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatárioregula a capacidade para suceder.Comentário: Diz o art. 1798 do Código Civil: “Legitimam-se a suceder aspessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como associedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituir.
Comentário: “Substrato da pessoa natural é o homem; das pessoas jurídicas,uma união de pessoas ou um patrimônio, voltados a um fim. Em outraspalavras: tendo em vista sua estrutura, as pessoas jurídicas podem serdivididas em dois grupos: as que têm como elemento subjacente o homem, istoé, as que se compõem pela reunião de pessoas, tais como as associações e associedades – universitas personarum; as que se constituem em torno de um patrimônio destinado a um fim, isto é, as fundações – universitas bonorum”- Silvio Rodrigues. 
§ 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ouestabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo
Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.Comentário: Qualquer sociedade, fundação, empresa, estabelecimentocomercial, etc. que se estabeleça em território brasileiro, mesmo que tenhasede em outro país, deverá se submeter às leis brasileiras.No Direito do Trabalho, por exemplo, os funcionários de multinacionais quetenham sua sede em território estrangeiro, mas trabalhem em territóriobrasileiro, se submeterão à lei pátria.
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquernatureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funçõespúblicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis dedesapropriação.Comentário: Os artigos que tratam do conceito de bens imóveis no Código Civilsão:Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ouartificialmente.Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;II - o direito à sucessão aberta.Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade,forem removidas para outro local;II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele sereempregarem.Desapropriação é o “procedimento pelo qual o Poder Público transfere,compulsoriamente, para si a propriedade de bem móvel ou imóvel pertencentea terceiro, para atender interesse social, utilidade pública ou necessidadepública, em regra, mediante pagamento de justa e prévia indenização. Dessaforma expropriar ou desapropriar pode ser entendido como o ato de transferirbens privados para o domínio público. Na desapropriação há aquisiçãooriginária da propriedade, por meio de uma transferência forçada, nãoimportando que o terceiro tenha o justo título e boa-fé do bem expropriado. Adesapropriação pode ser feita em favor das pessoas de direito público ou depessoas de direito privado delegadas ou concessionárias de serviço público.Excepcionalmente, pode ser realizada por pessoas de direito privado quedesempenhem atividade de interesse público. Pode ser expropriado tudo aquiloque é objeto de desapropriação, ou seja, bens móveis e imóveis, corpóreos eincorpóreos, inclusive os direitos. Os bens públicos também são passíveis dedesapropriação. A União pode desapropriar bens dos Estados e Municípios; eos Estados poderão desapropriar bens de Município. Importante delinear ashipóteses de desapropriação, que são: necessidade pública, utilidade pública einteresse social” – San Nosbor.
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares.Comentário: Desta forma, podem os governos estrangeiros adquirir apropriedade dos locais onde estabelecem suas embaixadas. Não se deve, porisso, ter aquele local como território estrangeiro. Está dentro do país, portanto éterritório brasileiro e se submete às leis brasileiras.
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réudomiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
Comentário: Como já dito anteriormente, toda obrigação que se realizar emterritório pátrio, bem como os julgamentos aqui ocorridos, devem ser regidospela lei nacional.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações,relativas a imóveis situados no Brasil.Comentário: Não poderá juiz alienígena tratar de imóveis situados em territóriobrasileiro.
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur esegundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas porautoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objetodas diligências.Comentário: "O cumprimento das rogatórias, aqui no Brasil, depende deexequatur a ser obtido em procedimento regulado pelo Regimento Interno doSupremo Tribunal Federal (art. 211). Exequatur é a autorização dada peloPresidente do Supremo Tribunal Federal para que possam, validamente, serexecutados, na jurisdição do juiz competente, as diligências ou atosprocessuais requisitados por autoridade judiciária estrangeira. Concedido oexequatur, a rogatória será remetida ao juiz federal do Estado em que deva sercumprida (CF, art. 102, I, "h"). Praticado o ato, a rogatória é devolvida ao STF,que a remeterá de volta ao país de origem." (DOWER, Nélson Gogoy BassilDower. Curso básico de Direito Processual Civil. 2. ed. São Paulo, Nelpa, 1996.v. I, p. 381). 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei quenele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo ostribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça.Comentário: Trata-se de mais uma aplicação do princípio locus regit actum.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem ainvoca prova do texto e da vigência.Comentário: O Juiz não é obrigado a conhecer a lei estrangeira, e compete aointeressado demonstrar sua existência e vigência.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: 
a)haver sido proferida por juiz competente;Comentário: Competência é um termo com origem no latim, e jurídico,significando precipuamente a faculdade que a lei concede a funcionário, juiz outribunal, para decidir determinadas questões. Desta maneira, juiz competente é aquele que tem o poder concedido pelo seu Estado para julgar determinada causa. 
b)terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;Comentário: A Constituição assegura o princípio da ampla defesa e docontraditório, que garante que todos podem se defender, e por meio de todasas provas em direito admitidas.
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias paraa execução no lugar em que ,foi proferida;Comentário:A sentença transitada em julgado é aquela que não cabe mais
recurso. O princípio do duplo grau de jurisdição garante o direito de recurso emdecisões que a pessoa se sinta lesada.
d) estar traduzida por intérprete autorizado;Comentário:Todos os atos processuais no direito brasileiro devem ser escritosna língua pátria, ou seja, português. Quando assim não estiverem deverão sertraduzidos por tradutor oficial. Assim, as sentenças estrangeiras para quepossam ter validade no Brasil, precisam cumprir este mesmo requisito.
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal.Comentário: Diz o art. 483 do CPC - A sentença proferida por tribunalestrangeiro não terá eficácia no Brasil senão depois de homologada peloSupremo Tribunal Federal.Homologação é a aprovação dada por autoridade judicial ou administrativa acertos atos particulares para que produzam os efeitos jurídicos que lhes sãopróprios.Comentário:Parágrafo único. Não dependem de homologação as sentençasmeramente declaratórias do estado das pessoas.Na sentença meramente declaratória o que se busca é conferir certeza àexistência ou inexistência de uma relação jurídica.
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar alei estrangeira, ter-se-áem vista a disposição desta, sem considerar-sequalquer remissão por ela feita a outra lei.Comentário:Para Clóvis Beviláqua, remissão é a liberalidade do credor,consistente em dispensar o devedor de pagar a dívida. Por seu intermédio otitular do direito se coloca na impossibilidade de exigir o cumprimento daobrigação.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquerdeclarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem asoberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
Comentário:Soberania é a capacidade de um Estado ser considerado nacomunidade internacional como independente.Ordem Pública é a manutenção do Estado, do bem social.Bons costumes são aqueles que não venham ferir o que o senso comumentende como correto.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consularesbrasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e detabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiroou brasileira nascido no país da sede do Consulado.Comentário:O art. 12 da CF tem a seguinte redação, após a EC 54 nº 54, de20/9/07:Art. 12. São brasileiros:I - natos:a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de paisestrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde quequalquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira, desde quesejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir naRepública Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingidaa maioridade, pela nacionalidade brasileira;II - naturalizados:>a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aosoriginários de países de língua portuguesa apenas residência por um anoininterrupto e idoneidade moral;b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na RepúblicaFederativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenaçãopenal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior ecelebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os requisitos legais.Comentário:A mesma lei que alterou a redação do art. 18 da Lei de Introdução,introduziu nesta lei o art. 19, para ressalvar a validade dos atos indicados noartigo anterior, celebrados pelos cônsules brasileiros entre a entrada em vigorda Lei de Introdução e a alteração do art. 18 pela Lei nº. 3.238/57, desde quesatisfaçam todos os requisitos legais. Trata-se, na verdade, de ressalvadesnecessária, tendo em vista que a alteração feita no art. 18 é meramenteredacional (a redação original falava: “Tratando-se de brasileiros ausentes deseu domicílio no país, são competentes...”).
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusadapelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmoDecreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90(noventa) dias contados da data da publicação desta lei.
Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1942, 121o da Independência e 54o daRepública.GETULIO VARGASAlexandre Marcondes FilhoOswaldo Aranha

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