Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER PORTFÓLIO CULTURA MATERIAL E IMATERIAL Arnaldo ALVES DA SILVA JÚNIOR Elis Maria SILVA FAGUNDES Geisa Maria ALVES PEREIRA UNINTER Caetité 2016 ARNALDO ALVES DA SILVA JÚNIOR ELIS MARIA SILVA FAGUNDES GEISA MARIA ALVES PEREIRA CULTURA MATERIAL E IMATERIAL Trabalho apresentado a UTA Fundamentos Pedagógicos, Fase II Curso: Licenciatura em Matemática Tutor Local: Suely A. T. S.Abrantes Centro Associado: Caetité - Bahia Caetité 2016 SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................ 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4 2 CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL ......................................................... 5 2.1 CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL DO ESTADO DA BAHIA ................ 6 2.2 CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL DO MUNICÍPIO DE IGAPORÃ....... 8 3 IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL NAS ESCOLAS ................................................................................................. 15 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 17 RESUMO O presente trabalho discorre sobre a Cultura tanto no contexto Material como Imaterial, de acordo com sua natureza, definindo sua importância para a formação da identidade de um povo. Foi feito um breve relato sobre alguns pontos do acervo cultural do Estado da Bahia visto que quanto a sua expressividade é praticamente impossível citá-lo por completo. Também faz parte destes relatos um pouco do que diz respeito à cultura Material e Imaterial, os saberes e tradições do município de Igaporã, no Estado da Bahia. Após esta conceituação do que representa tanto a Cultura Material quanto a Imaterial exemplificando esse conceito no Estado da Bahia e no Município de Igaporã, registramos a importância de se trabalhar essas culturas na escola e qual o seu papel na formação do cidadão e no reconhecimento da nossa identidade. PALAVRAS CHAVE: Cultura Material. Cultura Imaterial. Identidade. Caetité 2016 4 1 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar que praticamente tudo que nos cerca faz parte da nossa cultura? Ou pelo menos está relacionado com a cultura, pois a cultura é parte do que somos, é a cultura que regula nossa convivência, nossa comunicação em sociedade. A cultura possui tanto aspectos tangíveis que são os artefatos e seus símbolos que fazem parte do seu contexto, como os intangíveis que são as ideias, valores, normas, comportamentos que constroem a realidade social. O presente trabalho relata sobre a cultura material e imaterial do Estado da Bahia apresentando alguns aspectos dessa cultura, visto que seu acervo é imensamente rico e torna-se impossível concluí-los em um único texto. Relatamos ainda sobre o patrimônio cultural do município de Igaporã - Bahia, com suas expressões tanto materiais como imateriais que contam a história de um povo, de uma nação, um estado, de uma comunidade, um município, uma região. A cultura se define como a herança de um passado transmitida as gerações futuras. E essa transmissão se dá através de seus costumes, comidas típicas, religiões, lendas, cantos, danças, linguagem superstições, rituais, festas. É imprescindível se trabalhar nas escolas a cultura, a diversidade cultural, o que para aquela comunidade específica é considerado familiar, as mudanças ocorridas com o tempo, os aspectos dominantes daquela população, bem como a valorização de tudo que é considerado importante para a formação de uma sociedade menos desigual, aprendendo respeitar as diferenças sempre existentes, porém sem depreciar o que não é comum a todos, pois através da valorização da cultura, do conhecimento mais aprofundado do que é cultura, torna-se possível, trabalhando intensamente esse tema nas escolas, conscientizar os indivíduos, proporcionando aos mesmos a aquisição de conhecimentos para a compreensão da história local, adequando-os à sua própria história. Eis a importância, de se trabalhar minuciosamente nas escolas sobre a cultura e sua complexidade na construção da identidade de um povo. 5 2 CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL A Cultura Material consiste em todo objeto que registra as normas e regras do modo de vida de uma determinada comunidade. A cultura material está relacionada com a finalidade ou sentido que os objetos têm para um povo numa cultura, ou seja, a importância e influência que exercem na definição da identidade cultural de uma sociedade. São exemplos de Cultura Material: Os objetos manufaturados, os prédios, meios de transportes, estradas, pontes, ou seja, todo e qualquer objeto resultante da transformação da natureza pelo homem. A cultura material surge como expressão específica da coerência de comunidades orgânicas, correspondendo a ‘modos de vida’ através dos quais essas comunidades pretendem reavivar as referências que lhes conferem identidade. Na óptica culturalista, a identidade cultural decorre da identificação dos membros de uma determinada comunidade com uma série de símbolos que registra, de modo codificado, normas e regras que são transmitidas de geração em geração. (FUNDAÇÃO COA PARQUE, 2016) Já a Cultura Imaterial é o conhecimento que não foi ensinado por meio de livros, registros formais ou ensinamentos sistemáticos, mas sim, o conhecimento transmitido na prática, na forma oral ou por meio de gestos, de geração para geração. Tradição e transmissão de conhecimento são fatores essenciais para a continuidade da cultura imaterial, e para a construção da identidade um grupo, povo ou nação. Está relacionada aos aspectos não materiais como: os costumes, a religião, o folclore, as artes, entre outros. A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. O Patrimônio Imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. (AMIGOS DO LIVRO, 2016) 6 2.1 CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL DO ESTADO DA BAHIA A riqueza cultural do Estado da Bahia é tão grande e diversificada que torna- se até difícil saber sobre o que relatar, pois a Bahia possui um dos mais expressivos acervos culturais do Brasil tanto no que diz respeito à cultura material com suasobras arquitetônicas, religiosas como com suas diversas manifestações populares, culturais, sua música, culinária que fazem parte do patrimônio cultural imaterial. A Bahia, ocupando uma área de 567.692,669 km², é o quinto maior estado do país e possui um dos maiores e mais significativos acervos de bens culturais do Brasil. A organização da salvaguarda deste acervo cultural, primazia do Estado iniciada já nas primeiras décadas do século XX, foram intensificadas após a criação do SPHAN, a quem coube as tarefas de identificação, restauração e preservação dos bens culturais de excepcional valor. Em 1937, foi criado o 2º Distrito do SPHAN, com sede em Salvador, abrangendo os estados da Bahia e Sergipe. Em 1990, transformou-se em 7ª Coordenação Regional, atual Superintendência Regional do IPHAN, com jurisdição sobre a Bahia. Em 1988 a sede passou do Museu dos Sete Candeeiros para a Casa Berquó, imóvel do século XVII, tombado individualmente, situado no centro histórico de Salvador. (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, 2016a) Existem no Estado da Bahia 174 bens de natureza material tombados individualmente e mais de 9.000 imóveis tombados em conjunto segundo dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Sobre a Cultura Material o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Cachoeira, tombado pelo Iphan em 1971, formado na sua maioria por edifícios do século XVIII e XIX - caracteriza-se pela tendência neoclássica que, no século XIX, influenciou a construção de novos prédios e reformou os antigos; o Conjunto Paisagístico de Iguatu, em Andaraí, foi tombado pelo Iphan, em 2000, abrange as ruínas de habitações de pedra localizadas entre a ponte sobre o rio Coisa Boa e a margem esquerda em direção à trilha do antigo garimpo local; o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Itaparica, tombado em 1980, A Ilha de Itaparica situa-se na Baía de Todos os Santos e sua ocupação se deu desde os primeiros tempos da colonização portuguesa, conserva suas características originais, destacando-se pela uniformidade dos muitos edifícios de um só pavimento; o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Lençóis; o Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Monte Santo; o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Mucugê; o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Cidade Alta de Porto Seguro; 7 o Município de Porto Seguro, tombado em quase sua totalidade pelo patrimônio histórico, não sendo permitida a construção de prédios com mais de dois andares, tem relevante importância histórica, cultural e turística, Porto Seguro é o local da chegada dos portugueses no ano de 1500, quando o Brasil foi descoberto; o Conjunto Arquitetônico de Rio de Contas, Tombado pelo Iphan, em 1980, o conjunto arquitetônico de Rio de Contas reúne praças e ruas que ainda apresentam o traçado antigo, com monumentos públicos e religiosos em pedra, casario em adobe e igrejas barrocas; o Centro Histórico de Salvador, dentre muitos outros. Figura 1: Centro Histórico de Salvador - Bahia A Bahia também possui um patrimônio arqueológico riquíssimo, mas ainda muito pouco estudados distribuídos por todo o estado podendo citar os Sítios arqueológicos da Chapada Diamantina, Complexo Arqueológico de Paulo Afonso, Alguns sítios arqueológicos da região como os Sítios Arqueológicos Morro do Jacaré, Toca do Tapim, Paraguai e toca do Tapuio, todos no município de Caetité, O Sítio Arqueológico Três Passagens no município de Igaporã e outros tantos mais. 8 Figura 2: Sítio Arqueológico Morro do Jacaré, Caetité-Bahia O Patrimônio Imaterial é um importante fator da manutenção da diversidade cultural, pois promove o respeito por todos os modos de vida é a transmissão dos conhecimentos, das tradições, técnicas e costumes de geração em geração de uma comunidade, ou às outras comunidades contribuindo com a formação da nossa identidade. A partir do ano de 2000, com o Decreto Lei nº 3551, de 04 de agosto, que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, da criação do Programa Nacional do Patrimônio Imaterial – PNPI e da consolidação do Inventário Nacional de Referências Culturais, houve um significativo aumento da demanda de proteção para os bens de natureza imaterial [...] Do total de 16 bens Registrados como Patrimônio Imaterial do Brasil quatro deles encontram suas origens na Bahia: a Festa do Senhor do Bonfim, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o Ofício das Baianas de Acarajé, a Roda de Capoeira e o Ofício dos Mestres de Capoeira, estes últimos, ainda aguardando a conclusão do seu plano de salvaguarda. (INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, 2016b) 2.2 CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL DO MUNICÍPIO DE IGAPORÃ O município de Igaporã está situado no sudoeste da Bahia, suas origens se dão onde está situada a famosa Casa de Pedras do Santo Antônio, construída pelo fidalgo Bernardo de Brito, em meados do século XIX, onde residiu com seus familiares. É de fundamental importância a preservação da Casa de Pedras do Santo Antônio, tendo em vista o imenso significado histórico-cultural para o município. 9 Bernardo de Brito Gondim, foi o maior líder político do Bonito, no século XIX, integrante do Partido Conservador, no Brasil Imperial. O fazendeiro adquiriu a propriedade do Santo Antônio e em meados do século XIX, construiu a sua residência conhecida atualmente como “Casa de Pedras”. Trata-se de uma residência com fachada principal de pedras, com seteiras ou óculos sobre a s portas e janelas, servindo para medidas de proteção à família do proprietário, pois homens armados dentro da casa poderiam utilizá-los para alvejar pessoas do lado externo, em caso de confrontos ou ataques. É uma construção fortificada para os padrões da época. Foi adquirida em 1894, pelo capitão Augusto José Fagundes. Permanecendo, atualmente, em poder dos seus descendentes. (NEVES, 2008). Figura 3: Casa de Pedras do Santo Antônio O tombamento da Casa de pedras da fazenda Santo Antônio foi realizado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Igaporã- COMPAC por meio de Ofício de notificação ao proprietário. De acordo com a Lei nº 269, Capítulo IV, Artigo 21 de 15 de setembro de 2014 que trata da Proteção e Conservação dos Bens Tombados: Os bens tombados deverão ser conservados e, em nenhuma hipótese poderão ser demolidos, destruídos ou mutilados, devendo aos bens naturais ser assegurada a normal evolução dos ecossistemas. § 1° As obras de conservação, restauração ou alteração do bem tombado, somente poderá ser feita em cumprimento aos parâmetros estabelecidos na decisão do COMPAC, cabendo a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo a conveniente orientação. ( IGAPORÃ, p. 13, 2014) Os sítios arqueológicos são classificados como patrimônio material, através da arqueologia é possível construir capítulos importantes da nossa história. No município de Igaporã está localizado o Sítio Arqueológico Três Passagens. 10 O sítio arqueológico está localizado no município de Igaporã, junto ao sopé da serra, onde se inicia a estrada das Três Passagens. Nesse local, além da presença de cerâmicas de produção local/regional, faianças finas e vidros associados as atividades do cotidiano, foram também encontrados os alicerces em pedra de duas edificações em adobe: uma possível habitação e uma casa de farinha. Vestígios de um dos muitos modos de vida e padrões de subsistência dos habitantes da região. (ALFONSO E MORAES. P. 19, 2011) A cultura material está inserida noentendimento subjetivo dos objetos, seus valores, o significado desses utensílios para determinada comunidade e por isto é imprescindível registrar neste trabalho as casas de farinha e os engenhos de cana do município. Muitos chefes de família fabricavam e ainda fabricam artesanalmente no interior do município rapadura, mel, batido, farinha, tapioca e comercializam em Igaporã e cidades circunvizinhas. Muitos criaram seus filhos, formaram suas famílias, tendo como forma de subsistência o manejo desses produtos. Fortalecendo o crescimento econômico do município, consequentemente ajudando na formação cultural de Igaporã. Seu Osmar Borges dos Santos (conhecido como Mazinho) conta a história de sua avó, mãe de 14 filhos. Ele lembra a luta pela sobrevivência da família que saía da comunidade (Lagoa da Torta) e ia para Bom Jesus da Lapa de carro de boi levar farinha, tapioca e rapadura. Na volta trazia abóbora, feijão e peixe. Sua outra avó, natural de Paramirim saiu de lá para ir para São Paulo tentar a vida,durante a viagem instalou-se na comunidade de Alecrim, pois teve notícias de outras pessoas, que a vida em São Paulo também não estava fácil. (SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO. p. 69, 2014a) Figura 4: Moenda de Cana de Açúcar 11 A cultura material está nos domínios da vida cotidiana de um povo, suas especificidades e as inter-relações dos artefatos, dos objetos com a história de um povo. Pode-se destacar ainda como cultura matéria de Igaporã a Igreja Matriz de Nossa Senhora do Livramento, construída em 1871. Figura 5: Igreja Matriz Nossa Senhora do Livramento A Praça do Forró onde acontece o tradicional São Pedro, época em que muitos dos Igaporaenses que vivem fora retornam ao município para festejar. É de suma importância a preservação da cultura, pois é através dela que é construída a identidade de um povo. Figura 6: Praça do Forró, Igaporã - Bahia No que diz respeito aos bens imateriais do município, aos saberes, religiosidade, festas e outras manifestações muito há por descrever. As festas 12 religiosas, por exemplo, são bem tradicionais, seguindo os mesmos ritos praticados por seus antepassados. As principais são: A Festa da Padroeira do município Nossa Senhora do Livramento, comemorada em setembro; Os festejos do mês de maio em homenagem a Maria e a festa de São Sebastião no mês de janeiro. Figura 6: Encerramento da festa Imaculado Coração de Maria As folias de Reis são bem festejadas no município todo. Sempre no mês de dezembro vários grupos rodam o interior do município e a sede com suas apresentações e no início de janeiro é realizado um encontro de todos esses grupos na sede do município, fechando o período com um belíssimo festival de Reis apresentado na esplanada da igreja Matriz. Nas comunidades Rurais de Barreiro do Tatu, Canabrava dos Farias, Limeira e tantos outros como Cachoeira do Tatu: O reisado é uma das tradições mais fortes da comunidade, sendo desde muito tempo realizado. O grupo é composto por homens e mulheres, que se entregam ao samba das rodas de Reis, se apresentam no período inicial do ano, e ainda em outras épocas. Esse é o denominado Reis temporão. Os moradores da comunidade apreciam com muita animação as apresentações realizadas, participando com palmas ou sambando juntamente com os reiseiros. ( SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO, p.40, 2014b) 13 Figura 7: X Festival de Reisado de Igaporã Enraizado no cotidiano das comunidades, em todo o município o patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração e constantemente recriado. Em algumas comunidades, como Barreiro da Conceição, por exemplo, há muitos anos na quarta-feira de cinzas é realizada a Encomendação das Almas, que tem o objetivo de ajudar as almas a encontrar a paz e a luz; Tem também a Via Sacra que compõe o cenário religioso de algumas comunidades no período da quaresma; As penitências, realizadas nos períodos de estiagem que são procissões realizadas ao meio dia, onde os penitentes carregam imagens de Santos, garrafas de água, flores e pedras até um cruzeiro, clamando ao Divino por chuva; A religiosidade popular é representada por muitos benzedores, resadeiras, curadores, Major Ramiro da Ponta da Serra e seus descendentes: Maximino (Seu Maçu), falecido no ano de 2001 e Ladislau conhecido como Lauzinho, que além de ser resador é um exímio sanfoneiro e até os dias de hoje anima festas no interior e sede do município de Igaporã. O Major Ramiro foi muito importante para a localidade de Ponta da Serra, na região de Barreiro da Conceição. Foi ele quem construiu a igreja e o cemitério da devida localidade. Além de tais construções era o maior curador da região. Sua fama era tamanha que diz a lenda que ele curava seus capangas, ficava invisível e quando alguém atirava nele, o mesmo aparava a bala com a mão e jogava fora. (SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO, p. 10, 2014c) A Igreja da Ponta da Serra, ainda é muito visitada, principalmente na Semana Santa onde a Via Sacra é realizada e acompanhada por muitos fiéis. Há três anos é realizada pra lá também a Caminhada da Fé, onde milhares de católicos se reúnem 14 em comitiva e vão a pé da Igreja matriz Nossa Senhora do Livramento até a referida Igreja. Figura 8: Igreja da Ponta da Serra A capoeira é praticada tanto na sede do município como em algumas comunidades rurais. O Grupo de Capoeira Meninos de Igaporã, filiado ao Grupo Ginga Brasil sob o comando do professor Júnior e o instrutor galego, teve inicio no dia 10 de março de 2014, quando o grupo foi contemplado, com o projeto de culturas populares, (Capoeira: Música, dança, arte e vida), fomentado pela Secretaria de Cultura de Salvador Bahia. Esse projeto teve a duração de oito meses, atendendo 250 pessoas: entre, crianças, jovens e adultos, contribuindo de forma positiva para a complementação da educação e recuperação de vícios de drogas lícitas e ilícitas, dos quais muitos eram usuários. Após o término desse projeto a Secretaria de Cultura, em parceria com a Prefeitura Municipal de Igaporã, optou por abraçar esse projeto, garantindo a sua continuidade e o seu fortalecimento, dando espaço para a participação em concursos e festivais culturais de dança, ajudando a realizar o batizado de troca de graduação dos alunos, e consequentemente, foram implantadas extensões desse projeto nas comunidades rurais de Alecrim e Cachoeira do tatu, e para que as aulas fossem ministradas nessas comunidades, foram contratados alguns monitores de capoeira frutos desse mesmo projeto que permanece vivo e atuante. 15 Figura 9: Batizado de Capoeira Grupo Ginga Brasil, Meninos e Meninas de Igaporã A cavalgada também faz parte das tradições culturais do município, tanto na sede como no interior existem vários grupos de montaria que se reúnem em várias épocas do ano em desfiles belíssimos. Estes grupos reúnem-se no mês de janeiro nos festejos de São Sebastião, em outras comemorações religiosas, há doze anos no mês de setembro, mês em que se comemora a emancipação política de Igaporã podemos vislumbrar a mais bela cavalgada que reúne nesta data, cavaleiros e amazonas do município e cidades circunvizinhas. Figura 10: Cavalgada de Igaporã 3 IMPORTÂNCIA DO TRABALHO COM CULTURAS MATERIAL E IMATERIAL NAS ESCOLAS É de extrema importância o conhecimento de uma comunidade sobre seu patrimônio cultural, o que leva não somente a conhecê-lo mais relacionar-se com ele 16 tornando-se dessa forma natural o hábito pelapreservação e valorização de sua cultura para a construção de sua identidade. E nada melhor do que a escola para ser o mediador desses conhecimentos, pois na escola essa identificação, essa valorização virá de forma coletiva, despertando na coletividade o senso de que o patrimônio cultural pertence a todos e exatamente por isso uma responsabilidade de toda sociedade. A educação escolar deve ser bem mais do que apenas transmissão de conhecimentos, a escola precisa desempenhar o papel de formar cidadãos cientes de seu papel, de seu lugar no mundo e a valorização de sua cultura é um passo importantíssimo para alcançar esse objetivo. É necessário compreender que o processo educativo emanado pela escola é algo que a sociedade não pode prescindir. Ao contrário, a educação é fundamental no processo de aprendizagem e na compreensão necessária para que se possa ver o “diferente” em suas complexidades de formas de relações humanas e suas afirmações. As relações existentes no processo de construção e significação das diferenças na sociedade precisam ser muito bem compreendidas. A necessária valorização da diferença que buscamos se dá no sentido de reconhecer e afirmar positivamente a pluralidade e a singularidade de cada diferente cultura. (PEREIRA, 2016) Seria interessante que a escola desenvolvesse atividades interdisciplinares com o intuito de valorizar as culturas material e imaterial com a participação interativa de todos os alunos, de toda escola e porque não também envolvendo a comunidade. Uma ideia que seria muito produtiva, que seria enriquecedora para o aprendizado de todos seria o estudo do Plano Municipal de cultura de Igaporã. Este estudo poderia ser através de debates; entrevistas com os representantes dos órgãos responsáveis como Secretaria de Cultura, Prefeitura Municipal; Análise da proposta do plano com o intuito de conhecer mais detalhadamente tudo que se refere ao Patrimônio Cultural do município, pois só conhecendo seus avanços e deficiências esta comunidade poderá ajudar na concretização deste plano. Só reconhecendo a importância de se cuidar melhor do lugar onde se vive, valorizando o patrimônio cultural presente em nossa sociedade, respeitando as diferenças existentes neste meio é que a transformação social surgirá fortalecendo o indivíduo no reconhecimento do seu espaço e do seu valor como um ser único no que o identifica, mas completamente inserido no contexto social, na formação de sua comunidade. 17 REFERÊNCIAS ALFONSO, Louise Prado; MORAES, Camila Azevedo de. Diálogos sobre o patrimônio cultural de Caetité, Guanambi, Igaporã, Licínio de Almeida, Pindaí, Riacho de Santana e Urandi.. 1. ed. São Paulo: Zanettini Arqueologia, 2015. v. 1. 41p . AMIGOS DO LIVRO. Curiosidades. Disponível em: http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=7952&friurl=:- Voce-sabe-a-diferenca-entre--Patrimonio-Material-e-Patrimonio-Imaterial--: Acesso em: 26 de maio 2016. FUNDAÇÃO COA PARQUE. Saberes. Cultura. Disponível em: http://www.arte- coa.pt/index.php?Language=pt&Page=Saberes&SubPage=ComunicacaoELingComu nicacaoE&Slide=175 Acesso em: 22 de maio 2016. IGAPORÃ. Lei nº 269 de 15 de setembro de 2014. Dispõe sobre a preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural do Município de Igaporã, cria o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e institui o Fundo Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Igaporã. INSTITUTO MUNICIPAL. Publicações Oficiais. Disponível em: http://impublicacoes.org/trdados/arquivos_agenda_2014/09/fa366e49c7fde923ebcbee46e6b0791254 2328aa069c4.pdf Acesso em 08 de junho 2016. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Superintendência da Bahia. Disponível em: http://iphanba.blogspot.com.br/p/iphan- ba.html Acesso em: 28 de maio 2016. NEVES, Erivaldo Fagundes. Uma Comunidade Sertaneja: Da sesmaria ao minifúndio (um estudo da história regional e local). Salvador: EDUFBA, 2008. PEREIRA, Nilza Brandolfo. A importância de se trabalhar a diversidade cultural na escola. Discente do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu: Psicopedagogia Clínica e Educacional. Instituto Matogrossense de Pós Graduação e Serviços Educacionais. Disponível em: www.impactosmt.com.br/index.php/artigos/16-a- importancia-de-trabalhar-a-diversidade-cultural-na-escola Acesso em: 28 de maio 2016. SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA E TURISMO. Saberes e Identidade Cultural. Projeto Fortalecimento de Memórias e Tradições Culturais Rurais de Igaporã – BA. v 1, Igaporã, 2014.
Compartilhar