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INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
1. Conceito de Processo 
 
I – Processo na Teoria da Norma Jurídica: Modo de produção de uma norma 
jurídica. A lei decorre de um processo legislativo. 
 
Obs: Existe também o processo jurisdicional que é o modo de produzir a norma 
para caso concreto. A sentença é uma norma jurisdicional. 
 
II – Perspectiva dos Fatos Jurídicos: Processo é uma espécie de ato jurídico 
complexo. O processo é um conjunto de atos jurídicos organizados entre si para 
a produção de um ato final. Nesta acepção, processo é igual a procedimento. 
 
III – Processo como relação jurídica: Relações jurídicas entre autor e juiz, juiz e 
réu, perito e juiz, testemunha, escrivão, oficial de justiça, etc. O processo é um 
feixe de relações jurídicas formadas pelos sujeitos processuais. 
 
Processo = Procedimento (conjunto de atos) + Relação Jurídica (feixe de 
relações jurídicas) 
 
2. Relação entre Direito Processual e Direito Material 
 
O processo nasce em razão de conflitos presentes no direito material. Os 
conflitos que buscam uma solução no judiciário são decorrentes de situações 
regidas pelo direito material. O direito material afirmado em juízo dá sentido 
ao processo. O processo se organiza para resolver os conflitos do direito 
material. 
 
A instrumentalidade do processo é a forma de compreender o processo a partir 
do direito material. O processo como uma forma de instrumentalização do 
direito material. 
 
Existe uma relação circular entre o Direito Material e o Direito Processual. O 
Direito Material serve de sustentação ao Direito Processual e o Direito 
Processual efetiva o Direito Material. 
 
“O Processo serve ao Direito Material ao tempo em que é servido por ele” 
(relação circular entre Processo e Direito Material). 
 
3. Relação entre Processo e Teoria do Direito 
 
I – Teoria das Fontes do Direito 
 
- Reconhecimento da eficácia normativa dos princípios. O princípio é uma 
Norma Jurídica. 
 
- Reconhecimento da eficácia normativa da jurisprudência (as decisões judiciais 
geram norma jurídica). 
 
- Desenvolvimento de uma técnica legislativa nova: a técnica das cláusulas 
gerais. As cláusulas gerais nasceram no Direito Civil (cláusula geral de boa-fé, 
cláusula geral da função social da propriedade e cláusula geral da função social 
do contrato, etc). A partir de então, começaram a surgir as cláusulas gerais 
processuais. As cláusulas gerais são uma espécie de texto normativo. Cláusula 
geral é texto, não é norma. A norma resulta da interpretação da cláusula geral. 
 
Exemplos de cláusulas gerais processuais: Devido processo legal; cláusula geral 
executiva (§ 5º art. 461); cláusula geral da jurisdição de adequação voluntária 
(art. 1109). 
 
 
II – Hermenêutica 
 
- Distinção indispensável entre texto e norma. A norma é aquilo que resulta da 
interpretação do texto. O texto não se confunde com a norma. 
 
Ex: Proibido a entrada de cães (se é proibida a entrada de cães, também não 
poderá entrar com um gato ou com um urso. 
 
- A interpretação é essencialmente uma atividade criativa. Quem interpreta 
exerce atividade criativa. 
 
- Máximas da proporcionalidade e razoabilidade. 
 
4. Relação entre o Processo e o Direito Constitucional (Ontem os Códigos; Hoje 
as Constituições) 
 - Reconhecimento da força normativa da Constituição. 
 - Aprimoramento da jurisdição constitucional. O Juiz faz o controle de 
 constitucionalidade das leis. A jurisdição constitucional se exerce 
 processualmente. 
- Surgimento da Teoria dos Direitos Fundamentais. Os direitos fundamentais 
passaram a ser o mínimo ético que dever ser preservado. Os direitos 
fundamentais passaram a ser de caráter transcendental. Os direitos 
fundamentais, além de direitos, também são normas jurídicas que determinam 
como o direito positivo deve ser construído. Têm, portanto, os direitos 
fundamentais uma dimensão subjetiva e uma dimensão objetiva. 
 
Obs: Na dimensão objetiva, as normas processuais têm de estar de acordo com 
as normas de direitos fundamentais. 
 
Na dimensão subjetiva o processo deve ser adequado para tutelar os direitos 
fundamentais do litigante no processo (direito à liberdade, à imagem, à saúde, 
etc). 
 
5. Fases da Teoria do Processo 
 
- Primeira Fase: Fase do sincretismo – Não havia separação entre o processo e 
o Direito Material (até meados do século XIX). 
 
- Segunda Fase: Fase do Processualismo (Oskar Bulow); construção da ciência 
processual (até meados do século XX). 
 
- Terceira Fase: Fase do Instrumentalismo – reaproximação do processo com o 
direito material. Fase mais preocupada com a efetividade do processo, visão de 
um processo social, preocupado com o acesso à justiça; pós segunda guerra. 
 
-Quarta Fase: Reconstrução da dogmática do processo (Neoprocessualismo) 
levando em consideração as alterações ocorridas na Teoria do Direito e levando 
também em conta o recente fenômeno de constitucionalização 
(Neoconstitucionalismo). 
 
6. Princípios Constitucionais do Processo 
 
Princípios Explícitos 
 
 
 Devido Processo Legal 
- Deriva da expressão inglesa “due processo of law”, que existe desde o 
século XIV. Outros nomes são “Processo Justo”; “Fair Trial”; Devido 
Processo Constitucional. 
 
- Devido Processo legal é o devido processo de acordo com o Direito. 
 
- A noção de processo devido é uma construção histórica. A noção de 
processo devido variou, não sendo a mesma nas diferentes épocas. 
 
- O devido processo legal acaba sendo uma forma de proteção contra os 
abusos de poder por parte do soberano. É uma defesa contra as 
tiranias. 
 
- É possível falar em devido processo legal legislativo, devido processo 
legal administrativo e devido processo legal jurisdicional. 
 
OBSERVAÇÃO: Fala-se muito hoje em um devido processo legal privado. 
No âmbito das relações jurídicas entre particulares também há processo 
e este processo deve obedecer ao princípio do devido processo legal 
(Eficácia Horizontal dos Direitos Fundamentais). 
 
- A doutrina identifica duas dimensões do devido processo legal: 
dimensão formal ou processual e dimensão material. A dimensão 
formal é que garante o contraditório, a publicidade, motivação, juiz 
natural. São garantias do processo válido. 
 
- A dimensão material, substancial ou substantiva do processo legal 
representa para o Direito Brasileiro os deveres de proporcionalidade e 
razoabilidade. É a exigência de que as decisões sejam proporcionais e 
razoáveis. 
 
OBSERVAÇÃO: Todos os demais princípios constitucionais do processo 
derivam do princípio do devido processo legal. 
 
- Princípios Explícitos: Contraditório, Publicidade, Duração Razoável do 
Processo. 
 
 
 
 Princípio do Contraditório 
 
- O princípio do contraditório também apresenta duas dimensões: Uma 
é a dimensão formal, que consiste no direito de ser ouvido, de 
participar da produção da norma jurídica para o caso concreto. 
 
- Já a dimensão substancial do contraditório representa o real poder de 
influência que a parte deve ter sobre o julgador. É preciso que a parte 
tenha meios reais e concretos que lhe permitam influenciar a decisão 
(argumentos, produção de provas). Não basta ter apenas o direito 
formal de argumentar, mas é preciso que esses argumentos e provas 
sejam examinados pelo julgador. 
 
- O direito à prova é uma consequência do contraditório visto em sua 
dimensão substancial. 
 
IMPORTANTÍSSIMO: A Ampla defesa nada mais é do que a dimensão 
substancial do contraditório. 
 
- IMPORTANTÍSSIMO2: Mesmo nas matérias que o Juiz pode conhecer 
de ofício ele deverá intimar as partes para que se manifestem antes da 
decisão, sob pena de violar gravemente o contraditório. 
 
 Princípio da Publicidade 
 
- O processo, para ser devido, tem que ser público. A publicidade 
processual possui duas dimensões: Publicidade interna, ou seja, o 
processo tem que ser de livre acesso para todas as partes envolvidas no 
processo. A outra dimensão é a Publicidade externa, ou seja, o processo 
tem que ser público também para quem não faz parte dele, para que 
possa haver um controle externo da decisão. 
 
- A publicidade externa pode sofrer restrições, previstas na própria 
Constituição: para preservar a intimidade das pessoas (dai porque as 
ações de família correm em segredo de justiça) ou para preservar o 
interesse público. 
 
 
 
 
 Princípio da Duração Razoável do Processo 
 
- É um princípio relativamente recente, pois o problema da falta de 
celeridade nos processos é um problema recente. Isto também tem a 
ver com a ampliação do acesso ao judiciário. 
 
- Processo devido é um processo tempestivo. É um processo que dure 
um tempo razoável. 
 
- Critérios para aferição da duração razoável do processo (Tribunal 
Europeu): a) complexidade da causa; b) infraestrutura do poder 
judiciário; c) comportamento do Juiz; d) comportamento das partes 
 
- O art. 198 do CPC prevê a representação por excesso de prazo. Nesse 
caso, se constatado o excesso de prazo, o processo é redistribuído. O 
juiz da causa perde a competência para julgar aquela causa em razão da 
demora. 
 
Princípios Implícitos 
 
- Também são princípios constitucionais, só não estão expressos no 
texto constitucional. 
 
 Princípio da Boa Fé Processual 
 
- É corolário do devido processo legal. Um processo, para ser devido, 
tem que ser leal. 
 
- O princípio da boa fé processual é implícito em nível constitucional, 
mas é explícito no nível infraconstitucional. Não existe no texto da 
Constituição, porém, é previsto no art. 14, II do CPC. 
 
- O princípio da boa fé processual é destinado às partes e também a 
todos aqueles que participem do processo, inclusive ao Juiz. 
 
- Boa Fé Subjetiva: É a crença que alguma pessoa tem de estar agindo 
corretamente (João está agindo de “boa fé”); É um fato psíquico. 
 
-Boa Fé Objetiva: É uma norma de conduta. É uma norma-princípio. 
Impõe condutas em conformidade com um padrão ético. Princípio da 
boa fé e boa fé objetiva são sinônimos. 
 
- A questão da boa fé objetiva diz respeito à análise do comportamento 
do agente, independentemente de seu aspecto subjetivo. Basta a ação 
contrária ao padrão ético admitido. 
 
Conteúdo do Princípio da Boa Fé: 
a) Veda comportamentos de má fé subjetiva; 
b) Veda o abuso de direito processual; 
c) Proíbe o “Venire contra factum próprio” no processo; Veda o 
comportamento contraditório. 
- Ninguém pode, a partir do seu comportamento, induzir alguém a 
uma crença e, posteriormente, frustrar a pessoa nessa crença; 
 
Exs: O réu de um processo de execução aponta um determinado 
bem à penhora e, na defesa, alega que o bem é impenhorável; 
 
Autor desiste do processo, o juiz homologa a desistência e o autor 
recorre contra a homologação; 
 
Outro exemplo é o juiz que decide julgar a causa apenas com as 
provas documentais, sem produzir provas em audiência e, depois, 
julga a demanda improcedente por falta de provas. 
 
d) Deveres de cooperação 
 
Exs: Dever de clareza das partes nas alegações e do juiz na 
fundamentação; 
 
 Princípio da Efetividade 
 
- Princípio que garante que os direitos sejam efetivados. O processo tem 
que garantir a efetivação dos direitos perseguidos. 
 
- Já existe manifestações da jurisprudência no sentido de ser possível 
penhorar parte de salários altos, no sentido de proteger o direito à 
efetividade dos exequentes no processo de execução. 
 
 
 Princípio da Adequação 
 
- O processo, para ser devido, tem que ser adequado. A doutrina 
identificou três critérios de adequação do processo: 
 
a) O processo tem que ser adequado objetivamente. O processo tem 
que ser adequado ao direito que se busca tutelar. Ex: Criação dos 
juizados especiais para causas mais simples, com procedimento mais 
simplificado. 
b) A adequação também tem de ser subjetiva. O processo tem de ser 
adequado aos sujeitos que dele vão se valer. Ex: Quando um dos 
sujeitos do processo é incapaz exige a intervenção do Ministério 
Público; Prioridade de tramitação de processos que envolvem 
idosos. 
c) Adequação teleológica do processo. É a adequação do processo aos 
seus fins. 
 
- O princípio da adequação se dirige ao legislador e ao juiz. O 
legislador tem que criar normas processuais adequadas. Por outro 
lado, o juiz deve adequar o processo às peculiaridades do caso 
concreto. 
 
- Por outro lado, muitas vezes o juiz tem que adequar a norma 
processual às peculiaridades da causa. Ex: Dilatar o prazo legal de 
defesa (15 dias) em processos muito extensos. 
 
 Princípio da Cooperação 
 
- O princípio da cooperação é um subprincípio da boa fé. 
 
7. Modelos de Direito Processual 
 
Modelo Dispositivo ou Adversarial ou Acusatório: Quando as tarefas 
do processo são distribuídas de modo a dar protagonismo à partes, 
restando para o juiz a tarefa de decidir, fala-se que se está diante de um 
modelo de processo dispositivo. A condução do processo cabe às 
partes, competindo ao juiz a tarefa de julgar. 
 
Obs: A doutrina fala em princípio dispositivo: ao Juiz, apenas a tarefa de 
julgar. 
- É um modelo tradicionalmente adotado nos países de common law. 
 
- O modelo dispositivo está associado ao estado liberal. 
 
Modelo Inquisitivo: No modelo inquisitivo, o protagonismo é do juiz. O 
juiz interfere diretamente na condução do processo e ele mesmo 
decide. Ex: Pode determinar a produção de provas de ofício. Nesse 
modelo, o Juiz é o grande protagonista e muitas vezes conduz o 
processo a despeito da vontade das partes. 
 
- Os países vinculados à tradição do civil law (europa continental e 
américa latina) são países que adotam o modelo inquisitivo. 
 
Obs: Não existe em nenhum país do mundo, processo com modelo 
puramente dispositivo ou puramente inquisitivo. O que há é uma 
predominância de um ou de outro modelo. 
 
- A doutrina fala que o processo brasileiro é inquisitivo porque o Juiz 
pode produzir prova de ofício, porém, há também características de 
dispositividade, pois o juiz não pode iniciar o processo e fica adstrito ao 
pedido do autor. 
 
- O processo inquisitivo está associado ao estado de bem estar social. 
 
- Para a maioria dos autores, o processo inquisitivo é um processo 
autoritário, pois há muita interferência do Estado. Esses radicais são os 
adeptos do chamado garantismo processual. 
 
- Para os garantistas, dar poderes ao juiz no processo é um sinal de 
despotismo. No entanto, o juiz necessita ter poderes no processo para 
poder exercer seu livre convencimento e chegar a uma decisão mais 
justa. 
 
Modelo de Processo Cooperativo 
 
- O processo é conduzido cooperativamente pelas partes e pelo juiz. 
Não há protagonismo. O processo é conduzido pelo juiz e pelas partes 
em diálogo e cooperação entre todos os sujeitos. 
 
- Seria um modelo mais adequado aos estados democráticos. Permitiria 
uma participação mais efetiva das partes. 
- No Brasil há muitos autores que defendem que o modelo processual 
brasileiro seria o modelo cooperativo. 
 
- A doutrina identificatrês concretizações do Princípio da Cooperação: 
 
a) Dever de Esclarecimento: O juiz tem o dever de esclarecer as suas 
manifestações para as partes, tem o dever de ser claro, mas também 
tem o juiz o dever de pedir esclarecimentos. O juiz não pode inadmitir o 
pedido porque não compreendeu o teor do pedido. 
 
b) Dever de Consulta: O juiz tem o dever de consultar as partes 
previamente acerca de qualquer questão de fato ou de direito relevante 
para a solução da causa. Não pode haver decisão com base em questão 
a respeito da qual as partes não puderam se manifestar. 
 
c) Dever de Prevenção: O juiz tem o dever de prevenir as partes, de 
apontar os defeitos existentes no processo e tem o dever de dizer como 
aquele problema deverá ser resolvido. Ex: O juiz não pode indeferir a 
petição inicial, sem antes apontar o defeito dela e dizer como ela pode 
ser corrigida. 
 
OBS: Na Itália, decisão fundamentada em questão na qual nem o réu e 
nem o autor tiveram a oportunidade de se manifestar, chama-se 
decisão de terceira via. Aqui, o Juiz traz de ofício a questão, sem 
permitir que as partes se manifestem. 
 
8. Preclusão 
 
- Preclusão é a perda de uma situação jurídica processual ativa, que é 
uma situação jurídica de vantagem (direitos, poderes, competências). 
 
- Existe preclusão para as partes e existe preclusão para o Juiz. 
 
- Preclusão Pro Judicato: Significa a preclusão da análise de uma 
questão que se reputa decidida implicitamente. A questão está preclusa 
porque é como se tivesse sido julgada. Ex: Ministro do STF silencia 
quanto à repercussão geral de um recurso extraordinário. Nesse caso, o 
silêncio implica em que o recurso tenha repercussão geral. 
 
- A preclusão é uma técnica que concretiza três grandes princípios: a) 
princípio da segurança jurídica; b) princípio da boa fé; c) duração 
razoável do processo. 
 
Espécies de Preclusão 
 
- Preclusão Temporal: É a perda de um poder processual em razão da 
perda de um prazo. Ex: O réu tem quinze dias para contestar; se não 
contestou, opera-se a preclusão temporal com a perda do direito de 
contestar. 
 
- Preclusão Consumativa: Perde-se o poder processual em razão do seu 
exercício. Porque o sujeito exercitou o seu direito, já não tem mais esse 
direito. Ex: se o sujeito processual já apelou, não poderá mais apelar 
novamente. Da mesma forma, se o juiz já julgou, não poderá julgar de 
novo. O exercício do poder consumou o poder. 
 
- Preclusão Lógica: Perde-se o poder processual em razão da prática 
anterior de um ato incompatível com ele. Ex: O sujeito desistiu do 
processo, o juiz homologou a desistência, nesse caso, o sujeito não 
poderá recorrer da homologação, pois a desistência é incompatível com 
a prática do recurso. Aqui se aplica o princípio da boa fé processual que 
proíbe o venire contra factum proprium. 
 
- Preclusão Sanção: É a preclusão que decorre da prática de um ilícito 
processual. Ex: Art. 198 do CPC – Juiz que excedeu os prazos para 
julgamento pode perder a competência para o julgamento da causa. A 
preclusão sanção tem natureza de punição. 
 
Preclusão e questões de ordem pública 
 
- As questões de ordem pública podem ser examinadas a qualquer 
tempo. A maior parte da doutrina e dos tribunais entende que não há 
preclusão para o exame de questões de ordem pública, ou seja, as 
questões de ordem pública podem ser examinadas e reexaminadas a 
qualquer tempo (não há preclusão consumativa). 
 
 
 
 
9. Jurisdição 
 
- Jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial. A jurisdição é uma 
forma de heterocomposição. Quem irá resolver o conflito é um terceiro 
que não faz parte do conflito. Essa condição de ser terceiro é chamada 
de impartialidade (impartialidade = não ser parte). 
 
- O Estado tem o monopólio da jurisdição. Mas nada impede que o 
Estado, sendo o detentor desse monopólio, permita que outros entes 
exerçam jurisdição. 
 
- No Brasil existe jurisdição não-estatal, que é a arbitragem. 
 
- Não basta a condição de terceiro. É preciso que, além de ser um 
terceiro, o órgão jurisdicional não tenha interesse na causa. Aqui temos 
o conceito de imparcialidade, que exige que o terceiro seja um terceiro 
desinteressado na causa. 
 
OBSERVAÇÃO: Não confundir imparcialidade com neutralidade. 
Nenhum ser humano é neutro, nenhum ser humano é indiferente aos 
valores humanos. Juiz pode tem que ser imparcial, mas nunca será 
neutro. 
 
- Jurisdição exige um processo. O Processo torna legítimo o exercício da 
jurisdição. O processo evita o arbítrio, evita a tirania. Lembrando ainda 
que não é qualquer processo que legitima a jurisdição; tem que ser um 
processo devido! 
 
- Jurisdição é função atribuída a terceiro imparcial para, mediante um 
processo, reconhecer (conhecimento), efetivar (execução) ou proteger 
(cautelar) situações jurídicas concretamente deduzidas, de modo 
imperativo e criativo. A jurisdição é um ato de soberania, é um ato de 
império, um ato de poder. 
 
- A atividade jurisdicional é criativa. O Juiz não é a boca da lei. O juiz cria 
a norma jurídica do caso concreto. O juiz também cria uma norma 
jurídica geral que serve como padrão para a solução de casos futuros, 
semelhantes àquele (acórdãos, súmulas). A jurisprudência exerce um 
papel normativo importantíssimo. 
 
Observação: A decisão jurisdicional é insuscetível de controle externo. 
Não sofre controle de nenhum outro poder. A decisão jurisdicional só 
sofre controle de outro órgão jurisdicional. 
 
Observação 2: A jurisdição tem aptidão para a coisa julgada. Aquilo que 
foi decidido se torna definitivo. Isso é atributo exclusivo da jurisdição. 
 
Equivalentes Jurisdicionais 
 
- É qualquer método de solução de conflitos que não seja jurisdicional. 
Serve para resolver conflitos, mas não é jurisdição. 
 
- Autotutela: Na autotutela, um dos conflitantes impõe ao outro a 
solução do conflito. O conflito é resolvido pela força de um sobre o 
outro. 
 
- Existem hipóteses de autotutela que são permitidas. Ex: Direito de 
greve, legítima defesa, desforço incontinenti, guerra 
 
- Autocomposição: Na autocomposição, a solução do conflito é 
construída pelos conflitantes, de modo negocial. 
 
ADR – Alternative Dispute Resolutions 
 
- A autocomposição pode se dar em juízo ou fora de juízo. Existem 
composição judicial e extrajudicial. 
 
- Formas de Autocomposição: 
a) Transação: ambas as partes cedem um pouco dos seus interesses 
para que o conflito seja resolvido. 
b) Submissão (voluntária): Uma parte, voluntariamente se submete a 
outra. A submissão, quando feita em juízo, se chama renúncia (autor se 
submete ao réu) ou reconhecimento (réu se submete ao autor). 
 
- Mediação: Na mediação um terceiro, normalmente escolhido pelas 
partes, se coloca entre as partes para ajuda-las a resolver o problema 
por autocomposição. A mediação é a autocomposição com a 
intervenção de um terceiro. O mediador não decide a causa. Ele é 
apenas uma pessoa treinada que ajuda as partes a chegar a um acordo. 
 
- A doutrina distingue o mediador do conciliador. Para a doutrina, o 
mediador não pode fazer propostas de acordo, já o conciliador pode 
fazer propostas. A postura do mediador tem que ser uma postura mais 
distante do conflito. 
 
- Decisão de Tribunal Administrativo: Tribunal de Contas, Tribunal 
Marítimo, Tribunal de Ética da OAB, CADE. É solução de conflitos por 
heterocomposição. É um terceiro imparcial que decide. No entanto, é 
uma decisão que pode ser submetida ao controle jurisdicional e não faz 
coisa julgada.Arbitragem 
 
OBSERVAÇÃO: A arbitragem não é equivalente jurisdicional, porque 
arbitragem é a própria jurisdição. No entanto, a arbitragem é jurisdição 
privada, o árbitro é juiz não-estatal, juiz privado. 
 
- É jurisdição consensual, pois as partes escolhem o juiz da sua causa. 
Somente pessoas capazes podem decidir pela arbitragem. Entes 
públicos podem decidir por arbitragem (ex: parcerias público privadas). 
 
OBSERVAÇÃO: A arbitragem somente pode dizer respeito a direitos 
disponíveis. Pessoas capazes com uma questão que diga respeito a 
direitos disponíveis, podem levar sua causa ao árbitro que é por eles 
escolhido. 
 
- Qualquer pessoa capaz pode ser árbitro. No entanto, em regra, deve 
ser uma pessoa capaz e especializada. 
 
OBSERVAÇÃO: CNJ tem competência normativa e administrativa, 
porém, não tem competência jurisdicional. 
 
- A decisão do árbitro é chamada sentença arbitral, sentença essa que é 
título executivo judicial. 
 
- O juiz estatal não pode rever a decisão arbitral. Arbitragem é uma 
instância só. O único recurso previsto em lei para a arbitragem é 
embargos de declaração. 
 
- O juiz não tem que homologar decisão arbitral. O juiz apenas executa a 
sentença arbitral, que é um título executivo judicial. 
- Só existe um instrumento de controle da sentença arbitral: é a ação 
anulatória da sentença arbitral. Não é revisão da sentença, é invalidação 
da sentença. Aqui tem que se demonstrar que a sentença arbitral é nula 
(falta de contraditório; árbitro corrupto, decisão não motivada). O 
judiciário irá invalidar a sentença para outra sentença ser proferida pelo 
tribunal arbitral. 
 
- O prazo para entrar com a ação anulatória é de 90 dias. Essa ação 
anulatória para decisão arbitral é o equivalente da ação rescisória na 
jurisdição estatal. Esse prazo de 90 dias é um prazo legal, decadencial, e 
não pode ser prorrogado pela vontade das partes. 
 
- Portanto, na arbitragem há coisa julgada. 
 
- Convenção de Arbitragem: Negócio jurídico pelo qual as partes 
decidem submeter determinados problemas à arbitragem. Essa 
convenção de arbitragem é a base para que os árbitros decidam sobre a 
sua competência. Possui duas espécies: 
 
a) Cláusula compromissória: Cláusula que existe no contrato, 
determinando que qualquer litígio que decorra daquele contrato 
será resolvido por arbitragem. É uma cláusula genérica, para o 
futuro. Não se refere a um conflito específico. 
 
b) Compromisso Arbitral: É uma convenção de arbitragem relativa a 
um conflito já existente. O compromisso arbitral disciplina como 
será a arbitragem do caso concreto (quem será o árbitro, qual o 
prazo de arbitragem, prazos para defesa, etc). 
 
- Nada impede que se faça um compromisso arbitral sem antes 
existir a cláusula compromissária. 
 
- O árbitro não pode tomar nenhuma medida de caráter executivo. 
Mas pode expedir uma carta arbitral (equivalente da carta 
precatória) para o juiz estatal. 
 
Princípios da Jurisdição 
 
- Princípio da Investidura: A jurisdição deve ser exercida por quem 
tenha sido investido devidamente na função jurisdicional. 
 
- Princípio da Inevitabilidade: Não há como escapar da jurisdição. A 
decisão do Juiz, inevitavelmente, submete a parte àquela decisão. 
Ninguém tem como escapar de ser réu! 
 
- Princípio da Indelegabilidade: A jurisdição é indelegável. Não pode 
ser transferida para outro órgão. 
 
O Juiz pode exercer quatro tipos de poderes: 
 
a) Ordinatório: Poderes relativos à condução do processo. Esse tipo 
de poder pode ser delegado – Art. 93, XIV CF e art. 162, § 4º CPC 
(Ex: delegar ao escrivão a citação do réu; mandar ouvir o MP). 
 
b) Instrutório: Poder de determinar a produção de provas. O poder 
instrutório pode ser delegado. Por exemplo, os tribunais 
delegam poder instrutório para os juízes. A delegação de 
poderes instrutórios, de tribunais para juízes, é absolutamente 
permitida. 
 
c) Decisório: É o poder de julgar a causa. Este não pode ser 
delegado nunca. 
 
d) Executivo: É o poder de executar as decisões. Admite-se que o 
tribunal delegue poder executivo ao juiz. 
 
- Portanto, poder indelegável de forma absoluta é somente o 
poder decisório. 
 
- Princípio da Territorialidade: Toda jurisdição é exercida sobre 
um dado território. Haverá sempre uma limitação territorial para 
o exercício da jurisdição. 
 
- O nome técnico do território onde se exerce a jurisdição é o 
foro. 
 
Observação: 
- Na Justiça Estadual o foro é chamado de comarca e o distrito é 
uma subdivisão da comarca. Uma comarca abrange uma cidade 
ou um grupo de cidades. Quando for um grupo de cidades, a 
comarca terá o nome da cidade maior, que será a sede da 
comarca. 
- Já o distrito será sempre uma cidade, um bairro ou um grupo 
de bairros. 
 
- Na Justiça Federal a terminologia é outra. A JF se divide em 
Seção Judiciária e Subseção Judiciária. A seção judiciária sempre 
é um estado. A subseção é que vai ser uma cidade ou um grupo 
de cidades. 
 
- O distrito está para a comarca (justiça estadual) assim como a 
subseção judiciária está para a seção judiciária (justiça federal). 
 
Exceções ao princípio da territorialidade 
 
- Imóvel que está em duas comarcas. O juiz que está julgando a 
causa exerce jurisdição sobre a parte do imóvel que está em sua 
comarca, mas também sobre a outra parte do imóvel que está 
em outra comarca (Art. 107 CPC). 
 
- Os atos de comunicação processual (citação e intimação) 
podem ser realizados pelo oficial de justiça nas comarcas da 
mesma região metropolitana ou em comarcas contíguas (art. 
230 CPC). 
 
- Princípio do Juiz Natural: O princípio do juiz natural não é 
encontrado de forma expressa na Constituição Federal. Esse 
princípio decorre do enunciado dos incisos XXXVII (não haverá 
juízo ou tribunal de exceção) e LIII (ninguém será processado, 
nem sentenciado, senão pela autoridade competente) do art 5º 
da CF/88. 
 
- O princípio do juiz natural é corolário do devido processo legal. 
 
Possui duas dimensões 
 
a) Formal: Direito a um Juiz Competente para julgar a sua 
causa. A competência desse juiz deve ser estabelecida por lei 
geral e abstrata. Não se pode criar um juízo para julgar uma 
causa, o que seria um tribunal de exceção, o chamado “juízo 
ad hoc”. Este aspecto impede que os próprios juízes se 
atribuam competência. A competência é atribuída pelo 
legislador. 
b) Material: O aspecto material exige que o juiz, além de ser 
incompetente, deve ser imparcial. Para tanto, existe a regra 
da distribuição de processos, para que não haja escolha do 
juiz, de modo a preservar a sua imparcialidade. Isso é uma 
técnica de garantia do Juiz Natural. 
 
- O princípio do juiz natural também se aplica ao processo 
administrativo. 
 
- Princípio da inafastabilidade: Inciso XXXV do art. 5º da 
CF/88 – A lei não excluirá, da apreciação do poder judiciário, 
lesão ou ameaça a direito. O indivíduo pode ir ao judiciário 
para obter tutela preventiva (tutela inibitória). O 
fundamento constitucional da tutela inibitória é exatamente 
esse do princípio da inafastabilidade. 
 
- O princípio da inafastabilidade garante o direito de ação, o 
direito de acesso à justiça. 
 
- IMPORTANTE: Atos administrativos discricionários podem 
ser questionados na justiça. No entanto, aqui o autor terá 
que demonstrar a quebra do princípio da proporcionalidade 
e da razoabilidade (violação da dimensão substancial do 
devido processo legal). Tem que se demonstrar que a 
decisão do administrador foi desproporcionale não razoável. 
 
-IMPORTANTE: Art. 217, § 1º CF/ 88 – O poder judiciário só 
admitirá ações relativas à disciplina e às competições 
desportivas após esgotarem-se as instâncias na justiça 
desportiva, regulada em lei. É uma exceção ao princípio da 
inafastabilidade, prevista na própria constituição. 
 
- As lei podem limitar o princípio da inafastabilidade. No 
entanto, se no caso concreto, o autor demonstrar que não 
pode esperar o esgotamento no âmbito administrativo, por 
se tratar de situação de urgência, a tendência é a de que o 
juiz aceite a causa. 
 
- O mesmo raciocínio se aplica ao Promotor Natural e ao 
Defensor Natural. 
 
Jurisdição Voluntária 
 
- A jurisdição voluntária é uma jurisdição de integração de 
direitos. Pela jurisdição voluntária, o juiz integra a vontade 
da parte para torna-la apta à produção de um determinado 
efeito jurídico. 
 
- A jurisdição voluntária é uma atividade de fiscalização. O 
juiz fiscaliza a prática de determinados atos jurídicos. 
 
Exemplos: alteração de nome, interdição, adoção, retificação 
de registro, opção de nacionalidade, divórcio consensual, 
naturalização. 
 
- A jurisdição voluntária é, na maioria das vezes, necessária. 
Na maior parte das vezes o sujeito só pode exercer aqueles 
atos em juízo. Há casos que são opcionais, como por 
exemplo, o divórcio consensual em cartório. 
 
- A jurisdição voluntária é uma jurisdição essencialmente 
constitutiva. Cria, altera ou extingue situações jurídicas. 
 
- A jurisdição voluntária se estrutura em um processo que 
segue o modelo inquisitivo. O Juiz pode instalar vários 
procedimentos de jurisdição voluntária de ofício. 
 
- Há contraditório na jurisdição voluntária. Todos os 
interessados naquele assunto devem ser citados na 
jurisdição voluntária (art. 1105 CPC). 
 
- Jurisdição voluntária se decide por sentença apelável. Da 
sentença de jurisdição voluntária caberá apelação (art. 
1110). 
 
- Nos procedimentos de jurisdição voluntária, o juiz pode não 
se ater à legalidade estrita e decidir por equidade (art. 1009). 
Ex: O juiz não ouve o interditando quando este se encontra 
em coma. (01:33) 
 
IMPORTANTE: Há uma corrente que acha que a jurisdição 
voluntária não é jurisdição e sim atividade administrativa do 
Poder Judiciário. Essa é a visão tradicional e majoritária do 
tema. Para eles, não é jurisdição porque não há lide. Não 
haveria ação de jurisdição voluntária. Haveria requerimento. 
 
- Para essa corrente, também não se poderia falar em 
processo de jurisdição voluntária e sim de procedimento de 
jurisdição voluntária. Não há processo, há procedimento. 
Não há partes, há interessados. Não há coisa julgada, há 
preclusão. 
 
IMPORTANTE: A outra corrente entende que jurisdição 
voluntária também é jurisdição. Tanto é potencialmente 
litigiosa a jurisdição voluntária que todos os interessados 
têm que ser citados. 
 
- Para os que defendem a natureza jurisdicional da jurisdição 
voluntária, há coisa julgada. 
 
10. Competência 
 
- Competência é parcela de poder. É a quantidade de poder atribuída a 
um órgão. Qualquer parcela de poder é uma competência. Por isso 
podemos falar em competência legislativa, competência administrativa 
e competência jurisdicional. 
 
Princípios que regem a competência 
 
- Princípio do Juiz Natural: Princípio que garante o direito ao juiz 
competente e pré-constituído. 
 
-Princípio da Indisponibilidade da Competência: Não pode o Juiz dispor 
da competência que lhe foi atribuída pelo legislador. A competência só 
pode ser modificada por previsão legal. Por isso que se diz que a 
competência é indisponível. 
 
- Princípio da Tipicidade das Competências: A competência é aquela 
que está tipicamente prevista em lei. É preciso respeitar as hipóteses 
típicas de distribuição de competências. 
- Às vezes não existe competência de forma expressa, porém, não pode 
existir vácuo de competência. Daí surge a competência implícita, que 
decorre de competências que estão expressas. Admitem-se 
competências implícitas porque não pode haver vácuo de competência. 
 
OBSERVAÇÃO: Regra básica da competência – KOMPETENZKOMPETENZ: 
Todo juiz é juiz de sua própria competência. Por mais incompetente que 
seja o juiz, ele terá ao menos a competência de se julgar incompetente. 
A Kompetenzkompetenz atribui a competência mínima ao juiz, que é 
justamente a competência de se dizer incompetente. 
 
Distribuição da Competência 
 
 - Quem primeiro distribui competência é a Constituição da República. A 
CF cria cinco justiças: Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Militar, 
Justiça Eleitoral e Justiça Estadual. 
 
- A competência da Justiça Estadual é uma competência residual, ou 
seja, o que não for das outras justiças será da Justiça Estadual. 
 
IMPORTANTE: O entendimento majoritário é de que o Juiz que julga 
uma causa de outra justiça é um juiz incompetente e, portanto, a 
decisão é decisão, apresentar de apresentar um defeito (para Ada 
Pellegrini esse juiz é um não-juiz e a decisão não é decisão). 
 
Fixação da Competência: Art. 87 CPC – Determina-se a competência no 
momento em que a ação é proposta. 
 
- Considera-se a ação proposta na data da distribuição, ou quando não 
houver necessidade de distribuição, na data do despacho inicial. 
 
Art. 87 [....] São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de 
direito ocorridas posteriormente. Essa parte do artigo cria a conhecida 
regra da perpetuação da jurisdição. É uma regra de estabilidade do 
processo. 
 
- Existem duas exceções à perpetuação da jurisdição: 
 
Art. 87 [...] Salvo quando suprimirem o órgão judiciário (se a vara deixa 
de existir, perpetuação se torna impossível, a causa terá que ser 
redistribuída), ou alterarem a competência em razão da matéria e da 
hierarquia. Aqui se trata de competência absoluta. 
 
- Sempre que, durante o processo, houver mudança de competência 
absoluta a causa terá que ser redistribuída. 
 
Ex: EC 45/04 – Transferiu competência da Justiça Estadual para a Justiça 
do Trabalho. A emenda alterou competência absoluta. Vários processos 
foram transferidos da Justiça Estadual para a Justiça do Trabalho. 
 
- No entanto, nos casos dos processos que já haviam sido julgados pelo 
juiz singular estadual e estavam em fase de apelação no TJ, não houve a 
transferência para o TRT, pois a competência de julgar apelação de 
decisão de Juiz Estadual é do TJ e não do TRT. Processos já julgados não 
são redistribuídos. 
 
- Portanto, mesmo em caso de mudança de competência absoluta, só se 
quebra a perpetuação da jurisdição se o processo ainda não houver sido 
julgado. 
 
Súmula 367 STJ: A competência estabelecida pela EC 45/2004 não 
alcança os processos já sentenciados. 
 
Classificação da Competência 
 
- Competência Originária: Competência para julgar a causa pela 
primeira vez. A regra é a de que a competência originária é do juízo 
singular (Juiz), embora haja casos de competência originária de um 
tribunal, como por exemplo, a competência originária para uma ação 
rescisória de sentença. 
 
- Competência Derivada: É competência para julgar a causa em grau de 
recurso. A regra é a de que a competência derivada é de um tribunal. 
Excepcionalmente, há casos em que um juízo singular tem competência 
tem competência recursal. Por exemplo, o juízo singular julga os 
embargos de declaração contra as suas decisões. 
 
- Competência Absoluta: Uma regra de competência absoluta é uma 
regra criada para atender interesse público. Por causadisso, não pode 
ser alterada pela vontade das partes. O desrespeito a uma regra de 
competência absoluta gera uma incompetência absoluta que pode ser 
conhecida de ofício pelo juiz. 
- Pode ser alegada por qualquer das partes, por qualquer modo, 
enquanto durar o processo. 
 
- Competência Relativa: Uma regra de competência relativa é uma 
regra criada para a proteção da parte. Por causa disso, trata-se de regra 
que pode ser alterada pela vontade das partes. 
 
- Exatamente por causa disso, a incompetência relativa não pode ser 
reconhecida de ofício pelo juiz. O juiz não pode conhecer de ofício da 
incompetência relativa. Este é um problema que diz respeito às partes. 
 
- Somente o réu pode alegar incompetência relativa e no primeiro 
momento que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão. 
 
- Esta alegação do réu deve ser feita de um modo próprio previsto em 
lei (exceção de incompetência relativa). A exceção de incompetência é 
uma peça processual avulsa, distinta da contestação. 
 
Observação: Se o réu for incapaz, o Ministério Público, como fiscal da 
lei, pode opor a exceção de incompetência relativa em favor do incapaz. 
 
Observação: A jurisprudência tem tolerado a alegação de 
incompetência relativa dentro da contestação e não por exceção, 
quando não causar prejuízo ao autor. 
 
Observação: Por conta dessa mudança da jurisprudência, o projeto do 
novo CPC acaba com a exceção de incompetência, que será alegada na 
contestação, qualquer que seja ela, absoluta ou relativa. 
 
Consequências do reconhecimento da incompetência 
 
- A incompetência absoluta gera nulidade dos atos decisórios. Só a 
absoluta. Reconhecida a incompetência relativa, isso não causa 
nenhuma nulidade dos atos decisórios. 
 
- Qualquer que seja a incompetência, a causa será remetida ao juízo 
competente. 
 
- Há duas hipóteses em que a incompetência gera extinção do processo 
e não remessa dos autos. A primeira é a incompetência nos juizados 
especiais, gera extinção do processo. Nos juizados, o juiz pode extinguir 
de ofício por incompetência. 
 
- A segunda exceção é o caso de incompetência internacional, quando a 
causa deveria ter sido ajuizada em outro país. 
 
- Uma forma de alteração tácita da competência é o silêncio do réu. É 
uma forma de modificação da competência relativa. 
 
-Existe uma forma de modificação expressa da competência relativa que 
é o chamado foro de eleição ou foro contratual. É uma cláusula aposta 
em alguns negócios jurídicos em que as partes definem o território 
onde as causas serão julgadas. 
 
Art. 112 § Único CPC – A nulidade da cláusula de eleição de foro em 
contrato de adesão pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará 
de competência para o juízo de domicílio do réu. 
 
- Isso pode se dar em qualquer contrato de adesão, independentemente 
de ser contrato de consumo. 
 
- No entanto, se o juiz não reconhecer de ofício e o réu não alegar 
exceção de incompetência na primeira oportunidade de se manifestar, 
opera-se o fenômeno da preclusão. É importante porque é uma 
incompetência que o juiz pode conhecer de ofício, mas não pode 
conhecer a qualquer tempo (Art. 114 CPC). 
 
- Só pode ser conhecida de ofício pelo juiz até citar o réu. Após citar o 
réu e este não alegar incompetência, haverá prorrogação da 
competência (art. 114 CPC). 
 
Critérios para Distribuição da Competência 
 
- Objetivo: É o critério de distribuição de competência a partir dos 
elementos da demanda. 
 
- A demanda tem três elementos: as partes, o pedido e a causa de pedir. 
 
- A competência objetiva pode, portanto, ser em razão das partes ou 
competência em razão da pessoa. Ex: Se a União fizer parte do 
processo, a causa será de competência da Justiça Federal. Outro 
exemplo são as varas da Fazenda Pública, que são varas criadas 
exclusivamente para julgar causas em que uma das partes seja o ente 
público. 
 
- A competência em razão da pessoa é uma espécie de competência 
absoluta. 
 
Súmula 206 STJ: A existência de vara privativa instituída por lei estadual 
não altera a competência territorial resultante das leis de processo. 
 
- Se na comarca houver vara única, não tem o ente público direito a 
pedir o deslocamento do processo para outra comarca que tenha vara 
pública. 
 
- A competência também pode ser determinada pelo pedido. É a 
conhecida competência pelo valor da causa, pois o valor da causa é 
determinado pelo pedido. 
 
IMPORTANTE: Nos juizados federais ou estaduais da fazenda pública, a 
competência em razão do valor da causa é absoluta. Já nos juizados 
estaduais que não são da fazenda pública, a competência em razão do 
valor da causa é relativa. 
 
- Pode haver distribuição da competência pela causa de pedir. É a 
distribuição da competência pela relação jurídica discutida. É a 
competência em razão da matéria. Ex: Causa trabalhista vai para a 
justiça do trabalho. Questão cível vai para vara cível. Questão penal vai 
para vara criminal. 
 
- A competência em razão da matéria é uma competência absoluta. 
 
- Funcional: É a competência para o exercício de uma função dentro do 
processo. A competência funcional é absoluta. Pode ser analisada em 
duas dimensões: uma horizontal e outra vertical. 
 
- A horizontal diz respeito à distribuição das funções na mesma 
instância. Ex: Uma causa que está na câmara do tribunal, se alguém 
alega inconstitucionalidade da lei, a causa terá que ir para o órgão 
especial do mesmo tribunal. 
 
- A vertical diz respeito à distribuição de funções entre instâncias 
diferentes. É o caso, por exemplo, da distribuição da competência entre 
originária e derivada (competência para julgar em primeiro lugar e 
competência para julgar em fase recursal). É uma competência para ser 
exercida em instâncias diversas. 
 
- Territorial: É a competência que diz qual o local, o foro, onde a causa 
deverá ser processada. 
 
- Em regra, a competência territorial é relativa, o que significa dizer que 
pode ser alterada pela vontade das partes. 
 
- No entanto, existem casos de competência territorial absoluta. São 
eles: a) competência territorial para ações coletivas. A competência 
neste caso é o foro do local do dano. b) Competência da situação da 
coisa, no caso de bens imóveis, nos sete casos previstos no Art. 95 do 
CPC (posse, demarcação, divisão, posse, servidão, direito de vizinhança 
e nunciação de obra nova). Nestes casos, a ação tem que ser proposta 
no foro da situação da coisa. 
 
Regras Gerais de Competência Territorial 
 
- Art. 94 CPC - A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em 
direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do 
domicílio do réu. 
 
- Portanto, em ações pessoais ou em ações reais de bens mobiliários, a 
regra da competência é do foro do réu. 
 
- Para as ações reais imobiliárias a competência é o foro da situação do 
imóvel (art.95 CPC) – Forum rei sitae. 
 
Conflito de Competência 
 
- É uma situação em que dois ou mais juízos discutem a competência para 
determinada causa ou determinadas causas. 
 
- Esse conflito pode ser positivo, se ambos estiverem brigando para julgar a 
causa, o que é raro, mas o conflito pode ser negativo quando os juízos estão 
brigando para não julgar a causa. 
 
- O conflito também pode se dar entre dois juízes, um conflito entre um juiz e 
um tribunal e um conflito entre dois tribunais. 
 
- Não pode haver conflito entre um órgão jurisdicional e outro 
hierarquicamente superior. 
 
- Um órgão jurisdicional nãoconflita com o órgão ao qual está subordinado. Ex: 
Não pode haver conflito entre um juízo singular da Bahia e o TJ da Bahia, mas 
pode conflitar, por exemplo, com o TJ do Ceará. 
 
- Sendo assim, nenhum tribunal conflita com o STF. Tribunal de Justiça não 
confronta com o STJ. No entanto, pode haver conflito do STJ com o TST ou com 
o TSE. 
 
- Conflito de competências é um incidente processual que pode ser provocado 
pelos órgãos conflitantes, pelas partes ou pelo Ministério Público, que intervirá 
nos conflitos de competência que não suscitar. 
 
- Todo conflito de competência será julgado por um tribunal. 
 
- O STF só julga conflito se envolver tribunal superior no conflito. TRFs e TJs só 
julgam conflito de competência que envolva apenas juízes vinculados àquele 
determinado tribunal. O restante dos conflitos de competência quem irá julgar 
é o STJ. 
 
- Portanto, a quase totalidade de conflitos de competência é decidida pelo STJ. 
 
IMPORTANTE: Súmula 3 STJ – Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir 
conflito de competência verificado, na respectiva região, entre juiz federal e 
juiz estadual investido de competência federal. 
 
IMPORTANTE: Súmula 428 STJ: Compete ao Tribunal Regional Federal decidir os 
conflitos de competência entre juizado especial federal e juízo federal da 
mesma seção judiciária. 
 
- Essa súmula também pode ser estendida para conflitos de competência entre 
juizado especial e juiz estadual da mesma seção judiciária, que dever ser 
decidido pelo TJ. 
 
- Não se pode suscitar o conflito se o processo já acabou. No caso de medidas 
urgentes, o tribunal irá decidir qual o juízo que julgará a medida de urgência. 
 
 
 
11. Teoria da Ação 
Conceito de Ação: 
- Ação em Sentido Constitucional: É a ação vista como direito de ação. O direito de 
ação é o direito de acesso à justiça, o direito de acesso aos tribunais. É o direito já 
estudado quando foi examinado o princípio da inafastabilidade da jurisdição. É um dos 
direitos fundamentais. 
 
- O direito de ação é um direito autônomo. O direito de ir ao judiciário não se 
confunde com o direito que se afirma ter quando se recorre ao judiciário. Ou seja, o 
direito de ação não se confunde com o direito material alegado. 
 
- O direito de ação é abstrato. O direito de ação existe, independentemente de se ter o 
direito afirmado em juízo. O postulante pode ir a juízo e perder. Isso não significa que 
ele não tinha o direito de ter ido a juízo. 
 
- Ação em sentido material: Ação no sentido de direito que alguém tem em face de 
outra pessoa. Ação em sentido material é uma situação jurídica ativa. É uma situação 
de vantagem conferida a alguém. Ação aqui é vista no sentido de pretensão. 
 
- Ação em sentido processual: Aqui a palavra ação é um ato jurídico. É o exercício do 
direito de ir a juízo pelo qual se afirma um direito contra o réu. É um ato jurídico 
concreto, pois sempre se refere a uma situação concreta afirmada contra o autor. A 
ação em sentido processual também é chamada de demanda. A demanda é que dá 
início ao processo. Pela demanda o processo nasce. 
 
Demanda e Relação Jurídica Discutida 
 
- Relação jurídica deduzida em juízo – res in judicium deducta. Em toda demanda há a 
afirmação de uma relação jurídica. 
Elementos da Ação: Partes, Causa de Pedir, Pedido. 
Condições da Ação: Legitimidade ad causam, Interesse Processual, Possibilidade 
Jurídica do Pedido 
Elementos da 
Relação 
Jurídica 
Elementos da 
Parte Geral do 
CC 
Elementos da 
Ação 
Condições da 
Ação 
Competência 
Objetiva 
Sujeito Pessoas Partes Legitimidade das 
partes 
Competência 
em razão dos 
sujeitos do 
processo 
Objeto Bens Pedido Possibilidade 
Jurídica do 
Pedido 
Competência 
em razão do 
valor da 
causa 
Fato Jurídico Fatos Jurídicos Causa de Pedir Interesse de agir Competência 
em razão da 
matéria 
 
Elementos da Ação 
Causa de Pedir 
HipoHip 
 
 
Subsunção 
(Incidência) 
 
 
 
 
- O Fato Jurídico é aquele que tem aptidão para produzir consequências jurídicas. A 
relação jurídica, com seus direitos e deveres, é consequência do fato jurídico. 
- A Causa de Pedir é a soma dos fatos jurídicos com o direito alegado na situação do 
caso concreto. É a conjunção do fato jurídico com o fundamento jurídico. 
 
- Nosso código de processo civil consagrou a Teoria da Substanciação da Causa de 
Pedir. Essa teoria diz que a causa de pedir é composta de duas partes: Fatos (causa de 
pedir remota) e direito afirmado (causa de pedir próxima). Essa teoria está consagrada 
no inciso III do art. 282 do CPC. 
- A teoria oposta a essa seria a Teoria da Individualização da Causa de Pedir. Para essa 
teoria a causa de pedir é composta única e exclusivamente pelo direito afirmado. 
 Demanda 
Relação Jurídica 
Direitos e Deveres 
Fato Jurídico 
Fato 
Hipótese 
Normativa 
Causa de Pedir 
Remota
 
Pedir 
 
Causa de Pedir 
Próxima
 
Pedir 
 
Causa de Pedir 
- O juiz está vinculado à causa de pedir. Pode até mudar o enquadramento normativo 
mas não pode mudar a causa de pedir. 
- A causa de pedir remota pode ser dividida em causa de pedir ativa e causa de pedir 
passiva. 
- A causa de pedir remota ativa é o fato gerador do direito ou fato-título. 
- A causa de pedir remota passiva é o fato que impulsiona, que faz o autor ir a juízo, 
também chamado de fato-gatillho. 
- Ex : Inadimplemento de um contrato. A causa de pedir ativa é o contrato e a causa de 
pedir passiva é o inadimplemento. 
 
- Pedido: É um elemento da ação que será estudado mais adiante, no assunto petição 
inicial. 
 
- Partes 
- Parte é o sujeito parcial do contraditório. É um dos sujeitos do contraditório que tem 
interesse no processo. Pode ser a parte principal (demandante e demandado) e há 
também a parte auxiliar. A parte auxiliar é parte, mas não formula pedido nem tem 
pedido contra si formulado. Está lá para ajudar uma das partes (ex: assistente técnico). 
 
- Parte complexa: É o nome que se dá à dupla formada pela parte e seu representante. 
Ex: quando a parte é incapaz e fica ao lado de seu representante. A parte é uma só, 
mas fica sempre ao lado do representante e, portanto, é chamada de parte complexa. 
 
Classificação das Ações 
 
- Ações Pessoais e Ações Reais: É uma classificação das ações de acordo com a causa 
de pedir próxima, de acordo com o direito afirmado. Se o autor vai a juízo pedindo 
direito pessoal é ação pessoal e se vai a juízo pedindo direito real, é ação real. 
 
- Ações Mobiliárias e Imobiliárias: É uma classificação de acordo com o objeto do 
pedido, se móvel ou imóvel. 
 
- Ação Reipersecutória: É qualquer ação em que se vai perseguir a coisa. (Ex: ação de 
reintegração de posse, ação de despejo, reivindicatória). Existe ação reipersecutória 
pessoal e real. 
 
- Ação Necessária: É a ação que veicula a afirmação de um direito que somente pode 
ser exercitado em juízo. Há direitos que só podem ser exercitados em juízo. Nessa 
categoria de ação necessária, portanto, aqui não se discute o interesse de agir (ex: 
ação de falência, ação de anulação de negócio, ação de interdição, ação rescisória de 
sentença). 
- Processo necessário é aquele que é gerado por uma ação necessária. 
OBSERVAÇÃO: A ação de usucapião não é ação necessária. Usucapião de imóvel não 
depende da ação. A ação serve apenas para que o juiz reconheça que houve 
usucapião. A ação de usucapião, portanto, é declaratória. 
- Toda ação necessária é constitutiva. 
 
- Ação Dúplice: 
Ação Dúplice em Sentido Processual: Ações que tramitam em procedimentosem que 
o réu pode formular pedido contra o autor no bojo da contestação, o chamado pedido 
contraposto, que pode ser feito no procedimento sumário, nos juizados especiais, nas 
ações possessórias (pedido de indenização). 
 
Ação Dúplice em Sentido Material: É um tipo de direito afirmado em juízo que poderia 
ter sido levado a juízo por ambas as partes. Quando o autor vai a juízo postular direito 
de ação dúplice material, a defesa do réu também é um ataque. A conduta do réu não 
é só de defesa, mas também de ataque (Ex: ação de oferta de alimentos, ação 
possessória). 
Observação: Na ação possessória, em relação à indenização, a possessória é dúplice 
em sentido processual. Em relação à defesa da posse, é dúplice em sentido material. 
 
- Ação declaratória é dúplice em sentido material. O autor pede para o juiz declarar 
que a relação jurídica existe e a defesa do réu é pedir ao juiz que declare que a relação 
não existe. 
- Toda ação declaratória é dúplice em sentido material. 
 
Ações de Conhecimento, Execução e Cautelar 
- Se o autor pretende o reconhecimento de um direito, utiliza a ação de conhecimento. 
Se o autor pretende a efetivação do direito, deve utilizar a ação de execução. Se 
procura proteger um direito, entra com ação cautelar. 
 
- Essa visão tripartida do processo não é mais atual, já que a visão moderna do 
processo consagrou o sincretismo processual. Ex: Uma ação pode servir ao mesmo 
tempo para certificar e executar. 
 
Classificação das Ações de Conhecimento 
- Direitos a uma Prestação 
- Os direitos se dividem em direitos a uma prestação e direitos potestativos. 
- O direito a uma prestação é o direito de exigir de outrem uma prestação. Prestação, 
nesse sentido, é sempre uma conduta, conduta essa que pode ser obrigação de dar 
dinheiro ou coisa que não é dinheiro, obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. 
- Os direitos reais também são direitos a uma prestação. Por exemplo, o direito de 
propriedade confere ao proprietário o direito de exigir que os outros se abstenham de 
invadir sua propriedade. 
- Os direitos à prestação são os direitos que dizem respeito à prescrição. Somente os 
direitos a uma prestação prescrevem. 
- Somente os direitos a uma prestação podem ser inadimplidos. Somente se pode falar 
em inadimplemento se houver algo para ser inadimplido, que no caso é a prestação. 
- Os direitos a uma prestação necessitam de efetivação material. É preciso que a 
conduta devida se realize. O nome técnico que se dá ao cumprimento material de uma 
prestação se chama execução. Executar é efetivar materialmente a prestação. A 
execução pode ser voluntária ou forçada. 
- Alguns autores chamam a execução voluntária de cumprimento e a execução forçada 
de execução. 
- Execução só está relacionada com direitos a uma prestação. 
- A Execução pode se dar com base em título executivo judicial ou com base em título 
executivo extrajudicial. 
- A Execução pode também se dar tanto em processo autônomo com em processo 
sincrético. 
- A Execução também pode ser direta ou indireta. 
- Há Execução direta quando o Estado, por meio de seus órgãos, faz com que a 
prestação seja cumprida. O Estado cumpre a prestação pelo devedor, no lugar dele. Na 
execução direta, o Estado prescinde do devedor, ignora o devedor e cumpre a 
prestação por ele. Aqui o Estado se sub-roga na posição do devedor. 
- Na Execução indireta o estado força o devedor a cumprir a prestação. Aqui o Estado 
exerce uma coação psicológica sobre o devedor. É utilizada uma ameaça de sanção 
punitiva (pena de multa, pena de prisão civil no caso dos alimentos) ou uma promessa 
de sanção premial (na ação monitória o réu é citado para pagar e se pagar é liberado 
de custas e honorários). 
OBSERVAÇÃO: Em 1994, com a reforma do art. 461 do CPC, todas as ações de fazer e 
não fazer passaram a ser sincréticas. Em 2002, todas as ações de dar coisa que não é 
dinheiro também foram sincretizadas (art. 461-A). Em 2005, as ações de prestação 
pecuniária foram também sincretizadas. 
- Na concepção majoritária hoje, as ações de conhecimento se dividem em ações 
condenatórias, constitutivas e meramente declaratórias, sendo que mandamental e 
executiva seriam espécies de ações condenatórias, de acordo com o tipo de execução, 
se indireta ou direta (Classificação Ternária das Ações). 
- A segunda concepção, absolutamente minoritária, diz que não existe mais ação 
condenatória. Segundo eles as ações agora são: mandamentais, executivas em sentido 
amplo, que são as ações de prestação, constitutivas e as meramente declaratórias 
(Classificação Quaternária das Ações). Esta é, inclusive, a posição de Ada Grinover. 
- A terceira concepção defende a manutenção da classificação quinaria (Classificação 
Quinária das Ações). As ações seriam de cinco tipos: condenatórias, executivas, 
mandamentais (ações de prestação), constitutivas e meramente declaratórias. Para 
esta corrente, a ação condenatória é a ação de prestação pecuniária. Mandamental 
seria a ação de prestação de fazer e não fazer. A executiva em sentido amplo seria a 
ação para entrega de coisa. 
(01:44) 
 
 
Para a Teoria quinaria: 
- Ação Condenatória: Para a teoria quinaria, a ação condenatória é a ação de 
obrigação de dar dinheiro. 
- Ação Mandamental: Para a teoria quinaria, a ação mandamental é relacionada a 
obrigação de fazer e de não fazer. 
- Ação Executiva em sentido Amplo: Para a teoria quinaria, a ação em sentido 
executivo amplo é a da obrigação de dar, que não seja a de dar dinheiro. Se refere à 
obrigação de dar coisa. 
Direito Potestativo: É o direito de interferir na situação jurídica de outrem. É o direito 
de criar, modificar ou extinguir situações jurídicas. O direito potestativo se efetiva no 
plano das ideias, se efetiva em termo de uma relação jurídica. Não opera no mundo 
material (ex: direito de casar, direito de divorciar). 
- No direito potestativo não existe direito a uma prestação e, portanto, não há que se 
falar em inadimplemento de direito potestativo. Também não se fala em prescrição de 
direito potestativo. Para os direitos potestativos se aplica a decadência. 
- A ação pela qual se afirma a existência de um direito potestativo e que, portanto, se 
pleiteia a criação, a extinção ou a alteração de uma situação jurídica se chama ação 
constitutiva. Ação constitutiva é aquela em que se pede a criação, extinção ou 
modificação de uma situação jurídica. Ela veicula um direito potestativo. 
- Sentença constitutiva não pode ser executado, pois direito potestativo não se 
executa. 
- Exemplos de Direito Potestativo: direito de casar, direito de anular um contrato, 
direito de resolver um contrato, direito de rescindir uma sentença, direito de dividir 
um condomínio, direito de se divorciar. 
- Ações Constitutivas: Ação de divórcio, ação anulatória, ação rescisória, ação de 
resolução do contrato. 
- Em regra, as ações constitutivas tem eficácia “ex nunc”. No entanto, algumas ações 
tem eficácia “ex tunc”, como, por exemplo, a ação anulatória, que tem efeitos 
retroativos (art. 182 CC). 
Exemplos de Controvérsias com relação a ações constitutivas 
- Ação de Exclusão de Herdeiro: É relação constitutiva, pois será alterada a situação 
jurídica de herdeiro. O indivíduo irá deixar de ser herdeiro. 
- Ação de Interdição: É relação constitutiva, pois será retirada a situação jurídica de 
executar os atos da vida civil. Não é declaratória, pois não é ação para declarar a 
demência. O juiz não é médico. Em razão da opinião do médico o juiz irá constituir 
uma situação jurídica de perda da capacidade para os atos da vida civil. 
- Ação de Falência: É ação constitutiva. O objetivoé retirar do sujeito a capacidade de 
gerir a própria empresa. O sujeito é retirado da administração de sua própria empresa. 
- Ação de Reconhecimento de Paternidade: É ação constitutiva. O objetivo é tornar o 
réu pai. Constitui uma situação de jurídica de paternidade de um indivíduo em relação 
a outro. Tanto é assim que, se o réu não fizer o exame de DNA, haverá uma presunção 
relativa do vínculo jurídico de pai. 
- Ação de Nulidade: A ação de nulidade também é ação constitutiva. 
- ADIN: É constitutiva. A eficácia da lei é retirada, criando uma nova situação jurídica, a 
ação de inconstitucionalidade da lei. Antes da ADIN, a ação não é inconstitucional, ela 
tinha um defeito. Só ganha o “status” de inconstitucional após a sentença constitutiva. 
Uma coisa é o juízo do defeito que existe na lei. Outra coisa é o juízo de 
inconstitucionalidade, que irá tirar a lei do sistema normativo. 
Ação Meramente Declaratória: É aquela ação em que se busca uma certeza jurídica. 
Busca-se uma certeza sobre a existência, inexistência ou modo de ser de uma relação 
jurídica. 
 
Súmula STJ 181 – É admissível ação declaratória visando a obter certeza quanto à exata 
interpretação de cláusula contratual. 
- Existe também a ação declaratória de autenticidade ou falsidade de documento. É a 
única ação declaratória de fatos. Em regra, as ações declaratórias são apenas de 
relações jurídicas, salvo a autenticidade ou falsidade de documentos. 
OBSERVAÇÃO: O judiciário não pode ser utilizado como órgão de consulta. Portanto, 
nas ações declaratórias tem que haver a afirmação da incerteza jurídica naquele caso 
concreto. É questão de interesse processual que é condição da ação. 
- A ação meramente declaratória é imprescritível, pois não se pede efetivação 
nenhuma de direito. Neste tipo de ação o objetivo é a certeza jurídica naquela 
determinada situação. 
- Existe ação meramente declaratória de direito a uma prestação (ex: ação para 
declarar que uma pessoa tem um crédito em relação a outra). 
 
Exemplos de Ação Meramente Declaratória 
- Ação declaratória de união estável, de inexistência de relação tributária, ação 
declaratória de usucapião, ação declaratória de constitucionalidade (ADC). Ação de 
consignação em pagamento é também uma ação meramente declaratória. 
Art. 4º Parágrafo Único CPC – É admitida a ação declaratória, ainda que tenha ocorrido 
a violação do direito.

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