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PODER LEGISLATIVO

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PODER LEGISLATIVO
1. Congresso Nacional
	O Poder Legislativo desempenha sua função típica que é legislar, estando sua organização disposta no capítulo I, do Título IV (Da Organização dos Poderes), da CRFB/1988 e, no Brasil, em nível federal, é exercido pelo Congresso Nacional composto de Câmara dos Deputados e Senado Federal (Bicameralismo). Cada legislatura (período em que cada representação popular exerce suas funções) é de quatro anos.
	Embora sendo sua função específica a de legislar, o Poder Legislativo, vez ou outra, até por imposição da própria Constituição Federal, é levado a cometer atos administrativosou proceder a julgamentos e nesses momentos estará exercendo funções atípicas, ou seja, comete atribuições que a rigor pertencem à esfera do Poder Executivo e do Poder Judiciário.
	O Congresso Nacional reúne-se, anualmente, em Brasília – DF, conforme previsto no art. 57, e seu § 1º, da Constituição da República, no período de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, transferindo-se as reuniões marcadas para essa datas, para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábado, domingo ou feriados, sendo que fora desse período as reuniões que se realizarem serão efetuadas em caráter extraordinário.
2.Câmara dos Deputados
	A Câmara dos Deputados, também chamada de Câmara Baixa, compõe-se de representantes do povo eleitos pelo sistema proporcional (sistema eleitoral que distribui as vagas em disputa proporcionalmente ao número de votos que cada partido conseguiu). O mandato de um Deputado Federal é de 4 (quatro) anos e é conseguido através do voto.
	As deliberações na Câmara dos Deputados são, via de regra, tomadas por maioria dos votos, presentes a maioria absoluta dos seus membros.
3. Senado Federal
	O Senado Federal, também chamado de Câmara Alta, compõe-se de representantes do Estado e do Distrito Federal eleitos segundo o princípio majoritário (sistema eleitoral em que as vagas disputadas são preenchidas pelos candidatos mais votados, independentemente dos partidos). 
	Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três senadores, com mandato de oito anos, com renovação prevista para cada quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. Cada Senador será eleito com dois suplentes.O mandato de um Senador é conseguido através do voto.	
	As deliberações no Senado Federal são, via de regra, tomadas por maioria dos votos, presentes a maioria absoluta dos seus membros.
	
4. Comissões Permanentes e Temporárias
	As duas Casas Legislativas possuem Comissões permanentes e temporárias. Dentre as Comissões permanentes, evidenciam-se a Comissão de Constituição e Justiça e de Redação, na Câmara dos Deputados, e a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, no Senado Federal, que cuidam da constitucionalidade de projetos de lei, além da sua técnica legislativa, dentre outros assuntos.
	Uma das finalidades das Comissões é fornecer ao plenário uma opinião aprofundada sobre o tema a ser debatido (espécie de parecer). Os pareceres costumam ser conclusivos (terminativos), mas os Regimentos Internos de cada uma das Casas admitem que os projetos sejam levados a plenário, caso seja provido recurso nesse sentido.
	As Comissões Permanentes, na Câmara dos Deputados, são:
Comissão de Agricultura e Política Rural;
Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática;
Comissão de Constituição e Justiça e de Redação;
Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias;
Comissão da Amazônia e Desenvolvimento Regional;
Comissão de Economia, Indústria e Comércio;
Comissão de Educação, Cultura e Desporto;
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle;
Comissão de Finanças e Tributação;
Comissão de Minas e Energia;
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional;
Comissão de Seguridade Social e Família;
Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público;
Comissão de Viação e Transportes;
Comissão de Desenvolvimento Urbano e Interior;
Comissão de Direitos Humanos.
As Comissões Permanentes, no Senado Federal, são:
Comissão Diretora;
Comissão de Assuntos Econômicos – CAE;
Comissão de Assuntos Sociais – CAS;
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania – CCJ;
Comissão de Educação – CE;
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional – CRE;
Comissão de Serviços de Infra-Estrutura – CI.
Além das Comissões permanentes acima enumeradas, ambas as Casas possuem, como já assinalado, Comissões Temporárias, dentre elas as Comissões Parlamentares de Inquérito. Essas Comissões, uma vez cumpridas suas finalidades, são extintas.
5. Comissões Parlamentares de Inquérito - CPI
	As Comissões Parlamentares de Inquérito, previstas no § 3º, do artigo 58, da Carta da República, têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, podendo ser criadas por cada uma das Casas Legislativas em separado ou em conjunto, mediante requerimento de um terço de seus membros e tem por meta a apuração de fato determinado e por prazo certo. Suas conclusões são encaminhadas ao Ministério Público, se este for o caso, para que se promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
	O Regimento Interno da Câmara dos Deputados prevê o prazo de cento e vinte dias, prorrogável por até metade por deliberação do plenário, para a conclusão dos trabalhos.
	No Senado, porém, o prazo para a conclusão dos trabalhos é decidido quando do requerimento de criação da Comissão e pode ser prorrogado automaticamente a requerimento de 1/3 dos membros da Casa, independentemente de deliberação plenária. Todavia, o prazo não deve ultrapassar o da legislatura em que for criada.
	O Supremo Tribunal Federal já admitiu a quebra de sigilo bancário, fiscal e de registros telefônicos, por determinação da própria CPI, desde que esteja devidamente fundamentada.
	A CPI não pode determinar a indisponibilidade de bens dos investigados, haja vista que não tem poderes para tanto, mas pode realizar a condução coercitiva de testemunhas.
	Membro do Poder Judiciário não pode ser obrigado a comparecer ou a depor em CPI, com base no princípio da tripartição dos Poderes que lhes dá certa independência. Desse modo o Presidente e Vice-Presidente da República também não estão obrigados a comparecer à CPI. Os Ministros não são intimados, mas convocados para prestar informações sobre o assunto que está sendo tratado nas investigações.	
	As conclusões da CPI são encaminhadas ao Chefe do Ministério Público para que seja promovida a responsabilização administrativa, civil e criminal dos infratores, que deverá informar, em trinta dias, as providências que foram tomadas ou dizer o motivo da omissão.
	A Autoridade que presidir o processo ou procedimento instaurado em função das conclusões da CPI deverá, semestralmente, informar ao Legislativo a fase em que este se encontra. 
6. Processo Legislativo Brasileiro
	As fontes do Direito podem ser diversas. Dentre outras, temos as fontes estatais, infra-estatais, supra-estatais e extra-estatais. No que tange ao presente estudo, ficaremos apenas com as fontes estatais, cujas espécies são: a Constituição da República Federativa, a Lei, aqui no sentido de legislação, e os Regulamentos, que são atos de caráter normativo, de competência do Presidente da República, (artigo 84, IV, da Magna Carta), proporcionando o fiel cumprimento das leis, sendo expedidos através de Decretos. 
	Pela visão de Hans Kelsen, temos a formação das pirâmides jurídicas, em número de três, sendo que cada uma representa uma autonomia do Estado Federado: União, Estados-Membros, Municípios.
	O processo legislativo brasileiro aqui em estudo diz respeito à pirâmide da União e à espécie Lei das fontes estatais.
	O processo legislativo, em verdade, compreende o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos, tais como iniciativa, discussão, votação, sanção ou veto, promulgação e publicação, visando a formação da legislação brasileira. 	O artigo 59, da Constituição da República/1988, dispõe que o processo legislativo compreende a elaboração de emendas
à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
	No dizer de Michel Temer, “a emenda à Constituição é, enquanto projeto, um ato infraconstitucional: só ingressando no sistema normativo é que passa a ser preceito constitucional e, daí sim da mesma estatura daquelas normas anteriormente postas pelo constituinte”.[1: TEMER, Michel. Elementos de Direito Constitucional. Malheiros, 13ª ed., 1997.]
	Tal assertiva tem sua razão de ser. Em princípio, a proposta de emenda à Constituição pode ser realizada por quaisquer daqueles elencados no artigo 60 do texto constitucional, todos respondendo ou pertencendo ora ao Poder Legislativo ora ao Poder Executivo, que, como já visto, foram criados pelo Poder Constituinte e por isso mesmo são poderes infraconstitucionais.
	Todavia a aprovação de tal projeto é realizada pelo Poder Constituinte de Reforma e aí toma o projeto o status de norma constitucional, sendo superior a todos os demais componentes do processo legislativo enumerados no artigo 59 supracitado.
	Há, porém, que considerar os limites impostos pela Constituição no tocante à circunstância e matéria, inseridos nos parágrafos 1º e 4º, do artigo 60, da Lei Fundamental, além do limite temporal, tendo sido este previsto apenas para a espécie revisão do Poder Constituinte de Reforma, conforme art. 3º do ADCT.
	Outro limite determinado no texto constitucional é o processual, arrolado nos incisos I a III, e parágrafos 2º e 3º, ainda do artigo 60 da Magna Carta.
Desse modo, contrariando qualquer desses limites a emenda é passível de declaração de inconstitucionalidade. 
	Inexiste sanção presidencial no caso das emendas constitucionais. A decisão é soberana do Congresso Nacional, que exerce a representação popular (Câmara dos Deputados) e dos Estados-Membros (Senado), na reformulação da estrutura estatal, e que é o órgão competente para promulgá-la.
	Embora a Constituição seja silente quanto a quem compete publicar a emenda, tem-se que é competência do Congresso Nacional. 
	As leis complementares, como o próprio nome traduz, completam a Constituição tornando-a mais maleável. Versam quase sempre sobre normas materialmente constitucionais, ou seja, seu campo de atuação reside na regulamentação de normas que são essenciais à Constituição, como ocorre em relação à organização das forças armadas (§ 1º, do artigo 142, CRFB).
	A Lei Complementar exige um quorum específico para sua aprovação, que é o de maioria absoluta, o que quer dizer metade mais um do número de membros em cada uma das Casas Legislativas. É criada pelo Poder Legislativo, mas necessita da sanção do Presidente da República.
	Existe uma corrente que afirma ser a lei complementar superior à lei ordinária. E outra que sustenta não haver essa hierarquia. A primeira corrente se estriba em três pontos básicos: 1) a posição topográfica, logo abaixo das emendas à Constituição; 2) o poder que a lei complementar tem de revogar uma lei ordinária, quando o contrário não é possível; e 3) por causa do quorum especial exigido para a aprovação da lei complementar.
	A outra corrente defende que é descabido o entendimento de uma prevalência da lei complementar sobre a ordinária por causa da posição topográfica no texto constitucional, posto que uma haveria de vir antes da outra mesmo, de qualquer modo, até pela impossibilidade de ocuparem o mesmo lugar, em igual tempo e espaço. Depois, as matérias tratadas por uma e outra lei são diferentes, não se interpenetrando uma no campo da outra. Por último, o fato da lei complementar ser aprovada por maioria absoluta seria apenas um requisito, uma formalidade irrelevante, que não deveria merecer maiores discussões.
	Entendo que, cuidando cada uma das leis de matéria específica, cada qual no seu campo, realmente não há que se falar em superioridade da lei complementar face a lei ordinária. Todavia, com o devido respeito à posição adotada por parte dos grandes estudiosos da Teoria Geral do Estado, acredito que, embora não sendo superior à lei ordinária, a lei complementar se reveste de maior importância, haja vista que os temas por ela tratados são, no meu entender, de maior envergadura dentro do texto constitucional, além do que o quorum para sua aprovação é mais rígido. 
	As Leis Ordinárias são aquelas que não recebem o adjetivo Complementar ou Delegada, ou seja, o seu campo de atuação é determinado por exclusão. Assim, não sendo o assunto regulado por Lei Complementar nem Lei Delegada, o será por Lei Ordinária. É exigida para sua aprovação maioria simples, assim entendida a metade mais um dos presentes, desde que alcançado o número mínimo de membros para votação. Versam, em geral, sobre normas formalmente constitucionais, cuja matéria, embora não seja necessária à conformação de uma Constituição, estão nela inseridas, tomando forma de norma constitucional. Como exemplo, citamos o artigo 133 da Lei Fundamental que cuida do exercício da advocacia.[2: Observamos, novamente, que há divergências doutrinárias a respeito da existência ou não de hierarquia entre as leis complementares e as Leis Ordinárias. Aqueles que entendem haver essa hierarquia sustentam que: a) a posição topográfica da lei complementar no texto constitucional, abaixo das emendas e acima das leis ordinárias revelaria essa prevalência; b) o quorum especial para sua aprovação, mais dificultoso que o exigido para a lei ordinária seria outro sinal de sua superioridade; c) por fim a admissão de que uma lei complementar seria formalmente superior à lei ordinária, posto que esta pode ser revogada por aquela, enquanto a lei ordinária não poderia alterar uma lei complementar.Discussões à parte, acreditamos que não existe a prefalada hierarquia entre a lei complementar e a lei ordinária, haja vista que cada qual versa sobre matéria diferente, ou seja o campo de atuação de uma difere do campo de atuação da outra. Assente a esse entendimento, da inexistência da hierarquia entre lei complementar e ordinária, vemos eminentes juristas tais como José Souto Maior Borges, Pontes de Miranda, Celso Bastos e Michel Temer.]
Leis Delegadas – são criadas pelo Presidente da República, conforme dispõe o artigo 68 da Constituição da República. Derivam da exceção ao princípio da indelegabilidade de atribuições.
	Recebem este nome porque são fruto de autorização do Congresso Nacional que, através de resolução, delega ao Presidente da República poderes para tal.
	Todavia, a delegação deve ser solicitada pelo Chefe do Executivo, ficando claro que o Congresso não pode obrigar o Presidente da República a criar tais leis.
	Não são objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, nem matéria reservada à lei complementar.
	Também não serão objeto de delegação as matérias inseridas nos incisos I, II e III do artigo 68 da Lei Fundamental. 
	Sendo criada pelo próprio Presidente da República, não se delineia razão para ser sancionada, uma vez que soa ilógico que este reprove um ato realizado por ele mesmo.
	Entretanto, ao autorizar o Presidente da República na criação de Lei Delegada, o Congresso poderá determinar seu desejo de apreciar a lei. Neste caso, a lei será encaminhada ao Congresso Nacional que a apreciará em votação única, sendo vedada qualquer emenda ao seu texto original. Não havendo, como já visto, razões para sanção ou veto, passa-se direto para a promulgação.
	As Medidas Provisórias, por sua vez, não são leis, mas têm força de lei. Não deveriam constar do elenco do artigo 59 da Constituição da República, mas foi ali, à última hora, inserida. A respeito da questão, soa muito própria a observação de José Afonso da Silva, autor do clássico “Curso de Direito Constitucional Positivo”, quando diz: “A redação final da Constituição não as trazia nessa enumeração. Um gênio qualquer, de mau gosto, ignorante, e abusado, introduziu-as aí...”.
	As medidas provisórias poderão ser editadas quando
a matéria por ela regulada for de relevância e houver urgência na sua aplicação, devendo o Presidente da República submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
Anteriormente à Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, as medidas provisórias perdiam a eficácia, desde sua edição, se não fossem convertidas em lei no prazo de trinta dias, contados de sua publicação. Todavia poderiam ser prorrogadas indefinidamente, enquanto perdurassem os motivos que autorizaram a sua criação, conforme o entendimento defendido pelo então Consultor-Geral da República, Dr. Saulo Ramos.
Muito embora juristas de renome, como Fábio Konder Komparato e Guilherme Stussi Neves, fossem contrários a esse entendimento, o que resultava na prática eram as sucessivas reedições de medidas provisórias enquanto não votadas pelo Congresso Nacional, a exemplo do Plano Real que se sustentou por doze meses apoiado em Medida Provisória reeditada, até que finalmente, aprovada, foi convertida em Lei.
	Com o advento da Emenda Constitucional nº 32, o curso das Medidas Provisórias toma novo rumo. Assim fica proibida a sua edição sobre matéria que verse sobre nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, direito eleitoral,direito penal, processual penal e civil,organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros, planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, com exceção ao previsto no artigo 167, § 3º; II, da CRFB, e, ainda, que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro, matéria reservada a lei complementar ou já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
	Outrossim, as Medidas Provisórias terão eficácia por sessenta dias, podendo ser prorrogado esse prazo por uma única vez e por igual período. O Congresso Nacional deverá disciplinar, através de decreto legislativo, as relações jurídicas decorrente da Medida Provisória. Se assim não o fizer, estas relações jurídicas constituídas e os atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas, da mesma forma que se manterá vigente a Medida Provisória até que seja sancionado ou vetado o projeto de lei de conversão alterando o seu texto original.
	O prazo de sessenta dias é contado a partir da publicação da Medida Provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.
	Se transcorridos quarenta e cinco dias da publicação da Medida Provisória, esta não for apreciada, sua deliberação far-se-á em regime de urgência, ficando suspensas, até o final da votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. O início da votação das Medidas Provisórias será sempre na Câmara dos Deputados.
	Também é vedado a adoção de Medidas Provisórias na regulamentação de artigo constitucional cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995 até a data da promulgação da Emenda Constitucional nº 32 (11 de setembro de 2001).
	Relativamente às Medidas Provisórias editadas antes da publicação da Emenda Constitucional nº 32, estas continuam em vigor até que outra Medida Provisória ulterior as revogue explicitamente ou até a deliberação definitiva do Congresso Nacional. 		
	Decretos Legislativos são as leis em que a Constituição não exige a remessa ao Presidente da República para a sanção. São “atos destinados a regular matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional (art. 49) que tenham efeitos externos a ele; independem de sanção e de veto”, conforme leciona o mestre José Afonso da Silva. São promulgados pelo Presidente do Senado.[3: Op. Cit.]
	Desse modo, embora criados pelo Congresso Nacional, sem a ingerência do Executivo, uma vez que não necessitam de sanção do Presidente da República, seus efeitos são extra muros ou externa corporis.
	É através de Decreto Legislativo que se dá a autorização do Congresso Nacional ao Presidente da República e ao Vice-Presidente para se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias. Também é através de Decreto Legislativo a aprovação de um Tratado Internacional. 
	Resoluções, da mesma forma que os Decretos Legislativos, são atos destinados a disciplinar matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional, porém com efeitos internos, ou seja: intra muros ou interna corporis.
	“A Constituição da República traz dois casos de regulamentação através de resolução: um no § 2º do artigo 68 e o outro no inciso IV, § 2º do artigo155. Outros casos de matéria regulada por resolução estão definidos no Regimento Interno do Congresso Nacional e nos Regimentos Internos das Casas Legislativas”, conforme explica o Professor Michel Temer.[4: Op. Cit.]
	REGULAMENTOS – No dizer de Pimenta Bueno (Direito Público Brasileiro e a Análise da Constituição do Império, ed. Ministério da Justiça, 1958, página 237), Regulamentos são “atos do Poder Executivo, disposições gerais revestidas de certas formas mandadas observar por decreto imperial que determinam os detalhes, os meios, as providências necessárias para que as leis tenham fácil execução em toda a extensão do Estado; são instruções metódicas circunscritas, e não arbitrárias, que não podem contrariar ao texto, nem as deduções lógicas da lei, que deve proceder de acordo com os seus preceitos e consequências, que não têm por fim senão empregar os expedientes acidentais e variáveis, precisos para remover as dificuldades e facilitar a observância das normas legais. São medidas que regulam a própria ação do Poder Executivo, de seus agentes, dos executores, no desempenho de sua missão; são atos, não de legislação, sim de pura execução, e dominados pela Lei”.
	Por outro lado, diz Carlos Medeiros Silva que “a função do Regulamento não é reproduzir copiando-os, literalmente, os termos da Lei. Seriaum ato inútil, se assim fosse entendido. Deve, ao contrário, evidenciar e tornar explícito tudo aquilo que a Lei encerra. Assim, se uma faculdade ou atribuição está implícita no texto legal, o regulamento não exorbitará se lhe der forma articulada e explícita” (Revista de Direito Administrativo, vol. 33, pág. 457).
7. Processo de Criação da Lei (Fases Elaborativas)
	Como já dito, entre sua proposição e vigência, a Lei passa por várias etapas, sendo elas a Iniciativa, discussão, votação, sanção ou veto, promulgação e publicação.
	A iniciativa é o ato pelo qual se deflagra o processo de criação de uma lei. A iniciativa das leis complementares e ordinárias, de acordo com o artigo 61, CFRB, “cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos”, estes através da chamada Iniciativa Popular, pela apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por pelo menos um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles, de acordo com o § 2º do artigo 61, da CRFB.
	Alguns assuntos são de iniciativa reservada, como se depreende do disposto no § 1º, ainda do artigo 61, CRFB, que dispõe sobre a iniciativa privativa do Presidente da República, dentre outras. Sobre Iniciativa reservada ver, ainda, os artigos 51, inciso IV; 52, inciso VIII; e 96, inciso II, alínea b. Pelo visto, a Iniciativa pode ser ampla (geral) ou reservada.
	A Discussão é a fase seguinte à apresentação de um projeto de lei. Esta discussão se opera tanto nas Comissões permanentes como em plenário. Nas comissões será discutida a constitucionalidade (material e formal) do projeto. Ultrapassada esta fase o projeto de lei é enviado para a discussão em plenário. A discussão é realizada pela Câmara dos Deputados e também pelo Senado Federal. A primeira Câmara a apreciar o projeto será chamada de Casa Iniciadora e a segunda será chamada
de Casa Revisora. Se a Casa Revisora realizar alguma emenda ou modificação ao texto original discutido na Casa Iniciadora, o projeto retornará a esta Câmara para apreciação do texto modificado.
	A previsão das comissões permanentes e temporárias do Congresso Nacional e suas Casas está no artigo 58, da CRFB.
	Havendo arquivamento do projeto ou não sendo este sancionado, a matéria nele constante somente poderá ser novamente apreciada na mesma sessão legislativa mediante proposta da maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal.Uma sessão legislativa compreende uma sessão anual.
	Votação. Discutido o projeto, passa-se à votação. Tratando-se de lei ordinária, a aprovação se verifica por maioria simples (art. 47, CRFB). Ao contrário, se se tratar de lei complementar a aprovação será por maioria absoluta (art. 69, CRFB).
	O quorum estabelecido para a aprovação de uma lei pode ser assim exemplificado: sendo 100 o número de integrantes de uma Casa Legislativa, a maioria absoluta representa 51 membros (metade mais um dos integrantes). Presentes os 51, há quorum. A maioria simples será 26 membros (metade mais um dos presentes). Mister observar que nos colegiados de número ímpar, a maioria absoluta será obtida através do primeiro número inteiro após a divisão. Assim, se o número de membros é 81, a maioria absoluta será 41.
	Sanção ou Veto. A Casa Legislativa que por último apreciar o projeto de uma lei o remeterá ao Chefe do Poder Executivo, para sanção ou veto. Sanção é, pois, a aquiescência do Presidente da República aos termos de um projeto de lei. A Sanção pode ser expressa ou tácita. Será expressa quando o Presidente da República manifestar-se, concordando, no prazo de 15 dias úteis.
	Decorrido esse prazo sem manifestação do Presidente da República, o seu silêncio importará em sanção tácita.
	Todavia, ao receber o projeto de lei, o Presidente da República pode com ele não concordar. Se sua discordância for sobre todo o projeto, o veto será total. Se a discordância for sobre parte do projeto, o veto será parcial. O veto terá como fundamento a inconstitucionalidade do projeto ou ser este contrário ao interesse público (§ 1º, art. 66, CRFB). 
	O prazo para o veto é o mesmo atribuído para a sanção, ou seja, quinze dias úteis. Realizado o veto, total ou parcial, o Presidente da República comunicará ao Presidente do Senado as razões ou motivos do veto.
	O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
	O veto será apreciado em Sessão conjunta (Senado Federal e Câmara dos Deputados), dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto.
	Quebrado o veto, o projeto será enviado novamente ao Presidente da República para promulgação, no prazo de quarenta e oito horas. 
	Se a lei não for promulgada no prazo acima, pelo Presidente da República, o Presidente do Senado deverá promulgá-la, em igual prazo. Se este não o fizer, em igual prazo caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.
	A promulgação, no dizer de Michel Temer, “é atestar que a ordem jurídica foi inovada. É o ato pelo qual o Executivo autentica a lei, isto é, atesta a sua existência, ordenando-lhe a aplicação e conseqüente cumprimento por parte de terceiros”.[5: Op. Cit.]
	Por fim tem-se a publicação, cujo escopo é dar conhecimento a todos de que a ordem jurídica recebeu normação nova. Visa impedir que se alegue ignorância da lei. Serve, também, para marcar o momento em que o cumprimento da lei passa a ser exigido. Pela publicação entende-se que ninguém poderá de escusar de cumpri-la, alegando que não a conhece (artigo 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
8. Repristinação
O termo repristinação é tido na terminologia jurídica no sentido de retorno ao antigo, volta ao passado, adoção de preceito que já não se encontrava em voga, conforme ensina De Plácido e Silva no seu “Vocabulário Jurídico”.A legislação brasileira não prevê a repristinação, a não ser por exceção, ou seja,salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Verificar o § 3º, do art. 2º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657, de 4.9.1942).
9.Técnica Legislativa
	Técnica Legislativa é o instituo ou regra que trata sobre a melhor maneira de elaborar uma lei. 
	Otávio Ferreira Cardoso ensina que “é importante na legislação, que ela seja clara: simples e mais completa possível, porém econômica em sua redação, ou seja, dizer da melhor maneira possível, o máximo, usando o mínimo e evitando o hermetismo”.[6: Otávio Ferreira Cardoso, Introdução ao Estudo do Direito, 3ª ed. Del Rey, 3ª tiragem, 1998, p. 357.]
	Assim, na criação de uma lei, quanto a forma por que é apresentada, algumas regras mínimas devem ser observadas, de modo que uma lei deverá conter preâmbulo, corpo ou texto, disposições, vigência e revogação, fecho, assinatura e referendum.
PREÂMBULO é a parte preliminar ao contexto, que por sua vez conterá: epígrafe, ementa ou rubrica, autoria e fundamentação legal da autoridade, causas justificativas e ordem de execução.
EPÍGRAFE – denota o tipo de legislação (Lei, Decreto, etc.). Ex.: LEI Nº 10.101, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000.
EMENTA ou RUBRICA – Indica o assunto de forma concisa e completa. Ex.: Dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa é dá outras providências.
AUTORIA E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DA AUTORIDADE – Ex. O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 62 da Constituição da República...
CAUSAS JUSTIFICATIVAS – por vezes extremamente importante, o legislador abre uma sucessão de “considerandos” ou uma “exposição de motivos”, de modo a explicar quais as razões que o levaram a criar determinada lei. Ex.: O Presidente da República (...), considerando que, na cidade de São Paulo o grande número de desapropriações em zona residencial ameaça desalojar milhares de famílias; considerando que os proprietários de prédios residenciais encontram dificuldades, no sistema jurídico vigente, de obter, initio litis, uma indenização suficiente para a aquisição de nova casa própria;...
ORDEM DE EXECUÇÃO – é o comando dado para a execução de uma lei. Ex.: “determina:” ou “resolve:”
CORPO ou TEXTO – é a parte principal da lei. Sua razão de ser. É a essência, sua matéria, ou ainda, o assunto por ela tratado.
DISPOSIÇÕES – são esclarecimentos e orientações sobre o texto e suas particularidades. Todavia são mais comuns quando o texto é extenso, como nos Códigos. As Disposições podem ser Preliminares, Gerais, Finais ou Transitórias.
VIGÊNCIA e REVOGAÇÃO – A vigência determina quando a lei entrará em vigor. A revogação torna sem efeito uma norma anterior contrária à nova lei. Se a lei não especificar uma data para a sua vigência, esta entrará em vigor 45 dias após a sua publicação. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada (Art. 1º e § 1º, do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). A revogação pode ser total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). Poderá ser expressa, quando a lei que a revoga é especialmente destinada a esse fim e a ela claramente se refere. Será tácita quando a revogação resulta da incompatibilidade ou da divergência de norma entre a lei anterior e a lei nova, prevalecendo esta.
FECHO – Após a cláusula de revogação, o fecho encerra o ato com local e data de assinatura, seguidos ou não do tradicional “ano tal da Independência e tal da República”.
ASSINATURA – Marca em definitivo a existência legal do ato e garante sua autenticidade.
REFERENDO– É comum, junto à assinatura (em geral do Presidente da República) a firma de Ministro ou Ministros de Estado a cujas pastas o assunto interessa. 		
10. Procedimentos Legislativos
	José Afonso da Silva
explica que “procedimento legislativo é o modo pelo qual os atos do processo legislativo se realizam. (...). É o que na prática se chama tramitação do projeto”.[7: OP. Cit.]
	No sistema brasileiro distinguem-se três espécies: 1. Procedimento legislativo ordinário; 2. Procedimento legislativo sumário; 3. Procedimentos legislativos especiais.
	O procedimento legislativo ordinário é mais demorado, porque enseja uma maior dilação dos prazos em cada fase em que se desenvolve a apreciação de um projeto de lei. O procedimento legislativo sumário, ao contrário, é mais célere. Sua aplicação depende da vontade do Presidente da República a quem a Constituição confere a faculdade de solicitar o regime de urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. Não significa que haverá abstenções de atos, mas quer dizer que estes serão realizados de forma mais compactada, em menos tempo, de modo a permitir maior rapidez na conclusão da apreciação de determinado projeto.
	Os procedimentos legislativos especiais obedecem a um rito diferente dos anteriores, tal como ocorre na elaboração das Emendas à Constituição, das leis delegadas e das medidas provisórias, que fogem do modelo empreendido pelos procedimentos ordinário e sumário. Não tem o mesmo tramitar, eliminando, ou às vezes acrescentando, fases.
11. Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária – Tribunal de Contas da União
A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, é exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder. Isto é o que dispõe o artigo 70, da Constituição da República. Na realização desse controle o Poder Legislativo recebe o auxílio do Tribunal de Contas da União - TCU, que embora orientando o Poder Legislativo não lhe é subordinado. É, portanto, órgão autônomo, nas formas previstas pelo artigo 73, da Lei Fundamental. Tem a sua sede no Distrito Federal e jurisdição em todo o território nacional. 
	Embora recebendo o nome de Tribunal de Contas da União, não pertence ao Poder Judiciário, conforme poderiam pensar alguns. Repito, é órgão autônomo, auxiliar e orientador do Poder Legislativo, nos termos do artigo 70 e seguintes, da CRFB.
12. Conselhos e Tribunais de Contas Municipais
	A Constituição, no § 4º, do artigo 31, veda expressamente a criação de Tribunais de Contas Municipais, enquanto que o § 1º, do mesmo artigo prevê o controle externo da Câmara Municipal sendo exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados-Membros ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.
	Parece conflitante, mas compreender o texto da Lei Magna não é tão difícil assim. Na verdade, anteriormente à promulgação da Constituição da República, alguns Municípios, na verdade dois: São Paulo e Rio de Janeiro, já haviam criado órgãos específicos para cuidar desse controle: os chamados Conselhos de Contas Municipais, que é órgão municipal. Outros evitaram a criação desses Conselhos, realizando o controle através dos próprios Tribunais de Contas Estaduais.
	Desse modo, a Constituição da República proibiu a criação de novos Tribunais ou Conselhos ou órgãos Municipais, mas recepcionou aqueles que já existiam.

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