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1 INTRODUÇÃO Desde o inicio das antigas civilizações o turismo consagrou-se como de fundamental importância no desenvolvimento econômico na maioria dos países, mas a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, passou a ser um importante vetor para as economias regionais, através da mobilização de turistas dispostos a cruzar as fronteiras nacionais ou aqueles que preferem a vista de atrativos dentro do próprio país, esses deslocamentos criam e alimentam cadeias produtivas que envolvem hospedagem, alimentação, guias locais, entre outros serviços. Para que esta movimentação, seja um grande beneficio a todas as partes envolvidas (visitantes, autoridades públicas, empresários e comunidade local), são exigidos controles de planejamento e gestão, tendo em vista a sua sustentabilidade não só econômica, mas também ecológica, social, cultural e política. O turismo, com um planejamento adequado, deve atender às necessidades da comunidade local e proporcionar o desenvolvimento sustentável, que é o desenvolvimento racional do turismo sem deteriorar o meio ambiente, utilizando os recursos no presente e não comprometendo as necessidades de atender às gerações futuras. Os atrativos podem incluir sítios arqueológicos, lugares históricos, paisagens com traços diferenciados. Os atrativos turísticos dividem-se em dois grandes grupos: naturais (os que já existiam na natureza sem a intervenção do homem) e culturais (criados pelo homem, seja a partir da natureza, seja de qualquer outra atividade humana). Se considerarmos o turismo um sistema integrado, este terá por bases os fatores de oferta e demanda. Em termos de oferta todo o município que busca o desenvolvimento da atividade turística deve começar por avaliar cuidadosamente o seu patrimônio natural e cultural, para verificar o poderá ser considerado atrativo natural. Este trabalho tem como objetivo identificar os atrativos históricos, naturais e culturais, verificando o potencial de serem explorados no Brasil. 2 O TURISMO DE HOJE E A GLOBALIZAÇÃO. A história do turismo tem apresentado profundas mudanças ao longo dos últimos tempos e esses movimentos podem continuar por alguns anos ou até mesmo décadas. Nos tempos de globalização, o turismo ganha espaços significativos uma vez que se rompem diversas barreiras, sobretudo as de ordem burocrática. Viaja-se com mais facilidade, inclusive virtualmente, graças aos recursos micro eletrônicos. O turismo representa um ingrediente de processo de globalização “conferindo a muitos a impressão de que as coisas, pessoas e ideias desenraizaram-se periódica ou permanentemente”. Originário do meado do século passado, com a intensificação do capitalismo industrial, notadamente na Europa ocidental e America do norte, constitui-se atualmente em um marco da globalização. Esta, afetando mais os países subdesenvolvidos, propiciam a sua entrada no mercado mundial, sobretudo com o turismo ecológico, gerando oportunidades para maior crescimento econômico. O fenômeno turístico expande-se globalmente, em todo o planeta, em áreas rurais, urbanas, ecológicas. Representa hoje uma das mais importantes fontes de reprodução do capital e de arrecadação de divisas no comercio internacional. Atualmente apresenta-se como um novo produto comercializado pelas metrópoles, nos trópicos, intensificando o consumo de lugares. O crescimento do turismo é uma realidade, assim como a disseminação dos valores da modernidade e do Iluminismo. A história da humanidade não é linear e sim pontuada por movimentos contraditórios, por incoerências e paradoxos. Para que cada vez mais pessoas possam desfrutar do prazer e do bem-estar, é preciso que as sociedades se organizem e proporcionem o acesso às necessidades básicas e aos desejos das pessoas. O turismo é um grande negócio econômico global, mas é mais do que isso. É um convite à convivência entre pessoas, etnias e culturas diferentes. É uma possibilidade de conhecer o planeta (e no futuro o espaço sideral) com sua natureza e culturas variadas. A viagem é uma preciosidade do imaginário das pessoas e sua realização expressa sentimentos variados e conflituosos. Turismo é acima de tudo prazer. Esse prazer não pode ser egoísta ou isolado de 3 outras dimensões da vida humana. Sociedades livres e organizadas sempre podem oferecer melhores frutos aos seus membros. O turismo é um desses “frutos dourados do sol”. Há um longo trabalho e muitos prazeres pela frente. A viagem está apenas começando. DESTINAÇÃO TURÍSTICA – SUA OFERTA E DEMANDA. Destino Turístico é o lugar para onde se desloca a demanda, a fim de consumir o produto turístico. O deslocamento é um dos elementos determinantes da experiência turística. O lugar para qual se dirige pode ter a dimensão de: Núcleo Turístico: Ex. Parque temático. Zona Turística: EX. Costa do Sol, Município Turístico ou como região. A Oferta Turística apresenta um padrão complexo no mundo, porque se localiza em ambientes diversos e em contextos econômicos e sociais diferentes, estando em contínua expansão, à medida que os limites do prazer alcançam lugares cada vez mais distantes e remotos. As destinações turísticas são variadas, possuindo características comuns: São Amálgamas – É um núcleo que compõe atrações, amenidades (hospedagens, venda de comida e bebida, entretenimento, comercio varejista e outros serviço), acesso (transporte local, terminais de transportes), serviços auxiliares, na forma de empresas e organizações locais. São Experiências Culturais – Os turistas consideram uma destinação como sendo atraentes e valendo o investimento de tempo e dinheiro gastos na visita. Inseparabilidade – O turismo é consumido onde é produzido. As destinações turísticas são utilizadas não apenas por turistas, mas também por outros grupos, servindo aos residentes e trabalhadores, durante o ano todo, em algumas épocas do ano ou em todas. A maioria dos locais compartilha o seu uso. O que faz de um lugar uma destinação turística? O espaço - arranjado e modificado para nosso bem viver, quando visto do ponto de vista do turismo, pode ser um dos elementos contribuintes para a motivação do 4 deslocamento. Nesse caso, ele é denominado atrativo turístico, já que seu fator diferencial de “exclusivo” merece ser visto, levando as pessoas a escolher esse destino ao invés de outro. Em geral, todo turista, quando se desloca, tem um destino predeterminado e este destino ou lugar tem certas características que o tornam atrativo. Os atrativos turísticos podem ser de diversos tipos e são classificados em dois grandes grupos: naturais e culturais. Atrativos naturais: constituídos basicamente por elementos da natureza; Atrativos culturais: constituídos por elementos onde há, ou houve, elaboração e intervenção humana. A classificação dos elementos que compõem os atrativos naturais e culturais é muito grande e varia conforme a abordagem feita pelos diversos estudiosos do assunto. Como vimos, as pessoas têm diferentes razões e motivações para viajar. Por isso, diferentes pessoas irão optar por diferentes locais, procurando diferentes atrações, por diversos motivos. A escolha de uma destinação turística, entretanto, não depende somente das atrações, mas também da infraestrutura para atender o turista, como abastecimento de água, energia elétrica, segurança pública, etc. Muitos turistas escolhem destinações onde possam usufruir, pelo menos por algum tempo, de confortos e regalias com as quais não podem contar em seu dia-a-dia. Isto significa que, além das atrações do clima e das paisagens naturais, possibilidadespara a prática de esportes, fontes com qualidades terapêuticas, tesouros artísticos, históricos e culturais, especialidades econômicas e peculiaridades que uma determinada destinação possa oferecer, deve-se avaliar, igualmente, a qualidade dos serviços de apoio disponíveis para recepção dos viajantes, tais como hotéis e restaurantes, pois uma destinação turística é escolhida, também, pelo conjunto de seus serviços, que têm o propósito de satisfazer os desejos ou as expectativas do turista. 5 A REDE DE COOPERAÇÃO TURÍSTICA E OS EMPREENDIMENTOS PRESTADORES DE SERVIÇOS TURÍSTICOS. O objetivo das redes de cooperação é reunir atrativos que permitam uma adequação ao ambiente competitivo em uma estrutura dinâmica sustentada por ações uniformizadas, porém descentralizadas, que possibilite ganhos de escala da união, mas que evite que as empresas envolvidas percam a flexibilidade do porte enxuto. As redes de cooperação consistem em um conjunto de atores agrupado em única estrutura, atuando de forma conjunta visando ao alcance de um objeto comum. No turismo, o modelo de desenvolvimento fomenta esforços de cooperação para uma maior competitividade e sustentabilidade da destinação turística uma vez que a indústria do turismo é composta por múltiplos agentes, tais como empresas de receptivo, organizações governamentais, agências de viagens e turismo, restaurantes. Em razões destas adversidades, seria impraticável, para uma empresa que atua de forma isolada, conseguir atender com qualidade do serviço vai depender do envolvimento e da cooperação dos esforços dos diversos agentes do destino turístico. As empresas de turismo podem cooperar entre si visando ao alcance de objetivos diversos, tais como: a promoção de um destino turístico, o lançamento de um novo produto turístico ou a capitação de eventos para as localidades. Tipos de empreendimentos turísticos: Estabelecimentos Hoteleiros; Aldeamentos Turísticos; Apartamentos turísticos; Conjuntos Turísticos; Empreendimentos de turismo de habitação; Empreendimentos de turismo no espaço rural; Empreendimentos de turismo de natureza; Parques de campismo e caravanismo; Empreendimentos Turísticos. 6 PAISAGENS E ATRATIVOS TURÍSTICOS Uma atração turística (também chamado de atrativo turístico ou ponto turístico) é um lugar de interesse que os turistas visitam, geralmente por seu valor cultural inerente ou exibido, importância histórica, beleza natural ou artificial, originalidade, porque é raro, misterioso, ou para recreação e diversão. A atratividade é um elemento crucial para a motivação dos turistas a viajar, e em geral, a afluência de turistas para um local gera atividade econômica conexa, tais como hotelaria, gastronomia, agências de recepção que organizam excursões, comércios locais, entre outros; e desenvolvimento de infraestrutura para o acesso e fruição da atração turística (estradas, aeroportos, sinalização, etc.). No turismo a paisagem, para além de ser um recurso imprescindível para o desenvolvimento da atividade, constitui um elemento fundamental para a promoção e captação de muitos turistas. De fato a imagem paisagística de um lugar, divulgada através dos meios de comunicação, provoca construções mentais nos potenciais consumidores sobre o destino a visitar. Na maior parte das vezes, a paisagem é o fator que melhor indica ao turista o desejo de mudar do seu ambiente habitual e, por isso, ela está em muitos casos na base do processo de decisão para um turista visitar o lugar (x) e não o lugar (y). É a paisagem que primeiro diferencia os destinos turísticos uns dos outros e funcionam como suporte e elemento basilar de lugares, os que temos que visitar para absorver a sua essência, a sua atividade e a sua beleza. São as singularidades de um lugar que atraem o ‘olhar’ do turista e, por isso, a verdadeira experiência em turismo consiste naquela em que o turista direciona o seu ‘olhar’ para os diferentes cenários culturais da paisagem que visita. Todavia, o consumo visual da nova paisagem envolvente. Conclui-se que a paisagem e o turismo são indissociáveis, especialmente quando a natureza se assume como qualificação fulcral do produto turístico. A experiência turística através da paisagem quer sejam passivas ou ativas, ganham um crescente significado na oferta turística e assumem-se como elemento central para um âmbito cada vez mais alargado da procura. Porém, estas experiências, ancoradas nos diversos sentidos do ser humano, mantêm fortes amarras à visão, através do olhar que primeiro nos guia na fuga à rotina, na busca de excitação, na procura do 7 exótico. O nosso olhar é o primeiro sentido a absorver, através da paisagem, o sentido do lugar. O território (lugares, pessoas e modos de relação e poder) é, pois, antes de mais, para o turista, um campo simbólico onde ele procura o conhecido, explora o desconhecido, recria os seus signos, através da paisagem que o invade a cada momento. EXEMPLOS DE ATRAÇÃO TURÍSTICA Sitio histórico; Monumentos; Zoológicos; Museus; Galerias de arte; Jardim Botânico; Edifícios e estruturas (castelos, bibliotecas, antigos presídios, arranha-céus, pontes, etc.); Parques nacionais e florestas; Parques temáticos; Trens históricos; Miradouros; Eventos culturais. LEVANTAMENTO DE POTENCIAL TURÍSTICO DE UMA LOCALIDADE. POTENCIAL TURÍSTICO Alguns lugares do planeta se tornam uma verdadeira febre turística, isso, porque contam com belezas naturais que atraem olhares de todos os outros cantos do mundo. Mas, definir o potencial turístico de uma cidade ou de um determinado espaço, é mais complexo que isso. Na verdade alguns fatores são primordiais, como por exemplo, a localização do ponto turístico; para que um local de difícil acesso se torne popular, é necessário que ele seja espetacularmente bonito e tenha algo novo para apresentar às pessoas que o visitam. Mas, além disso, há também que se pensar no motivo que faria as pessoas desejarem conhecer esse local como, por exemplo, um monumento ou então uma praia especial. São muitas variáveis que envolvem a questão da 8 definição do potencial turístico. Em geral, as cidades com mais tradição e nas quais algo importante aconteceu, acabam se destacando e entrando no hall da fama das cidades turísticas. Como exemplo de potencial turístico iremos apresentar alguns dos atrativos turísticos existentes no município de Lauro Müller, Santa Catarina e quais atrativos possuem potencial histórico, natural e cultural a serem explorados, em futuros projetos turísticos para a região. Para verificar e identificar o potencial turístico do município foram visitados diversos locais atrativos com possibilidade de exploração, foram levantados os dados na Prefeitura do próprio município. O município de Lauro Muller possui 24 locais com potencialidade turísticas, sendo eles, cachoeiras, serra, castelo, monumentos, igrejas, cantinas, alambiques, balneários e pousadas, entre outros. Através da pesquisa observou-se que devido o município, estar situado em uma das mais importantes rotas turísticas do Estado a Serra do Rio do Rastro, verifica-se que o município de Lauro Muller, possui potencial, devido à existência de recursos alguns fatores para o desenvolvimento do turismo, como por exemplo, a localização e infra-estrutura disponível do ponto turístico como vias de acesso, sendo considerado um fator primordial no desenvolvimento do turismo no município. O método usado foi levantamento de dados que “consiste na solicitação de informações a um grupo estaticamentesignificativo de pessoas sobre um problema estudado para posterior analise qualitativa e/ou quantitativa.” E a abordagem utilizada foi à qualitativa que “não requere o uso de métodos e técnicas estatísticas, além disso, o ambiente natural é a fonte direta para a coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave, sendo descritiva.”. O questionário foi constituído de perguntas questões aberto, sendo elas: localização do atrativo, características do local, produtos ofertados, capacidade de atendimento, entre outros. Os dados obtidos foram descritos em forma de texto e apresentados nos resultados. No período de abril a setembro de 2012, foram identificados 24 atrativos distribuídas em 17 comunidades, no município de Lauro Muller, Durante a pesquisa foram identificados os seguintes atrativos turísticos: 9 Cabo Aéreo: Localizado na Estrada Geral Cabo Aéreo (Rio da Vaca), é um caminho que foi criado em 1949, por uma rica madeireira localizada no alto da serra que instalou um cabo de aço de 1.200 metros de altura para descer madeiras para a região debaixo da serra, transportando igualmente mantimentos, animais e pessoas. Com capacidade de atendimento de 20 a 30 pessoas, para realização de trilha. Capela Nossa Senhora da Saúde (Gruta da Rocinha): Localizada na Estrada Geral da Rocinha (Rocinha), é popularmente conhecida por Gruta da Rocinha, em razão da bela gruta lá construída. Fundada em 21 de fevereiro de 1960 e sua primeira festa foi realizada no dia quinze de março do mesmo ano. Possui cachoeira, mata nativa, imagens de santos, escadarias de concreto. Localiza-se ao lado da capela e salão de festas, com capacidade de atender de 150 a 250 pessoas. Cachoeira do Rio do Meio: Localizado em Rio Capivaras Alto, com capacidade de atender de 20 a 30 pessoas. A cachoeira com 43 metros de altura está localizada na propriedade particular de Salésio Della Gustina, na localidade do Rio Capivaras Alto. Sua beleza natural atrai turista e os adeptos do rapel. Residência do Sr. João Batista Mariot (Pombo): É uma residência antiga onde o proprietário (Pombo) produz melado, açúcar mascavo, garapa, farinha e o vinho. O local fica localizado na Estrada Geral Palermo. Castelo Henrique Lage: A obra que se tornou ponto turístico em Lauro Müller localizado na Rua Amâncio Limas da Luz é o famoso castelo. Uma construção realizada em 1919 por Henrique Lage, maior responsável pelo desenvolvimento da siderúrgica e da exploração do carvão no Estado de Santa Catarina. Atualmente foi adquirido por Henrique Salvaro e se tornou propriedade privada. O município possui potencial para o turismo histórico, cultural, natural e rural, dispondo de atrativos dos dois grupos citados, possuem infra-estrutura para receber o visitante, mas necessita de divulgação em todos os atrativos pesquisados. Se considerado como possibilidade, em se tratando de turismo no município de Lauro Müller, pode se entender como potencialidade, a existência de recursos com poder de atratividade passíveis de desenvolvimento, a existência de facilidades como via 10 de acesso e equipamentos de apoio, ou seja, uma gama de condições que podem possibilitar o trabalho da atividade. No município observa-se que alguns fatores são primordiais no desenvolvimento do turismo, como por exemplo, a localização do ponto turístico, pois um local de difícil acesso se torne popular, é necessário que ele seja espetacularmente bonito e tenha algo novo para apresentar às pessoas que o visitam. Mas, além disso, devesse se observar e pensar o motivo que faria as pessoas desejarem conhecer esse local como, por exemplo, um monumento ou então uma praia especial. São muitas variáveis que envolvem a questão da definição do potencial turístico. Em geral, as cidades com mais tradição e história e nas quais algo importante aconteceu, como Lauro Muller, que possui a Serra do Rio do Rastro, como destaque, sendo considerada uma das estradas mais bonitas e desafiadoras do Brasil, acaba se destacando e entrando no hall da fama das cidades turísticas. Podemos concluir que o município de Lauro Muller possui 24 atrativos turísticos, sendo que todos possuem condições de serem explorados. O município apresenta boas condições para a exploração do turismo e principalmente a agregação de valor nas propriedades, além disso, está situado dentre de uma das mais importantes rotas turísticas do Estado de Santa Catarina, a Serra do Rio do Rastro, que liga a serra com o litoral. Se os atrativos forem explorados de forma correta todo o município, como Lauro Muller irá se beneficiar, pois as pessoas visitam estes locais trará receita para o comércio, artesanato, pousadas, gastronomia, entre outros. AGLOMERADOS URBANOS E RURAIS E SUAS POSSIBILIDADES TURÍSTICAS. No Brasil, o início do Turismo Rural surgiu no município de Lages, em Santa Catarina, onde teriam surgido as primeiras propriedades rurais abertas à visitação. A partir de então a atividade começou a ser caracterizada como Turismo Rural e encarada como oportunidade por seus realizadores, que buscavam alternativas às dificuldades que o setor agropecuário enfrentava. O meio rural passa por grandes transformações, principalmente nas relações de produção e trabalho, decorrentes do processo de intensificação da globalização e modernização da agricultura. Nesse processo, as atividades agropecuárias vêm 11 enfrentando problemas, como a desagregação das formas tradicionais de articulação da produção e uma desvalorização gradativa em relação a outras atividades, levando à busca de novas fontes de renda que gerem a dinamização econômica dos territórios rurais. Hoje, é relevante o número de propriedades rurais que incorporam atividades turísticas em suas rotinas. Afinal, cada vez mais, os turistas estão em busca de lugares onde a paisagem apresente características; naturais e culturais – próprias e onde os residentes possuam um estilo de vida diferente daquele dos visitantes. O espaço rural - comumente associado pela população urbana à qualidade de vida, representa para o turista uma oportunidade de contato com paisagens, experiências e modos de vida distintos dos encontrados nos centros urbanos. Muitos moradores urbanos viajam com o intuito de reencontrar suas raízes, interagir com a comunidade local, participar de suas festas tradicionais, desfrutar da hospitalidade e do aconchego nas propriedades, conhecer o patrimônio histórico e natural no meio rural, conviver com os modos de vida, tradições, costumes e com as formas de produção das populações do interior, vivenciar novas experiências, buscar novos conhecimentos, saberes, descansar física e mentalmente, fugir da rotina da vida urbana e adquirir produtos típicos. Isso somado à necessidade que o produtor rural tem de diversificar sua fonte de renda e de agregar valor aos seus produtos pode explicar o crescimento do segmento de Turismo Rural no Brasil. Contudo, desenvolver o Turismo Rural requer superar alguns obstáculos como precariedade de infraestrutura no meio rural, baixa qualificação profissional, falta de preparo de agências e operadoras para lidar com o segmento, falta de legislações e regulamentação específicas. “Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consiste de atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: Turismo Rural, Turismo Ecológico ou Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo de Saúde, Turismo Cultural, Turismo Esportivo, atividades estas que se complementam ou não”. “Turismo Rural é o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural,comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, 12 resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. As atividades turísticas no meio rural são constituídas pela oferta de serviços, equipamentos e produtos turísticos de: Hospedagem; Alimentação; Operação e agenciamento; Transporte de visitantes; Recepção à visitação em propriedades rurais; Recreação, entretenimento e atividades pedagógicas vinculadas ao contexto rural; Eventos; Outras atividades praticadas no meio rural e que existam em função do turismo ou se constituam no motivo da visitação. O Turismo Rural, além do comprometimento com as atividades agropecuárias, caracteriza-se pela valorização do patrimônio cultural e natural como elementos da oferta turística. Assim, os empreendedores, na definição de seus produtos de Turismo Rural, devem contemplar com a maior autenticidade possível os fatores culturais, por meio do resgate das manifestações e práticas regionais (como o folclore, os trabalhos manuais, os costumes, os ofícios, as festas, os “causos”, a culinária), e primar pela conservação do ambiente natural, da paisagem e cultura (o artesanato, a música, a arquitetura). Assim, pode-se dizer que para ser Turismo Rural, deve-se oferecer ao turista a oportunidade de desfrutar das particularidades das propriedades rurais e das peculiaridades da região, especialmente aquelas relacionadas às atividades agropecuárias. O atendimento precisa ser personalizado, para transmitir a hospitalidade do campesino ao visitante. O consumidor de Turismo Rural tende a buscar a aproximação com ambientes naturais e com a ruralidade – a paisagem deve representar um indicador de que ele está fora do seu ambiente de rotina –, não se tratando simplesmente de uma viagem, mas sim uma experiência diferente e autêntica. Conhecer o perfil do 13 consumidor é imprescindível para a oferta de produtos que atendam às suas expectativas, tornando mais eficientes as ações de estruturação, promoção, divulgação e comercialização. ORGANIZAÇÃO DAS ATIVIDADES TURÍSTICAS EM UMA DESTINAÇÃO. O que é a atividade turística? É um conjunto complexo de inter-relações de diferentes fatores que devem ser considerados conjuntamente sob uma ótica sistemática. Um conjunto de elementos inter-relacionados que evoluem de forma dinâmica. Existem quatro elementos básicos no conceito da atividade turística: 1. Demanda – Formada por um conjunto de consumidores – ou possíveis consumidores – de bens e serviços turísticos. 2. Oferta – Composta pelo conjunto de produtos, serviços e organizações envolvidas ativamente na experiência turística. 3. Espaço Geográfico – Base física na qual tem lugar a conjunção ou o encontro entre a oferta e a demanda e em que se situa a população residente, que, se não é em si mesma um elemento turístico, é considerada um importante fator de coesão ou desagregação, conforme é levado em conta ou não a hora de planejar a atividade turística. 4. Operadores de Mercado – Empresas e organismos cuja principal função é facilitar a inter-relação entre a oferta e a demanda. Aqui se encontram as agências de viagens, as companhias de transporte regular e aqueles órgãos públicos e privados que, mediante seu trabalho profissional, são artífices da organização e/ou promoção do turismo. - Toda a atividade turística deve envolver, além do bom gerenciamento, medidas de promoção socioeconômica e ações ambientalmente corretas, como forma de garantir perenidade ao investimento turístico. Assim, qualquer política para o turismo passa por uma etapa de planejamento integrado que desenvolva uma análise prévia da sustentabilidade local, socioeconômica e ambiental, como maneira de poder 14 dispor de mais garantias para que o processo seja duradouro, porque a maior parte de seus componentes foi corretamente analisada e trabalhada objetivamente. O planejamento da atividade turística constitui-se em uma tarefa bastante complexa, pois envolve aspectos relativos à ocupação territorial, à economia, à sociologia e a cultura dos núcleos receptores. [...] o planejamento dos espaços com potencial turístico é, sobretudo tarefa do Estado, que para desenvolvê-los vê-se diante de dois objetivos conflitantes: o primeiro que é o de prover a oportunidade e o acesso a estes locais pelo maior número de pessoas possível, contrapondo-se ao segundo, relacionado com aquele de proteger e evitar a descaracterização dos locais privilegiados pela natureza e a cultura original da população receptora. A atividade turística vem se destacando como uma das principais estratégias de desenvolvimento de espaços locais. Este tipo de atividade pode proporcionar uma possibilidade de desenvolvimento local e regional, sobretudo para pequenos municípios que estão de certa forma, excluídos dos circuitos produtivos dos polos industriais. Trata-se de municípios, que em sua maioria, têm a agricultura de pequena escala, como principal fonte econômica. DEMANDA E OFERTA TURÍSTICA. Demanda turística é o conjunto de turistas, que de forma individual ou coletiva, estão motivados a consumir uma série de produtos ou serviços turísticos com o objetivo de cobrir suas necessidades de descanso, recreação, entretenimento e cultura em seu período de férias. Oferta turística é o conjunto de atrativos turísticos, serviços e equipamentos e toda infraestrutura de apoio ao turismo de um determinado destino turístico, utilizados em atividades designadas turísticas. A demanda turística é, então, o número de pessoas que viaja (demanda real) e que deseja viajar (demanda potencial) para locais diferentes do local de trabalho e residência habitual para desfrutar dos produtos e serviços turísticos e vivenciar uma experiência turística. 15 A demanda real é o número de pessoas que efetivamente viajam para um destino ou localidade, enquanto a demanda potencial é composta de todos que têm perfil para consumir os produtos turísticos do destino, porém que não viajam por motivos diversos (falta de tempo, falta de disponibilidade financeira, falta de conhecimento do destino etc.). Para se fazer a análise da demanda turística, é necessário entender quais fatores que influenciam, aumentando ou reduzindo, o fluxo de pessoas nos destinos turísticos. Existem vários fatores que influenciam a demanda, sendo alguns dos principais os seguintes: Disponibilidade de tempo dos turistas: Deve-se considerar qual o tempo livre que eles têm para realizar a visita: férias, finais de semana, feriados. Deve-se entender a disponibilidade dos visitantes para compor os produtos turísticos adequados às possibilidades de viagem destes clientes. Assim, pode se tornar inviável montar pacotes de cinco dias para visitantes que só possuem disponibilidade de finais de semana para realizar seus passeios; Disponibilidade econômica: Muitas vezes deve existir aumento da disponibilidade de renda do público para que possam ser realizados gastos com a viagem. Oferecer pacotes de viagem para o final do ano, quando existe aumento da disponibilidade financeira por causa do décimo terceiro salário pode se tornar uma boa opção para desenvolver um destino; Fatores demográficos: A idade, o gênero, o estado civil e a composição familiar são fatores que devem ser considerados para compor o produto turístico de forma a gerar maior atração. A oferta de cruzeiros marítimos para solteiros muitas vezes pode não atrair o público da melhor idade, ou mesmo casais com filhos. Desta forma, o perfil dos visitantes influencia no potencialde aceitação dos produtos oferecidos ou na visitação de uma localidade; 16 Fatores sociais: O ato de viajar está ligado ao conceito de ascensão em termos de status e aceitação nos grupos sociais. Assim, a viagem em si, ou a visitação a algum destino específico pode contribuir para a melhoria do relacionamento com grupo de convívio. Considerando os fatores que influenciam a demanda, mencionados acima, pode-se perceber que o deslocamento dos visitantes até o destino está diretamente associado ao conceito de valor percebido dos produtos oferecidos. Por isso, o turista escolhe seu destino dependendo da disponibilidade financeira, de tempo, ou do status que a viagem pode proporcionar. Esta relação de fatores é que cria características peculiares para a demanda turística, fazendo com que ela se torne instável e se modifique de forma constante. O que se pode concluir é que a demanda turística está vinculada a diversos fatores, alguns relativos às preferências e motivações dos visitantes, e outros atrelados a aspectos relacionados ao macro-ambiente e ao mercado do qual o destino turístico faz parte. Para entender os movimentos realizados pela demanda, suas modificações e nuances, o planejador da estratégia do turismo e os empresários de uma localidade, região ou cidade, devem entender o comportamento do mercado turístico, da oferta turística de sua localidade e dos produtos oferecidos para os clientes. Esse entendimento servirá para ajustar a oferta de produtos e serviços, visando estar de acordo com a expectativa do turista. Assim, para compor uma estratégia competitiva, deve-se entender como deve ser a relação entre oferta de produtos turísticos e a demanda existente. Existem quatro combinações para relacionar os produtos com as demandas, buscando um melhor desempenho do setor. Para exemplificar as descrições destas combinações, segue uma proposição hipotética para aumento do turismo em uma localidade reconhecida pelos atrativos históricos e culturais. Uma localidade pretende aumentar seu fluxo de turismo por meio de combinações de oferta e demanda, desta forma, esse território pode oferecer: 17 • Um produto atual para um segmento de demanda atual: aumentando o consumo do produto atual e por meio de maior atuação dentro do mesmo segmento de demanda; (ex: aumentar o fluxo de turistas moradores do Estado em sua região histórica). • Um produto atual para um novo segmento de demanda: atraindo visitantes que antes não viajavam para este destino; (ex: programas de atração de moradores de outras regiões e estados do País para conhecer a região histórica de seu estado). • Um produto novo para um segmento de demanda atual: conseguindo atrair maior diversidade de visitantes de uma localidade que já é emissora para sua região; (ex: aumentar o turismo interno do estado oferecendo produtos ligados ao turismo de aventura, evitando que estes turistas procurem a solução para estas motivações em outras localidades). • Um produto novo para um novo segmento de demanda: atraindo visitantes que antes não viajavam para este destino, com produtos que atendem motivações que antes também não eram oferecidas; (ex: programas de atração de moradores de outras regiões do País com produtos que atraiam turistas com motivações diferentes da histórica e cultural – podem ser sugeridos, por exemplo, o turismo de aventura, ecoturismo, ou outra atividade que não estava antes sendo oferecida no destino). A relação da oferta turística com a demanda existente pode acontecer de diferentes formas, dependendo do potencial existente na localidade, do nível de desenvolvimento dos produtos a serem oferecidos e das tendências de consumo existentes. Não existe uma regra para o melhor posicionamento da oferta turística no mercado, mas sim a formatação de estratégias direcionadas para perfis específicos de público, por meio da criação e desenvolvimento de produtos condizentes com as potencialidades da região e com as motivações dos visitantes que se deseja atrair. Este é, portanto, o objetivo da segmentação no turismo: direcionar a produção turística, de acordo com a vocação do destino, de forma competitiva, focando o segmento de demanda que tem maior potencial de consumo dessa produção. Isso possibilita maior eficácia na oferta e maiores chances de sucesso. 18 De modo geral, os produtos turísticos são direcionados para uma demanda específica, e com isso acabam caracterizando segmentos ou tipos de turismo específicos. Para que se possa entender os perfis de visitantes e suas motivações, bem como as características da oferta, no próximo tópico será abordado o que é segmentação turística e como fazer esta segmentação, direcionando os produtos para o público potencial. As características da oferta é que determinam a imagem e identidade do produto, e consequentemente, o perfil de turista que poderá consumi-lo. Entendendo a oferta turística como tudo o que é oferecido para os visitantes, é possível identificar quatro categorias que a compõem e que juntas oferecem diferencial da localidade ou região: • Recursos e ambientes naturais: Clima, flora, fauna, relevo, praias e outros atrativos, existentes na região; • O ambiente construído: Neste tópico estão relacionados à infraestrutura (fornecimento de água, luz elétrica, estradas, redes de comunicação e outros) e a superestrutura, construções voltadas para dar suporte aos turistas (aeroportos, meios de hospedagem, restaurantes, museus, produção associada ao turismo e outros); • Transporte: É a disponibilidade de transporte para o visitante da origem até o destino e dentro do próprio destino, incluindo aviões e voos, taxis, trens, navios e outros meios que possibilitem a visitação; • Hospitalidade e recursos culturais: São temas relacionados à cultura local do destino, como línguas, religião, costumes e comportamentos de trabalho e lazer, a cortesia, amizade e vontade de receber bem dos moradores daquela localidade. Logo, a oferta turística é tudo aquilo que faz parte do consumo do turista, podendo ser bens, serviços públicos e privados, recursos naturais e culturais, eventos, atividades recreativas, dentre outros. 19 Para entender o que se deve oferecer e como compor a oferta turística, é preciso antes abordar o conceito de consumo turístico. CARNAVAL NO BRASIL O carnaval chegou ao Brasil em meados do século XVII, sob influência das festas carnavalescas que aconteciam na Europa. Em alguns países, como a França, o carnaval acontecia em forma de desfiles urbanos, ou seja, os carnavalescos usavam máscaras e fantasias e saíam pelas ruas comemorando. Certos personagens têm origem europeia, mas mesmo assim foram incorporados ao carnaval brasileiro como, por exemplo, rei momo, pierrô, colombina. A partir desse período, os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos cortejos de automóveis (corsos) foram criados, mas só se popularizaram no começo do século XX. As pessoas decoravam seus carros, fantasiavam-se e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades, dando origem assim aos carros alegóricos. O carnaval tornou-se mais popular no decorrer do século XX e teve um crescimento considerável que ocorreu devido às marchinhas carnavalescas (músicas que faziam o carnaval ficar mais animado). A primeira escola de samba foi criada no dia 12 de agosto de 1928, no Rio de Janeiro, e chamava-se “Deixa Falar”, anos depois seu nome foi modificado para Estácio de Sá. Com isso, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo foram surgindo novas escolas de samba. Organizaram-se em Ligas de Escolas de Samba e iniciaram os primeiros campeonatospara escolher qual escola era a mais bonita e a mais animada. A região nordeste permaneceu com as tradições originais do carnaval de rua, como Recife e Olinda. Já na Bahia o carnaval fugiu da tradição, conta com trios elétricos, embalados por músicas dançantes, em especial o axé. CARNAL DE RUA O Carnaval de rua é a maneira mais tradicional de aproveitar a folia e acontece em grande parte das cidades brasileiras. Blocos e bandas de carnaval se apresentam com seus hinos e marchinhas características nas capitais e no interior. 20 O maior bloco de Carnaval do mundo, o Galo da Madrugada surgiu nas ruas de Recife. Ele se apresenta no sábado de Carnaval, ou Sábado de Zé Pereira, ao som do frevo – acelerado ritmo musical que mobiliza multidões, com destaque para os passistas de movimentos acrobáticos e sombrinhas coloridas. A festa na capital pernambucana ainda é marcada por espetáculos culturais gratuitos com grandes nomes da música brasileira, que se dividem em diferentes palcos oficiais. A tradicional apresentação de batuqueiros dos maracatus com o mestre Naná Vasconcelos marca a folia. O frevo também dá o tom nas músicas e danças de Olinda. Entidades carnavalescas tradicionais até hoje se apresentam na cidade. O ritmo ainda convive de maneira harmoniosa com outras manifestações culturais da cidade, como o maracatu, o samba, o manguebeat e outros gêneros musicais. Outro marco da festa em Olinda são os famosos bonecos gigantes e coloridos, que se misturam à população pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta, encarnando tipos populares e personagens inspirados no noticiário. HISTÓRIA DO CARNAVAL DE OLINDA O Carnaval de Olinda surgiu no começo do século XX. Sua origem está diretamente ligada ao surgimento de clubes carnavalescos como, por exemplo, Clube Carnavalesco Misto Lenhadores (origem em 1907) e Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas (origem em 1912). Já a tradição dos desfiles de bonecos surgiu no começo da década de 1930. Foi no ano de 1932 que o boneco "Homem da Meia-Noite" foi pela primeira vez para as ruas da cidade animar o carnaval. O carnaval de Olinda, especificamente, preserva as tradições da folia pernambucana. Todos os anos, pelas ruas e ladeiras da Cidade Alta desfilam centenas de agremiações carnavalescas e tipos populares, que mantêm vivas as genuínas raízes da mais popular festa do Brasil. São clubes de frevo, troças, blocos, maracatus, caboclinhos, afoxés, cujas manifestações traduzem a mistura dos costumes e tradições de brancos, negros e índios, base da formação da cultura brasileira. 21 BONECOS GIGANTES Uma das principais marcas do carnaval de Olinda é o desfile dos Bonecos Gigantes. Confeccionados de madeira, papel e tecidos, estes bonecos são conduzidos pelas ruas da cidade, animando os foliões. Um dos bonecos mais conhecidos e tradicionais é o “Homem da meia-noite”. Estes bonecos são representações de importantes personalidades históricas do Brasil e do mundo. Políticos, músicos, atletas e artistas famosos são transformados, com muito talento e arte, nestes lindos símbolos do carnaval olindense. FREVO Muito mais do que apenas um ritmo, o frevo é uma manifestação cultural genuinamente pernambucana que mistura música e dança. O frevo surgiu na cidade de Recife no seio das classes trabalhadoras, que no final do século 19 se organizavam em agremiações carnavalescas conhecidas como "clubes pedestres". Esses grupos passaram a ocupar os espaços urbanos antes dominados apenas pelos chamados "clubes de alegoria e críticas", que abrigavam as oligarquias locais e pretendiam mostrar um carnaval culto, no qual não havia espaço para os pobres. FESTA POPULAR Todos os carnavais mais de um milhão de foliões participam da festa popular. São aproximadamente 500 grupos carnavalescos que desfilam pelas ruas, principalmente do centro velho de Olinda. Além dos clubes carnavalescos, saem às ruas clubes de frevos, blocos, maracatus, troças, afoxés e caboclinhos. As tradições do carnaval de Olinda representam a mais pura mistura de traços culturais dos povos que formaram a nação brasileira (negros, índios e europeus). O desfile - Em Olinda a festa do frevo é eminentemente democrática e popular, características que se evidenciam na convivência harmoniosa do frevo com outras manifestações culturais da cidade, como o maracatu. Uma festa que, a cada ano, se torna ainda mais participativa graças à disposição do governo de Olinda de resgatar 22 as características culturais e ampliar a integração popular de uma das maiores manifestações coletivas do Brasil. Dentre os elementos característicos da folia olindense estão os bonecos gigantes, dos quais todo ano são criados novos tipos, e hoje já são mais de uma centena desfilando nas ruas e ladeiras da cidade. Esses bonecos são uma herança europeia e têm sua origem nas procissões do século 15, nas quais os bonecos acompanhavam os cortejos religiosos. O primeiro boneco a sair às ruas de Olinda foi o Homem da Meia-Noite, que anima a folia desde 1932. Os tipos populares também sempre desfilam pelas ladeiras de Olinda. A cada ano, eles representam personagens inspirados tanto nos noticiários, como nos mais tradicionais costumes, carregando em suas fantasias a crítica social tradicionalmente presentes no carnaval da cidade. O carnaval é aberto a todos; não existe cobrança de ingressos ou necessidade de abadás. Desde cedo, crianças são trazidas pelos pais para participar da festa; de outro lado, pessoas da terceira idade retornam à juventude e também caem na folia. Em Olinda, os festejos são protagonizados pelo povo. Não existem sambódromos na cidade: todas as ruas são tomadas pelo povo. Não há trios elétricos em Olinda: a animação e o ritmo são mantidos pelos populares, que formam grupos de todos os matizes, com variados instrumentos e tocando as músicas que desejarem. Não há programação no carnaval de Olinda: há apenas um dia para começar e outro para terminar; há blocos que ficam até tarde da noite, outros que saem no começo da manhã. Considerado o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada arrasta 1,5 milhão de pessoas para o centro do Recife. O QUE É CULTURA? É o conjunto de crenças, costumes, valores espirituais e materiais, realizações de uma época ou de um povo, manifestações voluntárias que podem ser individuais ou coletivas pela elaboração artística ou científica. 23 IDENTIDADE E HERANÇAS CULTURAIS Se você nasceu no Brasil, deve conhecer a diversidade cultural existente no país. Nossa língua oficial é a portuguesa, mas várias são as formas de como ela é difundida. Cada região do Brasil possui peculiaridades marcantes, o que nos torna um país múltiplo. No entanto, mesmo com essa diversidade, existem elementos como o samba, nosso típico arroz com feijão, nosso futebol, dentre outros, que nos identificam com nossa cultura brasileira. Identidade cultural é a união de pessoas de um mesmo grupo tornando assim as semelhanças culturais. Em cada canto, as peculiaridades entre os diversos grupos sociais caracterizam as diferenças culturais. Quando nos referimos aos habitantes das regiões norte, sul, nordeste, sudeste e centro oeste, sempre vem à memória um conjunto de símbolos, costumes, usos e valores comuns às pessoas daquelas regiões. Portanto, podemos dizer que os brasileiros têm uma identidade cultural que é diferente da identidade cultural dos povos de outros países. No glossário abaixo, encontramos alguns componentes da nossa cultura: Conhecimentos: são informações que as pessoas vão acumulando e relacionando entre si, de acordo com sua vivência. Cada cultura privilegiaum conjunto de conhecimentos para passar de geração a geração. Crenças: é algo em que se acredita como, por exemplo, a fé religiosa. Valores: podem ser objetos ou princípios e padrões que guiam o comportamento das pessoas. Normas: são as regras, em geral não escritas, mas conhecidas por todos, que orientam como as pessoas devem agir cotidianamente. Símbolos: são elementos físicos ou sensoriais, com significados que o homem atribui de acordo com o momento histórico ou lugar. Por exemplo, uma bandeira é um símbolo, um gesto de mão pode ser um símbolo. Costumes: padrões de comportamento que o grupo social espera que seus integrantes adotem. Tradições: é o conhecimento que se transmite oralmente de geração para geração. 24 Personagens: históricos e contemporâneos, locais e regionais, ligados às artes, à literatura, à história e a política. O conjunto desses elementos em diferentes combinações constitui a cultura de um país ou de um grupo social. Quando um indivíduo entra em contato com um grupo social de cultura muito diferente da sua, reações diversas podem ocorrer: embate, rejeição, aceitação ou assimilação. Portanto, a compreensão do que são e como funcionam os elementos da cultura é importante, para compreendermos as diferenças e aprendermos a conviver com elas. PLANEJAMENTO DO TURISMO, IMAGEM E IDENTIDADE De acordo com Arantes (1987, p. 25-35), a cultura é um conjunto de valores que atribuem significados às ações e relações sociais nas sociedades humanas, como códigos e convenções simbólicas, que permite a constituição da identidade dos indivíduos como pertencentes a um grupo social. O resultado de todo um processo de colonização e migrações, visando à ocupação do território brasileiro, faz o Brasil ser conhecido pela sua pluralidade étnica e diversidade cultural. Assim, não existe uma identidade nacional única no país, uma vez que são visíveis as diferenças culturais entre as cinco regiões brasileiras, que devem ser valorizadas a partir do reconhecimento da contribuição de cada uma delas na constituição da identidade brasileira, pois há um convívio pacífico e criativo dos diferentes componentes da diversidade cultural. Considerando o pensamento pós-moderno, Banducci Jr e Barretto (2001, p. 19) esclarecem que “a identidade é vista como algo móvel, sempre em construção, que vai sendo moldado no contato com o outro e na releitura permanente do universo circundante”. Para Ortiz (1986, p. 8), “toda identidade é uma construção simbólica”, portanto relacionando a questão da identidade com o turismo, Banducci Jr e Barretto (2001, p. 18) reforçam que “a identidade turística dos lugares é uma construção social, feita de tradições inventadas e de construções culturais atendendo aos mais diversos interesses [...]” É necessário cuidado especial no planejamento da atividade em relação ao uso turístico das manifestações culturais para se evitar a espetacularização e/ou 25 descaracterização de tais acontecimentos, porém isso não quer dizer que a cultura permanecerá imutável, uma vez que o contato entre diferentes culturas (de visitantes e de visitados) traz mudanças para um sistema cultural podendo promover, inclusive, benefícios para os envolvidos. Já há muito tempo existe uma preocupação com a imagem do Brasil, esta passa a ser relacionada com o turismo desde o momento em que se tem a atividade turística como agente gerador de desenvolvimento econômico e social capaz também de melhorar a imagem do país. O órgão federal responsável pela divulgação do Brasil no exterior é a EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo, a qual foi criada no período da Ditadura Militar, em 1966, quando eram divulgadas, no exterior, notícias de censura e tortura praticadas no país, assim, a divulgação turística ganha destaque na tentativa de minimizar o efeito de tais notícias e também procurando “mostrar ao mundo que o Brasil possuía riquezas naturais, uma gente hospitaleira, belas mulheres, samba e futebol” (GAMA, 2009). Dessa forma foi se formando a imagem do Brasil na ocasião da Ditadura Militar. Assim, construiu-se a imagem do Brasil na década de 1960 pelo governo que, em meio às “coisas feias e ruins” da Ditadura, começou a difundir o país como um “paraíso”, no exterior. Naquela época o que havia de melhor no Brasil eram o carnaval, futebol e a beleza das mulheres. Considerando a maneira como essas “belezas” foram divulgadas, foi cristalizada a imagem da nação relacionada ao turismo estabelecendo o estereótipo do país e do povo brasileiro da maneira que a conhecemos atualmente, focada na mulher, praia, futebol e carnaval. Portanto, é possível compreender que na promoção turística são realçadas as belezas de uma localidade a fim de se moldar uma imagem positiva do destino. Do mesmo modo, torna-se relevante ter em mente que um contato superficial com as culturas na experiência turística pode intensificar a visão estereotipada, uma vez que o estereótipo corresponde a uma simplificação e generalização das imagens que não necessariamente representam a realidade do local. Assim, a imagem tem grande importância para o turismo, sendo utilizada para a 26 promoção, consolidação e mesmo construção de localidades turísticas. A partir dessa exposição inicial, compreende-se que “o turismo é fortemente influenciado pela imagem de marca das cidades, em que os estereótipos ocupam um grau importante, acompanhado dos estilos de vida e das experiências anteriores de outros consumidores”. Em uma viagem, o turista geralmente busca o que há de bonito na localidade visitada, por isso uma das estratégias do marketing turístico é reforçar o que o destino tem de melhor para oferecer. Porém a partir de uma análise mais aprofundada, é possível perceber que algumas imagens são manipuladas e os textos exagerados. E é neste ponto que surgem os problemas, uma vez que, segundo Bignami (2002, p. 13) é importante que a imagem “seja atrativa e principalmente que ela não se distancie da realidade”. SEGMENTAÇÃO DO MERCADO TURÍSTICO Quando se fala em mercado turístico remete-se a noção de segmentação da oferta ou da demanda, pois é improvável que todos os consumidores tenham as mesmas preferências ou se disponham a pagar sempre por apenas um tipo de experiência turística. Segmentar a demanda (de acordo com o tipo/perfil de turistas) é definir a parcela das pessoas que compartilham as mesmas características, necessidades e expectativas. Segmentar a oferta (tipos de turismo/experiência – Aventura, Sol e Praia etc.) é definir uma oferta turística que tenha uma identidade comum, com base no tipo de experiência e que atenda às expectativas do segmento de demanda que se deseja atrair. Mercado é o lugar onde pessoas trocam produtos e serviços com outras, considerando sempre a disponibilidade da oferta existente e a procura pelo bem ou serviço oferecido. Para entender o mercado, deve-se, primeiramente, entender as pessoas que compõem este mercado, e é importante lembrar que as pessoas pensam e agem de forma diferente, dependendo de suas motivações ou experiências anteriores. 27 Analisar a relação dos produtos turísticos com o mercado no qual ele está inserido é etapa essencial para um melhor posicionamento. O mercado é influenciado por cinco forças ou grupos de participantes, que podem intervir diretamente no desempenho de sua oferta. CADEIA PRODUTIVA DO TURISMO A cadeia produtiva do turismo é um pouco expressiva em termos quantitativos, tanto nível nacional como internacional, e muito limitado quanto ao conteúdo de base conceitual e mitológico apresentado, mais confundindo que esclarecendosobre o que de fato se está tratando "Sistema", "polo", "indústria", "cluster" são termos que se tornam sinônimos de cadeia produtiva. O sistema de turismo é abstrato foi introduzido inicialmente por Neil Leiper em 1979. Neil Leiper criou um sistema turístico modelado a partir do comportamento da oferta e da demanda, estabelecendo uma base de três elementos orientadores, elementos geográfico, a setores produtivos e turísticos. Eles são contornados pelo ambiente social, econômico, cultural, tecnológico, político, religioso, que, expandidos ou retraídos tanto no núcleo emissivo quanto no receptivo, desencadeiam impactos na cadeia produtiva. Podemos dizer que a cadeia produtiva do turismo abrange diversos segmentos da economia. A cadeia produtiva do turismo é a própria atividade do turismo é a própria atividade do turismo tomada em seu conjunto, mas é necessário levar em consideração alguns aspectos do produto turístico, que envolvem elementos tangíveis e intangíveis que se encontram centralizados em uma atividade específica e em um determinado destino. A cadeia produtiva é ainda descrita como o conjunto de organizações, cujos processos, atividades, produtos e serviços são articulados entre si, como elos de uma mesma corrente, segundo uma sequência lógica progressiva ao longo de todo ciclo produtivo, desde o fornecimento de insumos básicos até a chegada do produto ou serviços ao consumidor clientes ou usuários finais. A Cadeia produtiva é vasta e pode variar, mas os principais componentes incluem empresas lideres, provedores de serviços e infra-estruturas de apoio. 28 Cadeia produtiva tem enfoque na produção de bens, controlando o processo de todos os elos, tendo sido proposto para atender ao setor industrial, no turismo, o enfoque se dá na demanda e no consumo o que faz surgir alguns obstáculos na construção de um modelo, em função da heterogeneidade dos componentes a intangibilidade, a inseparabilidade, a variabilidade e a credibilidade do setor de serviços. A cadeia produtiva do turismo é composta por várias empresas muito específica. (Trade turístico, Agência de turismo, meios de hospedagem, serviços de alimentos e bebidas, meios de transportes, atrativos turístico). Se o relacionamento entre elos na cadeia se mantiver voltado para o consumidor final, a cadeia produtiva do turismo poderá ser bem sucedida e competitiva, pois as ações de seus elos e o foco no consumidor final manterão a eficiência econômica (custos mínimos) e o nível de qualidade esperado pelos consumidores do produto turístico. REDE DE COOPERAÇÃO DO TURISMO O objetivo das redes de cooperação é reunir atrativos que permitam uma adequação ao ambiente competitivo em uma estrutura dinâmica sustentada por ações uniformizadas, porém descentralizadas, que possibilite ganhos de escala da união, mas que evite que as empresas envolvidas percam a flexibilidade do porte enxuto. As redes de cooperação consistem em um conjunto de atores agrupado em única estrutura, atuando de forma conjunta visando ao alcance de um objeto comum. No turismo, o modelo de desenvolvimento fomenta esforços de cooperação para uma maior competitividade e sustentabilidade da destinação turística uma vez que a indústria do turismo é composta por múltiplos agentes, tais como empresas de receptivo, organizações governamentais, agências de viagens e turismo, restaurantes. Em razões destas adversidades, seria impraticável, para uma empresa que atua de forma isolada, conseguir atender com qualidade do serviço vai depender do envolvimento e da cooperação dos esforços dos diversos agentes do destino turístico. As empresas de turismo podem cooperar entre si visando ao alcance de 29 objetivos diversos, tais como: a promoção de um destino turístico, o lançamento de um novo produto turístico ou a capitação de eventos para as localidades. Empreendimentos e serviços prestados ao turismo são estabelecimentos que se destinam a prestar serviços de alojamentos mediantes remuneração, dispondo de infraestruturas, equipamentos e serviços complementares. PROMOÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO TURÍSTICO A promoção turística é um item do composto de marketing que abrange todas as ferramentas mercadológicas utilizadas para a comunicação com o mercado, inclusive as técnicas usadas para promover o produto turístico e a forma como isso será transmitido ao consumidor (imagem/ linguagem de comunicação etc.). As estratégias desenvolvidas para a promoção de um produto turístico devem ter como objetivos: Criar um relacionamento próximo com o mercado consumidor; Criar e fortalecer a imagem do produto junto ao público alvo; Gerar informações dirigidas para públicos específicos; Dar suporte ao processo de comercialização. É inquestionável o papel da promoção turística na aproximação entre a oferta (produto turístico) e a demanda (operadoras e agências de turismo e turistas). No primeiro momento, a promoção tem a função de tornar o produto conhecido do público para motivar o consumo. Posteriormente, por meio de ações de comunicação direcionadas, ela é fundamental para manter o consumidor fiel ao produto. Para que o objetivo de aproximação seja atingido, torna-se necessário estabelecer uma relação clara entre a imagem do destino, o posicionamento de mercado e as estratégias de comunicação que serão utilizadas. A promoção turística pode ser feita de duas formas: Promoção institucional: feita por entidades e instituições de turismo com a finalidade de incentivar o desejo de conhecer a região. Não favorece a uma instituição ou empresa especificamente, mas todas elas por meio da divulgação da localidade; 30 Promoção de produtos específicos: feita pelas empresas privadas ou em conjunto com entidades e instituições de turismo para informar datas, roteiros, preços, formas de pagamento etc. Objetiva transformar o desejo dos turistas em ato efetivo de compra, ou seja, em visitação. O processo de comercialização turística acontece quando um operador elabora e distribui produtos turísticos às agências de turismo, que os vendem ao consumidor final. Percebe-se, portanto, que, tão importante quanto à comercialização propriamente dita, a escolha dos canais ou vias de distribuição é uma importante decisão estratégica que precisa considerar: o grau de controle que o produto turístico deseja exercer sobre a distribuição e a venda, a economia que cada alternativa proporciona a capacidade de adaptação do método escolhido a eventuais mudanças no mercado e, por fim, os hábitos de compra dos clientes. Porém, o mercado turístico vem sofrendo mudanças que influenciam o processo de comercialização. Muitas vezes, não é mais o produtor que escolhe seus intermediários. As grandes operadoras turísticas e agências de turismo escolhem os fornecedores de acordo com a qualidade do produto e as vantagens oferecidas, que poderão ser repassadas aos clientes. Além disso, a compra direta, em que a Internet tem papel expressivo, vem crescendo exponencialmente. Essa alteração dos métodos convencionais de comercialização está gerando uma revisão do papel de cada um dos envolvidos. O canal ou via de distribuição é composto de um número de organizações ou de indivíduos que se encarregam de levar o produto ou serviço ao local onde o comprador potencial se encontra, em tempo e momento convenientes a esses compradores e em condições de transferir a posse. O sistema de distribuição configura-se basicamente de dois canais – um direto (aquele em que o turista se desloca e consome o produto ou serviço turístico sem ter passado por nenhum intermediárioque fizesse a venda), também chamado de autoguiado e outro indireto. No indireto, também chamado agenciado, o turista procura um intermediário que fará a venda do serviço que ele irá consumir posteriormente. 31 Os intermediários relacionados à comercialização de produtos turísticos regionais podem ser uma das empresas abaixo descritas: Operadores de Turismo: são empresas que têm como função principal a montagem de pacotes de viagem, com serviço de transporte, acomodação, atrativos e, eventualmente, alimentação. Agentes de Turismo: empresas que vendem comissionadamente, pacotes turísticos, passagens áreas, estadias em hotéis, excursões, para o turista que quer deixar seu local de origem. Para efetivar o processo de comercialização é necessário que o produtor escolha os métodos e canais de distribuição que irá utilizar, organizando o processo de distribuição e venda e definindo as atividades que darão apoio à promoção e à comercialização. DESEMPENHO RECENTE DA CADEIA PRODUTIVA EM PERNAMBUCO Segundo dados da Empresa Pernambucana de Turismo, a entrada de turistas no Estado alcançou, em 2003, cerca de 3,3 milhões de visitantes (nacionais e estrangeiros), resultado de um movimento moderado, mas continuado de expansão apenas 300 mil deles são estrangeiros. Como mostra o Gráfico 1, em 1998 o volume de visitantes ao Estado foi de menos de dois milhões de pessoas, apresentando um crescimento de 74% ao longo de cinco anos. Como porta de entrada de turistas estrangeiros, Pernambuco apresentou recentemente um crescimento de quase 20%, passando de 48.522, em 2002, para 57.214, em 2003. É importante considerar, contudo, que o desembarque de turistas no Recife não significa obrigatoriamente o interesse dele neste destino. Vários deles desembarcam e embarcam imediatamente por outro meio de transporte para o litoral sul de Pernambuco (principalmente Porto de Galinhas), litoral norte de Alagoas e Fernando de Noronha. Isto demonstra que Recife se consolida como destino, predominantemente, com interesse de negócios, mas outros destinos têm a capacidade de pulverizar a permanência do turista em solo pernambucano. O perfil do turismo em Pernambuco combina o turismo de lazer (sol e praia) com o turismo 32 de negócios, que representa 20,74% do receptivo local — mais de 860 visitantes com interesse profissional, mas também buscando a cultura e o patrimônio histórico do Estado. A maior parte dos turistas estrangeiros que entram por Pernambuco é proveniente da Europa, representando 96% do total; dos europeus, a liderança é dos portugueses (41%), seguida da Itália (19%) e da Alemanha (11%), de acordo com o Gráfico 2. Os turistas norte-americanos (a maioria dos Estados Unidos) são apenas 2% do total de visitantes que entram por Pernambuco. Da América do Sul, Pernambuco recebe turista principalmente da Colômbia e da Argentina. No turismo interno, Pernambuco tem um grande atrativo para residentes em outros Estados do Nordeste, o qual representa, em média, 30% do total de turistas brasileiros. Este percentual deu um grande salto em 2002, alcançando 58% de todos os brasileiros que visitaram Pernambuco. Cerca de um terço dos turistas de outras regiões do Brasil vem de São Paulo e Rio de Janeiro (2001), como indica o Gráfico 3. 33 Em termos de valor de produção, não existem estimativas para o segmento turístico de Pernambuco. Entretanto, o IBGE utiliza o segmento “Alojamento e alimentação” para expressar a atividade âncora do turismo (hotéis e pousadas, restaurantes e bares), calculando o desempenho da mesma no passado recente da economia pernambucana. Com a evolução recente do turismo em Pernambuco, o Gráfico 4 apresenta o crescimento da atividade-âncora (a partir do índice de 1996), demonstrando um moderado e contínuo crescimento no período. Em oito anos, o valor da produção da atividade “Alojamento e alimentação” cresceu 42,9%, abaixo da média dos setores de comércio e serviços, de modo a declinar levemente sua participação relativa no total setorial. 34 PROMOÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO TURISTICO NO ESTADO DE PERNAMBUCO O estado de Pernambuco, por meio da EMPETUR, oferece aos consumidores, além de o litoral já há muito visitado por turistas procedentes de diversos lugares, a cultura pernambucana a partir de suas manifestações folclóricas, a culinária regional, entre outros. O órgão trabalha a promoção a partir da segmentação dos seus mercados-alvo. Isto é, existe uma divisão entre o que se convencionou chamar de mercados prioritários, secundários e mercados de oportunidades, conforme definição a seguir: Mercados prioritários – já existe uma demanda real e grande fluxo de turistas advindos destes mercados específicos para o estado de Pernambuco. Além disso, as vias e meios de acesso ligando estes locais ao estado são facilitados pela existência de voos regulares. Mercados secundários – são aqueles que mesmo não apresentando os facilitadores de acesso, como no primeiro caso, já demonstram um potencial para o estado, tendo-se em vista a representatividade das visitas de seus cidadãos a Pernambuco. Mercados de oportunidade – caracterizam-se por aqueles mercados que além da dificuldade de acesso, seu grau de representatividade em número de visitas ao estado ainda se mostra muito pequeno em relação aos demais. Desta forma, os investimentos em promoção seguem uma linha de prioridade, partindo dos maiores mercados emissores de turistas para Pernambuco, passando pelos mercados secundários até chegarem àqueles tidos como menos importantes em fluxo de turistas para o estado. Em geral, a Empresa de Turismo do Estado procura investir na propaganda dirigida aos agentes de viagem que, no setor turístico, caracterizam-se como principal canal de distribuição dos produtos ao consumidor final. Este, por sua vez, procura as agências devido à facilidade e comodidade na obtenção de informações e variedade de produtos ofertados. Além disso, também são realizadas campanhas promocionais por meio da mídia impressa, divulgando o principal produto turístico do estado aliado às suas particularidades. Ao trabalhar a propaganda televisiva, a Empresa de Turismo de Pernambuco 35 direciona seus objetivos principalmente ao mercado regional, compreendido pelos estados formadores da região Nordeste do Brasil. É nestes mercados que o produto turístico pernambucano encontra-se mais exposto por meio das mídias locais, com destaque para os meses de fevereiro e abril, períodos em que o país comemora o carnaval e a semana santa, respectivamente. Entretanto, até o momento ainda não houve uma ação promocional efetiva desse tipo, que buscasse atingir novos mercados fora do país, devido ao grande custo de tais investimentos. Segundo a instituição, já há algumas articulações para a captação de recursos visando à viabilização destas campanhas internacionais, mas ainda não se tem previsão de quando será possível programá-las. Os resultados das ações de comunicação empreendidas pelo órgão oficial do turismo em Pernambuco podem ser observados a partir da análise dos índices de ingresso de visitantes ao estado, após determinado período de promoção. A coleta e divulgação de tais dados são de responsabilidade da própria instituição, e sua análise se torna imprescindível para a continuidade dos trabalhos de comunicação de marketing no que se refere à promoção turística do estado. O marketing turísticodo Estado de Pernambuco tem sido desenvolvido ao longo dos últimos anos por meio de participações em eventos de âmbito nacional/internacional, campanhas publicitárias, apoio a projetos culturais e, também, a partir da oferta da vivência da atividade turística local a alguns membros de categorias e/ou formadores de opinião, tais como: jornalistas, operadores e agentes de viagens, além de outros empresários e investidores do ramo. Em busca de dinamizar e aumentar a oferta de investimentos para a promoção turística local, o Governo Estadual procurou firmar parcerias que proporcionassem um maior poder de alcance das suas ações. Tendo o apoio, para tanto, principalmente da Prefeitura da Cidade do Recife e do município de Ipojuca, onde está localizado um dos principais atrativos de Pernambuco, a praia de Porto de Galinhas. Tal ação seria responsável pelo investimento de cerca de R$ 4 milhões em promoção turística no Estado. Segundo a EMPETUR, somente o órgão disponibilizaria a quantia de R$ 1 milhão, ao passo que dos outros governos esperava-se um total de R$ 3 milhões em recursos (VANDERLEI, 2007). Durante o ano de 2008, a parceria entre estado e municípios resultou em um investimento de cerca de R$ 389.825,00 em participações em eventos nacionais e internacionais. Deste total, R$ 268.649,00 foi disponibilizado pela Empresa de 36 Turismo do Estado, o que mostra que esta é, ainda, responsável por maior parte dos investimentos públicos em marketing turístico em Pernambuco. A importância de proporcionar uma experiência ao turista, tocar sua imaginação e emoções, e criar uma conexão e relacionamento contínuo e saudável com os públicos de interesse, serão desafios das ações dessa diretriz. É fundamental que elas promovam um posicionamento diferenciado e a supra a necessidade de comunicar valores e atrativos do destino para se tornar preferido entre as opções existentes / os concorrentes, aperfeiçoando sua imagem devida e elevando seu grau de competitividade. COMERCIALIZAÇÃO DO PRODUTO TURISTICO EM PERNAMBUCO O marketing é uma das principais ferramentas utilizadas pelas empresas e organizações para lidar com seus clientes. Seus efeitos podem ser percebidos diariamente, por várias pessoas, em diferentes partes do planeta. De acordo com Kotler e Armstrong (2003, p.3), “os dois principais objetivos do marketing são: atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e manter os clientes atuais, propiciando-lhes satisfação”. Para tanto, utilizam-se dos elementos que compõem o composto de marketing ou, mix de marketing (produto, promoção, preço e praça), para planejar e executar ações que levem a um posicionamento do produto no mercado visando, assim, atingir bons resultados e retorno satisfatório aos seus investimentos. O setor turístico, por se tratar de um mercado predominantemente de serviços, se depara com as singularidades dessa atividade. Isto é, os profissionais de marketing devem ser capazes de lidar com as principais características que têm tornado o serviço um campo de estudo do marketing. Intangibilidade, inseparabilidade, heterogeneidade e a incapacidade de estocagem são algumas destas características apontadas por Wolak et al. (1998). Apesar disso, o processo de comunicação no turismo, da mesma maneira que nas demais áreas do mercado, consiste na transmissão de mensagens entre empresas/organizações e seus públicos-alvo. Tal fenômeno se dá a partir do envio de informações acerca de produtos e serviços àqueles mercados cujas mensagens possam ser decodificadas e o objetivo da comunicação alcançado. Entretanto, o caminho percorrido entre a fonte emissora da mensagem até o seu 37 receptor final pode, em alguns casos, ser influenciado negativamente por fatores externos (SANDHUSEN, 2003). No caso do turismo, a grande variedade de destinações, equipamentos e facilitadores da atividade, faz com que o trabalho de comunicação com o público-alvo seja bastante árduo, pois todos têm por objetivo chamar a atenção dos turistas para suas mensagens, a fim de conquistá-los como novos clientes, levando-os à escolha por determinado atrativo/destinação. No que diz respeito ao setor turístico, “o produto, do ponto de vista do consumidor, são as atrações do núcleo receptor, as facilidades que são oferecidas ao turista, e as vias e meios de acesso” (RUSCHMANN, 2003). A distribuição de tal produto acontece tanto de forma direta como indireta e seu consumo se torna inviável caso o consumidor não disponha de tempo livre, dinheiro ou interesse pelo núcleo receptivo. Por se tratar de um bem de consumo abstrato, o produto turístico é representado aos seus consumidores potenciais por meio de descrições, imagens, fotos, dentre outros. Para Mulholland e Chacon (2004) “devido à incapacidade de pré-teste ou previsão do serviço turístico, a comunicação de marketing é fator-chave na decisão do consumidor, ainda mais do que em outros produtos ou serviços”. Destarte, as ações de promoção podem ser determinantes na hora de se planejar uma viagem a certa localidade (RUSCHMANN, 2003; ANDRADE, 2004; BARRETO, 1995). A partir do estudo de mercado, pode-se chegar à escolha das ferramentas necessárias para se atingir determinado público de maneira clara e objetiva por meio do composto promocional mais apropriado, evitando-se, assim, qualquer desperdício de investimentos e/ou tempo na elaboração de campanhas ineficazes. Além disso, as combinações dessas ferramentas devem ser avaliadas e testadas, como a análise do impacto da propaganda aliada à publicidade (LODA; NORMAN; BACKMAN, 2007). Os investimentos em ações promocionais representam uma parte significativa dos recursos ofertados pelas organizações para divulgação de seus produtos. Shimp (2002), afirma que “os gastos com propaganda como um percentual do total de gastos com comunicações de marketing caíram nos últimos anos, ao passo que os gastos com promoção têm aumentado de maneira uniforme”. Para Shimp (2002), “promoção refere-se a qualquer incentivo usado por um fabricante para induzir o comércio e/ou os consumidores a comprar uma marca ou 38 para incentivar a equipe de vendas a vendê-la de forma agressiva”. Este mesmo conceito também pode ser empregado na comercialização dos destinos turísticos de determinada localidade. Sobre o assunto, Nakatani e Teixeira (2009) discorrem que “em turismo, as ações estratégicas empreendidas pelo Estado têm sido estimuladas pelo reconhecimento de que o turismo leva a um desenvolvimento econômico”. Assim, fica a cargo dos escritórios públicos de turismo a responsabilidade pela divulgação de seus produtos tanto aos intermediários (agentes e operadores turísticos) como aos consumidores potenciais. Desta forma, é fundamental que os órgãos estaduais de turismo mantenham parcerias com as instâncias superiores de tal atividade que, no caso do Brasil, correspondem ao Ministério do Turismo e à EMBRATUR, visando ao desenvolvimento de programas que contemplem tanto a área de planejamento como a promoção dos atrativos turísticos de cada localidade. Essas decisões dizem respeito, principalmente, à revisão das campanhas promocionais já empreendidas pelos órgãos estaduais de turismo para que se estabeleçam estratégias eficazes de divulgação do produto turístico local. Deste modo, pode-se atingir um número satisfatório de ingresso de visitantes a estas localidades como resultado da comunicação de marketing efetiva praticada pelo governo. ESTRATÉGIAS DE DIVULGAÇÃO A atividade turística não poderia se desenvolver sem a promoção e a divulgação dos produtos e destinos turísticos com o intuito de criar uma imagem
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