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07 - Títulos de Crédito

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�LFG – EMPRESARIAL – Aula 07 – Prof. Alexandre Gialluca – Intensivo II – 14/10/2009
Títulos de Crédito
4.	CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
	Quando a gente fala de classificação, temos mais de 12 classificações. Isso, certamente, não vai te ajudar, porque não é um estudo objetivo e vamos trazer as 4 classificações mais importantes, que é o suficiente para que você entenda direito cambiário. E vou ser bem realista. Esse assunto despenca em concurso e a gente tem que conhecer.
4.1.	QUANTO AO MODELO
	Quanto ao modelo, como o título de crédito pode ser?
	a)	Livre ou
	b)	Vinculado
	O que é um título de crédito de modelo vinculado? É aquele que deve observar uma padronização definida em lei. Exemplo: cheque e duplicata. Tanto o cheque quanto a duplicata devem observar uma padronização, um padrão, uma formatação definida em lei. No caso, o Conselho Monetário Nacional, que é quem define e padronização, tanto do cheque, quanto a duplicata. Então, se eu pegar um papel, pintar de amarelo e escrever “Banco do Brasil”, você não vai aceitar porque ele é sempre do mesmo jeito.
	E o que é o título livre? É aquele que não tem padronização. Não está obrigado a seguir uma padronização específica. Não possui uma padronização específica. E o exemplo mais interessante é o da nota promissória. Cuidado! Qualquer pedaço de papel pode dar origem a uma nota promissória. Então, você não tem que usar aquele modelinho que compra em papelaria. Aquilo é feito para facilitar a nossa vida. Mas se você quiser fazer no seu computador um modelo de nota promissória você pode. A nota promissória é exemplo de modelo livre.
	
4.2.	QUANTO ÀS HIPÓTESES DE EMISSÃO
	
	Quanto às hipóteses de emissão, como o título de crédito pode ser?
	a)	Causal ou
	b)	Não causal
	“Causal: somente pode ser emitido nas hipóteses (causas) autorizadas por lei.” 
	Esse exemplo que eu vou te dar, talvez seja a informação mais importante sobre classificação, portanto, dê um destaque. Duplicata. Você sempre vai encontrar uma questãozinha falando que duplicata é não causal. Errado! Duplicata é causal. E por que é causal? Precisa de uma causa específica para ser emitida. Você só pode emitir uma duplicata:
Em caso de compra e venda mercantil
Em caso de prestação de serviço.
	Eu só posso emitir duplicata se eu tenho uma compra e venda mercantil ou se eu tenho uma prestação de serviço. Então, por exemplo, se eu alugo meu imóvel, não posso emitir duplicata para emitir aluguel porque aluguel não é prestação de serviço e não é compra e venda mercantil. 
	“Não causal: a emissão não depende de causa específica, razão pela qual serve para documentar diversos títulos de negócio.”
	E o exemplo mais típico é o cheque. Eu preciso de uma causa específica para emitir um cheque? Precisa ser uma compra e venda ou uma prestação de serviço para emitir um cheque? Não. Você quer pagar aluguel, o restaurante, você usa o cheque.
4.3.	QUANTO À SUA CIRCULAÇÃO
	Primeiro eu vou te dar uma classificação chamada tradicional e depois vou trazer uma classificação mais moderna. Essa classificação mais moderna cai muitas vezes em Cespe. Agora, se você vai prestar um concurso de TJ estadual (Carlos Chagas, por exemplo), eu ficaria com a classificação tradicional. A maioria das provas exige a classificação tradicional. Agora, se você pega prova da AGU, PFN, tome cuidado com relação a essa classificação que eu vou trazer agora:
	I.	Classificação Tradicional
	a) 	Título ao portador
	b) 	Título nominativo
	Título ao portador é aquele que não identifica o beneficiário. Quando não há a identificação do beneficiário esse título é ao portador. Só que você tem que saber o seguinte. Desde a Lei 8.021/90 não se admite mais títulos ao portador. Exceto (e isso caiu na magistratura/MG) se com previsão expressa em lei especial. Se há lei especial autorizando título ao portador, aí tudo bem. A princípio não é possível. Exemplo de previsão expressa: Lei 9.069/95 (Lei que instituiu o Plano Real), no seu art. 69, diz que o cheque é obrigatório ser nominativo se for superior a 100 reais. Ou seja, se for igual ou inferior a 100 reais, ele pode ser ao portador. 
Nominativo é aquele que identifica o beneficiário. Quando você identifica o beneficiário, esse título é nominativo.
	Como circula um título ao portador? A circulação de um título ao portador se dá por mera tradição. Você simplesmente entrega. Ao passo que o nominativo vai depender se o nominativo é à ordem ou se ele é não à ordem.
		b.1)	Título nominativo à ordem – circula por meio de endosso.
		b.2)	Título nominativo não à ordem – circula por meio de cessão civil.
	Qual é a diferença entre endosso e cessão civil? A principal diferença é a seguinte: olha o que acontece! Quem transfere por endosso, responde pela existência do título, mas além da existência, responde também pela solvência. Ou seja, responde também pelo pagamento do título. Ele não responde só pela existência do título, ele responde também pelo pagamento do título. Diferente da cessão civil porque quem transfere por cessão civil só responde pela existência, não responde pela solvência, pelo pagamento.
	Um exemplo simples: cheque clonado. Ele existe? Não. Ele tem um vício de existência. Então, imagine: eu recebo um cheque clonado em pagamento a um a dívida e transfiro esse cheque para você. Tanto faz se eu dei endosso ou cessão civil porque ele tem vício de existência. Então, tanto no endosso quanto na cessão civil, eu vou responder por esse cheque que tem vício de existência.
	Outra situação: o cheque é bom, mas voltou por falta de fundo. Se alguém me dá um cheque bom, eu transfiro esse cheque bom a você e o cheque volta por falta de fundos, ele não tem vício de existência. Eu só vou ter que responder pelo pagamento. Aqui faz diferença. Se eu endossei o cheque, eu respondo pelo pagamento. Significa que você pode me acionar judicialmente se eu eventualmente não paguei o cheque e eu vou ser obrigado a pagar porque eu respondo pelo pagamento. Por outro lado, se eu transfiro para você por cessão civil e o cheque volta por falta de fundo, e você liga para mim, “Alexandre, como é que é, vai pagar o cheque?” Eu respondo: “meu amigo, se vira! Eu não tenho nada a ver com isso porque na cessão civil eu não respondo pelo pagamento, não respondo pela solvência.”
	Então, me diz uma coisa: você vai receber um cheque meu em pagamento de alguma coisa, você se sente mais seguro se eu der um endosso ou se eu der uma cessão civil? O endosso porque além daquele que deu o cheque, quem transferiu também responde pelo pagamento. 
	Então, há uma presunção de que os títulos de crédito são nominativos à ordem porque isso traz mais segurança para a circulação, o que vai trazer mais segurança para quem vai receber o título. Significa que não há necessidade de ter expressamente essa cláusula no título. Ela é presumida. Há uma presunção de que o título é à ordem. Nesse caso, então, o título só vai ser não à ordem se estiver expressa no título a cláusula não à ordem. O título só vai ser não à ordem se estiver expressa no título essa cláusula.
	Há necessidade de colocar “à ordem”? Não! Só há necessidade de colocar “não à ordem” se você quiser transferir por cessão civil.
	Isso foi a classificação tradicional e antes de passar para a classificação moderna, eu quero fazer mais um comentário sobre algo que caiu na prova da magistratura/RS e do MP/PA. É uma questão que eu, particularmente, não gosto: a lei especial diz que quem endossa responde pelo pagamento. Toda lei especial que trata de título de crédito diz assim: quem endossa responde pela existência + pela solvência. Só que nós temos uma regrinha no Código Civil. Mas antes de ir para o Código Civil, eu quero que você responda: diante de uma lei geral e de uma lei especial, qual eu aplico? Lei especial. Eu só vou aplicar o Código Civil quando lei especial não tratar do assunto. Só que o Código Civil tem uma regra que, na prática, não se aplica para nenhum título de crédito que temos hoje na atualidade, mas cai naprova, que é a regra do art. 914. E saber ou não saber a regra do art. 914 não faz diferença nenhuma para quem vai atuar na área:
	Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o endossante pelo cumprimento da prestação constante do título.
	§ 1º Assumindo responsabilidade pelo pagamento, o endossante se torna devedor solidário.
	§ 2º Pagando o título, tem o endossante ação de regresso contra os coobrigados anteriores.
	O que está dizendo o art. 914, do Código Civil? Que o endosso do Código Civil tem os mesmos efeitos da cessão civil porque não responde pelo cumprimento da prestação, ou seja, não responde pelo pagamento do título. Então, para o Código Civil, o endosso tem os mesmos efeitos da cessão civil. Como essa questão caiu na prova? “De acordo com o Código Civil, o endossante só responde pela existência. Não responde pela solvência.” Mas na prática, o art. 914 não se aplica. É a lei especial que se aplica e a lei especial diz: “olha: responde pela existência e também pela solvência.” Então, cuidado com essas pegadinhas de prova.
	
	
	II.	Classificação Moderna
	a) 	Título ao portador
	b)	Título nominal
	c) 	Título nominativo
	A classificação moderna, pois, fala do título ao portador e fala também de uma terceira classificação que é o título nominativo. “Mas essa terceira classificação tem o mesmo nome?” Calma! O nominativo da classificação moderna não é esse nominativo que você acabou de anotar. O nominativo da classificação moderna é aquele do art. 921, do Código Civil:
	Art. 921. É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente.
	Olha a diferença. Lá, o beneficiário tem que estar constando no título. Aqui está dizendo que o título nominativo para o Código Civil é diferente: é aquele em favor de uma pessoa cujo nome não está no título, mas sim no registro do emitente. Eu quero que você anote porque caiu na prova (art. 921):
	“Título nominativo é aquele emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente.”
	Lembramos que o Código Civil definiu algumas normas sobre títulos de crédito que ainda não se aplicam no dia a dia. Eu emito um título e tenho lá um livro de registro na minha casa em que eu vou registrar todos os títulos que emiti. Então, vamos imaginar que eu emiti um título em seu favor, Ana Paula. Vou colocar o seu nome no livro. Se você pegar esse título que eu acabei de dar para você e transferir para o seu vizinho você vai ter que me procurar e dizer que transferiu o título para o seu vizinho. Eu vou tirar o seu nome e colocar o do seu vizinho. No dia do pagamento, eu vou pagar para o seu vizinho, para quem está com o nome no registro. E como se dá a transferência? Como circula esse título nominativo? Vamos ao art. 922:
	Art. 922. Transfere-se o título nominativo mediante termo, em registro do emitente, assinado pelo proprietário e pelo adquirente.
	Então, é feito um termo. O título nominativo é transferido mediante termo. Quem assina esse termo? O proprietário do título, Ana Paula, e aquele que adquiriu o título agora (adquirente). Você assina um termo transferindo esse título, você encaminha esse termo para mim e eu vou substituir o seu nome pelo nome do novo adquirente do título. Isso vem a ser o título nominativo que é emitido em favor de alguém que está com o nome, não no título, mas no registro do emitente.
	Por essa classificação moderna, como eu faço para não confundir? Para não confundir, o que a doutrina vem e faz? O que se chamava antes de nominativo, para não confundir com o nominativo do Código Civil, nós chamaremos de nominal. Então, para a classificação moderna, temos título ao portador que é aquele em que está identificado o beneficiário e temos título nominal que é aquele que está identificado o beneficiário. A classificação é a mesma. 
Nominal à ordem, transfere-se por endosso. 
Nominal não à ordem, transfere-se por cessão civil.
Nominativo do Código Civil (art.921) que é aquele que circula mediante termo.
	Então, essa é a classificação moderna: ao portador, nominal e nominativo. Mas volto a dizer: isso tem caído, mas não com muita freqüência. Caiu apenas em prova Cespe. O resto das provas caindo esse tema, sempre traz uma classificação mais tradicional.
	
4.4.	QUANTO À ESTRUTURA
	Quanto à sua estrutura o titulo pode ser:
	a)	Ordem de pagamento
	b)	Promessa de pagamento
	Na ordem de pagamento você tem três intervenientes. Na promessa, apenas dois. Quem são eles? Na ordem, tem aquele que dá a ordem. Se você tem aquele que dá a ordem, você tem também aquele que recebe a ordem (destinatário da ordem) e vai ter também o favorecido, também chamado de tomador beneficiário. Se eu perguntar qual a definição de cheque? Todo mundo responde que é uma ordem de pagamento à vista. Mas isso é automático porque tem essa estrutura: você dá uma ordem para o banco, efetuar o pagamento daquela quantia determinada no cheque para um determinado tomador beneficiário. Por isso é uma ordem de pagamento. 
	
	Diferente da promessa. Na promessa, eu não estou dando a ordem para alguém pagar por mim. Na promessa eu digo que eu vou pagar. Eu vou pagar em determinado dia. Não é alguém que vai pagar por mim. Aqui, temos uma promessa que é feita pelo promitente e temos um beneficiário, que é o tomador. Então, não estou dando uma ordem para ninguém. Estou dizendo que prometo pagar determinada quantia em determinado dia. Quem faz isso é o promitente para o tomador beneficiário.
	Os títulos que vamos analisar aqui, quase todos são ordens de pagamento: cheque, letra de câmbio e duplicata. 
	Já a nota promissória é promessa de pagamento. Mais uma questão. O examinador coloca que nota promissória é ordem de pagamento. Não é! O próprio nome já diz: promissória. É promessa de pagamento e não ordem de pagamento.
	Concluímos a classificação dos títulos de crédito. A partir de agora vamos tratar dos títulos em espécie (letra de câmbio, nota promissória, duplicata), inclusive dos títulos cambiários (aval, endosso, aceite, saque). Tudo isso a partir de agora.
5.	LETRA DE CÂMBIO
	A legislação que se aplica à letra de câmbio é o Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra). A gente tem dificuldade de imaginar. Se você fizer empréstimo em algumas instituições financeiras certamente você vai assinar uma letra de câmbio. Vai fazer alguma operação de venda de empresa. Você tem um passivo tributário, um passivo trabalhista e vai fazer um contrato de compra e venda dessa empresa. Nesse caso, certamente haverá uma cláusula dizendo que, a qualquer tempo, quem comprou a empresa pode emitir uma nota de câmbio se, porventura, aquele que vendeu não quitar a dívida fiscal ou trabalhista. É muito comum. Então, temos que conhecer letra de câmbio. Por isso, eu trouxe um modelinho.
	Só para você ter uma ideia do que é uma letra de câmbio. 
	A letra de câmbio é uma ordem de pagamento. Mas se eu vou dar a definição de letra de câmbio, eu só coloco isso? Que é ordem de pagamento? Não isso é só para você lembrar que é ordem e não promessa. Ou seja, alguém dá a ordem, alguém recebe a ordem e vai ter tomador beneficiário. Mas, diante disso, eu quero que você anote um conceito de letra de câmbio.
	
	5.1.	CONCEITO
	“Letra de câmbio é um título de crédito decorrente de relações de crédito, entre duas ou mais pessoas, pelo qual o designado sacador dá a ordem de pagamento pura e simples a outrem, denominado sacado, a seu favor ou de terceira pessoa (tomador beneficiário) no valor e nas condições dela constantes.”
	Vamos entender esse conceito que você acabou de anotar. Se letra de cambio é ordem de pagamento, tem a estrutura de ordem: tem aquele que dá a ordem, aquele que recebe a ordem e tem a figura do tomador beneficiário. Mas como vamos chamar essas pessoas que dão a ordem ou que recebem a ordem? Quando você cria e emite, quando dá origem ao ato de criação/emissão de um titulo de crédito (você preencheu uma letra de câmbio e aqui, esquece um pouco o cheque – não tenta relacionar comocheque), você tem um ato cambiário chamado de saque. Então, se um dia te perguntarem o que o saque, você vai dizer:
	Saque – É o ato de criação e emissão de um título de crédito. Você colocou o título em circulação. Então, quando você cria o título, você dá um saque. No vôlei, quem dá o saque é chamado de sacador. Aqui é a mesma coisa.
	Sacador – É quem dá a ordem. 	Essas nomenclaturas são importantíssimas. Se você não sabe isso, não acerta a questão.
	Sacado – É quem recebe a ordem de pagamento. Lembre-se de empregador e empregado. O empregaDOR dá a ordem (como sacaDOR), o empregaDO recebe a ordem (como sacaDO).
	Tomador beneficiário – É o credor
	Você anotou que a letra de câmbio é um título de crédito decorrente de relações de crédito. Então, vamos pegar um exemplo para a gente entender essa questão. Vamos imaginar que eu, Alexandre, estou devendo 10 mil reais para o professor LGF. Eu não tenho dinheiro, mas há um tempo atrás, eu emprestei um dinheiro para o Renato que, até hoje não me pagou. Esse dinheiro corrigido vai dar mais ou menos o valor. Então, eu vou emitir uma letra de câmbio e eu, Alexandre, vou dar uma ordem para o Renato pagar para o professor Luiz Flávio o valor de 10 mil reais no dia 30/11/09. Emito uma letra de câmbio, do jeitinho que você acabou de ver acima. Emiti um título chamado letra de câmbio. Por que esse título? Porque é decorrente de uma relação de crédito. Eu tenho um crédito com o Renato e LFG tem um crédito comigo. Então, eu emito um título para o Renato pagar para o LFG. Então, eu sou o sacador, o Renato é o sacado e o LFG é o tomador beneficiário.
	5.2.	O ACEITE
	Pelo princípio da cartularidade, o crédito tem que estar representado no título e não há como exigir o crédito se você não tem o original do título. Então, quando você tem o original do título, significa, a princípio que você é o credor daquele título. Então, o que você precisa é ter o original para você exigir a cobrança daquele título, o pagamento daquele título. Então, eu tenho que emitir a letra de câmbio e tenho que entregar para LFG. Quem vai ficar com a letra de câmbio agora é o Luiz Flávio. Ele está com a letra de câmbio e pela Lei Uniforme (Decreto 57.663/66) o que ele tem que fazer agora? Tem que pegar a letra e apresentar para o Renato para saber se ele concorda ou não com essa ordem. Então, LFG chega para o Renato e diz: “olha, Renato, o Gialluca diz que você vai me pagar 10 mil reais no dia 30/09. Você concorda com essa ordem?” E aí o Renato poderá ou não concordar. Se ele concordar, ele vai dar um ato cambiário chamado de aceite.
	Aceite – É o ato de concordância com a ordem de pagamento dada. 
	O aceite é dado no anverso do título (na frente do título). É a assinatura dada no anverso do título. Detalhe importante: só pode concordar aquele que recebe a ordem. E quem mais tem esse poder de concordar? É só quem recebe a ordem que pode concordar. Significa que o aceite é ato privativo do sacado. Prova de procurador/PR essa questão caiu. É ato privativo. Só o sacado pode dar aceite. Sacador não pode, endossante não dá aceite, tomador não dá aceite. Aliás, essa resposta, se você sabe essa informação, você não erra nota promissória porque o sacado é o único que pode dar aceite. Mas a informação mais importante é que quando o sacado dá o aceite ele se torna o devedor principal do título. Detalhe: só será devedor principal do título depois do aceite. Significa que antes do aceite, ele não tem obrigação cambiária. Ele só está obrigado, só é devedor principal, depois que ele dá o aceite. Então, quando o sacado concorda com aquela ordem de pagamento, ele se torna o devedor principal. 
	No exemplo: o Renato diz que vai pagar e dá o aceite. Aí ele se tornou o devedor principal. Se o Renato é o devedor principal, eu, sacador, passo a ser o quê? Corresponsável, passo a ser o codevedor. Tem diferença entre ser o principal e o codevedor? Se na data do vencimento, o Renato não paga ao professor LFG, ele pode executar o Alexandre, o Renato e o Alexandre e o Renato. Tanto faz. Quem pode ser executado pelo credor? Quem escolhe quem vai ser executado é o próprio credor porque no título de crédito você pode executar um, alguns ou todos. Você pode ajuizar uma ação contra um, outro, ou todos. Quem vai escolher é o credor. Vamos imaginar que Luiz Flávio tenha ajuizado contra mim. Eu sou obrigado a pagar porque sou codevedor, só que não sou o devedor principal. E se eu não sou o devedor principal e se é assim, tenho o direito de regresso. Mas se Luiz Flávio ajuizar contra o Renato, ele é obrigado a pagar? É! E vai ter direito de regresso? Não. 
	Mas imagine a situação: você está na sua casa, alguém toca a campainha e tem alguém lá cobrando porque eu dei uma ordem para você pagar 15 mil reais para essa pessoa. Você vai concordar? Não vai. A gente está falando só de letra de câmbio. O aceite é obrigatório na letra de câmbio? Será que o Renato está obrigatório a dar o aceite? Não. Na letra de câmbio, o aceite é facultativo. Significa que o sacado pode recusar o aceite. Só que eu quero que você abra uma observação bem grande no seu caderno:
	Efeitos da recusa do aceite:
	a)	Tornar o sacador o devedor principal do título de crédito.
	Se o Renato dá o aceite, ele é o devedor principal. Se ele recusar o aceite, será que ele vai ter que pagar alguma coisa? Quando tem recusa de aceite, sabe o que acontece? Você tem que ignorar o sacado. É como se ele não existisse. Ele não tem obrigação cambiária. Mas se ele não pode ser o devedor principal, quem vai ser o devedor principal? O sacador. Aqui está o efeito da recusa: tornar o sacador o devedor principal.
	b) 	Vencimento antecipado do título.
	
	O vencimento do título é 30/11/09. Hoje é dia 14/10. O professor Luiz Flávio apresenta o título para o aceite e o Renato recusou, disse que não ia pagar. Se aquele que deveria ser o devedor principal recusa o aceite, por que o professor Luiz Flávio teria que esperar até o dia 30, se o devedor principal já está dizendo que não vai pagar? Então, o segundo efeito é o vencimento antecipado do título.
	Na magistratura/SP, o examinador perguntou no exame oral: quais são as espécies de vencimento extraordinário? Quando o título vence de forma extraordinária? Só há duas espécies:
Quando tem recusa do aceite (vence antecipadamente o título)
Quando há a falência (a sentença declaratória tem o efeito de trazer o vencimento antecipado de toda a dívida do devedor).
		
	Magistratura/RJ: Eu não acho justo você emitir um título com vencimento para o dia 30/11, o professor Luiz Flávio apresentar o título no dia 14/10, o Renato não concordar e ele já poder cobrar. Eu acho que deveria cobrar só no dia 30/11. Bom, se eu que vou emitir o título tenho essa preocupação, “pode ser que fulano não aceite o título e se não aceitar, vai ter o pagamento antecipado, mas eu só vou ter dinheiro naquela época”, eu posso inserir uma cláusula no título chamada de cláusula não aceitável. Eu vou inserir no título a cláusula não aceitável. Ela impede a apresentação do título para aceite. Como assim? Se eu inserir no título essa cláusula não aceitável, Luiz Flávio não pode apresentar o título para o Renato para aceite. Ele tem que apresentar na data do vencimento, diretamente para o pagamento. Ele só vai poder recusar o pagamento na data do vencimento. Quem prestou prova para a magistratura/RJ tinha que responder isso: cláusula não aceitável impede a apresentação para o aceite. E qual o objetivo de você colocar a cláusula não aceitável? Evitar o vencimento antecipado do título. O problema não é apresentar para o aceite, mas o aceite ser recusado e haver o vencimento antecipado. Então, a finalidade é recusar o vencimento antecipado do título de crédito.
	5.3.	ENDOSSO
	Mas vamos esquecer essa história de recusa e trabalhar com outro exemplo. Aqui, o Renato deu o aceite e é o devedor principal. Eu sou o codevedor. Chegou a vez do professor Luiz Flávio que é o tomador beneficiário. Ele tem duas alternativas: esperar a data do vencimento (30/11)para receber os dez mil reais. E pode também transferir o título para frente. Nesse caso, será ao portador ou será nominativo? É nominativo (o professor Luiz Flávio é o beneficiário, então é nominativo), segundo a classificação tradicional. Mas é nominativo à ordem ou não à ordem? Para ser não à ordem tem que ter cláusula expressa não à ordem. Em algum momento eu falei que era não à ordem? Não. Então, há uma presunção de que é à ordem. E se é à ordem, eu só vou poder transmiti-lo de uma forma: via endosso.
	Endosso – “É o ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite o direito ao valor constante do título a outra pessoa, sendo acompanhado da tradição da cártula, que transfere a posse desta.”
	Então, a grande característica do endosso é essa: transmissão, transferência. O credor, que é LFG está transferindo o direito que ele tem sobre esse crédito a outra pessoa. Então, vamos supor que LFG endossou para o Pedro Taques. Olha o que vai acontecer. Quem endossa é chamado de endossante. Quem recebe por endosso. Para não esquecer, vou dar uma dica: “ário” significa receber (não é uma regra de Português!!). Cessionário recebeu por cessão. Locatário recebeu por locação. Comodatário recebeu por comodato. Mutuário recebeu por mútuo. Endossatário receber por endosso.
	Quando você transfere o título de crédito por endosso, não é o endosso do Código Civil, mas da lei especial. Quem transfere está transferindo, mas também está se responsabilizando pelo pagamento.
	Efeitos do endosso:
Transferência da titularidade do crédito do endossante para o endossatário. Então, o endossante transfere. O endossatário recebe.
Tornar o endossante codevedor do título de crédito, corresponsável do título de crédito. Lembrando que por se tratar de endosso, ele vai responder pela existência e pela solvência. No endosso, eu respondo pelo pagamento do título de crédito.
	
	Cuidado com algumas pegadinhas de concurso. O examinador pode perguntar: quem sempre será o primeiro endossante de um título de crédito? Será sempre a mesma pessoa? Sim, será sempre a mesma pessoa, ou seja, o tomador beneficiário. Sempre o tomador beneficiário de um título do crédito será o primeiro endossante porque ele tem condições de transferir o crédito, porque é o primeiro credor. Ele sempre será o tomador beneficiário. 
	Quando se fala de endosso, a gente precisa ver um outro detalhe: como eu faço para dar endosso? Todo mundo sabe que eu posso dar endosso no verso do título. Todo mundo sabe isso. Basta uma assinatura. Uma simples assinatura do verso do título configura o endosso. Todo mundo sabe disso. Mas nem todo mundo sabe que eu posso também dar endosso no anverso. E é isso que cai na prova. O anverso é a face do título. Na prova não cai frente cai verso e anverso. Você tem que saber. Eu posso dar endosso no verso, desde que eu tenha uma assinatura e, além de uma assinatura, eu preciso também de uma expressão identificadora. Ou seja, aquela expressão que identifica o ato, que demonstra que se trata de endosso porque não é comum dar o endosso no anverso. Então, precisa, além da assinatura, demonstrar que se trata de endosso. Por exemplo: “pague-se a” ou “endosso a” ou “transfiro a”. São expressões que demonstram que você está endossando, que você está transferindo aquele título de crédito.
(Intervalo)
	Endosso em branco – Por exemplo: endosso a “e não coloco o nome de ninguém”, ou seja, deixo em branco. Ocorre quando não está identificado o endossatário. Quando não está identificado o endossatário, o endosso é em branco.
	Endosso em preto – Ocorre quando você identifica o endossatário.
	No exemplo que demos: sacador, Alexandre. Renato é o sacado e o tomador beneficiário é o professor Luiz Flávio que endossou para Pedro Taques, que é o endossatário. Esse é um típico exemplo de endosso em Pedro.
	Endosso parcial – É possível o endosso parcial? É pergunta batida de concurso. E a resposta é sempre a mesma. Você tem como endossar parte do valor? O título é de 10 mil, mas eu preciso endossar e transferir o título também. O que precisa? Endosso mais tradição. Não é só o endosso. Eu preciso endossar, assinar atrás ou na frente (com identificação) e entregar. Tem como entregar parte do título? Não! Por isso, o endosso parcial é nulo. 
	Limite do número de endossos – Tem limite de endosso por título de crédito? Não. Não há nenhum limite. Havia um limite e vou falar disso quando tratarmos do cheque na próxima aula. Mas não há limite para endosso. Você pode dar quantos endossos quiser no título.
	Endosso em título vencido - Além disso, é possível endossar o título depois que venceu? Depois do vencimento, eu posso endossar um título de crédito? Lógico que posso. Mesmo depois do vencimento, eu posso endossar. Mas vamos tomar cuidado com uma coisa. Se simplesmente só venceu o título, o endosso continua com as mesmas características do endosso. Detalhe: se além do vencimento tem também protesto ou expirou o prazo de protesto. No Intensivo III vamos falar sobre protesto. Se, além do vencimento, teve protesto ou expirou o prazo para protesto, não vai ter efeito de endosso mais. Vai ter efeito de cessão civil. Só que, mais importante: esse endosso dado depois do vencimento e depois do protesto ou de vencido o prazo de protesto tem um nome específico. Se você deu o endosso no título vencido e só vencido, não mudou nada. Ele é um endosso como outro qualquer. Mas, se além do vencimento, houve protesto ou se encontrava expirado o prazo para protesto, ele tem um nome: endosso póstumo, também chamado de endosso tardio. É aquele endosso que é dado depois do vencimento e depois do protesto (ou de expirado o prazo para protesto).
	Na 2ª fase da magistratura/SP, o examinador perguntou: o que é o endosso póstumo e perguntou: qual é o efeito do endosso póstumo. Então, você já sabe. O efeito é de cessão civil. 
	 
	Esse endosso que a gente está analisando (tudo o que vimos) é o chamado endosso próprio ou endosso translativo. Na verdade, na prova não cai o que é endosso próprio ou translativo. Quando o examinador pergunta sobre endosso é sobre esse endosso que a gente está analisando (comum ou próprio ou translativo). Mas tem uma outra modalidade de endosso que quando ele quer saber sobre ela ele pergunta sobre o endosso impróprio.
	Endosso impróprio – Se só falar em endosso, está falando de endosso próprio. E o que é o endosso impróprio? O próprio transfere a titularidade do crédito. LFG era o titular de crédito, deixou de ser credor que agora é o Pedro Taques. Houve transferência da titularidade. O endosso impróprio não tem essa característica. Não tem um dos efeitos. No impróprio não há transferência da titularidade do crédito. Ele é usado somente para legitimar a posse do endossatário. Nós temos duas modalidades de endosso impróprio:
Endosso-mandato – “É utilizado para transferir poderes e autorizar um terceiro a exercer os direitos inerentes ao título. Eu quero contratar uma empresa de cobrança para que ela efetue a cobrança do título por mim. Mas ela tem que ter o título porque só pode exigir o valor do título se tem o original do título. Mas ela não é credora. Eu só quero que ela efetue a cobrança. Eu não estou transferindo o título para ela. Mas eu preciso legitimar a posse da empresa de cobrança. E como eu faço isso? Por endosso mandato. No endosso-mandato você tem a figura do endossante mandante e do endossatário mandatário. É como se você estivesse dando uma procuração para alguém cobrar o título para você. Daí você coloca a seguinte expressão no título: endosso por procuração. Se você faz isso, é porque você está dizendo: olha: trata-se de endosso, mas não endosso próprio. É endosso impróprio na modalidade endosso-mandato, por procuração, para que ele possa cobrar o título de crédito para você. Se você contrata o banco, por exemplo, para cobrar uma letra de câmbio para você. Então, você tem que dar o endosso nessa letra de câmbio. Você dá o endosso-mandato. Você está legitimando a posse do banco para que ele possacobrar, mas ele não é o credor. Tanto que quando o devedor pagar o valor, ele vai repassar o valor para você, já que não é ele o credor do título que continua sendo você. Essa é uma forma de legitimar a posse.
Endosso-caução (ou pignoratício) – Eu procuro um banco, mas não mais para contratar o banco para a cobrança. Quero um empréstimo bancário, mas não tenho bens para dar em garantia. Eu só tenho uma empresa que tem vários títulos de crédito, várias letras de câmbio, várias duplicatas. E eu dou esses títulos como garantia. O título de crédito é bem imóvel? Não. É bem móvel e para você dar em garantia um bem móvel, o que precisa? Instituir sobre ele um penhor. Então, a forma que você tem de instituir um penhor sobre um título de crédito, é dando um endosso caução. “O endosso-caução é o instrumento adequado para a instituição de penhor sobre o título de crédito.” Você vai dar aquele titulo como forma de pagamento de alguma dívida. Ele é bem móvel. No título, você coloca assim: “em penhor”. Assim, você legitima a posse pra fins de garantia. Você não está transferindo a titularidade. Esse título fica com o banco até quitar as prestações. O título é garantia de pagamento. 
	Quando não há transferência de titularidade, é chamado de endosso impróprio (mandato ou caução).
	5.4.	AVAL
	O que é o aval? Quando se fala de endosso, você tem que lembrar da expressão “transferência”. E o aval tem que soar da seguinte forma: “garantia”. Aval é garantia. Eu sou codevedor, o Renato é o devedor principal e o Luiz Flávio também é codevedor. Só que o Pedro Taques resolve endossar esse título para um terceiro. Ele deixa de ser endossatário, passa a ser endossante e o terceiro passa a ser o endossatário. Só que esse endossatário diz que até concorda em receber essa letra de câmbio, mas exige uma garantia maior. Diz que quer que venha o Silvio Santos e garanta o pagamento do devedor principal ou do Luiz Flávio. Tanto faz. Então, essa terceira pessoa que, a princípio não é devedora e nem codevedora do título de crédito, assume a obrigação de pagar o título de crédito nas mesmas condições que ele está avalizando. Se ele está avalizando o devedor principal, tem as mesmas características do devedor principal. Então, se ele está avalizando o Luiz Flávio, ele vai estar na mesma posição que o Luiz Flávio. E ele está avalizando o Alexandre, está na mesma posição que o Alexandre. E é a partir dessa ideia que vamos trabalhar com aval.
	Conceito de aval – “É a declaração cambiária decorrente de uma manifestação unilateral de vontade pela qual a pessoa, física ou jurídica, assume a obrigação cambiária autônoma e incondicional de garantir no vencimento, o pagamento do título nas condições nele estabelecidas.”
	Então, a grande característica do aval é essa: garantir o pagamento. E quem garante o pagamento de algum devedor do título é a pessoa natural ou jurídica. O avalista é aquele que garante o pagamento do título pelo avalizado, é o garantidor. O avalista garante o pagamento do título por alguém. Esse alguém nós vamos chamar de avalizado. O avalista garante o pagamento do avalizado. Então, o Silvio Santos, naquele exemplo, vai ser o avalista. Então vamos imaginar que o Silvio Santos (avalista) avalizou Luiz Flávio (avalizado). 
	Mas como eu faço para dar aval em título de crédito? Essa questão não é tão fácil, mas fica fácil se você se lembra do endosso. Ao lembrar do endosso, você sabe que ele pode ser dado no verso ou no anverso. No verso, basta uma simples assinatura. E no anverso, vou precisar, além da assinatura, também uma expressão identificadora. Lembrei do endosso! Como eu faço com o aval? É o contrário! Onde está verso, vou colocar anverso. E onde está anverso, vou colocar verso. É o contrário. Então, na frente do título, preciso de uma simples assinatura. Tem que ser na frente porque se for no verso, a simples assinatura, como vimos, já é endosso. Mas posso dar aval no verso? Sim. Não é comum, mas é possível. O que faço? Coloco uma assinatura, mais uma expressão do tipo: “avalizo a”, “dou aval a”. São expressões que identificam o ato, que demonstram que se trata de um aval. Você está garantindo o pagamento do título de crédito por alguém. 
	Mas tem um problema. O aval, assim como o endosso, também pode ser em preto ou em branco. É o mesmo raciocínio.
	Aval em preto – Ocorre quando você identifica o avalizado: “avalizo LFG.”
	Aval em branco – Não identifica o avalizado.
	E aí vem o problema. E foi pergunta difícil da magistratura/BA. A Marinela vem aqui e dá uma assinatura na frente do título. O que é isso? Aval em branco. No aval em branco, quem está sendo garantido? Quem é o avalizado no aval em branco? Todos? Tem gente que acha que está garantindo todo mundo. Somente o devedor principal? Somente o último devedor? Sabe qual é a resposta? Nenhum deles. O aval em branco, quem é avalizado é o sacador-emitente. No aval em branco o avalizado é o sacador, aquele que criou, que deu origem, que emitiu o título de crédito. Então, não são todos os devedores. Cuidado!
	Aval parcial - Endosso parcial é possível? Não. Endosso parcial é nulo. E aval parcial? Será que pode? Será que é possível garantir apenas uma parte? Cuidado com essa pergunta porque a lei especial diz que pode, admite o aval parcial, dizendo ser possível garantir só uma parte do valor. A lei admite o aval de toda a dívida, como também de parte da dívida. Só que o Código Civil, no seu art. 897, § único, diz que não pode.
	Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.
	Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
	Só que, mais uma vez: cuidado! O Decreto 57.663/66 (lei uniforme) diz no art. 30 o seguinte:
	Artigo 30
	O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval.
	Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.
	
	Então, o Decreto diz que é possível o aval parcial. A lei especial admite o aval parcial. O código civil, não. E qual eu aplico? O Código Civil ou a lei especial. É a lei especial! Essa questão foi questão de várias provas e também já foi anulada em várias provas. Se o examinador perguntar se é possível ou não o aval parcial de título de crédito, a questão está anulada. Tem duas respostas. Como ele tem que perguntar? “É possível o aval parcial na letra de câmbio, no cheque, na nota promissória, na duplicata?” A lei especial diz que pode. Ou então, ele vai perguntar assim: “De acordo com o Código Civil...” Aí, a resposta é: “é vedado o aval parcial”. Então, toma cuidado para não errar a questão na prova.
	O avalista garante. Mas qual é a diferença entre aval e fiança? São três diferenças fundamentais
	
	AVAL
	FIANÇA
	Só pode ser dado em título de crédito
	Só pode ser dada em contrato
	É autônomo (em caso de morte, incapacidade, ou falência do avalizado, o avalista continua responsável)
	É acessória, segue o principal (se eu sou fiador e alguém morre, não tem mais fiança)
	Não tem benefício de ordem
	Tem benefício de ordem
	Em REsp julgado recentemente pelo STJ, o presidente de uma empresa emitiu uma letra de câmbio em nome da empresa e avalizou essa letra de câmbio. A empresa faliu e o aval permaneceu. Pouco importa o que aconteceu com o avalizado. O avalistas continua responsável. Ele sempre continua responsável porque a obrigação é autônoma. É uma obrigação cambiária autônoma. Se eu sou avalista e sou responsável pelo pagamento, garanto pagamento, caso eu seja acionado (alguém ajuíza uma ação de execução contra o avalista, ele vai ser obrigado a pagar), vou ter direito de regresso. Mas contra quem? Só contra o avalizado? O Silvio Santos está garantindo o Luiz Flávio, que é o devedor. Se o credor ajuíza uma ação contra o Silvio Santos, ele é obrigado a pagar porque é o avalista. Só que ele vai ter direito de regresso só contra o Luiz Flávio? Se o avalizado tem direito de regresso, o avalista também tem. Se eu sou avalista de um devedor principal, eu só vou ter direito de regresso contra o devedorprincipal. Não tenho direito de regresso contra mais ninguém. Agora, se eu sou avalista de um codevedor e este codevedor tem direitos, eu vou ter os mesmos direitos que esse codevedor. Eu estou garantindo João como se fosse João. Então, se João tem direito de regresso, eu também vou ter os mesmos direitos.
	“Caso o avalista seja acionado, ele terá direito de regresso contra o avalizado e todos os devedores anteriores a ele.”
	Benefício de ordem. Imagine. Eu sou fiador da Maria. Ela deixa de pagar o aluguel. O proprietário me aciona judicialmente. Por ser fiador, eu tenho um benefício: o de que seja seguida a ordem legal. E qual é ela? Primeiro você cobra dela, depois vem cobrar de mim. Se o afiançado não possui bens suficientes é que você vai cobrar do fiador. Mas na prática não é assim! E não é mesmo, porque você, fiador, assina o contrato com uma cláusula que diz o seguinte: “os fiadores renunciam o benefício de ordem”. Se você renunciou, está renunciado. Mas que o benefício existe, existe. E no aval não é assim. Primeiro vou ter que executar o Luiz Flávio para depois executar o Silvio Santos? Não. Eu posso executar primeiro o Silvio Santos. Eu posso ir diretamente primeiro contra o avalista. Não preciso ir primeiro ao avalista. Eu não tenho que executar primeiro o avalizado. Lembra que eu falei que a regra é essa? Um, alguns ou todos? Eu posso escolher alguns (avalizado e avalista), posso escolher todo mundo e o avalista. Fica sempre a critério do credor.
	Havia, além dessas três, uma quarta diferença que não é mais diferença. É apenas uma observação. Antes do Código Civil, eu não precisava de autorização do cônjuge para prestar aval. Eu só precisava para fiança. Agora precisa. O art. 1647, III, do Código Civil exige isso:
	Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III - prestar fiança ou aval;
	Então, tanto para prestar fiança quanto para prestar aval, é necessário hoje autorização do cônjuge. Exceto se o regime for o de separação. Hoje não há mais diferença. Mas é uma observação importante.
	
	Eu disse que o endosso dado depois do vencimento e depois do prazo do protesto ou tendo o título sido protestado, não tem mais natureza de endosso, tem natureza de cessão civil. É o chamado endosso póstumo. E o aval dado depois do vencimento? Ele tem efeito do quê? O examinador pergunta isso só para te sacanear. A resposta é muito fácil porque o aval dado depois do vencimento é aval. Não tem nada de diferente. Continua tendo os efeitos de aval. Mesmo depois do protesto. É que dificilmente você vai achar alguém que vai dar o aval num título que já foi protestado, quer dizer, você vai garantir algo que já não foi pago? De qualquer forma, é possível. Não há impedimento legal para isso e, mais do que isso, tem os mesmos efeitos do aval. Quem dá aval hoje? Dica para lembrar: o sujeito que dá aval tem que ser muito amigo. Amizade verdadeira tem que ser ontem, hoje e amanhã. Então, é o aval. Amigão. Continua sendo amigo antes, depois do vencimento. É sempre a mesma coisa e o amigo faz as coisas pela frente, nunca pelas costas. E o aval tem que ser dado na frente do título (nunca no verso).
	5.5.	TIPOS DE VENCIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO
	Isso cai direto em prova. Até na prova de delegado federal caiu. São quatro tipos de vencimento:
À vista – exigível de imediato. Pode apresentar para pagamento a qualquer tempo.
Data certa, data fixada ou data marcada – Data certa é quando a data está fixada. Vem marcada no título. No exemplo que demos: 30/11/09. Você definiu a data no título de crédito. Quando você fixa a data no título de crédito, você já tem uma data certa.
A certo termo de vista – O modelo de letra de cambio que eu trouxe (pág. 106) é a certo termo de vista. O primeiro risco que tem em cima do título (“vencimento de 2 dias da vista”) significa que é um número “x” de dias contados de um marco inicial. Então, você tem lá “90 dias a certo termo de vista”, “120 dias a certo termo de vista”. É um número x de dias contados a partir de uma data inicial. E isso serve também para os títulos a certo termo de data. Então, o que faz a diferença aqui é saber qual é a data inicial. Se for a certo termo de vista, se conta o vencimento da data do aceite. O aceite se deu em um determinado dia. No exemplo (“2 dias a certo tempo de vista”), eu vou contar dois dias da data do aceite para o vencimento. Esse é o marco inicial.
A certo termo de data – é o número x de dias contados da data da emissão do título de crédito.	
	
	As letras “c” e “d” geram dúvida na hora da prova. Então, o que o examinador faz (AGU, PFN, delegado federal, diversas magistraturas)? O “a certo termo de vista” se conta da emissão e o “a certo termo de data” se conta do aceite. Ele quer te confundir na hora da prova. Como essa questão cai com muita freqüência e os alunos erram, eu criei uma forma de você lembrar na hora da prova. Exterminador do futuro: “Hasta la vista, babe”. Quando ele falou isso, pensei: é direito comercial puro. É “hasta la vista, aceite”. 
6.	NOTA PROMISSÓRIA 
	Nota promissória é muito fácil porque só tem 4 artigos no Decreto 57.663/66. O art. 77 diz que as mesmas regras que você viu sobre letra de câmbio também se aplicam para a nota promissória. Tudo o que vimos sobre, por exemplo, endosso e aval na letra de câmbio, se aplicam para a nota promissória. É a mesma regra. Tudo o que vimos se aplica também para a nota promissória. Então, temos que saber as diferenças e são poucas. Quais são as diferenças da nota promissória para a letra de câmbio?
	A nota promissória é promessa de pagamento. E se é uma promessa, tem a figura do promitente, também chamado de subscritor emitente e tem a figura do tomador beneficiário. Você não está dando ordem para ninguém, mas fazendo uma promessa de pagamento. Então, o devedor da nota promissória é o promitente subscritor. É o devedor principal. Só que na letra de câmbio o sacado é quem recebe a ordem de pagamento. Se aqui é promessa, existe a figura do sacado? Não. Não tem sacado na nota promissória. E se não tem sacado na nota promissória, pergunta típica de concurso: tem aceite na nota promissória? O aceite é ato de concordância com uma ordem de pagamento dada e aqui não tem ordem de pagamento. Aqui não tem figura do sacado. O aceite é ato privativo do sacado. Então, nota promissória não tem aceite, que é típico de ordem de pagamento, e aqui é promessa. Não vai ter ninguém para concordar com essa ordem. Então, a nota promissória não admite a figura do aceite. Endosso é a mesma coisa. Mas não tem aceite.
	E aqui é importante fazer um comentário. Essa questão caiu na AGU e eu até agora não me conformo com o gabarito. A AGU perguntou quais são os tipos de vencimento de uma nota promissória. À vista é possível. Data certa é possível. A certo termo de data, sim. Mas a AGU disse que não era possível a certo termo de vista porque se conta do aceite. Só que o Decreto fala outra coisa. O decreto diz que a nota promissória também pode ser a certo termo de vista. É igualzinho à letra de câmbio. Não muda nada. Só que o art. 78, do decreto diz que no caso da nota promissória o “a certo termo de vista” não se conta do aceite porque não tem aceite. Mas se conta do visto do subscritor. Você começa a contar do visto do subscritor. Como assim? Isso é muito raro e chega a ser ignorância também. Imagina: você me emite uma nota promissória e coloca quinze dias da data do visto. Você tem que me apresentar de novo, eu dou o visto e dali você conta 15 dias. Na prática não é usual, mas é possível e se conta a partir do visto. Por isso eu não me conformo com o fato de a AGU dizer que não há. Art. 78. É possível, sim, nota promissória a certo termo de vista.
	Tem um assunto sobre nota promissória que cai direto em prova. É muito bom a nota promissória ser vinculada a contrato.	 É muito comum você vincular uma nota promissória a contrato. Exemplo, eu faço um contrato de compra e venda de imóvel e vinculoo pagamento das parcelas do imóvel a notas promissórias. Quando se tem vinculação de nota promissória ao contrato, o que você tem que saber? Nós vimos na aula passada o princípio da autonomia. Vimos que tem o vendedor do imóvel e o comprador do imóvel. Eu comprei um imóvel e vou pagar com uma nota promissória. O que vimos na aula passada? Que o vendedor recebe na nota promissória e é o credor da nota promissória. Só que se aquele imóvel tem algum problema (eu verifico na matrícula do imóvel que aquele devedor não é o proprietário, por exemplo). Então, o que eu faço? Eu posso deixar de pagar a nota promissória e se ele ajuizar uma ação de execução contra mim, eu vou em embargos e digo que não vou pagar, porque a titularidade não é dele e eu vou pagar para o proprietário real do imóvel. 
	Só que se ele, credor, transferir para um terceiro de boa-fé, o que ocorre? A chamada abstração. O título que é uma promissória originada de uma compra e venda de imóvel se desprende da causa que deu origem e agora o terceiro vai ter direito, não ao contrato de compra e venda, mas ao crédito representado na nota promissória. E na data do vencimento, se ele vem cobrar de mim, eu sou obrigado a pagar a nota promissória para ele. Pouco importa o que aconteceu nessa relação porque essas relações são autônomas e independentes entre si. O que aconteceu lá atrás, pouco importa para a relação subsequente. Isso é autonomia. O terceiro de boa-fé não vai saber se a nota promissória está relacionada a uma compra e venda ou a outro tipo de negócio jurídico. Ele não tem essa obrigação. Não tem isso. 
	Agora, muito diferente é quando você coloca lá: “essa nota promissória é para pagamento de compra e venda de imóvel, contrato tal.” Neste caso, você vinculou o título a uma compra e venda. Então, o terceiro de boa-fé, quando recebe o título, sabe que aquela nota promissória foi emitida para pagamento de uma compra e venda de imóvel porque está vinculado na nota. Então, neste caso, posso endossar? Posso. Posso dar aval? Posso. Só que o que acontece é o seguinte: esse título não goza de autonomia porque eu não poderia alegar uma exceção pessoal para o terceiro e boa-fé. Mas como agora ele já sabe que se trata de uma compra e venda de imóvel, para aceitar o título, ele deveria perguntar antes: “ei, você recebeu o imóvel, está tudo direitinho, posso pegar a nota promissória?” Por quê? Aquilo que eu poderia alegar como exceção pessoal só pro credor primitivo, eu também vou poder alegar para o terceiro de boa-fé. Então, se eu posso alegar, a relação não está autônoma, mas vinculada ao contrato. Então, não tem autonomia. Dessa forma, quando a nota promissória está vinculada a contrato não goza de autonomia.	
	Para finalizar, quero que você saiba da súmula 258, do STJ, que traz uma situação muito parecida com o que eu disse agora há pouco.
	STJ Súmula nº 258 - DJ 24.09.2001-A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
	Se não goza de autonomia, significa o seguinte, pegando o exemplo da súmula: contrato de abertura de crédito. O banco faz comigo um contrato de abertura de crédito. E esse contrato tem uma cláusula que diz que se tem saldo devedor, o banco pode emitir uma nota promissória e ajuizar uma ação de execução. Eu tenho um saldo devedor no banco e o banco tem uma cláusula no contrato dizendo que se há um saldo devedor, eu, banco, posso emitir uma nota promissória no valor do saldo e posso ajuizar uma execução com base nesse saldo. Só que aqui o que acontece com o saldo devedor? Se o banco ajuizar essa ação, em embargos à execução, o que vou dizer? Que juros estão abusivos, anatocismo, etc. Posso discutir isso em embargos. Ao passo que o banco transferir para um terceiro de boa-fé. Pela autonomia, eu poderia alegar para o terceiro de boa-fé? Não. Eu ia ter que pagar o valor. Só que esse saldo devedor aqui em razão dessas questões de juros, comissão de permanência, anatocismo, é ilíquido. Então, em razão dessa iliquidez, ele não pode ter autonomia. Significa que deixa de ser título de crédito? Não. Eu vou ser obrigado a pagar? Vou. Mas se o terceiro ajuizar uma ação de execução eu posso, em embargos contra ele, falar que tem taxa disso, tem comissão de permanência, tem anatocismo, portanto, não goza de autonomia. Lembre-se sempre disso: nota promissória vinculada a contrato, não goza de autonomia. 
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