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Efervescentes- Artigo revista Rx

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18 www.rxonline.com.brRevista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007
Vamos imaginar que um médico prescreveu uma grande quantidade de vitaminas e 
minerais. Ao medir as densidades aparentes dos pós, você percebe que os mesmos 
não poderão ser acomodados no volume de uma cápsula. A solução mais simples é 
dobrar – ou até mesmo triplicar – o número de cápsulas. 
Mas, seria esta a conduta correta? O paciente é capaz de utilizar a formulação 
manipulada assim manipulada de modo confortável e que propicie a adesão do 
paciente ao tratamento?
Uma das possíveis abordagens para solucionar este problema é a manipulação de 
doses unitárias na forma de um pó efervescente. Neste artigo iremos esclarecer 
alguns pontos sobre a manipulação destas formas farmacêuticas. 
Medicamentos 
Efervescentes
farmacotécnica
18 www.rxonline.com.brRevista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007
Uma oportunidade de ser diferente
Prof. Luis Antonio Paludetti
Rx Consultoria / Universidade de Santo Amaro - Unisa - SP - Brasil
Robson Miranda da Gama
Laboratório Semi-Industrial da Faculdade de Farmácia da Unisa - SP - Brasil
19Revista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007www.rxonline.com.br
Introdução
Existem várias situações em que os efervescentes, além 
de necessários, podem se tornar um bom diferencial para a 
prática farmacêutica. As oportunidades mais comumente 
exploradas são aquelas em que tentamos melhorar o sabor 
desagradável de fármacos. 
Por exemplo, o ácido ascórbico é utilizado em concentra-
ções de até 2 gramas. Normalmente, esta quantidade está 
apresentada em uma forma efervescente, porque mesmo 
com a reconstituição de um pó aromatizado e edulcorado, 
formar-se-ia uma solução extremamente ácida, cuja inges-
tão pode não ser muito agradável. Com a efervescência, a 
acidez da solução continua presente, mas sua intensidade 
relativa fica diminuída, uma vez que as células sensoriais 
da mucosa bucal precisam processar também a informação 
geradas pelas borbulhas. A informação combinada (bor-
bulhas + acidez + aroma + dulçor) fornece ao cérebro uma 
sensação final agradável. 
Assim, esta técnica permite melhorar o sabor de fármacos 
muito ácidos ou muito amargos ou muito salgados, como é 
o caso de diversos nutrientes. Outra oportunidade está na 
veiculação de fármacos em quantidades muito grandes, cuja 
administração em cápsulas seria impraticável. Por fim, os 
efervescentes constituem-se em um grande diferencial, já que 
uma boa parte das farmácias ainda não prepara efervescentes 
como uma forma farmacêutica corriqueira. 
Oportunidades certas do jeito certo
Como vimos, os efervescentes são formas farmacêuticas 
interessantes, com excelentes aplicações e grande potencial 
de gerar diferenciais para a farmácia. 
Entretanto, alguns cuidados se fazem necessários. 
O primeiro deles refere-se ao paciente. O paciente pode 
usar uma forma efervescente? Essa é a primeira pergunta 
a ser respondida quando se propõem a preparação de 
um efervescente. Para alguns pacientes em particular 
(gastroplastizados, hipertensos, pacientes com problemas 
estomacais ou intolerantes aos componentes responsáveis 
pela efervescência) os efervescentes podem ser contra-in-
dicados, ou indicados com restrições. 
Por esse motivo, devemos estabelecer critérios objetivos 
para definir a opção pelo uso de uma forma efervescente:
1) O paciente pode fazer uso do efervescente? Em caso 
positivo, a forma farmacêutica poderá ser preparada. Em 
qualquer outro caso, as relações entre vantagens e desvan-
tagens do tratamento devem ser avaliadas e o uso do efer-
vescente deve ser discutido conjuntamente com o médico.
2) O fármaco é irritante direto do trato gastrintestinal? Caso 
o fármaco seja irritante do trato gastrintestinal, é preciso 
avaliar o grau de irritação e se os efeitos serão suportáveis 
e transitórios. Em caso negativo, a melhor opção é utilizar 
outras formas farmacêuticas, entre elas os supositórios.
farmacotécnica
3) O fármaco sofre decomposição no estômago? Em caso 
positivo, a forma farmacêutica não poderá ser preparada. 
Outra restrição refere-se a fármacos extremamente instá-
veis, que não seriam capazes de suportar o curto espaço de 
tempo entre a reconstituição do pó e a administração.
4) O fármaco é solúvel em água? O ideal é que a forma 
efervescente seja utilizada com fármacos solúveis em água. 
Entretanto, é possível preparar formas efervescentes para 
fármacos pouco solúveis ou insolúveis em água. Neste 
caso, a efervescência poderia manter o fármaco em suspen-
são por tempo suficiente para ingestão, mas é preciso con-
siderar que sempre há perdas, devido à adesão do fármaco 
às bordas do recipiente (copo, xícara). Essas perdas serão 
muito mais sentidas quando as doses forem menores. 
5) O fármaco é muito ácido, salgado ou amargo? Esta é 
uma condição em que a forma efervescente é fortemente 
indicada, conforme explicamos anteriormente. 
6) A dose posológica é maior que 500 mg? Esta também 
é uma condição ideal para a preparação de uma forma 
efervescente ou de reconstituição. Em geral as farmácias 
dispendem grande quantidade de tempo para preparar 
cápsulas que necessitam conter duas, três e até quatro vezes 
o volume de pós que poderiam comportar.
7) A dose posológica é menor que 50 mg? Embora não haja 
impedimentos técnicos para a preparação de medicamentos 
efervescentes com pequenas doses de fármacos, há algumas 
considerações. A solubilidade do fármaco precisa ser bem 
avaliada; caso o fármaco seja insolúvel pode haver perdas de-
vido à adesão do fármaco nas bordas do recipiente e, como a 
quantidade é pequena, a perda poderá ser proporcionalmente 
considerável. Mesmo para fármacos solúveis – onde não há 
perdas consideráveis – o volume a ser ingerido é bastante 
grande (cerca de 100 mL de líquido), o que, em função da 
dose, pode não ser o mais adequado para o paciente; neste 
caso formas líquidas convencionais (gotas, xaropes) podem 
ser mais efetivos na liberação do fármaco. 
 
Mas afinal, o que é um efervescente?
Um efervescente é uma forma farmacêutica que contém 
componentes que liberam rapidamente dióxido de carbo-
no quando em contato com a água. 
A efervescência é obtida ao se reagir um ácido com um 
Quadro 1: A química da efervescência
Reação Ácido Cítrico / Bicarbonato
 H2O
C6H8O7.H2O + 3NaHCO3 —> 4H2O + Na3C6H5O7 + 3CO2
Reação Ácido Tartárico / Bicarbonato
 H2O 
C4H6O6 + 2NaHCO3 —> 2H2O + Na2C4H6O6 + 2CO2
20 www.rxonline.com.brRevista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007
carbonato ou bicarbonato. A reação do ácido com o carbo-
nato produz o sal do ácido, água e libera CO2 para a solu-
ção. Como o gás é pouco solúvel em água, ele acaba por ser 
liberado da solução, formando borbulhas. 
Em princípio, qualquer ácido poderia produzir 
efervescência, mas, na prática, opta-se pelo uso de ácido 
cítrico, tartárico ou uma mistura de ambos. As reações quí-
micas envolvidas estão descritas no quadro I. Normalmen-
te se utiliza uma mistura de 1:2 de ácido cítrico:tartárico. 
Esta mistura oferece uma efervescência consistente e de 
evolução controlada. 
A razão pela qual se usa uma mistura de ácidos é simples: 
as partículas de ácido cítrico são relativamente mais duras 
e densas que as partículas de ácido tartárico. 
Por esse motivo, ao serem adicionadas à água, as partícu-
las de ácido cítrico tendem a ir para o fundo do recipiente, 
produzindo borbulhas que se propagam do fundo para a 
superfície, dissolvendo-se de modo mais lento e produzin-
do uma efervescência mais lenta e controlada. Já as partí-
culas de ácido tartárico tendem a ficar mais na superfície, 
reagindo rapidamente, produzindo uma efervescência rá-
pida e intensa. Estes dois efeitos combinados provocam no 
paciente uma “sensação de efetividade”, além de propiciar 
uma mistura homogênea do fármaco.
Uma vezdefinidos os componentes da formulação, 
pode-se iniciar a preparação do medicamento. O quadro 
farmacotécnica
2 apresenta uma sugestão de prescrição e todos os cálculos 
necessários para prepará-la. 
Você faz medicamentos ou travesseiros?
Quando se manipulam medicamentos efervescentes, um 
dos problemas mais comuns é o que podemos denominar 
de “efeito travesseiro”. Na verdade, o efeito travesseiro de-
corre da formação de gás no interior do material de acon-
dicionamento; essa formação de gás decorre de reações 
químicas provenientes da reação química responsável pela 
efervescência. Conforme podemos verificar no quadro I, 
a reação ocorre em presença de água (H
2
O). Ao entrar em 
contato com a água, o ácido cítrico e o bicarbonato rea-
gem, produzindo 3 mols de CO
2
 e 4 mols de água. Raciocí-
nio semelhante ocorre com o ácido tartárico. 
Assim, caso haja traços de umidade, a reação de 
efervescência se inicia no interior do material de acondiciona-
mento e produz o gás que causa o inchaço do saquinho, que 
assume a forma de um travesseiro. Para evitar este problema, 
é necessário uma técnica de preparação apurada:
1) Calcular a quantidade de cada componente, de modo a 
preparar todas as doses.
2) Dessecar os componentes em dessecador, no mínimo 
por 24 horas. 
3) Secar toda a vidraria em estufa. 
4) Eliminar qualquer resquício de umidade das bancadas.
Uma prescrição solicita um medicamento efervescente. 
A dose do fármaco é 900mg por unidade posológica.
O paciente pode utilizar adoçantes, corantes e aromatizantes.
Como preparar esta formulação?
1) Inicialmente devemos definir o tamanho do material de acondi-
cionamento desta dose. No caso, definiremos que cada dose será 
acondicionada em um sachê de 5 g. 
2) O segundo passo é calcular a quantidade total de base efer-
vescente que será utilizada. Neste caso, optaremos por uma base 
efervescente constituída de uma mistura de ácido cítrico, ácido 
tartárico e bicarbonato de sódio
3) Iremos adotar uma mistura efervescente cujas proporções são, 
respectivamente, 1 : 2 : 3,4. Caso utilizemos esta proporção en 
gramas, teremos 1 g de ácido cítrico, 2 g de ácido tartárico e 3,4 g 
de bicarbonato de sódio, obtendo 6,4 g de base efervescente.
4) O proximo passo será calcular a quantidade de base (QB). A 
quantidade de base será obtida subtraindo-se a quantidade de 
fármaco (F) do peso total do sachê (S):
QB = S - F = 5,0 g - 0,9 g = 4,1 g de base efervescente. 
5) Sabemos que as proporções entre as quantidades de ácido 
cítrico (AC), ácido tartárico (AT) e bicarbonato de sódio (BS) são 
respectivamente 1:2:3,4. 
Quadro 2: A anatomia de uma formulação.
6) A quantidade de ácido cítrico é então obtida pela proporção
AC = (4,1 g x 1 g Ac. Cítrico) / 6,4 g = 0,64 g Ac. Cítrico
7) Analogamente, o mesmo cálculo é realizado para obtermos a 
quantidade de ácido tartárico:
AT = (4,1 g x 2 g Ac. Tartárico) / 6,4 g = 1,31 g Ac. Tartárico
8) Por fim, da mesma maneira, a quantidade de bicarbonato de 
sódio será:
BS = (4,1 x 3,4 g Bic. Sódio) / 6,4 g = 2,2 g Bic. Sódio
Assim sendo, formulação final a ser preparada será:
Princípio-Ativo:.................... 0,900 g
Ácido Cítrico: ...................... 0,640 g
Ácido Tartárico .................... 1,310 g
Bicarbonato de sódio ........... 2,200 g
Aromatizante ...................... 0,150 g
Sucralose ............................ 0,100g
Corante............................... qs
Vale lembrar que as quantidades de aromatizante e sucralose 
podem ser alteradas, conforme discutido no texto. Além disso, as 
quantidades referem-se ao volume de reconstituição final de cerca 
de 100 mL.
21Revista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007www.rxonline.com.br
5) Reduzir a umidade do local de manipulação ao mínimo. 
6) Se possível, colocar sobre a bancada uma pequena ca-
pela e dentro dela uma quantidade suficiente de sílica 
dessecante e esperar pelo equilíbrio.
7) Se isto não for possível, manipular rapidamente.
8) Pesar cada componente individualmente.
9) Transferir todos os componentes para um frasco de vi-
dro com tampa, perfeitamente seco.
10) Misturar exaustivamente por cerca de 2 minutos.
11) Tamisar em tamis de número 30 ou 20. Reprocessar 
rapidamente, se necessário.
12) Misturar novamente em frasco de vidro, por cerca de 
2 minutos.
13) Pesar as doses individuais.
14) Acondicionar e rotular.
 
Aditivos que podem melhorar a preparação
Embora sejam necessários apenas o fármaco, os ácidos 
e carbonato para produzir a efervescência, alguns aditivos 
podem melhorar em muito o desempenho da formulação. 
Os aditivos mais importantes serão tratados em seguida.
Dessecante
O dessecante mais utilizado é o dióxido de silício co-
loidal. Ele tem a propriedade de melhorar o fluxo dos 
pós e eliminar pequenas quantidades de umidade resi-
dual que porventura estejam presentes nos pós. A con-
centração de uso fica entre 1 e 2 % do total de pó total 
colocado em cada dose.
Cargas e opacificantes 
As cargas e opacificantes tem como função tornar o pro-
duto opaco. Isto pode ser interessante em produtos que con-
tenham fármacos pouco solúveis ou quando se deseja que o 
produto fique mais parecido com um suco, ou que lembre 
refrigerantes industriais. Entre os produtos podemos citar a 
celulose microcristalina (entre 1 e 3%), o dióxido de titânio 
(entre 0,5 e 1%) e o próprio dióxido de silício coloidal. 
Excesso de ácido
Como vimos na estequiometria da reação, todos o ácidos 
reagirão com o bicarbonato, até completa neutralidade. En-
tretanto, esta neutralidade pode não ser fisiologicamente o 
mais agradável. Culturalmente, estamos habituados a ingerir 
produtos efervescentes que possuem um sabor ácido (refrige-
rantes, vinhos espumantes, etc). Assim, é interessante manter 
um pequeno excesso de ácido cítrico na formulação, em geral 
para um pH final entre 4,5 e 5. Após realizar os cálculos, o 
farmacêutico poderá preparar um lote piloto e verificar a 
quantidade de ácido cítrico necessária para obter o pH final 
desejado. Vale lembrar que a acidez desejada deve estar em 
harmonia com o aromatizante utilizado. 
farmacotécnica
Acondicionamento
Como vimos anteriormente, a umidade é o principal 
problema na manipulação de efervescentes. A principal 
preocupação do farmacêutico deve ser manter a umidade 
longe da preparação, inclusive após o acondicionamento. 
Como se sabe, os saquinhos plásticos comuns – geral-
mente produzidos com polietileno ou polipropileno – não 
são capazes de proteger da umidade (vapor de água), do 
CO
2
, do oxigênio do ar e da luz.
Para obter êxito na proteção, seriam necessárias embala-
gens de vidro ou de metal, o que tornaria a manipulação 
em farmácias impraticável. 
Felizmente, já existem embalagens compostas por um 
laminado de alumínio plastificado, geralmente com PVC. 
Esta embalagem permite a proteção completa do pó acon-
dicionado e garante a estabilidade física do medicamento. 
Após o acondicionamento, esta embalagem pode ter parte 
de seu ar removido e ser selada em seladora térmica, para 
total estanqueidade. 
Vale lembrar que este tipo de material de acondiciona-
mento não deve ser confundido com outras embalagens 
plásticas aluminizadas, que são produzidas com plástico e 
que receberam uma pintura com alumínio. Estas embala-
gens aluminizadas não são efetivas na proteção da umida-
de e são permeáveis aos gases, protegendo apenas da luz. 
Uma dica interessante é utilizar um sachê que caiba pelo 
menos o dobro do volume do pó que foi manipulado. Essa 
prática torna possível selar o sache o mais próximo possível 
do limite e remover o ar do conteúdo do sachê, utilizando 
uma dobra antes da operação de selagem. 
Corretivos de Aroma e Sabor
Outro aspecto importante dos efervescentes é a corre-
ção do aroma e sabor. Como vimos anteriormente, após 
areconstituição, a solução resultante apresenta um valor 
de pH levemente ácido. Assim, a aromatização do produto 
deve ser feita com aromas que combinem com o sabor áci-
do. Vale lembrar que a efervescência em si é uma forma de 
auxiliar a mascarar o sabor. 
Outro aspecto importante a ser considerado na escolha 
do aromatizante é que a cultura ocidental naturalmente 
associa o efervescente a bebidas gaseificadas, do tipo re-
frigerante. Assim, mesmo que nós farmacêuticos saibamos 
que se trata de um medicamento, ao ver a efervescência se 
desenvolver, muitos pacientes esperam encontrar o sabor 
de um refrigerante. 
Todos estes fatores devem ser considerados na escolha do 
aromatizante. Em linhas gerais, o corretivo de aroma deve:
1) Estar na forma de pó.
2) Combinar com o sabor do fármaco e com o pH final da solu-
ção. Mesmo que um fármaco seja amargo, não é lógico adicio-
nar neste medicamento um aroma de café ou chocolate (visto 
22 www.rxonline.com.brRevista Rx - Nº2 - Março/Abril - 2007
que não existe o “café efervescente”). Para fármacos amargos, 
reduzir um pouco o pH final do efervescente e adicionar um 
aroma de limão pode ser mais efetivo.
3) Aromas de frutas cítricas são os mais indicados.
4) Os aromas mais bem recebidos lembram refrigerantes: 
lima-limão, tangerina, Uva, Guaraná, Coca-cola, tange-
rina, tutti-frutti e abacaxi.
5) Calcular a quantidade de aroma em função do volume 
final após reconstituição. Normalmente, utilizam-se 
concentrações entre 0,1 e 0,2% do volume final.
6) A adição de corantes, desde que o paciente possa fazer 
uso deles, é fator que colabora na adesão ao tratamento
 
Corretivos de dulçor
O corretivo de dulçor deve ser pensado em função do sabor 
do fármaco. Fármacos ácidos podem receber uma quantidade 
menor de adoçante e fármacos amargos podem necessitar de 
mais adoçante. Ao contrário do que se pensa, fármacos sal-
gados necessitam de menos adoçante pois o sabor adocicado 
intensifica o sabor salgado e vice-versa. Entre os adoçantes 
de escolha para produtos efervescentes podemos citar a su-
cralose (em concentrações entre 0,05 e 0,2%), o aspartamo 
(entre 0,1 e 0,2%) e a sacarina sódica (entre 0,05 e 0,1%). 
Vale lembrar que a sucralose e o aspartamo não possuem 
sabor residual e que o dulçor e a sensação proporcionada 
pela sucralose é virtualmente idêntica ao açúcar.
Bases efervescentes
Alguns farmacêuticos acham mais prático utilizar mis-
turas comercialmente disponíveis que proporcionem a 
efervescência sem a necessidade de se preparar ou calcular 
os componentes da base. 
Entre estas bases, destacamos a Baseffer (Embrafarma), 
constituída por partículas revestidas de bicarbonato de só-
dio e ácido cítrico, além de outras partículas inertes. 
A Baseffer proporciona rapidez e estabilidade no prepa-
ro, visto que o revestimento impede o início da reação de 
efervescência, uma vez que as partículas revestidas impedem o 
contato direto entre os reagentes e a película de água ou umi-
dade presentes. Para um melhor resultado, a base não deve ser 
triturada, preservando a integridade da película. 
Além desta vantagem, a Baseffer já possui a quantidade 
balanceada de ácido cítrico, dispensando adição de ácido 
farmacotécnica
para início da reação. O ácido cítrico pode ser adicionado 
para correção do sabor e do pH. O uso deste tipo de base 
melhora bastante o desempenho do produto, auxiliando a 
evitar o “efeito travesseiro”.
É bom, mas em certos casos...
As formas farmacêuticas efervescentes são uma oportuni-
dade considerável na prática farmacêutica e proporcionam a 
adesão do paciente e a solução de muitos problemas. Entre-
tanto há algumas casos que podem restringir seu uso. 
Pacientes submetidos a dietas com redução da ingesta de 
sódio podem utilizar formas efervescentes, mas a fórmula 
deverá ser ajustada de modo a não ultrapassar as doses diá-
rias recomendadas (DDR). A DDR de sódio fica entre 2000 e 
2400 mg/dia, dependendo da referência consultada. Pacientes 
hipertensos devem ter uma ingesta máxima de sódio de até 
1000 – 1500 mg/dia. Uma formulação típica efervescente pode 
conter cerca de que 900 mg de sódio por dose. Essa quantidade 
não seria problema caso o paciente utilizasse apenas uma dose ao 
dia. Entretanto, caso o paciente utilize mais de uma dose, a quan-
tidade máxima (1500 mg/dia) será facilmente ultrapassada. Além 
disso, é importante lembrar que, mesmo uma dieta de restrição 
de sódio tipicamente oferece 750 mg de sódio, mineral presente 
em frutas, legumes, vegetais e cereais. 
Por fim, os pacientes gastroplastizados não toleram mui-
to bem formas efervescentes, uma vez que o volume do 
estômago foi em muito reduzido e a evolução do gás pre-
sente no líquido ingerido continua ocorrendo, causando 
desconforto e eructação. 
Orientação ao paciente
Um dos aspectos mais importantes do uso de eferves-
centes é a orientação ao paciente. Essa orientação deve ser 
ativa e reativa: o farmacêutico deve explicar ao paciente as 
informações e depois pedir a ele que repita, certificando-se 
de que o mesmo entendeu o modo de uso e o armazena-
mento. O quadro 3 apresenta um modelo de orientação a 
ser dada ao paciente.
Considerações finais
O preparo de formas efervescentes é um desafio gra-
tificante, pois garante à farmácia a oportunidade de ser 
realmente diferente. Cabe ao farmacêutico, a coragem de 
enfrentar este desafio: a recompensa será proveitosa.
Quadro 3: Orientações ao paciente
• Guardar em local seco e fresco
• Após aberto usar todo o conteúdo
• Verter o conteúdo de uma vez, em um copo grande com cerca 
de 100 mL de água. 
• Aguardar o término da efervescência inicial e ingerir imedia-
tamente.
• Não utilizar como suco ou refrigerante. 
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