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Trabalho de Teologia e Psicologia

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Trabalho de Teologia e Psicologia
	Carla Cristina Ferreira
Ilana R Santos Rezende
Marizil de Oliveira
Pedro Henrique Carvalho
O QUE É A TVP - NASCIMENTO E SEU DESENVOLVIMENTO
1. INTRODUÇÃO
O acesso às recordações de vidas passadas é muito antigo. Este acesso foi exercido desde a origem da humanidade, principalmente no homem primitivo cuja primeira religião foi o culto aos antepassados. Neste período as recordações de vidas passadas não tinham caráter terapêutico. Eram apenas um aspecto da religião e consideradas como prova de grande desenvolvimento espiritual.
Como terapia, a TVP é relativamente recente, nasce na década de 60, através do psicólogo americano Morris Netherton, pioneiro na sistematização do método. Paralelamente, no mesmo período, Edith Fiore, também americana, sinalizava os primeiros passos para uma metodologia à Terapia de Vidas Passadas. A principal diferença entre os dois é que Fiore utiliza hipnose clássica (direta) procurando o insight e Netherton utiliza hipnose indireta procurando o desenvolvimento da chamada catarse. Outros precursores que muito contribuíram com a TVP são: Roger Wooger, terapeuta americano da linha de Jung, Hans Tem Dam, Hazel M. Denning e Helen Wambach, dentre outros.
Netherton, (1997) elabora a técnica durante seu próprio processo psicoterápico, que tinha como foco tratar-se de um problema alérgico de fundo emocional. Sonhava desde criança com um navio que afundava e comentou o fato com sua terapeuta. Trabalhando sobre esses sonhos recorrentes, descobriu seu nome em uma vida anterior e em sessão terapêutica re-vivenciou sua morte por afogamento, resultado de um naufrágio. Na cena, pôde ver também o nome daquele navio e mais tarde através do acesso a documentos relativos ao fato, veio a confirmar o nome da embarcação, a data, a época e o próprio nome que constava na lista dos passageiros. A partir desse ponto deduz que o seu caso não deveria ser único. Resolveu aprofundar-se no assunto, trabalhando com milhares de pessoas com resultados surpreendentes.
Morris Netherton, (1997) estruturou o método com base na regressão de memória, onde conteúdos inconscientes da vida do cliente são acessados. Seus estudos sistematizados contam com mais de 30 mil casos de regressão de memória que remeteu os pacientes a vidas distintas da atual. Com o apoio de documentos históricos confirmou dados revelados nas regressões. 
Sobre o método, podemos observar nos escritos onde, como outras teorias (Freud e Jung), admite a existência do inconsciente na mente humana, funcionando como um grande armazenador das experiências, embora não nos lembremos de tudo que nos acontece na vida.
Netherton, (1997) descreve os conceitos que embasam a teoria e o método em seu livro, Vida Passada - Uma Abordagem Psicoterápica, o que vemos a seguir: “É um método terapêutico. Não está, de modo algum, associado ao ocultismo, exceto quanto ao fato de compartilhar da aceitação da possibilidade da reencarnação. [...] O inconsciente funciona como um gravador. Registra e armazena indiscriminadamente todo e qualquer acontecimento que ocorra”. (p.34).
O presidente da Associação Brasileira de Estudo e Pesquisa em Terapias de Vivencias Passadas, Michel C. Maluf, conceitua a TVP da seguinte forma: “É uma nova técnica psicológica de abordagem do inconsciente, relacionada com traumas, problemas psicossomáticos, comportamentos emocionais e mentais das fases mais precoces da vida, incluindo a concepção, a vida intra- uterina, o nascimento, a infância, as mortes anteriores à atual vida e outras vidas”. (NETHERTON, 1997, p.9 - prefácio).
Dra. Maria Teodora Ribeiro Guimaraes (2000) é medica psiquiatra, formada em TVP pela Association for Pastlife Research and Therapy, na Califórnia, EUA define a TVP com um tratamento psicológico que se processa com regressões de memória. Sessões de regressão no tempo, partindo da informação, da decodificação que o terapeuta dá ao chamado inconsciente do indivíduo, sobre o problema a ser resolvido, com a proposta de se chegar ao passado, em vivências passadas, em outras vidas, onde supostamente está a origem desse problema.
NETHERTON, (1997) enfatiza que a TVP pesquisa o problema onde ele estiver. A técnica vai além das fronteiras estabelecidas e seu objetivo não é só curar dores do cliente, mas lhe possibilitar uma consciência maior em ser mais brando, mais resignado, daquilo que não pode ser mudado e mais amoroso para que possa ser feliz.
Embora a TVP seja extensivamente usada por médicos e psicólogos nos últimos 20 anos, sofre críticas penosas fundamentalmente da sociedade cientifica e de profissionais ortodoxos por enquadrar no set terapêutico, o conceito de vidas passadas que se relaciona intimamente ao conceito de reencarnação. É importante ressaltar que o conceito de reencarnação advém de crenças espiritualistas (orientais e ocidentais) e que embora renomados pesquisadores atentem para a evidência de tal fato, ainda não foi comprovada pelos métodos cientificamente aceitos na atualidade. Para a SBTVP, a crença de que o espírito é imortal e reencarna é pressuposto fundamental da TVP.
Em defesa da TVP e de seus pressupostos teóricos, Lucca e Possato (1998), consideram: 
[...] O simples fato de ainda não compreendermos totalmente evidencias, fatos comprovados, depoimentos, pesquisas, não significa necessariamente ser a TVP fruto de fantasia, imaginação, alucinação ou alguma outra explicação simplista comumente desferida pelos incrédulos. Pode-se, por que não, recusar-se a acreditar em reencarnação e vidas passadas, porem os resultados práticos não podem ser negados [...]. (p.10).
Para os teóricos da TVP, antes de desejarem comprovar o conceito de reencarnação, importam–se fidedignamente com os resultados obtidos por tal método. A resolução das questões trazidas aos consultórios em menor tempo que as propostas terapêuticas tradicionais, acompanhadas obviamente da exclusão do sofrimento e do amplo conhecimento de si mesmo, fortalecem sua utilização e procura.
2. A REENCARNAÇAO COMO CRENÇA E PRESSUPOSTO TEÓRICO DA TVP:
No que diz respeito à reencarnação, Farias (2003) discorre sobre uma conversa tecida entre Celestino e um rabino judeu situando a bíblia como o livro mais antigo a apontar sua existência: O rabino Arieh Kaplan afirma que: Não é possível entender a Cabalá sem acreditar na eternidade da alma e suas reencarnações’. Com o nome de ‘Transmigração das Almas’, todo o povo judeu, inclusive a corrente ortodoxa hassídica, acredita que depois da morte a Alma reencarna numa nova forma física... A reencarnação é uma crença fundamental do hassidismo. Seus conceitos constam dos livros Sefer Ha-Bahir (Livro da Iluminação), primeiro livro da Cabalá judaica e do Zohar (Livro do Esplendor). Ambos os livros atribuem grande importância à doutrina da reencarnação, usada para explicar que os justos sofrem porque pecaram em uma vida anterior. Nele, o renascimento é comparado a uma vinha que deve ser replantada para que possa produzir boas uvas. (p.3, grifo do autor).
No Ocidente, vários filósofos gregos trabalharam com a ideia da reencarnação, a começar por Pitágoras. Ele afirmava ter vivido antes como guerreiro troiano, comerciante, agricultor e prostituta.
Platão defendia que a alma é imortal, antecede o nascimento e reencarna diversas vezes. Cada alma escolheria sua próxima vida, a partir de suas experiências nas vidas anteriores.
Discípulo de Platão, Aristóteles inicialmente adotou as ideias do mestre. Depois passou a opor-se aos conceitos de imortalidade e de reencarnação.
O influente teólogo e escritor Alexandrino Orígenes (185 d.C. - 254 d.C.), por exemplo, aceitava a reencarnação. Outro artigo divulgado em espaço virtual sob o título Reencarnação, traça uma trajetória extensa a respeito do surgimento deste tema, mostrando que é uma ideia que nos acompanha a tempos remotos: Pensa-se que a reencarnação foi inventada pela Doutrina Espírita, entretanto vamos encontrá-la já na Antiguidade... os povos da Índia, Egito, China, Pérsia e Gréciaacreditavam que a alma poderia ter várias vidas.
Gabriel Delanne, diz no livro A Reencarnação que iremos encontrar nos Vedas (1.300 a.C.), que é o conjunto de textos sagrados, base fundamental da tradição religiosa – do Bramanismo e do Hinduísmo – e filosófica da Índia esta passagem: A alma não nasce nem morre nunca, ela não nasceu outrora nem deve renascer; sem nascimento, sem fim, eterna, antiga não morre quando se mata o corpo. Como poderia aquele que sabe impecável, eterna sem nascimento e sem fim matar ou fazer matar alguém? Assim como se deixam as vestes gastas para usar vestes novas, também a alma deixa o corpo usado para revestir novos corpos. Eu tive muitos nascimentos e também tu, Arjuna; eu as conheço todas, mas tu não as conheces [...] (Delanne, 1987, p. 22, apud SOBRINHO, 1995, p.1). Como vemos, a concepção da continuidade da vida e das vidas sucessivas aporta povos de todo o mundo, com maior ou menor crédito, mas inevitavelmente presente na história da humanidade.
Pincherle (1990), pesquisador da TVP, faz menção às descobertas de Jung a respeito da reencarnação e da impossibilidade que se viu posto na época, não esclarecendo fidedignamente suas descobertas: Numa de suas aulas em São Paulo, Morris Netherton contou-nos que numa viagem a Suíça procurou a filha de Jung. Ela mostrou-lhe uma serie de páginas, manuscritas pelo pai, nas quais afirmava, já no fim de sua longa vida, que certas memórias que surgiam do inconsciente poderiam ser explicadas pela reencarnação. Essa afirmação foi tão mal vista por seus editores, que no livro impresso, frases inteiras haviam sido modificadas. Onde nos originais se via a palavra “reencarnação” lia-se “memórias provindas do inconsciente coletivo. (p.19).
O Dr. Ian Stevenson ficou carinhosamente conhecido como o “caçador de vidas passadas”. Foi a maior autoridade mundial no estudo da reencarnação com método científico. Graduado em medicina, professor de psiquiatria e diretor da Divisão de Estudos da Personalidade (atualmente, Divisão de Estudos da Percepção) da Universidade de Virgínia, dedicou mais de 40 anos à pesquisa da reencarnação e escreveu mais de 200 artigos e livros fundamentais sobre o tema. Com os seus trabalhos sobre a reencarnação ele tornou-se mundialmente conhecido, contribuindo para fortalecer a TVP e a ideia da reencarnação.
3. A TVP E SUAS RELAÇÕES COM A PSICOTERAPIA E ESPIRITUALIDADE: 
À existência desta “entidade” chamada espiritualidade é parte integrante na história do ser humano desde tempos longínquos, observando a trajetória religiosa e a ordem da evolução científica. Barros, (2002) no artigo sob o título, As Dificuldades Científicas do Entendimento da Espiritualidade, discute aspectos relacionados às limitações da ciência, quando no entendimento da espiritualidade e seu exercício pratico na relação com os pacientes: “O culto contemporâneo à Ciência - e seus inegáveis êxitos nos mais variados campos -- não modifica sua natureza intrínseca, em especial no que se refere às suas limitações, definidas em sua própria origem. A precisão científica deriva exatamente de uma estrita delimitação de campo e, necessariamente, gera um conhecimento fragmentário [...] Em outras palavras, a Ciência só se propõe questões que possa resolver.  Mais grave que isto, eu diria, em muitos casos ignora ou desdenha tudo aquilo que não consiga compreender. (BARROS, 2003, p.2,). O desenvolvimento exacerbado da razão e do pensamento científico, que assola a psicoterapia entre outras especialidades, pode reduzir sensivelmente a potência terapêutica no trabalho, principalmente por evitar contatar com esses aspectos legados a humanidade.
As ciências naturais tendem a render-se diante da notícia de que a espiritualidade não está mais sob o julgo desta ciência materialista. Principalmente a medicina e a psicologia, passam a repensar seu papel no trato com pessoas, visto que estas são mais do que sintomas, do que corpos doentes ou saudáveis. São seres complexos e historicamente espiritualizados.
No final dos anos 60, com um pequeno grupo de pesquisadores, dentre eles Anthony Sutich, Abraham Maslow, James Fadiman e Stanislav Grof criam um movimento chamado de Psicologia Transpessoal. Reconhecem que Jung, o criador da Psicologia Analítica, tenha sido o primeiro a considerar a dimensão espiritual do ser humano no processo psicoterapêutico e ratificam esse entendimento sobre a psique humana.
O texto a seguir se reporta ao fato da iminência de aspectos espiritualizados estarem presentes no processo terapêutico, afirmando que a experiência individual na chamada Psicologia Transpessoal, é o fator mais significativo: [...] a primazia da experiência individual sobre toda doutrina, religião ou teoria, é sagrada. Por isso, nosso enfoque é eminentemente espiritual, isto é, temos como objetivo a dimensão mais elevada do ser. Nesse caso, o indivíduo é sempre estimulado a expandir cada vez mais sua consciência para alcançar compreensões mais profundas. Isto, porque os enfoques religiosos e teóricos estão presos a um sistema; o espiritual é livre. Ele compreende um esforço que não pressupõe qualquer purificação moral ou espiritual no sentido religioso ou doutrinário, mas o reencontro do homem com sua essência. (VIEIRA, 2008, p.4).
Na atualidade médicos e psicoterapeutas, tendem a não mais negarem no trato com pacientes, a realidade da presença de fatores espirituais e, portanto, subjetivos.
Parece que a cada dia que passa a relação entre psicoterapia e espiritualidade, é mais que possível, é fato e desenha-se como uma necessidade, principalmente dentro da proposta da TVP, pioneira na ação técnica de, metodologicamente, compor conceitos distintos numa mesma pratica. Nesse período de questionamentos modernos e ao mesmo tempo, de velhos conhecidos nossos, deparamo-nos com a TVP, que busca conciliar (e o faz) conceitual e na prática, uma relação harmônica entre terapia e espiritualidade no set terapêutico.
A TVP desbrava esse caminho tão tortuoso, delicado e amplamente criticado pelo modelo vigente de ciência. Estabelece e credita uma relação possível entre psicoterapia e espiritualidade, de forma nunca anteriormente vista ao longo da história da psicologia enquanto ciência. “Firmando-se como um novo degrau para psicologia, a TVP une conceitos espirituais e terapêuticos em um caminho único” (LUCCA e POSSATO 1998, p.11).
É importante ressaltar que essa mudança de paradigma não está acontecendo apenas de forma conceitual. Na prática, os fenômenos inerentes à imortalidade, à espiritualidade, de um princípio inteligente que preexiste ao corpo e que reencarna sistematicamente em busca de evolução, estão cada vez mais sendo alvo de discussões no meio comum e leigo, mas também de forma velada e tímida, nos espaços reservados ao pensamento acadêmico.
Parece que sustentar a não existência da alma ou do espírito é tarefa trabalhosa, considerando as inúmeras evidências dispostas nos mais variados e sérios trabalhos espalhados pelo mundo.
4. CONCLUSÃO
Como se viu no decorrer deste trabalho, a psicologia vem ao longo do tempo se constituindo como um instrumento de acesso a conteúdo mais subjetivos da constituição da personalidade do ser humano. Este por sua vez, há milênios vem buscando a compreensão do significado de seu existir através de condições condizentes com sua época e realidade; feitiçaria, mitos e filosofia na antiguidade (o ser humano, visto como espiritual e eterno) e a fisiologia, reduzindo o ser a comportamentos observáveis (sec.XIX). Na Modernidade, os primeiros ensaios da psicanálise e posteriormente da dissidente psicologia profunda, esta, marcando por sua vez, o retorno a totalidade do indivíduo, como um ser além das características/comportamentos comprováveis em laboratório; reconstituindo uma forma mais abrangente na compreensão dos processos psíquicos, sem desvincular-se totalmente da proposta científica vigente, dando ênfase porem, a existência de um inconsciente complexo e de certa forma, insondável.
A psicologia profunda, trazidaà luz do conhecimento pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, marca uma nova era para a tradicional psicologia, abrindo questionamentos sobre a transcendência do ser a partir da ideia do conceito de inconsciente coletivo, que no sec.XX foi denunciado por sua filha, como originalmente chamado por Jung de reencarnação ou vidas sucessivas, como citado anteriormente no decorrer deste trabalho.
Ao longo de milênios de história tal conceito, o da existência da alma imortal e das vidas sucessivas era um fato e esteve em evidencia (uma grande parcela da humanidade já carregava consigo a certeza da reencarnação) e foi rechaçado por caracterizar-se como um aspecto espiritual e, portanto não qualificado dentro da ciência.
O advento da ciência cartesiana, assim como, uma série de mudanças religiosas e sócio culturais da época, cria uma cisão entre conceitos que conviviam muito bem nas reflexões filosóficas que intentavam conhecer o universo humano nas suas mais variadas nuances.
Sem sombra de dúvidas, a ciência colaborou abundantemente com crescimento tecnológico e com a transformação da realidade aprimorando técnicas e fidelizando argumentos que colocaram a psicologia e suas vertentes, assim como as psicoterapias, num patamar de credibilidade e status, atendendo as exigências dos últimos séculos.
Mas como tudo na história e no universo parece estar provido de dualidade, os ganhos aqui também, implicaram invariavelmente em possíveis perdas. Se por um lado a psicologia ganhou credibilidade e espaço concreto para existir enquanto ciência reconhecida, por outro logrou não considerar devidamente aspectos que originaram sua própria história.
Ao meio de posições contrárias, de dicotomias impostas, o sofrimento humano carregado dos mais diversos questionamentos relacionados ao sentido da vida, do nascer e do morrer e da necessidade de integração do si mesmo e ainda, diante da impossibilidade da ciência em responder de forma convincente a estas questões, a década de 80 é marcada fortemente pelo advento de um novo paradigma, a TVP.
A revelia de posições radicadas em pólos extremos e opostos, propõe metodologicamente estruturada, a compreensão e o manejo do sofrimento humano através da harmonização de conceitos como psicoterapia e espiritualidade. Contudo, nesta trajetória histórica da psicologia/psicoterapia, podemos perceber que a TVP sai à frente, como vanguarda de um novo modelo, que concilia os tratados psíquicos científicos às novas evidencias que ampliam a visão na compreensão da complexa constituição do ser humano.
A TVP abre um novo cenário para terapeutas e clientes: mostra-lhes os motivos pelos quais ocorrem determinados fatos em suas vidas, possibilita um novo sentido a esta, e os instrumentaliza para a prática de novos conhecimentos adquiridos.
Não obstante, a harmonização de conceitos (que sofreram cisões ao longo da história) realizados pela TVP, depende obviamente do método, mas também fundamentalmente da potência do terapeuta em permitir que tais pressupostos encontrem espaço em atuarem no set terapêutico. 
Cuidar de pessoas aumenta a responsabilidade que temos perante nós mesmos, e não poderia ser de outra forma. A decisão ética que tomamos ao optarmos por ser terapeutas nos colocou nos bancos de uma escola de amor intensivo, chamados a aprender a amar mais profundamente. (GUIMARÃES, 1999, p.369). Se como pessoas não somos capazes de nos abrirmos para novas possibilidades, para reflexões menos rígidas, menos formais e racionalizadas, também como terapeutas, não estaremos devidamente dispostos a este encontro com o outro que nos reflete invariavelmente. Não aceitar novas propostas, não se permitir a aceitação incondicional do outro e sua história peculiar é de certa forma, impor valores pessoais e comportamentais próprios que na condição de terapeuta, pode ser moral, mas não ético. A TVP trabalha com a essência do ser e com o entendimento de que, suas dificuldades e sofrimentos estão centrados no rompimento com esta dimensão essencial. Trabalha, com a possibilidade de contatar com um ser biopsicossocial e espiritualizado, fazendo e refazendo sua historia individual e coletiva ao longo de milênios. Constatou-se um longo tempo histórico - um tempo milenar de lutas e descobertas e de questionamentos buscando ocupar o lugar do vazio existencial que a essência do ser intentava preencher. Compreende-se que a chegada da TVP, marca um novo tempo. Um tempo em que se faz urgente a realização do ser pela compreensão de sua essência, de sua responsabilidade diante da vida e da sua necessidade em evoluir e transformar-se. Nada, aparentemente (depois deste estudo), pode impedir um processo que vem se construindo a longa data, nem mesmo a posição acirrada do racionalismo cientifico. A essência do ser, sua necessidade de ser feliz, reaprendendo valores, coloca-se acima de imposições acadêmicas e reacionárias. Há um tempo para tudo. Um tempo de construções e desconstruções que dependem muitas vezes de atitudes carregadas de coragem. Um tempo natural que segue seu caminho, assim como o curso de um rio, que ainda que desviado, retorna mais cedo ou mais tarde ao seu leito original.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAIA, Eduardo. Reencarnação e Ciência- Ian Stevenson - O caçador de vidas passadas. Revista Planeta, ed. nº 419, 2007. 
ARAIA, Eduardo.  Reencarnação e Ciência: De Napoleão a Goethe, muitos famosos acreditam na reencarnação. Revista Planeta, ed. nº 419, 2007. 
ARAUJO, Michell Ângelo Marques. Sentido da Vida, Espiritualidade e Sociopoética: convergências para a produção de conhecimento e para o cuidado clínico.  Universidade Estadual do Ceará, 2008.
BARROS, Luiz Ferri de.  As Dificuldades Científicas do Entendimento da Espiritualidade. Revista International d’Humanitats, 2003. 
BENKO, Maria Antonieta e SILVA, Maria Júlia Paes da.  Pensando a espiritualidade no ensino de graduação. Revista Latino-Americana de Enfermagem, vol.4 nº 1, Ribeirão Preto, jan. 1996. 
DROUOT, P. Nós Somos Todos Imortais, Rio de Janeiro 1ª Ed. Record, 1988.
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GUIMARÃES, Maria Teodora Ribeiro. Tempo de Amar - A trajetória de uma alma. Ed. Conhecimento, 3ª ed., Limeira, SP. 2004.
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GUIMARÃES, Maria Teodora Ribeiro. Terapia de Vida Passada – curso de formação de terapeutas. Departamento Editorial/SBTVP vol. II 2ª Ed. Ed., Limeira, SP. 1999.
GUIMARÃES, Maria Teodora. Os Filhos das Estrelas - Memórias de um capelino, 2ª ed.d. Conhecimento, Limeira, SP. 2005.
GUIMARÃES, Maria Teodora Ribeiro. Viajantes – Histórias que o tempo conta - Relatos de Terapia de Vida Passada. 3ª Ed. Conhecimento, Limeira, SP. 2008.
LEMELA, Davidson. O Disfarce da Memória - Uma Introdução a Terapia de Vida Passada. Ed. Conhecimento, Limeira, SP. 2008.
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ROZENKVIAT, Raviv. Do fantástico ao plausível – uma analise de discurso dos Terapeutas de Vida Passada. Pontifícia UniversidadeCatólica (PUC), Rio Janeiro 2006. 
VIEIRA, Isis. Regressão a "Vidas Passadas” e Expansão da Consciência. Revista Sintonia Holística, dez. 2008.

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