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Transição Medieval para a Modernidade

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DPP
Esse é um período de transição entre o período medieval e a modernidade, e é uma quadra da história que o papado já não tem
tanta força e nem mesmo os partidários do príncipe, ninguém nega a supremacia do poder de Deus, a questão fica mais estrita
na luta do príncipe com o papa, pois há a questão de Deus dar poder aos dois ou o príncipe estar subordinado ao Papa e todas
as discussões no início do período medieval eram nessa dialética.
Com marcilio, teremos a volta do poder legislador para as mãos dos homens. Entender essa discussão pode trazer vários princí
pios que ajudarão na resolução de casos concretos. Houve um momento que a questão religiosa esteve afastada da legislação
brasileira e agora começa a se aproximar em alguns casos, gerando uma questão estranha na democracia brasileira.
Seguindo essa linha, gravemos em torno do ano de 1300 para a observação do período estudado, que há uma situação européia um
pouco estranha. De um lado, ha figuras como Frederico II que tenta se restabelecer como sucessor dos imperadores romanos e
quer dominar a Europa, conflitando com o Papa, em um embate entre o poder temporal e espíritual em um nível continental. De
outro lado começam a se formar as novas monarquias, como por exemplo na França, com a ascenção do Capeto Rei Felipe, originan
do o reino na França, que por mais bem localizado, não tem dimensão continental e o rei quer afirmar autonomia.
Porém, o embate anteriormente exposto contestava a autonomia de sua "espada", pois quem necessariamente deveria ter controle
sobre a maioria dos aspectos do reino era o Papa. Logo, surgiu uma necessidade da autoridade do imperador que fosse totalmen
te soberano, tendo uma relação de independência com relação a forças externas.
Logo no início do texto Chevalier fala sobre um duplo renascimento, o do direito romano e o do aristotelismo. O Direito Roma
no vem contra o feudalismo, pois sua marca é uma fragmentação do poder, pois o sistema de legalidade era totalmente incerto,
logo, o Direito Romanista vem para definir as leis e as instâncias de julgamento. Noções importantes desenvolvidas no Direito
Romano veio contribuir para uma desfragmentação do poder incluindo legislativo, uma participação maior da população nas deci
sões políticas, além da divisão do público e privado e a ideia do poder de império, muito vinculada à esfera pública e a de
domínio, vinculada à esfera privada. Posse + Propriedade = domínio.
Os Glosadores, legistas de bolonha, construiram uma teoria nova do direito a partir de jurisprudências passadas para firmar
uma nova doutrina jurídica.
Contra o imperador era uma tese própria do direito romano, pois se pretendia um governo universalista, que era o mesmo argu
mento contra o Papa. Já contra a teoria contratual da idade media do pacto entre o príncipe e os outros senhores feudais, po
is o príncipe devia deveres aos senhores feudais, porém, na ideia de império.
Aristóteles e sua teoria de que a pólis é uma condição essencial à humanidade para conter seu espírito político, onde a verda
deira política seria humana. Logo, o renascimento do aristotelismo vai retomar a visão de Tomás de Aquino, porém, sem a parte
impositiva de que o Papa deveria regular as atividades humanas. Logo, nenhum poder se envolveria com o outro, criando duas es
feras diferentes de poder.
A questão do averroísmo estabelece a lei da razão, e Deus deu a liberdade racional do homem, o homem é livre porque pode res
ponder por seus atos, você é livre pois tem condição de responder às suas decisões e ser responsabilizado por elas. Se o ho
mem é livre, ele pode tratar questões filosóficas do ser humano, enquanto à Igreja competiria tratar questões espírituais.
No Papado de Bonifácio XIII, há uma nova querela entre Rei Felipe e o Papa. Há uma divisão muito clara na leitura entre duas
teses, os partidários de Bonifácio VIII e de Felipe.
A teoria de Giles de Roma, existiria uma onipotência temporal e espiritual reunida na figura de Deus, representado em Terra
pelo Papa, logo todo o poder ficaria na mão do Papa. Se isso vai como um feixe pertencente à Deus e ao papa, por consequênci
a, tudo o que existe é por conta de Deus, logo, o domínio deveria ser Divino. Isso vai gerar uma forte legitimação na noção
de que toda autoridade deveria estar sunordinada ao Papa.
Isso não significava que o Papa deveria intervir em todas as questões, onde questões secundárias dos homens ficariam em cargo
dos homens, o papa seria apenas o regulador dessa estrutura. Ele não enfrenta o problema do livre arbítrio, dizendo que Deus
não controla o que os homens fazem com sua própria vida, apenas o que era concernado a deus era necessario que o Papa inter
visse.
Jaime de Viterbo dizia que se há uma verdadeira república, essa república é a cristã, e essa comunidade cristã é a república
suprema. Se ela é superior, logo as repúblicas nacionais estão contidas e são subordinadas à república universalista cristã,
pois esta seria legitimada por concernar as questões morais de importância dos homens.
Na Unam Sanctam, o Papa pegará o poder e legitimará o mesmo à sua figura, condicionando a salvação a quem fosse subordinado
ao poder do Papa. Isso não inova ao papa anterior, mas a forma dura de como é colocada essa última afirmação mostra a cara
dos partidários da Igreja nesse momento.
No lado de Felipe, o Belo, temos a volta dos dois legados, onde ele roga por si o papel de ser supremo do rei dos Capetos, e
além disso, não deve subserviência a nenhuma outra autoridade, apenas a Deus diretamente, ou seja, não submetido ao povo, à
comunidade, ao Papa e a nenhuma outra fonte.
O Direito Divino Real compreende a noção de que o direito divino não é só de cunho abstrato, se manifestando pelo poder do
Rei por seus atos. O intérprete desse direito não é o Papa, e sim o Rei. Se Deus deu ao Rei essa característica de interpre
tar em concreto seus preceitos, cada rei manda em seu próprio reino.
Com João de Paris, sua tese colocará os partidários da igreja em certo questionamento. Quando se adota a ideia de que a polí
tica é um fato natural da própria natureza humana, ela vem da criação da cidade-estado, cada uma representando um reino, que
é históricamente anterior ao império, logo, esse não teria mais sentido pela noção de que foi criado após às cidades-estado
e não haveria legitimidade de poder universalista de nenhum cunho que as colocasse em um mesmo reino.
Quando questões são colocadas, como por exemplo, o clero pagar impostos como todo cidadão, o mesmo poderia ser dito para o
rei que deveria pagar impostos ao clero por ser submetido espiritualmente ao mesmo, entrando no mesmo embate existente de que
instituição ou poder prevaleceria sobre o outro.
A tese da independência dos dois poderes, no fundo, promove a inversão da teocracia, pois se infere que o Rei tem independên
cia em relação ao papa, levando a uma monarquia teocrática.
Dante estrutura todo o pensamento na ideia de que se existe um papa universal, deve existir uma força igualmente forte no cam
po universalista, defendendo quase a noção do monarca universal, para que operem no mesmo nível e com a mesma força. Os argu
mentos a partir dessa lógica eram que todos na igreja se reduziam a uma unidade da igreja, logo, era necessario que o mesmo
fosse verdade na questão dos homens. O reino nacional é restrito e não teria poder para combater a figura universal do papa,
logo, um imperador universal era necessario. Se o poder do cristianismo papal é universal, é necessário um poder temporal uni
versal na figura do monarca também.
Ele sai pela tangente em relação a supremacia do poder, dizendo que o papa não é ruim e sua relação tem que ser uma de congra
çamento, por mais que o poder do homem tenha que ter prevalência, a igreja deve agir igualmente bem para que o imperador seja
aconselhado pelo Papa e consiga governar com plenitude. O papa daria seu conselho que o Rei deveria seguir, mas em ultima aná
lise é o rei quem
detem a força para manter a ordem e a paz.

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