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DIREITO CIVIL III - notas de aula

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DIREITO CIVIL III
PROF. VANDER CHAVES
AULA 01 – CONTRATO. NATUREZA JURÍDICA, CONCEITO E ELEMENTOS.
I – NATUREZA JURÍDICA
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes. 
O contrato é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral, pois decorre de mútuo consenso. Há uma composição de interesses. 
Contrato é espécie. Negócio jurídico é o gênero. 
Negócio jurídico unilateral se aperfeiçoam com a vontade de apenas uma das partes. 
É a lei que disciplina os efeitos do contrato. Ela é fonte mediata ou primaria das obrigações. 
Há obrigações que decorrem diretamente da lei. Ex. prestar alimentos. 
II – ETIMOLOGIA
A palavra contrato vem do latim cum trahere que significa trazer para si. Desde de sua origem, a palavra contrato, traz a ideia de acordo. Sinônimos: convenção, pacto, avença. 
III – CONCEITO. O contrato é um acordo de vontades (duas ou mais partes), para constituir, regular ou extinguir entre si uma relação jurídica patrimonial. Art. 1321 do Código Civil italiano. 
O contrato é a mais comum e a mais importante principal fonte de obrigação. 
Caio Mario diz que o fundamento ético do contrato é a vontade humana, desde que atue na conformidade da ordem jurídica. 
Sempre que o negócio jurídico resultar de um mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estamos diante de um contrato. 
IV – O CONTRATO NO DIREITO FRANCÊS: O contrato por si só era um meio de aquisição da propriedade. A transferência de bens passava a ser dependente exclusivamente da vontade. 
CONTRATO NO DIREITO ALEMÃO: O contrato por si só não transfere a propriedade. Mesmo após celebrado o contrato é preciso outro ato para a transferência (tradição ou o registro). 
CONTRATO NO DIREITO BRASILEIRO: o direito brasileiro também não permite que o contrato sozinho faça a transferência da propriedade. Para que haja a transferência é necessário o registro ou a tradição. 
Ex. Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
V – ELEMENTOS ESSENCIAIS: sem eles o contrato não existe. 
Gerais: comuns a qualquer negócio jurídico. 
 Declarações de vontade
 Objeto (finalidade).
 Forma: modo pelo qual o contrato se manifesta. Meio de revelação da vontade. Ex. conversa verbal
Específicos: só o contrato exige. 
 Pluralidade de sujeitos (centros de interesse) ou alteridade: é preciso que o contrato atinja o outro. 
Harmonização de interesses distintos: se A quer comprar e B quer comprar também não há contrato, não há harmonização de interesses. É preciso que uma pessoa queira comprar e a outra queira vender.
VI – ELEMENTOS NATURAIS: inseridos pela lei em determinados contratos independente da vontade das partes. 
Vícios redibitórios: Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
Evicção: Quando se perde um bem para terceiro. Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
VII – ELEMENTOS ACIDENTAIS: são aqueles que podem ou não estar presentes no contrato, a depender da vontade das partes. 
Condição: acontecimento futuro e incerto.
 Termo: acontecimento futuro e certo. 
Encargo ou modo: contraprestação assumida por alguém que se beneficia de uma liberalidade (ato de desapego. Ex. Doação).
Observação: Doação é um contrato porque é preciso o acordo de vontades. 
VIII – PRESSUPOSTOS DE VALIDADE
Para que o negócio jurídico produza efeitos deve preencher alguns requisitos. Se possui os requisitos o negócio jurídico é válido. Se não possui o negócio jurídico é inválido (não produz o efeito jurídico em questão) sendo nulo ou anulável.
Gerais (art. 104): comuns a qualquer contrato. 
 Capacidade dos sujeitos: primeiramente, para que o contrato exista é preciso mais de um sujeito. É necessário que o sujeito seja capaz. O contrato será nulo se o sujeito for absolutamente incapaz. E o contrato será anulável se o sujeito for relativamente incapaz. Essa incapacidade pode ser suprida com a representação ou pela assistência. Requisito subjetivo. 
 Objeto: pode ser qualquer objeto, desde que:
 Lícito: o objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. O objeto imediato do negócio é sempre uma conduta humana (prestação) e o objeto mediato são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional. 
Observação¹: qualquer contrato que o objeto for ilícito o contrato é NULO. 
Sério / Economicamente apreciável: Tudo que existe em abundância não tem como valorar. Ex. agua do mar. 
 Possível (art. 106): objeto impossível é NULO. A impossibilidade pode ser física (emana das leis físicas ou naturais). Absoluta, atinge a todos indistintamente (invalida o contrato) se relativa, atinge o devedor, mas não outras pessoas (não constitui obstáculo ao negócio jurídico). A impossibilidade jurídica do objeto é quando o ordenamento jurídico proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem. P. ex. herança de pessoa via. 
 Determinado ou determinável: o objeto deve ser determinado ou determinável. Se o objeto for indeterminado ou indeterminável o contrato será NULO. 
 Forma prescrita ou não defesa em lei: existe dois sistemas no que tange a forma: 
Consensualismo: liberdade de forma.
Formalismo: forma obrigatória.
No direito brasileiro, a forma, em regra, é livre. As partes podem celebrar o contrato de qualquer forma (escrito, verbal, eletrônico), a não ser quando a lei exija que a forma seja escrita, pública ou particular. 
No direito brasileiro a regra é o consensualísmo e o formalismo é a exceção. 
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Forma livre = qualquer meio de manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei. 
Forma especial ou solene = é a exigida pela lei como requisito de validade de determinados negócios jurídicos. 
Forma contratual = convencionada pelas partes. 
Consentimento dos sujeitos: consentimento recíprocos ou acordo de vontades. O consentimento deve ser livre e espontâneo. A manifestação da vontade pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa. Algumas vezes a lei exige que o consentimento escrito como requisito de validade da avença. As vezes o consentimento não ocorre de maneira livre (está presente os vícios de consentimento: erro, dolo, coação) que tornam o contrato anulável. Requisito subjetivo. 
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Observação¹: o silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstancias ou o usos o autorizem, e não for necessário a declaração de vontade expressa. 
Observação²: Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido substabelecidos.
Ou seja, desde que a lei o representado autorizem sua realização é possível a celebração do contrato consigo mesmo. 
OBSERVAÇÃO: coação física torna o contrato NULO. 
EspecíficoLegitimidade dos sujeitos: É a aptidão para contratar. É poder ser parte no contrato. Legitimidade x capacidade: as vezes o sujeito é legitimo, mas não é capaz. 
art. 1647 – autorização conjugal 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.
IX – PROVA DOS CONTRATOS: prova é meio para demonstrar a existência do contrato. 
(CC/2002, arts. 212 e ss.; CPC, arts. 366 e 403) 
AULA 02 – CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
I – CONTRATOS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
a) Quanto à natureza (efeitos) das obrigações originadas
a. Unilaterais/ bilaterais; essa distinção refere-se a carga de obrigações das partes no negócio jurídico e não ao número de contratantes. Estes devem ser sempre pelo menos dois, que no contrato há um acordo de vontades. 
Contratos bilaterais: sãos os que, no momento de sua feitura, atribuem obrigações a ambas as partes. Existe prestações reciprocas. Sua característica é o SINALAGMA (reciprocidade de obrigações). Ex. compra e venda. 
Contratos unilaterais: contratos que só geram obrigações para uma das partes. Não há reciprocidade 
Visão tradicional: o contrato bilateral gera obrigações para as duas partes e o unilateral só para uma parte. Visão contemporânea: Todo contrato gera obrigações para ambas as partes. A diferença é que no contrato unilateral não tem a ajuda mútua (reciproca). No contrato bilateral há a reciprocidade. 
Observação: a doção pura e simples é um contrato unilateral. A doação com encargo passa a ser bilateral. 
Contratos bilaterais imperfeitos: seria os contratos originalmente unilaterais, que posteriormente, urgem obrigações para a parte não onerada, em razão de acontecimentos acidentais. Ex. Art. 643. O depositante é obrigado a pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa, e os prejuízos que do depósito provierem.
iv. Relevância jurídica da distinção
1. Exceptio non adimpleti contractus: Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
2. Cláusula resolutiva tácita: Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Art. 477. Se, depois de concluído o contrato, sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê garantia bastante de satisfazê-la.
b. Gratuitos / onerosos
Gratuitos ou benéficos: é aquele que só gera sacrifício patrimonial para apenas uma das partes. Para a outra parte há só obrigação, sacrifício. Não se exige contraprestação da outra parte. Ex. doação simples. 
Onerosos: o sacrifício patrimonial ocorre para ambas as partes. Há sacrifícios e benefícios recíprocos. Ex. compra e venda, locação, doação com encargo. 
Observação: em regra, quando um contrato é oneroso quase sempre é bilateral. Quando ele é gratuito quase sempre é unilateral. “Quase sempre” porque a regra não é absoluta. Há contratos unilaterais que são onerosos. 
Relevância jurídica da distinção
1. Os negócios jurídicos benéficos (gratuitos. Graciosos) interpretam-se restritamente: Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Não se aplicam aos contratos onerosos. 
2. Responsabilidade do autor da liberalidade em caso de inadimplemento: Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei.
Observação: nos contratos gratuitos, o autor da liberalidade age com desapego, nesse caso ele só responde se agir com dolo. Se agir com culpa ele não responde. No contrato oneroso, se agir com culpa ou dolo será responsabilizado. 
3. Evicção em contratos onerosos: a evicção consiste na perda da coisa em favor de terceiro. A evicção só está protegida nos contratos onerosos. Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
4. O doador não se sujeita aos efeitos da evicção e dos vícios redibitórios: Art. 552. O doador não é obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às consequências da evicção ou do vício redibitório. Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário. Se onerosa a doação, sim (arts. 441, parágrafo único, e 447). 
5. Error in personam será mais considerado no contrato gratuito. 
c. Comutativos / aleatórios (subdivisão do contratos onerosos). 
Os contratos comutativos são os de prestações certas e determinadas. As obrigações estão muito bem definidas. As partes sabem de ante mão tudo que vão realizar. São onerosos e bilaterais. 
Contratos aleatórios: caracterizados pela a incerteza para as duas partes sobre as vantagens e sacrifícios que do contrato podem vim. Aleatório (alea) = sorte, vicio, acaso. Ex. jogo, aposta e seguro (para a seguradora). Oneroso e bilateral. 
i. O contrato deve ser bilateral: para que possa haver essa classificação em comutativo e aleatório. Deve haver a reciprocidade. 
ii. A álea deve atingir ambos os contratantes: Aleatório (alea) = sorte, vicio, acaso. Ambos podem ter lucro, ambos podem ter prejuízos. 
iii. Relevância jurídica da distinção
1. Vícios redibitórios (art. 441): o contrato pode ser desfeito. Não será nulo nem anulável. 
2. Lesão: Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
O contrato pode ser ANULADO pela parte que sofreu a lesão se o contrato for COMUTATIVO. Se for aleatório não será, pois a parte assumiu o risco. 
Contrato aleatório pela sua própria natureza: jogo, aposta, seguro.
Contrato aleatório pela vontade das partes. Ex. o contrato de compra e venda (comutativo) pode ser transformado em aleatório pela vontade das partes, como a aquisição de uma futura colheita. 
b) Quanto ao aperfeiçoamento (nascimento). 
a. Consensuais / reais
Consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades independente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. São chamados de não solenes. Como predomina no direito brasileiro o princípio do consensualismo, pode-se afirmar que o contrato consensual é a regra, e os reais é a exceção. 
Reais são os que exigem para se aperfeiçoar além do consentimento a entrega da coisa. Esses contratos não se formam sem a tradição da coisa. Em regra, os contratos reais são bilaterais. 
Ex. contrato de depósito, contrato de mutuo, comodato.
b. Solenes, formais/ não solenes, informais
Solenes (formais) são os contratos que devem obedecer a forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. Quanto a formalidade é ad solemnitatem, ou seja, constitui a substância do ato. Não observada o contrato é NULO. Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: IV - não revestir a forma prescrita em lei; a solenidade exigida consiste em serem lavrados por tabelião na forma de escritura pública. 
Não solenes: são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. 
Art. 107. A validadeda declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
i. Exemplos de solenidades: testamento público, alienação e imóveis, pacto antenupcial. 
1. Contratos envolvendo direitos reais sobre imóveis com valor superior a trinta salários mínimos: Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
2. Solenidade convencional: Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato. Permissão que as partes tem de estipular que determinado contrato só poderá ser celebrado por instrumento público. E o contrato que em princípio não seria formal, passa a ser. 
Observação: os contratos solenes se não observada a forma prescrita em lei será NULO. Os não solenes não são, pois não se exige forma. 
3. Contratos de seguro e fiança: apenas por escrito. Art. 819. “A fiança dar-se-á por escrito...”. Art. 758. O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio.
c) Quanto à tipicidade
a. Típicos / atípicos
Típicos: são os regulados pela lei, os que tem o perfil nela traçado. A própria lei dá o nome. 
Atípicos: são os que não são definidos pela lei, não tem seu perfil nela traçado. Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código.
Nominados: que tem denominação própria na lei. Ex. compra e venda, empréstimo, doação. 
Inominados: que não tem denominação própria na lei, ou seja, o contrato que não tem um nome no ordenamento jurídico. 
Observação: o professor fala que todo contrato nasce atípico (inominados), porque não é a lei que os cria, mas as pessoas. 
Os contratos típicos não precisam de muitas cláusulas porque passam a integra-los todas as normas estabelecidas pelo legislador. Os atípicos necessitam de uma minuciosa especificação dos direitos e obrigações de cada parte, por não terem uma disciplina legal. 
d) Quanto à execução: momentos em que os contratos devem ser cumpridos. 
a. De execução instantânea, imediata, única: os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração. Ex. compra e venda à vista. Cumprida a obrigação, exaurem-se. A solução se efetua de uma só vez e por prestação única. 
De execução prolongada, diferida, retardada: são os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas em momento futuro. A prestação de uma das partes não se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo. Ex. na entrega em determinada data. 
De trato sucessivo ou de execução continuada: são os que se cumprem por meio de atos reiterados. Ex. compra e venda a prazo. Locação. 
Efeitos jurídicos da distinção
1. Contractus qui habent tractu sucessivum etdependentiam de futuro rebus sic stantibus intelliguntur: Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
2. Exceptio non adimpleti contractus: Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro. Princípio da simultaneidade das prestações, só se aplica aos contratos de execução instantânea. Não se aplica aos contratos de execução diferida. 
Nos contratos de execução instantânea a nulidade ou resolução por inadimplemento reconduz as partes ao estado anterior, enquanto nos de execução continuada são respeitados os efeitos produzidos.
A prescrição da ação para exigir o cumprimento das prestações vencidas, nos contratos de trato sucessivo, começa a fluir da data do vencimento de cada prestação. 
3. Prescrição
e) Quanto ao objeto
a. Preliminares: é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Tem um objeto único. É também denominado pré – contrato. Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. 
Observação: na sua formação a opção é um negócio jurídico bilateral. Mas, nos efeitos é contrato unilateral. 
 Definitivos: tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada avença. Cada contrato tem um objeto peculiar. 
f) Quanto à formação
a. Paritários: são aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente, as condições, porque se encontram em situações de igualdade (par a par). Há uma fase de negociações preliminares, na qual as partes, encontrando-se em pé de igualdade, discutem as cláusulas e condições do negócio. 
Contratos de adesão: são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado, não podendo modifica-las. Ex. contratos de seguro, contratos de consórcio, contratos de transporte. São endereçados a um número indeterminado e desconhecido de pessoas. 
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo
i. Contrato de adesão tem-se uma restrição mais extensa da autonomia da vontade. Supressão das tratativas (puntuazione). Nos contratos de adesão não há a fase em que as partes discutem as cláusulas. Não há negociação preliminar. 
g) Quanto às pessoas dos contratantes
a. Pessoais ou personalíssimos (intuitu personae):são celebrados em atenção as qualidades pessoais de um dos contraentes. Esses contratos geralmente dão origem a uma obrigação de fazer, cujo o objeto é um serviço infungível, que não pode ser executado por outra pessoa. 
 Impessoais: são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente, pelo obrigado ou pelo terceiro. O importante é que seja realizada, pouco importando quem a executa, pois o seu objeto não requer qualidades especiais do devedor. 
i. Relevância jurídica da distinção: em virtude das consequências práticas decorrentes da natureza personalíssima dos negócios. 
1. Transmissibilidade: os contratos pessoais ou personalíssimo são intransmissíveis. Não podem ser executados por outrem. Nem podem ser cedido. 
2. Anulabilidade em caso de erro essencial sobre a pessoa do outro contratante: é ANULÁVEL, no caso em que haja erro essencial sobre a pessoa do contratante. 
II – CONTRATOS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
a) Principais: são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer outro. Ex. compra e venda, locação. 
Acessórios: tem sua existência subordinada a existência de um contrato principal. Ex. fiança, cláusula penal. A função predominante dos contratos acessório é garantir o cumprimento de obrigações contraídas em contrato principal, como o penhor, a hipoteca convencional.
A distinção em acessório e principal encontra justificativa no princípio geral de que o acessório segue o destino do principal. 
a. Efeitos da invalidade do contrato principal / acessório: Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. Nulo umcontrato principal, nulo será o contrato acessório, porem a reciproca não é verdadeira. 
b. Prescrição: a prescrição da pretensão de direitos acessórios não atinge a do direito principal. 
DIREITO CIVIL III
PROF. VANDER CHAVES
AULA 03 – PRINCÍPIOS DO DIREITO CONTRATUAL
I – PRINCÍPIOS CLÁSSICOS: decorrem da revolução francesa e até hoje são aplicados, mas com adaptações. Nessa época, o contrato já era mais ou menos o que é hoje. 
1 - Princípio da liberdade contratual (autonomia da vontade): o princípio da liberdade contratual se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, é a própria autonomia da vontade. 
Liberdade para contratar (contratar ou não contratar). 
Liberdade para escolher com quem contratar (de contratar com quem quiser).
Liberdade para escolher o conteúdo do contrato (de contratar sobre o que quiser). 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
Normas de ordem pública (art. 2035, parágrafo único): normas obrigatórias, de caráter imperativo. É o grande limite para a liberdade contratual. 
O professor fala que sempre houve limites a essas liberdades, o que ocorreu foi que esses limites foram sendo modificados. 
Bons costumes: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Ex. contratar pessoa para satisfazer prazeres sexuais. Esse contrato fere os bons costumes. 
Dirigismo contratual: é a atuação do Estado de modo a compatibilizar o interesse individual com o interesse coletivo. O Estado faz isso através da função legislativa, executiva, judiciaria. Existe todo um controle e regras. 
Diferença entre o princípio da liberdade contratual e o princípio do consensualismo (liberdade de forma)
Princípio de Liberdade Contratual: liberdade de contratar, de quem contratar, de contratar como quiser. Ex. cláusula dos contratos. Escolher as cláusulas do contrato é liberdade contratual. 
Princípio do consensualismo (liberdade de forma): O mero consenso já gera o contrato, não precisa de nenhuma formalidade. Esse princípio se refere a liberdade de forma (em regra, as partes podem celebrar o contrato da forma que quiserem, salvo previsão legal). 
2 - Princípio da força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda), princípio da intangibilidade dos contratos, princípio da força vinculante dos contratos. (os contratantes são servos do contrato).
Fundamento: pelo princípio da autonomia da vontade, ninguém é o brigado a contratar. A ordem jurídica concede a cada um a liberdade de contratar e definir os temos e objeto da avença. Porém, uma vez feito o contrato, este sendo válido e eficaz, este deve ser cumprido. 
Tutela jurisdicional: o poder judiciário também é vinculado no contrato. É necessário que o contrato não ultrapasse o princípio da liberdade contratual.
 Rebus sic stantibus: Teoria da Improvisão. O contrato se torna imprevisível, desequilibrado. Nesse caso, o contrato pode ser revisto ou extinto, diminuindo a força obrigatória do contrato. (arts. 478/479)
Caso fortuito ou força maior: única limitação a esse princípio. O Estado não exige seu cumprimento, pois o não cumprimento é independente da vontade. 
3 - Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: os efeitos dos contratos só se produzem em relação as partes, aqueles que manifestam sua vontade, não afetando terceiros nem seu patrimônio. É relativo as partes. 
Algumas exceções: permite estipulações em favor de terceiros. Ex. seguro de vida. Pagamento dos alugueres em caso de alienação da coisa locada. Função social do contrato (possibilita que terceiros que não propriamente partes do contrato possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos. 
Dívidas do de cujus / benefício de inventário do herdeiro: Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
II – NOVOS PRINCÍPIOS
1 - Princípio da função social dos contratos: os contratantes ao exercerem sua liberdade contratual devem atender não só aos seus interesse como o da coletividade. Deve ter uma integração, uma harmonização, uma conciliação. Antigamente, só se pensava no individuo, não se pensava na coletividade. A coletividade aqui tratada poder um terceiro, um conjunto de pessoas ou até mesmo toda a sociedade. 
O princípio da função social é uma clausula geral. Seu dispositivo não tem o que é função social nem o que acontece caso não seja cumprida. Quem vai dizer o que é função social é o juiz na análise do caso concreto. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
A função social do contrato decorre da própria função social da propriedade. Que pode ser estática ou dinâmica (contrato). 
O professor diz que era preciso fazer alguns reparos nesse artigo. P. ex. “liberdade de contratar” por “liberdade contratual”. “Em razão da função social” pôr no limite da função social.
Ex. se um contrato fere a dignidade da pessoa humana, automaticamente ele fere o princípio da função social do contrato. O caso do anão que era arremessado. O professor fala que a dignidade pertence a todos, ultrapassa a esfera do individualismo. 
2 - Princípio da boa-fé: exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas (negociações), como também durante a formação e o cumprimento do contrato. Guarda relação com o princípio do qual ninguém pode beneficiar-se da própria torpeza. Recomenda ao juiz que presuma a boa-fé e a má-fé ser provada por quem alega. A boa-fé é aplicada em todo as fases do contrato. 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
A boa-fé é uma cláusula geral, ou seja, uma norma de conduta aberta. O artigo não define o que é boa-fé, nem o que ocorrer caso não seja cumprida. O juiz que vai fazer essa análise no caso concreto. 
Boa-fé objetiva/subjetiva: a boa-fé nos contratos é OBJETIVA. Não depende do conhecimento do sujeito, nem da vontade. O que importa é a conduta e o comportamento das partes. 
Deveres anexos: inserido pela boa-fé. Todo dever que decorra da boa-fé, da ética é um dever anexo. Ex. dever de transparência, dever de sigilo em relação a terceiros, dever de lealdade (pessoa que não trai). Dever de cooperação (as partes deve ter atitudes que possibilite que a outra parte aproveite ao máximo os benefícios do contrato). 
	FUNÇÃO SOCIAL
Norma de conteúdo aberto, cláusula geral. 
Há uma preocupação com quem está fora do contrato. 
Efeitos exógenos (externo, de fora). 
A pergunta que se deve fazer para saber se o contrato está ou não de acordo com a função social é: o contrato prejudica alguém que está fora/terceiro?
	BOA – FÉ
Norma também de conteúdo aberto. Cláusula geral. 
Efeitos endógenos (dentro do contrato).
A pergunta que se deve fazer para saber se o contrato preservando a boa-fé é: antes, durante e depois houve ética?
Exemplo que o professor utilizou
Zeca pagodinho tinha um contrato com a nova schin, semana depois fez com a bhrama. 
Função social com a nova schin não foi prejudica (não atinge terceiros). Porem a boa-fé é atingida (não houve ética). 
A função social com a bhrama atinge terceiros (nova schin). Foi prejudicada. A boa –fé com a bhrama não foi prejudicada. 
DIREITO CIVIL III
PROF. VANDER CHAVES
AULA 04 – FORMAÇÃO DOS CONTRATOS – 23/03/15
I – VONTADE, MANIFESTAÇÃO DE VONTADE E DECLARAÇÃO DE VONTADE
Distinção
A manifestação de vontade é o primeiro e o mais importante requisito de existência do negócio jurídico. 
VONTADE: se processa inicialmente na mente das pessoas. É um elemento psíquico, interno. É um momento subjetivo. 
DECLARAÇÃO DE VONTADE: é o momento objetivo. Elemento externo. É aquele em que a vontade se revela. A rigor, é adeclaração de vontade, e não ele própria, que constitui requisito de existência dos negócios jurídicos e dos contratos. 
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE: quando a vontade é posta em um acordo com outra vontade para obter efeitos jurídicos. 
Espécies de manifestação de vontade
Expressa ou declarativa: é a exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto, mimica, de forma evidente. 
Tácita ou não declarativa: se infere da conduta do agente. Poderá ser tácita quando a lei não exigir que seja expressa. Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir.
Receptícia: se dirige a alguém. Esse alguém não é especifico, mas a coletividade. 
Não receptícia: não se dirige a ninguém. 
Para o contrato a manifestação que importa é a receptícia, ou seja, aquele destinada a alguém. 
Vícios da vontade: são situações que geram uma distinção entre a vontade interna e a vontade manifestada. Os vícios geram a anulabilidade do contrato. Todo vicio tem prazo decadencial de 4 anos (regra). 
O silêncio como manifestação de vontade: o professor diz que o silêncio, normalmente, é ausência de manifestação de vontade. Não existe a estória de que {quem cala consente}. Quem cala nem diz que sim nem que não. Em regra, o silencio não gera contrato. Porém, existe o SILENCIO QUALIFICADO OU CIRCUNSTANCIADO que é aquele em que o silencio é interpretado como manifestação de vontade (não se confunde com a manifestação tácita), quando as circunstancias ou os usos o autorizem, e não for necessária a declaração expressa e também quando a lei não o autorizar, ou ainda quando tal efeito ficar convencionado entre as partes. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Em qualquer situação em que se pretenda examinar o silencio como manifestação de vontade é preciso que o interprete leve em conta o princípio da boa-fé. 
Observação: Remessa de produto sem solicitação prévia (prática abusiva, tudo que fosse enviado seria considerado amostra grátis): caso em que, sem iniciativa da parte, o comercio remete mercadoria a ela, e menciona na proposta que a não devolução em certo prazo implica aceitação do contrato de venda e compra. 
Não pode o ofertante de um contrato indicar as condições pelas quais o silêncio deva ser admitido como manifestação de vontade. 
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. 
II – NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES, TRATATIVAS OU PONTUAÇÃO – PERIODO PRÉ - CONTRATUAL
Caracterização
Nessa fase, as partes pontuam seus interesses. Essa fase relaciona-se com os contratos paritários. Lembrando que há contratos em que não há essa fase preliminar que é o caso do contrato de adesão. 
Nessa fase, como as partes não manifestaram sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Não há contrato. Qualquer delas pode afastar-se, simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e danos, salvo se ficar demostrado que houve a intenção, com a falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro. P. ex. levando – o a perder outro negócio ou realizando despesas. O fundamento para o pedido de perdas e danos é a prática de um ilícito civil, visto que nessa fase não há contrato. É uma responsabilidade civil extracontratual. 
Obs: minuta é um esboço do futuro contrato. Em regra, não obriga, mas serve de subsidio para interpretação do contrato futuro. Pode servir também de base probatória para o exercício de ação caso haja o rompimento injustificado das negociações. 
Possibilidade de responsabilização do desistente: Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Embora as negociações preliminares, não gerem obrigações para os participantes, elas fazem surgir deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé. 
III – PROPOSTA, OFERTA OU POLICITAÇÃO
Nem toda iniciativa ou manifestação de vontade no sentido de dar vida a um contrato é proposta em sentido técnico. Somente será proposta a manifestação de vontade dirigida por uma parte a outra com a intenção de provocar uma adesão do destinatário a proposta. 
Primeira fase efetiva do contrato. 
Existe uma declaração de vontade pela qual uma pessoa (o proponente) propõe a outra (o oblato) os termos para a conclusão de um contrato. 
Natureza jurídica: a proposta tem manifestação de vontade receptícia. A proposta parte do proponente, ofertante ou policitante (declaração unilateral). O destinatário é o oblato. 
Requisitos para a obrigatoriedade, vinculação da proposta: 
Explicitação dos elementos para a caracterização do negócio (preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento, etc). 
Seriedade (real intenção de contratar). Vincula o proponente. Deve ainda ser clara, completa e inequívoca. 
Incondicionalidade (deve ser definitiva a proposta, não podendo existir “talvez”, “vou pensar”). 
Obrigatoriedade para o proponente
Desde que séria e consciente a proposta vincula o ofertante. 
Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.
A lei abre várias exceções a essa regra. Porém, não se fazem presentes nessa exceção a morte ou a interdição do policitante. Nesses dois casos respondem respectivamente os herdeiros e o curador do incapaz. 
Desobrigação do proponente (Até quando o ofertante está vinculado?).
Se contiver clausula expressa a respeito;
Em razão da natureza do negócio; ex. propostas abertas ao público. 
Em razão das circunstancias do caso. Não é qualquer circunstância, mas aquela que a lei atribui esse efeito. 
Proposta entre presentes (inter praesentes): feitas entre pessoas que estão em contato direito. Aquela que pode ser respondida de IMEDIATO. Ex. telefone. Obs: não precisam estar em contato físico. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta: I- se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante;
Proposta Entre ausentes (inter absentes): é aquela feita entre pessoas que não estão em contato direto e por isso não podem responder de imediato. Ex. carta, email, fax. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
 Oferta enviada, por corretor ou correspondência, a pessoa ausente. Há a inexistência do contato direto, por isso a pessoa é considerada ausente e não por se encontrar distante do outo contraente. 
Prazo moral é o prazo suficiente, necessário ou razoável para que chegue ao conhecimento do proponente. 
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado;
Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. Se não obtiver resposta, esgotado o prazo, estará liberado. 
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente.
Faculdade de se retratar-se, para que desobrigue-se e não se sujeite a perdas e danos é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da propostaou simultaneamente com ela.
Oferta ao público: proposta para um público indeterminado. Não tem destinatário especifico, mas difuso na coletividade. Identificação do oblato: 
Art. 429. A oferta ao público equivale a proposta quando encerra os requisitos essenciais ao contrato, salvo se o contrário resultar das circunstâncias ou dos usos.
Parágrafo único. Pode revogar-se a oferta pela mesma via de sua divulgação, desde que ressalvada esta faculdade na oferta realizada. (Uma proposta feita por TV, a retratação deve ser por TV). 
IV – ACEITAÇÃO
É a concordância com os termos da proposta. É a manifestação de vontade imprescindível para que se considere concluído o contrato. “Consiste na formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral a proposta recebida”.
Oblato = aceitante. 
Natureza jurídica: manifestação de vontade reciptícia. A aceitação deve ser pura e simples. 
Pode ser expressa (decorre de declaração do aceitante, manifestando sua anuência), tácita (decorre de sua conduta, reveladora do consentimento). 
Requisitos
Obediência ao prazo fixado pelo policitante / prazo razoável: a proposta perde a força obrigatória se esgotado o prazo para a aceitação. Uma posterior manifestação não obriga o policitante, pois não há aceitação e sim uma nova proposta. 
Adesão plena à proposta - Nova proposta: Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. Quando não aderir integralmente passa a existir uma nova proposta. Contraproposta. 
Aceitação tácita: duas hipóteses que a lei admite. (art. 432)
Quando não for costumeira a aceitação expressa: Ex. se um fornecedor costuma enviar os seus produtos a determinado comerciante e este, sem confirmar os pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se um procedimento comercial. Se o comerciante, em dado momento, quiser interrompê-la, terá de avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado a pagamento de nova remessa. 
Quando o proponente dispensar a aceitação expressa. (Hipótese restrita): ex. caso em que um turista manda um fax a determinado hotel, reservando acomodações, informando que a chegada se dará tal data, se não receber aviso contrário. Se o aviso não chegar a tempo, tem-se como concluído o contrato. Ex. doação simples (vou te doar um carro se até dez dias não responder entenderei que você aceitou). 
Ineficácia da aceitação/ inexistência de força vinculante da aceitação
Quando a aceitação perde seu efeito?
Chegando tardiamente ao proponente, por motivo imprevisto. Comunicação: o professor fala que nesse caso não há culpa de ninguém. O contrato não é efetivado, mas o proponente tem o dever de informar imediatamente o aceitante de que houve atraso na aceitação, podendo, caso contrário ser responsabilizado. 
Art. 430. Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos.
Chegando ao proponente retratação prévia ou simultânea à aceitação: é necessário que chegue antes ou junto da aceitação. Se chegar após a aceitação, a retratação não tem mais nenhuma eficácia. 
Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante.
V – MOMENTO DO APERFEIÇOAMENTO (conclusão) DO CONTRATO
Em que momento se considera que o contrato foi firmado?
Entre presentes: é firmado no momento em que a aceitação é expedida, emitida, salvo nos casos de contratos reais (precisa da tradição). 
Se eu vendo uma casa de 500 mil por telefone o contrato existe, só não é válido, pois a lei exige forma (escritura pública). 
Se eu compro um carro por telefone. O contrato existe e é válido, pois a lei não exige forma. 
Entre ausentes: há duas teorias que justificam o momento da conclusão.
Teoria da informação ou cognição: o contrato acontece na hora em que o proponente toma conhecimento da aceitação. Exige-se que haja a leitura. Inconveniente.
Teoria da declaração ou agnição: não depende do conhecimento. 
Teoria da declaração (elaborar): o contrato surge na hora em que redige, elabora a aceitação. A crítica que se faz é com relação que essa aceitação ela permanece restrita no âmbito do aceitante. Difícil de provar. 
Teoria da expedição (expedir): o contrato surge quando é expedida a aceitação, ou seja, a aceitação tenha saído do alcance e controle do oblato. Ex. o envio da carta ou o envio do email. 
Teoria da recepção (receber): o contrato surge quando o proponente recebe a aceitação (não interessa ser leu ou não). 
 O direito brasileiro adota qual teoria? O código civil no seu artigo 434 adota expressamente a teoria da expedição. Porém, o professor diz que na verdade o Brasil adota a Teoria da Recepção, pois a lei permite que haja retratação junto ou antes o recebimento da aceitação. Dessa forma, somente o recebimento garante a aceitação do contrato. 
VI – LUGAR DO APERFEIÇOAMENTO DO CONTRATO: Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. Local em que a proposta foi feita, de onde a proposta partiu. Essa é a regra. Se for contrato de consumo, o CDC, permite ajuizar ação no local do domicilio do consumidor. 
AULA 05 – EFEITOS DO CONTRATO PERANTE TERCEIROS
I – ATENUAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DAS CONVENÇÕES
Embora ainda exista, o princípio foi bastante atenuado pelo reconhecimento de que as cláusulas gerais, por conter normas de ordem pública não se destinam a proteger unicamente direitos individuais das partes, mas tutelar o interesse da coletividade. Ex. princípio da função social do contrato. 
II – ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO (exceção ao princípio da relatividade)
Caracterização: Quando uma pessoa (estipulante) convenciona com outra (promitente) uma obrigação, em que a prestação será cumprida em favor de uma outra pessoa (beneficiário). 
Os sujeitos envolvidos na relação: estipulante, promitente (aquele que se compromete) e beneficiário (quem recebe). O beneficiário é um terceiro alheio a formação do vínculo contratual. Qualquer pessoa pode ser beneficiada. 
Estipulação em favor de terceiro gratuita (favorecimento sem contraprestação) x Estipulação em favor de terceiro onerosa (favorecimento em favor de uma contraprestação, ou seja, também tem um ônus). O professor considera as duas, pois mesmo uma tendo ônus, ele diz que não deixa de ser em favor de terceiro. Goncalves, considera a onerosa invalida. 
Favorecimento patrimonial do beneficiário: é essencial que haja um favorecimento patrimonial do terceiro para que se configure esse instituto. 
Natureza jurídica:
Declaração unilateral de vontade: as partes unilateralmente ajudam um terceiro. Porém, por melhor que seja o contrato para o terceiro, ele não é obrigado a ser afetado. Deve haver a anuência do terceiro. 
Contrato sui generis: o professor não considera um contrato, mas uma qualidade do contrato. Porque o favorecimento de um terceiro, pode ou não existir a depender da vontade das partes. A existência do contrato e sua validade não dependem da vontade do terceiro. Somente a eficácia do contrato é que está subordinada ao terceiro pendente de aceitação. No Gonçalves essa é a teoria mais aceita. 
Qualidade eventual do contrato: pode estar ou não presente a estipulação a depender da vontade das partes. O professor considera a teoria mais correta. 
Legitimidade para exigir a prestação estipulada. Quem é que pode exigir a obrigação do promitente? A obrigação assumida pelo promitente pode ser exigida tanto pelo estipulante como pelo beneficiário que concorda com o contrato. Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação.
Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438. 
Observação: oponibilidade do promitente (ex: exceptio non adimpleti contractus– exceção do contrato não cumprido). Qualquer objeção que o promitente tenha em razão do estipulante, pode recair sobre o terceiro também. Se o estipulante não cumpre sua obrigação, o promitente não pode ser obrigado a cumprir a sua. Art. 476
Exoneração do promitente. O estipulante pode exonerar o promitente da sua obrigação? Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor. 
A lei já prever que pode o terceiro exigir a obrigação, não precisa de cláusula. Porém, se tiver cláusula com essa previsão, ela impede que o estipulante exonere o promitente, se não tiver cláusula, pode o estipulante exonerar e se extingue o contrato. Observação: recusa do beneficiário: beneficiário pode exigir quem ao haja liberação, ele pode se negar a liberação. 
Substituição do favorecido. Pode o estipulante chegar para o promitente e dizer que não quer mais que ele dê aulas para Francisco e sim para João? o professor fala que deve ter uma cláusula no contrato tratando da substituição, dando esse direito ao estipulante. No silencio do contrato, “o estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante”. Art. 438
Quando pode ser feita a substituição? A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição de última vontade (mortis causa). 
III – PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (arts. 439/440)
Caracterização: caso da pessoa que se compromete (promitente) com outra (promissário) a obter uma prestação de fato de um terceiro. Ex. empresário que se compromete a apresentar o espetáculo com determinado ator ou músico. 
Sujeitos: promitente (aquele que promete) e promissário (pessoa que vai ser beneficiado, que vai receber), além do terceiro indicado no contrato (vai realizar a obrigação assumida por outro). 
Se o terceiro não realizar a obrigação que o promitente se comprometeu? O promissário pode cobrar indenização do promitente. Porém, se houver anuência do terceiro indicado o terceiro assume a obrigação, ele passar a ser o principal devedor e exonera o promitente de sua responsabilidade. O terceiro é que vai indenizar o promissário. Observação: Se no contrato existe cláusula de responsabilidade conjunta ou solidária, expressa, tanto o promitente como o terceiro devem indenizar o promissário, ou seja, o promissário pode cobrar dos dois conjuntamente.
 Art. 439. Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar.
Art. 440. Nenhuma obrigação haverá para quem se comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação.
Efeitos da indicação do cônjuge, com risco ao patrimônio comum: Aquele que tiver prometido fato de terceiro responderá por perdas e danos, quando este o não executar. Tal responsabilidade não existirá se o terceiro for o cônjuge do promitente, dependendo da sua anuência o ato a ser praticado, e desde que, pelo regime do casamento, a indenização, de algum modo, venha a recair sobre os seus bens. 
Ex. o marido promete obter a anuência de sua esposa na concessão de uma fiança, porem está se recusa. A recusa sujeita o promitente a perdas e danos, porém essa perdas e danos sairá do patrimônio comum do casal, nesse caso não pode ser cobrado. O legislador tira a eficácia da promessa. Contudo, se essa perdas e danos atingir somente o patrimônio do promitente, ela poderá ser cobrada.
Qual a natureza da obrigação do promitente? A obrigação é de FAZER. Fazer com que terceiro realize aquilo que o promitente está prometendo. Efeito do inadimplemento? Perdas e danos. 
IV – CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR OU NOMEAR
- Caracterização (art. 467): No momento da conclusão do contrato, pode uma das partes reservar-se a faculdade de indicar a pessoa que deve adquirir os direitos e assumir as obrigações dele decorrentes.
As partes fazem um contrato e nele consta uma cláusula que indica que uma terceira pessoa pode substituir o contratante. Essa cláusula é de comum acordo entre as partes. 
Sujeitos: contratantes e eleito (indicado, escolhido). 
Prazo para a nomeação. Qual o prazo que o contratante tem para indicar o terceiro? Art. 468. Essa indicação deve ser comunicada à outra parte no prazo de cinco dias da conclusão do contrato, se outro não tiver sido estipulado. 
Legal: estipulada na lei. 5 dias.
Convencional: escolhido pelas partes. 
O prazo é decadencial, caso não seja indicado terceira pessoa no prazo, o contrato continua entre os contratantes. 
Forma da aceitação. A forma é a mesma utilizada pelos contratantes originários na celebração do contrato. Ex. se foi firmado entre as partes por escrito, o terceiro que irá assumir a posição do contratante deverá aceitar também por escrito. (Art. 468, parágrafo único: A aceitação da pessoa nomeada não será eficaz se não se revestir da mesma forma que as partes usaram para o contrato). 
Efeitos:
Temporal: a pessoa nomeada adquire os direitos e assume as obrigações do contrato como se estivesse presente como parte contratante desde a data de sua celebração. Há um efeito RETROATIVO (ex tunc). 
Art. 469. A pessoa, nomeada de conformidade com os artigos antecedentes, adquire os direitos e assume as obrigações decorrentes do contrato, a partir do momento em que este foi celebrado.
Legitimidade do eleito: o terceiro só entra no contrato se ele quiser, não é obrigado. Se ele não aceitar a indicação, o contrato continua com seus contratantes originários. Se houve uma indicação no contrato e o terceiro não aceitou, só pode haver uma nova indicação se houver alguma cláusula que permita uma nova indicação e ainda se tiver prazo. 
Art. 470. O contrato será eficaz somente entre os contratantes originários:
I - se não houver indicação de pessoa, ou se o nomeado se recusar a aceitá-la;
II - se a pessoa nomeada era insolvente, e a outra pessoa o desconhecia no momento da indicação. 
Art. 471. Se a pessoa a nomear era incapaz ou insolvente no momento da nomeação, o contrato produzirá seus efeitos entre os contratantes originários.
AULA 06 – VÍCIOS REDIBITÓRIOS
I – CARACTERIZAÇÃO: são defeitos ocultos na coisa adquirida. Esse vício faz com que o bem tenha uma diminuição de valor e/ou a sua utilidade. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Terminologia: De onde vem a palavra redibitórios? Vem de redibir = desfazer. Pode resultar na redibição, ou seja, o desfazimento do contrato. Vicio redibitório é redibição, desfazimento ou abatimento. 
Comparação com outras figuras jurídicas: Inadimplemento do contrato: inadimplemento quer dizer que o contrato não foi cumprido. O contrato é descumprido. Ex. entrega de coisa diversa da contratada. Compra de um determinado material e recebimento de outro. Vicio redibitório: o contrato é cumprido de modo imperfeito. A coisa é entregue, mas depois você ver um defeito na coisa. Ex. compro um corolla e após alguns dias de uso percebo que o carro está falhando. O vício é na coisa e não no contrato. 
O inadimplemento contratual não resulta de imperfeição da coisa adquirida, mas de entrega de uma coisa por outra.
Vicio redibitório (vicio presente na coisa) x vicio do consentimento (vicio presente na manifestação de vontade). Não confundir!!
Vicio do consentimento é gerado por uma invalidade parcial do contrato. No vicio redibitório o contrato é plenamente valido. 
O inadimplemento pode resultar em rescisão do contrato. No vicio há o desfazimento. Não se iguala. 
Qual o fundamento jurídico do vício redibitório?
Obs1: boa-fé é fundamento? O professor diz que a boa – fé é um fundamento e nesse caso é a boa- fé objetiva. Não interessa a boa – fé subjetiva. A norma se preocupa com o vício redibitório por conta da boa – fé. Deve haver uma postura ética. 
Obs2: conhecimento do alienante: p. ex. qual a situaçãodaquela pessoa que entregou o bem e sabia do defeito? Se ficar provado que ele sabia, além do desfazimento e do abatimento, o adquirente também vai poder cobrar perdas e danos. É importante provar que ele sabia do defeito. Ex. uma pessoa me vende um carro sabendo que ele está com problema, defeito. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Se ele agiu de má-fé, ou seja, sabia do defeito, além de restituir o que recebeu, responderá também por pernas e danos. Se o alienante não conhecia o defeito ou vicio, agiu de boa – fé, apenas restituirá o valor recebido e pagará as despesas de contrato. 
II – Qual requisitos para que o adquirente esteja resguardo caso ele adquira um bem com defeito oculto?
Contrato comutativo que envolva transferência de coisa (compra e venda) ou doação onerosa (aquela que tem encargo): art. 441. Se o contrato for aleatório, a lei pressupõe que o vício faz parte da própria alea. Nesse caso não há nenhuma garantia. 
Ex. aluguel de um carro numa locadora e o carro apresenta problema. Não é vicio redibitório e sim inadimplemento. No vicio redibitório é entregue um bem que é seu. Na doação simples, o donatário não pode reclamar nada caso haja defeito. 
Prejuízo considerável ao uso da coisa ou relevante diminuição de seu valor: é necessário que haja um prejuízo considerável. A coisa perde sua utilidade, seu valor ou ambos com a presença do vício. Não é qualquer diminuição, deve ser uma efetiva diminuição. Ex. está fora dessa hipótese um carro que você compra e venha com um pequeno risco. Há uma questão de razoabilidade. 
Caráter oculto do vício: o vício tem que ser oculto (você não sabe, nem teria condições de saber). Quando os defeitos são facilmente identificados com um rápido exame e diligencia normal, não se caracteriza vícios redibitórios. Não pode ser constatado num primeiro momento, só a partir do uso. Se o adquirente foi informado do vício, ele não pode posteriormente alegar vicio redibitório. Critério do homem médio: figura imaginaria que representa uma pessoa que tem uma diligencia mediana. Aquela pessoa que não tem um cuidado máximo, mas também não é aquela descuidada. É um meio termo. Uma pessoa que tem um cuidado normal, notaria, perceberia esse defeito? Alguns autores defendem a ideia de que um carro usado levado ao mecânico e ele encontre defeitos não seria um defeito oculto. Obs. O professor diz não ser sempre. 
Contemporaneidade entre o vício e a tradição: o vício redibitório tem que estar presente no momento da entrega da coisa. Se o vício é posterior a coisa não se pode exigir do alienante. O vício e a tradição devem ser contemporâneos, ou seja, ao mesmo tempo. Os defeitos supervenientes presumem-se mau uso da coisa pelo comprador. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
 Ausência de disposição em contrário: não haja cláusula contratual excluindo a garantia. Se houver cláusula expressa excluindo a garantia do vício redibitório o contrato é aleatório. Se não houver cláusula haverá garantia. (Autonomia da vontade). Obs: autonomia da vontade e vícios redibitórios.
III – VÍCIO DE COISA TRANSFERIDA JUNTAMENTE COM OUTRAS: e se várias coisas forem alienadas conjuntamente e uma delas apresentar um defeito, será que todas podem ser devolvidas, será que pode haver um redibição total? Em regra, só atinge o bem defeituoso. Se houver um caráter coletivo, p. ex. sapatos, atinge os dois sapatos e não só um, nesse caso o alienante responde integralmente pelo vício. Diferente se eu comprar dois carros e só um apresenta vicio, o outro não é atingido.
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas.
Alienar significa tornar alheio, fazer com que algo que é seu ser de outra pessoa. Alienante = pessoa que transfere. Adquirente = pessoa que recebe. Pode ser chamado de alienatário. 
IV – MEDIDAS JUDICIAIS CABÍVEIS
O que o adquirente pode exigir do alienante? Pode exigir redibição ou abatimento do preço, não tem terceira via. 
Ação redibitória: ação para desfazer o contrato. Redibição. 
Ação quanti minoris ou estimatória: ação para o abatimento do preço. É ação estimatoria porque há uma estimação do valor.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
Obs: facultatividade: As ações não podem ser conjuntas, ou você ajuíza uma ou outra. Essas ações podem ser chamadas também de AÇÕES EDILÍCIAS (remonta ao Direito Romano). A escolha da ação é irrevogável, uma vez feita não admite recuo. 
Vinculação da escolha: Se a coisa houver perecido em razão do vicio a ação será, necessariamente, redibitória. Não se pode falar em abatimento do preço. No casso de perecimento da coisa, p. ex. a morte de um animal adquirido, a responsabilidade do alienante subsiste, se o fato decorrer de vício oculto, já existisse ao tempo da tradição. O adquirente terá de provar que o vírus da doença que vitimou o animal, p. ex. já se encontrava encubado, quando de sua entrega. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Observação: não configura vício redibitório e não autoriza a utilização das ações edilícias o erro quanto as qualidades essenciais do objeto. No caso do erro o comprador não quer comprar a coisa que afinal adquiriu. Nos vícios redibitórios, ele deseja adquirir exatamente a coisa comprada. 
Ex. se alguém adquire um relógio que funciona perfeitamente, mas não é de ouro, como o adquirente imaginava, trata-se de erro quanto a qualidade essencial do objeto. Se no entanto o relógio é mesmo de ouro, mas não funciona por cauda de um peça interna, a hipótese é de vício redibitório. (Gonçalves). 
V – PRAZOS: o prazo básico que resolve grande parte das situações. Se tratando de: 
Bens moveis, 30 dias.
Bens imóveis, 1 anos. 
Conta-se a partir da entrega efetiva (tradição). Após esse prazo, opera-se a decadência, ou seja, extingue-se o direito. 
Se o bem já estava na posse do adquirente por ocasião do contrato? O prazo cai pela metade, ou seja, bens moveis 15 dias, e bens imóveis 6 meses. 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
A doutrina entende nesse caso do prazo da metade, que aplica-se somente se o adquirente esteja tempo suficiente para conhecer a coisa. Caso contrário, aplica –se 15 dias mais o prazo que o adquirente está no imóvel para completar 30 dias para bens moveis. E o mesmo se aplica aos bens moveis. 
Digamos que eu estou na posse do carro a um dia, teria apenas 14 dias como prazo? Não, a Lei diz que eu tenha 29 dias. O prazo normal aplicado. 
Estou morando no imóvel a um mês e compro. Se eu aplicar a lei, vou ter mais 11 meses de garantia que é para completar um ano. É uma interpretação finalística. 
As vezes o defeito é tão difícil de ser percebido que nesses prazos seria impossível a sua constatação. Ex. adquiri um carro que tem um problema na sua vedação. Passa meses e meses sem chover e eu não percebo esse defeito. O professor diz que nesse caso não é justo que o adquirente tenha somente esse prazo. O prazo passa de 180 dias para móvel e 1 ano imóvel contado a partir da manifestação do defeito. Ex. compro um animal ou vários animais e esse animal tem uma infecção e por força de um período de incubação desses organismos, passa-se vários meses e só depois o animal começa a ficar doente. O médico diz que o animal morreu por conta de uma bactéria. O professor diz que nesse caso aplica-se o prazo que começa a contar da manifestaçãodo defeito. § 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
Se a venda for de animal e tiver algum costume em relação essas vendas, a lei reconhece que há interferência dos costumes locais que aplicam prazos diferenciados. A lei diz que esse costume terá aplicação prioritária em relação a lei, ou seja, a lei vai ser aplicada subsidiariamente nesse caso. Apenas para a venda de animais. § 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
Garantia contratual, convencional: essa garantia consensual substitui a garantia legal? A garantia contratual é suplementar a garantia legal. As duas são somadas. Conta-se primeiro o prazo da garantia contratual e depois a garantia legal (cumulativo). Ex. 6 meses, prazo contratual, mais 30 dias da garantia legal. 
Regra do artigo 446. Primeiro corre a garantia contratual, depois corre a garantia legal. O legislador diz que se o problema aparecer durante a garantia contratual, o adquirente tem o prazo de 30 dias para comunicar ao alienante a existência do defeito. Se não comunicar, há a decadência. Perde-se a garantia. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
Obs. A garantia contratual depende de clausula no contrato.
VI – VÍCIOS REDIBITÓRIOS NO CDC: contratos de consumo, aplica-se o código do consumidor. Se o contrato não for de consumo, aplica-se o código civil. 
Contrato de consumo (é necessário que haja entre as partes um caráter de fornecedor, pessoa física ou jurídica que fornece produtos ou serviços com profissionalidade e consumidor, destinatário final do serviço ou produto. Adquire o produto ou o serviço para utilizar.) contrato que não é de consumo. 
Ex. a Ford vende o carro para crasa que vende para mim e eu vendo para um amigo. A Ford é fornecedora, mas a crasa não é consumidor. Esse contrato não é de consumo, vai ser regido pelo código civil. 
A crasa vendendo para mim é fornecedor e eu o destinatário. Nesse caso o contrato é de consumo e é regido pelo CDC e naquilo que o CDC silenciar, aplica-se o código civil. 
Comprei o carro e quero vender para meu amigo. Esse contrato não é de consumo, pois eu não sou fornecedora. Aplica-se o código civil.
O pedreiro que vai até minha casa, ele é fornecedor. É contrato de consumo. 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em:
        I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis;
        II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis.
        § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução      dos serviços.
        § 2° Obstam a decadência:
        I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
        III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.
        § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
                
13/04/2015
AULA 07 – EVICÇÃO 
I – CARACTERIZAÇÃO. Terminologia.
Perda de um bem adquirido em favor de terceiro. O adquirente perde para terceiro o bem adquirido. 
“A” aliena um bem para “B”, seja através de uma venda, seja através de uma troca, só que depois aparece uma terceira pessoa “C” que move uma ação contra o adquirente para tomar o bem e ganha, porque ela consegue provar que ele é o dono bem. Pode ocorrer que esse bem p. ex. seja fruto de um roubo. O alienante está alienando coisa que não lhe pertence. 
A palavra evicção = evencer, ou seja, tomar, retirar. 
No vicio redibitório o foco é na coisa, a coisa tem o defeito. Vícios de fato, concreto. Na evicção o defeito é no contrato, na transferência da propriedade. Vícios de direito. 
II – SUJEITOS:
Alienante: aquele que aliena, aquele que transfere. Responde pelos riscos da evicção.
Adquirente (evicto): é o adquirente vencido na demanda movida por terceiro. Sofre a evicção. 
Terceiro (evictor): realiza a evicção. Terceiro reivindicante e vencedor da ação. 
III – REQUISITOS
Requisitos para que o adquirente esteja tranquilo caso venha sofrer evicção.
Caráter oneroso da alienação (art. 447): a alienação tem que se onerosa. Tem que ser um contrato oneroso. Não pode ser uma doação simples, mas se a doação tiver encargo o adquirente terá seus direitos resguardados. O dever de garantia imposto ao alienante surge não só na compra e venda, como em todo contrato oneroso. 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
A responsabilidade decorre da lei e independe de previsão contratual. 
Sentença judicial definitiva em favor do evictor/terceiro: a evicção só acontece, via de regra, judicialmente. Para que o alienante tenha que pagar uma indenização ao adquirente é preciso que haja uma sentença reconhecendo o direito do terceiro. 
Obs: posicionamento doutrinário atual: admite garantia a evicção mesmo que não tenha sentença judicial, no caso de apreensão policial de bens. Entende-se que nesse caso por si só permite o adquirente pleitear ação de perdas e danos ao alienante. EXCEÇÃO. 
Comunicação ao alienante sobre o processo (art. 456): O adquirente (evicto) vai ter direito de ser indenizado pelo alienante. O alienante deve ser informado sobre a existência do processo. O adquirente tem a obrigação de fazer essa notificação. 
 Art. 456. Para poder exercitar o direito que dá evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.
Obs: denunciação da lide (art. 125, I, do CPC). Jurisprudência: o STJ diz que a denunciação a lide é facultativa (a falta de notificação do litígio não impede a propositura de ação pelo adquirente). Um mesmo bem pode ser alienado várias vezes e nesse caso pode haver sucessivas denunciações. O adquirente pode fazer a denunciação da lide ao alienante imediato como a qualquer dos alienantes anteriores. O professor diz que tem relação com o princípio da função social (notificação dos alienantes anteriores). O contrato sempre que possível deve ser favorável para quem está fora dele. Quebra a barreira da relatividade. O professor diz que antigamente não tinha essa opção. O adquirente só poderia notificar seu alienante. 
 Desconhecimento do adquirente sobre o caráter alheio ou litigioso da coisa: se o adquirente sabe que está adquirindo uma coisa que não pertence a quem está alienando, ele não pode depois dizer que sofreu a evicção. Se o adquirente souber que a coisa é alheia ele não estará protegido quanto a evicção. Do mesmo modo a coisa que está sendo litigiosa (disputada entre as partes). Se eu compro de uma das partes, não estou resguardado. Depois não posso alegar que sofri evicção. Não tem direito a nada o adquirente? Ele não vai poder alegar os direitos da evicção (a boa indenização que ela propõe), mas existeo princípio de enriquecimento indevido de modo que ele pode cobrar pelo menos o que ele pagou. 
Dito de outra forma, por Caio Mario: não há responsabilidade para o alienante se o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa. Não tendo direito a garantia, tem o adquirente evicto direito a restituição do preço. 
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
IV – AUTONOMIA DA VONTADE 
Nossa liberdade contratual, através da cláusula contratual, nos permite aumentar, diminuir ou excluir a indenização caso venha sofrer evicção. A cláusula de exclusão é mais complexa. Para aumentar ou diminuir a garantia pode ser cláusula genérica, para excluir tem que ser cláusula especifica. 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Especificidade da cláusula em caso de exclusão: essa cláusula de exclusão deve deixar claro qual o risco especifico que o adquirente sofre se sofrer a evicção e tem que deixar claro que o adquirente conhece e assume esse risco (cláusula expressa). Se for uma cláusula genérica ela não tem efeito, não exclusão da responsabilidade (está em afronta ao art. 449), ela deve ser clara e específica.
 Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
V – CÁLCULO DA PRESTAÇÃO ORIGINADA DA EVICÇÃO
Qual o valor da indenização decorrente da evicção? Ela não se limita ao valor que foi pago. O valor indenizado será o valor da coisa na época da evicção, esse é o valor base. Não olha pelo valor que foi pago, mas na época que sofreu evicção. Se quando eu comprei paguei 100 mil, mas 5 anos depois sofre evicção, nessa época a coisa vale 80 mil, de quanto será o valor base para a indenização? 80 mil. Valor base (art. 450, caput e parágrafo único)
Obs: Deterioração sem dolo do adquirente (art. 451) em caso de redução do valor deve ser analisado se houve dolo ou não. Ex. comprei uma casa, paguei 300, um ano depois caiu um raio e rachou toda a casa, o imóvel agora vale 200, sofro a evicção, o adquirente recebe o valor que pagou (300). Porém, se o próprio adquirente desvaloriza com uma atitude intencional, ele recebe o valor que a coisa vale na época que sofreu a evicção (200).
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
Acréscimos (incisos do art. 450 e art. 453)
Frutos que tiver de restituir ao evictor. A coisa enquanto esteve nas mãos do adquirente ela gerou frutos. O legislador, diz que quando o adquirente perde esse bem, ele deve restituir esses frutos ao terceiro. O que ele perde, acrescenta a indenização e exige que o alienante o pague. Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir;
Despesas do contrato: ex. escritura pública. Essas despesas quem tem é o adquirente. Nesse caso, o valor é somado a indenização e cobrado do alienante. II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;
Custas judiciais e honorários advocatícios: quando o terceiro é vitorioso na ação. O juiz na sentença, estabelece o valor do ônus da sucumbência que será pago pelo adquirente ao terceiro, porém essa custa será somada a indenização que o adquirente vai cobrar ao alienante. III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído.
Necessárias e úteis não indenizadas pelo evictor: art. 1219 e seguintes. Podem ser acrescentadas no valor da indenização. Art. 453. As benfeitorias necessárias ou úteis, não abonadas ao que sofreu a evicção, serão pagas pelo alienante.
Prejuízos originados pela evicção: também são acrescentados. Ex. dano moral.
Deduções: O que vai ser deduzido do valor a ser pago pelo alienante?
Vantagens obtidas com a deterioração da coisa: deverão ser deduzidas a indenização que o será pago pelo alienante. Art. 452. Se o adquirente tiver auferido vantagens das deteriorações, e não tiver sido condenado a indenizá-las, o valor das vantagens será deduzido da quantia que lhe houver de dar o alienante.
Benfeitorias feitas pelo alienante e indenizadas ao evicto: Art. 454. Se as benfeitorias abonadas ao que sofreu a evicção tiverem sido feitas pelo alienante, o valor delas será levado em conta na restituição devida.
Existe prazo que faz com que a pessoa fique livre da evicção? Na evicção mesmo não tem um prazo propriamente dito. O professor fala que pode existir um prazo, em razão de um instituto que indiretamente, às vezes, acaba colocando um prazo para que se possa sofre evicção, que é usucapião. Ex. quando uma pessoa entra com uma ação contra mim para ficar com meu imóvel, posso alegar usucapião, dependendo do tempo. 
VI – EVICÇÃO PARCIAL (art. 455)
Acontece quando uma coisa é alienada integralmente para alguém como se fosse do alienante, porém, o alienante não é dono de tudo. Ele só é dono de parte da coisa. 
Considerável: rescisão do contrato e indenização: é aquele que o adquirente perde parte do bem e para ele não interessa ficar com o restante. É inviável para ele ficar só com uma parte. O adquirente pode optar entre perder a parte que está sendo reivindicada e ser indenizado em reação a ela, ou perder tudo e ser indenizado do todo. O adquirente tem o ônus de provar que a parte que lhe resta não é viável. 
Não considerável: somente indenização: perde a parte, mas não há nenhum inconveniente para o adquirente. O adquirente só tem direito a ser indenizado pelo que perdeu. 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização. 
Art. 450. Parágrafo único. O preço, seja a evicção total ou parcial, será o do valor da coisa, na época em que se evenceu, e proporcional ao desfalque sofrido, no caso de evicção parcial.
20/04/15
AULA 08 – DOS CONTRATOS ALEATÓRIOS. DOS CONTRATOS PRELIMINARES.
I – CONTRATOS ALEATÓRIOS
- Caracterização. Etimologia. São caracterizados pela presença da alea (risco). As obrigações não estão bem definidas, existe uma abertura decorrente do risco que as partes assumem. As partes não sabem de logo o que podem esperar desse contrato, pode ter lucro e pode ter prejuízo. É caracterizado pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele podem advir. 
Não é um risco inerente a vida humana, o risco do contrato aleatório é inerente as suas cláusulas contratuais. 
O objeto do negócio está ligado a ideia de risco. Aleatório vem do latim que significa alea que é sinônimo de sorte, risco, azar. O contrato aleatório também é denominado, por isso, contrato de sorte. Ex. contrato de jogo, aposta. 
Contratos eatórios x contratos comutativos
Os contratos comutativos não envolvem a ideia de risco. São contratos de prestações certas e determinada. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios. 
Nos contratos aleatório o risco de perder ou de ganhar pode ser de um ou de ambos, mas a incerteza do eventos tem de ser dos contratantes. 
Ex. te pago 20 reais nesses 10 quilos de milho.
São diferentes também pelos efeitos que produzem.
Obs1: vícios redibitórios: apresentam exclusivamente aos contratos comutativos. Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Obs2: lesão (art. 157). A lesão é caracterizada quando alguém por inexperiência, inocência, assume uma obrigação desproporcional. Se o contrato for aleatório não tem importância

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