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ERGONOMIA EM BIBLIOTECAS

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ERGONOMIA EM BIBLIOTECAS
Tânia Marli Stasiak Wilhelms, CREA 50.509-D
1 INTRODUÇÃO
Este texto sobre Ergonomia nos ambientes de trabalho, inclusive nas bibliotecas, visa fornecer um panorama geral sobre o assunto, para que profissionais da área de Biblioteconomia possam exercer suas tarefas em ambientes mais saudáveis, evitando doenças relativas à função. O bibliotecário, enquanto gestor de pessoas, pode promover melhorias nas condições de trabalho a partir de uma perspectiva ergonômica, em busca de maior conforto, saúde, segurança e eficiência no trabalho, tanto para o trabalhador como para o usuário da biblioteca.
Há tempos atrás, as condições dos ambientes de trabalho eram muito precárias e improvisadas e não ofereciam conforto, muito menos segurança, provocando com isso muitas doenças e acidentes. Esses fatos geraram muitas análises e estudos ligados à segurança, ao conforto, à eficiência e à produtividade, tendo como conseqüência o surgimento de ambientes totalmente transformados, levando em consideração, inclusive, as novas tecnologias. A partir disso, o trabalho passou a ser visto de forma diferente, não como um sacrifício, mas como fonte de satisfação e auto-realização.
Com esta evolução do trabalho, em que novos métodos e tecnologias são empregados, é imprescindível que o bibliotecário esteja atento para mudanças. Alguns conceitos básicos são necessários na vida moderna, para que os profissionais tenham condições de, por si só, desenvolverem um “olhar ergonômico” tanto nos seus locais de trabalho como no cotidiano de suas vidas, indo ao encontro dos aspectos subjetivos, como a qualidade de vida, o bem estar social, e, além disso, da satisfação dos consumidores e usuários.
2 DEFINIÇÕES 
	A Ergonomia é uma disciplina multidisciplinar, pois diferentes áreas do conhecimento humano relacionam-se com ela. Não é somente a ciência da mesa, cadeira, computador e das LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Ósteo-músculo-esqueléticos Relacionados ao Trabalho), como muitas vezes é interpretada. Vai mais além ao abordar várias interfaces do tipo: o homem relacionado com a máquina, o ambiente, o computador com o sistema produtivo e suas conseqüências na saúde do trabalhador. Estão incluídos em seu campo de estudos a carga de trabalho, atividade pesada, medidas do corpo (antropometria), estresse, fadiga, monotonia no trabalho, trabalho muscular, o dimensionamento dos locais de trabalho, a atividade mental, jornadas de trabalho, alimentação e condições ambientais como a iluminação, ventilação, ruídos, temperatura e umidade. As pessoas que desenvolvem suas atividades laborais nos ambientes de bibliotecas convivem com muitas destas questões estudadas pela Ergonomia.
O estudo da Ergonomia está baseado em conhecimentos de áreas científicas como a Fisiologia, Psicologia, Antropometria, Toxicologia, Biomecânica, Medicina, Enfermagem, Arquitetura, Engenharia, Desenho Industrial, Informática e Administração. Desenvolve métodos e técnicas e aplica seus conhecimentos visando à melhoria do trabalho e das condições de vida. 
	O termo Ergonomia vem do termo grego ergo, que significa trabalho e nomos, que significa regras, leis naturais.
	Diz-se que a Ergonomia “[ . . . ] é a ciência da configuração de trabalho adaptada ao homem.” (GRANDJEAN, 1998, p.5). É, portanto, a ciência do conforto, como é popularmente conhecida.
Existem várias definições proferidas por autores e pesquisadores renomados. Todas são aceitas, embora tenham enfoques, às vezes, diferentes.
 Conforme Alain Wisner (1987, p.12), a Ergonomia é definida como “[ . . . ] o conjunto dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo conforto, de segurança e de eficácia.”
	De acordo com a Ergonomics Research Society (1950), Ergonomia é: “[ . . . ] o estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho e, particularmente, a aplicação de conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas advindos desse relacionamento.”
3 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
	Com o passar do tempo, os hábitos, costumes e tecnologias modificaram-se, de acordo com as exigências humanas. A sociedade evoluiu e, conseqüentemente, se modernizou, não sendo aceitos determinados comportamentos até então considerados válidos. O ser humano foi se adequando à evolução, tornando-se cada vez mais exigente. Este é um processo contínuo e estas exigências implicam em várias melhorias na sua forma de viver.
	A origem da Ergonomia está relacionada ao homem pré-histórico, que escolheu uma pedra do formato que melhor se adaptasse à forma e movimentos de sua mão, para usá-la como arma. A preocupação em adaptar objetos artificiais e o ambiente natural às necessidades humanas sempre esteve presente na vida do ser humano.
A partir do século XVIII, quando ocorreu a Revolução Industrial, esta situação tornou-se problemática. Naquele período, as primeiras fábricas surgiram de forma rudimentar, sem nenhuma valorização profissional e sem oferecer condições favoráveis ao trabalho. Eram geralmente locais improvisados, escuros, sujos, perigosos e barulhentos. O trabalhador desempenhava suas atividades em regime de semi-escravidão, no qual era indispensável o emprego de força física. As jornadas de trabalho eram de até dezesseis horas diárias, sem nenhum direito social ou previdenciário.
	Nesse mesmo período, nos Estados Unidos, surgiu o movimento da Administração Científica, ou seja, o Taylorismo. Esse termo tem origem no nome do engenheiro americano Frederick Winslow Taylor (1856-1915). 
Taylor ficou conhecido ao defender a tese de que o trabalho deveria ser cientificamente observado de modo que, para cada tarefa, fosse estabelecido o método correto de execução com um tempo determinado, usando ferramentas adequadas. As responsabilidades deveriam ser divididas e a gerência da fábrica determinaria os métodos e o tempo para a execução da cada tarefa, cabendo ao trabalhador concentrar-se exclusivamente na execução dela. Os operários deveriam ser controlados, medindo-se a produtividade de cada um e pagando incentivos salariais aos mais produtivos, sem que eles pudessem escolher um método próprio de execução das tarefas. Nada era livre. Foi um período em que ocorreram muitos acidentes no trabalho atribuídos à displicência dos empregados. A baixa produtividade era considerada apenas malandragem.
Essas idéias eram corrrentes em todas as fábricas norte-americanas. Foram criados grupos de trabalho para desenvolver métodos de execução e cronometragem das atividades. Daí originou-se, na indústria norte-americana, a produção massificada de bens. 
 Os trabalhadores sentiam-se oprimidos e revoltados. Boicotavam a produção, desregulando máquinas, descumprindo regras estabelecidas e diminuindo a produtividade e a qualidade dos produtos. Passaram então a reivindicar melhorias nas condições de trabalho através dos movimentos sindicais exigindo transformações favoráveis às pessoas.
Em 1900, na Alemanha, na França e nos países escandinavos iniciaram-se as pesquisas na área de fisiologia do trabalho. Durante a I Guerra Mundial (1914-1918), na Inglaterra, psicólogos e fisiologistas colaboraram no intuito de aumentar a produção de armamento, criando então a Comissão de Saúde dos Trabalhadores na Indústria de Munições, transformada posteriormente no Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial, ao final do conflito. Esse Instituto teve papel importante, pois desenvolveu pesquisas sobre a fadiga na indústria em geral. Em 1929, transformou-se no Instituto de Pesquisa sobre Saúde no Trabalho. Suas pesquisas tiveram outros enfoques como postura do trabalho, iluminação e ventilação, carga manual, etc, todas concorrendo para a melhoria das condições de trabalho. 
Durante a II Guerra Mundial (1939-1945), a preocupação esteve voltada para os instrumentos bélicos, a fim de evitar erros, acidentese melhorar o desempenho do operador.
Na Inglaterra pós-guerra, surgiram reuniões com cientistas e pesquisadores para discutir e formalizar a existência dessa nova ciência, a Ergonomia, cuja data oficial de "nascimento" foi registrada em 12 de julho de 1949. Já em 1950, foi criada a Ergonomics Factors Society (Inglaterra). A partir daquele momento a Ergonomia expandiu-se no mundo industrializado.
Após mais de 50 anos da Ergonomia como ciência, percebe-se o quanto ela se aprimorou. Sua utilização abrange desde o mais simples instrumento manual até as complexas máquinas eletrônicas. Atualmente, a aplicação dos princípios da Ergonomia está presente em todos os países do mundo por intermédio das instituições de ensino, de pesquisa e nas corriqueiras atividades humanas. 
 Freqüentemente, muitos eventos sobre esse tema são realizados em nível regional, nacional e internacional. No Brasil, existem estudiosos, pesquisadores e profissionais da área organizados através da Associação Brasileira de Ergonomistas (ABERGO), que é atuante, influente e inovadora.
4 OBJETIVOS
 	 A Ergonomia tem como objetivo introduzir melhorias no sistema de trabalho, procurando a otimização de um sistema pela adaptação das condições de trabalho às capacidades e necessidades do homem. De forma geral, nada mais é do que adaptar o trabalho ao homem e não, ao contrário, adaptar o homem ao trabalho.
Esta adaptação do trabalho ao homem nem sempre é fácil. Cada situação tem suas características próprias e, em alguns casos, faz-se necessário empreender estudos mais complexos que exigem a contratação de um especialista em Ergonomia, que poderá ser médico, arquiteto, engenheiro, fisioterapeuta, enfermeiro, etc.. Cada caso exige uma providência específica e em várias situações muitos profissionais atuam interativamente, devido ao caráter multidisciplinar da Ergonomia. 
Muitos acidentes podem ocorrer independentemente de local e hora, inclusive em atividades de prestação de serviços como nas bibliotecas. O manuseio de um grupo muito grande de documentos pesados, a intensa digitação de dados em bases eletrônicas, a postura incorreta ao abaixar-se para acessar documentos em prateleiras muito baixas ou esticar-se para acessar prateleiras muito altas ou profundas, podem provocar acidentes e doenças relativas ao trabalho. Estes acidentes podem, entretanto, ser evitados desde que se leve em consideração a capacidade de cada indivíduo, a concepção do leiaute, o mobiliário e os equipamentos adequados, a organização do trabalho, além das condições ambientais favoráveis à execução das tarefas biblioteconômicas. A prevenção impede que aconteça um grande número de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e eficiência.
Wisner (1987), classificou a Ergonomia em:
Ergonomia de Concepção: quando a Ergonomia é planejada junto ao projeto das máquinas, equipamentos, objetos e ambientes;
Ergonomia de Correção: quando é aplicada em situações já existentes para resolver problemas que se refletem na segurança, conforto ou outras, como por exemplo, na correção de altura de uma máquina, em mudanças de posturas, etc.;
Ergonomia de Conscientização: os postos de trabalho estão sempre enfrentando transformações e adaptações. Devido a este fato, os profissionais bibliotecários devem estar sempre conscientes e capacitados quanto à Ergonomia para que possam reconhecer os fatores de risco que surgem no seu ambiente de trabalho.
NORMATIZAÇÃO
	A questão ergonômica no Brasil está regulamentada pela Portaria Ministerial n. 3751, de 23 de novembro de 1990, sob a forma da Norma Regulamentadora NR 17 - Ergonomia (BRASIL, 2002).
	Esta norma visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às caraterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Diz que, para avaliar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, o empregador deverá realizar a análise ergonômica do trabalho onde devem ser abordadas no mínimo as condições de trabalho estabelecidas pela NR 17, que são: levantamento, transporte e descarga individual de materiais, mobiliário nos postos de trabalho, equipamento nos postos de trabalho, condições ambientais de trabalho e organização do trabalho.
	A análise ergonômica do trabalho deve ser realizada por profissional capacitado e, após, apresentada em forma de relatório. É um trabalho minucioso que requer dedicação e paciência além do conhecimento técnico específico, pois diagnosticará os problemas e suas conseqüências, tanto para o funcionário como para a empresa. Será necessária para realizar projetos e/ou alterações, visando o bem estar dos indivíduos e a produtividade com qualidade.
6 POSTOS DE TRABALHO
	Para uma análise nos postos de trabalho das bibliotecas e na vida cotidiana, mesmo que seja elementar, deve-se ter conhecimento mínimo de alguns assuntos, que serão apresentados a seguir. 
6.1 Antropometria
A antropometria refere-se às medidas físicas do corpo humano e descreve suas diferenças quantitativas, tomando como referência as estruturas anatômicas. Na Ergonomia, esses estudos são fundamentais, pois ela é, primordialmente, a fonte de referência para se obter conforto, segurança e produtividade nos postos de trabalho por intermédio de objetos e equipamentos projetados adequadamente.
As medidas antropométricas são variadas no homem devido a vários fatores como: sexo, idade, épocas, clima, etnia e origem geográfica. 
Os mobiliários, as máquinas, os equipamento e os ambientes tanto de trabalho como da vida cotidiana devem atender o maior número de usuários possível. Estará incorreto tomar como medida as médias estatísticas, pois o homem médio não existe, apenas algumas de suas medidas correspondem, em boa parte, com as da população em geral. É necessário atender a todos. Existem homens e mulheres que estão na média em relação a algumas variáveis como peso ou estatura. Quando se planeja para a média prejudica-se uma boa parte da população. Deve-se projetar sempre para usuários extremos, o maior ou o menor. Um exemplo é a altura das portas, pois tanto as pessoas altas como as baixas conseguem passar pelo vão. Uma prateleira ou um escaninho, a colocação de objetos ou documentos em lugares mais altos ou mais baixos, deve ser projetada para o menor braço, de forma que as pessoas mais baixas tenham acesso garantido. Cabe aqui salientar a existência de objetos e móveis com dispositivos de regulagem de forma a acomodar os diferentes tipos físicos.
 Esses detalhes devem ser levados em consideração no momento da aquisição dos equipamentos e mobiliários de qualquer ambiente.
As dimensões do espaço são outro quesito a levar em consideração. Com o conhecimento da antropometria pode-se determinar os espaços necessários para o ser humano a partir de suas características anatômicas e fisiológicas. Para sentir-se bem em qualquer espaço é necessário que o indivíduo tenha um espaço adicional em seu entorno. Existem várias referências estabelecendo estas medidas. Oborne e Heath (1979) sugerem quatro zonas para esses espaços pessoais:
íntimo; de 0 a 45 cm, reservado para contatos físicos com as pessoas de maior intimidade;
pessoal; de 45 a 120 cm, para contatos amigáveis com pessoas conhecidas;
social; de 120 a 360 cm para relacionamento profissional com colegas de trabalho e durante eventos sociais;
público; acima de 360 cm, distância mantida dos desconhecidos.
Muitas referências são indicadas em m², para serem utilizadas em projetos de leiaute, mas não como regras e sim como sugestões para soluções confortáveis. 
À necessidade de espaço que os membros inferiores e/ou superiores precisam para se movimentarem e realizarem a tarefa, chama-se Espaços de Movimentação.
A determinação das alturas de alcance é necessária para acessar prateleiras, estantes e superfícies de apoio do mesmo modo que deve-se levar em consideraçãoa profundidade das mesmas. 
Os alcances sobre as mesas são especialmente importantes para os bibliotecários, pois a maioria dos serviços é realizada sobre elas. É necessário considerar duas áreas de alcance: a ótima e a área de alcance máximo.
A área de alcance ótima é aquela formada pelo giro do antebraço em torno do cotovelo com o braço caído normalmente. Este descreve um arco de raio de 35 a 45 cm. O centro, situado em frente ao corpo e fazendo a inserção com os dois arcos, será a área ótima para se usar as duas mãos e realizar serviços de precisão.
A área de alcance máximo é obtida fazendo-se girar os braços estendidos em torno do ombro. Descreve um arco de 55 a 65 cm de raio, a ser usada para atividades eventuais, conforme pode ser observado na Figura 1. 
 Figura 1 – Áreas de Alcances Ótimo e Máximo na Mesa, para o Trabalhador Sentado Fonte: IIDA, 1990, p. 137.
 Biomecânica
Biomecânica é o estudo das leis físicas da mecânica aplicadas ao corpo humano. Permite estimar as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante os movimentos ou posturas. 
As atividades de trabalho podem ser classificadas em estáticas ou dinâmicas:
[ . . . ] o trabalho dinâmico caracteriza-se por um seqüência rítmica de contração e extensão – portanto de tensionamento e afrouxamento – da musculatura em trabalho. O trabalho estático, em oposição, caracteriza-se por um estado de contração prolongado da musculatura, o que geralmente implica um trabalho de manutenção de postura. ( GRANDJEAN, 1998, p.18).
Ao manter os músculos em movimento e postura adequada, são evitados vários acidentes de trabalho e impedidos, também, o surgimento de doenças. Para os trabalhadores em bibliotecas recomenda-se a utilização dos princípios biomecânicos, estudados por J. Dul e B. Weerdmeester (1995):
as articulações devem ocupar uma posição neutra (a posição neutra é a mais confortável);
conservar pesos próximos ao corpo;
evitar curvar-se para frente;
evitar inclinar a cabeça;
evitar torções do tronco;
evitar movimentos bruscos que produzem picos de tensão;
alternar posturas e movimentos;
restringir a duração do esforço muscular contínuo;
prevenir a exaustão muscular;
executar pausas curtas e freqüentes.
Posturas no Trabalho
A postura no trabalho é determinada de acordo com a tarefa desenvolvida e/ou de acordo com o posto de trabalho. Por exemplo, a atividade de escrita é recomendável que seja feita na postura sentada. Já aquelas atividades que exigem esforço para baixo ou com objetos pesados com mais de 3 kg a postura em pé é a mais adequada.
As posturas podem ser: sentada, em pé, alternada (de pé/sentado), semi-sentada (nádegas apoiadas), de cócoras. Todas elas possuem vantagens e desvantagens. É difícil apontar qual seria a postura ideal mas pode-se indicar a postura recomendável para uma determinada tarefa. 
A posição sentada, por exemplo, é mais confortável que a de pé, porém, deve-se evitar longos períodos sentado, pois partes do corpo ficam submetidos a tensões que podem provocar dores. Ficar em pé por muito tempo provoca fadiga nas costas e nas pernas e deve ser intercalada com posições sentada ou em movimento. Sempre que possível deve-se alternar a postura. 
Um fator que influi para uma postura adequada é a existência de um mobiliário (mesas, bancadas e cadeiras) que deve ser planejado de acordo com a atividade a que se destina. 
Mobiliário
	Os mobiliários estão presentes em todos os lugares, sejam eles abertos ou fechados. Pode-se classificá-los em dois tipos: os de uso funcional e os não-funcional. São funcionais quando são utilizados na função a que foram projetados. Por exemplo, uma cadeira foi feita para sentar, a cama para deitar; o não-funcional é aquele que não está cumprindo sua atividade específica: usar o sofá como cama, a cadeira como escada, a mesa como cadeira, etc. Dillon apud Iida( aponta outros exemplos de uso inadequado de mobiliário.
Na vida moderna, o homem passou a ficar mais tempo sentado, principalmente com a evolução dos assentos e das máquinas. Pesquisas afirmam que pessoas passam até 20 horas do dia nas posições sentada ou deitada, estando assim em contato direto com algum tipo de mobiliário. 
Os móveis deveriam passar por testes, mas ainda não há normas regulamentadoras, embora alguns tenham selos ergonômicos. A Furniture Industry Research Association (FIRA), da Inglaterra, tem procurado definir normas e procedimentos para garantir a segurança e durabilidade no uso de móveis.
Para realizar avaliação simplificada de móveis como cadeiras e mesas, existem check-lists organizados em alguns documentos, como as do livro Ergonomia Aplicada ao Trabalho de autoria de Hudson de Araújo Couto, publicado em 1995.
A NR 17 - Ergonomia (BRASIL, 2002) no seu contexto também apresenta algumas recomendações para os mobiliários, porém não estabelece medidas.
As cadeiras para trabalho devem apresentar algumas características específicas para proporcionar melhor conforto e saúde aos seus usuários. Devem ser previstas compondo o posto de trabalho com a bancada, a mesa, o computador, etc. Os pés do usuário sempre devem estar apoiados no chão ou em suportes adequados. Salienta-se que nenhuma cadeira é adequada para utilização em períodos muitos longos, por mais confortável que seja. É recomendado que para cada duas horas sentada, a pessoa levante-se no mínimo quinze minutos.
As cadeiras devem ser:
estofadas;
revestidas com tecido;
reguláveis;
com borda anterior arredondada;
com assento na posição horizontal e inclinação aconselhável de 10 a 15 graus para a frente;
com apoio para o dorso, regulável ou com inclinação de 100 graus, e forma que acompanhe as curvaturas da coluna;
com espaço para acomodar as nádegas (abertas atrás);
com 5 pés; 
giratória, principalmente se o posto exigir mobilidade;
sem braços. 
Quando houver necessidade de braços, estes deverão ser reguláveis e estofados, com largura mínima de 4 cm. Braços são recomendados somente para salas de reuniões e para as cadeiras de chefias.
Para digitação os braços podem ficar apoiados sobre o tampo da mesa se esta tiver forma ideal (curvas). O teclado e o cursor devem ficar na mesma superfície do monitor. Caso a cadeira tenha braços, deve-se cuidar muito a altura, que deve formar um ângulo aproximado ou igual a 90º para estar na posição de conforto.
Alguns requisitos básicos devem ser previstos no desenho das mesas. Primeiramente, devem proporcionar espaço para as pernas das pessoas e das cadeiras de rodas. É importante citar esta recomendação, pois é comum os fabricantes colocarem gavetas nos lugares das pernas. Atualmente os modelos mais usados são os que permitem postos de trabalho em “L”, “C”, além de modulares, para compor diversos tipos de leiaute.
As mesas devem seguir as seguintes recomendações:
espaço para pernas do interlocutor e trabalhador;
borda antero-superior arredondada (lado do trabalhador);
nível único (admite-se dois níveis quando for para computador e teclado);
altura do topo entre 65 e 85 cm (trabalho o ideal é 75 cm);
espessura da superfície de trabalho 5 cm;
largura mínima de 80 cm e profundidade em torno de 90 cm;
gavetas, leves, com o último nível elevado, mais ou menos a 40 cm do chão, de um só lado;
executadas de material não reflexivo (o ideal é fórmica fosca ou madeira;
cores claras, como o bege, cinza claro, casca de ovo, verde claro, etc (evitar o branco devido ao ofuscamento que pode provocar);
vidro sobre a mesa não é recomendável (reflexos).
As estantes de bibliotecas devem ser de material não oxidável com prateleiras
reguláveis e uma base fixa. Devem fechadas em sua parte superior para evitar a incidência de luz diretamente sobre as obras colocadas na prateleira mais alta. Suas laterais devem, também, ser fechadas para propiciar uma maior proteção aos documentos. 
Atenção deve ser dada à adaptação domobiliário e do leiaute da biblioteca às questões de acessibilidade, observando-se a norma NBR 9050/94 – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a Edificações da ABNT (ASSOCIAÇÃO . . . , 1994), especialmente no tocante aos espaços entre as estantes, mobiliário de equipamentos eletrônicos e balcão de circulação. Os acessos devem ser facilitadores do ingresso de pessoas com necessidades especiais assim como as instalações sanitárias destinadas ao público e à equipe da biblioteca.
7 EQUIPAMENTOS 
Todos os equipamentos dos postos de trabalho devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e ao tipo de tarefa a ser executada.
	Os computadores foram incorporados aos postos de trabalho e invadiram praticamente todos os setores de atividades laborais, provocando mudanças. Com isso surgiram problemas que estão ligados aos postos de trabalho, ao ambiente e ao modo como o trabalhador percebe a sua atividade.
	As pessoas que exercem atividades no computador, na maioria das vezes, sofrem dores musculares no pescoço, ombros, tendões, braços, mãos, fadiga visual, estresse, etc.
	Para amenizar as conseqüências da atividade na função de digitação, é importante dimensionar nos postos de trabalho a visão do monitor de vídeo, a postura do profissional, a iluminação, a temperatura e umidade e os ruídos do ambiente de trabalho.
	Como referência pode-se adotar o estudo apresentado por Iida (1990) sobre as dimensões ajustáveis do posto de trabalho com computadores, conforme a Figura 2.
 
 Figura 2 – Dimensões Recomendadas para o Projeto de um Posto de Trabalho com Terminais de Computadores
 Fonte: IIDA, 1990, p.162.
	É recomendado, ainda, o apoio para os pés com base de 2/3 do comprimento dos pés, largura de 40 cm e inclinação de 20º quando se usa computador. 
A atividade de escrita deve ser executada em superfície plana. 
	O suporte para documentos deve estar ao nível do topo da mesa, em torno de 72 cm na posição à frente do operador. Aos documentos devem possuir boa visibilidade e serem de fácil leitura, evitando-se o uso de papel brilhante. Respeitar as áreas de alcance máximo para a disposição dos documentos e objetos sobre a mesa, é outro requisito a ser atendido. 
	As salas de multimídia e telecentros disponíveis para os usuários devem, igualmente, contar com equipamentos e mobiliários adequados para seu conforto e segurança. Nunca é demais lembrar que as buscas em bases de dados podem exigir várias horas defronte os equipamentos, e que a leitura de textos completos e/ou a digitação de documentos consumem um tempo razoavelmente grande. Cabe ao bibliotecário, além de fornecer a estrutura física adequada, instruir os usuários quanto aos princípios biomecânicos que devem ser seguidos para prevenção de cansaço e desconforto. Cartazes estrategicamente colocados e folhetos com explicações simples e claras, incluindo desenhos de pequenos exercícios de distencionamento, devem ser providenciados pelo gestor da biblioteca. Um breve tutorial pode ser oferecido aos usuários com conteúdo semelhante. 
CONDIÇÕES AMBIENTAIS 
 	As condições ambientais como temperatura, umidade, acústica, iluminação e outras, devem estar adequadas às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. As situações ambientais incorretas provocam tensões no trabalho, ocasionando desconforto e riscos de acidentes, afetando a saúde, a segurança, o conforto do trabalhador e inclusive as condições de preservação do entorno físico.
 	O clima é um fator muito discutido nos ambientes de trabalho e na vida cotidiana, pois quando inadequado provoca muito desconforto. 
O excesso de calor, vento ou de frio prejudica o desempenho das tarefas. A solução para esses problemas geralmente está atrelada aos aparelhos de ar condicionado, que por sua vez provocam ruídos e, conseqüentemente, desconforto ao ficarem ligados por longos períodos de tempo. Sistemas como os centralizados, além de exigirem um projeto bem adequado devido à sua distribuição, exigem manutenção e regulagem dos dutos. A ausência de manutenção proporciona o crescimento de bactérias que provocam distúrbios das vias respiratórias superiores (infecções respiratórias) nos usuários do ambiente, principalmente no trabalhador, que fica mais horas exposto a esse quadro. Este conjunto de problemas afeta, também, ao acervo que sofre a ação destes agentes poluidores. 
O fechamento dos vidros das janelas permite o aumento de agentes poluentes internos nas edificações, ainda mais se há presença de carpetes, cortinas, papéis de parede, revestimentos acústicos e fumaça de cigarro. 
Em meados de 1998, esses problemas foram tema de alta exposição na mídia brasileira, tendo como título a Síndrome dos Edifícios Doentes(, isto é, sintomas comuns na população em geral que estão relacionadas a uma edificação em particular. É caracterizada quando 20% dos que residem ou trabalham em determinada edificação apresentam sintomas que são comuns e não específicos para a população em geral, porém retornam ao seu estado normal (ou diminuem a sintomatologia) ao saírem do edifício que tem problemas com a qualidade interna do ar. Os sintomas mais comuns são: dor de cabeça, mal-estar, falta de ar, náuseas, vertigem, irritação nos olhos, no nariz e na garganta, alergias, desconforto, queda no nível de produtividade entre outras. Este assunto está regulamentado através da Portaria n.º 3523 (BRASIL, 1998), baseada na NBR 13.971/97- Sistemas de Refrigeração, Condicionamento de Ar e Ventilação (ASSOCIAÇÃO . . . , 1997) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 
A questão da temperatura dos ambientes está diretamente relacionada ao projeto arquitetônico de uma biblioteca. A orientação solar é fundamental na implantação de um projeto para que o micro-clima ideal ao atendimento de suas funções seja mantido. 
Deve-se ressaltar que as fachadas voltadas para o sul (no hemisfério sul) nunca terão sol, porém boa iluminação, o que favorece a leitura e a preservação dos documentos. As fachadas do oeste terão sol à tarde, as fachadas norte receberão sol pela manhã e início da tarde (sendo aquelas com maior incidência de sol), e as do leste terão sol somente pela manhã. Sendo o sol (e o calor dele emanado) grande fator de deterioração dos documentos (tanto em suporte papel quanto em meio magnético) a incidência de seus raios deve ser evitada a todo o custo. As estantes e outros mobiliários que armazenam documentos devem ser afastados da área de incidência solar. Deve-se lembrar que o sol tem movimentos diferentes nas quatro estações do ano e, portanto, incidências variáveis. 
O tamanho das janelas é um fator que influencia na iluminação e ventilação e, portanto, na temperatura do ambiente. Uma breve análise arquitetônica mostra que no passado havia menos janelas nas edificações, porém eram mais altas, pois o pé-direito (altura do piso até o teto) era superior a 2,80 m. Atualmente, os pés-direitos são mais baixos necessitando de maior número de vãos (janelas). A tecnologia do concreto armado permite a construção de grandes vãos nas edificações, que são fechados com vidros. Alguns podem ser abertos (janelas) compondo as fachadas envidraçadas, comumente chamadas de “painéis de vidro”, proporcionando uma interação maior com o meio externo e, nos dias claros, contribuindo com a iluminação natural, característica da arquitetura moderna. Isso representa problemas para a climatização ambiental e leva a grandes desperdícios de energia, pois a perda de calor através dos vãos de janelas representa 80%, em média, de sua perda total. 
Estudos ergonômicos recomendam para os ambientes em que se desenvolvem atividades intelectuais como as bibliotecas temperaturas entre 20ºC a 23ºC. Já para ambientes que abrigam acervos (inclusive os especiais) a temperatura deve manter-se entre 18ºC e 23ºC
Cabe ressaltar a afirmação de Trinkleysobre a distinção que deve ser feita entre o conforto humano e a preservação dos acervos: "[ . . . ] a zona de conforto humano é, freqüentemente, muito distinta. Assim, quando arquitetos e engenheiros mecânicos discutem níveis de conforto e projeto, quase sempre eles expressando considerações que não incluem as necessidades das coleções." (1997, p.52).
A umidade relativa do ar deve estar entre 50 e 65% e nunca inferior a 40%. Para climas muito secos é necessário acrescentar umidificação artificial, através de recipientes com água ou uso de umidificadores ambientais.
Alerta-se que estes índices devem estar adequados com a atividade desenvolvida no ambiente, com equipamentos e materiais armazenados, pois certas especificidades requerem cuidados especiais como as seções de obras raras e as salas com equipamentos eletrônicos.
A biblioteca deve contar, também, com um sistema de ventilação capaz de mover e substituir o ar antes que se torne viciado. O uso do ventilador só é recomendável em temperaturas abaixo de 28º e não deve provocar vento forte, somente brisa, além de baixo nível de ruído. O índice de renovação do ar deve ser de 0,25 l/seg/m para neutralizar odores e poluição de qualquer espécie tornando o ambiente agradável.
 A paisagem do entorno também é fator importante para a edificação. Ela auxilia na captação das águas pluviais, diminuição da amplitude térmica, absorção de ruídos, redução da poeira, redução e condução dos ventos, umectação do ar, proteção contra os raios solares e, como se não bastasse, contribui para o abrigo e sobrevivência dos pássaros, proporcionando um entorno agradável e maior contato com a natureza.
Em qualquer tipo de atividade laboral sabe-se que a iluminação adequada é importante para um resultado satisfatório, embora algumas atividades exijam mais incidência que outras. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar apropriada à natureza da atividade. A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.
Abaixo, algumas recomendações práticas para um bom aproveitamento da luz: 
situar as mesas perpendicularmentes às janelas; 
posicionar as pessoas destras para receberem luz pela esquerda e canhotos pela direita;
impedir que o sol incida diretamente no campo visual, utilizando cortinas, persianas;
posicionar os terminais de vídeo perpendicularmente às janelas, nunca de frente nem de costas;
evitar reflexos usando cores foscas nas mesas e outros mobiliários; 
distribuir as estantes perpendicularmente às aberturas;
sempre que possível, utilizar a iluminação natural.
Nos estudos ergonômicos, o conforto acústico é muito importante para as atividades intelectuais. A Norma Técnica NBR 10.152/87 - Níveis de Ruído para Controle Acústico (ASSOCIAÇÃO . . . , 1987) trata dos níveis de conforto e dos níveis máximos de ruído para o trabalho.
Um leiaute organizado ajuda a isolar fontes de conversas quando se necessita de um local silencioso, principalmente para as atividades intelectuais como salas de estudo, bibliotecas, etc. Para isso, é importante a existência de salas para reuniões, áreas de espera e local para atendimento ao público, separadas adequadamente.
A conversa prejudica muito mais do que o ruído intenso nas atividades intelectuais, pois provoca a tensão psicológica e diminui o nível de atenção, além de prejudicar tarefas que exigem concentração mental e de precisão (GRANDJEAN, 1998).
A música ambiental pode em determinadas circunstâncias ser utilizada com sucesso. Ela tem sido usada como solução de conforto e de humanização, porém pode tirar a atenção do trabalhador ou provocar sensação de relaxamento. Assim sendo, os setores de processamento técnico e outros setores de trabalhos burocráticos podem contar com este recurso. Já nas salas destinadas a pesquisas e estudos, onde uma maior concentração é necessária, a música deve ser evitada. As músicas devem passar por seleção criteriosa e nunca devem ser cantadas. 
Existem muitas soluções para evitar os ruídos indesejáveis. Estas soluções estão nas mãos dos planejadores, arquitetos e engenheiros, na concepção dos projetos, ou na reforma/manutenção dos mesmos. Atualmente existem diversos tipos de materiais adequados para solucionar estes problemas.
As cores no ambiente de trabalho influenciam no desempenho das atividades. Embora este trabalho não tenha a pretensão de aprofundar-se neste assunto, algumas orientações são apresentadas:
amarelo: quando um objeto ou mensagem precisa ser percebido, para indicar “cuidado”, tem alta capacidade de chamar atenção;
gelo, e cinza claro: utilizados em ambientes maiores, propiciam reflectância uniforme;
verde claro, bege claro: para topos de mesas e superfícies de trabalho;
cores primárias, amarelo, vermelho e azul em tons fortes: devem ser evitados principalmente em paredes, pois podem ocasionar sensação persistente de pós-imagem, ou seja, mesmo após ter saído do ambiente percebe-se a cor;
verde: utilizado em caixas de equipamentos de socorro de urgência, macas, etc., por ser a cor que caracteriza “segurança”;
azul e verde: são consideradas cores relaxantes;
amarelo, laranja e marrom: são consideradas estimulantes, podendo ser usadas em ambientes onde se desenvolvem trabalhos repetitivos, como também em áreas muito amplas. Devem ser usadas somente em um elemento, como por exemplo uma coluna, um painel, portas etc.;
vermelho e violeta: são consideradas agressivas, alarmantes ou perturbadoras;
verde e azul: indicadas para paredes quando se quer dar idéia de grande dimensão;
branco: para indicar os bebedouros;
cinza escuro: identifica eletrodutos;
tons vermelhos: indicados para paredes quando se quer dar idéia de espaço menor;
cores diferentes: para dividir ambientes de trabalho.
Pode-se obter maiores informações através da norma brasileira NBR 7195/95 - Cores para Segurança (ASSOCIAÇÃO . . . , 1995) que fixa as cores dos locais de trabalho para prevenção de acidentes e a NR 26 – Sinalização de Segurança, Portaria n.º 3.214 de 8 jun.1978, editada pelo Ministério do Trabalho (BRASIL, 2002).
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
No mundo moderno, nele incluídas as bibliotecas, muitas tarefas são realizadas através de máquinas, computadores, equipamentos eletrônicos e até robôs. Esta evolução trouxe avanços, porém com eles surgiram alguns problemas, que podem ser amenizados com conhecimentos relativos ao modo de produção. 
Deve-se levar em consideração os seguintes aspectos: 
as normas de produção: são as normas que o trabalhador deve seguir para realizar a tarefa; incluem desde o horário de trabalho até a qualidade desejada do serviço;
o modo operatório: é o modo como as atividades devem ser executadas para se atingir o resultado final esperado; podem ser prescritas (ditadas pela instituição/empresa), ou reais (modo particular adotado pelo trabalhador);
a exigência de tempo: o quanto deve ser produzido em um determinado tempo, sob imposição da “pressão do tempo”;
a determinação do conteúdo de tempo: é o que o trabalhador faz em determinado tempo;
o ritmo de trabalho: é a maneira como as cadências são ajustadas; a cadência tem aspecto quantitativo, refere-se à velocidade dos movimentos; 
o conteúdo das tarefas: determina o modo como o trabalhador percebe sua atividade, monótona ou estimulante.
Muitas outras questões influenciam na organização do trabalho e estão relacionadas com os “fatores humanos”, ou seja, os que influenciam no desempenho das atividades como: a monotonia, a fadiga, a motivação, o estresse, a idade, o sexo, as deficiências físicas, o ritmo circadiano, a alimentação, etc.
Empresas modernas estão procurando minimizar o grau de insatisfação dos trabalhadores e clientes/usuários. Os aspectos que geram maiores insatisfações estão ligados ao ambiente físico, à remuneração, à jornada de trabalho, rigidez organizacional e às questões psicossociais. 
Apresenta-se a seguir algumas soluçõespráticas e de fácil aplicação para melhorar a segurança, a saúde e as condições de trabalho segundo os Pontos de Verificação Ergonômica do Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2001):
permitir à equipe da biblioteca o controle sobre como fazer suas atividades;
consultar as pessoas sobre a organização do tempo de trabalho o que melhorará os resultados e aumentará o grau de satisfação de todos; 
resolver os problemas de trabalho a partir da experiência diária das pessoas envolvidas, as quais conhecem a origem dos problemas e, muitas vezes, têm dicas úteis sobre como resolvê-los;
discutir em grupo o melhor meio de encontrar soluções práticas para os problemas no trabalho;
resolver problemas de trabalho muitas vezes significa promover novas mudanças nos métodos de trabalho e na distribuição de funções;
envolver a equipe no planejamento das mudanças que assim serão aceitas com mais facilidade;
avaliar os procedimentos verificando se não existem outras formas melhores de atingir os objetivos da empresa/instituição sem muito custo;
informar às pessoas quando seu trabalho necessitar de melhorias, para que saibam o que se espera delas;
fazer os colaboradores sentirem que seu trabalho serve para algo;
promover o desenvolvimento de capacidades e habilidades na equipe;
formar pessoas para assumirem trabalhos com responsabilidade;
propiciar ocasiões para fácil comunicação e o apoio mútuo no local de trabalho;
dar oportunidades para que os trabalhadores aprendam novas técnicas;
formar grupos de trabalho, de modo que em cada um deles o trabalho seja coletivo e os resultados sejam de responsabilidade de todos;
melhorar os trabalhos difíceis e monótonos a fim de incrementar a produtividade a longo prazo;
combinar as tarefas para fazer com que o trabalho seja mais interessante e variado;
fazer com que o trabalhador possa seguir seu próprio ritmo, sem pressão de tempo, tornando o trabalho mais flexível;
combinar o trabalho diante de um terminal de vídeo com outras tarefas, de modo que o trabalho contínuo diante de uma tela seja evitado;
proporcionar pausas curtas e freqüentes durante os trabalhos contínuos com terminal-vídeo;
combinar as pausas com exercícios de relaxamento;
adaptar as instalações e equipamentos para os trabalhadores incapacitados, a fim de que possam trabalhar com toda segurança e eficiência;
melhorar seu local de trabalho a partir de bons exemplos em sua própria instituição/empresa ou em outros estabelecimentos.
Enfim, quando as pessoas sabem que realizaram bem seu trabalho, desenvolvem um sentimento de auto-estima e autoconfiança e isso lhes permite converterem-se também em melhores colaboradores.
CONCLUSÃO
Para se implementar projetos ergonômicos ou até pequenas mudanças nos ambientes, é preciso pensar nos custos, já que as decisões geralmente estão baseadas na relação custo/benefício. Na Ergonomia, essa análise não é simples, pois muitas vezes os resultados demoram a aparecer, são difíceis de medir, embora alguns benefícios possam ser quantificados de imediato.
É importante que os administradores tenham conhecimento sobre o assunto para poderem opinar nos projetos, nas alterações de espaço físico, nas compras de máquinas, equipamentos e mobiliários, etc.
A aplicação adequada dos estudos ergonômicos nas atividades de serviços proporcionará maior produtividade no trabalho e redução de erros. Ainda promoverá a saúde, segurança, conforto, bem estar psicológico e social, melhorando as condições de vida das pessoas.
O progresso tecnológico é um processo contínuo, em que as transformações acontecem com o passar do tempo. A Ergonomia deverá também evoluir, provocando mais mudanças. 
É necessária a promoção de capacitações, através de participação em eventos como seminários, congressos, mostras técnicas, etc., mantendo os técnicos e trabalhadores atualizados e motivados, para que tenham capacidade de assimilar as transformações do mundo cada vez mais moderno, na busca de soluções para os desajustes que surgirão em decorrência dessa evolução.
REFERÊNCIAS
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( Expressão utilizada pela imprensa escrita, notícias televisivas e revistas nacionais e estrangeiras.

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