Buscar

Depósitos de ametista e ágata no estado do Rio Grande do Sul1

Prévia do material em texto

Depósitos de ametista e ágata no estado do Rio Grande do Sul 
RESUMO 
Os depósitos abordados neste trabalho situam-se em áreas distintas, ou seja, ao norte do 
estado do Rio Grande do Sul,abrangendo a região do alto Uruguai (ametista), maia ao centro 
do estado, compreendendo a região do salto do Jacuí(ágata) e a região fronteira sudoeste 
(ametista). 
Geologicamente, estas regiões são constituídas por rochas da formação Serra Geral, sendo que 
na região da fronteira sudoeste, também afloram rochas da Formação Botucatu. 
Os cristais de ametista de cores fracas até incolor são submetidos a um tratamento térmico, 
resultando o citrino. 
Após o beneficiamento a ágata serve para a confecção de objetos de adorno, cinzeiros, 
encostos para livros, relógios, chaveiros, copos, etc. 
Equipamentos de laboratórios, como cadinhos e almofarizes são feitos de ágata devido a sua 
tenacidade e resistência aos ácidos. 
LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO 
Os principais depósitos de ametista na região do alto Uruguai localizam-se nos municípios de 
Planatão, Iraí e Frederico Westphalen. 
O principal conjunto de depósitos de ametista na região da fronteira sudoeste situa-se no 
município de Quarai, nas localidades de Rosana, Cati-Coatepe e Salsal, distantes 6,36 e 45Km, 
respectivamente, da cidade de Quariti. 
Os depósitos de ágata na região do salto do jacuí localizam-se nos municípios de Salto do Jacuí, 
Arroio do Tigre,Soledade, Espumoso, barros Cassal e Sobradinho. 
Os principais depósitos de ágata situam-se no município de Salto do Jacuí, mais 
especificamente nas localidades de Salto Grande do Jacuí e Estrada Velha. 
FORMAÇÃO BOTUCATU. 
Na região da fronteira sudoeste do estado do Rio Grande do Sul é observada a ocorrência 
desta Unidade e alguns contatos com a Formação Serra Geral. 
FRONTEIRA SUDOESTE 
A área onde ocorrem os depósitos de ametista da fronteira sudoeste do Rio Grande Sul 
apresenta um relevo bastante suave, predominando as coxilhas. 
Identificou-se em campo a ocorrência da quatro derrames basálticos, sendo o derrame 
portador da mineralização o terceiro da seqüência. 
Os derrames são poucos espessos e, por vezes são separados por lentes de arenito 
intertrápico. O derrame portador da mineralização é também pouco espesso levando a crer 
que lhe falta a Zona Intermediária. O fratura mento vertical é predominante, sendo que o 
fratura mento horizontal de base ou de topo é o que se salienta em proporção. 
DESCRIÇÕES DOS DEPÓSITOS 
Mesmo apresentando algumas semelhanças na forma de ocorrência, os depósitos de ametista 
da região do alto Uruguai e da fronteira sudoeste do estado serão tratados separadamente 
devido às suas particularidades, assim como os depósitos da região do salto do Jacuí. 
FRONTEIRA SUDOESTE 
A exploração dos jazimentos de ametista na região da fronteira sudoeste do estado do Rio 
Grande do Sul é pouco desenvolvida, sendo que a maioria das áreas requeridas ao DNPM 
estão em fase de pesquisa. Portanto, a descrição dos depósitos desta região esta baseada na 
coleta de dados realizada em campo, em algumas escavações e também nos jazimentos do 
departamento de Artigas, no Uruguai. 
A ametista ocorre na forma de pequenos geodos e, normalmente, os maiores se encontram 
quebrados. Muito raramente é retirado um geodo inteiro, pois a rocha portadora destes se 
encontra muito alterada, o mesmo acontecendo com a casca dos geodos. 
A alteração do derrame mineralizado é tanta que, por vezes, os jazimentos de ametista são 
constituídos de geodos oou bicos de ametista dispersos no solo. 
Como não é possível a extração de geodos inteiros, a ametista é mais procurada para coleçãoi 
e/ou ornamentação. 
MÉTODOS DE PROSPECÇÂO E PESQUISA 
Na procura de jazimentos de ametista e/ou ágata não são utilizado critérios científico. É usado 
como ponto de apoio um critério empírico, ou seja, ocorrência de pequenos geodos 
preenchidos por calcedônia, celadonita (argilo-mineral do grupo das Ilitas) ou quartzo incolor e 
pedaços de ágata que afloram na superfície do solo, encostas de morros e perto de rios. Com a 
retirada do espesso capeamento que recobre o horizonte mineralizado, pode-se encontrar: os 
geodos de ametista no saibro, denominado localmente de tijolão, ou incrustados no basalto, 
(região do alto Uruguai) é a ágata em zonas de alteração no basalto, próximas ou não à rocha 
Sá (região do salto do Jacuí). 
Somente após identificar e estudar corretamente o jazimento, determinando parâmetros, 
pode-se elaborar um modelo esquemático que guie, inequivocadamente, as investigações 
minerais em futuras prospecções. 
Na região da fronteira sudoeste a exploração de ametista não é realizada de uma maneira 
sistemática, mas tem-se noticias da sua ocorrência durante a realização de poços eaçudes e 
fundações. 
Algumas gemas encontradas são de excelente qualidade, o que as tornam propícias a 
lapidação. 
Neste trabalho tentou-se fazer uma analogia da região da fronteira sudoeste com as jazidas do 
departamento de Artigas no Uruguai, as quais estão em plena atividade. A partir das 
observações feitas, foram identificados possíveis critérios que podem ser empregados na 
prospecção de ametista no lado brasileiro. 
Na região do salto do Jacuí os critérios os critérios de prospecção de ágata se assemelham aos 
critérios utilizados na prospecção de ametista nas outras regiões estudadas. 
O derrame portador da mineralização pode ser identificado em fotografias aéreas com escala 
apropriada, através de suas características particulares de estruturação interna em zonas, cada 
qual com seu padrão de fraturamento preferencial. Esta estrutura interna permite a 
visualização e identificação, pois as diferentes zonas possuem diferentes respostas à erosão e, 
desta maneira, algumas se ressaltam na topografia, como por exemplo, o Nível Mineralizado. 
Também é de grande auxílio em estudos preliminares, a análise de mapas planialtimetricos, 
uma vez que na região do salto do Jacuí a ocorrência do Nível Mineralizado se dá, 
normalmente, na cota 320 metros, sendo praticamente excluída a possibilidade de exigência 
de grandes falhamentos ou basculamentos na região, o que implicaria numa variação 
altimétrica da ocorrência. 
METODOS DE LAVRAS E BENEFICIAMENTO 
AMETISTA 
A ocorrência de ametista na região do alto Uruguai concentra-se, principalmente, em três 
localidades: Vila São Gabriel, Lajeado Paredão e Barreiro Grande. 
O trabalho da lavra é semimecanizado e pode ser demonstrado com o exemplo típico das 
pedreiras do Barreiro Grande, onde a exploração é realizada da seguinte forma: inicialmente é 
aberta a rampa, parte alterada mais o manto residual da rocha basáltica e o solo. São 
utilizados tratores de esteiram, que removem grandes volumes de terra, até a rampa adquirir 
um perfil convexo estável;b) como a ocorrência dos geodos na região é restrita à rocha sã, a 
exploração é feita abrindo-se tunéis ou galerias, denominadas localmente de locas ou brocas, 
na rocha mineralizada com o auxílio de ferramentas manuais. Também são utilizados 
explosivos caseiros (misturas de salitre, carvão vegetal, enxofre e pólvora), para a abertura e o 
desmonte mais rápido da rocha. A detonação é feita com uma bateria de 12 volts. 
 As Tocas apresentam dimensões variáveis,boca 2,00 x 2,50 metros e profundidades de 15 a 15 
metros. Nas pedreiras do Barreiro Grande e em outras mais organizadas na região são 
utilizadas perfuratrizes e marteletes pneumáticos para a abertura dos furos onde são 
colocados os explosivos) detectada a presença do geodo também chamado localmente de 
tatu, o trabalho se processa manualmente com picaretas e ponteiros, que desbastam o basalto 
encaixante até a retirada do geodo. Dependendo das dimensões do geodo, este trabalho pode 
levar semanas. 
Cristais de ametista de cores fracas até incolor são submetidos a um tratamento térmico(350 
a 580°C), visando adquirir cores amarelo-claras à vermelho-acastanhadas. Deste tratamento 
resulta o citrino, também chamado erroneamente de topázio Rio grande. Determinadas as 
qualidades e defeitos da ametista e citrino martelados, são examinadas as possibilidades de 
dividi-las em tamanhos menores, eliminando-se ao máximo os defeitos existentes. Ametistas e 
citrinos de tamanho pequeno, nem sempre precisando de corte, vão diretamente ao 
formador. Outras de tamanho maior são serradas em duas, três ou quatro. 
Uma técnica bastante utilizada, antes de se serrar a ametista e citrino de tamanho grande, é 
abrir uma janela na superfície irregular ou não polida. Abrir a janela significa fazer na ametista 
e/ou citrino uma faceta polida, através da qual pode localizar os defeitos que poderão ser 
eliminados na serragem ou em futuros desbastes. 
No processo de serragem da ametista citrino de tamanho grande é empregado o disco 
diamantado ou serra de diamantes. 
Seguindo o processo de lapidação, vem a Etapa de Formação, que esboça a forma semifinal da 
ametista e/ou citrino. Nesta operação as gemas de tamanho pequeno, que não necessitam ser 
serradas, são desbastadas a mão livre pelo formador. Após formada, a gema adquire um 
formato que vai orientar o lapidador sobre sua forma definitiva. Este processo é muito 
importante, pois reduz, significativamente, o tempo de lapidação e o custo de mão-de-obra. 
O formador tem um papel fundamental na lapidação, pois a percentagem de aproveitamento 
da matéria-prima é, em grande parte, função do seu trabalho. 
Os equipamentos utilizados para o debate são um ou dois rebolos de esmeril montados em um 
eixo, movimentado por um motor de transmissão. Não são recomendados os equipamentos 
cujos motores são acoplados diretamente no eixo dos rebolos, pois vibram com mais 
intensidade aumentando o desgaste do motor. 
A água é indispensável na operação de desgaste. 
Após formada a gema é colocada nas canetas de facetar, cuja finalidade é segurar a gema em 
um suporte para ser facetada. A adaptação da gema à caneta é feita utilizando-se uma mistura 
de goma-laca e lacre. A gema encanetada é finalmente desbastada no rebolo fino ou sofre o 
primeiro facetamento definitivo que é cortar a mesa, isto é, a mesa é cortada em posição 
praticamente final. Após pronta, a faceta principal ou mesa e a gema presa na caneta, passa-se 
para a Etapa de Facetamento ou Corte das facetas laterais. 
Posteriormente as gemas são pesadas e classificadas em lotes, visando uma avaliação e 
determinação de custos. 
Passa-se então a Etapa de Pesagem Final e Embalagem em envelopes de papel. 
Para as gemas que se destinam ao mercado externo faz-se necessário, dependendo do caso, 
um rigoroso controle de qualidade, para verificação dos calibres. 
ÁGATA 
Na região do salto do Jacuí, mais especificamente às margens do rio Jacuí, extraem-se as 
ágatas de melhor qualidade encontradas no País. 
O trabalho da lavra é semi mecanizado. 
A exploração é realizada inicialmente com tratores de esteira, que removem grandes volumes 
de terra, desbastando os morros desde a sua parte superior. Nesta operação, os geodos de 
ágata à medida que vão surgindo são separados por outros operários. 
Após a Etapa de Lavagem os geodos de ágata são submetidos a uma classificação visando se 
determinar tipo, cor, peso, padrões de listras, ausência de cristalização e homogeneidade. 
Após realizada esta classificação os geodos da ágata podem ser exportados ou vendidos no 
mercado interno. 
Posteriormente à classificação vem a serragem. Esta etapa é muito importante, pois nela são 
definidos os formatos dos manufaturados de ágata: chapas finas, chapas grossas, cinzeiros, 
porta livros, etc. 
Após a etapa de serragem a ágata natural segue o processo normal de beneficiamento, 
enquanto que na ágata umbu, própria para o tingimento, é realizado um tratamento 
químico/térmico, visando melhorar a sua qualidade. Várias cores são obtidas por este 
processo, tais como: azul, vermelho, amarelo, verde, marrom e preto. 
Os processos utilizados para melhorar a qualidade da ágata não são considerados como 
falsificações. São recomendados no mercado internacional. 
A próxima etapa é a furação. Nela estão incluídos os processos de abertura de furos ou 
orifícios na ágata, como por exemplo, na fabricação de relógios (em chapas finas), porta jóias, 
anéis, copos, etc. 
A utilização da ágata é bastante diversificada na confecção de objetos de adorno, esculturas 
em geral, bijuterias, cinzeiros, encostos para livros, etc. 
Certos objetos são considerados como verdadeiras obras de arte, tais como: castiçais, cálices, 
vasos e pratos. 
Alguns equipamentos de laboratórios, como almofarizes e cadinhos, são feitos de ágata devido 
a sua tenacidade e resistência aos ácidos. 
Seguindo o processo de beneficiamento, vem a etapa de polimento. 
Após o polimento os objetos de ágata são pesados e classificados em lotes, visando-se 
determinar os custos de produção. 
Finalmente os manufaturados de ágata são exportados ou vendidos no mercado interno.

Outros materiais